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História e historiografia do pensamento histórico

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História do pensamento historiográfico brasileiro
Período colonial
Michel de Certeau: “A escrita da História” (1975), obra de difícil apreensão, pois trata-se de uma obra feita por um psicanalista, teólogo e historiador. Tirando sua escrita europeia ocidental, enraizada numa perspectiva freudiana, Certeau compreende uma espécie de escrita histórica inconsciente. 
A história faz parte de um processo de dominação imperial, ou seja, antes de se impor ao mundo (as Américas) uma dominação escrita, há nesses povos ameríndios, de 30 mil anos ou mais, uma grande diversidade de história e cultura, “apagadas” pela imposição da escrita/olhar europeu. 
A historiografia, em uma cronologia, é dividida, por exemplo, uma historiografia do século XVI, próxima da tradicionalidade, oralidade, primitivismo, popular. A escrita historiográfica contemporânea é mais intensa, muito diferente dos relatos do século XVI, esses cumpriam interesses colonizadores, por isso eram descritivos, também servia para instigar a imaginação europeia e as vontades cristianizadoras.
Crônicas e Viajantes 
As crônicas são sempre boas referencias historiográficas, pois mostram as relações de poder existentes entre europeus e indígenas, além de mostrar uma visão impositiva dos europeus, esquecendo-se da cultura pré-colombiana. 
As crônicas do período retratavam o nativismo, ou seja, centrado nas relações entre homem e terra, extração da natureza, a servidão á nobreza, a subordinação política e religiosa, e principalmente o confronto indígena, formando a sua imagem até hoje. 
Os cronistas medievais tinham a função de exaltar a coroa e a realeza. O cronista português Fernão Lopes se destacava no meio, não somente por registar os feitos, mas por dar sua própria subjetividade, distanciando-se da regiolisidade e dando enfoque aos assuntos históricos ás crônicas. Com a descoberta da América, os vedores tinham a função de retratar o espaço das Américas, ainda exótica. 
As crônicas eram hierarquizadas, pois retratavam os povos indígenas com repugnância, mas, ao se olhar a natureza e a fauna, o tratamento era de bondade. Havia-se um exotismo acerca dos animais, com teor aos demônios e feras, com alto teor moralizante. 
O século XVII e XVIII foi marcado por registros científicos da fauna e flora, com vistas a se obter o conhecimento necessário para dominar a natureza. 
Os escritores dos séculos passados não tinham tais noções atuais, por isso, cabe a nós evitarmos o etnocentrismo e o eurocentrismo, a fim de elimina-los. As obras desses viajantes nos interessam pelo olhar ao qual a história foi escrita, o seu modo de pensar, a ideia da época.
Pero Magalhães Gandavo, “A província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos de Brasil (1576)”. 
As primeiras crônicas acerca do Brasil vieram de uma tradição escrita Ibérica, da transição do período medievo com o moderno. Os homens de letras trabalhavam para a coroa portuguesa, como uma espécie de corpo intelectual. Os textos escritos não tinham distinção entre ficcionalidade e a realidade, muito próximos da tradição medieval. 
A perspectiva do pensamento colonial sondava a tradição católica, permeada pelo cristianismo, para uma voltada para a exploração e a ocupação da América, no começo do capitalismo comercial. Ademais, tal escrita permeava a subordinação dos cronistas a relatarem da melhor forma as terras com vista á exploração e também a parte metafísica espiritual, preocupada em converter os indígenas.
A superioridade Europeia transporta para o Novo Mundo toda a tradição pensante e, assim, também a escrita dominante. Isso gera um cenário cultural peculiar, dada a transferência. A América Portuguesa se torna o epicentro comercial português, o impacto sobre seus habitantes fica nítido, desvalorizados descontentes, se sentiam apenas peças comerciais, quase sem humanidade, invisíveis. 
A província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos de Brasil (1576),trata-se de um tratado sobre a nova terra oferecida ao vassalo Dom Lionis Pereira, constitui um documento acerca dos domínios do rei sobre a nova terra, exaltando-o. 
O texto demonstra as burocracias reais da época, limitando a função colonizadora. A burocracia estatal, a administração da coroa, seus órgãos, a própria hierarquia, eram temas de conhecimento de Gandavo. As relações de vassalagem da época são estritamente necessárias a nossa compreensão. 
