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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE FORTALEZA-CE AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C ALIMENTOS CLEMILDA SOARES, brasileira, em união estável, professora, inscrita no CPF sob o n° XXX.XXX.XXX-XX e no RG: XXXXXXX-X, endereço eletrônico, residente e domiciliada à Rua Monte Verde, Nº 22, Boa Esperança, CEP: XX-XXX-XXX, Fortaleza-CE, vem por intermédio de seu advogado e bastante procurador, com procuração anexa, mui respeitosamente à presença de vossa excelência, propor, AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C ALIMENTOS em face de JOÃO PAULO, brasileiro, em união estável, engenheiro civil, inscrito no CPF sob o n° XXX.XXX.XXX-XX e no RG: XXXXXXX-X, endereço eletrônico, residente e domiciliado à Rua 100, nº XX, Icaraí, Caucaia/CE, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas. CONSIDERAÇÕES INCIAIS DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA Requer os benefícios da justiça gratuita, por ser pobre na forma da lei, com base no Art. 98 do Código de Processo Civil de 2015 que em total consonância com a norma prevista no artigo 5°, LXXIV da Carta da República de 1988 garante a assistência judiciária gratuita e integral aqueles com que não podem sem prejuízo da subsistência própria e de seus familiares arcar com os ônus processuais. DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO A autora requer, com fulcro no artigo 334 do Código de Processo Civil, que seja designada data para realização da audiência de mediação e conciliação. DOS FATOS A autora e o requerido viveram em união estável por um período de aproximadamente 09 (nove) anos, formando uma entidade familiar configurada na convivência pública, continua e duradoura, resultando na concepção de um filho, hoje com 07 (sete) anos. Entretanto, após uma grave crise, constituída de desentendimentos corriqueiros, pensando no bem estar do filho menor que sofria demasiadamente com o conflito entre os pais, estes então puseram fim ao relacionamento. Ressalta-se que, durante a união estável não foram constituídos bens, sendo que todos os imóveis utilizados pelo casal e o automóvel utilizado pela autora, são de propriedade exclusiva desta, em razão da aquisição ter ocorrido antes da formação da união estável. O automóvel utilizado pelo requerido foi adquirido por ele, de igual forma, antes do inicio da relação, sem a sem esforço comum, desta forma, em razão do principio da boa fé, a autora, não versará seus pedidos sobre o automóvel de propriedade exclusiva do requerido. BENS DA AUTORA ANTERIORES À UNIÃO ESTÁVEL: I – 01 (um) apartamento: R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reis) II – 01 (uma) casa de praia: R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) III – 01 (um) carro: R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Desta forma, com base na legislação vigente, a incomunicabilidade dos supracitados bens deve ser reconhecida, ademais, pelo fato de não se comunicarem, deverão ser desconsiderados para fins de partilha. Excelência, após o rompimento da união o requerido não vem arcando com suas obrigações paternais, ficando os ônus referentes à mantença do filho menor a cargo da requerente. Ocorre caro julgador, que o requerido tem possibilidades de ajudar no sustento da criança, vez que é engenheiro civil, percebendo mensalmente cerca de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). Ademais, de acordo com documentação acostada, a autora, em razão da assunção exclusiva dos ônus da criança, além dos decorrentes das necessidades essências à vida, passa por critico momento financeiro. A presente ação objetiva que seja reconhecida e dissolvida a sociedade de fato do casal, haja vista, que a união era pública e notória, do conhecimento de todos na comunidade onde residiam, bem como a fixação de alimentos no percentual de 30% dos vencimentos do requerido, descontados apenas os encargos legais. Desta forma, haja vista as infrutíferas tentativas de autocomposição com o requerido, não resta à autora, alternativa senão buscar no judiciário a tutela que lhe é garantida pela lei. DO DIREITO DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL A Carta Magna Brasileira dá integral proteção e reconhecimento ao relacionamento entre homem e mulher, duradouro, público e com objetivo de constituir família, intitulando-o de União Estável, in verbis: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. O Código Civil de 2002 em seu título três define os requisitos para configuração da união estável, in verbis: Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. A disposição legal, aliada ao texto constitucional, não deixa dúvidas quanto ao vinculo existente entre a requerente e o requerido, sendo o reconhecimento da união estável, medida que se impõe. DADA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL. Considerando o rompimento da união entre as partes, a liquidação de acordo com o regime de comunhão parcial de bens, nos termos do artigo 1.725 do Código Civilista, deve ser procedida. Determina o CC: Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. DA INCOMUNICABILIDADE DOS BENS O capítulo III do Código Civil de 2002, nos artigo 1.658 e 1659, I, chancela a pretensão autoral, haja vista, prever que serão considerados bens comuns aqueles adquiridos na constância do casamento, elencando como exceção os bens os bens que cada cônjuge possuir ao casar, in verbis: Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes. Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; O Superior Tribunal de Justiça, com base em compilado de decisões, firma entendimento de que os bens adquiridos antes do casamento sob o regime de união parcial de bens, não se comunicam, ora, a lei equipara para todos os fins a união estável ao casamento civil, desta forma, o que se aplica a um deverá também incidir sobre o outro. Tese nº 7, STJ: São incomunicáveis os bens particulares adquiridos anteriormente à união estável ou ao casamento sob o regime de comunhão parcial, ainda que a transcrição no registro imobiliário ocorra na constância da relação. Precedentes: REsp 1324222/DF, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/10/2015, DJe 14/10/2015; REsp 1304116/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/09/2012, DJe 04/10/2012; REsp 707092/ DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 28/06/2005, DJ 01/08/2005. (VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N. 253). DOS ALIMENTOS EM FAVOR DO FILHO MENOR A Carta Magna, em seu artigo 229, prescreve: Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. A Lei Civil, através do disposto no artigo 1.696, estabelece da seguinte forma: Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos osascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. Constatado que a lei prevê que os pais tem obrigação de prestar alimentos aos filhos, nasce a partir de então a analise de outro ponto determinante, qual seja do binômio necessidade-possibilidade, que encontra exegética previsão no Código Civil, in verbis: Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (Direito das famílias, 3ª edição, Editora Lumen juris, 2011, página 763) comentando acerca do valor da fixação do valor da pensão e com esteio nos dispositivos acima dispostos, lecionam: Para a fixação do quantum alimentar, por tanto, leva-se em conta a proporcionalidade entre a necessidade do alimentando e a capacidade do alimentante, evidenciando um verdadeiro trinômio norteador do arbitramento da pensão. A despeito da inexistência de fórmula matemática, a verba alimentar não pode ser arbitrada em quantia irrisória, imprópria para suprir as exigências vitais do alimentado, tampouco em valor excessivo capaz de levar à insolvência o alimentante, desta forma, a fixação em percentual de 30% dos proventos do requerido, apresenta justa adequação ao binômio necessidade-possibilidade. DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS O legislador pátrio, na edição da Lei. 5.478/68, considerando a urgência na concessão dos alimentos, definiu que o magistrado, havendo prova nos autos da filiação, deverá, em pronunciamento inicial, desde logo, fixar alimentos provisórios, in verbis: Art. 3º. (omissis) §4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita. Assim, considerando que, o registro de nascimento do alimentando é prova irrefutável da filiação, faz-se justa a fixação de alimentos provisórios em favor do menor. DOS PEDIDOS Isto posto, com base em todo conjunto de elementos fáticos e jurídicos apresentados, requer que vossa excelência se digne de: a) Receber a presente peça vestibular para processar e dar integral provimento; b) Conceder o benefício da Justiça Gratuita; c) Fixar alimentos provisórios no montante de 30% (trinta por cento) sobre o valor dos proventos do requerido, descontados apenas os descontos legais, a serem depositados em conta de titularidade da requerente; d) Citar o réu de acordo com o procedimento comum, para que, querendo, apresente contestação, sob pena de revelia; e) Reconhecer como incomunicáveis os bens adquiridos exclusivamente pela autora antes da constituição da união estável, e consequentemente sua desconsideração para fins de partilha; f) Reconhecer a existência da união estável, e sua dissolução com as confirmações legais; g) Condenar o réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios de sucumbência em até 20%, nos termos do artigo 85, §2º, do CPC. Protesta ainda, provar o alegado por todos os meios admitidos em direito, em especial o depoimento pessoal do requerido, a testemunhal, a documental e a pericial. Dar-se-se à causa o valor de R$ 454.000,00 (quatrocentos e cinquenta e quatro mil reais) Nestes termos em que pede, espera e confia deferimento. Fortaleza, 22 de setembro de 2018. CLAUDEMIR BEZERRA DE ALMEIDA FILHO OAB CE XX.XXX.
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