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Fenômenos de Transporte 6 102130 Unidade 1 – Introdução aos fenômenos de transporte Prof.a Dr.a Janaina Fernandes Gomes 1 Programação – Fenômenos de Transporte 6 (Turma B) – 2º semestre 2019 2 Conteúdo 29-out Prova 2 Apresentação da disciplina 1. Introdução aos fenômenos de transporte 9. Transferência de Massa 1.1. O que é para que estudar Fenômenos de Transporte 9.1. Coeficientes e mecanismos da difusão 1.2. Sistemas de unidades 9.2. Concentrações, velocidades e fluxos 1.3. Definições e conceitos 9.3. Equações da continuidade em transferência de massa 9.4. Difusão em regime permanente sem reação química 2. Noções de Estática dos Fluidos 10. Conservação da quantidade de movimento 2.1. Introdução à Fluidoestática 10.1. Balanço diferencial de quantidade de movimento 2.2. Pressão 10.2. Equação de Cauchy 2.3. Hidrostática 10.3. Equação de Navier-Stokes 2.4. Manometria 10.4. Condições de contorno 2.5. Empuxo 10.5. Aplicações 2.6. Forças sobre superfícies planas submersas 11. Transferência de calor 3. Cinemática dos Fluidos 11.1. Transferência de calor por condução 3.1. Introdução à cinemática dos fluidos 11.1.1. A equação da taxa da condução 3.2. Escoamento: conceituação e descrição (campos de velocidade - laminar e turbulento - regime permanente e não-permanente) 11.1.2. Propriedades térmicas da matéria 3.3. Método de Lagrange e Método de Euler 11.1.3. Equação da Difusão térmica 3.4. Representação dos escoamentos 11.1.4. Condições de contorno e inicial 11.1.5. Condução unidimensional em regime estacionário 4. Balanço Global de Massa 11.1.6. Parede plana 4.1. Conservação de massa: conceituação e dedução (eq. da continuidade) 4.2. Aplicações da conservação da massa 11.2. Transferência de calor por convecção 11.2.1. Equação de Newton 24-set Prova 1 11.2.2. Similaridade e números adimensionais 11.2.3. Convecção forçada 5. Balanço Global de Quantidade de Movimento 11.2.3. Convecção natural 5.1. Conceituação 5.2. Equação do momento linear 11.3. Transferência de calor por radiação 11.3.1. Radiação térmica 6. Escoamentos Externos 11.3.2. Lei de Stefan-Boltzman 6.1. Camada limite 11.3.3. Irradiação 6.2. Arrasto 11.3.4. Fluxo térmico 6.3. Sustentação 11.3.5. Emissão de superfícies reais 11.3.6. Lei de Kirchoff 7. Balanço Global de Energia 11.3.7. Superície cinza 7.1. A equação da energia mecânica 11.3.8. Troca de radiação entre superfícies 7.2. A equação de Bernoulli 11.3.9. Fator de forma 7.3. Aplicações da conservação da energia a bombas e turbinas 11.3.10. Troca de radiação entre corpos negros 11.3.11. Troca de radiação entre superfícies cinzas 8. Escoamentos Internos 8.1. Caracterização 03-dez Prova 3 8.2. Escoamento laminar em tubos 8.3. Escoamento turbulento em tubos 8.4. Perdas Menores 26-nov 05-nov 12-nov 19-nov 15-out 22-out 17-set 01-out 08-out 27-ago 10-set 03-set Sumário 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? 2. Sistema de unidades 3. Definições e conceitos 4. Técnica de resolução de problema 3 Sumário 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? 2. Sistema de unidades 3. Definições e conceitos 4. Metodologia prática de abordagem de problemas 4 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? Segundo o dicionário Michaelis: Fenômeno é tudo aquilo que pode ser observado na natureza. É um fato ou um evento que pode ser objeto da ciência, que pode ser descrito e explicado do ponto de vista científico. Transporte é o ato ou o efeito de transportar; transportação. Fenômenos de transporte são, portanto, eventos que envolvem transporte (de movimento, de energia, de massa). 5 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? A disciplina parte do princípio que tudo no universo se move... Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático, 540 a.C. – 470 a.C. 6 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? A disciplina trata de questões como: O que se move? Pra onde se move? Como se move? 7 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? O que se move? A energia e a matéria 8 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? Pra onde se move? Elas se movem quando são transportadas de um corpo para outro, de um espaço para outro, de um ponto para outro, desde que haja diferença de grandeza entre dois pontos. Diferença de pressão: transporte de quantidade de movimento Diferença de temperatura: transporte de calor Diferença de concentração: transporte de massas 9 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? Como se move? Como são transportadas depende do mecanismo de transporte. Como exemplo de mecanismo de transporte do calor, temos a condução, a convecção e a radiação. 10 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? Em geral, os fenômenos de transporte de movimento, calor e massa ocorrem simultaneamente em problemas industriais, biológicos, agrícolas e meteorológicos. A ocorrência de qualquer um dos processos de transporte isoladamente é uma exceção em vez de uma regra. 11 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? • Engenharia Sanitária e Engenharia Ambiental • Poluição ambiental: estudo da difusão de poluentes no ar, na água e no solo APLICAÇÕES DOS FENÔMENOS DE TRANSPORTE 12 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? • Engenharia Civil e Arquitetura • Base de estudo de hidráulica e hidrologia • Isolamento térmico APLICAÇÕES DOS FENÔMENOS DE TRANSPORTE 13 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? • Engenharia de Materiais • Projetos relacionados com o aproveitamento ou a economia de energia, o conforto ambiental, o saneamento ambiental, a ecologia, etc. • Estudo da estrutura, propriedades, aplicações, processamento e desempenho de materiais novos. APLICAÇÕES DOS FENÔMENOS DE TRANSPORTE 14 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? • Engenharia de Produção • Otimização de processos produtivos e de transporte de fluidos • Estudos de ciclo de vida de produtos APLICAÇÕES DOS FENÔMENOS DE TRANSPORTE 15 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? • Engenharia Química • Base das operações unitárias (uma das bases da Engenharia Química) APLICAÇÕES DOS FENÔMENOS DE TRANSPORTE 16 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? • Engenharia Mecânica • Processos de usinagem, tratamento térmico, cálculo de máquinas hidráulicas • Aerodinâmica (Engenharia Aeronáutica) APLICAÇÕES DOS FENÔMENOS DE TRANSPORTE 17 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? • Engenharia Elétrica e Eletrônica • Cálculos de dissipação de potência (em máquinas produtoras ou transformadoras de energia elétrica) • Otimização de gasto de energia em computadores e dispositivos de comunicação APLICAÇÕES DOS FENÔMENOS DE TRANSPORTE 18 Sumário 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? 2. Sistema de unidades 3. Definições e conceitos 4. Metodologia prática de abordagem de problemas 19 2. Sistemas de unidades NASA: Mars Climate Orbiter • Monitorar o clima na superfície de Marte. • 1999 – sonda espacial desapareceu • US$125 milhões • A nave espacial deveria efetuar sua inserção na órbita de Marte a uma altitude de 140 a 150 km da superfície. Porém, devido a um erro de cálculo, a manobra de inserção orbital foi feita a uma altitude de 57 km. 1 m = 3,28084 ft 20 2. Sistemas de unidadesVoo Air Canada 143 (1983) • Sem combustível a 41 mil pés de altitude (12500 m) • Quantidade de combustível mal calculada, deveria ter sido abastecido com 22300 kg de combustível, mas recebeu apenas 22300 libras (menos da metade). 