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Agrupamento de Escolas André de Gouveia – 135562 SEDE: Escola Secundária André de Gouveia 10.º Profissional Técnico de Apoio Psicossocial PSICOPATOLOGIA GERAL Módulo 1 - Introdução à Psicopatologia Nome: _____________________________________________________ N.º ________ História da doença mental 1.1. A psiquiatria nas culturas primitivas A atitude da sociedade para com os doentes mentais é um triste capítulo na história da civilização. Não é sem motivo que se lhes chamou alienados, isto é, separados ou isolados da comunidade, seres que perderam os direitos humanos que a doença lhes consumiu o espírito, atributo essencial do homem… A medicina primitiva aparece influenciada pela crença universal dos fenómenos sobrenaturais e a doença mental é atribuída à influência dos espíritos de antepassados. A história da psiquiatria se inicia quase tão cedo como a história da psicoterapia. Os habitantes das cavernas, quando obrigados a tratar de algum dos seus doentes "esquisitos", portadores de doenças incompreensíveis, que, em sua ignorância atribuíam à ação perturbadora dos espíritos, frequentemente recorriam aos dois métodos: o exorcismo e a psicocirurgia. Uma das teorias mais antigas defendia que as pessoas perturbadas se encontravam possuídas por espíritos malignos e a cura para a doença consistia em expulsar os demónios. Se o paciente tivesse sorte, os procedimentos de exorcismo eram brandos, os demónios perturbadores eram acalmados pela música ou afugentados por meio de orações e rituais religiosos. Com alguma frequência, as técnicas utilizadas eram menos brandas. Uma das técnicas consistia em arranjar uma saída material para os demónios. Segundo alguns antropólogos, esta é a explicação para o facto de os homens da Idade da Pedra terem aberto, por vezes, grandes buracos nos crânios dos seus semelhantes.O exorcismo era uma prática de expulsar os demónios Encontram-se muitos destes crânios trepanados, frequentemente com sinais de que o paciente tinha conseguido sobreviver à operação. Ainda hoje, se pratica a trepanação em algumas tribos sem escrita, exatamente pelas mesmas razões. A trepanação de crânios, no Perú, em casos de provável epilepsia, era feita com intenção de libertar o doente dos maus espíritos alojados na cabeça.A Trepanação dos crânios (através da psicocirurgia), a trepanação dos crânios era feita com intenção de libertar o doente dos maus espíritos alojados na cabeça. Uma outra ideia era a de tornar as coisas tão desagradáveis quanto possível ao diabo, para o levar a fugir. Assim, o paciente era acorrentado, submerso em água a ferver ou em banhos gelados ou ainda privado de comida, fustigado ou torturado. Não é de espantar que tais procedimentos levassem, com frequência, o paciente a estados progressivamente mais graves. A doença mental é interpretada como um colapso do sistema mágico-religioso, por violação de um tabu, negligência das obrigações rituais ou possessão do demónio o seu tratamento é feito pelo “shaman”, um “médico” inspirado intermediário entre os espíritos e os doentes e seus familiares. Hoje em dia pensa-se que o “shaman” exercia simultaneamente uma função aliviadora do stress mental da comunidade e uma ação psicoterapêutica individual sobre os doentes através, nomeadamente, da confissão dos seus pecados diante de um grupo de pessoas escolhidas. Dois curandeiros (Xamã ou Shaman) Lassa/ Togo O mundo do homem primitivo é povoado de forças anímicas que permanentemente o dominam e as quais invoca como entidades benfazejas para o proteger das tributações da existência. Está na lógica afetiva do sistema de magia, atribuir aos loucos agressivos que aterrorizam o homem, um espírito malfeitor que é esconjurado por rituais mágicos.
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