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Aula 12 1 - extra online 01 - Formas de Pagamento - André Barros

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Aula Online Extra 01
André Barros
Formas de Pagamento
Direito Civil
PRINCIPAIS FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO
+ SUB-ROGAÇÃO 
1) Pagamento com sub-rogação 
1. Conceito: consiste na transferência dos direitos creditórios para aquele que cumpriu a prestação no lugar do devedor ou que emprestou ao devedor o necessário para o cumprimento. 
Sub-rogação é substituição; pagamento + sub-rogação é pagamento mais substituição da posição do credor originário. Aquele que pagou assume a posição do credor originário. 
O pagamento com sub-rogação tem a natureza jurídica de forma especial de pagamento, pois em face do credor originário a obrigação é considerada extinta. 
Questão: quais são os principais efeitos do pagamento com sub-rogação?
		O pagamento com sub-rogação tem dois principais efeitos:
Efeito liberatório: libera o credor primitivo da obrigação 
Efeito translativo: transfere a posição do credor originário para o terceiro
Questão: qual a diferença entre a sub-rogação real e a pessoal?
Quando falamos em pagamento em sub-rogação, estamos falando apenas da sub-rogação pessoal.
O problema é que utiliza-se a mesma terminologia “sub-rogação” para institutos completamente distintos. 
Sub-rogação real ou objetiva 
		A palavra sub-rogação significa substituição.
A sub-rogação real ou objetiva consiste na substituição de uma coisa por outra, com suas características, ônus etc. 
Ex1: sub-rogação de um imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade por outro
A pessoa vai lá e resolve substituir o imóvel que foi gravado com inalienabilidade. Recebeu de herança uma casa, o pai gravou pra ela a casa com cláusula de inalienabilidade. Só que por alguma razão isso está prejudicando aquele herdeiro. Esse herdeiro deve demonstrar uma justa causa, o herdeiro pode mostrar que tem outra casa e querer que seja transferida a cláusula de inalienabilidade para esse imóvel. 
Obs. Vale também para bem de família. O bem de família voluntário é inalienável, para alienar deve-se pedir autorização do juiz e oitiva do MP. 
Obs. Para transferir a cláusula de um bem a outro é mais fácil, mas para retirar a cláusula, os exemplos da jurisprudência são os seguintes: pessoa precisa vender o bem para pagar o tratamento de câncer.
Ex2: a pessoa casada pelo regime da comunhão parcial que aliena um bem particular sub-rogando o produto da venda na aquisição de outro bem durante o casamento. 
Me casei com Maria, ao longo do meu casamento vendo meu apartamento de solteira por 200 mil reais e compro outro no mesmo valor. O imóvel não é comunicado. Mas se eu comprei por 300 mil, terei sub-rogação parcial; o bem sub-rogado mantém a característica de particular. 
O que isso tem a ver com pagamento? Nada, isso não é pagamento com sub-rogação. 
Sub-rogação pessoal ou subjetiva
É uma espécie de pagamento. A pessoa que pagou (terceiro interessado ou não) substitui o credor originário da obrigação.
Não há substituição de coisa, há substituição de pessoa.
A única semelhança do significado da palavra sub-rogação, ou seja, substituição. 
2) Espécies de pagamento com sub-rogação
Temos duas espécies.
2.1 – SUB-ROGAÇÃO LEGAL: é aquela que ocorre de forma automática quando presente uma das hipóteses do art. 346, do CC. Independe de acordo de vontade entre as partes. A pessoa que pagou a dívida assumirá a posição do credor originário com todos os seus direitos, privilégios, ações e garantias. Art. 349, do CC.
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.
+ Hipóteses do art. 346, do CC:
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
Em favor do credor que paga a dívida do devedor comum 
É realizada para facilitar a execução da dívida
Essa hipótese não é comum, é absolutamente incomum.
Nessa hipótese, vamos imaginar um credor A, outro credor B e um devedor comum C, ou seja, C deve tanto para A quanto para B. Ele deve 100 mil reais para A e 50 mil reais para B. A resolve fazer o seguinte: paga o que C deve para B e se sub-roga nos direitos de B. Na prática, quem é o ser humano que tendo o crédito para receber faz isso? Alguns doutrinadores falam que é importante na questão de preferência nos créditos. Mas não é bem assim. Outra justificativa é quando há muito crédito alto em face de um devedor e esse devedor tem outros credores com créditos muitos baixos, eventualmente a instituição financeira quita alguns débitos. Ela faz isso para conseguir mandar na execução, terá um poder de decisão maior.
