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1 1ª Prova de Cirurgia I Introdução à Cirurgia Ambiente cirúrgico - É a unidade hospitalar onde se realizam as intervenções cirúrgicas. Área onde estão concentrados recursos representados por equipamentos e materiais que possam ser utilizados com eficiência e segurança pela equipe cirúrgica, bem como pelo pessoal responsável pelos serviços auxiliares, em benefícios do paciente que está sendo operado. - Sala Cirúrgica: é um dos componentes do ambiente cirúrgico e onde efetivamente se consuma o ato operatório. - Centro de material é a unidade hospitalar incumbida do preparo, esterilização e distribuição de todo o material, bem como dos aparelhos destinados a tratamentos nas salas cirúrgicas, nas unidades de internação, nos ambulatórios, no pronto-socorro, e demais serviços paramédicos. - Dimensionamento: critérios prévios e fixos devem ser adotados para estabelecer a dimensão do ambiente cirúrgico; - Localização: próximo às unidades que recebam casos cirúrgicos, devem apresentar luminosidade sem insolação direta, seja pela orientação adequada, seja pela proteção por meios artificias; - 5% da área total do hospital - 3m²/leito hospitalar - 5% do total de leitos = número de salas de cirúrgica - Componentes do ambiente cirúrgico (3 áreas distintas): - Zona de proteção: representada pelos vestiários; - Zona asséptica ou estéril: salas de operação e salas de subesterilização. - Zona limpa: composta por todos os demais componentes do agrupamento cirúrgico; - Componentes do ambiente cirúrgico: - Vestiários: deverá estar à disposição uniforme próprio do ambiente cirúrgico, de cor diferente dos usados nas demais áreas do hospital. - Sala de Recepção dos Pacientes: aquela na qual os pacientes que serão operados são recebidos e permanecem na mesma até o momento em que serão conduzidos para sala de operação. Deve permitir a avaliação pré-operatória. - Corredores: constituem um local de grande disseminação de infecção. Pode haver dois tipos: “Limpo”, onde o material limpo chega e o “Periférico ou contaminado”, onde o material contaminado sai. Tem que possuir um mínimo de 2,5 / 4 metros de largura. - Lavabos: são pias onde os integrantes da equipe cirúrgica escovam as mãos e antebraços antes de entrar na sala de operação. Devem situar-se fora da sala de operação e anexos à mesma. Deve possuir uma torneira de acionamento adequado: automático, ¼ de volta, pedal. - Sala de Operação: é um dos componentes da chamada zona “estéril” ou “asséptica”. Deve ser capaz de adaptar-se às novas tecnologias como microcirurgias – vídeocirurgias – laser – robótica. É um espaço para ampla manipulação dos instrumentos, sem contaminação. Deve possuir 35m² a 45m². - Sala de equipamentos: é um dos integrantes da “zona limpa”, e é o local onde todos os aparelhos ficam guardados quando estiverem limpos, testados e estéreis, ou seja, prontos para serem utilizados. - Depósito de material: área componente da “zona limpa”, na qual fica armazenado todo o material esterilizado proveniente do centro de materiais esterilizados. Área de grande rotatividade devido a grande utilização. - Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA): a maioria dos pacientes operados recupera a consciência e os reflexos ainda na própria sala de operação. - Salas de conforto: salas destinadas para o conforto ou descanso para as equipes que atuam no interior do mesmo. - Anexos: - refeitório: exclui o preparo de alimentos. - serviço de radiologia (intensificador, RX, US) - serviço de anatomia patológica - Central de material esterilizado – CME: - Atualmente é fora do ambiente cirúrgico. - Aspectos a serem focalizados referente ao ambiente cirúrgico: - Iluminação: é o problema mais difícil e provavelmente o mais importante do sistema de iluminação de um hospital. Utilização da luz artificial. O campo operatório é iluminado através de um foco multidirecional a fim de eliminar a presença de sombras. - Ventilação: importância no fornecimento de ar em condições adequadas, remoção do acúmulo de gases anestésicos, controle de temperatura e umidade do ambiente, e principalmente a prevenção da contaminação aérea da ferida operatória. Deve abranger três aspectos fundamentais: 1) prover o ambiente de aeração com condições adequadas; 2) remover as partículas potencialmente contaminantes liberadas no interior das salas de operações; 3) impedir a entrada no ambiente cirúrgico de partículas potencialmente concomitantes, oriundas de áreas adjacentes ao centro cirúrgico. O fluxo da ventilação é laminar, de cima para baixo – esse fluxo joga as micropartículas para o chão, evitando a contaminação aérea. 2 - Eletricidade: é fundamental para o bom funcionamento de um ambiente cirúrgico. Esse deve dispor de uma fonte geradora própria, permanente e independente de energia elétrica. - Piso: material resistente, não poroso, de fácil visualização de sujeiras, de fácil limpeza, livre de ralos e frestas, pouco sonoro e fundamentalmente bom condutor de eletricidade estática para evitar faíscas. - Paredes: devem ser de superfície lisa, uniforme, com cantos arredondados para facilitar limpeza e evitar o acúmulo de poeira. - Forros: deve ser de material não poroso para impedir a retenção de bactérias. Deve ser de fácil limpeza e dotado de pequena condutibilidade. - Janelas: vidro duplo e dotadas de um eixo, em torno do qual possam “bascular” e permitir a limpeza de ambas as faces vitrificadas. Entre os dois vidros deverão existir vácuo, para reter os raios infravermelhos e permitir uma melhor ação bactericida de eventuais raios solares. Deverão ser dotadas de telas, para impedir a entrada de insetos. - Portas: deverão ser todas de correr, dotadas de visores de vidro para facilitar a visão entre os dois ambientes e diminuir o número de aberturas desnecessárias das portas. Técnica asséptica - Todo ato cirúrgico é uma agressão ao organismo, de intensidade variável, de acordo com a extensão e a gravidade da intervenção. Entretanto, pode-se, de início, inferir que os perigos variam extraordinariamente na dependência de uma série numerosa de circunstâncias. Entre elas, é possível citar a complexidade do procedimento, as lesões do operando, o preparo técnico, a responsabilidade e experiência do médico, o próprio ambiente ou meio cirúrgico com suas facilidades e deficiências de instalações e de equipamentos hospitalares. De todas as variáveis, a mais constante e, atualmente, a mais temida, é a infecção. Por isso é necessário a técnica asséptica. - A contaminação pode ser extrínseca, ou seja, de fontes externas de contaminação (25%) ou intrínsecas (75%). - A via direta de contaminação é a disseminação de microrganismos do portador de processos patológicos ativos, por contato direto, para o receptor. A transmissão se dá a partir da face, da pele, das vias aéreas, intestinais, genitais, ou por qualquer outra lesão em atividade, como um furúnculo ou uma ferida contaminada. - A via indireta de contaminação implica trajeto tríplice: parte do portador ou da lesão ativa e, por meio de um terceiro elemento, transmite-se ao receptor. O veículo pode ser ar, poeira, roupas, utensílios, insetos. - Termos: - Assepsia: processo pelo qual se afasta e se mantém afastados os microrganismos de determinado objeto, ambiente ou campo operatório. Trata-se do conjunto de medidas que evitam a chegada dos germes a locais que não os contenham. - Antissepsia: processo de destruição de microrganismos em determinado objeto, ambiente ao campo operatório, utilizando-seantissépticos. Sinônimo de desinfecção. - Esterilização: procedimento utilizado para a destruição de todas as formas de vida microbiana, isto é, bactérias, fungos, vírus e esporos do arsenal médico-cirúrgico. Pode ser obtida por diferentes processos, como físico, o físico-químico ou o químico. - Antisséptico: agente químico que mata os microrganismos patogênicos ou inibe o seu crescimento, quando em contato com eles, que pode ser empregado seguramente na pele e nas mucosas. - Antissepsia: - Preparo do paciente: - O preparo do doente deve ser iniciado na véspera da cirurgia: banho geral, com lavagem da cabeça, das axilas e dos genitais, já que são, além do trato respiratório, os maiores fatores de contaminação. - A tricotomia, ou seja, a raspagem dos pêlos, deve ser sempre feita no dia da intervenção e, segundo alguns autores, no próprio centro cirúrgico. - Roupas trocadas da enfermaria para o bloco cirúrgico, com utilização de gorros e propés. - Preparo da equipe cirúrgica - Roupas de circulação restrita - Gorros cobrindo todo o cabelo - Máscara dupla gaze de algodão - Óculos - Propé - Na pele normal, reconhecem-se dois tipos de flora: a residente; e a transitória. - A flora residente é composta, principalmente, por Sthafhylococcus epidermidis coagulase negativos e por difteróides anaérobicos, habitantes constantes da superficie da pele, dos foliculos pilosos e dos ductos das glândulas sebáceas. Estes microrganismos podem diminuir com a escovação das mãos, mas não são erradicados. Em geral, não provocam infecções cirúrgicas. - A flora transitória consiste em bactérias que colonizam temporariamente a superfície da pele, sendo, portanto, variável. Quando o indivíduo frequenta o ambiente hospitalar, passa a apresentar flora transitória constituída de germes patogênicos e, muitas vezes, resistentes a antibióticos, principalmente cepas patogênicas de estafilococos e êntero-bactérias gram negativas (Klebsiellla, Proteus, Pseudomonas). - Anti-sépticos: 3 - Sabão: barato, porém de atuação mecânica, não é bactericida e nem apresenta efeito residual “luva química”. - Iodóforos: complexos orgânicos de iodo com detergente sintético (iodopovidona). Os iodóforos são ativos contra gram positivos e negativos, mas não agem contra esporos. Apresentam ação residual que se prolonga ao redor de quatro horas. - 1 – 2% de iodo – iodeto de potássio (em álcool 70%) - iodo