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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV - Priscilla Silva de Jesus - Caderno para 1ª Avaliação

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira (T8B)
CONCEITO DE EXECUÇÃO – O conceito de execução está relacionado ao conceito de direitos à uma prestação. Portanto, partindo dessa concepção, a execução nada mais é do que a satisfação de um direito a uma prestação - voluntariamente ou de maneira forçada – através da aplicação de medidas executivas (multa, busca e apreensão, bloqueio de contas, interdição de estabelecimento, desfazimento de obras, etc). 
DIREITO A UMA PRESTAÇÃO - O direito a uma prestação é o direito subjetivo atribuído a alguém de exigir de outrem o cumprimento de uma prestação, que pode ser um fazer, um não fazer, pagar quantia ou entregar coisa distinta de dinheiro. O direito a uma prestação se realiza no mundo dos fatos (plano fático), significando que o direito a uma prestação só será considerado realizado se o serviço for executado, se o bem – móvel ou imóvel – for entregue nas mãos do credor, se a quantia entrar na conta do credor, se o nome do credor deixar de ser inscrito no SPC/CERASA (obrigação de fazer/não fazer). Portanto, o direito a uma prestação só será realizado e se tornará concreto quando houver a prática de uma conduta material no plano dos fatos. 
-Violação do Direito a uma Prestação: Caso ocorra a violação/desrespeito de um direito a uma prestação, surge o que se chama de inadimplemento ou lesão. Desse modo, é a partir do inadimplemento ou lesão que se inicia a contagem de prazos prescricionais. Como no Brasil não se admite – em regra – a autotutela, diante do inadimplemento ou lesão, surge para o credor uma pretensão que terá de ser exercida âmbito de um processo jurisdicional (caso o conflito não seja resolvido consensualmente). Doravante, este processo jurisdicional tem como finalidade o alcance da tutela jurisdicional executiva, tendo como objeto a execução de um direito a uma prestação. 
 A execução, aqui, nada mais é do que a satisfação de um direito a uma prestação voluntariamente ou de maneira forçada através da aplicação de medidas executivas (multa, busca e apreensão, bloqueio de contas, etc.).
EXECUÇÃO COMO DIREITO POTESTATIVO - Pergunta-se em doutrina se o conceito de execução também estaria atrelado ao conceito de direito potestativo. O direito potestativo é o poder jurídico conferido a alguém de submeter outrem à criação, modificação ou extinção de uma situação jurídica. São exemplos de direito potestativo o direito ao divórcio, à anulação de um contrato, à rescisão de uma sentença por ação rescisória e o direito à adoção. 
 Ao contrário do direito a uma prestação, os direitos potestativos são realizados no plano normativo, significando que o direito potestativo será considerado realizado com a simples palavra do juiz, bastando que o juiz diga para que as situações jurídicas sejam criadas, modificadas ou extintas. Portanto, é possível entender que, via de regra, um direito potestativo não necessita de nenhuma ação/provisão no plano material para que o mesmo se efetive, bastando a decisão judicial.
OBS: É possível que, realizado o direito potestativo normativamente, haja a necessidade de prática de atos de mera documentação. Na hipótese de um divórcio, as partes terão que praticar um ato de mera documentação, tendo que averbar a sentença judicial declarando o divórcio no cartório, sob pena de não dar ciência do divórcio aos terceiros, não sendo atendida a publicidade do divórcio. Esses atos de mera documentação não são atos executivos (podem ser considerados atos de mera execução imprópria – segundo parcela doutrina), tendo como objetivo dar conhecimento a terceiros da realização do direito potestativo. 
-Direitos a uma Prestação como Efeito Anexo do Direito Potestativo: É possível que, da realização de um direito potestativo – que ocorreu no plano normativo – surjam, como efeito anexo, direitos a uma prestação passíveis de execução. Um exemplo é no caso de rescisão por meio de decisão judicial do contrato de promessa de compra e venda. O direito à rescisão é um direito potestativo, se realizando no plano normativo. Entretanto, é possível que o vendedor já tenha recebido um preço pelo bem e o comprador já esteja com as chaves do imóvel. Portanto, a efetivação do direito potestativo de rescisão do contrato fazem surgir, como efeito anexo, direitos a uma prestação (direito do comprador de reaver o dinheiro pago e direito do vendedor de receber de volta as chaves). 
 Portanto, o conceito de execução não está ligado ao conceito de direito potestativo. Entretanto, se da efetivação do direito potestativo for gerado como efeito anexo um direito a uma prestação, esses direitos a uma prestação decorrentes da efetivação do direito potestativo serão passíveis de execução. 
EXECUÇÃO VOLUNTÁRIA X EXECUÇÃO FORÇADA - A execução pode ser voluntária ou forçada. 
-Execução Voluntária: A execução é voluntária quando o devedor cumpre a obrigação/prestação voluntariamente, sendo esta obrigação chamada de cumprimento no direito civil. 
-Execução Forçada: A execução forçada ocorre quando o devedor deixa de cumprir voluntariamente a prestação, sendo tal execução realizada mediante a aplicação de medidas executivas. 
TÉCNICAS DA EXECUÇÃO – Atualmente, existem duas técnicas para o processamento da execução, sendo a primeira a técnica da execução-fase e a segunda a técnica da execução em processo autônomo. Atualmente, a técnica preferida de execução é a técnica da execução-fase.
TÉCNICA DE EXECUÇÃO EM PROCESSO AUTÔNOMO - A execução de títulos executivos judiciais em processo autônomo ocorre de forma que a parte, após a obtenção do título executivo no processo de conhecimento, via-se obrigado a propor um novo processo, agora de natureza satisfativa/executiva. Ou seja, para formar a ação de Execução era necessário um processo autônomo, onde a execução era inaugurada com a petição inicial.
 Houve um tempo em que a execução só podia ser feita em processo autônomo. Nessa época, primeiro se realizava um processo autônomo de conhecimento e, após a finalização do processo autônomo de conhecimento, se iniciava um outro processo autônomo de execução. Logo, nessa época, a execução só era realizada nos mesmos autos do processo em que proferida a decisão executada em alguns procedimentos especiais, tais como o Mandado de Segurança e as ações possessórias. 
-Hipóteses da Técnica de Execução em Processo Autônomo: A execução fase é aquela que se desenvolve no bojo de um processo já instaurado. Conforme vimos, essa é a regra no ordenamento jurídico-processual brasileiro. Entretanto, isto não significa que inexista processo autônomo de execução no Brasil, como nos casos de quando o título executivo judicial for sentença arbitral, sentença estrangeira homologada pelo STJ e sentença penal condenatória transitada em julgado. Também será autônoma a execução quando o título executivo for extrajudicial. 
TÉCNICA DE EXECUÇÃO-FASE – A execução-fase, também conhecida como processo sincrético, é a possibilidade de se obter diversos tipos de tutela em um único procedimento (cognição e execução). A ação sincrética, portanto, se torna consubstanciada em um processo com duas fases procedimentais sucessivas: a primeira de conhecimento e a segunda de execução. 
-Desenvolvimento da Técnica de Execução-Fase: Com o passar do tempo, foi inaugurada a generalização da tutela antecipada, passando a ser admitida a concessão de tutela provisória em qualquer processo. Nesse momento, passou a se admitir também que a decisão de tutela provisória fosse executada nos mesmos autos em que proferida. 
 Já na década de 90, em 1994, houve alteração legislativa no CPC e passou-se a admitir que as decisões que certificavam prestação de fazer ou de não fazer fossem executadas no mesmo processo em que foram proferidas. Em 2002, o mesmo ocorreu com as decisões que certificavam obrigação/prestação de entregar coisa distinta de dinheiro, passando as mesmas a serem executadas no mesmo processo em que proferidas. 
 Em 2005, o ciclo se fechou, e esse mesmo regramento passoua ser aplicado às decisões que certificam prestações/obrigações de pagar quantia, sendo o momento do desenvolvimento do processo sincrético – aquele em que podem ser praticados vários tipos de tutela jurisdicional (tutela de conhecimento, executiva e cautelar) e, consequentemente, a preferência da técnica de execução fase.
CLASSIFICAÇÃO DA EXECUÇÃO 
COMUM E ESPECIAL – É a classificação que leva em consideração o procedimento a ser seguido e observado na execução, podendo a execução ser comum ou especial.
-Execução Comum: A execução é comum quando ela serve a uma generalidade de créditos. A execução de obrigação de pagar quantia é um exemplo de execução comum. 
-Execução Especial: Por outro lado, a execução especial é aquela que serve a créditos específicos. São exemplos de execuções especiais a execução fiscal (serve à satisfação de crédito tributário e não-tributário), a execução de alimentos (serve à satisfação do crédito alimentar) e a execução contra a fazenda pública (serve à satisfação de créditos cujo devedor é a fazenda pública). 
