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petição inicial

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Excelentissimo Senhor Doutor Juiz De Direiro Da __ Vara Cível Do Foro Da Comarca De FORTALEZA-CE
Maria da Penha Souza, brasileira, união estável, vendedora, portador do documento de identidade nº 2007540- 7, inscrito no CPF sob o nº 043.234.453-62, tendo como endereço eletrônico mari.souza@gmail.com, domiciliado e residente na Rua Mariano Cavalcante, nº 345, bairro Papicu, por meio de sua advogada que está subscreve (procuração em anexo), com endereço profissional Rua Desembargador Moreira, CEP 540.910-15, tendo como endereço eletrônico adv. associados@gmail.com, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, propor:
AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTAVEL C/C PARTILHA DE BENS C/C AÇÃO DE ALIMENTOS
 Com fundamento no artigo 77, inc. V do Código de Processo Civil.
 Em face de Joaquim Nabuco, brasileiro, casado, empreendedor, portador do documento de identidade nº 20071145-9, inscrito no CPF sob o nº 604.070.983-45, tendo como endereço eletrônico nabuc.joaquim54@gmail.com, domiciliado e residente na Rua José Vilar, nº222 , pelo o procedimento comum, baseado nos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:
· PRELIMIRNAMENTE
GRATUIDADE DE JUSTIÇA
 		A requerente pleiteia o benefício da Justiça Gratuita, assegurado pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e Lei Federal 1060/50, como também no art 98, CPC. Tendo em vista que não pode arcar com as despesas processuais, sem prejuízo de seu sustento e de sua família, conforme a declaração de hipossuficiência anexa( Doc3).
DA OPÇAO PELA REALIZAÇAO DA AUDIENCIA DE MEDIAÇAO
 		A parte autora deseja a participação da audiência de mediação a ser designado por este respeitável juízo.
I. DOS FATOS
 		A requerente sustenta que convive com o requerido por dez anos contínuos, período de junho de 1997 até dezembro de 2017, desta união pública e duradoura resultou no nascimento de duas crianças, conforme faz prova os documentos anexos (Doc 4 e 5).
Lucca Felipe de Souza Nabuco, nascido em 23/12/2000
Ana Rafaela de Souza Nabuco, nascida em 10/01/2010
 		A autora quando iniciou a relação com o Réu vivia no ápice da sua carreira profissional, exercendo função de administradora em uma joalheria, na qual trabalhava por 10 (dez) anos e por tanto almejar alcançar tal cargo submetera a realização de cursar e concluir o curso de Administração. A peticionante sempre foi uma companheira dedicada ao seu convivente, aos filhos e ao lar. Sempre zelosa e amorosa, foi responsável pela criação e educação dos filhos, além, é claro, de ser o apoio constante para seu companheiro nos momentos de tristeza e alegria e, inclusive, substituindo-o na criação dos filhos enquanto o mesmo dedicava-se ao seu novo empreendimento.
 		Ao logo do relacionamento construíram um patrimônio considerável, fruto do trabalho e esforço em comum, amealhando bens, móveis e imóveis.
 		No transcorrer da relação, construíram uma casa localizada no endereço Rua Mariano Cavalcante, nº 345, bairro Papicu, onde inclusive é a atual residência da requerente e de seus filhos. Apesar de não possuir registro de escritura pública, o imóvel é estimado no valor de R$ 250.000,00 ( duzentos e cinquenta mil reais)
 		Após a convivência marital a autora basicamente fora reduzida ao papel de cuidadora dos filhos, responsável pelas tarefas domésticas e somente no período em que as crianças estavam na escola conseguia trabalhar na mesma joalheria, no entanto, agora, como vendedora. Enquanto isso, o companheiro conseguiu fazer fortuna e hoje é empresário de sucesso na venda de automóveis. Além disso, possui uma fazenda de 1.200.000 m² em Maranguape, na qual a autora passava férias em família com os filhos e o requerido, conforme faz prova foto em anexo. 
 		Excelência, é perfeitamente possível afirmar que o réu desfruta de uma situação financeira estável, vivendo uma vida magnificente se comparada a da autora. Ainda assim, mesmo vivendo luxuosamente, tendo um rendimento médio mensal de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais), o réu fornece uma “ajuda de custo” mensal no valor de 600,00 por mês. 
 		É intolerável que depois de 10 anos de vida em comum, sua ex- companheira viva da comiseração do réu e tenha que implorar por um direito dela e dos filhos. Depois de inúmeras tentativas de fazer o reconhecimento e dissolução da convivência de forma amigável, e não tendo êxito em nenhuma delas, não restou outra alternativa, senão buscar o Poder Judiciário para que seja declarada o reconhecimento
II-DO DIREITO
II.1 DA UNIÃO ESTÁVEL
A Constituição Federal confere status de entidade familiar à união estável, gozando, portanto, de tutela estatal, é o que estabelece em seu art. 226, §3º:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento
Por seu turno, afirma o Estatuto Civil brasileiro:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens
No caso em estudo, está caracterizada a UNIÃO ESTÁVEL, pois estão presentes todos os elementos intrínsecos ao instituto. A união preteritamente descrita foi uma relação estável, pública, contínua, duradoura e com o ânimo de constituir família.