A sua obra, no século XVI, foi vista como a biografia do Brasil. O autor descrevia a geografia, as cidades litorâneas, o papel da croa como dona das terras. A obra resguarda a tradição literária latina, por isso ele se aprofunda no papel propagandístico da igreja católica romana. Era parte da tradição portuguesa, igreja e rei eram colocados como os heróis da colonização. 
Gandavo se propunha a exaltar figuras e grandes datas, sobretudo do rei e de seus homens de armas. O louvor às figuras portugueses seria como papel legitimador das posses das terras, dos rios, da fauna e flora. A igreja católica guardava a tradição romana, que naturalizava a perseguição e o extermínio dos hereges, de certa forma, a escrita levou consigo tal resquício.
O autor retrata os nativos como bárbaros, indigestas, selvagens e prontos para serem domesticados, mais um sinal da tradição romana. Tal metafísica mostrava o indígena humanizado, mas também animalizado, pelo descontrole da alma. Para Gandavo, os indígenas sucumbiam as vontades do corpo, à sua voracidade, à loucura. Isto servia como legitimação da dominação e exploração indígena na colônia, visão comum a todos os ibéricos. 
O relato de monstros também era comum. Gandavo descreveu um monstro marítimo típico desta região. A crueldade do processo civilizatório precisava ser legitimado, ao mostrar a bestialidade do novo mundo, tal “missão” pareceria mais fácil. Era necessário que o processo parecesse heroico e civilizatório. 
Padre Fernão Cardim e Gabriel Soares de Souza: “Tratados sobre a Terra do Brasil”
Fernão Cardim foi um padre que viveu 40 anos nas terras descobertas e daí escreveu acerca de suas experiências. Seu livro foi escrito pouco depois do livro de Gandavo, mas só foi publicado no século XX. 
Como um padre pertencente à Companhia de Jesus, guardou valiosas fontes sobre o papel da Companhia no Brasil. A sua obra “Tratados da terra e gente do Brasil”, o autor escreve sobre os elementos da América portuguesa destinada aos europeus. 
A obra trata da flora e natureza do Brasil, a formação dos indígenas e informações sobre outras missões. O clima e as terras do Brasil, para Cardim, são bons. O clima o litoral é temperado, as árvores estão sempre verdes e os rios abundantes. O autor também trabalha sobre os animais, principalmente entre cobras venenosas ou não, óleos, plantas. A visão sobre o indígena era a reinante no período, colocava-os como seres inerentes á existência do senhor. 
Cardim descreveu vários hábitos da vida indígenas, como a religiosidade, a alimentação, como cuidavam das aldeias e dos filhos, etc. Também descreveu o canibalismo, ideia presente na igreja católica, e que serviu para inúmeros estereótipos como dos indígenas bárbaros. 
Gabriel Soares de Souza, de O tratado descritivo do Brasil (1578). Foi um português que veio ao Brasil aos 17 anos e retornou para Portugal. Sua obra é vista como a mais descritiva do período sobre as terras. 
A função da sua obra era descrever as terras a fim de despertar curiosidade na coroa e nos europeus. Sua obra é dividida em uma parte sobre a região litorânea e a outra sobre a Bahia. Ambas são ricas de noções geográficas e grupos indígenas.
O autor descreve as terras como ricas de suprimentos, terras férteis, carnes e peixes. Defende a necessidade de protege-las dos estrangeiros, pois nela há mantimentos e condição de subsistência. Aponta o perigo de alguns animais, além de pedras preciosas. 
Sobre os indígenas, tinha apresso pelos tupinambás, pela sua estrutura militar, mas dizia-se que eram bárbaros, pela vida isolada. A obra, pelas características cotidianas, assume um caráter da vida a Américaportuguesa no século XVI. 
Frei Vicente do Salvador e Sebastiao Rosa Pita
Frei Vicente do Salvador nasceu na Bahia em 1564. Era religioso e atendia pela companhia de São Francisco. Escreveu “Crônica da Custódia do Brasil”. Porém, sua obra mais importante foi História do Brasil, de 1627, onde traz riquíssima descrição do período colonial. Seu texto era mais memorialista e tradicionalmente aristotélico. 
Frei Vicente estudou em Portugal, tinha formação em direito, filosofia, história, teologia e literatura. Sua obra pode ser vista como caridosa, já que ele contava sobre os freires que iam contra a exploração dos gentios. Dizia que pregar contra a escravidão era como pregar ao deserto, já que os colonos não se importavam. 