-Cumulação de Execuções Comuns e Especiais: Essa classificação é importante para se analisar a possibilidade de cumulação de execuções. A cumulação de execuções é admissível, mas alguns requisitos tem que ser preenchidos. Dentre esses requisitos a serem preenchidos na cumulação, está o (i) requisito da identidade de procedimento, ou seja, as execuções devem se submeter ao mesmo procedimento. Logo, se uma execução se submete a um procedimento comum e a outra execução se submete a um procedimento especial, não é possível a cumulação.
OBS: A prestação de fazer/não fazer, entregar coisa distinta de dinheiro e de entregar quantia são prestações que se submetem a ritos e procedimentos executivos diferentes. Entretanto, há precedentes judiciais que asseguram que, se essas prestações forem certificadas no mesmo título executivo judicial, é admitida a cumulação das execuções.
EXECUÇÃO JUDICIAL E EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL – Esta classificação classifica a execução de acordo com o ambiente em que a execução foi processada, podendo a execução ser judicial ou extrajudicial. 
-Execução Judicial: A execução judicial é aquela que acontece no âmbito do Poder Judiciário. 
-Execução Extrajudicial: Por outro lado, a execução extrajudicial é aquela que ocorre fora Poder Judiciário, ou seja, extrajudicialmente. Nesse caso, não há um processo jurisdicional. No processo executivo extrajudicial, o devedor é notificado para cumprir a prestação em determinado prazo, sob pena de perder um bem. Ademais, não se admite execução extrajudicial em toda e qualquer situação. Admite-se a execução extrajudicial dos contratos de alienação fiduciária e de garantia, onde a própria lei prevê um rito específico para esse procedimento extrajudicial de execução. Nessa situação, o contraditório não é oportunizado nem incidentalmente, razão pela qual sua constitucionalidade foi questionada.
 Na execução extrajudicial, o devedor é intimado para pagar em x dias e, ao final do prazo, se não houver o adimplemento, a propriedade se resolve em favor da instituição credora.
OBS: Já se discutiu a constitucionalidade do processo extrajudicial de execução, por se tratar de um processo em que não se admite o exercício do contraditório. A tese de inconstitucionalidade não prevaleceu, pois se entendeu que o controle de eventuais excessos e equívocos pode ser feito repressivamente no Poder Judiciário. 
TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL E TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL – Esta classificação leva em consideração o título executivo em que se funda a execução. De acordo com esta classificação, a execução pode ser de título executivo judicial e de título executivo extrajudicial. Esta classificação deve ser estudada para que sejam compreendidas as diferenças de cada um dos procedimentos dessas execuções.
 As regras de competência da execução de título executivo judicial são diferentes das regras de execução de título executivo extrajudicial, bem como o procedimento é diferente. Não obstante, o conteúdo da defesa do executado também é diferente, sendo mais restrito o conteúdo da defesa na execução de título judicial, enquanto que na defesa do título extrajudicial o conteúdo é mais amplo. 
EXECUÇÃO DIRETA E EXECUÇÃO INDIRETA – Esta classificação leva em consideração o tipo de medida executiva aplicada, podendo a execução ser direta ou indireta. Esta classificação está ligada aos conceitos de decisão mandativa lato sensu e de decisão mandamental. Essas medidas executivas (diretas ou indiretas) podem ser utilizadas para garantir o cumprimento de qualquer obrigação. 
-Decisão Mandativa Lato Sensu x Decisão Mandamental: A (i) Decisão Executiva Lato Sensu é aquela que certifica e efetiva um direito a uma prestação mediante a aplicação de medida executiva direta ou sub-rogatória. Por outro lado, a (ii) Decisão Mandamental é aquela que ser certifica e efetiva direitos a uma prestação mediante a aplicação de medida executiva indireta.
-Medida Executiva Direta/Sub-Rogatória: A medida executiva direta ou sub-rogatória é aquela através da qual o Estado Juiz ou um terceiro se coloca no lugar do devedor cumprindo a obrigação por ele. Na medida executiva direta, o cumprimento da obrigação se dá com o patrimônio do devedor, às custas do devedor, mas o estado que adota a providencia, ou um terceiro adota, mas é o patrimônio do devedor que responde. São exemplos de medidas diretas ou sub-rogatórias o desapossamento mediante busca ou apreensão, sendo o Estado que manda o oficial de justiça para buscar um bem móvel das mãos do devedor. Outro exemplo de medida executiva direta/sub-rogatória é a expropriação (conversão de bem em dinheiro por leilão ou alienação judicial), onde o resultado da venda será utilizado para saldar a dívida do credor.
-Medida Executiva Indireta: A medida executiva indireta é aquela através da qual se busca forçar psicologicamente o devedor ao cumprimento da obrigação. Ao se aplicar uma medida indireta, o comportamento do devedor será importante para o cumprimento da obrigação, sendo o próprio devedor que cumpre a obrigação com o seu comportamento. Portanto, na medida indireta, é o próprio devedor que cumpre a obrigação com o seu comportamento, por se sentir psicologicamente forçado a tanto. 
 As medidas executivas indiretas podem ser pessoais ou patrimoniais. Um exemplo de medida executiva indireta pessoal é a prisão civil. Um exemplo de medida executiva indireta patrimonial é a multa coercitiva. A medida executiva indireta ora incute temor/medo no devedor (multa, prisão civil, interdição de estabelecimento, desfazimento de obra), ora o incentiva ao cumprimento da obrigação, como por exemplo previsões no CPC de isenções/reduções de custas e honorários em caso de cumprimento voluntário, como quando se o devedor pagar voluntariamente uma quantia devida em execução de título executivo judicial, o devedor não pagará multa de 10% nem honorários de 10%.
PROVISÓRIA E DEFINITIVA – A última classificação da execução leva em consideração a provisoriedade ou “definitividade” do título executivo em que se funda a execução. De acordo com esta classificação, a mesma pode ser provisória ou definitiva.
-Execução Provisória: A execução provisória é aquela que se funda em título executivo provisório. O (i) Título Executivo Provisório é aquele sobre o qual pende de julgamento um recurso não dotado de efeito suspensivo. O título executivo é provisório pois, como ainda há um julgamento de recurso pendente, é possível que, no julgamento do recurso, o mesmo seja reformado ou anulado. 
OBS: O legislador também estabelece uma proteção para o devedor na execução provisória: de um lado a responsabilidade civil objetiva do exequente pelos prejuízos causados em uma execução indevida; e, em segundo a proteção da exigência da prestação de caução para a prática de alguns atos na execução provisória.
(ii) Hipóteses de Admissão da Execução Provisória: O legislador admite a execução provisória por dois motivos: para (a) garantir a efetividadepara o credor, visto que o seu direito já foi certificado numa decisão jurisidicional, ainda que provisoriamente; e para (b) evitar recursos protelatórios, pois o devedor vai pensar que mesmo que ele recorra, haverá a execução provisória do título. 
OBS: Sentença arbitral, sentença estrangeira homologada pelo STJ e sentença penal condenatória transitada em julgado não podem ser executadas provisoriamente. Essas decisões jurisdicionais nacionais estatais cíveis só poderão ser executadas provisoriamente se contra elas pender de julgamento um recurso não dotado de efeito suspensivo. 
(iii) Efeito Suspensivo do Recurso e a Impossibilidade de Execução: Se o recurso tiver efeito suspensivo, não pode haver execução nem mesmo provisória. Só pode haver execução provisória se contra essa decisão pender de julgamento não dotado de efeito suspensivo. Os recursos não dotados de efeito suspensivo automático são o agravo de instrumento, apelação (em hipóteses excepcionais), REx e REsp, ROC (em regra), embargos de divergência e agravos de REx e REsp. 
OBS: Apesar de não possuírem efeitos suspensivos automáticos, os embargos de declaração – de acordo com entendimento doutrinário – acabam seguindo a sorte do recurso principal. Logo, se a decisão for recorrível por recurso principal dotado de efeito suspensivo, os embargos de declaração opostos terão efeito suspensivo. Por outro lado, se a decisão for recorrível por recurso não dotado de efeito suspensivo, os embargos de declaração eventualmente opostos não terão efeito suspensivo. 
 Mesmo quando o recurso não é dotado de efeito suspensivo automático, o juiz poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso no caso concreto, desde que preenchidos alguns requisitos. 
 Se houver atribuição de efeito suspensivo ao recurso, também nesse caso não será possível a execução provisória e se já tiver sido iniciada, a mesma terá de ser paralisada, resultando na extinção da execução sem exame de mérito (a decisão executada perderá o status de título provisório). Nesse caso, faltará título, pois nem mesmo provisória a decisão será considerada, perdendo o status de título provisório pela atribuição de efeito suspensivo ao recurso. Desse modo, em suma, somente as decisões jurisdicionais nacionais estatais cíveis podem ser executadas provisoriamente.
(iv) Processamento da Execução Provisória: A execução provisória é processada de forma muito semelhante à execução definitiva. Entretanto, na execução provisória, existem algumas peculiaridades. 