A favor do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel
Ex: quando a hipoteca é constituída sobre o imóvel, muitos acham que o imóvel não pode ser objeto de alienação, mas pode sim. Tenho o imóvel por acessão física, um tijolo, no momento que o utiliza como casa passa a ser bem imóvel. Isso é propriedade? Não, propriedade é o direito que incide sobre o bem. O direito de propriedade também é um bem, tudo que está na natureza ou é bem ou é pessoa. Ex: dou o bem como garantia de um dívida, hipotequei, a hipoteca não grava o bem, o que se dá é o direito de propriedade sobre o bem. O que está gravado é o direito de propriedade, isso não impede alienação do bem. Suponha que o bem hipotecado seja de A, A pode transferir para B, que pode transferir para C e transferiu para D etc. o único problema é que a pessoa que adquiriu o bem, irá adquirir o bem com as mesmas qualidades com as quais ele foi transmitidos. O CC proíbe que me um contrato de hipoteca proíba a venda do imóvel hipotecado, pois é perfeitamente possível, se houver essa cláusula será nula. 
A que era o devedor principal e D o atual, A não pagou a dívida. O credor pode executá-lo e pedir a penhora do bem hipotecado. O credor não tem a obrigação de penhorar o bem hipotecado, ele pode pedir a penhora no BACEN-JUD. Mas suponha que pediu a penhora do bem hipotecado, o atual proprietário vai pagar a dívida para não perder o bem hipotecado. D paga a dívida de A e depois ele assume a posição do credor e poderá cobrar o devedor. 
A favor do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado no todo ou em parte. 
É a hipótese mais comum. Ex: o fiador. Temos um contrato de locação, fiança garantido a locação. Contrato de locação entre fiador e locatário. O contrato de fiança é feito entre o fiador e o locador. O locatário é o ex amigo do locatário. O devedor é o locatário, ele tem débito (schuld) e ele tem responsabilidade civil. Caso ele não faça, ele tem responsabilidade civil e pode ser cobrado em juízo quanto ao cumprimento do débito. O fiador não é devedor, ele é apenas um garantidor, apenas tem responsabilidade civil, ele não tem débito. Quando ele paga, ele é apenas um terceiro interessado, pois ele pode ser cobrado, é aquele que tem interesse jurídico e patrimonial no cumprimento da prestação, ou seja, se o devedor não paga, ele deve pagar. 
Tecnicamente, terceiro interessado não é devedor, não tem obrigação, não tem débito, apenas responsabilidade civil. Se o fiador pagar ao locador, ele vai assumir a posição de credor originário e depois terá direito de regresso contra o locatário. O fiador se transforma em credor. Ocorre a sub-rogação legal/automática. 
2.2 – SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL: É aquela que depende de um acordo de vontade entre o terceiro e o credor ou entre o terceiro e o devedor. Para que ocorra pagamento com sub-rogação convencional o acordo deve conter cláusula expressa de sub-rogação. 
Hipóteses – art. 347, do CC.
Art. 347. A sub-rogação é convencional:I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
Quando o credor recebe o pagamento de terceiro (não interessado) e expressamente lhe transfere todos os seus direitos
Quando o terceiro não interessado (tem simples interesse moral, amigos, namorados, pais e filhos maiores) paga a dívida, ele NÃO se sub-roga nas condições, direitos e privilégios. Obs. O terceiro interessado se sub-roga automaticamente
Existem 3 situações de um pagamento efetuado por um terceiro não interessado:
Ele paga a dívida em nome do devedor. Ele recebe um recibo que consta que quem pagou a dívida foi o devedor e não o terceiro não interessado.
Com o terceiro não interessado irá cobrar nessa hipótese? O recibo está no nome dele. Desse modo, perdeu o direito de cobrar.
Pagamento feito por terceiro não interessado, mas em nome próprio. 
Nessa hipótese, ocorre a sub-rogação? NÃO. Isso não é sub-rogação. 
Quando o terceiro não interessado paga a dívida do devedor e irá cobrar aquilo que ele pagou, é simples direito de regresso, não terá privilégios e nada, é um simples credor. 
Pagamento feito pelo terceiro não interessado, em nome próprio, mas que constasse no recibo do bar que o credor estava transferindo para ela todos os seus direitos, privilégios de credor originário, conforme art. 347, do CC. (cláusula expressa de sub-rogação). 
