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Jorge Freire Póvoas
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Prof. Jorge Freire Póvoas
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Patrística, Escolástica,
Racionalismo e Empirismo
Prof. Jorge Freire Póvoas
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Jorge Freire Póvoas
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Patrística e Escolástica
 Com a queda do Império Romano (séc. V), a religião surge lentamente como elemento agregador dos inúmeros reinos bárbaros formados após sucessivas invasões e seus chefes são pouco a pouco convertidos ao cristianismo. 
 A Igreja se transforma em soberana absoluta da vida espiritual do mundo ocidental onde os monges são os únicos letrados em um mundo onde nem os servos nem os nobres sabem ler.
 Uma constante se faz notar no pano de fundo desse pensamento, (período medieval sécs. V a XV) era tentativa de conciliar a razão e a fé. A temática religiosa predomina na preocupação apologética, isto é, na defesa da fé cristã e no trabalho de conversão dos não-cristãos.
 A máxima predominante é “crer para compreender e compreender para crer". A Filosofia é serva da Teologia. 
 A Idade Média se divide em duas tendências fundamentais: a Patrística e a Escolástica.
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Patrística
 A Patrística inicia-se ainda no período decadente do Império Romano, no século III. Essa filosofia auxilia a exposição racional da doutrina religiosa e se acha contida nos trabalhos dos chamados Padres da Igreja. 
 Suas principais preocupações são as relações entre Fé e Ciência, a natureza de Deus, a alma e a vida moral. 
 A retomada da Filosofia platônica, baseada na predileção pelo supra-sensível, contribui para a fundamentação da necessidade de uma Ética rigorosa, da abdicação do mundo, do controle racional das paixões. 
 Seu principal representante é Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona. 
 Seguindo a tradição platônica, que via sempre o perfeito por trás de todo imperfeito e a verdade absoluta por trás de todas as verdades particulares, também Santo Agostinho pensa numa iluminação pela qual a verdade é infundida no espírito humano por Deus. 
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Patrística
 No esforço de converter os pagãos, combater as heresias e justificar a fé, a Patrística desenvolve a apologética, elaborando textos de defesa do cristianismo. 
 Começa aí uma longa aliança entre fé e razão que se estende por toda a Idade Média e em que a razão é considerada auxiliar da fé e a ela subordinada. Daí a expressão agostiniana "Creio para que possa entender". 
 Os Padres recorrem inicialmente à Filosofia platônica e realizam uma grande síntese com a doutrina cristã, mediante adaptações consideradas necessárias. 
 Agostinho retoma a dicotomia platônica referente ao mundo sensível e ao mundo das idéias e substitui esse último pelas idéias divinas. 
 Segundo a teoria da iluminação, o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas. Tal como o sol, Deus ilumina a razão e torna possível o pensar correto. 
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Patrística
 Ao contrário das concepções da Antiguidade, em que a função do Estado é assegurar a vida boa, para a Patrística predomina a concepção negativa do Estado. Isto porque o homem teria uma natureza sujeita ao pecado e ao descontrole das paixões, o que exige vigilância constante, cabendo ao Estado intimidar os homens para que ajam corretamente.
 Daí podermos observar a estreita ligação entre política e moral, com a exigência de se formar o governante justo, não-tirânico, que por sua vez consiga obrigar, muitas vezes pelo medo, à obediência aos princípios da moral cristã. Assim configuram-se duas instâncias de poder: a do Estado e a da Igreja.
 O Estado é de natureza secular, temporal, voltado para as necessidades mundanas e caracteriza-se pelo exercício da força física. 
 Já a Igreja é de natureza espiritual, voltada para os interesses da salvação da alma e deve encaminhar o rebanho para a verdadeira religião por meio da força da educação e da persuasão. 
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Patrística
 Na obra A cidade de Deus, Santo Agostinho, trata do discutido tema das duas cidades, a "cidade de Deus" e a "cidade terrestre", que não devem ser entendidas simplesmente como referência ao reino de Deus que se sucede à vida terrena, mas à coexistência dos dois planos de existência na vida de cada um. 
 Todos têm uma dimensão terrena que se refere à sua história natural, à moral, às necessidades materiais e que diz respeito a tudo que é perecível e temporal. 
 A outra dimensão é a celeste, que corresponde à comunidade dos cristãos, inspirada no amor a Deus e que vive da fé. 
 Para Santo Agostinho, a relação entre as duas dimensões é de ligação e não de oposição, mas a repercussão do seu pensamento, à revelia do autor, desemboca na doutrina chamada agostinismo político, que marca toda a Idade Média e significa o confronto entre o poder do Estado e o da Igreja, considerando a superioridade do poder espiritual sobre o temporal. 
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Escolástica
 É a partir do século XIII, que Santo Tomás utiliza as traduções feitas diretamente do grego e faz a síntese mais fecunda da Escolástica, e que será conhecida como filosofia aristotélico-tomista. 