 A execução provisória é sempre iniciada mediante um requerimento, cabendo ao credor exequente formular o pedido de execução provisória, pelas seguintes razões: 
 Em primeiro lugar (a) cabe ao credor exequente avaliar as chances de êxito da execução (investigando, por exemplo, se o executado possui patrimônio); 
 Ademais, (b) cabe ao credor exequente avaliar as chances de êxito do recurso pendente de julgamento, afinal de contas - acolhido o recurso - o título poderá ser anulado ou reformado, o que ensejaria a extinção; 
 E, em terceiro lugar, (c) cabe ao credor exequente dimensionar o alcance da responsabilidade objetiva que recairá sobre ele caso a execução venha a ser considerada indevida. 
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução;
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
(v) Instrução da Execução Provisória: O requerimento de execução provisória deve ser instruído com alguns documentos caso o processo não seja digital. Não sendo o processo digital, o pedido de execução provisória deve ser instruído com cópia da decisão exequenda, da certidão que atesta a interposição de um recurso não dotado de efeito suspensivo, das procurações outorgadas aos advogados das partes e cópia da petição de habilitação (se for o caso). Facultativamente, o credor exequente poderá apresentar, junto com o requerimento, todos os documentos que entenda necessário para a execução. O requerimento de execução provisória deve ser dirigido ao juízo competente, que em regra é o juízo de primeiro grau, que proferiu a decisão exequenda na fase de conhecimento
Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição dirigida ao juízo competente.
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada de cópias das seguintes peças do processo, cuja autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal:
I - decisão exequenda;
II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;
III - procurações outorgadas pelas partes;
IV - decisão de habilitação, se for o caso;
V - facultativamente, outras peças processuais consideradas necessárias para demonstrar a existência do crédito.
 Não é qualquer título executivo judicial que pode ser executado provisoriamente. Somente as decisões jurisdicionais nacionais, estatais e cíveis podem ser executadas provisoriamente, sendo que as mesmas só poderão ser executadas provisoriamente se contra elas pender de julgamento um recurso não dotado de efeito suspensivo. 
 Portanto, sentença arbitral, sentença estrangeira homologada pelo STJ e sentença condenatória transitada em julgado não podem ser executadas provisoriamente, e formará um caderno processual (autos) próprios, porque o processo já existente que ensejou a execução provisória terá sido remetido para o tribunal para julgamento de recurso, enquanto que a execução provisória terá competência para ser julgada no 1º grau. Em regra, portanto, a execução provisória se processa em autos apartados daqueles em que foi proferida a decisão exequenda.
OBS: Excepcionalmente, a execução provisória será processada nos mesmos autos em que proferida a decisão exequenda. Isso acontecerá em caso de execução provisória de decisão que versa sobre tutela provisória. Outra hipótese é no caso dos autos serem digitais, sendo possível o acesso do processo digital simultaneamente pelo tribunal e pelo juízo de 2º grau.
(vii) Aplicação da Execução Provisória e (Não) Cumprimento da Obrigação: Iniciada a execução provisória, o executado será intimado para cumprir a obrigação. Se essa obrigação for uma obrigação de pagar quantia, o executado será intimado para que faça o pagamento dentro do prazo de 15 dias, sob pena de incidência de multa e de honorários advocatícios de 10%. 
(a) Pagamento da Obrigação da Execução: O executado intimado poderá realizar o pagamento em 15 dias e, nesse caso não haverá incidência de multa ou honorários advocatícios. Por outro lado, o executado intimado poderá não pagar em 15 dias e, caso não ocorra o pagamento, haverá incidência de multa e honorários advocatícios de 10%, podendo ser iniciada a execução forçada, com a aplicação de medidas executivas. 
 O executado também poderá, uma vez intimado, depositar o valor da obrigação/quantia onde – nesse caso – o mesmo não efetua o pagamento, mas sim deposita a quantia com o objetivo de afastar a incidência da multa e do pagamento de honorários advocatícios. Na execução provisória, o mero depósito da quantia já serve para afastar a incidência de multa e dos honorários advocatícios. 
OBS: O depósito da quantia não é atoincompatível com o recurso já interposto ou que venha a ser interposto, pois o depósito não é ato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer, sendo possível a interposição do recurso após o mero depósito da quantia. Já o pagamento é um ato incompatível com a interposição do recurso.
(b) Impugnação: A impugnação é o prazo para o executado apresentar defesa na execução provisória caso o mesmo não realize o pagamento em 15 dias. É válido notar que, findo os 15 dias, automaticamente se inicia o seu prazo para apresentar defesa na execução provisória, que se chama impugnação. Na impugnação, o executado poderá apresentar defesas de admissibilidade e defesas de mérito. As defesas de admissibilidade e de mérito, deduzidas na execução provisória e decididas em decisão transitada em julgado, não poderão ser repetidas em eventual impugnação apresentada em execução definitiva, em respeito à coisa julgada.
(c) Reviravolta no Processo por Recurso sem Efeito Suspensivo: É possível que, no curso da execução provisória, haja uma reviravolta no processo, por meio do julgamento do recurso interposto não dotado efeito suspensivo. E, do julgamento do recurso, pode haver a alteração do título executado (reformação ou anulação total do título). Caso ocorra a reformação ou anulação total do título, torna-se inadmissível a execução provisória devendo, portanto, ser extinta sem exame mérito. Nesse caso, o credor exequente responderá objetivamente (responsabilidade objetiva, sem necessidade de apuração de elementos subjetivos, tais como dolo e culpa) pelos prejuízos que tiver causado ao executado em razão da execução que se tornou indevida. 
OBS: Se tiver havido alienação de propriedade ou de outro direito real, ou transferência de posse, não se exigirá o desfazimento desses negócios, sendo a questão resolvida em perdas e danos. A apuração dos danos será feita nos mesmos autos da execução também serão feitas nos mesmos autos da execução indevida. 
(viii) Responsabilidade Objetiva do Credor Exequente: Logo, concluímos que a responsabilidade do credor exequente é objetiva. Não há necessidade de apuração de um elemento subjetivo nesse caso. Destarte, se a execução se tornou indevida e no seu processamento houve prejuízo ao executado, o credor exequente responderá objetivamente. Esses prejuízos vão de honorários contratuais até um possível dano moral, fazendo com que a execução provisória se mostre um artifício arriscado. O credor exequente é responsável por promover o retorno ao estado anterior.
 Um exemplo é no caso de execução de obrigação de pagar quantia, onde se o credor recebeu o valor, ele terá que devolver a quantia corrigida. Outro exemplo é na obrigação de entregar coisa distinta de dinheiro, onde o credor terá que devolver a coisa e, talvez, indenização pelo período que o sujeito ficou sem a coisa. Por fim, em uma situação de execução cuja obrigação é a de fazer, onde o executado prestou o serviço e depois se decidiu que a obrigação era inexistente – credor terá que indenizar o serviço prestado.
 O retorno ao estado anterior dependerá da obrigação executada. Todavia, em todo e qualquer caso é possível que o credor tenha ainda que responder por eventual indenização por dano moral, se for aplicável ao caso concreto. 
OBS: Se tiver havido alienação de propriedade ou de outro direito real, ou transferência de posse, não se exigirá o desfazimento desse negócio, sendo a questão resolvida em perdas e danos. Todavia, comprovada a fraude, haverá o desfazimento do negócio. 
OBS: A apuração desses danos causados ao executado será feita nos mesmos autos da execução indevida, e a execução desses danos apurados também será feita nos mesmos autos. 
(ix) Exigência da Caução: Além da responsabilidade objetiva que se impõe ao credor exequente, para a prática de alguns atos na execução provisória, também se exige do credor exequente a caução. Não se exige a caução para que seja iniciada a execução provisória, mas se exige caução para a prática de alguns atos na execução provisória, que são o levantamento de dinheiro, transferência de posse ou alienação de propriedade e ato do qual possa resultar grave dano ao executado (análise casuística do caso concreto). 
 Atos que dependem de caução são o levantamento de dinheiro, a transferência de posse, de alienação de propriedade ou de qualquer outro direito real e a prática de ato do qual possa resultar grave dano ao executado. 
 A caução tem como finalidade garantir que o executado será ressarcido dos prejuízos que eventualmente tenha em uma eventual execução indevida. A caução, portanto, deve ser exigida pelo juiz e deve ser integral e idônea, no sentido de ser capaz de viabilizar um futuro ressarcimento integral do executado. Por isso, a caução equivale, do ponto de vista econômico, à própria extensão econômica da obrigação. 
OBS: Há quem diga que como a caução é prestada em benefício do executado, ela não pode ser exigida de ofício, dependerá de requerimento do próprio executado. Mas essa não é uma questão pacífica, pois muitos dizem que o juiz pode exigir de ofício a caução.
