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PARECER JURÍDICO 2-3

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PARECER JURÍDICO 
Requerente: [nome do requerente] 
Ementa: CONTAMINAÇÃO DO RIO – RESPONSABILIDADE CIVIL – TRATADO INTERNACIONAL – ACORDO INTERNACIONAL – COMPROMISO INTERNACIONAL– (IM)POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO DO PAÍS Z. DA CONSULTA 
Trata-se de consulta formulada com objetivo analisar o derramamento de combustível durante uma viagem com uma embarcação marítima do País Z, em território do País X, onde houve contaminação das águas do referido rio. É mister destacar que os países envolvidos na lide estão de comum acordo para encontrar uma solução extrajudicial através de Tribunal Arbitral. 
É o relatório. Passo a opinar. 
DA FUNDAMENTAÇÃO 
Tratados Internacionais são acordos formais, de livre vontade entre Estados ou entre Organização Internacionais, são as fontes mais importantes no Direito Internacional Público. 
Todavia será de suma importância à conceituação de Tratado pela Convenção de Viena de 1969: 
Artigo 2º: 1. Para os fins da presente Convenção: a) "tratado" significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. 
Para Francisco Rezek, o conceito é mais amplo: “Tratado é todo acordo formal concluído entre pessoas jurídicas de direito internacional público, e destinados a produzir efeitos jurídicos” (REZEK, 2007, p.14). 
Segundo Valério Mazzuoli: 
“Tratado Internacional é um acordo formal de vontades concluído entre os sujeitos do Direito Internacional Público, regido pelo direito das gentes e 
destinado a produzir, imprescindivelmente, efeitos jurídicos para as partes que a ele aderirem, devendo ser compreendido de modo genérico (...) de forma que a utilização do termo vem sendo indiscriminadamente utilizado pelas Constituições brasileiras, sendo a expressão ‘Convenção Internacional’ apropriada para os atos multilaterais, oriundos de conferências internacionais, que versem sobre assuntos de interesse geral” (MAZZUOLI, 2007, p. 141). 
Existem diversas espécies de institutos que norteiam o gênero maior que é o tratado, destaca-se as seguintes denominações: convenção, acordo, protocolo, carta, estatuto, ata, declaração, engagement, arrangement, regulation, provision, exchange of notes, modus vivendi e memorandum, que são as mais empregadas na prática, servindo todas praticamente como sinônimas (ROUSSEAU, 1961, p. 22). 
Cumpre-nos destacar duas espécies de tratados que estão sendo objeto de análise neste parecer. São eles: o Acordo Internacional, como forma de manter uma relação de caráter econômico, financeiro, comercial ou cultural entre dois ou mais países e o Compromisso Internacional, como instrumento de resolução de conflitos de forma extrajudicial. (VARELLA, 2017, não paginado) 
A validade do tratado está condicionada há alguns critérios que foram melhor esclarecidos na Convenção de Viena. Valério Mazzuoli demonstra em suas lições os critérios necessários e indispensáveis a validade do tratado. Vejamos: 
... nos termos da Convenção de Viena de 1969, para que um tratado seja considerado válido, requer-se que as partes contratantes (Estados ou organizações internacionais) tenham (1) capacidade para tal, que os seus agentes signatários estejam (2) legalmente habilitados (por meio de carta de plenos-poderes, assinada pelo Chefe do Executivo e referendada pelo Ministro das Relações Exteriores), que haja (3) mútuo consentimento (que se revela no livre e inequívoco direito de opção do Estado, manifestado em documentação expressa) e que seu objeto seja (4) lícito e materialmente possível (MAZZUOLI, 2007, p. 161). 
A arbitragem enquanto compromisso internacional viabiliza a solução de conflitos derivados de acordos realizados entre países pois garante uma solução que satisfaça o interesse em ambos os envolvidos, além de promover uma resposta a problemática de maneira mais célere. Sobre a arbitragem, a Convenção de Nova Iorque leciona 
“Artigo II, 1: o acordo escrito pelo qual as partes se comprometem a submeter à arbitragem todas as divergências que tenham surgido ou que possam vir a surgir entre si no que diz respeito a um relacionamento jurídico definido, seja ele contratual ou não, com relação a uma matéria passível de solução mediante arbitragem.” 
Natália Maria Freitas de Assis, expõe que no âmbito internacional a arbitragem pode ser utilizada para dirimir conflitos ambientais, sejam elas de cunho disponível ou indisponível e que, “portanto, não se pode pretender a aplicação do artigo 1º da Lei de Arbitragem (direitos patrimoniais indisponíveis), vez que os tratados e convenções ambientais, expressamente, admitem a arbitragem.” (DE ASSIS, 2014, p.14). 