 Mais que isso, fez as devidas adaptações à visão cristã e escreveu uma obra monumental, a Suma teológica, onde, uma vez mais, as questões de fé são abordadas pela "luz da razão" e a Filosofia é o instrumento que auxilia o trabalho da teologia. 
 É com um Aristóteles cristianizado que surge então a Filosofia aristotélico-tomista onde continua a aliança entre razão e fé, onde a razão é sempre considerada a “serva da teologia”.
 Com freqüência as disputas terminam com o apelo ao princípio da autoridade, que consiste na recomendação de humildade para se consultar os intérpretes autorizados pela Igreja. 
 Se durante muito tempo predomina na Idade Média a influência da Filosofia de Platão, considerada mais adaptável aos ideais cristãos, com Santo Tomás o pensamento de Aristóteles passa a predominar. 
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Escolástica
 Daí para frente a influência de Aristóteles se fará sentir de maneira forte, sobretudo pela ação dos padres jesuítas, que por vários séculos, mostraram-se empenhados na formação dos jovens.
 Santo Tomás muda o enfoque dos temas políticos e, sob a influência dos textos de Aristóteles, preocupa-se com questões tais como a natureza do poder e das leis e a questão clássica do melhor governo. 
 Como Aristóteles, Santo Tomás considera que o homem só encontra sua realização na cidade, e o plano político é a instância possível em que o governo não-tirânico pode aliar ordem e justiça na busca do bem comum. 
 O poder político, mesmo que seja de origem divina, circunscreve-se na ordem das necessidades naturais do homem enquanto ser social que necessita alcançar seus fins terrenos.
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Escolástica
 No entanto, coerente também com sua visão religiosa do mundo, Santo Tomás conclui que o Estado conduz o homem até um certo ponto, quando então se exige o concurso do poder da Igreja.
 Instância, sem dúvida superior, que cuidará da dimensão sobrenatural do destino humano.
 Também preocupado com a questão da tirania, Santo Tomás considera que a paz social resulta da unidade do Estado, sendo importante a virtude do governante. 
 Se por um momento a recuperação do aristotelismo constitui um recurso fecundo para Santo Tomás, já no período final da Escolástica torna-se um entrave para o desenvolvimento da Ciência. 
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Racionalismo e Empirismo
 O século XVII representa, na história do homem, a culminação de um processoem que se subverteu a imagem que ele tinha de si próprio e do mundo. 
 A emergência da nova classe dos burgueses determina a produção de uma nova realidade cultural, é a Ciência que se exprime matematicamente. 
 A atividade filosófica, a partir dai, reinicia um novo trajeto, ela se desdobra como uma reflexão cujo pano de fundo é a existência dessa Ciência.
 A procura da maneira de evitar o erro faz surgir a principal característica do pensamento moderno, a questão do método. 
 Essa preocupação centraliza as reflexões não apenas no conhecimento do ser (Metafísica), mas sobretudo no problema da Teoria do Conhecimento. 
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Racionalismo e Empirismo
 Podemos dizer que até então a Filosofia tem uma atitude de não colocar em questão a existência do objeto, a realidade do mundo. 
 A Idade Moderna inverte o pólo de atenção, centralizando no sujeito a questão do conhecimento.
 Se o pensamento que o sujeito tem do objeto concorda com o objeto, dá-se o conhecimento. Mas qual é o critério para se ter certeza de que o pensamento concorda com o objeto? 
 Isto é um dos problemas que a Teoria do Conhecimento terá que propor e solucionar. Como saber quais são os critérios, as maneiras, os métodos de que se pode valer o homem para ver se um conhecimento é ou não verdadeiro?
 As soluções apresentadas a essas questões vão originar duas correntes: o Racionalismo e o Empirismo.
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O Racionalismo Cartesiano 
 René Descartes (1596-1650), é considerado o "pai da Filosofia moderna". Dentre suas obras, o “Discurso do Método” e “Meditações Metafísicas” expressam a tendência de preocupação com o problema do conhecimento. 
 O ponto de partida é a busca de uma verdade primeira que não possa ser posta em dúvida. Por isso, converte a dúvida em método. 
 Começa duvidando de tudo, das afirmações do senso comum, dos argumentos da autoridade, do testemunho dos sentidos, das informações da consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior e da realidade de seu próprio corpo.
 Descartes só interrompe essa cadeia de dúvidas diante do seu próprio ser que duvida. Se duvido, penso; se penso, existo: "Cogito, ergo sum", "Penso, logo existo". Eis aí o fundamento, o ponto de partida para a construção de todo o seu pensamento. 
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O Racionalismo Cartesiano 
 Penso, logo existo, a famosa fórmula do Discurso do Método resume a primeira certeza inquestionável, que ressalta em meio a tantas dúvidas. Tal certeza, nessa medida, deve servir de modelo e de critério para outras certezas que possam eventualmente ser alcançadas. 
 O “penso, logo existo” é uma idéia clara e distinta: clara, pois nela não há nenhuma sombra que a obscureça e distinta, porque não se confunde com nenhuma outra idéia. 