(x) Dispensa da Caução: Em algumas situações, a caução poderá ser dispensada, ocorrendo o fato nas seguintes hipóteses: (a) quando o crédito for de natureza limitada; (b) quando o credor exequente demonstrar situação de necessidade/hipossuficiência, o acesso à justiça e a efetividade para o exequente, precisando avaliar a segurança jurídica para o executado; 
(c) quando pender de julgamento agravo interposto contra decisão que inadmite recurso especial ou recurso extraordinário. Nessa fase do processo, admite-se a caução pois, crê-se que será muito difícil a alteração do resultado; 
 E, por fim, a caução será dispensada (d) quando a decisão executada provisoriamente estiver em consonância com Súmula do STF, STJ ou com decisão proferida no julgamento de recursos repetitivos. Nesse caso, há a dispensa no fundamento de que como essas decisões estão de acordo com o precedente obrigatório, dificilmente haverá a alteração do resultado.
OBS: Há quem diga que, como a caução é exigida em benefício do executado, ela não pode ser exigida de ofício, dependendo do requerimento do executado. 
 O Artigo 521, Parágrafo Único, determina que a exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação. Ou seja, caberá ao juiz decidir se irá dispensar ou não a exigência da caução. 
Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que:
Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.
-Execução Definitiva: A execução definitiva, por outro lado, é aquela que se funda em título executivo definitivo, ou seja, um título executivo não mais passível de alteração, formado por coisa julgada. A execução de título executivo extrajudicial é sempre definitiva (pelo fato de não haver contraditória), contudo, a execução de título executivo judicial pode ser provisória ou definitiva. 
 A execução definitiva, em regra, é processada nos mesmos autos em que proferida a decisão exequenda. 
 Excepcionalmente, a execução definitiva será processada em autos apartados quando for interposto recurso parcial, onde a parte da decisão não questionada transita em julgado, podendo ser executada nos mesmos e em definitivo. Desse modo, quanto à parte recorrida, após o julgamento do recurso parcial, será necessário formulação de autos apartados para a execução definitiva, que será processada em primeiro grau. Nessa hipótese, o credor exequente é o responsável por promover o retorno ao estado anterior (evitar o enriquecimento sem causa), dependendo da obrigação executada (dar, fazer/não fazer).
PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO 
PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE – De acordo com esse princípio, processo devido é processo efetivo. O processo é efetivo quando ele não apenas reconhece direitos, mas também garante a entrega do bem da vidaa quem de direito. O princípio da efetividade decorre também do princípio do acesso à justiça. O processo efetivo é aquele que não garante apenas que o jurisdicionado bata às portas do Judiciário, mas é aquele também que garante ao jurisdicionado a tutela jurisdicional justa, adequada, e em prazo razoável. Esse princípio da efetividade cria as bases do sistema da tutela jurisdicional executiva. Desse sistema, fazem parte as medidas executivas aplicadas pelo juiz para garantir a efetivação das suas decisões. 
-Máximas do Princípio da Efetividade: Nesse sistema, pode-se falar em três máximas: (i) as normas do sistema da tutela jurisdicional executiva devem ser interpretadas para garantir a sua máxima efetividade; (ii) Uma medida executiva só deixará de ser aplicada pelo juiz se isso se justificar pelo fato de que a medida impõe uma restrição irrazoável ou desproporcional a um direito fundamental; e, por fim, a última orientação é que (iii) o juiz deve aplicar a medida executiva que seja mais adequada à efetivação da decisão por ele proferida. 
PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE – Durante muito tempo prevaleceu a ideia de que o juiz só poderia garantir a efetivação de suas decisões mediante a aplicação de medidas executivas tipicamente previstas em lei. Essa ideia decorria da segurança jurídica e da liberdade para as partes. Com o passar do tempo, se constatou que as medidas executivas típicas não eram suficientes para garantir a efetivação de qualquer decisão, porque o legislador não tem como prever genericamente todas as medidas executivas possíveis que sejam adequadas à efetivação de todas as decisões e direitos certificados nas mesmas.
 Neste momento, o Princípio da Tipicidade dos meios executivos deu lugar ao Princípio da Concentração dos Poderes Executivos do Juiz. Com base nesse princípio, o juiz passou a poder a aplicar qualquer medida executiva, típica ou atípica, para garantir a efetividade de suas decisões. Este princípio tem previsão nos Artigos 139, IV (se aplica a qualquer tipo de execução), Artigo 297, Caput e Artigo 536, Caput e §1º e Artigo 538, §3º do CPC. 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
OBS: Esse artigo nem precisava falar de medida indutiva, coercitiva e mandamental, porque todas são sinônimas. O artigo também fala de medidas sub-rogatórias. Em resumo, o juiz pode adotar qualquer medida direta ou indireta. A medida direta é a sub-rogatória, e a indireta é a mandamental, também chamada de indutiva ou coercitiva. Esse dispositivo se aplica a qualquer tipo de execução. Execução de obrigação de fazer, de não fazer, de pagar quantia ou de entregar coisa distinta de dinheiro. 
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber.
OBS: Esse dispositivo se aplica especificamente à execução provisória, à execução da tutela provisória, independentemente da obrigação a ser executada. 
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.
§ 1º Para atender ao disposto no caput , o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial.
OBS: Esse parágrafo elenca exemplificativamente algumas medidas que podem ser aplicadas pelo juiz, mas não de forma exaustiva. Esse artigo é aplicável à execução de obrigação de fazer e de não fazer.
Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.
§ 3º Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer.
OBS: Esse artigo dá a entender que o art. 536 se aplica no âmbito da execução da obrigação de entregar coisa distinta de dinheiro. Todos esses dispositivos preveem verdadeiras cláusulas gerais que serão preenchidas pelo juiz no caso concreto. Caberá ao juiz, no caso concreto, aplicar a medida executiva típica ou atípica, direta ou indireta, para garantir a efetivação das suas decisões. 
 Portanto, com base no Princípio da Atipicidade, caberá ao juiz, no caso concreto, a medida executiva típica ou atípica – direta ou indireta – para garantir a efetividade de suas decisões.
-Tipicidade x Atipicidade dos Meios Executivos: Vem se entendendo que no âmbito da execução das obrigações de fazer, de não fazer e de entregar coisa distinta de dinheiro, prevalece o princípio da atipicidade dos meios executivos. Por outro lado, em relação à obrigação de pagar quantia, vem se entendendo que prevalece a tipicidade dos meios executivos. Isso se dá porque o legislador cuidou de disciplinar a execução de obrigação de pagar quantia em mais de 100 artigos no código, enquanto que a execução de obrigação de fazer, de não fazer e de entregar coisa distinta de dinheiro é disciplinada em menos de 10 artigos. 
 Por conta disso, a doutrina vem entendendo que na execução de obrigação de pagar quantia, prevalece a tipicidade, sendo a atipicidade subsidiária. Destarte, a atipicidade será aplicada para garantir a efetivação de obrigações acessórias à obrigação de pagar quantia.
 Na execução de obrigação de pagar quantia pode surgir para o executado alguns deveres acessórios. A obrigação, por exemplo, de indicar bens passíveis de penhora, de comprovar que é titular do bem, de indicar onde estão localizados os bens passíveis de penhora e a obrigação de demonstrar que um bem indicado à penhora não tem nenhuma constrição. Todos esses são deveres acessórios do executado. Se o executado deixar de cumprir qualquer desses deveres, o juiz pode aplicar qualquer medida típica ou atípica para garantir o seu cumprimento. Portanto, é nessa perspectiva que se entende pela aplicação da atipicidade na execução de obrigação de pagar quantia. 
OBS: Na prática, todavia, é possível encontrar aplicação pelos juízes de medidas executivas atípicas para garantir cumprimento de obrigação de pagar.
-Destinatários das Medidas Executivas: As medidas executivas típicas ou atípicas tem como destinatário, em regra, o devedor. Todavia, nada impede que essas medidas também tenham como destinatário o próprio credor exequente, desde que contra ele tenha sido direcionada uma obrigação, uma ordem. De igual modo, terceiro também pode ser destinatário de medida executiva se contra ele for dirigida alguma ordem.
 Um exemplo é no caso de uma ordem para o SPC/SERASA retirar negativação do nome do exequente, não sendo esses sistemas partes no processo, onde caso o sistema de proteção não cumpra a ordem, podem lhe ser direcionadas medidas executivas.
-Fundamentação da Medida Executiva (Típica x Atípica): Na hipótese de quando a medida executiva é típica, basta que o juiz, ao aplica-la, demostre que ocorreu a situação fática que autoriza a incidência da hipótese normativa. Por outro lado, se tratando de (ii) Medida Executiva Atípica, o juiz deverá apresentar uma fundamentação robusta, à luz da proporcionalidade, razoabilidade, menor onerosidade da execução e eficiência. Logo, o juiz deve demonstrar que não havia outra medida menos restritiva a ser aplicada, o proveito que se tem ao se aplicar a medida etc. 
