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1 Universidade Paulista – UNIP Curso de Graduação em Enfermagem ESTÁGIO SUPERVISONADO Manaus – Am 2019 2 Eliane de Souza Balieiro ESTUDO DE CASO CLÍNICO PACIENTE EM PROCESSO DE ABORTO Manaus-AM 2019 Trabalho elaborado para obtenção da nota parcial da disciplina ESTÁGIO SUPERVISIONADO, solicitado pelo Docente: Prof. Luciana Barros de Lima. 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 04 FISIOPATOLOGIA .......................................................................................................................... 06 CASO CLINICO ............................................................................................................................... 15 ANAMNESE ....................................................................................................................................... 15 EXAME FÍSICO ............................................................................................................................... .16 DIAGNOSTICO DE ENFERMAGEM ..................................................................................... 18 EVOLUÇÃO ...................................................................................................................................... 21 CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 22 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 23 ANEXO ................................................................................................................................................ 24 4 INTRODUÇÃO O abortamento revela um sério problema de saúde pública, com maior incidência em países em desenvolvimento, sendo uma das principais causas de mortalidade no Brasil. É a mais comum intercorrência obstétrica (SANTOS,2014). A Organização Mundial da Saúde (OMS), revela que a metade das gestações é indesejada; com uma a cada nove mulheres brasileiras que se dirige ao abortamento para interromper uma gestação não planejada. No Brasil, o abortamento espontâneo ocorre em aproximadamente 10 a 15%. Outros 10% são provocados pelas mais diferentes formas, bem como associada as desigualdades sociais brasileiras. Essa realidade, evidencia o impacto que este procedimento tem sobre a saúde da mulher em nosso país (SANTOS,2014). A atenção de qualidade é um direito da mulher, sobre tudo, quando esta se encontra em situação de vulnerabilidade física e emocional, independente de que seja um parto, um aborto espontâneo ou provocado. Entretanto, percebe-se que acesso, privacidade, resolutividade e integralidade são princípios ainda negligenciados quando se trata das mulheres em situação de abortamento (GESTEIRA,2016). Com relação ao aborto inseguro, uma maior parte ocorre em países onde as leis são mais restritivas e consideradas ilegais. Desse modo, muitas mulheres em situação de gravidez não desejada, buscam caminhos clandestinos para efetuar o aborto e, consequentemente, colocam sua vida em risco. O ato de incitar ou provocar o aborto ocorre com mais frequência por mulheres com poder aquisitivo baixo, onde procuram clinicas clandestinas de aborto, em algumas situações esse ato é realizado na própria residência, com instrumentos sem nenhum preparo estéril e ausência de técnicas assépticas e/ou administração da medicação mesoprostol (OLIVEIRA,2015). 5 As complicações do aborto são importantes fatores de risco de morbimortalidade, todavia, as mulheres em sua maioria, apresentam complicações e, em alguns casos, necessitando de hospitalização e, consequentemente, de assistência humanizada e de qualidade. A maioria das mulheres no transcorrer de um processo de abortamento busca nos serviços de saúde, profissionais qualificados e capazes de ouvi-los em suas queixas e prestar assistência de enfermagem sem julgamento (OLIVEIRA,2015). No tangente ao enfermeiro, é essencial o conhecimento aprofundado do código de ética, para estabelecer subsidio no exercício da profissão visando proporcionar uma intervenção de enfermagem ética, legal e humanizada (OLIVEIRA,2015). Devido ao grande avanço do percentual de abortamento, e também de possíveis riscos aliados a tal fato, é importante estabelecer um roteiro de ações que norteie a equipe de enfermagem no atendimento as mulheres vítimas de abortamento, estabelecendo um protocolo que defina-se o papel do enfermeiro no atendimento as mulheres em processo de abortamento ou aborto ilegal (GESTEIRA,2016). 