1 kg = 2,20462 lb 21 2. Sistemas de unidades ⚫ Uma quantidade física pode ser caracterizada por dimensões ⚫ Uma dimensão é uma propriedade que pode ser medida, como: − Comprimento, massa, tempo, temperatura ⚫ Ou calculada, pela multiplicação ou divisão de outras dimensões − velocidade (comprimento/tempo) − volume (comprimento x comprimento x comprimento) ⚫ Unidades são os nomes (e a magnitude) arbitrários dados as dimensões primárias adotadas como padrões de medidas 22 2. Sistemas de unidades dimensões primárias comprimento massa tempo temperatura corrente elétrica quantidade de luz quantidade de matéria 23 Quantidade Unidades SI Unidades Inglesas Comprimento metro (m) pé (ft) Massa m quilograma (kg) libra massa (lbm) Tempo t segundo (s) segundo (s) Corrente elétrica ampère A ampère (A) Temperatura T kelvin (K) rankine (oR) Quantidade de Matéria mol mol Intensidade luminosa candela (cd) candela (cd) Dimensões primárias e suas unidades 1 ft = 0,3048 m Relação entre as unidades 1 lbm = 0,45359 kg 2. Sistemas de unidades 24 2. Sistemas de unidades Um sistema de unidades se compõe de: a) Unidades Básicas: que são as unidades para as dimensões primárias Por exemplo: metro b) Unidades Múltiplas: múltiplos ou frações das unidades básicas c) Unidades Derivadas - Compostas: obtidas pela multiplicação ou divisão das unidades básicas ou múltiplos: cm.cm; ft/min; kg.m/s² - Equivalentes a unidades compostas: erg=1g.cm²/s² ou l lbf = 32,174 lbm.ft/s² Múltiplo Prefixo 103 kilo, k 10-2 centi, c 10-3 mili, m 10-6 micro, µ 10-9 nano, n 10-12 pico, p Por exemplo: para a unidade básica metro, temos como unidades múltiplas: quilômetro, centímetro 25 Unidades derivadas Sistema internacional (SI) Dimensão Unidade Velocidade m.s-1 Aceleração m.s-2 Força kg.m.s-2 Energia N.m Alguns exemplos: 1N = 1 kg.m.s-2 ✓ Força – newton (N) ✓ Energia – joule (J) 1J = 1 N.m Sistema Inglês 1 Btu = 1,0551 kJ energia necessária para aumentar a temperatura de 1 lbm de água a 68oF por 1oF 2. Sistemas de unidades ✓ Energia – British thermal unit (Btu) Fósforo queimado: 1 Btu (ou 1 kJ) de energia 26 No SISTEMA INGLÊS a força é considerada uma das dimensões primárias e é designada por uma unidade não derivada Pela 2º Lei de Newton: força é igual a massa vezes a aceleração F m a= Sistema internacional a unidade de força é o newton (N) 1N = 1 kg.m/s2 Sistema inglês a unidade de força é a libra-força (lbf) 1lbf = 32,174 lbm.ft.s-2 2. Sistemas de unidades 27 1 kg a = 1 m/s2F = 1 N 32,174 lbm a = 1 ft/s2F = 1 lbf 1 libra-força (lbf) é definida como a força necessária para acelerar uma massa de 32,174 lbm (1 slug) a uma taxa de 1 ft/s2 1 newton é definido como a força necessária para acelerar uma massa de 1 kg a uma taxa de 1 m/s2 2. Sistemas de unidades 28 1 kgf = 9,807 N 2. Sistemas de unidades Outra unidade de força muito utilizada é o quilograma-força (kgf) que é o peso de uma massa de um 1 kg ao nível do mar 29 Homogeneidade dimensional ✓ Toda equação válida é dimensionalmente homogênea. Portanto, só é possível igualar e somar quantidades se estas apresentarem as mesmas dimensões e unidades ✓ Mas a recíproca nem sempre é verdadeira, isto é, uma equação pode ser dimensionalmente homogênea e não ser válida Exemplo: 2M ≠ M 2. Sistemas de unidades Exemplo: 𝑉 = 𝑉0 + 𝑎. 𝑡 𝑉 𝑘𝑚 ℎ = 𝑉0 𝑘𝑚 ℎ + 𝑎 𝑘𝑚 ℎ2 . 𝑡(ℎ) 30 2. Sistemas de unidades Exemplo 1 Considere a equação: D(ft) = 3 t(s) + 4 se a equação é válida, quais são as unidades das constantes 3 e 4? 31 2. Sistemas de unidades Exemplo 2 Uma quantidade k depende da temperatura T da seguinte maneira: k(mol/cm³.s) = 1,2 x 105 exp (-20000/1,987 T) A unidade de 20000 é cal/mol e de T é K (Kelvin). Quais são as unidades de 1,2 x 105 e 1,987? 