-Não Adstrição do Juiz às Medidas Executivas Requeridas pelasPartes: O juiz não fica adstrito às medidas executivas cuja aplicação foi requerida pelas partes. Isso significa que o juiz poderá aplicar medida executiva mais rigorosa, mais branda ou até mesmo de natureza distinta daquela solicitada pela parte. Essa postura livre do juiz na aplicação da medida executiva não viola o princípio da congruência objetiva. De acordo com esse princípio, o juiz deve ficar limitado ao que foi solicitado pela parte. Só que, nesse caso de aplicação de medida executiva, em razão da efetividade, o juiz é livre para aplicar qualquer medida executiva.
 O juiz também poderá, de ofício ou a requerimento da parte, majorar uma medida executiva aplicada ou tornar uma medida executiva aplicada mais branda. 
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito.
§ 1º O JUIZ PODERÁ, DE OFÍCIO OU A REQUERIMENTO, MODIFICAR O VALOR OU A PERIODICIDADE DA MULTA VINCENDA OU EXCLUÍ-LA, CASO VERIFIQUE QUE:
I - SE TORNOU INSUFICIENTE OU EXCESSIVA;
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento.
 O Artigo 537, §1º, CPC, trata da modificação da medida executiva multa. Nesse dispositivo, fala-se em majoração, redução ou alteração da periodicidade da multa. Diz esse dispositivo que se a multa se tornar excessiva, ela deve ser reduzida. Por outro lado, se a multa se tornar insuficiente, ela deve ser majorada, tudo isso de ofício ou a requerimento da parte. 
OBS: Apesar do artigo falar apenas em multa, esse dispositivo se aplica à modificação de qualquer medida executiva. 
 Um exemplo dessa liberdade e não adstrição do juiz quanto à medida executiva requerida pelas partes é na hipótese de medida executiva de paralização de atividades por 15 dias. Se a medida se tornar ineficiente, é possível que o juiz a torne mais agressiva, ordenando paralização por 30 dias. Por outro lado, essa paralização pode ser excessiva, de modo que o juiz pode reduzi-la para 7 dias. 
-Medidas Executivas que dependem de Requerimento: Em regra, a medida executiva pode ser aplicada até mesmo de ofício pelo juiz, independentemente de requerimento da parte. Contudo, existem algumas medidas executivas cuja aplicação depende necessariamente de requerimento expresso da parte. A regra é que o juiz possa aplicar de ofício independentemente de pedido. 
 Exemplos de medidas que dependem de requerimento expresso são a prisão civil; inscrição do nome do devedor em cadastro de inadimplentes; e o bloqueio de contas via BACENJUD; 
(i) Multa: A multa é uma medida executiva muito conhecida no processo executivo. A multa é uma medida executiva típica na execução de obrigação de fazer, de não fazer, de entregar quantia distinta de dinheiro e na obrigação de pagar quantia. Na execução da obrigação de fazer, de não fazer e de entregar coisa distinta de dinheiro, a multa executiva tem natureza meramente coercitiva. Essa multa não tem piso pré-definido, não tem teto pré-definido, não tem periodicidade pré-definida. Ademais, não há um valor mínimo ou máximo de multa a ser aplicado, e também não existe periodicidade já definida: pode ser diária, mensal, ou até por hora. 
 Como a multa é uma medida executiva, ela se situa na seara da eficácia da decisão. A eficácia da decisão é algo distinto de seu conteúdo, que é o que transita em julgado e tem aptidão para formar coisa julgada. Isso significa que a multa, enquanto medida executiva, assim como as outras medidas executivas, uma vez aplicadas, não tem aptidão para coisa julgada. Por isso que a multa pode ser majorada, reduzida ou até mesmo excluída. 
 Há precedentes do STJ no sentido de que, se a multa se tornar exorbitante, ela deverá ser reduzida, à luz da proporcionalidade e da razoabilidade. Outros precedentes limitam a multa ao valor da obrigação exequenda, ou ao valor da causa. Isso é comum nos juizados especiais (quando se limita ao valor do teto dos juizados, valor da causa ou da obrigação). Esses precedentes, contudo, parecem tecnicamente equivocados, pois ao se limitar o valor da multa, ou admitir a redução em caso de exorbitância, pode se chegar ao ponto de se perder totalmente a força coercitiva da multa. 
OBS: Se o descumprimento é reiterado e sem justificativa, parte da doutrina acredita que deve incidir a multa. A multa só deve parar de incidir quando a obrigação for cumprida ou quando se demonstrar a impossibilidade do seu cumprimento. 
OBS: Há precedentes que excluem a multa no caso de cumprimento da obrigação principal. Precisa ter cuidado, porque a finalidade da multa é justamente forçar o cumprimento da obrigação, correndo-se o riso de chegar a uma crise de ineficácia das decisões judiciais. 
 Existe uma multa aplicável à execução da obrigação de pagar quantia, que é medida executiva típica. Essa multa é uma multa que tem 2 finalidades: tem finalidade coercitiva, mas tem finalidade também punitiva – punir o descumprimento da obrigação de pagar quantia. Essa multa é uma multa de incidência única e é uma multa fixa, estando a mesma prevista no art. 523, §1º, CPC, de 10% a incidir sobre o valor exequendo.
(ii) Prisão Civil: A prisão civil também é uma medida executiva típica, mas é típica em relação à execução de alimentos. 
 A doutrina processualista começou a se questionar, contudo, se a prisão civil poderia ser utilizada como medida executiva atípica no âmbito de outras execuções que não a execução alimentar. Feito esse questionamento, a doutrina processualista se dividiu em algumas correntes:
 A (a) 1ª Corrente doutrinária entende que não cabe prisão civil como medida executiva, salvo a do devedor de alimentos. 
 A (b) 2ª Corrente Doutrinária tenta analisar a questão sob a perspectiva da acepção do termo “dívida” constante no inciso LXVII do art. 5º, CF. Essa segunda corrente doutrinária entende que o termo “dívida” abarca apenas obrigação de pagar quantia, de modo que excepciona a obrigação alimentar, que é obrigação de pagar quantia. Essa corrente diz que não se admite prisão civil na execução de obrigação de pagar quantia, somente na execução de obrigação de pagar quantia alimentar. Mas, nas demais execuções, deve se admitir a aplicação dessa medida executiva. 
Por fim, a (c) 3ª Corrente Doutrinária faz uma análise à luz da teoria dos direitos fundamentais. De acordo com essa corrente, nenhum direito fundamental é absoluto, nem mesmo o direito à liberdade. Isso significa que, se em um processo estiver em jogo um direito fundamental cuja proteção se justifique mais naquele caso do que a proteção do direito à liberdade, deve se admitir a aplicação de prisão civil como medida executiva, para a proteção desse direito fundamental que, naquele caso concreto, se apresentou como mais digno de proteção do que a liberdade.
 Estamos acostumados a pensar que é o processo criminal que discute os bens mais valiosos. Todavia, o processo civil também tem como objeto bens tão valiosos quanto os do processo criminal. Às vezes, existe um direito fundamental no processo cível mais valioso naquele caso concreto do que o direito à liberdade do devedor, devendo se impor uma medida executiva de prisão civil para tanto. Nem sempre é fácil identificar qual o agente que tem atribuição para cumprir uma decisão judicial. Isso tudo, conforme a terceira corrente, deveria ser analisado. 
 Todavia, alguns requisitos precisam ser preenchidos para que seja adotada a prisão civil, conforme essa terceira corrente:
A prisão civil só pode ser determinada no âmbito de execução de obrigações não pecuniárias.
O direito fundamental a ser preservado com a prisão civil deve ser, naquele caso, mais digno de proteção do que o direito à liberdade.
A prisão civil só poderá ser aplicada como última medida, depois que todas as medidas executivas se esgotarem, sem resultado.
O prazotem que ser limitado, em 3 meses (que é o prazo máximo da obrigação civil por dívida de alimentos, que se aplica analogicamente).
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL – O princípio da responsabilidade patrimonial também é chamado de princípio da execução real. Esse princípio é extraído do art. 789, CPC.
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
 De acordo com esse princípio, respondem pela execução os bens do devedor, ou seja, o patrimônio do devedor. Houve um tempo em que a execução poderia recair sobre o corpo do devedor, podendo se tornar escravo do credor. Com a humanização do direito, tem-se que a execução só pode recair sobre o patrimônio/bens do devedor. 
-Violação do Princípio pelas Medidas Executivas Indiretas: Discute-se em doutrina se a proliferação das medidas executivas indiretas violaria esse princípio. Essas medidas executivas indiretas atingem o psicológico do devedor. Na verdade, a proliferação das medidas executivas indiretas não viola esse princípio, devido ao fato de que a mera aplicação dessas medidas não gera automaticamente o cumprimento da obrigação. Portanto, prender o devedor de alimentos não gera a quitação da obrigação alimentar, apenas é uma forma de pressionar o cumprimento da obrigação. E, esse cumprimento se dará com o próprio patrimônio, com os bens do devedor. 
