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Caso concreto 10 - Prática PENAL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI ..... DO ESTADO DO ....
AUTOS Nº:
JERUSA, já qualificado nos autos da ação penal nº ... que lhe move a JUSTIÇA PÚBLICA, por seu advogado que esta lhe subscreve, não se conformando com a respeitável decisão do juízo a quo que veio a pronunciar a ré por crime de homicídio doloso na modalidade de dolo eventual, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO com fundamento no art. 581, IV do CPP.
Requer seja o presente recurso recebido e processado e caso Vossa Excelência entenda sobre a modificação da respeitável sentença que seja feito o juízo de retratação nos termos no art. 589 do CPP, mas caso assim não entenda que seja o presente recurso remetido com as inclusas razões ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de ...
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e 09 de Agosto de 2013.
Advogado/OAB
RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
RECORRENTE: Jerusa 
RECORRIDO: Justiça Pública
Processo n.: ...
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado, 
Colenda Câmara,
Douta Procuradoria do Estado.
Em que pese o indiscutível saber jurídico do meritíssimo juízo a quo, vem, pelo presente oferecer razões nos termos do art. 588 do CPP, impondo a reforma da respeitável decisão de pronúncia da ré, pelos motivos de fatos e de direitos a seguir expostos:
I - DOS FATOS 
Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa decide ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida. Para realizar a referida manobra, entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veículo e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via. Não obstante a presteza no socorro que veio após o chamado da própria Jerusa e das demais testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos sofridos pela colisão.
Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o Ministério Público decide oferecer denúncia contra Jerusa, imputando-lhe a prática do delito de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP).
Argumentou o ilustre membro do Parquet a imprevisão de Jerusa acerca do resultado que poderia causar ao não ligar a seta do veículo para realizar a ultrapassagem, além de não atentar para o trânsito em sentido contrário. A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos processuais exigidos em lei foram regularmente praticados. Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória.
II - DOS DIREITOS 
Excelência, essa ação versa sobre a decisão de pronúncia contra a acusada pelo crime de homicídio doloso na modalidade de dolo eventual. 
A acusada fez uma ultrapassagem na estrada por estar atrasada para um compromisso e acabou por esquecer de dar a seta e atingiu a vítima que vinha em alta velocidade o que justificou um dano maior.
Logo após a ocorrência dos fatos a acusada veio a prestar socorro à vítima e fez tudo de forma correta para que o resultado mais gravoso não ocorresse, mas assim mesmo o ofendido não resistiu e veio a falecer. 
Diante de tais fatos está claramente evidenciado que, em nenhum momento a acusada teve a intenção de provocar a morte da vítima e tampouco, agiu de forma a se arriscar a produzir tais resultados, nos termos do art. 18, I, parte final do CP. Aconteceu que, a acusada foi negligente ao não notar que a seta estava desligada e acabou causando o acidente, mas mesmo que a seta estivesse ligada pelo fato do ofendido estar em alta velocidade assim mesmo teria ocorrido o acidente que veio a causar a morte deste.
Nesse sentido, deve o delito ser desclassificado nos termos do art. 419 do CPP, do homicídio doloso para o homicídio culposo na direção de veículo automotor previsto no art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro.
Havendo tal desclassificação deve-se reconhecer a incompetência do Tribunal do Júri para julgamento da acusada já que esta não cometeu um crime doloso contra a vida.
III - DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto requer seja o presente recurso recebido e provido de forma que venha a reformar a respeitável sentença desclassificando o crime de homicídio doloso para homicídio culposo na direção de veículo automotor nos termos do art. 419 do CPP. Ainda nesse sentido, ocorrendo a desclassificação que seja o Tribunal Júri declarado incompetente para julgar tal delito por não ser crime doloso contra a vida.
Nesses termos,
Pede deferimento.
Local e 09 de agosto de 2013.
Advogado - OAB

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