32 Quantidades Adimensionais Uma quantidade adimensional pode ser um número puro ( 1, 2 e π, etc. ) ou uma reunião de variáveis que resulta numa grandeza sem dimensão Exemplos: xi = mi(kg) m(kg) Fração molar yi = ni(gmol) n(gmol) Fração mássica Número de Reynolds Re = ρ g cm3 . u cm s D(cm) μ[ g cm. s ] 2. Sistemas de unidades Razões de conversão de unidades N kg.m/s2 = 1 lbf 32,174 lbm. ft/s2 = 1 1 min 60 s = 1 0,3048 m 1 ft = 1 33 2. Sistemas de unidades ⚫ Para converter uma quantidade expressa em termos de uma unidade para seu equivalente em termos de outra, multiplica-se a dada quantidade por uma razão de conversão (nova unidade/velha unidade). ⚫ Para converter unidades compostas o procedimento é o mesmo. Exemplo 3: Converter 36 in no seu equivalente em ft. Dado: 1 ft = 12 in. 34 2. Sistemas de unidades Exemplo 4: Converter a aceleração de 1 in/s² em milhas/ano². Dados: 1 h = 3600 s 1 dia = 24 h 1 ano = 365 dias 1 ft = 12 in 1 milha = 5280 ft 35 2. Sistemas de unidades Exemplo 5 A água tem densidade 62,4 lbm/ft³. Quanto pesam 2 ft³ de água: a) Ao nível do mar, latitude 45°? (g = 32, 174 ft/s²) b) No pico de uma montanha onde a aceleração de gravidade é de 32,139 ft/s²? 36 Sumário 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? 2. Sistema de unidades 3. Definições e conceitos 4. Metodologia prática de abordagem de problemas 37 3. Definições e conceitos Mecânica Mecânica dos fluidos Estática Dinâmica Ciência física que trata de corpos tanto estacionários quanto em movimento sob a influência de forças Ramo que trata dos fluidos em repouso Ramo que trata dos fluidos em movimento Ciência que trata do comportamento dos fluidos em repouso ou em movimento e da interação entre fluidos e sólidos ou entre fluidos e outros fluidos 38 3. Definições e conceitos ESTADOS DA MATÉRIA Toda matéria encontra-se em estado sólido ou fluido (líquido ou gasoso). A distinção entre os dois estados está na reação à aplicação de uma tensão. SÓLIDO: Resiste a uma tensão por uma deformação elástica ou pode quebrar completamente. FLUIDO: Qualquer tensão aplicada resultará em movimento do fluido. O fluido escoa e deforma-se continuamente enquanto a tensão estiver sendo aplicada. 39 40 ✓ Forças de campo: são aquelas que atuam sem contato físico (resultante de campos externos), como forças eletromagnéticas e gravitacional. São proporcionais à massa do sistema; ✓ Forças de contato (ou superfície): são tensões normais e tangenciais (cisalhamento) que são aplicadas sobre um elemento de fluido. Forças que atuam sobre um fluido 3. Definições e conceitos A tensão é definida como força por unidade de área Tensão normal (Fluido em repouso é denominado de pressão) Tensão tangencial ou de cisalhamento 𝜎 = 𝐹𝑛 𝐴 𝜏 = 𝐹𝑡 𝐴 A força que age em uma área A pode ser decomposta em uma componente normal Fn e uma componente tangencial Ft Forças de contato 3. Definições e conceitos 1 Pascal (Pa) = 1 N/m² 41 3. Definições e conceitos Classificação dos escoamentos de fluidos • Escoamento interno: ocorre em um espaço confinado • Escoamento externo: ocorre sobre uma superfície Escoamento de fluido no interior de tubos Escoamento de fluido sobre a superfície de uma esfera ou de um carro 42 3. Definições e conceitos Classificação dos escoamentosde fluidos • Escoamento compressível: densidade do fluido varia (gases e vapor) • Escoamento incompressível: densidade do fluido não varia (líquidos) Densidade, densidade absoluta ou massa específica (kg/m³; g/cm³) Exemplo: Uma pressão de 210 atm sobre água líquida causa mudança da densidade da água a 1 atm de somente 1% Por outro lado, uma mudança de pressão de 0,01 atm causa uma mudança de 1% na densidade do ar atmosférico 43 3. Definições e conceitos Classificação dos escoamentos de fluidos • Escoamento laminar: movimento altamente ordenado, caracterizado por camadas suaves de fluido (ex.: óleo) • Escoamento turbulento: movimento altamente