 Esse princípio somente se aplica à execução de obrigação de pagar quantia e à execução de entregar coisa distinta de dinheiro. Isso se dá porque, geralmente, na execução de fazer e de não fazer, embora muitas vezes haja por trás um conteúdo econômico, é o próprio comportamento do devedor que configura o cumprimento da obrigação.
PRINCÍPIO DA TUTELA ESPECÍFICA – O princípio da tutela específica também é chamado de princípio do resultado ou princípio da máxima coincidência possível. De acordo com esse princípio, deve se assegurar ao credor o cumprimento da obrigação tal como esse cumprimento tivesse sido feito voluntariamente. Logo, chegamos à conclusão de que, o princípio da tutela específica assegura ao credor a entrega daquele bem da vida buscado. Houve um tempo em que o devedor poderia descumprir as obrigações por ele assumidas, desde que ele pagasse uma indenização por isso, cabendo ao devedor escolher se ele cumpriria a obrigação na forma específica ou não, quando pagaria perdas e danos causados ao credor. 
-Conversão da Obrigação em Perdas e Danos: Desde o CPC/73 se conferiu primazia ao cumprimento da obrigação na forma específica, de modo que o credor tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação na forma específica, podendo ele, credor, pedir a conversão da obrigação em perdas em danos quando: (i) o cumprimento na forma específica se tornar impossível; ou (ii) não tiver mais interesse no cumprimento da obrigação, ainda que seja possível seu cumprimento na forma específica. 
OBS: Houve uma total inversão. Antes, era o devedor que escolhia se ia cumprir na forma específica ou não. Hoje, quem escolhe é o credor. 
 Antes do vencimento, o credor não pode exigir conversão da obrigação em perdas e danos, o credor se vincula àquilo que ajustou com o devedor. Todavia, vencida a obrigação sem cumprimento, surge para o credor o direito de pedir a conversão da obrigação em perdas e danos. Esse princípio tem previsão no art. 499, CPC.
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE DA EXECUÇÃO –extraído do art. 805, CPC, o Princípio da Menor Onerosidade da Execução determina que, havendo mais de um meio igualmente idôneo ao alcance da efetivação de uma decisão, deve ser aplicado o meio menos oneroso ao executado. Esse princípio tem como objetivo, de um lado, preservar a dignidade da pessoa humana do executado e, de outro lado, tem como objetivo evitar o abuso de um direito pelo exequente. Portanto, por meio da aplicação do princípio da menor onerosidade da execução, evita-se que o exequente peça a aplicação de medidas executivas desarrazoadamente onerosas, abusando do seu direito à execução.
 A menor onerosidade pode ser aplicada até mesmo de ofício pelo juiz. Se o juiz aplicar uma medida executiva e se, intimado o executado, não suscitar na primeira oportunidade que tiver para falar nos autos, a menor onerosidade, haverá a preclusão do seu direito. Então, aplicada uma medida executiva, o executado deverá suscitar a onerosidade da medida na primeira oportunidade que tiver para falar nos autos, sob pena de preclusão. Suscitando a onerosidade da medida, caberá ao executado, no mesmo ato, meio executivo igualmente idôneo que deve ser aplicado. Esse dever do executado decorre da cooperação. Se ele não indicar outro meio idôneo para garantir a efetivação do juiz, será aplicado aquele meio que o executado alega ser oneroso.
OUTROS PRINCÍPIOS – Também se aplicam ao processo executivo os princípios basilares do direito processual civil, tais como os Princípios da Legalidade, do Juiz Natural, da Ampla Defesa, do Contraditório, da Proporcionalidade e Razoabilidade, etc.
REGRAS DA EXECUÇÃO 
NÃO HÁ EXECUÇÃO SEM TÍTULO – De acordo com essa regra, toda execução deve estar fundada em algum título executivo. Esse título pode ser judicial, extrajudicial, provisório, definitivo, mas o que importa é que não há/é inadmissível execução sem título. 
-Conceito de Título: O título é o documento do qual se extraem os elementos da execução: quem deve, o que se deve, a quem é devido, a quantidade do que é devido, e é um documento que a lei atribui força executiva e que tem poder legal para autorizar o jurisdicionado a buscar a tutela jurisdicional executiva. 
 Durante muito tempo, essa regra esteve ligada à ideia de certeza. Na verdade, entendia-se que o título garantia a certeza quanto à existência da obrigação. Na verdade, nem sempre é assim. Às vezes, o título é provisório, sendo passível de alteração. Do julgamento do recurso pendente, recurso esse interposto contra decisão provisória, haja alteração do título, e a obrigação que existia deixa de existir. Com isso, não necessariamente o título trará tanta certeza assim.
REGRA DA DISPONIBILIDADE – A execução é estruturada e pensada com base e ao redor do interesse do exequente, sendo a execução projetada para ele. Sendo assim, a regra da disponibilidade consiste na hipótese de que o exequente pode dispor da execução, abrindo mão da mesma. O exequente pode dispor da execução de 3 formas:
-Deixar de Ajuizar a Execução: Por meio da mera inércia do exequente ao deixar de executar a ação, ocorrerá a disponibilidade da execução, sendo esta a primeira hipótese de disponibilidade da mesma. 
-Desistência Total ou Parcial de Execução Ajuizada: Outra hipótese de disponibilidade da ação executiva é a desistência total ou parcial de uma execução já ajuizada. A desistência da execução independe de anuência/consentimento do executado, ainda que ele já tenha apresentado defesa, podendo ocorrer a qualquer tempo. Portanto, a mera desistência do exequente ensejará a extinção da execução sem exame de mérito. Consequentemente, com a desistência cairão todos os atos executivos praticados. 
 De um lado, se a defesa do executado eventualmente apresentada versar sobre (i) questão processual, especificamente sobre questão de admissibilidade (falta de título executivo, falta de legitimidade do exequente, etc.), a desistência da execução ensejará a extinção da execução e também da defesa do executado. 
 Por outro lado, se a defesa do executado versar sobre (ii) questão de mérito, a desistência da execução enseja a extinção da execução, mas não ensejará a extinção da defesa do executado, que prosseguirá como se fosse uma ação autônoma até o seu julgamento. Quando a defesa do executado versa sobre questão de mérito, significa que poderá ser proferida uma decisão favorável a executado com aptidãopara coisa julgada, e essa decisão impedirá o reajuizamento da execução. 
 A desistência, em regra, gera execução sem exame de mérito, de modo que o exequente, se quiser, pode reajuizar a mesma execução posteriormente, o que gera uma insegurança ao executado. Com isso, se o mesmo tem uma defesa robusta, uma defesa de mérito, esta defesa irá prosseguir, podendo ser feita coisa julgada ao seu favor e impedir um novo ajuizamento de execução posteriormente. Havendo desistência, caberá ao exequente arcar com as despesas processuais.
OBS: Existem algumas execuções que podem ser iniciadas de ofício pelo juiz: a execução de obrigação de fazer, de não fazer e de entregar coisa distinta de dinheiro. Não costuma ser, mas pode. Se a execução for iniciada de ofício, cabe sim desistência pois se trata de um direito pertencente ao credor. Portanto, se ele não quiser dar prosseguimento, ele tem esse direito. Então, mesmo nas execuções iniciadas de ofício, cabe desistência. 
OBS: Não se admite desistência, por outro lado, de execução coletiva, fruto de decisão em ação coletiva. Se um ente de representação coletiva abandonar o processo, deverá o juiz oficiar a outro ente de representação para que ele dê encaminhamento. 
-Desistência de Ato Executivo Específico: Por fim, a terceira e última hipótese de disponibilidade da execução se dá por meio da desistência do exequente de ato executivo específico já praticado. Um exemplo é quando é praticada penhora nos autos, mas o exequente quer abrir mão da penhora, porque o bem não interessa, é de baixo valor, etc., cabendo ao exequente a possibilidade de desistir do ato específico de penhora. Nessa hipótese, apenas a medida executiva cairá/será disposta, mas a execução continua. 
REGRA DA RESPONIBILIDADE OBJETIVA – De acordo com essa regra, o credor exequente responderá objetivamente pelos prejuízos que causar ao executado decorrentes de uma execução indevida. Na responsabilidade objetiva, não há necessidade de apuração do elemento subjetivo, de se investigar se o exequente atuou com dolo ou culpa. Na verdade, para que se responsabilize o exequente credor, basta que se demonstre que um ato praticado na execução, que se tornou indevida, causou prejuízo ao executado. 
Essa regra tem previsão no art. 520, CPC, e há outro dispositivo no CPC que trata da responsabilidade objetiva no âmbito de qualquer execução, não apenas na provisória. 
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução;
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
§ 1º No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art. 525 .
§ 2º A multa e os honorários a que se refere o § 1º do art. 523 são devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa.
§ 3º Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.