PVP - diminui reações alérgicas; - potente e rápido, ampla ação. - Hidrocloreto de clorexidina: composto orgânico com boa atividade bactericida. Não é alergênico e não mancha a pele ou a roupa. Exerce boa ação residual. - Álcool etílico ou isopropílico a 70%: agentes bactericidas, embora não matem esporos. Secam rapidamente, removendo a umidade da pele e facilitando a colocação de luvas. O principal inconveniente é o fato de não terem ação residual. - Esterilização: - Limpeza prévia: manual ou US. - Estilização pelo calor: - Seco (estufa) – fornos infravermelhos - Úmido - Fervura: não recomendável - Vapor sob pressão: autoclaves – uso mais difundido (mais rápido / necessário uma menor temperatura) - Óxido de etileno: muito eficiente, materiais plásticos - Escovação das mãos - Paramentação: - Paramentar: vestir, ornar com os paramentos; vestes para finalidade específica; Material cirúrgico, montagem de mesa, preparo do campo operatório - O instrumental cirúrgico pode ser classificado segundo suas funções e os atos fundamentais da cirurgia em diérese, hemostasia, síntese, preensão, auxiliares e especiais. - Diérese - usado para cortar: - Basicamente, consideram-se instrumentos de diérese o bisturi de lâmina, o bisturi elétrico (na sua função corte), os vários tipos de tesouras, as serras, as cisalhas e as agulhas de punção. - Cabos de bisturi: - Diversos tamanhos e formas e são definidos por números (3, 4), mas não seguem uma ordem específica de numeração. - Mudam o tamanho da empunhadura e o tamanho da área de inserção da lâmina do bisturi. - Lâminas - Vários tamanhos - Elas têm uma função em cada procedimento - Empunhadura: - Existe uma maneira correta de se empunhar um bisturi – ou igual uma caneta (em incisões pequenas) ou igual um cabo de violino (para incisões longas, que podem ser retilíneas ou suavemente curvas). - O corte sempre se dá da esquerda para direita. - Tesouras: - Há uma grande variedade de tesouras, cada uma se prestando a determinado fim. São tradicionalmente classificadas quanto à forma das lâminas, podendo ser retas, curvas ou anguladas. A tesoura reta classicamente não se presta a diérese, mas sim a síntese, sendo utilizada para cortar fios. - As tesouras curvas são instrumentos de diérese amplamente usados, principalmente nas dissecções. Em razão da ação contundente, ao lado da obviamente cortante, são mais traumáticas que o bisturi, motivo pelo qual devem ser evitadas em tecidos delicados. São amplamente utilizadas para a divulsão, ao penetrarem com as lâminas fechadas em algumas estruturas anatômicas, como o músculo, por exemplo, seguindo-se a abertura das mesmas, o que permite o afastamento tecidual. 4 Tesoura angulada - OBS: Nunca se pratica incisão primária na pele com tesoura. - Bisturi elétrico: - É uma caneta com acionamento manual ou em pedal com função de corte e coagulação. - O que determina essa diferença é o tipo de corrente elétrica empregada. - O paciente precisa ter uma placa posicionada em seu corpo para fechar o circuito elétrico. - O grande inconveniente do bisturi elétrico é o calor radiante, resultante da energia elétrica degradada, que, irradiando-se para estruturas vizinhas, pode provocar queimaduras. - Hemostasia: - Os instrumentos pais comumente utilizados em hemostasia são as pinças hemostáticas curvas e retas, a pinça Mixter, as pinças intestinais e o eletrocautério. - Pinças hemostáticas curvas: seu formato facilita o pinçamento e a ligadura de vasos com menor risco de lesão de tecidos adjacentes. - Pinças hemostáticas retas: além do uso para hemostasia, são utilizadas para pinçamento de fios cirúrgicos, seja para mantê-los separados ou para tracioná-los. - Pinças hemostáticas de Kelly e Crile: todas apresentam ranhuras nas prensas, com finalidade de não permitir o deslizamento das estruturas. - Crile – serve para preensão de vasos médios mais profundos. Possui ranhuras horizontais em toda a extensão da lâmina de preensão. - Kelly – Serve pra preensão de vasos superficiais médios e delicados (curvo) e para o reparo de fios (reto). Possui ranhuras horizontais até o meio da lâmina de preensão. - Pinça de halsted (mosquito): - Também denominada de pinça mosquito pelo seu tamanho e delicadeza. - Dieffenbach ou buldogue: - Hemostasia de grandes vasos. - A hemostasia é feita por pressão, o que confere sutileza ao ato. - Passagem do fio na hemostasia – Pinça Mixter (ângulo reto ou passa fio): - Função de reparo a ligadura de vasos de acesso difícil, como nas cavidades e passar fios para ligadura em torno dos mesmos. - Ponta em ângulo reto. - Pinças intestinais: também chamadas de clamps intestinais, em geral tem as pontas longas, achatadas, com ranhuras nas faces internas. - As ranhuras podem ser longitudinais (sendo este modelo pouco traumático) ou transversais. Tesoura Iris Reta Tesoura metzembaum Tesoura Mayo Tesoura Potts 5 - É utilizado na interrupçãodo trânsito intestinal, o que o classifica como instrumental de coproestase. Além disso, tem a capacidade de fazer uma leve hemostasia no meso. Face interna do braço do clamp - Síntese: - A síntese geralmente é o tempo final da cirurgia e consiste na aproximação dos tecidos seccionados ou ressecados no decorrer da cirurgia, com o intuito de favorecer a cicatrização dos tecidos de maneira estética, além de evitar as herniações de vísceras e minimizar as infecções pós-operatórias. - Na síntese, usam-se porta-agulhas, agulhas diversas, fios, grampos metálicos e grampeadores mecânicos. - Porta agulhas - Porta agulhas mais comum: Hegar. É estruturalmente semelhante às tesouras e pinças hemostáticas, apresentando argolas, para a empunhadura, e cremalheira, para o fechamento auto-estático. É mais utilizado para síntese em cavidades, sendo empunhado da mesma forma que os instrumentais argolados ou de forma empalmada. - Porta agulhas de Mathieu: possui hastes curvas, semelhante a um alicate, com cremalheira (catraca) pequena. É utilizado em suturas de tecidos superficiais, especialmente na pele em cirurgias plásticas ou ainda em cirurgias odontológicas. Esse modelo de porta-agulha é empunhado sempre de forma espalmada. - Preensão: - Participam tanto da diérese quanto da hemostasia e da síntese. - Pinça de Backaus: - Usado para prender os campos cirúrgicos e outros instrumentos, para que não o invadam, inadverdidamente. - Pinça dente de rato: - Preensão de tecidos resistentes (pele, aponeurose, fáscias). - Possuem um dente de rato na ponta. - Pinça anatômica: - Preensão de tecidos delicados. - Suas bordas são achatadas e arredondadas. - Pinça de Allis: - Preensão de estruturas ocas. - Possui a ponta larga e o serrilhado atraumático (é mais delicada, portanto consegue prender estruturas sem lesar o tecido). - Muito utilizada durante todos os tempos cirúrgicos. - Pinça de Collin: - Cabeça ovalada - Serve para preensão de tecidos ou vísceras, tendo superfície ampla de contato com ranhuras. Preensão com tração sem lesar o tecido. - Pinça de Duval - Apresenta extremidade distal semelhante ao formato de um triângulo, com ranhuras longitudinais ao longo da face interna de sua ponta. Por apresentar ampla superfície de contato, é utilizada em diversas estruturas, a exemplo das alças intestinais. - Confere uma certa sutileza na preensão de estruturas. 6 - Geralmente utilizadas para preensão de vísceras. - Pinça babcock: - É atraumática. Mesma função das anteriores. - Pinça de Kocher: - Preensão de tecidos resistentes. - Tem a característica da ponta com dente-de- rato e ranhuras horizontais em toda a extensão da lamina de preensão. - Pinça de Pozzi: - Também chamada de pinça uterina, pois é utilizada, usualmente, para segurar o colo ou o corpo uterino. - Outras pinças: - Pinça de antissepsia de Cheron: - Permite que o cirurgião aproxime a mão sem aproximar o corpo do campo cirúrgico. - Pinça de Pean: é mais curta que a pinça de Cheron. Utilizada em pequenas cirurgias. - Auxiliares – afastadores: - Tem a função de separar tecidos, habitualmente sem neles criar soluções de continuidade, facilitando a exposição cirúrgica. - Farabeuf: - Apresenta-se em formato de “C” característico, sendo utilizado no afastamento de pele, tecido celular subcutâneo e músculos superficiais. - Langenbeck: - Mesmo uso do anterior, tendo cabo para empunhadura e mais longo, podendo atingir planos mais profundos. - Afastador de Doyen: - Por se apresentar em ângulo reto e ter ampla superfície de contato, é utilizado primordialmente em cirurgias abdominais. - Volkmann: - Possui garras na parte curva, dando mais aderência aos tecidos. Usado somente em planos musculares. - Sunn Muller: - Como se fosse a união do Langenbeck com o Volkmann. - Gosset: - Utilizado para separar os retos abdominais. Deve ser manipulado em sua extremidade proximal, para que se movimente, uma vez que a distal, que entra em contato com as estruturas a serem afastadas não cede a pressões laterais. - Balfour: - Uma adaptação do afastador de Gosset, acoplando-se ao mesmo uma Válvula Suprapúbica, que, quando utilizada isoladamente, consiste em um afastador dinâmico. - Afastador de Finochietto - Utilizado em cirurgias torácicas, possuindo uma manivela para possibilitar o afastamento da forte musculatura intercostal. 7 - Afastador de Deaver: - Por apresentar sua extremidade distal em formato de semilua, análoga ao desenho de contorno dos pulmões, é amplamente utilizado em cirurgias torácicas, podendo também ser utilizado em cirurgias abdominais. - Válvula supra-púbica: - Afasta gordura pré-peritonial supra púbica e bexiga. - Muito utilizada em cesarianas. - Instrumentos especiais: - São aqueles que possuem indicação precisa e muito restrita quanto ao seu uso. - Afastadores vaginal, espéculo anal, afastador craniano, fibroscópio, bisturi de argônio e raios laser. - Videolaparoscopia – é utilizada outra mesa cirúrgica, com outros materiais. Distribuição dos instrumentos na mesa - Montagem da mesa cirúrgica: - Deve ser feita de forma padronizada, de acordo com a ordem de utilização dos instrumentais no ato operatório, a fim de facilitar o acesso aos mesmos. Durante a arrumação da mesa, é necessário imaginá-la dividida em 6 setores, correspondentes aos 6 tempos operatórios: 1. Diérese: colocam-se os instrumentos de diérese, com os mais delicados à esquerda e menos à direita – 2 bisturis, 1 tesoura curva (Metzembaum), 2 tesouras curvas comuns e 1 tesoura reta. 2. Preensão: pinças de preensão que serão utilizadas com maior frequência no ato cirúrgico – 3 pinças anatômicas de tamanhos diversos e 3 pinças dentes-de-rato, também de tamanhos diversos. 