6 FISIOPATOLOGIA DO PROCESSO DE ABORTO A fisiopatologia se refere ao sangramento que ocorre na decídua basal, com posterior necrose tecidual, este atua como foco irritativo levando ao estímulo de contrações uterinas que por sua vez determinam um maior descolamento de placenta. A atuação uterina está presente em quase todo o processo antes da expulsão do ovo já solto para fora da vagina, sendo esta parte realizada pelos músculos abdominais. As passagens ósseas nunca interferem no processo nas primeiras seis a oito semanas, comumente é eliminado o ovo inteiro, coberto pela decídua. Se o orifício externo oferecer resistência e não se dilatar, o ovo fica retido no colo distendido, o processo de abortamento pode tomar vários cursos durante o terceiro e quarto mês (RODRIGUES, 2015). No primeiro curso o concepto deve ser expelida totalmente, com o feto em um saco intacto fixado a placenta. Este é o caso de melhor prognóstico para a mulher, já que a hemorragia comumente é mínima, o processo é auto- limitante e nem sempre tem a necessidade de intervenção. As membranas podem se romper e dar saída ao feto ou o colo pode fechar-se e reter a placenta. O útero mais tarde faz o segundo esforço para expulsar os restos placentários (RODRIGUES,2015). Durante o intervalo, devido parcialmente ao descolamento da placenta, a hemorragia pode se tornar abundante, fazendo com que seja necessária uma intervenção. Terceiro, a decídua capsular e o córion podem fender-se, permitindo que o feto que está no saco amniótico escape, o útero ainda contém a placenta e o córion, pode ou não ocorrer sangramento até começar o descolamento da placenta. No abortamento, as contrações uterinas atuam da mesma maneira como no trabalho de parto. A dilatação do colo também é produzida da mesma maneira. Após o esvaziamento do seu conteúdo, o útero se contrai e começa a involução. Algumas vezes aparecem dores pós- abortamento e pode mesmo ocorrer lactação (BRASIL,2015). 7 FORMAS CLÍNICAS DE ABORTAMENTO SEGUNDO (MONTEIRO,2017): A) AMEAÇA DE ABORTAMENTO (ABORTO EVITÁVEL) A ameaça de abortamento refere-se á gravidez clinicamente possível acompanhada de cólicas ou não, sangramento vaginal de origem intra-uterina, decorrente, pelo geral, de hematoma subcoriônico após descolamento parcialda placenta. B) ABORTAMENTO INEVITÁVEL No Inevitável, o estágio se encontra avançado, neste caso não existe nenhuma forma de se evitar o aborto. a dor é intolerável, e a perca sanguínea é intensa levando a gestante a ter risco de óbito, a hemorragia é acompanhada por forte dor abdominal e dilatação cervical. Conforme Rezende (2008), o diagnóstico de abortamento inevitável é estabelecido quando o sangramento ocorre através do orifício interno do colo dilatado, especialmente se acompanhado de liquido amniótico após a ruptura das membranas. Neste caso frisa-se a importância do exame especular como diagnóstico. C) ABORTAMENTO INCOMPLETO Quando o aborto é incompleto, apenas parte do tecido é eliminada, neste caso a hemorragia não cessa e as cólicas são intensas, a hemorragia ocorre porque a presença de restos fetais ou embrionários no útero impede que ele se contraia de forma adequada. Diante de um aborto incompleto a quantidade de sangramento é maior que nos outros abortamentos, onde diminui com a saída de coágulos ou restos placentários. O colo do útero encontra-se aberto, assim sendo pode-se identificar o material ao exame especular. D) ABORTAMENTO COMPLETO O aborto completo se dá pela expulsão completa de todo o tecido presente no útero, neste caso o sangramento cessa conjuntamente com as cólicas, o útero volta ao tamanho normal e a cérvix se torna completamente ocluída. E) ABORTAMENTO RETIDO Revela morte fetal sem a sua expulsão, habitualmente com sangramento vaginal ausente. O chamado ovo anembrionado é tipo de abortamento retido no qual não 