§ 4º A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da transferência de posse ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos causados ao executado.
§ 5º Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se, no que couber, o disposto neste Capítulo.
-Responsabilidade Objetiva na Execução Provisória: A responsabilidade civil objetiva na execução provisória será aplicada nos casos em que o título provisório for reformado ou anulado após o julgamento do recurso. Portanto, se o título for reformado ou anulado, a obrigação exequenda deixa de existir, tendo-se, portanto, uma execução indevida, fazendo com que o exequente responda pelos prejuízos que ele causar. 
-Responsabilidade Objetiva na Execução Definitiva: Na execução definitiva, a responsabilidade objetiva será aplicada quando o título definitivo for desconstituído, for rescindido. Nesse caos, o executado pode apresentar uma defesa que, uma vez acolhida, torne inexistente a obrigação, de modo que o exequente responderá objetivamente. 
OBS: Ainda, é possível que o título seja rescindido por meio de ação rescisória, tornando a obrigação inexistente e sendo possível a responsabilidade objetiva do exequente. 
 Preenchidos os elementos para a aplicação da responsabilidade objetiva, a liquidação e a execução dos danos ocorrerão nos mesmos autos em que a execução se tornou indevida. Portanto, consequentemente, não haverá a necessidade de um processo novo para apuração desses prejuízos causados ao executado. 
REGRA DA APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA – O art. 771, caput e §1º, prevê que as disposições que disciplinam a execução de título executivo extrajudicial aplicam-se subsidiariamente à execução de título executivo judicial e às execuções especiais. 
Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva.
Parágrafo único. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições do Livro I da Parte Especial.
 Não há, por exemplo, em relação à execução de título executivo judicial, regramento sobre penhora. Com isso, o regramento da penhora que versa o capítulo da execução de título executivo extrajudiciais se aplica à ela, bem como às execuções especiais (execução de alimentos, execução contra a fazenda pública, etc.)
 O art. 318, parágrafo único, por outro lado, diz que as regras que disciplinam o processo de conhecimento se aplicam subsidiariamente ao processo de execução, seja essa execução qual for. Isso se dá com intuito de dar completude à disciplina do processo executivo.
Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei.
Parágrafo único. O PROCEDIMENTO COMUM APLICA-SE SUBSIDIARIAMENTE AOS DEMAIS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS E AO PROCESSO DE EXECUÇÃO.
FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO - A execução é um procedimento por meio do qual se busca a satisfação de um direito certificado. A efetivação do direito já certificado, inclusive, será feita mediante a aplicação de medidas executivas típicas, atípicas, diretas ou indiretas. No CPC não existe um procedimento executivo padrão, assim como existe um procedimento padrão para o processo de conhecimento. Na verdade, a depender da espécie do título executivo, se ele é judicial ou extrajudicial, e a depender também do tipo de obrigação certificada no título, o CPC irá prever um rito específico. Logo, existe um rito específico para execução de título executivo judicial de obrigação de pagar quantia, assim como também existe outro rito específico para execução de título executivo extrajudicial de obrigação de pagar quantia, por exemplo. Portanto, concluímos que não existe no CPC um rito único para todas as obrigações. 
OBS: Existem, ainda, os procedimentos especiais executivos:execução de alimentos, execução contra a fazenda pública, execução fiscal, etc. – são ritos específicos e também diferenciados. 
FORMAÇÃO DA EXECUÇÃO
DEMANDA - O termo demanda pode ser analisado sob duas dimensões:
-Demanda Ato: Numa primeira dimensão, fala-se em demanda ato. Aqui, demanda é ato de provocação da atividade jurisdicional executiva. A provocação da atividade jurisdicional executiva ocorre por meio de petição inicial se a execução for autônoma, ou por meio de execução simples se a execução ocorrer por meio de uma fase de um processo já existente. 
OBS: Há casos em que a execução poderá ser iniciada de ofício: quando envolver obrigação de fazer, de não fazer e de entregar coisa distinta de dinheiro, apesar de não ser comum. 
-Demanda Conteúdo: Numa segunda dimensão, fala-se em demanda conteúdo. Além de ser ato, a demanda também é conteúdo do ato de provocação da atividade jurisdicional executiva. Enquanto conteúdo, a demanda executiva pode ser extraída da leitura da petição inicial ou da petição simples que instaura o procedimento executivo. 
Nessa segunda dimensão do conteúdo é que é possível identificar os elementos da demanda executiva. A demanda executiva tem elementos objetivos e subjetivos. 
ELEMENTOS OBJETIVOS - São elementos executivos da demanda executiva a causa de pedir e o pedido. 
-Causa de Pedir: A causa de pedir é composta pelo fundamento jurídico da pretensão, bem como os fatos jurídicos que embasam a pretensão executiva. Existem 2 afirmações que devem sempre constar da causa de pedir executiva:
(i) Existência de um título executivo judicial ou extrajudicial definitivo ou provisório que certifique uma prestação (fazer, não fazer, pagar quantia, entregar coisa distinta de dinheiro) certa, líquida e exigível; e (ii) Inadimplemento do devedor, que gera prejuízo ao credor. 
 Essas 2 informações necessariamente devem constar em toda e qualquer petição que inaugura uma execução. É preciso que se indique que existe um título executivo que certifica uma prestação certa, líquida e exigível. Ademais, é preciso que se fale da inexecução do dever pelo devedor, seu inadimplemento. 
(iii) Afirmações Acidentais na Causa de Pedir Executiva: Existem algumas afirmações acidentais que poderão constar da causa de pedir executiva. Essas afirmações poderão ou não estar na causa de pedir executiva, a depender do caso. Se essas obrigações se enquadrarem no caso concreto, elas deverão sim estar presentes.
(a) Ocorrência da condição ou do termo ao qual a obrigação estava sujeita, onde algumas obrigações se sujeitam a condição ou termo, e só poderão ser executadas advindo um termo ou sendo implementada uma condição; 
 
 Em caso de obrigações recíprocas, a (b) afirmação de que o credor cumpriu a prestação que lhe cabia – em alguns casos, o devedor só está obrigado a cumprir uma obrigação depois do cumprimento de uma obrigação pelo próprio credor ou simultaneamente. Quando existirem essas obrigações recíprocas, é preciso que conste da causa de pedir a afirmação de que o credor cumpriu a obrigação que lhe cabia, podendo, então, exigir a contraprestação do devedor;
(c) Preenchimento dos requisitos necessários para a concessão da tutela provisória – verossimilhança das alegações e perigo da demora. 
-Pedido: O pedido tem um objeto imediato e um objeto mediato. O (i) objeto imediato do pedido é a pretensão de concessão da tutela jurisdicional executiva, mediante a aplicação das medidas executivas disponíveis, típicas ou atípicas. Por outro lado, o (ii) objeto mediato do pedido é o bem da vida buscado na execução, que pode ser um fazer, um não fazer, uma coisa (móvel ou imóvel) ou então uma quantia. Logo, o objeto mediato do pedido nada mais é do que o bem da vida, a prestação que se busca. 
OBS: É o objeto mediato do pedido que tem que ser dotado daqueles atributos (certeza, liquidez e exigibilidade). 
(i) Pedido Implícito: Esse dispositivo trata do pedido implícito de condenação do réu ao pagamento de prestações sucessivas que se vençam no curso do processo sem pagamento, tendo como exemplo o aluguel, prestação de alimentos, parcelas de empréstimo, etc.. 
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.
 Ademais, esse dispositivo é aplicável e se encontra no capítulo do processo de conhecimento. Apesar disso, a doutrina vem entendendo que esse dispositivo é aplicável à execução. Isso significa que, na execução, também pode se considerar como implícito o pedido de satisfação/efetivação de prestações sucessivas/periódicas, prestações que se vencem no curso do processo executivo sem pagamento. 
OBS: Na execução, o juiz vai determinar a penhora de valor suficiente à satisfação dessas prestações que irão se vencer no curso do processo. Um exemplo é na execução de alugueis não pagos – quando da instauração da execução, só haviam 2 parcelas vencidas. Quando o executado foi citado, mais duas já tinham se vencido. Com isso, ainda que não haja pedido expresso do exequente nesse sentido, deverá considerar mais essas 2 parcelas agora vencidas no valor a ser executado, e não apenas das parcelas que já estavam vencidas quando do início da execução. 
 O pedido implícito é aquele que, embora não expressamente formulado na petição, considera-se parte integrante do objeto litigioso. Portanto, (a) se o juiz for omisso em relação ao pedido implícito, cabe embargos de declaração para sanar essa omissão. Ainda que o pedido não tenha sido expressamente formulado, o juiz precisa considerar esse pedido quando da certificação do quanto a ser executado. 
OBS: A mesma coisa acontece com o pedido de pagamento de juros e correção monetária – isso não precisa ser pedido, é um pedido implícito, ainda que as partes possam voluntariamente pedir isso de forma expressa. 
