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APONTAMENTOS SOBRE VIOLÊNCIA NA ESCOLA

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APONTAMENTOS SOBRE VIOLÊNCIA NA ESCOLA
Resumo
A violência é uma patologia comum nos dias atuais e o ambiente escolar não esta livre desta contaminação. Da mesma forma que todos os dias enxergamos os mais diversos exemplos de violência na rua, presentes em nossa sociedade e dentro do ambiente de ensino não é diferente, não é preciso muito esforço para verificarmos casos evidentes dessa violência, por isso, é extremamente necessário que o profissional da educação saiba que o seu papel é fundamental na luta contra essa patologia do mundo atual.
A violência não é somente física, ela também se da de forma psicologia e subjetiva e afeta não só o autor principal desta violência, mas sim todos os que estão a sua volta, dessa forma é crucial que seja combatida, para que haja uma boa convivência social dos alunos para com seus familiares e com a sociedade.
O presente artigo se fez necessário para trazer esclarecimentos a respeito da violência no âmbito escolar, trazendo a tona apontamentos a respeito do assunto. A metodologia da confecção do presente artigo se deu por meio de pesquisa bibliográfica, buscando uma análise aprofundada do assunto por meio de discussões feitas e publicadas por outros autores. 
Palavras-chave: Violência, Aluno, educador, escola, sociedade.
Abstract
Nowadays the violence is a common pathology, and the academic ambient isn’t free this kind of contamination. Every day we can see a lot of kind  examples of violence present in our society and inside academic ambient isn’t different. It isn’t necessary too many efforts to check evident cases of this situation, for this is extremely necessary that learning professionals know their function is very important against this pathology in this days.
The violence isn’t only physical, it is also psychological and subjective that affects the action’s author of violence and all the people around, in this case, is very crucial that will be combated for a better coexistence social between students, their family the society.
This article was necessary to shed light on violence in schools, bringing out notes on the subject. The methodology of preparation of this article was given by means of literature, seeking a thorough analysis of the issue through discussions made and published by other authors.
Keywords: Violence, student, teacher, school, society.
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Introdução
Com os alarmantes índices de situações envolvendo as mais variadas formas de violência dentro do ambiente escolar se torna necessário um estudo mais aprofundado buscando a reflexão sobre o tema.
As situações de violência não compreendem somente a forma física, como também moral e psicológica, afetando os alunos, pais, educadores, funcionários e a comunidade em geral, que direta ou indiretamente, são todos vítimas das consequências dos atos violentos ocorridos dentro e fora do ambiente escolar, e muitas vezes não sabem como proceder diante de tais acontecimentos. A violência dentro das escolas se torna cada vez mais comum, e já não causa tanta estranheza para aqueles que convivem dentro deste ambiente, o espaço que antes deveria ser voltado para educação e respeito mútuo vem se transformando aos poucos em verdadeiros campos de batalha, revelando as dúvidas e incertezas de pais, alunos, educadores e funcionários quantos as práticas pedagógicas e as formas de combate a esses efeitos colaterais da sociedade contemporânea.
É preciso conhecer as causas dessa violência para que possamos descobrir de que forma proceder, para que tenhamos resultados eficazes e reverter esse quadro tão desolador relativo à educação, combatendo as formas violência e promovendo a paz e a boa convivência nas escolas.
O ensino e a violência
A violência está cada vez mais presente no cotidiano da sociedade contemporânea e tem tomado o espaço cada vez maior no interior das escolas, levando a paz e a harmonia e instaurando um o caos e desrespeito. A violência não se apresenta somente na forma física, no ato de agredir o próximo por meio de contato, mas também verbal, moral e psicológica, e afeta tanto alunos quanto professores e os demais funcionários da comunidade escolar, que acabam se tornando vítimas de tais atos, que reflete-se na sociabilidade do educando, em seu comportamento, rendimento, ocasionando até mesmo a evasão escolar, como também se reflete na vida dos demais profissionais que trabalham diretamente com estes alunos e também na sociedade em geral que acaba por ser atingida pelos efeitos desta conduta.