3. Hemostasia: ficam montados, sobre uma compressa enrolada, os instrumentos de hemostasia, seguidos dos instrumentos de preensão menos utilizados, - pinças hemostáticas (das curvas para as retas, das menores para as maiores), pinças mixter de tamanhos diferentes, pinças Allis, pinças Duval, etc. 4. Auxiliares: São colocadas as compressas, dobradas ao meio, e gaze. 5. Síntese: porta agulhas, agulhas, fios cirúrgicos, além dos afastadores de Farabeuf. 6. Especial: por estar mais longe do instrumentador, funciona como se fosse um almoxarifado, ficando nelas os instrumentos que talvez nem sejam usados durante o procedimento cirúrgico – seringas, cateteres e os afastadores, tipo valva de Doyen, afastador de Gosset, afastador de Finochietto, na dependência da cirurgia a ser realizada. 4 5 6 1 2 3 OBS. O bisturi elétrico, assim que é ligado, fica sobre o campo cirúrgico. OBS. As pontas dos instrumentos são sempre voltadas para o instrumentador para facilitar a passagem para o cirurgião. OBS. Na área 4 também são colocadas as cubas. Operações Fundamentais: Diérese, Hemostasia e Síntese - Diérese: procedimento cirúrgico que consiste na interrupção da continuidade dos tecidos. 8 - Hemostasia: é o conjunto de manobras que visam prevenir e/ou estancar a hemorragia. - Síntese: é a união cirúrgica dos tecidos. Diérese - A diérese pode ser feita por incisão, secção, divulsão, punção, dilatação e serração. - Incisão: é a diérese feita com o empregode instrumentos de corte, como o bisturi comum. O bisturi elétrico e os raios laser, por intermédio da coagulação dos tecidos, podem também ser usados. Um exemplo típico de uma diérese por incisão é a ferida cirúrgica realizada na pele com bisturi. Na pele integra, a primeira incisão deve ser feita com o bisturi frio, nunca com o elétrico. - Secção: é o ato de cortar ou separar, principalmente com tesoura curva, mas também podem ser usados o bisturi elétrico, o laser, etc. Exemplo: secção do nervo vago. - Divulsão: consiste no afastamento dos tecidos por planos anatômicos. Separa os tecidos através da sua origem embrionária (sem instrumentos de corte, só instrumento de separação). Ex: dissecção entre o músculo reto abdominal e a aponeurose. Esses espaços virtuais, quando separados, dão uma “espuminha”. Utiliza materiais de preensão e hemostasia com objetivo de diérese. - Punção: utilizam instrumentos perfurantes ou pérfuro- contundentes, com as mais diversas finalidades. - Dilatação: processo pelo qual se obtém o aumento do diâmetro de canais e orifícios naturais, e também de trajetos fistulosos. Ex: Stent, dilatação uretral com instrumento específico para dilatação de estenose de próstata (Benique), dilatação de ostomia (vela de Hegar). - Serração: diérese feita com o emprego de serras. Ex. Serra de Gigli (movida a força humana – serração de ossos). - Princípios fundamentais da diérese: - O movimento deve ser único para secção de todo o plano anátomo-cirúrgico. Ex. Diérese do abdome: Pele Subcutâneo Aponeurose anterior do reto abdominal Músculo reto abdominal Aponeurose posterior do músculo abdominal. - Não biselar a incisão ou afunilar a incisão (a incisão deve ser feita como uma base de pirâmide, e não como um funil). Incisão biselada é aquela inclinada em relação ao plano da estrutura que está sendo incisada. A incisão afunilada é aquela em que os planos superficiais são seccionados em maior extensão que os planos profundos. Isso não constitui boa técnica porque essas incisões de dimensões excessivas na superfície aumentarão a área de cicatrização e o trabalho de fechamento. - Secção dos planos subjacentes em maior extensão que os superficiais. OBS. O bisturi sempre entra de forma perpendicular, continua em posição oblíqua, tangenciando o plano subjacente, e termina perpendicular, para que a borda da ferida fique no mesmo tamanho inicial e final. Hemostasia - Principais materiais: compressas, gazes, o próprio dedo; pinças diversas; eletrocautério; substâncias esclerosantes; clipes metálicos; fios cirúrgicos; cera para osso; êmbolos. - Classificação: quanto a oportunidade e quanto ao método. - Quanto a oportunidade: - Preventiva ou curativa. - Preventiva: antes de ocorrer o sangramento, podendo ser temporária ou definitiva. - Curativa: após o sangramento, sempre definitiva. - Quanto ao método: - A hemostasia pode ser feita por meio de 7 técnicas básicas: - Compressão: consiste na compressão do local de hemorragia até que a coagulação se complete. - Pinçamento: se empregam pinças hemostáticas e consiste no pinçamento das extremidades do vaso seccionado. - Eletrocoagulação: feita por meio do bisturi elétrico. - Esclerose: se injetam, na luz vascular, substâncias lesivas ao endotélio, provocando trombose do vaso. - Clipagem: os clipes abraçam os vasos e, em seguida, os esmagam pela pressão exercida pelo porta-clipes. É, na maioria das vezes, exercida preventivamente. - Cerificação: empregada para a hemostasia de ossos. A cera é comprimida sobre o osso, ocluindo o ponto de sangramento. - Embolização: injeção intravascular de solução de microêmbolos que irão ocluir os vasos distais à injeção. Ex. embolização do AVC hemorrágico. - Princípios fundamentais dos diferentes tipos de hemostasia: - Compressão: 9 - O método deve ser empregado de forma definitiva apenas para pequenos vasos da superfície da pele. Duração para pequenos vasos: 5 min. - Nunca deve ser empregado em locais de difícil retorno cirúrgico, como cavidades. - Pode ser empregado como técnica transitória em situações de emergência. - É admissível nas chamadas hemorragias em lençol, situação em que não se consegue visualizar os inúmeros pontos de sangramento em áreas de deslocamento tecidual. - Pinçamento: - Pinçar quantidades mínimas do tecido, não fazê-lo as cegas. - Em alguns casos, transfixar o tecido junto à ponta da pinça. - Cuidado para evitar iatrogenia: lesão iatrogênica do ureter. - Eletrocoagulação - Empregar voltagens mais baixas para não queimar o tecido subjacente. - Usar somente para vasos de pequeno calibre. - Não empregar o método em tecidos ou estruturas delicadas (tecido nervoso, as mucosas e as paredes vasculares). - Prudência ao usá-lo em cavidades. Síntese - Classificação: - Pode ser feita por pelo menos 5 métodos, na dependência do tecido em questão: - Aproximação das bordas com ataduras e fitas adesivas: utilizadas para manter unidas as bordas de pequenas feridas traumáticas ou cirúrgicas, de bordas regulares. - Suturas - Colas biológicas - Aparelhos gessados - Hastes, placas e parafusos - Seis princípios fundamentais a serem respeitados durante a síntese: - Usar material adequado para o tecido ou órgão - Usar menor quantidade possível de corpo estranho, desde que respeitada a segurança do procedimento. - Não permitir que as bordas da ferida fiquem sob tensão. - Não suturar em plano único espessura maior que 1 cm. Ex. Paciente obeso com grande tecido subcutâneo, sutura somente da pele e a aponeurose. Nesse caso, você deixa um espaço vazio no espaço subcutâneo. - Não deixar espaço vazio (morto) - Não apertar excessivamente os nós ou torcê-los (Corre o risco de cruzar). Tipos de incisões e de feridas/Suturas, fios, nós cirúrgicos - Incisões: - Objetivo – cicatriz imperceptível - Fatores que interferem – técnica cirúrgica, idade do paciente, tipo de pele, região do corpo. - Técnica cirúrgica - Assepsia e anti-sepsia - Manuseio delicado dos tecidos (incisão perpendicular) - Desbridamento de tecidos desvitalizados (porque os tecidos necróticos não tem uma boa circulação, e por isso os fatores cicatrizantes não chegarão ao local). - Adequada hemostasia - Sutura sem demasiada tensão (deslocamento das bordas), evitando espaço morto (porque é propício a criação do seroma – acúmulo de líquido linfático no espaço interplano – subcutâneo). - Maior atividade inflamatória local – maior deposição de colágeno - Idade do paciente: - 1-3m – cicatrizes finas - Crianças maiores – maior elasticidade, cicatrizes hipertróficas e eritematosas. - Idosos – atrofia do TCSC, pele menos elástica e mais relaxada, cicatrizes mais frágeis e estéticas. - Escolha do sítio de incisão: - Sítios desfavoráveis – ponta do nariz, região frontal, bochechas, ombros, dorso e região pré esternal (não possuem muito tecido subcutâneo). Também são desfavoráveis aquelas incisões contrárias às linhas de tensão da pele. - Sítios favoráveis – pálpebras, regiões palmar e plantar, mucosas. Para minimizar a cicatriz, as incisões devem ser paralelas às linhas de tensão da pele. 10 - Conforme as fibras musculares se contraem, elas reaproximam as margens da ferida, se forem perpendiculares ao músculo subjacente. Se, entre, a cicatriz for paralela ao músculo subjacente, então a contração desse músculo tenderá a causar abertura das margens da ferida e ocasionará mais tensão e formação de cicatriz. - Incisõeselípticas para ressecção de nevos cutâneos – deve possuir margens livres. Deve possuir a dimensão de 2 para 1. Garantir a margem profunda. - Feridas: - Limpas – eletivas, na qual foi preparado o campo cirúrgico, foi feito a anti-sepsia. - Contaminadas – geralmente são as feridas traumáticas ou feridas de vísceras que transportam substâncias contaminadas (intestino, PE). - Corto-incisas – é a praticada na cirurgia - Corto-contusas - traumáticas - Lacero-contusas – traumáticas - Perfurantes – traumático (tiro) ou ferida de agulhas - Perfuro-contusas – comuns em acidentes de trabalho - Superficiais - Profundas - Fases de cicatrização: - Inflamatória – coágulo de fibrina, PMN, linfócitos, monócitos – ocorre nas primeiras 24 horas. Já se inicia durante a incisão. - Fibroplasia – ocorre aumento da força tênsil da superfície – hora da chegada dos fibroblastos, macrófagos e colágeno. Ocorre até o 5 dia. - Maturação – 30 dias – 50%; remodelação até 2 anos. A partir do 14º dia, já está nessa fase, com diminuição da força tênsil (por isso, depois do 14º dia já não tem sentido manter o fio de sutura). - Cicatrização: - Curativo 24 horas - Material de síntese por 5 dias no mínimo - Retirada de pontos 7-14 dias - Sutura: - Manobra cirúrgica que visa restituir a integridade dos tecidos que foi rompida por traumas ou intervenções cirúrgicas. - Princípios fundamentais - Usar material adequado para tecido ou órgão - Usar menor quantidade possível de corpo estranho - Não permitir que as bordas da ferida fiquem sob tensão - Não suturar em plano único espessura maior que 1 cm - Não deixar espaço vazio (morto) - Não apertar excessivamente os nós ou torcê-los - Objetivos da sutura: - Favorecer a evolução da ferida cirúrgica pela imobilização dos tecidos. - Reduzir os espaços anatômicos - Criar condições para estabilização do coágulo - Impedir a entrada de microorganismos nos tecidos mais profundos - Auxiliar a hemostasia - Manter a funcionalidade e também a estética - Escolha do fio de sutura mais apropriado: - Deve basear-se em critérios objetivos, como biocompatibilidade, força tênsil, elasticidade, sitio anatômico a ser suturado, tensão a qual será submetida a sutura, idade do paciente e grau de contaminação da ferida. - Além disso, deve-se considerar o potencial de contaminação do sitio operatório: fios monofilamentares tem menos chance de contaminação que os fios multifilamentares. - Fio ideal: - Postulado de Van Winkle e Hasting: 1. O fio de sutura deve ser tão forte quanto o tecido que está sendo suturado. 11 2. A perda de resistência do fio deve ser compensada pelo ganho de resistência da cicatriz. 3. As alterações biológicas provocadas no processo de cicatrização pelo fio de sutura devem ser conhecidas. - Resistencia tênsil do fio x Velocidade de cicatrização do tecido: - Propriedades dos fios de sutura: - Absorção: - Fios absorvíveis: por processo de hidrólise, reações proteolíticas ou fagocitose, se desintegram, não deixando resquícios após um determinado período. - Fios inabsorvíveis: permanecem por tempo indefinido em contato com os tecidos, possuindo em geral maior força tensil residual. - A absorção de fios à base de polímeros sintéticos, como o poligalactina e o ácido poliglicólico, se faz unicamente por hidrólise, que lhes propicia uma absorção regular, dentro de um período previsível. Esse período não depende do calibre dos fios. - No entanto, os mesmo não acontece com os fios de origem orgânica, como os categutes, que são absorvidos por reações proteolíticas e fagocitose, o que resulta em uma absorção muito irregular, mais rápida para os fios de menor calibre, com intensa reação inflamatória. - Tempo de absorção: - Seda – 1 a 2 anos - Algodão – inabsorvível - Náilon – 5 anos - Poliéster – inabsorvível - Poplipropileno – inabsorvível - Aço – inabsorvível - Catagute simples – 14 dias - Catgut cromado – 21 dias - Poligalactina – 30 dias - Poliglecaprone, poligliconato, polidioxanona (suturas intestinais) – 60 dias - Origem: sintético e biológico – tripa de carneiro (categute). - Configuração: - Monofilamentares: os fios são menos maleáveis, tendo maior memória e menor coeficiente de fricção, o que dificulta o manuseio e reduz a segurança dos nós. No entanto, determinam menor lesão durante a sua passagem pelos tecidos. - Multifilamentares: podem ser trançados ou enrolados. Apresentam como inconveniente o fato de propiciarem maior adesividade bacteriana. A retirada dos pontos também é mais trabalhosa. - Força tensil: o melhor fio a ser utilizado é aquele que, possuindo o menor diâmetro possível, tenha uma força tensil equivalente à dos tecidos sobre o qual será aplicado. - Segurança dos nós: está relacionada ao coeficiente de fricção do fio utilizado. Fios com baixo coeficiente de fricção são em geral responsáveis por nós que “afrouxam” ou “escorregam”. Os fios monofilamentares possuem os mais baixos coeficientes de fricção. Assim, quanto menor o coeficiente de fricção, maior será o número de nós necessários para assegurar sua eficácia. - Na pratica, quanto maior o número de 0, maior o número de nós, mas sempre tem que haver um número mínimo de 3 nós. - Todos os fios tem que receber um nó de contenção com duas voltas, um nó de fixação com uma volta e um nó de segurança com uma volta. - Reação tecidual: a ocorrência de um processo inflamatório constitui a fase inicial do processo de cicatrização. Determinados fios, no entanto, induzem a uma exacerbação desta resposta inflamatória, inibindo a migração precoce de células epiteliais, o que se traduz por uma produção de cicatrizes hipertróficas, com reduzida força tensil. Os fios monofilamentares não-absorvíveis são os que desencadeiam menor resposta inflamatória. Entre os absorvíveis, esta é mais exuberante nos fios de origem animal e menor nos de origem sintética. A resposta inflamatória desencadeada pelos fios atinge seu pico máximo no sétimo dia. - Elasticidade: durante a fase inflamatória do processo cicatricial os tecidos apresentam um determinado grau de edema, que regride ao final dela. A elasticidade do fio permitirá uma acomodação dos tecidos durante o período em que se encontram edemaciados, sem cortá-los ou estrangulá-los, ao mesmo tempo em que acompanham a retração dos tecidos quando da reabsorção do edema, mantendo as bordas da ferida coaptadas e guardando uma adequada força residual. - Memória: é uma propriedade indesejável, sendo descrita como a capacidade do fio voltar para sua posição de repouso. Fios de alta memória costumam ser rígidos, pouco flexíveis e com baixo coeficiente de fricção, dificultando sua manipulação e tornando-os mais susceptíveis ao desatamento dos nós. Exemplos típicos: fios monofilamentares. - Crescimento bacteriano: a utilização de fios multifilamentares aumenta significativamente os riscos de infecção, devido ao fato de propiciarem as bactérias uma penetração no interior da trama de seus filamentos. 12 - Adesividade de células tumorais: as células tumorais tem também uma tendência a aderirem a fios de sutura multifilamentares, em especial aqueles de origem natural. - Visibilidade do campo cirúrgico - Custo. - Agulhas: - Constituem o principal agente de traumatismo tecidual em uma sutura. - São classificadas como atraumáticas ou traumáticas. - As agulhas traumáticas possuem uma extremidade triangular cortante, com vértice geralmente voltado paraa parte interna da sua curvatura. São utilizadas no fechamento da pele. - As atraumáticas possuem a extremidade cilíndrica, o que aumenta a resistência à sua passagem pelos tecidos. No entanto, determinam menor trauma tecidual. São utilizadas para todos os tipos de sutura, com exceção da pele. - Elas ainda podem ser retas, curvas (1/4 de circulo, 3/8 de circulo, ½ de circulo) ou semi-retas, no que diz respeito a sua forma. - Sutura de pele: - Tipo de ponto: simples, donatti, em 8, em X. - Simples: é o ponto ideal para aproximação correta das bordas de uma ferida. Para se evitar a tensão na linha de sutura, deve- se apoiar o ponto a uma distância da borda aproximadamente igual à espessura da pele. - Ponto Donatti: permite a aproximação uniforme das bordas, mesmo que tenha ocorrido uma incisão incorreta, como biselamento, por exemplo, ou que as bordas sejam irregulares, como nas feridas traumáticas. - Continuidade da sutura – continua e com pontos separados - A sutura contínua é utilizada quando temos grandes extensões a sutura e pretendemos ganhar tempo. - Sutura contínua intradérmica: é empregada para pele muito delgada ou como segundo plano em pele mais espessa. Consiste em uma sutura continua, em grega, com apoio na derme. - Número de planos – único, dois planos, total - Aproximação das bordas – afrontamento, eversão, inversão das bordas. - Sutura de aproximação de bordas – por mordida de cachorro, por exemplo. OBS. A ferida deve ser suturada até 6 horas do seu aparecimento OBS. Nós na pele sempre com porta agulha e nós nas cavidades, sempre manuais. Cicatrização – bases e distúrbios - Um dos grandes estigmas da cirurgia é a cicatriz. A cicatriz não é só o que é visto externamente, mas sim todo o processo de reestruturação do tecido vivo. - O organismo humano é formado por trilhões de células, agrupadas de acordo com a morfologia e função. Existem quatro tipos principais: epiteliais, conjuntivas, musculares e nervosas. - A integridade do tecido depende do balanço entre células produzidas e células destruídas (por morte ou apoptose). - Capacidade proliferativa: - Células lábeis – alta capacidade mitótica. Ex: epitélio da boca e bexiga. - Células estáveis – não se reproduzem frequentemente, apenas quando estimuladas. Ex: tecido fibroso, fígado. - Células permanentes – normalmente só se reproduzem na vida embrionária. Ex: neurônios, células do miocárdio. - Ferida: - Uma ferida é definida como a presença de solução de continuidade em um tecido que, anteriormente, encontrava-se íntegro, podendo ser causada por ações diagnosticas, terapêuticas ou acidentais. Essa solução de continuidade pode ocorrer com maior ou menor dano tecidual, e provoca, no organismo, a tentativa de reparar esse defeito, criando, assim, um novo tecido que funciona como elo de ligação entre as duas bordas afastadas; reconstitui-se, desse modo, a integridade orgânica da forma mais fisiológica. Esse novo tecido é a cicatriz. - Classificação: - Superficial: limitada a epiderme. - Com perda parcial: atinge epiderme e parte profunda da derme. - Perda total: destruição da epiderme, derme e tecido subcutâneo. - Aguda: processo reparador ordenado e tempestivo. Tem como objetivo restaurar a integridade funcional. - Crônica: não avançam para a integridade funcional - Param na fase inflamatória – várias etiologias - Não evoluem para o fechamento - Cicatrização: - Processo dinâmico e complexo que resulta na restauração da anatomia e na função da área lesionada. 