Ex: no bar, pagou a dívida do namorado e pediu para constar no recibo a cláusula de sub-rogação, ou seja, que o credor transferia a ela todos os direitos de credor originário. 
Quando o terceiro empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito 
Faz um contrato de empréstimo e no meio do contrato de empréstimo deve ter uma cláusula expressa de que se sub-rogará. Quem está transferindo é o próprio devedor.
Questão: qual a natureza jurídica do pagamento com sub-rogação?
Depende:
Pagamento com sub-rogação legal: é regra especial de pagamento, pois consiste em atos unilaterais. 
Portanto, o que não depender de acordo bilateral consiste em regra especial de pagamento. 
Pagamento com sub-rogação convencional: É uma espécie de pagamento indireto, pois consiste em um acordo de vontades – negócio bilateral 
3) Transferência de Direitos
A pessoa poderá cobrar além daquilo que pagou? A sub-rogação pode ter natureza especulativa?
O art. 350, do CC, proíbe qualquer interesse especulativo no pagamento com sub-rogação legal ao limitar o direito do terceiro à cobrança da soma que tiver desembolsado. 
Ex: se tinha dívida de 100 mil reais, o terceiro interessado pagou, esse só poderá cobrar aquilo que ele exatamente pagou
Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.
Questão: existe limite na sub-rogação convencional?
Mas e quanto à sub-rogação convencional, o art. 350 nada citou.
1ª corrente: defende que a omissão do legislador é proposital e que o pagamento com sub-rogação convencional pode ter natureza especulativa. O terceiro pode cobrar mais do que pagou. (Pablo, MHD, CRG)
2ª corrente: defende que também na sub-rogação convencional deve ser respeitada a regra do art. 350, do CC.
4) Preferência
Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.
Quando o terceiro pagou apenas uma parte da dívida, o credor originário terá preferência em relação ao mesmo (terceiro sub-rogado) quanto à cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não forem suficientes.
Ex: questão do contrato de seguro. Cara bateu no meu carro, paguei a franquia para ter conserto do carro. Depois percebi que não era o culpado e processo o culpado para me pagar esses 1000 reais. O que acontece paralelamente? A seguradora cobrará o culpado também. O valor foi 10.000, eu paguei 1000 e cobro os 1000. A seguradora irá cobrar os 90000. Esse terceiro que pagou apenas uma parte da dívida, não terá preferência. 
Ex2: dívida a ser paga, A deve para X. Y paga a dívida da A, ela devia 10000, Y paga 5 mil reais. X irá cobrar 5 mil e Y irá cobrar 5 mil. Se A não tiver todo esse dinheiro quem terá preferência é o credor originário, ou seja, X. 
5) Distinção entre pagamento com sub-rogação X Cessão de crédito
	Pagamento com sub-rogação
	Cessão de Crédito
	É uma espécie de pagamento 
	É uma espécie de transmissão da obrigação 
	Em regra, não é negócio jurídico 
	Em regra, é um negócio jurídico 
	Em regra, não tem natureza especulativa 
	Em regra, tem natureza especulativa 
	Prescrição: é contada a partir da sub-rogação 
	Prescrição: é contada do surgimento da obrigação 
	Não há garantia quanto à existência do crédito ou quanto a sua solvência 
	O cedente tem garantia quanto à existência do crédito e pode ter quanto a solvência 
+ DAÇÃO EM PAGAMENTO
Datio in solutum ou Datio pro soluto
Conceito: é uma forma de pagamento consistente na entrega ao credor de coisa diversa da que lhe era devida. Como o credor NÃO pode ser forçado a receber coisa diversa em pagamento a dação só será realizada se houver consentimento do mesmo. Ex: estava devendo fusca, não posso forçar a receber uma Ferrari. Se ele aceitar ocorrerá a dação em pagamento. 
Questão: qual a natureza jurídica da dação em pagamento?
A dação em pagamento tem a natureza jurídica de pagamento indireto, pois resulta de acordo de vontade entre as partes. 
Questão: A dação em pagamento está restrita às obrigações de dar?