8 se identifica o embrião através do ultra-som vaginal. Segundo o Ministério da Saúde, neste tipo de aborto, o orifício cervical encontra-se fechado e geralmente não há hemorragia. O exame de ultra-sonografia revela produto da concepção sem vitalidade ou sua ausência. O aborto retido deve ser suspeitado quando não ocorre crescimento uterino, quando o BCF não é ouvido na época apropriada, ou quando o BCF estava presentes previamente e agora não. F) ABORTAMENTO HABITUAL O abortamento habitual é definido como abortos sucessivos, repetidos por três ou mais vezes, ocorrendo em cerca de 1% das mulheres idade reprodutiva. G) ABORTO SÉPTICO O aborto infectado geralmente ocorre com muita frequência, devido à manipulação inadequada da cavidade uterina em consequência das técnicas errôneas e inseguras. As infecções uterinas são microbianas e adquiridas por bactérias da flora vaginal e intestinal sendo elas Escherichia coli, Proteus vulgaris, Estafilococos aureos, Estreptococos hemolíticos, entre outros, os medicamentos prescritos neste caso são à base de antibióticos. É a infecção do conteúdo uterino antes, durante e depois o abortamento. A paciente ira apresentar os sinais e sintomas específicos de infecção, sendo eles: Calafrios, temperatura elevada (mais de 38 ºC), septicemia e peritonite. Esta Infecção pode progredir para choque séptico. É característico de o aborto infectado apresentar sangramento com odor fétido, dores abdominais, algia na manipulação do útero e dor em órgãos pélvicos. 9 EXAMES LABORATORIAIS Ultrassonografia Transvaginal Útero: em AVF, de contornos regulares, limites preciosos, medindo 8.6 x 5.6 x 6.6cm, volume aumentado de 170.7 centímetros quadrados. Miométrio: Testura homogênea. Cavidade endometrial: heterogênea e irregular, medindo 15.1mm Anexos: Ovário direito: Normal Ovário esquerdo: Normal. PRESCRIÇÃO MÉDICA 1- Dieta zero 2- SF 0,9% 500ml EV (rápido) 3- SF 0,9% 500ml EV 30gts/min 4- Methergim 1 amp/IM 5- Oxitocina 10UI amp/IM 6/6h 6- Misoprostol 300mg (4 comprimidos de 200mg), via oral 7- Observar sangramento vaginal 8- Sinais Vitais. FARMACOLOGIA De acordo com o Modelo de Bula com Informações Técnicas aos Profissionais de Saúde disponibilizado pela ANVISA acerca da Methergin, oxitocina e misoprostol (ANVISA, 2016): 1- METHERGIN INDICAÇÃO Controle ativo do terceiro estágio do trabalho de parto (com a finalidade de promover a separação da placenta e reduzir a perda de sangue) Tratamento da atonia e da hemorragia uterinas que ocorrem: – durante e após o terceiro estágio do trabalho de parto – associadas com operação cesariana 10 – no pós-aborto –Tratamento da subinvolução do útero, da loquiometria e da hemorragia puerperal. ADVERTÊNCIAS Quando a apresentação é pélvica ou em outros casos de apresentações anormais, Methergin não deve ser administrado antes que o nascimento da criança esteja finalizado e, em prenhez múltipla, somente após nascer a última criança. O controle ativo do terceiro estágio de parto requer supervisão obstétrica. As injeções intravenosas devem ser administradas lentamente por um período de no mínimo 60 segundos, com monitoramento cauteloso da pressão sangüínea. A injeção intra ou periarterial deve ser evitada. Cuidados devem ser tomados na presença de hipertensão leve ou moderada (Methergin é contra-indicado na hipertensão grave) ou em distúrbios da função hepática ou renal. - Gravidez e lactação O uso de Methergin na gravidez é contra-indicado por causa da sua potente atividade uterotônica. Tem sido demonstrado que Methergin pode reduzir a secreção de leite, bem como ser excretado no leite materno (veja “Farmacocinética”). Foram observados casos isolados de intoxicação em lactentes cujas mães receberam o medicamento por vários dias. Um ou mais dos seguintes sintomas foram observados (desaparecendo com a suspensão da medicação): pressão arterial elevada, bradicardia ou taquicardia, vômito, diarréia, inquietude e cãibras clônicas. Em virtude das possíveis reações adversas para a criança e pela redução da secreção do leite, não se recomenda usar Methergin durante a lactação. - Efeitos sobre a habilidade de dirigir veículos e/ou