 A partir dessa intuição primeira que é a existência do ser que pensa, que é indubitável, Descartes distingue os diversos tipos de idéias, percebendo que algumas são duvidosas e confusas e outras são claras e distintas.
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O Racionalismo Cartesiano 
 As idéias claras e distintas são idéias que já se encontram no espírito, como instrumentos de fundamentação para a apreensão de outras verdades. 
 São as idéias inatas, que não estão sujeitas a erro pois vêm da razão, independentes das idéias que "vêm de fora", formadas pela ação dos sentidos. 
 São inatas, não no sentido de o homem já nascer com elas, mas como resultantes exclusivas da capacidade de pensar. Nessa classe estão a idéia da substância infinita de Deus e a idéia da substância finita. 
 Descartes lança mão, entre outras provas, da famosa prova ontológica da existência de Deus. O pensamento deste ser Deus é a idéia de um ser perfeito, se um ser é perfeito, deve ter a perfeição da existência, senão lhe faltaria algo para ser perfeito. Portanto, ele existe. 
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O Racionalismo Cartesiano 
 Se Deus existe e é infinitamente perfeito, não há engano. A existência de Deus é garantia de que os objetos pensados por idéias claras e distintas são reais. Portanto, o mundo tem realidade e dentre as coisas do mundo, o meu próprio corpo existe. 
 Podemos perceber, nessa visão, uma tendência forte e absoluta de valorização da razão, do entendimento, do intelecto. Estabelece-se o caráter originário do cogito como auto-evidência do sujeito pensante e princípio de todas as evidências. 
 Acentua-se o caráter absoluto e universal da racionalidade que, partindo do cogito, só com suas próprias forças pode chegar a descobrir todas as verdades possíveis. 
 Daí a importância de um método de pensamento que garanta que as imagens mentais, ou representações da razão, correspondam aos objetos a que se referem e que são exteriores a essa mesma razão.
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O Empirismo Inglês
 A palavra empirismo vem do grego empeiria, que significa “experiência”. 
 O empirismo, ao contrário do racionalismo enfatiza o papel da experiência sensível no processo do conhecimento.
 A reflexão de John Locke (1632-1704) a respeito da Teoria do Conhecimento parte da leitura da obra de Descartes e consiste em saber "qual é a essência, qual a origem, qual o alcance do conhecimento humano. 
 Entretanto, na obra “Ensaio sobre o Entendimento Humano”, Locke deixa o caminho “lógico” percorrido por Descartes e escolhe o "psicológico". 
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O Empirismo Inglês
 Ao escolher o caminho da psicologia, Locke distingue duas fontes possíveis para nossas idéias: a Sensação e a Reflexão. 
 A Sensação é o resultado da modificação feita na mente através dos sentidos. 
 A Reflexão é a percepção que a alma tem daquilo que nela ocorre. Portanto, a Reflexão se reduz apenas à experiência interna do resultado da experiência externa produzida pela Sensação. 
 Se estabelecermos uma comparação com o processo cartesiano de conhecimento, podemos dizer que, enquanto Descartes enfatiza o papel do sujeito, Locke enfatiza o papel do objeto. 
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O Empirismo Inglês
 O que ocasiona a produção de uma idéia simples na mente é a “qualidade” do objeto. 
 Há Qualidades Primárias, como a solidez, a extensão, a configuração, o movimento, o repouso e o número.
 E Qualidades Secundárias (cor, som, odor, sabor etc.), que provocam no sujeito determinadas percepções sensíveis. 
 Enquanto as Primárias são objetivas, pois realmente existem nas coisas, as Secundárias variam de sujeito para sujeito e, como tais, são relativas e subjetivas.
 Locke critica as idéias inatas de Descartes afirmando que a alma é como uma tabula rasa (uma tábua onde não há inscrições), como uma cera onde não houvesse qualquer impressão, e o conhecimento só começa após a experiência sensível. 
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O Empirismo Inglês
 Vimos que, no século XVII, a partir dos problemas gnosiológicos (relativos ao conhecimento), surgem duas correntes opostas: o Racionalismo e o Empirismo. 
 Exagerando, poderíamos dizer que o Racionalismo é o sistema que consiste em limitar o homem ao âmbito da própria razão, e o Empirismo é o que o limita ao âmbito da experiência sensível. Isso não quer dizer que o Racionalismo exclua a experiência sensível, mas esta é apenas a ocasião do conhecimento e está sujeita a enganos. A verdadeira ciência se perfaz no espírito. 
 Para o Empirismo, ao contrário, a experiência é fundamental, e o trabalho posterior da razão está a ela subordinado. Como conseqüência, os Racionalistas confiam na capacidadedo homem de atingir verdades universais, eternas, enquanto os Empiristas terminam por questionar o caráter absoluto da verdade, já que o conhecimento parte de uma realidade em transformação constante, sendo tudo relativo ao espaço, ao tempo, ao humano.
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