13 - Consiste no esforço dos tecidos para restaurar a função e as estruturas normais após o trauma. - É formada por uma série complexa de interações entre mediadores bioquímicos, células sanguíneas, células da matriz extracelular e células parenquimatosas. - Fases da cicatrização: - 1ª fase – injúria ou lesão: - A lesão representa o primeiro sinal para ativar a cascata de eventos da cicatrização. - Nessa fase, a cicatrização se inicia por meio da ativação da cascata do complemento e da cascata de cininas. - A cascata de cininas começa com a liberação de histamina e serotonina, após a desgranulação de mastócitos, granulócitos e plaquetas presentes no local da lesão. Essas cininas tem a função de aumentar a permeabilidade vascular, favorecendo a passagem de células fagocitárias e de granulócitos para o tecido lesado. - A histamina também facilita a migração das células inflamatórias para a área lesada e estimula a formação do coágulo de fibrina, por meio da agregação de plaquetas à malha de fibrina, que tem como função isolar a área lesada do meio externo. - 2ª fase – formação do coágulo: - Na sequência da reparação tecidual após a lesão, os vasos rompidos nas duas superfícies se retraem e formam um tampão em suas extremidades, com o intuito de interromper o fluxo de sangue para fora do organismo. Esse tampão recebe o nome de coágulo e é formado por uma malha de fibrina onde se aderem plaquetas. - As plaquetas presentes no coagulo são ativadas pela trombina, secretada pelas células endoteliais, e se desgranulam, secretando diversas cininas e outros mediadores da inflamação. As cininas, assim como os leucotrienos e prostaglandinas, tem a função de promover vasoconstrição e ativar outros mediadores bioquímicos importantes nas fases seguintes de cicatrização. - Os macrófagos, atraídos pelos peptídeos presentes na malha de fibrina, estimulam a migração de fibroblastos para a ferida e liberam cininas responsáveis pela neoformação vascular. - 3ª fase – cicatrização: - Perdura por três dias, e é quando ocorre a migração das células responsáveis pelo controle do reparo cicatricial para a ferida, sendo essencial para que se processe todo o restante do processo de cicatrização. - Essa fase inicia-se a partir de sinalizadores bioquímicos e celulares nas fases de injuria e formação do coágulo. Há recrutamento de neutrófilos, macrófagos e linfócitos que, junto com as plaquetas, coordenam a cicatrização da ferida e influenciam a atividade dos fibroblastos por secretar fatores de crescimento, além de aumentarem o fluxo de sangue na área lesada. - Elementos celulares, como os neutrófilos e os monócitos, são os responsáveis pelo desbridamento da superfície da ferida, por meio da fagocitose de partículas antigênicas e de corpos estranhos. Nas primeiras 24-48 horas após a lesão, há grande afluxo de neutrófilo para a ferida, seguindo-se de aporte maior de macrófagos durante os três dias seguintes. - 4ª fase – angiogênese: - Por volta do terceiro dia após a lesão, junto com a migração dos fibroblastos para a malha de fibrina, a bradicinina, as prostaglandinas e outro mediadores bioquímicos oriundos de macrófagos ativados estimulam a migração e mitoses de células endoteliais, criando brotos sólidos que irão deslocar-se da periferia para o centro da ferida. - O suprimento sanguíneo é responsável pela nutrição do tecido, além de permitir o aporte de novo suprimento de macrófagos e fibroblastos. - Além disso, um fator de crescimento produzido pelas células endoteliais faz com que ocorra a fibrinólise, impedindo o aumento excessivo da malha de fibrina, o que poderia prejudicar a migração de macrófagos e fibroblastos para a ferida. - 5ª fase – fibroplastia: - Corresponde ao início da formação da cicatriz e envolve a migração dos fibroblastos, a deposição de matriz extracelular e a síntese do colágeno. - Após ocorrer a exsudação vascular, a ferida é preenchida por liquido seroso,gordurosa de neutrófilos e fibrina, produtos esses que são rapidamente substituídos pela matriz extracelular, ou substancia fundamental amorfa, que é a principal responsável pela restauração da continuidade do tecido lesado. - A matriz é constituída de várias proteínas, como fibrina, colágeno, proteoglicanos (ácido hialurônico, condroitina) e glicoproteínas (fibronectina, laminina), além de água e eletrólitos. - A composição bioquímica dessa matriz pode afetar profundamente a ação de fatores de crescimento, além de ter influência direta sobre a função celular, pois o grau de adesão das células e moléculas proteicas à matriz pode determinar tanto o fenótipo quanto a expressão de receptores de superfície dos fibroblastos. - Durante o processo reparativo normal, os fibroblastos secretam os precursores necessários a síntese de 14 polissacarídeos e colágeno. Essas proteínas fornecem as necessidades básicas para reparação das superfícies, sendo dependentes da presença de níveis adequados de substratos como lisina, prolina e vitamina C. - O colágeno é uma proteína composta de glicina, prolina, hidroxiprolina, lisina e hidroxilisina. - Na sua síntese, a lisina e a prolina são as primeiras a serem incorporadas na cadeia de colágeno. Após essa incorporação, elas são hidroxiladas. Essa hidroxilação depende de vários elementos, como a vitamina C, A e E, o ferro reduzido, o zinco e o oxigênio. - O colágeno é o material responsável pela sustentação e forca tênsil de uma cicatriz. - 6ª fase – epitelização: - Nas primeiras 24 e 36 horas após a lesão, enquanto ocorrem os eventos necessários à reparação do tecido, ou seja, inflamação e fibroplasia, fatores de crescimento epidérmicos estimulam a proliferação de células do epitélio. - As células epiteliais migram a partir das bordas da ferida e dos folículos pilosos próximos, fazendo também a contração e neoepitelização da ferida e reduzindo sua superfície. - 7ª fase – maturação do colágeno: - Nessa fase, observa-se a síntese e a degradação do colágeno, com o modelamento da cicatriz. - Ela tende a persistir por até seis meses, quando se obtém o resultado final, de maior resistência em relação aos tecidos vizinhos. Aparecimento de diferentes células na ferida durante a cicatrização. Macrófagos e neutrófilos são predominantes durante a fase inflamatória (máxima nos dias 3 e 2, respectivamente). Linfócitos aparecem mais tarde e atingem o máximo no sétimo dia. Os fibroblastos são as células predominantes durante a fase proliferativa. - Na cicatrização, a reorganização perfeita é sacrificada em benefício do retorno urgente da função. Ela tem como função principal a deposição de tecido conjuntivo específico na região lesada, que evita a perda de líquidos, limita a entrada de microrganismos e restabelece o padrão de fluxos sanguíneos e linfáticos. OBS. Regeneração: é a restauração perfeita da arquitetura do tecido preexistente; ausência de formação de cicatriz na maioria das vezes. - Todas as feridas passam pelas mesmas etapas do processo de reparo. - Tipos de cicatrização: - Por primeira intenção – ocorre de forma mais organizada e rápida, quando imobilizada por meio de suturas, colas, pontes de esparadrapo, grampos e outros artifícios. - Por segunda intenção – ocorre de forma espontânea, com a deposição de células de preenchimento a partir das bordas da lesão. - Fatores que inibem a cicatrização: - Infecção: localmente, as bactérias presentes na área lesada modificam o pH do meio, acidificando-o e reduzindo a função dos macrófagos. As bactérias também utilizam o colágeno sintetizado como fonte de alimento, reduzem o aporte de oxigênio para a ferida e estimulam a produção de radicais livres de oxigênio na área lesada. Esses fatores fazem com que a cicatrização em áreas de infecção se torne mais frágil, predispondo a deiscências. - Hipóxia: ocorre em pacientes anêmicos, chocados, sépticos, nefropatas e diabéticos. A redução da quantidade de oxigênio nas feridas diminui a hidroxilação da prolina e da lisina, componentes do colágeno, causando redução na produção do mesmo. Além disso, interfere na síntese de diversos mediadores bioquímicos e reduz a capacidade funcional de macrófagos e neutrófilos, favorecendo a proliferação de bactérias. - Circulação deficiente: compromete a chegada do infiltrado inflamatório, além dos nutrientes necessários. 