operar máquinas Não são conhecidos. Entretanto, deve-se ter cautela ao dirigir veículos e/ou operar máquinas, especialmente durante o início do tratamento com Methergin. IINTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Methergin pode potencializar os efeitos vasoconstritores/vasopressores de outros medicamentos, tais como os simpatomiméticos (inclusive aqueles utilizados em anestesia local) ou outros alcalóides do ergot. Portanto, não se recomenda o uso concomitante de bromocriptina e Methergin no puerpério. Não são conhecidas interações adversas decorrentes da administração simultânea de Methergin e oxitocina. Para prevenção e tratamento da hemorragia uterina o uso combinado destes dois agentes uterotônicos por via 11 intramuscular pode ser vantajoso, uma vez que a oxitocina apresenta um período de latência muito curto, enquanto Methergin possui uma duração de ação prolongada. Anestésicos, como halotanos e metoxifluoranos, podem reduzir o potencial oxitócico de Methergin. EFEITOS ADVERSOS Freqüências estimadas: muito comum: ≥10%; comum: ≥ 1% a < 10%; incomum: ≥ 0,1% a < 1%, raras: ≥ 0,01% a < 0,1%; muito raras: < 0,01%. POSOLOGIA Controle ativo do terceiro estágio do trabalho de parto: Administrar 0,5 a 1 mL (= 0,1 a 0,2 mg) em injeção intravenosa lenta (veja “Precauções e Advertências”), após a saída do ombro anterior ou, o mais tardar, imediatamente após o nascimento da criança. A expulsão da placenta, que é normalmente separada pela primeira forte contração após a administração de Methergin, deverá ser auxiliada manualmente mediante manobras compressivassobre o fundo do útero. Em caso de parto sob anestesia geral, a dose recomendada é de 1 mL (0,2 mg). Tratamento da atonia/hemorragia uterina: 1 mL (0,2 mg) em injeção intramuscular ou 0,5 a 1 mL (0,1 a 0,2 mg) em injeção intravenosa lenta (veja “Precauções e Advertências”),). Pode-se repetir a cada 2 a 4 horas e, quando necessário, acima de 5 doses dentro de 24 horas. Tratamento de subinvolução, loquiometria e hemorragia puerperal: 0,125 a 0,25 mg (1 a 2 drágeas por via oral) ou 0,5 a 1 mL (0,1 a 0,2 mg) em injeção subcutânea ou intramuscular, até 3 vezes ao dia. 2- OXITOCINA INDICAÇÃO Antes do parto. Indução do parto por razões médicas, como por exemplo, em casos de gestação pós-termo, ruptura prematura das membranas, hipertensão induzida pela gravidez (pré-eclâmpsia); Estímulo das contrações em casos selecionados de inércia uterina; A Ocitocina (substância ativa) também pode ser indicada nos estágios iniciais da gravidez como terapia auxiliar do abortamento incompleto, inevitável ou retido. Pós-Parto Durante a operação cesárea, depois da retirada da criança; Prevenção e tratamento da atonia uterina e hemorragia pós-parto. 12 CONTRA-INDICAÇÕES Conhecida hipersensibilidade à Ocitocina (substância ativa) ou a qualquer excipiente da formulação; Hipertonia uterina, sofrimento fetal quando a expulsão não é iminente. Qualquer estado em que, por razões fetais ou maternas, se desaconselha o parto espontâneo e/ou o parto vaginal seja contraindicado, por exemplo: Desproporção céfalo-pélvica significativa; Má apresentação fetal; Placenta prévia e vasos prévios; Descolamento prematuro da placenta; presentação ou prolapso do cordão umbilical; Distensão uterina excessiva ou diminuição da resistência uterina à ruptura, como por exemplo, em gestações múltiplas; Poli-hidrâmnios; Grande multiparidade; Presença de cicatriz uterina resultante de intervenções cirúrgicas, inclusive da operação cesárea clássica. A Ocitocina (substância ativa) não deve ser administrada dentro de 6 horas após a administração de prostaglandinas vaginais. ADVERTÊNCIAS Indução do parto. A indução do parto por meio da Ocitocina (substância ativa) somente deverá ser efetuada quando estiver estritamente indicada por razões médicas e não por conveniência. A administração deve ser feita somente em condições hospitalares e sob controle médico qualificado. A Ocitocina (substância ativa) não deve ser usada por períodos prolongados em pacientes com inércia uterina resistente à Ocitocina (substância ativa), toxemia pré-eclâmptica grave ou distúrbios cardiovasculares graves. A Ocitocina (substância ativa) não deve ser administrada por infusão intravenosa em bolus, uma vez que pode causar hipotensão aguda de curta duração acompanhada de rubor e taquicardia reflexa. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Interações resultando em uso concomitante não recomendado Prostaglandinas e seus análogos; Prostaglandinas e seus análogos facilitam a contração do miométrio, portanto a Ocitocina (substância ativa) pode potencializar a ação uterina das prostaglandinas e análogos e vice-versa. Medicamentos que causam prolongamento do intervalo QT A Ocitocina (substância ativa) deve ser considerada como potencialmente arritmogênica, particularmente em pacientes com outros fatores de risco para torsades de 13 pointes, tais como medicamentos que prolongam o intervalo QT ou em pacientes com histórico de síndrome do QT longo. EFEITOS ADVERSOS indução do parto ou para o estímulo das contrações, a sua administração em doses excessivas produz um superestímulo uterino que pode causar sofrimento fetal, asfixia e morte, ou pode conduzir a hipertonia, tetania ou ruptura uterina. A administração intravenosa rápida em bolus de Ocitocina (substância ativa) em doses equivalentes a várias U.I. pode provocar uma hipotensão aguda de curta duração acompanhada por rubor e taquicardia reflexa. Estas alterações hemodinâmicas rápidas podem resultar em isquemia do miocárdio, particularmente em pacientes com doença cardiovascular pré-existente. POSOLOGIA Como usar? Ocitocina spray nasal: A dose usual é de uma nebulização, que corresponde a 1 dose graduada de 4 UI de ocitocina, administrada 2 a 5 minutos antes de amamentar o bebê ou de retirar o leite com a bomba de sucção. Uma melhor aplicação do spray é obtida com a mulher sentada. Para usar o spray, este deve-se destampar, mantendo o frasco em posição vertical, introduzir na narina e inalar suavemente, enquanto se aperta firmemente o frasco. Ocitocina injetável: A sua administração só deve ser realizada em condições hospitalares e com supervisão médica qualificada. 3- MISOPROSTOL INDICAÇÃO É indicado no tratamento e prevenção de úlceras no estômago e duodeno, em adultos. CONTRA-INDICAÇÕES Misoprostol está contraindicado para mulheres grávidas ou pretendendo engravidar e para pacientes com alergia ás prostaglandinas ou a algum dos componentes da fórmula. 14 ADVERTÊNCIAS Antes de usar, deverá falar com o seu médico se tiver menos de 18 anos, estiver grávida ou amamentando, tiver historial de pressão alta ou baixa, doença vascular cerebral ou coronariopatia, tiver doenças no aparelho gastrointestinal superior, doença de circulação de sangue ou nos vasos sanguíneos, doença inflamatória do intestino ou cerebrovascular ou se estiver a tomar outros medicamentos, incluindo medicamentos sem receita médica. Durante o tratamento com Misoprostol deve tomar especial cuidado ao dirigir veículos ou máquinas, pois este medicamento pode causar tonturas. O tratamento com Misoprostol nunca deve ser interrompido sem conhecimento do seu médico e os horários, as doses e duração do tratamento devem ser rigorosamente respeitados. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Segundo vários estudos clínicos, não há evidências de interações entre misoprostol e drogas que exerçam sua ação no coração, pulmão ou sistema nervoso central. EFEITOS ADVERSOS Os efeitos secundários, descritos durante o uso do misoprostol e outras prostaglandinas, são: dor abdominal discreta na maioria dos pacientes, diarreia (dose-dependente), flatulência, náuseas, vômitos, fadiga, cefaleia, febre, calafrios, sangramento prolongado e abundante que depende da idade gestacional, sendo mais frequente na apresentação de 200mcg. Estes efeitos tendem a diminuir nas primeiras horas após a eliminação do feto, podendo se prolongar por 24 a 48 horas. Entretanto, a administração de dose tão baixa como a contida na apresentação (25mcg), e aplicada por via vaginal, é muito bem tolerada e raras vezes provoca os efeitos descritos acima. POSOLOGIA Como usar? Tratamento de úlceras no estômago e duodeno. Geralmente a dose recomendada diária é de 800 