 Os pedidos implícitos, inclusive, como sempre fizeram parte do objeto litigioso da demanda, permitem que o autor leve tais informações aos autos ainda que já tenha se estabilizado a demanda. 
ELEMENTO SUBJETIVO - O elemento subjetivo é composto pelas partes da execução, se dividindo entre legitimidade ativa (quem pode ajuizar a execução) e legitimidade passiva (em face de quem poderá ser ajuizada a execução). A legitimidade passiva e ativa estão previstas nos Artigos 778 e 779 do NCPC/15.
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo.
§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2º A sucessão prevista no § 1º independe de consentimento do executado.
-Legitimidade Ativa: Em primeiro lugar, pode promover a execução o (i) credor a quem a lei confere título executivo. Na verdade, pode promover a execução aquele que se afirma credor, aquele que se alega credor. 
É válido observar que nem sempre o nome do credor estará no título executivo. Há casos em que o sujeito tem legitimidade ativa, mas não existe seu nome no título, ou porque porta o título (nos casos de título de crédito), ou porque a legitimidade dela é extraída da própria lei
 Um exemplo é no caso dos honorários sucumbenciais. os honorários sucumbenciais, em regra, são fixados em um processo do qual o advogado não participou. Se é assim, o nome do advogado não constará no título executivo, pois ele não era parte. Apesar disso, o advogado tem legitimidade para promover a execução dos seus honorários, pois essa é uma legitimidadeconferida pelo CPC. 
 Outro exemplo é no caso de sentença penal condenatória transitada em julgado, em ação penal ajuizada pelo MP contra autor do crime. A vítima não estará indicada no título executivo, nessa sentença penal condenatória transitada em julgado. Mas, mesmo assim, com base em dispositivos do CPP e do CPC, a vítima tem legitimidade para promover uma execução de indenização em juízo. Se a sentença penal condenatória não fixar completamente o valor da indenização, a vítima pode promover a liquidação em juízo e, logo após, promover a execução. 
 Para fins exemplificativos, aquele que porta o título executivo, se houver um endosso em branco, por exemplo, poderá promover a execução da obrigação ali certificada. 
 Então, pode promover a execução aquele que se afirma credor, ainda que seu nome não esteja no título, pois sua legitimidade pode decorrer da legislação ou da posse do título. 
(ii) Juiz: Ademais, a execução pode ser instaurada de ofício pelo juiz.
(iii) Ministério Público: Também pode promover a execução o Ministério Público nos casos previstos em lei. Quando o credor promove a execução, ele o faz em legitimidade ordinária originária. O MP, por outro lado, também pode promover a execução na condição de legitimado ordinário (quando atua em seu nome e defendendo seu interesse) e de legitimado extraordinário (quando atua em seu nome e defendendo interesse alheio – ação coletivo). 
(iv) Herdeiros e Sucessores do Credor: Também podem promover a execução o espólio, os herdeiros e os sucessores do credor, sempre que em razão do falecimento do credor for transmitido o direito que resulta do título executivo. Esse é um caso em que o espólio, herdeiros e sucessores terão legitimidade derivada, e não originária. Isso ocorre porque a legitimidade ordinária era do credor falecido. Nessa hipótese, só haverá sucessão processual legal se o direito for transmissível. Ou seja, se o direito for intransmissível e já tiver se iniciado o processo executivo pelo credor originário, este será extinto sem exame de mérito; e, se o processo executivo sequer tiver sido iniciado, não poderá ser instaurado. 
(v) PJ Sucessora de PJ Extinta: Embora o CPC não fale expressamente, pode também promover a execução a pessoa jurídica sucessora de uma pessoa jurídica extinta. Se houver crédito para executar da PJ extinta, a PJ sucessora pode iniciar processo de execução. E, se já houver processo em curso, haverá sucessão processual para a PJ sucessora. 
(vi) Herança Jacente e Herança Vacante: Embora o CPC também não fale expressamente, outros entes formais também podem promover a execução – a herança jacente e a herança vacante.
(vii) Cessionário: Também tem legitimidade para promover a execução o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos. Esse também é um caso de legitimidade derivada, superveniente. É um caso de legitimidade derivada pois, nessa hipótese, o credor originário transfere para um terceiro, que passa a ser chamado de cessionário, por meio de um ato, o direito que passa a ser objeto da execução. Essa cessão pode ser de crédito, de posição jurídica, e pode ocorrer até mesmo durante o processo de conhecimento, sem que o direito estivesse sequer certificado em juízo. 
(viii) Sub-Rogado Legal ou Convencional: Também tem legitimidade para promover a execução o sub-rogado nos casos de sub-rogação legal ou convencional. O sub-rogado é aquele que se transforma em novo credor, é aquele que se coloca no lugar do credor originário. O sub-rogado é aquele que cumpre a obrigação em favor do credor originário e passa a ser novo credor frente aos demais devedores. 
 Esse também é um caso de legitimidade derivada ou superveniente. Nesses casos em que a legitimidade é derivada ou superveniente, poderá haver o que se chama de sucessão processual, se o procedimento executivo já estiver em curso. Essa sucessão processual, que é a troca de partes no processo, não depende do consentimento do executado. 
OBS: Isso é importante porque no processo de conhecimento, quando há a alienação de coisa ou de direito litigioso, para que haja a sucessão processual é preciso que haja a anuência do adversário, ainda que essa anuência/recusa tenha de ser motivada.
-Legitimidade Passiva: Em regra, geral, a execução pode ser promovida contra o (i) devedor reconhecido como tal no título executivo. 
(ii) Espólio, Herdeiros e Sucessores do Devedor: Também tem legitimidade passiva o espólio, os herdeiros ou sucessores do devedor. Em caso de falecimento do devedor, haverá sucessão processual. Essa também é uma legitimidade derivada, pois a legitimidade originária é do devedor falecido. 
(iii) Novo Devedor com Consentimento do Credor: A execução também pode ser promovida contra o novo devedor que assumiu com o consentimento do credor a obrigação certificada no título executivo. O novo devedor aqui é aquele que assume a dívida, por meio de um contrato de assunção de dívida, por exemplo.
(iv) Fiador do Débito Constante em Título Executivo Extrajudicial: A execução também pode ser promovida contra o fiador do débito constante em título executivo extrajudicial. 
OBS: Há quem defenda que também tem legitimidade passiva o fiador judicial, aquele que é indicado como garantia em uma obrigação provisória, por exemplo. 
(v) Qualquer Responsável: A execução também pode ser promovida contra qualquer responsável, inclusive o tributário.
-Formação de Litisconsórcio na Execução: Na execução, admite-se formação de litisconsórcio, no polo ativo, no polo passivo ou em ambos os polos da relação jurídica processual. Em regra, o litisconsórcio que se forma na execução é um litisconsórcio facultativo. Esse litisconsórcio se forma em razão de vontade manifestada pelas partes. As partes podem optar ou não pela formação do litisconsórcio. Todavia, a doutrina diz que existe um caso de litisconsórcio obrigatório na execução, conforme previsto no art. 842, CPC.
Art. 842. Recaindo a penhora sobre bem imóvel ou direito real sobre imóvel, será intimado também o cônjuge do executado, salvo se forem casados em regime de separação absoluta de bens.
Portanto, conforme o Artigo 842, Caput do Código de Processo Civil de 2015, Se o ato de penhora, de constrição patrimonial recair sobre bem titularizado por pessoa casada, o seu cônjuge deverá ser obrigatoriamente intimado para que forme com o outro um litisconsórcio no processo executivo, salvo se o regime de bens adotado for o de separação de bens. A doutrina entende que esse é um caso de litisconsórcio obrigatório na execução. 
-Intervenção de Terceiros na Execução: A intervenção na execução não tem como função a discussão do direito, mas sim a discussão sobre quais as medidas executivas aplicáveis.
Também se admite intervenção de terceiros na execução. Nem todas as modalidades conhecidas são admitidas na execução por conta da própria natureza do processo executivo. Mas, se admite na execução: (i) Assistência; (ii)Incidente de desconsideração da personalidade jurídica; e (iii) incidente de intervenção do amicus curiae
 Além dessas modalidades já conhecidas, existem intervenções de terceiro específicas para a execução:
(iv) Protesto pela Preferência: O protesto pela preferência consiste na hipótese em que um credor que seja titular de um direito de preferência legal que recai sobre um imóvel ou sobre um direito real poderá requerer a sua intervenção em um processo executivo em que tenha havido a penhora do bem do devedor. 
 Vale ressaltar que o ato de penhora não foi promovido pelo credor titular do direito de preferência, mas sim pelo credor exequente, pelo credor que é parte no processo executivo. Logo, o credor titular do direito de preferencia é um terceiro que até então não participava no processo. Doravante, ao tomar conhecimento da penhora de um bem do devedor sobre o qual possui direito de preferência, poderá intervir no processo executivo, com objetivo de que o resultado da expropriação do bem penhorado seja primeiro utilizado para

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