desordenado, que ocorre em altas velocidades (ex.: ar) Osborne Reynolds, físico britânico, 1842 —1912 44 3. Definições e conceitos Classificação dos escoamentos de fluidos ESCOAMENTO FORÇADOESCOAMENTO NATURAL 45 3. Definições e conceitos Classificação dos escoamentos de fluidos • Escoamento estacionário: não há mudança de propriedades, velocidade, temperatura, etc, ao longo do tempo. • Escoamento não estacionário: há mudança de propriedades, velocidade, temperatura, etc, ao longo do tempo. • Escoamento uniforme: não há mudança de propriedades, velocidade, temperatura, etc, com a localização em uma região específica T1 T2 T1 T2 T1 ESTACIONÁRIO NÃO ESTACIONÁRIO UNIFORME 46 3. Definições e conceitos Classificação dos escoamentos de fluidos Escoamentos uni, bi e tridimensionais x y z Um escoamento é melhor caracterizado pela sua distribuição de velocidade. Assim, o escoamento é uni, bi ou tridimensional se a sua velocidade varia em uma, duas ou três dimensões. 47 3. Definições e conceitos Sistema e volume de controle SISTEMA FRONTEIRA VIZINHANÇA Um sistema é definido como uma quantidade de matéria ou uma região do espaço escolhida para estudo. A massa ou região fora do sistema é denominada vizinhança. A superfície real ou imaginária que separa o sistema de sua vizinhança é chamada de fronteira. Sistema aberto ou volume de controle: massa e energia podem cruzar a fronteira 48 Fluido como um contínuo 49 ✓ Um fluido é composto de moléculas que podem estar bem espaçadas especialmente na fase gasosa ✓ Entretanto, é conveniente desconsiderar a natureza atômica da substância e vê-la como uma matéria continua e homogênea 3. Definições e conceitos Meio contínuo 50 Tal hipótese é válida desde que o comprimento característico do sistema seja maior que o livre percurso médio das moléculas Diâmetro da molécula de oxigênio: 3 x 10-10 m 6,3 x 10 -8 m ( livre percurso médio a 20 oC e 1 atm) 3𝑥106 𝑚𝑜𝑙é𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑛𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 1 𝑚𝑚3 𝑠𝑜𝑏 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 1 𝑎𝑡𝑚 𝑎 20𝑜𝐶 ✓ As propriedades variam continuamente no espaço ✓ Desconsidera a natureza atômica da matéria ✓ Não há vazios no interior fluido 3. Definições e conceitos ✓ Um meio contínuo é um corpo que pode ser subdividido continuamente em elementos infinitesimais mantendo as mesmas propriedades do material macroscópico ✓ Alguns fenômenos físicos podem ser descritos assumindo que o material seja um meio contínuo, como se toda a matéria fosse distribuída continuamente em todo espaço da região ocupada Abordagem discreta Abordagem Contínuaρd =md / Vd = mc / Vc =ρc Meio contínuo 3. Definições e conceitos 51 52 Densidade, densidade absoluta ou massa específica (ρ) ➢ É definida como a massa (m) por unidade de volume (V) ρ = m V (kg/m3) 3. Definições e conceitos 53 𝑣 = 𝑉 𝑚 = 1 𝜌 (𝑚3/𝑘𝑔) Volume específico (𝑣) 3. Definições e conceitos ➢ É o inverso da densidade 54 GEHg = 13.580 1000 kg/m3 kg/m3 ͌ 13,6 A massa de mercúrio é 13,6 vezes a da água para o mesmo volume GE = ρ ρH2O (adimensional) Gravidade específica (GE) ou densidade relativa 3. Definições e conceitos ➢ É definida como a razão entre a densidade de uma substância e a densidade de uma substância padrão a uma temperatura específica (p.ex. água a 4 C, = 1000 kg/m3) Exemplo 6: A densidade da gasolina é ρ = 0,66 g/cm3. Um tanque com capacidade para 10.000 litros (10 metros cúbicos) acomodaria que massa de gasolina? Dados: 1 litro = 1 dm3 1 dm = 10 cm 3. Definições e conceitos 55 Peso específico (𝛾) 3. Definições e conceitos ➢ É definido como o peso de uma substância contida em uma unidade de volume 𝛾 = 𝑚.