mcg, equivalente a 4 comprimidos administrados em 2 ou 4 tomadas ao longo do dia, de acordo com indicação médica. Tratamento preventivo de ulceras geralmente a dose recomendada diária varia de 400 a 800 mcg, equivalente a 1 comprimido administrado 2, 3 ou 4 tomadas ao longo do dia, 15 de acordo com indicação médica. Os comprimidos de Misoprostol devem ser engolidos inteiros, juntamente com um copo de água e com alimentos. CASO CLÍNICO ANAMNESE E.M.C, 27 anos, sexo feminino, nascida no dia 23/12/90, parda, natural de Manaus, casada, possui ensino médio incompleto, dona do lar. Reside em rua São Marcos, n◦.68, bairro Novo Israel, em Manaus-Am. E.M.C, está em seu primeiro dia de internação hospitalar, vinda de sua residênciaacompanhada de seu esposo, onde foi admitida nesta unidade hospitalar, no dia 26/08/19 ás 08:00h da manhã, queixando dores na região da pélvica e sangramento vaginal. A mesma relata que nesse mesmo dia, por volta das 06:00h foi varrer o banheiro, perdeu o equilíbrio e caiu, não teve perda de consciência, porém, sentia dores; foi quando seu esposo chegou do trabalho e, assim então seguiram para o Instituto da Mulher e Maternidade Dona Lindu, ao chegar, a mesma passou por uma avaliação medica, no qual foi solicitado alguns exames laboratoriais e uma ultrassonografia transvaginal, diante disso, foi diagnosticado, pelo médico, abortamento incompleto. A paciente encontra-se internada aguardando procedimento de curetagem uterina; por conta disso apresenta-se bastante ansiosa. A paciente nega diabetes, alergias alimentares e medicamentosas, doenças pulmonares. Nascida de parto normal, a termo, com gestação tranquila e sem complicações. Menarca aos 13 anos, primeiro coito aos 15 anos. No decorrer de sua vida teve 2 (dois) parceiros sexuais, casada, 2 filhos, todos de parto normal; possui uma boa relação afetiva com a familiares. Atualmente reside em casa própria, de alvenaria, com seu esposo, dois filhos, sogro e sogra; com cinco cômodos, contendo três quartos, sala, cozinha e banheiro, com agua encanada, energia elétrica regularizada e saneamento básico satisfatório. Possui hábitos alimentares ricos em carboidratos; se alimenta de peixe, frango, carnes, legumes, verduras, frutas... entre outros e, que não realiza as três principais refeições. No momento não pratica nenhum tipo de atividade física, passa a maior parte do tempo em casa. Relata ainda que tinha a profissão de doméstica e que hoje não trabalha mais porque o marido não permite. Não faz e nunca fez uso de cigarros e nem bebidas alcoólicas. Relata que seu pai era tabagista e veio a óbito por cauda desconhecida; sua mãe hipertensa, sua avó materna diabética. Diz ainda 16 desconhecer qualquer outro tipo de doença provenientes de outros membros da família. EXAME FÍSICO P.A= 120x70 F.C= 78bpm T= 36◦ F.R=20rpm PESO=52kg ALTURA=1.50 Sat. O2= 98% Paciente encontra-se deitada, comunicativa, coperativa, ativa no leito, sem dores no momento, hidratada, normocorada, eupnéica, normotensa, afebril, expressão facial sem alterações. CABEÇA: Crânio simétrico, com ausência de deformidades, nódulos, sujidade, cicatrizes, lesões, tumores, pediculoses, seborreia no couro cabeludo, indolor a palpação. Cabelo bem distribuído, higiene satisfatória. Olhos; acuidade visual normal, não faz uso de óculos, ausência de processos inflamatórios, exoftalmia e ptose palpebral. Pupilas isocóricas e fotoreagentes, ausência de lesões na conjutiva, na esclera e na córnea. Globo ocular; hidratado e corado, ausência de secreção hemorrágica e pterígio. Região superciliar simétricas com pelos bem distribuídos. Ouvidos; simétricos em relação ao crânio, audição sem alteração, ausência de deformações congênitas ou adquiridas, canal auditivo com pouca quantidade de cerúmen, ausência de processos inflamatórios, infecciosos ou corpo estranho, pavilhão auricular sem sujidade. Nariz; fossa nasal de tamanho e forma simétrica, sem alterações de aeromegalias, traumatismo, tumores, ausências de lesões, epistaxe, coriza, sujidade, presença de vibricias (pelos), mucosa integra. Seios paranasais sem sinal de hipersensibilidade á palpação. Boca; lábios corados