No Brasil a partir do século XIX ocorreram mudanças estruturais na assistência à Infância, que modificaram os princípios assistencialistas de piedade e moralidade católica, passando para uma política filantrópica com objetivo de reintegração social aos desajustados, seguindo para a criação de códigos e leis que regulamentavam e davam apoio e proteção aos menores. Entre essas leis está o primeiro estatuto especifico voltado para a criança e o adolescente, o código de menores, também conhecido como código de Mello Mattos criado em 1979, mas apenas em 1990 surge um Estatuto específico, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que traz o conceito de proteção integral, a criança deixa de ser vista como objeto de intervenção da família, da sociedade e do estado e passa a ser entendida como um sujeito portador de direitos e em desenvolvimento. Em 25 de setembro de 2007 o Vice-Presidente da República, José Alencar Gomes da Silva no exercício do cargo de Presidente da República sancionou a seguinte lei:
Art. 1o O art. 32 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 5o:
“Art. 32. § 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado.” (NR)
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Lei Nº 11.525, de 25 de Setembro de 2007. (BRASIL, 2007)
Todo direito pressupõe uma reciprocidade de deveres, por isso cabe a todos os personagens envolvidos no processo educativo de crianças e adolescentes, pautar esta questão fazendo uma análise aprofundada sobre o tema pretendido, levantando questões e refletindo criticamente sobre os resultados destes questionamentos.
 A violência muitas vezes é conceituada e definida como um ato de brutalidade de natureza física, que causam males e marcas visíveis, mas ela não pode ser definida tão simplesmente, ela é muito mais complexa que isso, pode ser dar também de forma psíquica, caracterizando-se em relações interpessoais descritas como opressão, intimidação, medo e terror, ela não pode, de acordo com Silva e Salles (2010), ser reduzida ao plano físico, pois, pode se manifestar também por signos, preconceitos, metáforas, desenhos, isto é, por qualquer coisa que possa ser interpretada como ameaça, ficando conhecida como violência simbólica aquela que não se torna um ato em si. 
Segundo Bourdieu e Passeron (apud Souza 2012, p. 23) 
Até em suas omissões, a ação escolar do tipo tradicional serve automaticamente os interesses pedagógicos das classes que necessitam da Escola para legitimar escolarmente o monopólio de uma relação com a cultura que elas não lhe devem jamais completamente. BOURDIEU E PASSERON (APUD SOUZA 2012, P. 23)
Portanto, partindo desta perspectiva, a violência simbólica é expressa na imposição de uma cultura dominante, numa correlação de forças onde aqueles que estão em posições mais privilegiadas tendem a ser ocupadas pelos indivíduos pertencentes aos grupos socialmente dominantes.
Para Velho (2000), o ato de violência não se limita ao uso da força física, mas também engloba a simples possibilidade ou ameaça de sujeito usar de exasperação ou intimidação, e estas por sua vez, se associam a uma ideia de que aquele que intimida tem o poder quando este mesmo sujeito impõe sua vontade, seudesejo ou projeto de poder agir sobre o outro.
Para melhor entender a problemática Charlot (apud Abromovay, 2002 p. 69) nos traz uma definição de violência no ambiente escolar:
 Violência: golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismo.
