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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - FISIOTERAPIA DISCIPLINA: PSICOLOGIA APLICADA À REABILITAÇÃO DOCENTE: ANGELICA DOTTO LONDERO DISCENTES: GILMAR LENINSON RAMOS DA SILVA, MARIANE RODRIGUES DOS SANTOS, MARTHA RAMOS ORTIZ, TAINARA RODRIGUES DE FREITAS ANÁLISE TEÓRICA DO FILME “MEU PÉ ESQUERDO” Santa Maria, 13 de Setembro de 2019 INTRODUÇÃO O Filme Meu pé Esquerdo - Título em Inglês My Left Foot - é baseado na Autobiografia de Christy Brown, Irlandês, escritor, artista plástico e poeta que nasceu com uma deficiência física causada por uma Paralisia Cerebral a qual o impedia de movimentar seu corpo, exceto sua perna e pé esquerdo, que com uma impressionante habilidade, desenvolveu-se a ponto de realizar coisas inacreditáveis, tais como tirar um LP de dentro de sua embalagem, colocar na vitrola e pô-lo a tocar, pintar telas com riquezas de detalhes e grande perfeição e também escrever. Christy procurava vencer muitos preconceitos para poder se estabelecer como ser humano. Para isso, enfrentou a discriminação vinda não só do seu núcleo familiar como também da sociedade ao redor, que o desrespeita e criava estigmas, desprezando todos os seus progressos de desenvolvimento. Figura 1: Modelo Conceitual de Vitor Franco OBJETIVOS Correlacionar os artigos estudados em aula através de uma interpretação e análise teórica do filme “My left foot”. ANÁLISE E DISCUSSÃO TEÓRICA De família pobre, Christy nasceu com paralisia cerebral e teve todos os movimentos do seu corpo comprometidos, exceto o do seu pé esquerdo. Ao saber da notícia seu pai vai para o bar se embriagar e é tido como piada por seus amigos. Em nossos estudos, interpretamos como o momento de interligação com crise, negação, revolta, culpabilidade e depressão no pai. Este que, através da bebida tenta enfrentar a situação que o leva a dizer que prefere o filho morto do que em uma casa de apoio. A família, mesmo que sem perceber, o rejeitava e rebaixava a sua capacidade deixando-o deitado no chão enquanto todos postavam-se à mesa. – Negação, quando os pais negam a realidade e colocam a criança sem ter assistência nem cuidados porque, supostamente deles não necessita. Como pode ser também negação “esperar para ver o que acontece”, perdendo muitas vezes os momentos ótimos para uma intervenção precoce e consequentemente mais promissora. Ao relacionar com o contexto estudado em aula, sem o apoio social a família não sabe como lidar com a situação, apenas ajudando- o nas necessidades básicas (alimentar, vestir, banho), tornando-se pais funcionais. Estes que, em virtude do seu sofrimento emocional, não podem mais do que tratar do seu filho, não podendo exercer uma verdadeira e completa parentalidade, apenas podendo ser cuidadores de uma criança que exige mais do que as outras. Esses pais estão dominados pela ação e não pela relação parental. Todas as suas forças e recursos passam a estar a serviço das necessidades da criança que deles carece, não vivendo os verdadeiros vínculos que pressupõem bidirecionalidade e envolvimento emocional mútuo e recíproco. Christy, um dia, então descobre que poderia usar o único membro que conseguia movimentar e escreveu “MOTHER” no chão de sua casa, surpresos a mãe e a família se emocionam. O pai que até então rejeitava o filho, o reconhece como um Brown. Neste momento o restante da família demonstra aceitá-lo como ele é. - Re-idealização , o que não se trata de restabelecer ou recuperar um vínculo, mas sim de criar um vínculo com “outra” criança. A re-idealização implica em um segundo nascimento da criança. Assim, ao invés do que acontece habitualmente, um nascimento que se deu primeiro na realidade e depois na imaginação dos pais. A mãe fazia o que estivesse a seu alcance para cuidá-lo, deixando até mesmo a família passar frio e fome com o objetivo de guardar suas economias para adquirir uma cadeira de rodas. Após a aquisição da mesma, Christy começa a ganhar um novo estilo de vida, agora com mais apoio. Acreditando em seu potencial a mãe pede ajuda a Dra. Eileen Cole, médica especialista em paralisia cerebral. Com o início do tratamento são obtidos avanços como melhora da fala, que até então apenas sua mãe e irmãos entendiam, melhora na postura e em alguns movimentos, e isto faz com que Christy seja reconhecido pela família e pela sociedade. A segunda dimensão da re-idealização relativa às competências e capacidades é a que, por definição, se encontra afetada nestas crianças. A possibilidade de os pais reconhecerem as competências dos seus filhos com deficiência é fundamental nesta rei-dealização. O pai ou a mãe da criança deficiente motora não a poderá mais idealizar como a grande desportista que porventura idealizou no passado; mas se a conhecer e compreender as suas competências pode, agora, idealizá-la talvez como medalhista nos jogos paraolímpicos, e assim mesmo uma grande desportista. Com dedicação, esforço e apoio da família, que em meio a um momento de crise constrói um quarto para Christy poder dedicar-se ao seu talento, ele torna-se um pintor reconhecido pelo seu trabalho. Posteriormente, em um evento beneficente, conhece a sua futura esposa. A inclusão educativa, social, desportiva ou cultural destas pessoas só faz sentido, só pode acontecer, se alguém, para elas, for capaz de idealizar, desejar algo de bom, belo e exigente, tendo em conta a sua realidade, mas desejando muito para além dela. CONCLUSÃO O filme em análise filme mostra a difícil realidade das pessoas com deficiência. Embora hoje os preconceitos sejam menores do que na época em que Christy viveu (1932-1981) ainda existe a discriminação de pessoas com qualquer tipo deficiência. A história é um convite à reflexão e conscientização pois nos ajuda a compreender as dificuldades e as necessidades de quem tem algum tipo de deficiência. Portanto temos que, a sociedade tem como base a família, e a família tem como base a mãe, a qual precisa de apoio quanto à percepção e descoberta de um filho portador de deficiência, para que desse modo saiba lidar com seus sentimentos em relação à criança e assim possa preparar a família para esta relação. Não só a mãe como também a família deve estar preparada para encarar e resolver os desafios e emoções impostos pela criação e desenvolvimento desta criança. REFERÊNCIAS: DE, L. Conferência Paixão-dor-paixão : pathos , luto e melancolia no nascimento da criança com deficiência * 1. n. Vi, 2015. FRANCO, V. Adaptação das famílias de crianças com perturbações graves do desenvolvimento – contribuição para um modelo conceptual A adaptação das famílias de crianças com perturbações graves do desenvolvimento-contribuição para um modelo conceptual. n. January, 2015. Tornar-se pai / mãe de uma criança com transtornos graves do desenvolvimento Becoming father / mother of a child with. 2016.