𝑔 𝑉 (𝑁/𝑚3) ➢ Está relacionado com a densidade (ρ) através da seguinte relação: 𝛾 = 𝜌𝑔 (𝑁/𝑚3) 56 57 H2O (l) H2O (v) Pv Psat A pressão de vapor Pv é uma propriedade da substância pura e é idêntica a pressão de saturação (Psat) do líquido ✓ Pressão de saturação: Pressão sob a qual uma substância pura muda de fase, a uma determinada temperatura ✓ Temperatura de saturação: Temperatura em que uma substância pura muda de fase sob uma dada pressão Pressão de vapor 3. Definições e conceitos ➢ A Pressão de Vapor (Pv) de uma substância pura é definida como a pressão exercida por seu vapor em equilíbrio de fase com seu líquido numa dada temperatura 58 ➢ Em escoamentos de líquidos, há possibilidade da pressão do líquido cair abaixo da pressão de vapor em alguns locais, resultando na formação de bolhas. ➢ As bolhas entram em colapso à medida que se afastam das regiões de baixa pressão. Esse fenômeno é denominado de CAVITAÇÃO. Cavitação 3. Definições e conceitos Geração de ondas de choque destrutivas com pressões altas 59 Exemplo: a água a 10 oC transforma-se em vapor e forma bolhas de cavitação em superfícies de hélices e bombas de sucção quando a pressão cai abaixo de 1,23 kPa Cavitação 3. Definições e conceitos Temperatura, C Pressão de saturação, kPa 0 0,611 10 1,23 20 2,34 100 101,3 (1 atm) Pressão de saturação (ou de vapor) da água a várias temperaturas 60 ➢ Resistência interna do líquido ao movimento ou à “fluidez” A viscosidade resulta da força de atrito interno desenvolvida entre as diferentes camadas de fluidos, à medida que são forçadas a se mover uma em relação às outras Viscosidade 3. Definições e conceitos Comportamento de um fluido em escoamento laminar e estacionário entre duas placas paralelas quando a placa superior move-se com velocidade constante Relação para a viscosidade: experimento entre placas paralelas 1) Aplica-se uma força F constante na placa superior; 2) A placa inferior é mantida fixa; 3) As placas estão separadas por uma distância l; 4) A velocidade do fluido entre as placas varia linearmente entre 0 e V. Viscosidade 3. Definições e conceitos 61 𝑢 𝑦 = 𝑦 𝑙 𝑉 ✓ Perfil de velocidade ✓ Gradiente de velocidade 𝑑𝑢 𝑑𝑦 = 𝑉 𝑙 y = é a distância vertical da placa inferior Viscosidade 3. Definições e conceitos 62 63 À distância infinitesimal dA está associado um deslocamento angular infinitesimal dβ No intervalo de tempo dt, a placa superior move-se por uma distância infinitesimal (da) 𝑑𝑎 = 𝑉𝑑𝑡 Viscosidade 3. Definições e conceitos 64 O deslocamento angular ou deformação (ou cisalhamento) é expresso como: 𝑑𝛽 tan 𝑑𝛽 = 𝑑𝑎 𝑙 = 𝑉𝑑𝑡 𝑙 Gradiente de velocidade: 𝑑𝑢 𝑑𝑦 = 𝑉 𝑙 = 𝑑𝑢 𝑑𝑦 𝑑𝑡 No intervalo de tempo dt, a placa superior move-se por uma distância infinitesimal (da) 𝑑𝑎 = 𝑉𝑑𝑡 Viscosidade 3. Definições e conceitos 𝑑𝛽 = 𝑑𝑢 𝑑𝑦 𝑑𝑡 𝑑𝛽 𝑑𝑡 = 𝑑𝑢 𝑑𝑦 A taxa de deformação sob a influência da tensão de cisalhamento torna-se: Conclui-se que a taxa de deformação de um elemento fluido é equivalente ao gradiente de velocidade du/dyViscosidade 3. Definições e conceitos 65 Verifica-se EXPERIMENTALMENTE que para a maioria dos fluidos, a taxa de deformação (e, portanto, o gradiente de velocidade) é diretamente proporcional à tensão de cisalhamento (τ) 𝜏 ∝ 𝑑𝛽 𝑑𝑡 taxa de deformação 𝜏 ∝ 𝑑𝑢 𝑑𝑦 gradiente de velocidade Os fluidos para os quais a taxa de deformação é linearmente proporcional à tensão de cisalhamento são chamados de fluidos newtonianos. Ex.: água, ar, gasolina e óleos Viscosidade 3. Definições e conceitos Isaac Newton, astrônomo, alquimista, filósofo natural, teólogo e cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, 1643 — 1727 66 Para os fluidos newtonianos, a constante de proporcionalidade da equação é a viscosidade dinâmica ou absoluta do fluido, μ. (N/m2)𝜏 = 𝜇 𝑑𝑢 𝑑𝑦 Tensão de cisalhamento 𝜇 = 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑜𝑢 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 𝑘𝑔 𝑚. 𝑠 𝑁. 