- incivilidades: humilhações, palavras grosseiras, falta de respeito;
- violência simbólica ou institucional: compreendida como a falta de sentido de permanecer na escola por tantos anos; o ensino como um desprazer, que obriga o jovem a aprender matérias e conteúdos alheios aos seus interesses; as imposições
s de uma sociedade que não sabe acolher os seus jovens no mercado de trabalho; a violência das relações de poder entre professores e alunos. Também o é a negação da identidade e satisfação profissional aos professores, a sua obrigação de suportar o absenteísmo e a indiferença dos alunos. CHARLOT (APUD ABROMOVAY, 2002 P. 69)
A gravidade da situação está em ser um padrão de comportamento que está longe de ser inocente, um padrão que é produzido e reproduzido dentro do ambiente escolar ano após ano, esse tipo de ação é segundo Ferreira (2009), é um distúrbio que se caracteriza por agressões físicas e morais repetitivas, levando a vítima ao isolamento, à queda do rendimento escolar, a alterações emocionais e à depressão. Este é um apenas dos motivos pelos quais o tema precisa ser trabalhado na escola, pois este ambiente pode abrigar, e/ou estar abrigando crianças e adolescentes com os problemas descritos acima e que se não forem diagnosticados a tempo eles podem, em pouco tempo, tornarem-se adultos frustrados, desiludidos, inconformados por não poderem e também por não ter alguém que possa lhes ajudar, um problema como este que é impossível resolver sozinho, é preciso apoio e confiança mútua. 
Ainda sobre a violência Debarbieux (apud Abromovay, 2002 p. 69), diz que devemos considerar:
1. Os crimes e delitos tais como furtos, roubos, assaltos, extorsões tráfico e consumo de drogas etc., conforme qualificados pelo Código Penal;
2. As incivilidades, sobretudo, conforme definidas pelos atores sociais;
3. Sentimento de insegurança ou, sobretudo, o que aqui denominamos sentimento de violência. resultante dos dois componentes precedentes, mas, também, oriundo de um sentimento mais geral nos diversos meios sociais de referência. DEBARBIEUX (APUD ABROMOVAY, 2002 P. 69)
Sendo a escola um ambiente de formação humana é imprescindível que se tenha uma visão ampla sobre a situação da violência dentro das escolas, é preciso refletir e buscar medidas estratégicas para a superação da violência, buscar cortar pela raiz as causas desse mal que aflige praticamente todos os ambientes de aprendizagem, onde a educação é trabalhada sob a égide do medo e da pressão psicológica, deixando de lado a confiança e o companheirismo que deveria existir entre educando e educador. 
A violência está disseminada em todos os círculos de nossa sociedade, podem-se encontrar casos de violência no núcleo familiar, caracterizada na ação coercitiva dos pais e demais membros, no Estado pelo regime autoritário que impõe Leis e dispõe de aparelhos de coerção, tais como a polícia entre outros órgãos de controle, por Leis Morais impostas pela sociedade, na igreja pelos limites impostos pelos mandamentos expressos em sua doutrina, no trabalho pela submissão do trabalhador ao que comanda e o abuso de poder efetivado nas ações do superior, na escola pelo autoritarismo do professor e também por atos de alunos e demais funcionários. Não há apenas a violência que se revela dentro de sua brutalidade, mas também com violências ocultas, de formas simbólicas que atacam o psicológico do indivíduo, causando estragos que deixam cicatrizes no psicológico do indivíduo, cicatrizes estas que sem tratamento, trarão efeitos contínuos nas ações daqueles que às sofreram.
Dentro do ambiente escolar as situações de violência se manifestam das mais diversas formas, tais como: física contra alunos, professores e funcionários, psicológica, expressa em ameaças e provocações, coerção e imposição, tanto da parte dos alunos quanto da parte dos professores, na formação de gangues com o intuito de intimidar os mais fracos, consumo de álcool e drogas, depredação e roubos contra o patrimônio da instituição envolvendo alunos, dentre outras praticas.
Dentre o material escolar trazido pelos alunos para a sala de aula, além do caderno e da caneta, por muitas vezes encontram-se também presentes na mochila destes alunos, revolveres, soco Inglês, estiletes, facas e canivetes, trazidos com a finalidade de intimidar os indivíduos a sua volta. Assim esses alunos deveriam estar nas escolas em busca de conhecimento, juntam-se a outros alunos, formando gangues que tem por intuito dominar aqueles que estão a sua volta, por meio do medo produzido pelos seus atos de vandalismo, espancamento, brigas e outros atos a escola deixa de ser um espaço de aprendizagem para se tornar um campo de guerra. São cada vez mais frequentes os noticiários envolvendo casos de agressão entre alunos, agressão de alunos contra professores, professores que agridem alunos, não podemos encarar essas práticas com normalidade, temos que as combater para que não nos tornemos vitimas fatais dessa selvageria, pois o mal que não é combatido se fortalece de nossas próprias fraquezas.