Frei Vicente apresenta um livro descritivo, com nomes de inúmeros portugueses importantes, e narra, assim como Gandavo, a aparição do monstro na praia de São Vicente, o Monstro Ibupiara.
O tema do livro, dividido em 5 partes, dividido desde o descobrimento até a invasão holandesa no Brasil, realça a ação de governantes e personalidades. 
Frei Vicente criticava os colonos pela exploração dos gentios, os maus tratos e o abuso de poder que lhes entretinham. Criticava a falta de vontade portuguesa em se explorar o interior.
As histórias de frei são simples, riquíssimas em detalhes e trabalhavam a vida cotidiana. Falava-se sobre as lutas de resistência indígena, as invasões do Brasil. O centro da obra se passa na Bahia e Pernambuco, os acontecimentos de forma cronológica. 
Sebastião Rosa Pitta, de 1660, descreveu a vida em colônia. Formou-se nos colégios jesuítas de Salvador, pertencia a elite colonial da época, já que foi vereador da cidade. O seu livro mais famoso é “História da América Portuguesa desde o ano 1500 do seu descobrimento até 1724”. A obra é um aparato de relatos e informações que o autor se dispôs a coletar. A primeira parte da obra descreve o descobrimento, sua geografia, os rios, montanhas. Também há um ar aristocrático, pois o autor mostra os portugueses como superiores, altamente discriminatório. 
Sobre as autoridades, descreveu-as como boas e regulares. A descrição das outras capitanias, fora da Bahia, dita como centro do Brasil pelo autor, é deficiente. A obra exalta a coroa e o rei, não tece críticas, visto a extrema aliança politica de Portugal com a Igreja, e por isso a obra foi referendada pela academia portuguesa. Pitta tinha opiniões pró-metrópole em basicamente tudo. 
Padre Antônio Ruiz de Montoya 
A obra perpassa o atual Paraná e Rio Grande do Sul, do século XVII, nas chamadas Reduções Guaranis. É um guia de pesquisa, do padre espanhol, sobre o processo de colonização da companhia de Jesus na América.
Montoya nasceu em Lima, Peru, sua formação na Companhia o fez trabalhar como catequizador indígena, influenciando sua obra. O padre coverteu inúmeros indígenas, atuou próximo ao Rio Paraná e Uruguai. Como jesuíta, enfrentou diversas vezes os bandeirantes paulistas. Em uma das suas cartas, relata a fuga de 15 mil indígenas pelo Rio, além de reclamar ao rei da Espanha medidas contra os bandeirantes. 
A sua obra conquista espiritual é uma fonte sobre as missões jesuíticas e também serve á antropologia, no estudo dos povos ameríndios. A obra também pode ser vista como uma obra barroca. 
Instituto Histórico e Geográfico brasileiro
De certa forma, podemos dizer que a pesquisa historiográfica nasce com o IHGB, em 1838. Isto não quer dizer que anteriormente ela não fosse produzida, mas é preciso dizer que as obras passadas eram crônicas, feitas pelos viajantes, de forma individualizada, até sem metodologia. O instituto foi o primeiro órgão coletivo voltado à pesquisa. 
O Brasil, desde a sua autonomia politica, em 1822, buscou um conceito de si. Vários pesquisadores traçaram projetos e caminhos, visando suas particularidades e, assim, criar uma característica nacional. 
Porém, já no período colonial, as diversas revoltas e revoluções mostravam diferentes ideais sobre o projeto de país, como a conjuração mineira e baiana. A própria constituição de 1824 disputava a noção de centralização ou federalismo, a permanência da monarquia constitucional foi um exemplo do medo da descentralização do Brasil. 
Os movimentos de dispersão continuaram no século XIX. Os principais movimentos se deram em torno da centralização do governo na capital RJ, ou na centralização provincial, com forte teor federalista. A abdicação de D. Pedro I, em 1831, desencadeou revoltas populares anti-centralização por todos os lugares, como a Farroupilha e a Cabanagem. Com esse cenário, os regentes criaram medidas para manter o estado centralizado. A criação da Guarda Nacional, Sociedade Aliciadora da Indústria e o próprio IHGB foram exemplos disso. Do conselho administrativo da Sociedade auxiliadora, Raimundo José da Cunha e Januário da Cunha Barbosa, que saíram os investimentos para a criação do instituto. 