A dação pode ser feita com qualquer espécie de obrigação: dar, fazer ou não fazer. Pode ser feita observando a mesma natureza da obrigação (coisa por coisa, fato por fato) ou alterando a sua natureza (coisa por fato, fato por coisa)
Ex: Não sou obrigado a cumprir obrigação pela mesma espécie, ao invés de entregar um fusca posso pintar a sua casa. Como é um acordo de vontades, as partes põem fim como quiserem
Principais Regras da Dação 
2.1 – Dação de Título de Crédito (Art. 358/CC): se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência do título importará em cessão. O negócio será regulado pelas regras da cessão de crédito. Art. 286 e ss do CC. 
Não existe consenso na doutrina se a regra do art. 358 é aplicável apenas aos títulos de crédito emitidos pelo próprio devedor ou por terceiros
Por outro lado, é majoritário na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que a dação de título é pro solvendo e não pro soluto, ou seja, a obrigação só é extinta com a compensação do título (RF 240/240)
Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão.
A pessoa que irá receber esse título, receberá como se fosse cessão de crédito. 
– Evicção (art. 359, do CC): se ocorrer a perda do bem objeto da dação por força de evicção (em
regra decisão judicial) o credor poderá cobrar a prestação originária. Fica sem efeito a quitação conferida 
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.
Ex: compra e venda de um fusca com um amigo. Eles fizeram contrato de compra e venda e o objeto era o fusca. Na hora do pagamento o vendedor ofereceu um gol e o comprador aceitou um gol. Isso é dação em pagamento. Alguns dias depois o gol foi apreendido porque ele era roubado. Ele poderá cobrar do devedor a prestação originária, ou seja, ele pode cobrar o fusca. Todavia, pode ocorrer que o devedor tenha feito outro negócio com aquele fusca. O vendedor vendeu o fusca para outra pessoa. Se esse comprador do fusca o adquiriu de boa-fé, nessa hipóteseresta ele cobrar do devedor reparação ou indenização pelas perdas e danos e reparação. 
O credor só não poderá cobrar a prestação originária caso o bem tenha sido alienado para terceiro que agiu de boa-fé. Nesta hipótese, resta ao credor pleitear reparação pelas perdas e danos. 
2.3 – Bens imóveis: se a dação em pagamento tiver por objeto bens imóveis deverá ser observada a regra do art. 108 quanto à solenidade. Isto é, se o imóvel ultrapassar o valor de 30 SM, é exigida a escritura pública – é requisito de validade do negócio sob pena de nulidade. 
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
+ NOVAÇÃO 
Conceito: consiste na criação de uma obrigação nova com o objetivo de extinguir uma obrigação anterior. É espécie de pagamento indireto, pois depende de acordo de vontade entre as partes.
Novação lembra nova
Dação lembra dar 
A ideia da novação é criar uma obrigação nova.
Qual a natureza jurídica na novação? Pagamento indireto. 
Obs. NÃO existe novação legal. 
Requisitos para a novação:
Existência de uma obrigação anterior. A obrigação anterior deve ser válida ou simplesmente anulável (a novação implica na convalidação da obrigação anulável). Se a obrigação anterior for nula ou extinta não poderá ser novada. 
Ex: só tenho novação se já existir obrigação. A ideia de novar traduz a ideia de renovar o vínculo já anterior. 
Obs. As obrigações naturais não podem ser objeto de novação. Ex: dívida de jogo. 
;
Criação de uma obrigação nova: a obrigação nova deve conter deve elemento novo, sujeitos ou objeto. Deve existir diversidade substancial entre a obrigação anterior e a nova. 
A diversidade substancial é a materialização do animus novandi. Ele se materializa na diversidade.
Animus novandi: é a intenção de novar. Pode ser expresso ou tácito. É materializado na diversidade substancial.
Na falta deste requisito, a segunda obrigação apenas confirma a primeira. 
Questão: a renegociação de dívida caracteriza novação?
De acordo com a jurisprudência do STJ, a simples renegociação de dívida não caracteriza novação. Dependendo do conteúdo da renegociação pode haver novação se houver alteração substancial. 
Quando considerar que é uma novação ou simples negociação de dívida? Isso é uma bagunça no STJ, não tem resposta. 
STJ Súmula nº 286 - 28/04/2004 - DJ 13.05.2004
Renegociação de Contrato Bancário ou Confissão da Dívida - Discussão - Contratos Anteriores
    A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores.
Ex: empréstimo de 10 mil (1º contrato), não conseguiu pagar, o banco renegocia, 2º contrato – 50 mil; não conseguiu de novo, 3º contrato – 500 mil reais; 4º contrato 3 milhões – depois ele pede a revisão. Teve novação em todos os contratos. 