A violência não nasce sem motivos, nos dias atuais pode-se apontar como uma das causas do aumento dessa violência que oprime e escandaliza. O modelo neoliberal excludente, pautado no sistema de merecimento onde o aluno que se destaca mais é exaltado e aquele que não acompanha o ritmo imposto acaba por ser excluído e discriminado dentro da própria sala de aula, as mazelas do capitalismo, a selvageria no mercado de trabalho e as questões sociais produzidas a partir desse sistema capitalista, desestruturação da família e a banalização dos problemas sociais.
As causas desse mal do mundo contemporâneo não são oriundas apenas de fatores natureza sociais, pelo contrário, ela não esta associada somente a pobreza, pois se assim fosse a grande maioria de toda a população brasileira estaria envolvida em casos de hostilidade, são inúmeros os fatores que contribuem para a presença dessa prática cada vez mais comum na sociedade em geral, mal este que se torna cada dia mais forte dentro da sociedade. O sistema capitalista e a cultura do consumismo, por exemplo, despertam vontades fúteis nos indivíduos, aspirações e sonhos que não se concretizam dentro da cultura da ostentação que é cada vez mais presente entre os jovens, e assim acabam por marginalizar os indivíduos no processo de produção de riquezas e de consumo de bens materiais, que exaltam o prazer do dinheiro e banalizam os valores morais, despertando a agressividade do indivíduo marginalizado que parte em busca de seus sonhos e nessa jornada por muitas vezes usam de meios que transgridem a lei para alcançar seus objetivos.
Para amenizar esse quadro de violência muita coisa pode ser feita, mas o primeiro passo para esse grande feito é acreditar que isso é possível e consciente das dificuldades que serão enfrentadas nesse caminho de luta, não esmorecendo frente aos obstáculos postos no caminho em busca de qualidade de educação e de vida.
Dentro da escola o professor tem papel fundamental, pois é na figura do professor que os alunos se espelham e vão em busca de horizontes, absorvem cada palavra desde a infância, e a presença e postura do professor continua influenciando e ensinando os alunos conforme vão crescendo e amadurecendo, sendo o professor um apoio e exemplo fundamental na vida e no crescimento pessoal do indivíduo, por esse motivo o professor tem papel fundamental dentro da construção do caráter do indivíduo enquanto participante de uma sociedade. A respeito disso Royer (2002) disserta:
Os professores, no decorrer da sua formação inicial ou mais adiante, têm que desenvolver a capacidade de intervir e de evitar comportamentos agressivos nas escolas. Sejamos claros: a capacidade de ensinar a ler, escrevere fazer operações matemáticas não é mais suficiente para educar os jovens que hoje freqüentam nossas salas de aula. ROYER (2002 P. 251 E 252).
É preciso ensinar mais que matemática, história, geografia, biologia entre outras matérias, é preciso buscar entender as causa da violência, o contexto em que ela se da dentro e fora da escola e é preciso agir a partir deste contexto buscando caminhos e soluções para obter resultados satisfatórios, é preciso ensinar confiança e valores, matérias fundamentais e de conteúdo essencial na formação do indivíduo além do ser físico para o ser social. Visando a formação do professor, Royer (2002) lista oito indicadores fundamentais para evitar a violência e lidar com ela.