15 - Tensão local - Deficiências de vitaminas (C, A e E): a vitamina C é importante para a maturação dos fibroblastos e síntese do colágeno. Na ausência de vitamina C, não há hidroxilação adequada da prolina e lisina, o que leva a produção de um colágeno de baixa qualidade, levando a cicatrização deficiente e fragilidade vascular. A vitamina E e A são outros co-fatores importantes na síntese de colágeno. - Deficiência de minerais (zinco e ferro): o zinco é um mineral-chave na expressão genética, divisão e crescimento celular, proliferação das células epiteliais e como co-fator na função de cerca de 200 enzimas e produção do colágeno. A sua carência poderia se associar, portanto, a danos na estrutura do colágeno e redução da epitelização de feridas cutâneas. O ferro, por sua vez, é importante na hidroxilação da lisina e prolina, pois esse processo só ocorre na presença desse mineral. - Diabetes mellitus: a acidose, que ocorre na diabetes (e também na sepse, na insuficiência renal), altera a função das células responsáveis pela síntese dos mediadores bioquímicos da cicatrização, além de inibir a síntese de colágeno pelos fibroblastos e de reduzir a capacidade microbicida de neutrófilos e macrófagos, favorecendo a infecção de feridas. - Radiação ionizante: a maioria dos pacientes que sofreu irradiação em determinado território do organismo desenvolve uma reação inflamatória local e, tardiamente, diminuição do fluxo sanguíneo, com redução da neoangiogênese. - Idade avançada: há relatos de que a tensão e a perfusão de oxigênio tecidual diminuem com a idade, provocando efeito adverso sobre a acumulação de hidroxiprolina. Além disso, com o envelhecimento, o colágeno sofre alterações qualitativas e quantitativas. O conteúdo de colágeno na derme diminui e as fibras de colágeno envelhecidas apresentam arquitetura e organização distorcidas. - Drogas exógenas: - Quimioterápicos: drogas habitualmente usadas no pré e pós- operatório das cirurgias oncológicas sobre o tubo digestivo, são agentes que interferem com a cicatrização das alças intestinais, sendo causa relativamente frequente de formação de fistulas nesses pacientes. O mecanismo pela qual esses agentes atuam na cicatrização parece ser a inibição da formação do tecido de granulação e da migração de macrófagos e fibroblastos para a área lesada. - Glicocorticoides: a cortisona tem efeito maléfico sobre a cicatrização por reduzir a resposta inflamatória no início da cicatrização e por inibir a síntese dos fatores de crescimento pelos macrófagos da ferida. A inibição da liberação de histamina e a redução da migração celular e da neoangiogênese estão entre as etapas de cicatrização prejudicadas pelos corticosteroides. - Doxorrubicina (Adriamicina): É um potente inibidor da cicatrização, particularmente se administrada no pré-operatório. - Desnutrição: dados clínicos e a experiência médica sugerem que a ausência de vários componentes da dieta, como a vitamina C, a vitamina A, a vitamina E, o zinco, as proteínas e aminoácidos associam-se ao retardo da cicatrização. Esse retardo ocorre tanto por reduçãona síntese dos mediadores bioquímicos, quanto por menor produção de colágeno, pois não há disponibilidade de aminoácidos para a síntese desses substratos. - Cicatrização anormal: - O desequilíbrio entre produção e degradação das fibras colágenas rege a formação de uma cicatriz mais ou menos grosseira. - Cicatriz hipertrófica – deposição excessiva de colágeno; cicatriz elevada que se mantém nos limites da ferida original; podem regredir espontaneamente; podem estar situadas em qualquer lugar do corpo. - Queloide – cicatriz que cresce além dos limites da ferida; raramente regride com o tempo; mais prevalente (pele escura, predisposição genética, acima das clavículas, face, MMSS); não há como preveni-la. Curativos - Características de um curativo ideal: - Manter a umidade no leito da ferida - Manter a temperatura em torno de 37 ºC no leito da ferida - Absorver o excesso de exsudato, mantendo uma umidade ideal - Prevenir a infecção, devendo ser impermeável a bactérias - Permitir sua remoção sem causar traumas no tecido neoformado - Não deixar resíduos no leito da ferida - Limitar a movimentação dos tecidos em torno da ferida - Proteger quanto a traumas mecânicos - Curativos para feridas: - Dois conceitos críticos na escolha apropriada dos curativos são oclusão e absorção. A colocação de um curativo oclusivo sobre a ferida proporciona um pH levemente ácido e baixa tensão de oxigênio na superfície da ferida. O gradiente de oxigênio exagerado é um bom ambiente para a proliferação de fibroblastos e formação de tecido de granulação. Um curativo relativamente oclusivo é uma boa escolha para muitas feridas; entretanto, outras opções poderiam ser benéficas em feridas que têm quantidade significativa de exsudato ou em feridas com altas contagens bacterianas. - Os curativos de feridas podem ser categorizados em quatro classes: não aderentes; curativos absortivos; curativos oclusivos; e cremes, pomadas e soluções. - Os curativos não aderentes em geral são de gaze suplementada com uma substância para aumentar suas propriedades oclusivas ou propriedades antibacterianas. 16 - A classe absortiva é usada principalmente para feridas que produzem uma quantidade significativa de exsudato. O exsudato acumula-se e pode contribuir para a maceração da ferida, reduzindo sua cicatrização, se não for removido do leito da ferida. A gaze é o mais antigo deste tipo de curativo e é muito absorvente, mas perde sua efetividade quando saturada. Materiais mais novos como os curativos de espuma tem propriedades absorventes para remover grandes quantidades de exsudato e tem propriedades não aderentes para impedir o rompimento de tecido de granulação recém-formado na remoção. - A classe dos curativos oclusivos proporciona retenção de umidade, proteção mecânica e uma barreira a bactérias. Pode ser dividida em curativos biológicos e não biológicos. - A classe final de curativos de feridas consiste em cremes, loções e soluções. Esta é uma categoria ampla que se estende dos materiais tradicionais, como pasta de óxido de zinco, a preparações contendo fatores de crescimento. Pré, per e pós-operatório - Toda cirurgia representa uma agressão física e psíquica para o paciente. A intensidade dessa agressão está relacionada com a complexidade e duração do procedimento cirúrgico e, se os pacientes não forem preparados adequadamente antes da operação, complicações diversas, e até óbito, poderão ocorrer antes, no momento da cirurgia ou após. - Por isso, há necessidade de se fazer um pré-operatório cuidadoso, o qual consiste basicamente em anamnese e exame físico bem feitos, além de exames laboratoriais e de imagem, o que permite diagnosticar e tratar ou controlar doenças secundarias associadas, diminuindo, assim, os índices de morbidade e mortalidade no per- e pós-operatório. - Classificação de Velez-Gil e Gonzales de níveis de cirurgia: - Classificação em quatro níveis, de acordo com cinco variáveis: pessoal envolvido, técnica de anestesia, material e equipamentos necessários, condição da sala de cirurgia e necessidade ou não de hospitalização. - Nível I: - Não necessita de pessoal especializado, apenas o cirurgião. - Anestesia local feita pelo próprio cirurgião. - Permanência do paciente no local do procedimento somente durante para sua rápida recuperação, prescrição e orientação medica. - Exemplos: exérese de nevos, biópsias de mucosas, drenagem de abscessos, extirpação de cisto sebáceo, postectomia e retirada de lipoma. - Nível II: - Exige a presença de um anestesiologista, uma vez que a anestesia é geral, raquidiana ou peridural. - Não há necessidade de internação hospitalar, a não ser que ocorra alguma complicação importante. Toda via, o paciente deve permanecer na sala de recuperação anestésica por algumas poucas horas, até que tenha condições de retornar ao domicilio. - Ex. Curetagem uterina, amputações de colo, hernioplastia inguinal. - Nível III: - Exige cuidados especiais após a operação – requer a hospitalização do paciente por dois dias, em média, havendo necessidade de um pré-operatório mais cuidadoso que os níveis I e II. - Exemplo. tireoidectomia total, histerectomia abdominal - Nível IV: - Estão os procedimentos mais complexos, havendo necessidade de pessoal especializado e sala cirúrgica com sofisticados equipamentos de monitorização, além de cirurgião, auxiliares e instrumentador. - A internação hospitalar é em média de 5 dias e o paciente necessita, algumas vezes, permanecer em centro de tratamento intensivo. - As complicações cirúrgicas, incluindo o óbito, constituem uma realidade bem palpável nesse nível. - Ex. Cirurgia cardíaca, transplante, neurocirurgia, gastrectomia - Cirurgia Ambulatorial: - Não necessita de hospitalização após o procedimento. OBS. Pode ter ou não anestesia, pode ser ou não de urgência, pode ser feita ou não no hospital. - Compreende cirurgias de nível I e II. - Não significa que todos os procedimentos são realizados em ambulatório. - O fato de ser chamada de ambulatorial não pode trazer a impressão de que se trata de um procedimento desprovido de complicações ou de menor importância. - Vantagens da cirurgia ambulatorial: - Risco menor de infecção hospitalar pós cirurgia; - Diminui o número de internações no hospital; - Menor custo; - Menor tempo longe da família; - Menor afastamento do trabalho; - Independe de leitos hospitalares; e 17 - Menor burocracia para realização. - Importância: - Cerca de 60 a 70% dos procedimentos cirúrgicos são feitos em nível ambulatorial. - Crescimento do número de procedimentos que se realizam hoje desta maneira: p. ex. procedimentos laparoscópicos. - Atualmente: - Deslocamento do nível hospitalar; - Melhor recuperação no domicílio; - Deslocamento cultural – criação de home-care – devolução do paciente ao seu ambiente. - Principais procedimentos eletivos de nível I: - Biópsias de pele, linfonodos, mucosas e punções; - Exéreses das lesões de pele e mucosas – cisto sebáceos, lipomas, nevus; - Cirurgia de unha encravada; - Esclerose e retirada de pequenas varizes; - Postectomia. - Principais procedimentos de urgência de nível I: - Suturas de ferimentos cutâneos; - Drenagens de abcessos; - Mordeduras de animais; - Queimaduras de primeiro e segundos graus. - Procedimentos nível I: - Não significa que podem ser feitos em qualquer local sem infraestrutura adequada; - Devem existir os mesmos cuidados com o material cirúrgico, adequaçãoda sala cirúrgica e material de atendimento emergencial, em caso de intercorrências. - Instalações cirúrgicas: - Instalações isoladas, sem fluxo de pessoas. - Pia adequada para lavagem de mãos e paramentação; - Maca cirúrgica adequada que permita o posicionamento do paciente. - Equipamentos: - Monitores; - Carrinho de anestesia; - Carrinhos de parada; - Focos cirúrgicos; - Cautérios. - Materiais necessários – nível I: - Material de anestesia local – seringa, 3 agulhas e anestésicos. - Material cirúrgico básico – pinças anatômicas, Farabeuf, pinças hemostáticas - Anestesia local: - Infiltração - Bloqueio de campo – infiltração em losango - Bloqueios regionais – depende do conhecimento da área de inervação de cada nervo a ser bloqueado Preparo pré-operatório - Pré-operatório é o período de tempo decorrido entre o momento em que a cirurgia foi indicada e o seu começo, na sala de operação. - É no pré-operatório que se faz a avaliação de risco de morbidade e óbito do paciente, bem como o preparo do paciente, com o objetivo de reduzir esse risco. - Princípios gerais: - Deve-se: preparar o paciente psicologicamente; fazer anamnese e exame físico completos; solicitar exames laboratoriais e de imagem; tratar ou controlar doenças associadas; suspender o cigarro; orientar adequadamente o paciente e família; ser rigoroso no preenchimento das fichas de consulta e do prontuário; prescrever a dieta adequada e o jejum; prescrever o controle de dados vitais; ter cuidado com a interação medicamentosa; prescrever ansiolítico se necessário; fazer lavagem intestinal em casos selecionados; preparar o colo em casos selecionados; recomendar o banho pré-operatório; realizar a tricotomia só se absolutamente necessário; reservar sangue, serviços e instrumentos; avaliar todos os dados obtidos e fazer uma consideração final e conclusiva sobre o pré-operatório. OBS: Porque suspender o cigarro no pré-operatório? O cigarro impede o movimento dos cílios da mucosa da arvore traqueobrônquica, o que é acompanhado de grande retenção de secreção. Se o fumante ficar acamado ou com dor para respirar normalmente ou tossir, o que ocorre principalmente quando se abre a parede torácica ou abdominal alta, haverá acumulo ainda maior de secreção, o que teria como resultado a atelectasia pulmonar, a pneumonia e a insuficiência respiratória. Além disso, o excesso de secreção pode ser tão intenso que o paciente será obrigado a tossir, facilitando a deiscência parcial ou completa da parede abdominal, recidiva precoce de doença herniária e maior incidência de hérnias incisionais, caso o procedimento tenha sido feito no abdome. 18 - Dieta e jejum: o jejum, no pré-operatório, tem como principal objetivo dificultar a aspiração para os pulmões, principalmente o direito, de conteúdo gástrico, o que leva à chamada pneumonia por aspiração, situação muito grave e causa de morbidade e mortalidade elevada. Em cirurgias de nível I, mesmo sabendo-se que a probabilidade de convulsão, vômitos e aspiração do conteúdo gástrico para o pulmão é rara, recomenda-se um jejum de três a quatro horas. Nos procedimentos de nível II, o jejum deve ser de 6 a 8 horas, e nos procedimentos de nível III e IV, de oito a doze horas. - Medicação pré-anestésica: importante para crianças – mas na cirurgia ambulatorial da policlínica, não se opera crianças. - Anamnese: descrição da doença de forma objetiva, presença de comorbidades (diabetes, discrasias sanguíneas), reações alérgicas ou hipersensibilidade a mediações (principalmente anestésicos), uso de medicações – atenção aos anti-coagulantes e imunossupressores. - Preparo psicológico do paciente: orientação sobre o procedimento cirúrgico a ser realizado; tranquilização sobre o andamento do procedimento. - Exames necessários: Os exames pré-operatórios devem fundamentar-se na doença de base do paciente e nos achados clínicos de uma anamnese e um exame físico feitos com rigor. - A imensa maioria dos pacientes de nível I não necessita de exames laboratoriais. - Em nível II, considerar o risco cirúrgico com hemograma, glicemia, função renal e ECG. - Raio X de tórax: procedimento cirúrgico intratorácico; idade superior a 60 anos ou 65; história de doença cardiovascular; história de doença pulmonar; fumantes de muitos cigarros por dia ou com mais de 50 anos de idade; história anterior de doença maligna. - ECG: homens acima de 40 anos; mulheres acima de 50 anos; pacientes com faro de risco para doença coronariana, como DM, tabagismo, HAS e hiperlipidemia, independentemente da idade; obesidade mórbida; paciente em uso de digoxina. - Hemograma: idade inferior a 6 meses; mulheres em qualquer idade; homens acima de 60 anos; procedimentos com previsão de perda sanguínea intensa; doença cardiovascular; doença pulmonar; tabagismo; doença renal; doenças malignas; obesidade mórbida; e uso de anticoagulantes. - Nitrogênio ureico sanguíneo (BUN), a creatinina e a glicemia devem ser avaliados em todos os pacientes acima 60 anos. Preparo per-operatório - O per-operatório é o período compreendido entre o início e o termino da intervenção cirúrgica. - Preparo do cirurgião e do paciente: - Posicionamento do paciente na mesa cirúrgica – deve facilitar o acesso à estrutura a ser operada e evitar situações de risco. - Tricotomia: os dados da literatura demonstram que esse hábito secular não determina queda nos índices de infecção pós- operatória. Pelo contrário, na maioria das vezes, seu emprego está associado a elevação na incidência de infecção da ferida cirúrgica. Nesse contexto, a tricotomia deve ser realizada somente quando necessário, imediatamente antes da cirurgia, de preferência numa sala de preparação adjacente. Deve ser utilizada o tricótomo elétrico, ao invés do tricótomo por lâmina, pois esse segundo método, quase sempre, leva à danos na superfície da pele, que facilitam o acesso da flora natural da pele para o campo cirúrgico. Ressalva para cílios e sobrancelhas, que não devem ser tricotomizados. - Colocação do gorro, máscaras e propés. - Lavagem cirúrgica de mãos. - Paramentação: colocação do avental e da luva estéril. - Preparo habitual de antissepsia da área a ser operada – mais utilizado é a base de iodo. - Não usar solução com sabão em mucosas. - Colocação de campos cirúrgicos - Cuidados específicos - Manipulação cuidadosa e adequada de tecidos; - Uso de drenos; - Técnica asséptica – diminui a contaminação da ferida. - Curativos: - Proteger a ferida contra trauma mecânico. - Com 24 horas – a ferida não tem força tênsil nenhuma – importância do curativo, que isola do meio externo. - Auxilia na hemostasia. - Protege a ferida contra infecção. - Conceitos: - Antissepsia – diminuir a concentração de bactérias na superfície a ser operada. - Esterilização – remove todas as formas vivas, incluindo esporos. - Desinfecção – se relaciona muito mais as superfícies, ambientes – limpeza do ambiente. - Antissepsia: - Soluções com iodo, em sabão e alcoólica - Sabão – bom para usar na pele. Nas mucosas, causa maior irritação. - Alcoólico – tem poder bactericida maior, mas tem menor efeito residual. 19 - Limita os movimentos em torno da ferida. - Promove um ambiente mais úmido na superfície da ferida. - Absorve secreção. - Previne ou diminui espaço morto. - Da conforto psicológico ao paciente. - Diminui a dor por diminuição de movimentação.- Curativo ideal: - Manter a ferida limpa - Remover o excesso de exsudação - Permitir a troca gasosa - Fornecer isolamento térmico - Ser impermeável a bactérias - Ser isento de partículas e tóxicos contaminadoras de feridas - Permitir remoção sem causar trauma Pós-operatório - Critérios de alta para o paciente: - Pacientes submetidos a bloqueios regionais ou anestesia geral devem ficar em observação por algumas horas. - Anestesia local sem qualquer outra medicação anestésica – alta após o procedimento. - Para a alta, o paciente deve estar lúcido, acordado, em condição de ingerir alimentos e analgésicos. - Após a cirurgia: - Descrever o procedimento no prontuário do paciente - Orientações pós-operatório – busca de resultado da anatomia patológica, retirada de ponto, uso de analgésicos e ATB. - Complicações: - Infecção - Deiscência - Hematoma - Seroma - Quelóide - Reação do tipo corpo estranho Anestesias - Tipos de anestesia: - Geral - Local – acompanha ou não sedação - Tópica - Infiltração - Bloqueio de campo - Bloqueios regionais - Bloqueio endovenoso - Bloqueios centrais - Raquianestesia - Anestesia peridural Anestesia Geral - Inclui não só a perda de todos os tipos de sensação, como também a abolição da consciência. - Deve haver uma seleção criteriosa do paciente e do procedimento a ser realizado, para realização da anestesia geral em nível ambulatorial. - Depende do porte da cirurgia e das condições clínicas do paciente. - Em relação aos pacientes: - Pacientes ASA I e II – classificação de acordo com a sociedade americana de anestesia. - Esses pacientes são candidatos a anestesia geral em nível ambulatorial. - Pacientes em extremos de idade devem ter procedimento realizado em caráter de internação hospitalar. - Em relação ao procedimento: - Procedimentos de pequeno e médio porte. - Procedimentos que não tenha expectativa de sangramento mais vultuoso. - Procedimentos que os pacientes possam deglutir, ingerir alimentos e água e tomar analgésicos por via oral. Anestesia Local - Anestésicos locais: - Agentes farmacológico que bloqueiam a condução nervosa de modo temporário e reversível após a administração regional. Dependendo da concentração podem ainda causar bloqueio sensorial e motor. 