e hidratados, ausência de edemas, lesões, sangramentos, deformidades, queilite e querlose. Cavidade oral; gengivas com ausência de gengivites, mucosa corada, arcada, dentição completa, (não faz uso de próteses dentárias), ausência de tártaro e cárie, lesões sialorreia, língua integra, tonsilas paliativas pequenas sem sinais de processos inflamatórios ou infecciosos, sem edema. Higiene corporal satisfatória e sem mau h. PESCOÇO; simétrico, sem alterações na postura, 17 ausência de cicatrizes, lesões e nódulos, cadeia de linfonodos sem alterações, não apresenta aumento das glândulas parótidas, veias jugulares levemente distendidas, artérias carótidas pulsantes, tireoide móvel a palpação, ausência de dispositivos. TÓRAX; plano, simétrico sem anomalias, pele íntegra, hidratada, ausência de cicatrizes, lesões, escoriações e nódulos. PULMÃO; em ritmo regular, expansibilidade preservada e simétrica, frêmitos presentes, murmúrios vesiculares presentes, som claro pulmonar. MAMAS; simétricas, pequenos mamilos protuso, ausência de dor, retrações e abaulamentos, secreções e nódulos, sensibilidade preservada, ausência de contratura ou atrofia muscular. CORAÇÃO; ictus cordis palpável no 5 espaço intercostal esquerdo, rítmico, BNF S/S, RCP/2T, ausência frêmitos, atritos, estadilos e sons de galope. ABDOME; distendido com sinais de flatulência, pele integra, hidratada, corada, ausência de cateteres, lesões, presença de estria, cicatriz umbilical sem sujidade, ausência de hérnia e abaulamentos. Ruídos hidroaéreos em todos os quadrantes, ausência de sopros, som timpânico presente no QIE e QID, som maciço no QSE e QSD, sem presença de massas ou anomalias nos órgãos. GENITÁLIA; pelos pubianos presentes em pouca quantidade, ausência de parasitas, pele sem escoriações, vermelhidão, lesões, nódulos e massas. Diurese presente, fazendo uso de absorventes, reto e anus sem anatômicas, ausência de lesões, edemas, hemorroidas, evacuações presentes em dias alternados (SIC). MMSS; pele hidratada, corada, sem presença de lesões, AVP em curso MSE, perfusão tissular periférica até (2s), força motora preservada, extremidades frias, por conta do ambiente, ausência de amputações, edema parestesia, paresia e plegia, unhas pequenas, bem higienizadas, sem inflamações e fungos. MMII; pele hidratada, com presença de varizes em ambos os lados, ausência de lesões, edemas, cicatrizes, hematomas, amputações, indolor a palpação, força muscular preservada. PELOS; ausência de alopecia e hipertricose. 18 Diagnóstico de Enfermagem (Nanda, 2015-2017): DIAGNÓSTICO 1; Risco de infecção: Relacionado a Aborto séptico ou concepção incompleta, ruptura de vaso sanguíneos uterinos, dilatação do colo uterino; PLANEJAMENTO; Participar ativamente na manutenção dos cuidados com a saúde. CUIDADOS DE ENFERMAGEM; Verificar e registrar os sinais vitais a cada quatro horas, afim de evitar infecções; Observar e registrar o sangramento vaginal e a eliminação de coágulos (quanto a coloração e volume); Monitorar temperatura e frequência respiratoria investigar dúvidas familiares sobre a dor da pessoa e discutir os efeitos disso sobre a dor do cliente e sobre o relacionamento; Incentivar a família a dar atenção também quando não houver dor; DIAGNÓSTICO 2; Dor Aguda Relacionada a contrações uterinas, intervenção cirúrgica; PLANEJAMENTO; Controlar a dor e promover conforto. CUIDADOS DE ENFERMAGEM; Avaliar características, intensidade e local da dor Aplicar escala numérica de dor ou outra escala pertinente Considerar escore de dor relatado pelo paciente Avaliar alterações de sinais vitais. 