A política de formação de professores e de evitar a violência e lidar com ela nas escolas vem sendo correta e eficaz se os professores que trabalham em sua escola:
1. sabem e entendem como os comportamentos agressivos se desenvolvem nos jovens;
2. compartilham da crença de que a educação e, mais especificamente, a escola são capazes de contribuir para evitar que a violência se desenvolva e tenha continuidade;
3. intervenham de forma ativa, e não apenas reativa com relação à violência e aos comportamentos agressivos que
ocorrem na escola; 
4. estão convencidos de que, devido à diversidade dos problemas relacionados à violência, as intervenções devem ser individualizadas e formuladas sob medida para cada caso;
5. valorizam o formação continuada ao longo de toda a sua vida profissional, sabendo que a simples experiência não é o bastante;
6. são capazes de integrar em sua prática os novos conhecimentos surgidos das pesquisas;
7. desenvolveram capacidades sólidas de formar parcerias com os pais, sabendo que a participação dos pais exerce influência considerável sobre a eficácia de sua intervenção;
8. reconhecem a importância essencial do trabalho de equipe, sabendo que suas intervenções em sala de aula não serão suficientes. ROYER (2002 P. 254).
A formação dos profissionais é mais que metodológica, deve ser seguida de ações que tem papel fundamental no ensino. A aplicação destes oito indicadores citados por Royer (2002) é de fundamental importância, pois a partir dessa análise se pode sair apenas da metodologia pura e simples e aplicalas na prática. 
Segundo Szadkoski (2010), ao contrário do que muitos educadores podem pensar, negociar e buscar normas que satisfaçam o coletivo e que contemplem a relação professor-aluno, não significa abrir mão da autoridade, muito pelo contrario, buscar novas alternativas que satisfaçam o coletivo como um todo não enfraquece a postura do professor, mas sim conquista os alunos, e estes depositam confiança em seu professor, respeitando-o não porque são obrigados a isso, mas sim porque nele confiam, significa abrir mão da relação de autoritarismo para estabelecer uma relação de segurança. 
É fundamental que haja uma relação de confiança e mútua entre professores e alunos, e que esta relação não se de somente no individualismo, mas sim na pluralidade do coletivo de uma sala de aula.
Hoje o papel da escola é mais difícil, pois o egoísmo individualista adotado pela sociedade causa uma crise de valores em seu meio, e a escola e o professor como formadores de pessoas não podem deixar de dividir conhecimentos sobre convivência, cooperação, solidariedade, generosidade, complacência, amizade, respeito mútuo e valorização do outro, e não há uma receita pra ensinar tais valores, o ensino e aprendizado dos mesmos se dão na forma que o professor se mostra e na sua postura adotada frente aos alunos, postura essa que é tida como um espelho onde os alunos se olham e se identificam e tal qual um espelho reflete a imagem daquele que nele se olha, o professor reflete em seu aluno o reflexo de sua imagem.
A educação é vista por muitos como a principal forma de salvar a sociedade do caos eminente frente os crescentes casos de violência aos quais somos expostos todos os dias. Com tamanha responsabilidade colocada sobre os ombros da educação surge também um questionamento, será que a educação dissemina apenas valores positivos? A cerca desta duvida Fernández (apud Szadkoski, 2010 p. 49) disserta:
A função da educação pode ser alienante ou libertadora, dependendo de como for usada, quer dizer, a educação como tal não é culpada de uma coisa ou de outra, mas a forma como se instrumente esta educação pode ter um efeito alienante ou libertador. FERNÁNDEZ (APUD SZADKOSKI 2010, P. 49)
A educação tem uma grande parcela de responsabilidade na construção da sociedade, mas essa sociedade encontra-se enferma, e é reprodutora destas enfermidades, que devem ser tratadas para que os transtornos não à consuma, e a busca pela cura desse se faz por um longo caminho, cheio de obstáculos e incertezas, caminho este que tem que ser trilhado, pela busca de um futuro melhor, na construção de uma sociedade digna para todos que nela convivem.
São muitas as dificuldades para eliminar as causas sociais da violência, há muita resistência da sociedade frente as mudanças necessárias para dissipar a situação atual, é preciso resgatar os valores morais, o respeito a vida, o sentimento de igualdade, solidariedade, liberdade, fraternidade e justiça. 