O art.1º da lei 9.307/96 expõe que “As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.” Ainda assim, boa parte da doutrina entende pela impossibilidade de se utilizar a arbitragem na esfera do direito ambiental, já que o mesmo é um direito difuso, indisponível (SALIN, 2015, p.171). [1: Aqui, partiu-se do pressuposto de que um dos Estados envolvidos no caso em abstrato, poderia ser o Brasil. Daí a ideia de demonstrar a Lei 9.307/96 como instrumento de legitimação em busca da solução da lide. ]
Não obstante, no âmbito do direito internacional, a arbitragem é muito utilizada para resolução de questões e conflitos ambientais como forma de composição entre Estados Soberanos. A arbitragem está prevista, por exemplo, na Convenção de Basiléia sobre o controle de movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos e seu depósito. (DE ASSIS, 2014.p.05-06). Vejamos: 
ARTIGO 20 
SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS 
No caso de alguma controvérsia entre as Partes quanto à interpretação, aplicação ou cumprimento da presente Convenção ou de qualquer protocolo da mesma, estas deverão procurar solucionar a controvérsia por meio de negociações ou de qualquer outro meio pacífico de sua escolha. 
Caso as Partes interessadas não consigam solucionar a controvérsias pelos meios mencionados no parágrafo anterior, a controvérsia deverá ser submetida, se as Partes nela envolvidas assim concordarem, à Corte Internacional de Justiça ou a arbitragem sob as condições descritas no Anexos VI sobre Arbitragem. Não obstante, caso não cheguem a um acordo quanto à submissão da controvérsia à Corte Internacional de Justiça ou a arbitragem, as Partes não ficarão isentas da responsabilidade de continuar a procurar uma solução pelos meios mencionados no parágrafo 1. 
Ao ratificar, aceitar, aprovar, confirmar formalmente ou aderir à presente Convenção, ou em qualquer momento subsequente, um Estado ou organização de integração política e/ou econômica poderá declarar que reconhece como obrigatório de pleno direito e sem acordo especial, em relação a qualquer Parte que aceite a mesma obrigação; a submissão da Controvérsia: 
à Corte Internacional de Justiça; e/ou 
a arbitragem de acordo com os procedimentos estabelecido 
no Anexo VI. 
Essa declaração deverá ser notificada por escrito ao Secretariado, que a comunicará às Partes. 
 “A indisponibilidade do meio ambiente não impede a utilização dos meios alternativos de solução de conflitos ambientais” (SCALASSARA, 2006, p.27). Assim, segundo este entendimento, mesmo direitos indisponíveis, como o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, pode ser objeto da arbitragem. Não se trata de aceitar a disponibilização do direito ao meio ambiente. Para esses doutrinadores, o que ocorre é que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, em especial no que se refere a sua responsabilização civil, mesmo sendo um direito indisponível, poderá ser objeto de um procedimento arbitral. 
A indisponibilidade do bem ambiental apenas importa em impedimento quanto ao direito material, mas não impede a realização de acordos sobre o conteúdo processual ou mesmo sobre a forma de reparação do dano ambiental (SCALASSARA, 2006, p.23). Dessa forma, sua indisponibilidadenão impediria a utilização de meios alternativos para a solução dos conflitos ambientais (SCALASSARA, 2006, p.30). 
CONCLUSÃO 
Pelo exposto, respondendo ao questionamento formulado na consulta, entendemos que os instrumentos jurídicos utilizados no caso em abstrato estão em conformidade com os institutos levantados pela doutrina do direito internacional público como juridicamente legais e possíveis, levando em consideração que o compromisso ora firmados entre os Estados, importa em submissão ao Tribunal Arbitral. Com fundamento nos princípios gerais do direito internacional, exemplo dos princípios da boa-fé, da proteção da confiança, do respeito à coisa julgada, do direito adquirido, da responsabilidade do Estado por ações ou omissões que infrinjam os direitos fundamentais, do ex injuria jus non oritur, além do pacta sunt servanda.
Portando entendemos que o País Z, tem responsabilidade em arcar com os danos ambientais decorrentes do derramamento de combustível em território do País X, devendo, o Tribunal Arbitral ser presidido por representante do País Y, que possua total e irrestrita confiança de ambos os envolvidos na lide.
É o parecer. 
Ananindeua, 11 de março de 2019. 
[Nome do Advogado Orientador] 
[Número de Inscrição na OAB] 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. 15ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 
HUSEK, Carlos Roberto. Curso de Direito Internacional Público. 7ª ed. São Paulo: LTr, 2007. 
MAZZUOLI, Valério. Curso de Direito Internacional Público. 2º ed. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2007. 
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. 5ª ed. São Paulo: LTr, 2009. 
MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. 12ª ed. São Paulo: Renovar, 2000. 
REZEK, José Francisco. Direito internacional público. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 
ROUSSEAU, Charles. Droit International Public Approfondi. Paris: Précis Dalloz, 1961.

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