 (grifo nosso)
 		Diante dos fatos narrados alhures, o relacionamento durou 10 anos ininterruptos, e do enlace nasceram 2 filhos comuns. As fotos anexadas aos fólios evidenciam momentos do cotidiano em família, como festas de aniversário e outros momentos da vida comum.
No caso em tela, restou demonstrado, de forma inequívoca, que a relação dos conviventes possuía o elemento mais importante para a caracterização definitiva da UNIÃO ESTÁVEL: o intuito familiae ou também chamado de affectio maritalis.
É inegável que o nascimento de uma prole composta de 2 filhos é o resultado mais evidente do objetivo da constituição de família. Somado a isso, não se pode esquecer que foram 10 longos anos de vida comum, por si só, essa dezena de anos reforça a tese de que os conviventes desejavam estar unidos como se casados fossem.
3.2 DA PARTILHA DE BENS
Como restou esclarecido, os conviventes ao longo da vida em comum amealharam diversos bens móveis e imóveis, todavia, o convivente réu negociava os referidos bens, mas nunca partilhou os frutos dessas alienações com a requerente, o que certamente lhe prejudicou a constituição de um patrimônio mínimo que lhe possa conferir dignidade e segurança para o resto da vida. Além disso, os bens adquiridos na constância da união à título oneroso, presumem-se em comunhão de esforços.  Estabelece a Lei 9.278/96, em seu art. 5º:
Art. 5° Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito.
O Código Civil no seu art. 1.725 afirma que se aplicam às uniões estáveis o mesmo regime da comunhão parcial de bens:
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
Construíram, por esforço comum e durante a convivência marital, uma casa localizada à Rua Mariano Cavalcante, nº 345, bairro Papicu , atualmente sem registro no cartório de imóveis, de valor estimado em R$250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais). Hodiernamente, a requerente reside no imóvel na companhia das filhas em comum.É desejo da requerente que lhe seja deferida a meação em relação ao imóvel em questão, por ser fato da mais lídima justiça. Será necessária a vistoria por perito avaliador judicial para que seja determinado o valor real do imóvel. Enquanto o imóvel não for vendido ou até que lhe seja pago valor equivalente a meação do imóvel, deseja ser mantida na posse do imóvel, sem nenhum ônus, pois não possui imóvel próprio, tampouco familiares que possam lhe abrigar.   
3.3 DOS ALIMENTOS
A Lei nº 8.971/94 estabelece que a companheira pode socorrer-se da Lei de Alimentos nº 5.478/68 para requerer alimentos ao companheiro desde que tenha dele prole e comprove sua necessidade.
Art. 1º A companheira comprovada de um homem solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viúvo, que com ele viva há mais de cinco anos, ou dele tenha prole, poderá valer-se do disposto na Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968, enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade
No exame do caso concreto, a requerente tem 2 filhos em comum com o requerido, conforme ficou provado com as identidades das mesmas acostadas aos autos, bem como, não resta dúvida que a convivente varoa necessita urgentemente de alimentos para sobreviver. Como foi explicado anteriormente, a requerente não trabalha e não possui qualificações técnico-educacionais para ingressar no mercado de trabalho.
Ademais, ficou claro que, ao longo de 10 anos de vida marital, a requerente foi impedida de trabalhar na sua área de formação, o que, por certo, retirou-lhe por completo a possibilidade de uma colocação no mercado laborativo. Hoje com 39 anos, se dedicou verdadeiramente a cuidar da prole e de seu ex-companheiro, encontra-se em uma situação deveras adversa economicamente. 
A requerente sobrevive com míseros R$500 (quinhentos reais) mensal, que somados a ajuda de custo que o réu fornece para as crianças sequer atingem o valor de 1 salário mínimo ao mês. Esse valor é ultrajante, é humilhante, é injustificável.
Depois de 10 anos de convivência, de ter lhe dado a alegria de 2 filhos, de tê-las criado com carinho e muito amor, ao final, o que ela recebeu? Uma esmola em agradecimento. Amparada na legislação própria de Alimentos, Lei 5.478/68, tem-se que:
Art. 2º. O credor, pessoalmente, ou por intermédio de advogado, dirigir-se-á ao juiz competente, qualificando-se, e exporá suas necessidades, provando, apenas o parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor, indicando seu nome e sobrenome, residência ou local de trabalho, profissão e naturalidade, quanto ganha aproximadamente ou os recursos de que dispõe.