𝑠 𝑚2 ou uma unidade de viscosidade comum é o poise, que é equivalente a 0,1 Pa.s Viscosidade 3. Definições e conceitos 𝜏 ∝ 𝑑𝑢 𝑑𝑦 gradiente de velocidade Ex.: a viscosidade da água a 20C é igual a 1,002 centipoise 67 O gráfico de tensão de cisalhamento vs. taxa de deformação (gradiente de velocidade) de um fluido newtoniano é uma reta cuja a declividade é a viscosidade do fluido Viscosidade 3. Definições e conceitos 68 Força de cisalhamento: A = área de contato entre a placa e o fluido 𝜏 = 𝜇 𝑑𝑢 𝑑𝑦 Tensão de cisalhamento: 𝐹 = µ𝐴 𝑑𝑢 𝑑𝑦 (N) Gradiente de velocidade 𝑑𝑢 𝑑𝑦 = 𝑉 𝑙 𝐹 = µ𝐴 𝑉 𝑙 Força de cisalhamento que atua sobre uma camada de fluido newtoniano 3. Definições e conceitos 𝜏 = 𝐹 𝐴 Igualando-se , tem-se: 69 𝐹 = µ𝐴 𝑉 𝑙 Força necessária para mover a placa superior com velocidade constante V enquanto a placa inferior permanece estacionária Força de cisalhamento que atua sobre uma camada de fluido newtoniano 3. Definições e conceitos 70 71 ✓ A inclinação da curva no gráfico de vs. du/dy é denominada viscosidade aparente do fluido, μa ✓ Para fluidos não newtonianos, a relação entre a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação é não linear Fluidos não newtonianos 3. Definições e conceitos 72 Tornam-se menos viscosos à medida que a tensão de cisalhamento aumenta Ex.: tintas e soluções de polímeros Fluidos não newtonianos: fluidos pseudo-plásticos 3. Definições e conceitos 73 Ex.: água com amido ou areia movediça Fluidos não newtonianos: fluidos dilatantes 3. Definições e conceitos Tornam-se mais viscosos à medida que a tensão de cisalhamento aumenta 74 Resistem a baixas tensões de cisalhamento e, assim, comportam-se inicialmente como sólido, mas deformam continuamente quando a tensão de cisalhamento excede um limite de carga, passando a comportar-se como fluidos Ex.: Pasta de dente Fluidos não newtonianos: plásticos de Bingham 3. Definições e conceitos 75 Dividindo-se a viscosidade dinâmica, 𝜇, pela densidade do fluido, 𝜌, tem-se a viscosidade cinemática: 𝑣 = 𝜇 𝜌 Duas unidades comuns da viscosidade cinemática são: m2/s e stoke 1 stoke = 1 𝑐𝑚2 𝑠 = 0,0001 𝑚2/𝑠 Viscosidade cinemática 3. Definições e conceitos 76 ✓ Para gases, a variação de viscosidade dinâmica (𝜇) em pressões baixas e moderadas pode ser desprezada ✓ No entanto, para gases, a variação da viscosidade cinemática () com a pressão NÃO pode ser desprezada, uma vez que a densidade 𝜌 é proporcional à pressão 𝑣 = 𝜇 𝜌 Viscosidade cinemática 𝜌 = 𝑚 𝑉 Densidade ✓ Para líquidos, tanto a viscosidade dinâmica como a cinemática são praticamente independentes da pressão, então qualquer variação pequena da pressão é normalmente desprezada Variação da viscosidade com a pressão 3. Definições e conceitos 77 Viscosidade (cp) Água Ar 20°C 1,0019 0,01813 60°C 0,4665 0,01999 100°C 0,2821 0,02173 Variação da viscosidade com a temperatura 3. Definições e conceitos LÍQUIDOS: A viscosidade é causada pelas forças coesivas entre as moléculas dos líquidos • Decresce com a temperatura • As moléculas possuem mais energia a temperaturas mais altas e, nesse caso, podem opor-se mais intensamente às forças intermoleculares coesivas • As moléculas energizadas do líquido movem-se mais livremente GASES: A viscosidade é causada pelas colisões moleculares • Aumenta com a temperatura • As forças intermoleculares são desprezíveis e as moléculas em temperaturas altas movem-se aleatoriamente a velocidades mais altas • Resulta em mais colisões moleculares por unidade de volume e por unidade de tempo, e portanto, numa maior resistência ao escoamento Sumário 1. O que são os Fenômenos de Transporte e por que estudá-los? 2. Sistema de unidades 3. Definições e conceitos 4. Técnica de resolução de problema 78 4. Técnica de resolução de problema 1 – Definição do problema • Informações- chave dadas • Quantidades a serem determinadas 2 – Diagrama esquemático • Esboço • Listar informações • Propriedades 3 – Hipóteses e aproximações • Informe todas as simplificações • Justifique as hipóteses 4 – Leis físicas • Aplicar todas as leis físicas • Reduzir (hipóteses) 5 – Propriedades • Relações • Tabelas • Indicar a fonte 6 – Cálculos • Substituir valores conhecidos • Unidades! • Precisão 7 – Raciocínio, verificação e discussão • Resultados razoáveis? • Implicações • Clareza/ Organização A maioria das dificuldades encontradas ao resolver um problema não é devida à falta de conhecimento, mas à falta de organização 79 Programação – Fenômenos de Transporte 6 (Turma B) – 2º semestre 2019 80 Conteúdo 29-out Prova 2 Apresentação da disciplina 1. Introdução aos fenômenos de transporte 9. Transferência de Massa 1.1. O que é para que estudar Fenômenos de Transporte 9.1. Coeficientes e mecanismos da difusão 1.2. Sistemas de unidades 9.2. Concentrações, velocidades e fluxos 1.3. Definições e conceitos 9.3. Equações da continuidade em transferência de massa 9.4. Difusão em regime permanente sem reação química 2. Noções de Estática dos Fluidos 10. Conservação da quantidade de movimento 2.1. Introdução à Fluidoestática 10.1. Balanço diferencial de quantidade de movimento 2.2. Pressão 10.2. Equação de Cauchy 2.3. Hidrostática 10.3. Equação de Navier-Stokes 2.4. Manometria 10.4. Condições de contorno 2.5. Empuxo 10.5. Aplicações 2.6. Forças sobre superfícies planas submersas 11. Transferência de calor 3. Cinemática dos Fluidos 11.1. Transferência de calor por condução 3.1. Introdução à cinemática dos fluidos 11.1.1. A equação da taxa da condução 3.2. Escoamento: conceituação e descrição (campos de velocidade - laminar e turbulento - regime permanente e não-permanente) 11.1.2. Propriedades térmicas da matéria 3.3. Método de Lagrange e Método de Euler 11.1.3. Equação da Difusão térmica 3.4. Representação dos escoamentos 11.1.4. Condições de contorno e inicial 11.1.5. Condução unidimensional em regime estacionário 4. Balanço Global de Massa 11.1.6. Parede plana 4.1. Conservação de massa: conceituação e dedução (eq. da continuidade) 4.2. Aplicações da conservação da massa 11.2. Transferência de calor por convecção 11.2.1. Equação de Newton 24-set Prova 1 11.2.2. Similaridade e números adimensionais 11.2.3. Convecção forçada 5. Balanço Global de Quantidade de Movimento 11.2.3. Convecção natural 5.1. Conceituação 5.2. Equação do momento linear 11.3. Transferência de calor por radiação 11.3.1. Radiação térmica 6. Escoamentos Externos 11.3.2. Lei de Stefan-Boltzman6.1. Camada limite 11.3.3. Irradiação 6.2. Arrasto 11.3.4. Fluxo térmico 6.3. Sustentação 11.3.5. Emissão de superfícies reais 11.3.6. Lei de Kirchoff 7. Balanço Global de Energia 11.3.7. Superície cinza 7.1. A equação da energia mecânica 11.3.8. Troca de radiação entre superfícies 7.2. A equação de Bernoulli 11.3.9. Fator de forma 7.3. Aplicações da conservação da energia a bombas e turbinas 11.3.10. Troca de radiação entre corpos negros 11.3.11. Troca de radiação entre superfícies cinzas 8. Escoamentos Internos 8.1. Caracterização 03-dez Prova 3 8.2. Escoamento laminar em tubos 8.3. Escoamento turbulento em tubos 8.4. Perdas Menores 26-nov 05-nov 12-nov 19-nov 15-out 22-out 17-set 01-out 08-out 27-ago 10-set 03-set Bibliografia Kwong, W, H. Fenômenos de Transporte – Mecânica dos Fluidos. Coleção UAB- UFSCar. EdUFSCar, São Carlos-SP, 2010. (Capítulo 1) Çengel, Y. A., Cimbala, J. M. Mecânica dos fluidos. Fundamentos e aplicações. 3ª ed., McGraw-Hill, 2015. (Capítulos 1 e 2) Badino Junior, A. C., Cruz, A. J. G. Balanços de Massa e Energia – Um texto básico para análise de processos químicos. EdUFSCar, 2010. (Capítulo 2) 81
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