A escola tem um papel fundamental na luta pela erradicação da violência, pois é dentro do ambiente escolar que o educando tem sua formação inicial, tem seu caráter moldado e aprende a conviver com os demais alunos adquirindo a capacidade de viver em comunidade. Segundo Costa (2014):
A escola é uma instituição social com objetivo explícito: o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes, e valores) que, aliás, deve acontecer de maneira contextualizada desenvolvendo nos discentes a capacidade de tornarem-se cidadãos participativos na sociedade em que vivem.
Eis o grande desafio da escola, fazer do ambiente escolar um meio que favoreça o aprendizado, onde a escola deixe de ser apenas um ponto de encontro e passe a ser, além disso, encontro com o saber com descobertas de forma prazerosa e funcional, (COSTA, 2014 P. 1)
A escola tem um papel integrador que não deve ser desmerecido, pelo contrário, esse papel deve ser exaltado e praticado. As atividades oferecidas devem ser prazerosas, favorecendo a assiduidade do aluno no ambiente escolar, acolhendo-o ao invés de afugentá-lo. Neste sentido Costa (2014) disserta:
A escola deve oferecer situações que favoreçam o aprendizado, onde haja sede em aprender e também razão, entendimento da importância desse aprendizado no futuro do aluno. Se ele compreender que, muito mais importante do que possuir bens materiais, é ter uma fonte de segurança que garanta seu espaço no mercado competitivo, ele buscará conhecer e aprender sempre mais. (COSTA, 2014 P. 1)
O artigo 4 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) traz considerações sobre o dever do Estado para com a educação:
Art. 4º. O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: 
 I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; 
 II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades
especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola;
VIII - atendimentoao educando, no ensino fundamental público, por meio de
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;
IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem.
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. (BRASIL, 1996)
Portanto, a escola é, por obrigatoriedade, o primeiro acesso do indivíduo à educação e aos ensinamentos de valores, afeto, criticidade entre outros, é a primeira fonte de saber em que o indivíduo se alimenta e assim sendo temos a este instituto como um importante agente formador de opiniões e de cidadãos que serão o futuro desta grande nação em que vivemos.
O ambiente de ensino tem como função social a formação de cidadãos, promovendo a convivência social, é na prática da vivência cotidiana entre os diferentes sujeitos que os alunos aprendem as regras sociais que são fundamentais para que a sociedade como um todo exista, convivendo com as diferenças os educandos aprendem a respeitá-las e conviver com elas, exerce também a função de preparar o indivíduo para a cidadania e qualifica-lo para o trabalho, contribuindo para o pleno desenvolvimento do sujeito. 
Pensando a função social da escola, a Constituição Federal define:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
 VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (BRASIL, 1988)
A participação do núcleo da família e da sociedade na escola, participando ativamente na educação dos alunos, ajudando a construir uma educação baseada no contexto no qual os alunos estão inseridos, buscando alternativas para trazer a realidade dos indivíduos para dentro da educação, assim transformando a pratica do ensino, possibilitando um melhor aprendizado. Atuando de forma democrática na escola aas famílias não só estão atuando ativamente na vida educacional de seus educandos, mas também estão contribuindo ativamente para a construção de uma sociedade melhorada, sociedade onde todos nós convivemos e, portanto, somos todos responsáveis pelo seu bom andamento.
A escola é elemento de grande importância na formação e desenvolvimento das comunidades, portanto é crucial que a escola esteja sempre acompanhando as evoluções da sociedade em si. Desse modo, a escola é encarregada pela transmissão da cultura e do conhecimento e também na preparação intelectual e moral do aluno, num processo de construção e reconstrução do conhecimento, esse conhecimento é construído através de uma interação entre o individuo e o ambiente. Se o indivíduo reproduz ações positivas para com a sociedade é por que ele vivenciou e aprendeu esse tipo de ações, portanto reproduz aquilo que lhe parece normal e corriqueiro, mas se o indivíduo está inserido em um ambiente de coerção, violência psicológica e física, provavelmente ele irá produzir e reproduzir aquilo que lhe parece normal e corriqueiro.