20 - Eles são bases fracas que exercem seus efeitos na atividade elétrica do sistema nervoso, por intermédio da inibição da propagação de impulsos nervosos periféricos. - Os anestésicos locais podem ser classificados em AL com ligação éster ou AL com ligação amida. - Os anestésicos tópicos do tipo éster são metabolizados por colinesterases e outras esterases inespecíficas do plasma, enquanto que os anestésicos do tipo amida são metabolizados primariamente no fígado, via enzimas microssomais. Por isso, em geral, o tempo de ação dos anestésicos derivados do éster é menor. - Química dos anestésicos locais: - Todos os anestésicos locais possuem três domínios estruturais: um grupo aromático, um grupo amina e uma ligação éster ou amida unindo esses dois grupos. - A estrutura do grupo aromático influencia a hidrofobicidade do fármaco, a natureza do grupo amina influencia a velocidade de início e a potência do fármaco, e a estrutura do grupo amida ou éster influencia a duração de ação e os efeitos colaterais do fármaco. - Propriedades físico-químicas: - Lipossolubilidade: é o principal determinante da potência anestésica do fármaco. A lipossolubilidade de um AL afeta a facilidade com que ele atravessa as membranas das células nervosas para alcançar o seu alvo, que é o lado citoplasmático do canal de sódio regulado por voltagem. As moléculas fracamente lipossolúveis distribuem-se muito precariamente na membrana. À medida que a lipossolubilidade de uma série de fármacos aumenta, a permeabilidade da membrana celular a esses fármacos também aumenta. Entretanto, quando a lipossolubilidade é muito grande, as moléculas distribuem-se fortemente na membrana celular, onde ficam retidas, se dissociando muito lentamente. Um anestésico local efetivo deve distribuir-se e difundir-se na membrana e, por fim, dissociar-se dela; as substâncias que têm mais tendência a sofrer esses processos possuem lipossolubidade moderada. A mepivacaína e a prilocaína são as aminoamidas menos lipossolúveis e por isso menos potentes, enquanto a etidocaína, mais lipofílica, é o mais potente AL. A procaína é o aminoéster menos lipossolúvel e também o mais fraco, enquanto a tetracaína é o mais lipossolúvel e mais potente. OBS: O sítio de ligação dos AL no canal de sódio também contém resíduos hidrofóbicos. Por conseguinte, os fármacos mais hidrofóbicos ligam-se mais firmemente ao sítio alvo, aumentando a potência do fármaco. OBS. A potência do fármaco também está relacionada às propriedades vasodilatadoras do anestésico ou à redistribuição tecidual. - Ionização: a forma eletricamente não carregada de um anestésico é a responsável pela difusão do mesmo através das bainhas nervosas e da membrana neuronal. O início do bloqueio é determinado pelo pKa de cada anestésico, individualmente. Entende-se por pKa o valor de pH no qual as formas ionizadas e não-ionizadas estão presentes em quantidades iguais. Anestésicos com maior pKa, como a procaína e a tetracaína, possuem tempo de latência mais longo, enquanto anestésicos com menor pKa, como a lidocaína, a mepivacaína, a prilocaína e a etidocaína apresentam início de ação mais rápido. - Afinidade proteica: AL que possuem maior afinidade proteica se ligam mais fortemente aos receptores proteicos do canal de sódio, apresentando bloqueio de condução de maior duração. - Concentração: podem produzir maior ou menor bloqueio de fibras sensitivas ou motoras, dependendo da concentração. - Caraterísticas ideias dos anestésicos locais: - Irritação mínima - Bloqueio reversível - Boa difusibilidade - Baixa toxicidade sistêmica - Eficácia - Início rápido de ação - Duração de ação adequada - Quantidade de anestésico infiltrada: - Atenção aos níveis tóxicos; - Crianças – doses de 7 a 10mg/kg em soluções de lidocaína sem e com adrenalina. - Adultos – não ultrapassar a dose de 500mg de lidocaína e se possível com adrenalina - Dose de bupivacaína de 2mg/kg - Apresentação da lidocaína para uso parenteral - Solução de 1 a 2% com ou sem adrenalina - 1g em 100 ml - Adulto – máximo de 50ml de lidocaína a 1% - Uso de vasoconstritores: diminui a absorção dos anestésicos locais, aumentando o tempo de ação dos anestésicos; aumenta a profundidade e duração da anestesia; em face e couro cabeludo – locais que sangram muito – diminui o sangramento; usada na diluição de 1:200.000. 21 - Técnica regional utilizada: - De acordo com a quantidade de anestésico utilizada; - Infiltração local e raquianestesia tem uma menor duração se comparadas com o bloqueio do plexo braquial e peridural pela maior quantidade de anestésico depositada no local. - Condições clínicas do paciente: - Insuficiência hepática – maior duração do anestésico local; - Hipotensão e choque – não tem perfusão – duração anestésica maior; - Uso de bicarbonato: - Aumenta o pH da solução anestésica; - Maior fração em forma não iônica – menor latência. - Toxicidade: - Sistêmica - Podem atingir outras membranas excitáveis – coração e sistema nervoso central; - Toxicidade dependendo da concentração e da velocidade com que se elevam os níveis séricos;- Toxicidade depende da potência – bupivacaína é quatro vezes mais tóxica que a lidocaína no SNC e 70x no SCV. - Sinais clínicos das intoxicações: zumbido, formigamento de lábios e língua, distúrbios visuais, abalos musculares, convulsões, depressão respiratória, parada cardiovascular. - Tratamento da intoxicação: - Medidas de suporte - Oxigenação, ventilação, correção da acidose - Não há antídoto específico - Drogas mais utilizadas: - Lidocaína: foi a primeira droga aminoamida a ser introduzida na prática clínica e continua sendo a mais versátil e mais frequentemente usada, em consequência de sua potência, início rápido de anestesia, duração moderada da ação e atividade anestésica tópica. Há soluções desse anestésico para infiltração, bloqueios de nervos periféricos e anestesia epidural. É usada como pomada, geleia, gel e aerossóis em vários procedimentos para anestesia tópica. - Bupivacaína: foi o primeiro anestésico local que combinou as propriedades de início de ação aceitável, duração longa, bloqueio intenso de condução e separação significativa entre anestesia sensitiva e bloqueio motor. A duração média de anestesia cirúrgica com bupivacaína varia de três a dez horas. Sua ação dura mais tempo nos bloqueios de nervos periféricos, como no do plexo braquial. Apresentação de 0,5%. - Prilocaína: esse agente provoca menos vasodilatação que a lidocaína e, por isso, pode ser usada sem adrenalina. Ela é a menos toxica dos anestésicos locais do grupo das aminoamidas. Em misturas com lidocaína, em creme, propicia a anestesia tópica para punção venosa e procedimentos superficiais. Duração de cerca de 1 hora. - Tipos de anestesia local: - Anestesia tópica - Procedimentos em mucosas. - Colocação do anestésico diretamente na superfície mucosa a ser anestesia. - Spray, cremes ou pomadas, embebidos em algodão - Utilização - Lidocaína spray – alta absorção pelas mucosas – monitorização do paciente. - Utilizada em procedimentos otorrinolaringológicos, passagem de sonda vesical, sonda nasoentérica, anestesia para biópsias em cavidade oral e mucosa anal ou genital, precedendo algumas vezes a própria anestesia total. - Anestesia por infiltração: - A aplicação extravascular de anestésico na pele e tela subcutânea promove a difusão do mesmo em direção às terminações nervosas, bloqueando o impulso nervoso aferente. - Associação com vasoconstritor: não pode ser feito em regiões anatômicas dotadas de circulação arterial terminal, como dedos, orelhas, nariz e genitais em razão do alto risco de necrose isquêmica. - Realização do botão anestésico no local, com cerca de 0,5 ml de anestésico. - Agulha de 25x7 - É realizada na drenagem de abscessos, em biópsias de pele, na exérese de pequenas lesões de pele e nevus e em pequenas suturas, por exemplo. - Anestesia por bloqueio de campo: - Anestesia delimitada a área de ressecção - Realização de dois botões anestésicos - Não deforma o local que irá ser operado por meio de uma infiltração local - Bloqueios regionais: 22 - Objetivo de bloquear o nervo responsável pela inervação do local a ser operado. - Deposição do anestésico junto ao nervo ou ao tronco nervoso. - Ex. Bloqueio de plexo braquial, bloqueio de nervos periféricos do membro superior – cotovelo e punho, bloqueio de dedos, bloqueio de nervos periféricos de membro inferior – pé, bloqueio de face – nervos supra-orbitário, supratroclear, infra-orbitário, nasociliar, mentoniano, plexo cervical, pavilhão auricular, bloqueio de pênis. - Bloqueio do plexo braquial: - Inervação somática do membro superior. - Originários de C5 a T1, com contribuições frequentes de C4 e T2. - Três troncos nervosos - Tronco superior – raiz de C5 e C6 - Tronco médio – raiz de C7 - Tronco inferior – raízes de C8 a T1. - As raízes e os troncos do plexo braquial ficam contidos entre os músculos escalenos anterior e médio, e são revestidos pela fáscia que envolve esses músculos, ou seja, a fáscia escalênica. - A fáscia escalênica é invaginada pelo feixe neurovascular quando passa sobre o primeiro arco costal e atrás da clavícula, formando o espaço perivascular axilar como um prolongamento lateral do espaço perivascular subclávio. - Na parte distal da axila, o plexo também encontra-se entre dois músculos, o coracobraquial e a cabeça longa do músculo tríceps. - O bloqueio então se dá por três técnicas: técnica interescalênica, técnica axilar e técnica perivascular subclávia. - Bloqueio dos nervos do MMSS – nervo ulnar, mediano, radial - Bloqueio dos nervos cotovelo - Bloqueio ao nível da mão - Bloqueio dos dedos: os nervos terminais (quatro – dois centrais e dois dorsais – medial e lateral) podem ser bloqueados por injeções em ambos os lados da base de cada dedo. - É importante anestesiar o periósteo também. OBS. Não utilizar anestésico vasoconstritor (órgão terminal) – risco de necrose - Bloqueios de face: - Inervação sensitiva da face dada pelo trigêmeo – oftálmico, maxilar e mandibular - Bloqueio do pênis: - Infiltração circular em sua base - Não utilizar vasoconstritor - Pode-se anestesiar por infiltração do corpo cavernoso - Bloqueio de Bier: - Injeção de AL no sistema venoso distal a um torniquete insuflado produz anestesia por difusão direta do anestésico dos vasos para o nervo próximo. - Raquianestesia: - Anestésico é colocado diretamente no espaço subaracnóide. - Complicações – meningite química, lesão vascular - Peridural: - Anestésico é administrado no espaço extradural sacral ou lombar, havendo difusão através da dura-máter. - É uma via de início lento (15 a 30 min) e exige grandes doses de AL, o que pode levar a concentrações plasmáticas elevadas. - Complicações: punção de meninges acidentais. Na prática de um generalista... - Anestesia tópica - Infiltração - Bloqueio de campo - Alguns bloqueios regionais como mão, dedos e face - Toxicidade e dose e risco dos anestésicos locais