Ínclito julgador, é inadmissível que essa situação de penúria perdure. Se faz necessária uma intervenção imediata de Vossa Excelência a fim de estabelecer um valor digno em favor da requerente, que lhe permita viver com dignidade, assim como determina a Carta Magna brasileira em seu art. 1º, III CF/88.
 		Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
O Código Civil brasileiro preconiza em seus arts. 1.694 e 1.695:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento                    
Sabe-se que a obrigação alimentar advém do caráter de solidariedade ínsito ao direito de família, mas também do trinômio NECESSIDADE + POSSIBILIDADE + PROPORCIONALIDADE. Não há qualquer objeção quanto ao fato da possibilidade de prestar alimentos por parte do requerido. O mesmo é um empresário de muito prestígio e goza de uma vida faraônica, se comparado às condições de vida da requerente.
É visível a disparidade econômica entre o requerido e a requerente. Não há como negar sua plena capacidade contributiva. É indiscutível que o requerido leva uma vida luxuosa e dá sinais exteriores de riqueza, quando transita em veículo importado AMAROK VERMELHA, avaliado em R$120.000,00, e possui reservas monetárias para construir casas e delas retirar frutos civis de aluguéis, que lhe rendem ao mês R$18.000,00 (dezoito mil reais). A renda média mensal do requerido aproxima-se de R$16.000,00 (dezesseis mil reais). 
Por outro giro, é inegável a situação de carência pela qual vive a requerente. Esta vive da comiseração de seus parentes e filhos que a ajudam a ter uma vida minimamente decente.
 (grifo nosso)
3.4 DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS
O art. 4º da Lei de Alimentos determina:
Art. 4º Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.
Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo cônjuge, casado pelo regime da comunhão universal de bens, o juiz determinará igualmente que seja entregue ao credor, mensalmente, parte da renda líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor.
A requerente necessita urgentemente de Alimentos Provisórios para que possa viver com o mínimo de decência e dignidade. Para tanto, com base na excelente condição financeira do requerido, diante dos fatos devidamente comprovados, faz-se mister a concessão de alimentos provisórios em valor nunca inferior a 4( quatro) salários mínimos.
DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. ALIMENTOS ENTRE CÔNJUGES. PRAZO. Se, na constância do casamento, a mulher não dispõe dos meios próprios para prover o seu sustento e se o seu marido tem capacidade para tanto, não se pode fixar o dever alimentício pelo prazo de apenas um ano, apenas porque ela é jovem e capaz para o trabalho. Recurso conhecido e provido. (REsp 555.429/RJ, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 08/06/2004, DJ 11/10/2004, p. 339)
CIVIL. PENSÃO ALIMENTÍCIA. Acórdão que limitou o dever de alimentar pelo prazo de um ano, à consideração de que a mulher é professora municipal, com renda própria. Julgado reformado em razão das circunstâncias de fato: dedicação da mulher à família por mais de 20 (vinte) anos, impedindo-a de melhorar sua formação profissional, com a conseqüência de ter remuneração insuficiente para atender-lhe as despesas básicas. Recurso especial conhecido e provido. (REsp. 214.757/RJ, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/04/2002, DJ 17/06/2002, p. 255)
Portanto, diante dos argumentos acima aduzidos, e à luz da ordem jurídica pátria, resta evidenciado que a requerente merece total, pleno e irrestrito acolhimento.
III. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, a peticionante requer:
LIMINARMENTE, A FIXAÇÃO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS no valor não inferir a 4 salários mínimos, nos termos do art. 4º da Lei 5.478/68;
A CITAÇÃO do requerido nos termos do art. 222, a) e 224 do CPC para, querendo, apresentar resposta no prazo legal, sob pena de revelia e confissão quanto aos fatos aqui aduzidos:
Ao final seja JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE a ação, e declarada, reconhecida e dissolvida por sentença a UNIÃO ESTÁVEL entre os conviventes, bem como a partilha de bens e a confirmação de alimentos em favor da requerente no valor não inferior a 4 salários mínimos;
A INTIMAÇÃO do ilustre representante do Ministério Público, nos termos do art. 82, III CPC;
Os BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA, nos termos do art. 5º, LXXIV da CF/88, da Lei 1.060/50, por serem pobres na forma da lei e não possuírem condições financeiras e econômicas de arcar comas custas e demais despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família;
A NOMEAÇÃO de Perito Avaliador para que proceda a avaliação judicial do imóvel objeto da partilha;
A CONDENAÇÃO do requerido em custas e honorários advocatícios de 20%;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, especialmente pela produção de prova documental, testemunhal, e através depoimentos das partes e perícias. 
Dá-se a causa o valor de R$ 28.800,00 (vinte e oito mil e oitocentos reais)
Termos em que
Pede deferimento,
Fortaleza, 26 de setembro de 2019
JACINTO NETO
Advogado OAB/CE 45.454

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