É preciso ensinar mais que matemática, português, história entre outras, deve-se ser ensinado também ao aluno o convívio e relacionamento interpessoal, ética, moral, respeito as diferenças sociais, a diversidade cultural e de gênero, deve ser ensinada também a democracia e criticidade, pois só assim poderemos formar cidadãos aptos a viverem em comunidade, com capacidade para a convivência pacifica e ao bom desenvolvimento de uma nação justa e igualitária.
Considerações Finais
A violência é uma realidade não só no ambiente escolar mas também uma realidade como um todo. É preciso que sejam adotadas praticas que acabem com essa mazela da sociedade contemporânea, que afeta a todos os indivíduos que convivem em sociedade, mazela essa que faz vitimas todos os dias e que já não causa estranhamento a quem as vivência. Os padrões de violência reproduzidos dentro da sociedade são cada vez mais comuns no cotidiano de todos e está cada vez mais evidentes nas manchetes de jornais, internet, televisão, bem coo em todos os meios de comunicação, basta folhear um jornal ou uma revista, bem como assistir os telejornais e até mesmo acessar os sites de noticias na internet para termos exemplos de como a violência está presente em nosso dia a dia.
Não é só nos bairros de classes baixa que são explícitos os casos de violência, hoje nós podemos encontra-la em qualquer lugar que se vá, exemplificada em uma briga de transito, uma discussão em uma fila, no abuso de poder de um padrão sobre um empregado, na violência psicológica que um pai exerce sobre seu filo dentre outras tantas possibilidades que podemos citar.
A escola é um dos principais focos onde está arraigada a patologia da violência, pois é nos primeiros anos de vida que o caráter do cidadão é moldado e os valores serão absorvidos, valore estes que serão carregados para toda a vida, influenciando o comportamento do indivíduo dentro da sociedade em que vive.
Por isso uma educação de qualidade, baseada nos valores morais, contextualizada dentro da realidade dos indivíduos são de extrema importância para a construção de cidadãos participantes de uma sociedade digna e justa, passível da convivência de todos de forma pacífica, voltada para a construção de cidadãos éticos e justos aliados ao bom funcionamento do meio em que vivem, atuando democraticamente em cada espaço da sociedade em que estão inseridos.
Referências:
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Constituição Da República Federativa Do Brasil De 1988. Brasil, 1988.
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Disponível em: www.drearaguaina.com.br/projetos/funcao_social_escola.pdf
Acesso em 10 de julho de 2014.
FERREIRA, Tatiana Lima. Bullyng na Escola: A Intervenção do Psicólogo Escolar. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/bullying-na-escola-a-intervencao-do-psicologo-escolar/20228/. Acesso em setembro de 2013.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LEI Nº 11.525, DE 25 DE SETEMBRO DE 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11525.htm acesso dia 27 de abril de 2014
Projeto de pesquisa. Disponível em http://www.pedagogiemfoco.pro.br/met05.htm. Acesso em setembro de 2013.
ROYER, Egide. A violência escolar e as políticas da formação de professores.
In: DEBARBIEUX, Eric; BLAYA, Catherine. Violência nas escolas e políticas Públicas. Brasília: UNESCO, 2002.	
Szadkoski, Clarissa Maria Aquere VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS. A violência na sociedade contemporânea[recurso eletrônico] / organizadora Maria da Graça Blaya Almeida. – Dados eletrônicos. Porto Alegre : DIPUCRS, 2010. 161pg.
SILVA E SALLES, Joyce Mary Adam de Paula. Leila Maria Ferreira. A violência na escola: abordagens teóricas e propostas de prevenção. UNESP, Rio Claro/SP, 2010.
VELHO, Gilberto. Mudança, crise e violência: política e cultura no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
PALMEIRO, Ana Paula Pacheco et. Al. Enfrentamento à violência na escola / Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretoria de Políticas e Programas Educacionais. Coordenação de Desafios Educacionais Contemporâneos – Curitiba: SEED – Pr., 2010. (Cadernos temáticos dos desafios educacionais contemporâneos).

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