Obs. O problema da renegociação de contrato bancário é o reconhecimento do mesmo como instrumento de novação. Se isto ocorrer há julgado do STJ afastando a aplicação da súmula. 
Espécies de Novação
3.1 – Novação objetiva ou real (art. 360): consiste na substituição da prestação, isto é, do conteúdo da obrigação.
Ex: estava devendo um fusca e substituir pela Ferrari. Qual é a diferença da dação?
Obs. A novação objetiva não deve ser confundida com a dação em pagamento, pois nesta a substituição do objeto ocorre no momento do pagamento. Na novação, a substituição do objeto ocorre antes do pagamento. Há uma substituição de obrigação pendente por outra obrigação pendente. Ex: estava devendo um fusca, agora devo uma Ferrari. 
Obs. A regra da evicção da coisa dada prevista para a dação em pagamento NÃO é aplicável à novação. 
Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.
– Novação Subjetiva: consiste na substituição dos sujeitos da obrigação: credor ou devedor 	
Novação subjetiva ativa: é a substituição do credor de uma obrigação, ficando o devedor quite com o credor originário. Não se confunde com a cessão de crédito, pois esta determina a transmissão da mesma obrigação. 
Novação Subjetiva passiva: é a substituição do devedor, ficando o devedor originário quite com 
 o credor. (inciso II, 360). Pode ser de duas espécies:
Novação Subjetiva passiva por delegação: é aquela realizada com consentimento do devedor originário. 
Novação subjetiva passiva por expromissão: é aquela realizada sem o consentimento do devedor originário. Também é válida. Ex: pai paga dívida do filho.
Questão: qual a diferença entre a novação subjetiva passiva e a assunção de dívida e o pagamento com sub-rogação?
Na assunção de dívida (cessão de débito) a obrigação não é extinta, é apenas transmitida.
No pagamento com sub-rogação o terceiro paga a dívida e na novação o terceiro apenas assume a obrigação de pagar. 
+ COMPENSAÇÃO 
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Conceito: é a regra pela qual a obrigação é extinta quando duas ou mais pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra. A compensação pode ser total ou parcial. 
Espécies de Compensação:
Compensação Convencional: é aquela que decorre de simples acordo de vontade entre as partes. Por representar exercício da autonomia privada, a compensação convencional não está sujeita aos limites da compensação legal. Ex: devo 500 reais ela compensa com um objeto, pode compensar, não tem limites.
Obs. A compensação convencional é espécie de pagamento indireto. 
Compensação legal: é aquela que pode ser imposta por uma das partes à outra em juízo. Como decorre de lei não depende de acordo de vontade entre as partes. A compensação legal tem natureza jurídica de regra especial de pagamento. 
Requisitos da compensação legal:
Liquidez das dívidas: as obrigações devem ser certas quanto à sua existência e determinadas quanto ao seu valor. 
Exigibilidade das dívidas: as obrigações devem ser vencidas, mas não prescritas. 
Obs. Os prazos de favor. Ex: moratória, não obstam a compensação. 
Fungibilidade das dívidas/prestações: devem ter a mesma natureza e qualidade. Ex: dinheiro com dinheiro, café com café, laranja com laranja. 
Proibições: Em regra, para a compensação não é exigido que as obrigações tenham a mesma causa/origem. Entretanto, em algumas situações a compensação é proibida por lei:
Dívidas alimentícias 
Coisas não suscetíveis de penhora 
Coisa roubada, furtada ou esbulhada 
Dívida de comodato ou depósito 
Prejuízo de terceiro – art. 376, do CC
Não pode sair compensando dívida dos outros. Ex: Priscila tem dívida com Leo, eu vou me obrigar a dívida da Priscila e quero obrigar a dívida dela com a que o Léo tem comigo, não pode forçar. 
Dívidas trabalhistas – súmula 18 do TST: “A compensação, na Justiça do Trabalho, está restrita a dívidas de natureza trabalhista”.
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.
Art. 376. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever.
Obs. Além das hipóteses legais de proibição de compensação, as partes também podem estipular a proibição ou a renúncia ao direito à compensação da dívida. 
Compensação Judicial: é aquela imposta pelo juiz quando reconhece direitos dos litigantes que podem ser compensados na sentença. Ex: quando o réu da ação apresentareconvenção. Também pode ser considerada judicial a compensação convencional homologada em juízo.

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