19 Administrar analgésicos conforme prescrição médica Reavaliar dor após administração da medicação. DIAGNÓSTICO 3; Conforto prejudicado relacionado com a atual situação evidenciado pelo choro, incapacidade de relaxar e inquietação. PLANEJAMENTO; Cliente deverá relatar melhora após medidas satisfatórias de alívio.CUIDADOS DE ENFERMAGEM; Oferecer métodos alternativos de alívio da dor, coerentes com as metas da paciente, como por exemplo, a massagem. Ajudar a cliente a colocar-se em posição confortável e usar travesseiros para imobilizar ou apoiar as regiões doloridas, quando for necessário, para reduzir a tensão ou o espasmo muscular e redistribuir a pressão sobre as áreas do corpo; Investigar dúvidas familiares sobre a dor da pessoa e discutir os efeitos disso sobre a dor do cliente e sobre o relacionamento; Incentivar a família a dar atenção também quando não houver dor; DIAGNÓSTICO 4; Risco de síndrome pós-trauma: Relacionado a trauma psicológico do aborto PLANEJAMENTO; O indivíduo deverá assimilar a experiência como um todo significativo e prosseguir sua vida, como evidenciado pelo estabelecimento de metas. 20 CUIDADOS DE ENFERMAGEM; Um ambiente seguro, terapêutico, onde a pessoa possa readquirir controle. Permanecer com a pessoa e oferecer apoio durante um episódio de alta ansiedade. Auxiliar a pessoa a reconhecer o evento traumático e começar a superar o trauma falando sobre a experiência e expressando sentimentos como medo, raiva e auxiliar o indivíduo a fazer contato com apoio e os recursos de acordo com as próprias necessidades. Encorajar a pessoa a retomar as antigas atividades e iniciar algumas novas. Auxiliar a família e as pessoas próximas a compreenderem o que está acontecendo (com a vítima). DIAGNÓSTICO 5; Risco de déficit do volume hídrico devido ao sangramento materno; PLANEJAMENTO; Manter o equilíbrio eletrolítico da paciente durante a internação. CUIDADOS DE ENFERMAGEM Monitorar SSVV; Oferece terapia endovenosa; Controlar e monitorar volume hídrico (balanço hídrico); Observar sinais de sangramentos. 21 EVOLUÇÃO Paciente, apresenta-se 26.08.19 ás 11:00hs, DIH. E.M 27 anos 9 semanas de gestação, HD de aborto incompleto,calmo, consciente, comunicativo, acamada, normocorado, pele desidratada,afebril, normocardio, eupneico, normotenso com pressão : 120x70mmhg. Ao exame físico, crânio simétrico, sem deformidades, com presença de seborreia,sem alterações, boa acuidade visual, sem processos infecciosos, pupilas isocóricas; ausculta pulmonar com presença de murmúrios vesiculares, sem ruídos adventícios, auscultar cardíaca com bulhas hipofoneticas, RCR/2t, sem frêmito, com ausência de sopros; abdômen gravídico, perfusão tissular periférica (até 2s), com eliminações fisiológicas presentes. Acesso venoso em periférico em membro superior esquerdo. A mesma refere dor pélvica. Segue sendo administrado medicações prescritas é SCE, segue aos cuidados da equipe de enfermagem. 22 CONCLUSÃO O estudo de caso suscita alguns aspectos importantes e necessários quanto a necessidade dos profissionais de saúde terem um novo olhar, uma visão diferente em relação ao cuidado das mulheres em situação de abortamento.Este estudo nos mostrou uma nova concepção do cuidado das mulheres que se encontram nessa situação. Priorizar o atendimento diante do quadro clínico de abortamento, para evitar a exposição da mulher aos constrangimentos e sofrimento inerentes a essa vivência é fundamental quando o profissional almeja cuidar de forma integral e humanizada. São valorizadas pelas mulheres, as relações estabelecidas com os enfermeiros como uma aproximação mais humana, promovendo assim o apoio, acolhimento, carinho, diálogo, atenção, fazendo com que a paciente sinta-se segura durante o atendimento. É de responsabilidade de o enfermeiro preservar os aspectos emocionais da mulher em processo abortivo, deixá-la separada daquelas mulheres que estão em trabalho de parto ou que já se encontram em processo de aleitamento no pós-parto, essas medidas seguramente evitarão um constrangimento maior e uma recuperação mais branda e menos sofrida para a mulher que passa por este problema. As ações de cuidado devem ser direcionadas ao perfil de cada mulher, pois as expressões são singulares, especiais e completas de significados. São estes significados que devem ser levados em consideração no momento de avaliar a situação e tomar decisões para o planejamento das ações referentes ao cuidado. 23 REFERÊNCIAS ANVISA. Oxitocina. MODELO DE BULA COM INFORMAÇÕES TÉCNICAS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=2 2113222016&pIdAnexo=3835767. Acesso em: 05 de agosto de 2019. ANVISA. Methergin. 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