O instituto era formado por 50 membros, 25 da história e 25 da Geografia. O perfil era da elite, pessoas que serviam a Casa de Bragança, de origem portuguesa, refugiados das invasões napoleônicas. A maioria dos membros tinha carreira no setor publico, seja em magistério, exército ou servidores, muitos nem tinham curso superior. 
Como membros do estado, a servidão à monarquia e o fortalecimento da unidade nacional eram princípios básicos. O instituto frisava os valores patrióticos, por isso era necessário destacar os valores e honras da pátria. 
O trabalho geográfico consistia em conhecer melhor as cidades, os portos, as estradas e a própria natureza. A história buscava estabelecer datas e memorizar personas importantes. O papel do instituto era valorizar a visão do colonizador e aproximar a realidade brasileira à realidade europeia. 
O instituto buscava se padronizar nos moldes da escola alemã, a mais moderna da época. O século XIX é conhecido como século da história, pela objetivação da história, ganhando cientificidade, graças a escola alemã. A sua filosofia foi difundida para o sistema universitário do mudo todo, inexistente no Brasil, formou-se no instituto. 
Karl Friedrich Philipp Von Martius e a escrita do Brasil 
Januário da Cunha Barbosa oferecera um premio de 100 mil réis para quem escrevesse um projeto que melhor representasse a história do Brasil, de forma que abraçasse as ideologias do Instituto. 
Wallenstein, em seu plano, intitulou a necessidade de dividir a história do Brasil em décadas, narrando-se os períodos em tempos determinados. Além disso, propunha uma história política, a eclesiástica, social e literária deveriam ser secundárias. O inicio da obra contemplaria, rapidamente, os povos conquistados. 
Sua proposta foi entregue em 10 parágrafos, bem obsoletos. Porém, apesar da sua objetividade, seu projeto não foi capaz de derrotar o brilhantismo do seu concorrente. O vencedor, apresentado em 1847, Karl Friedrich Philipp Von Martius, com o projeto “Como se deve escrever a História do Brasil”.
Martius era botânico, veio ao Brasil explorar a natureza, dentre 1817 a 1820. Ele ainda foi professor da universidade de Munique, além de diretor do centro botânico. Escreveu obra “Flora Brasiliense”, onde descreveu milhares de espécies de plantas nativas. 
A proposta de Matius tinha forte teor filosófico, propunha que a politica fosse deixada pra um segundo plano, e que a história do Brasil fosse escrita através da confluência das três raças formadoras do brasil. 
A descrição da história de Martius é estranha aos olhos atuais. Descrevia três raças, cada qual com suas particularidades físicas e morais imutáveis. Baseado no iluminismo, ele via com bons olhos a formação de uma nação baseada em 3 raças distintas. 
O português seria o principal, fundador da nação e motor da história brasileira. Porém, afirmava ser um erro desprezar a influencia negra e indígena, mesmo que o epicentro fosse o português. Para Martius, a história de Portugal era importante, pois a metrópole fundou órgãos legislativos e a própria legislação. A poesia e a literatura portuguesa serviriam paraum parâmetro cultural da influencia no Brasil.
O estudo da cultura indígena também seria importante, principalmente a de sua língua. A partir disso, o historiador poderia traçar cadeias estruturais da formação dos povos e diferenciá-los. Também seria preciso compará-los com outros povos do mundo para identificar o nível de evolução.
MArtius não deu muita atenção a raça etiópica, para ele o tráfico negreiro e algumas características dos negros seriam relevantes. A escravidão era o foco, o historiador deveria saber sobre os costumes, as qualidades, os defeitos, o processo de transporte, etc. 
O movimento socioeconômico do mundo era um foco, já eu o comércio exterior afetava o Brasil significativamente. 
Francisco Adolfo de Varhagen 
A década de 1840, marca a consolidação da monarquia, com a coroação de D. Pedro II, ao enfrentamento das anarquias republicanas. Em resposta so movimentos republicanos, D. Pedro II promove vários investimentos na cultura e na sua formação. Neste mesmo período os principais escritores românticos adentram no IHGB. A literatura romântica no Brasil não foi somente um movimento artístico, mas estético, literário e político, dita a fidelidade à monarquia. Os românticos criaram a ideia de índio romantizado, presente até hoje, sexualizado, dito como até mesmo herói. 
A década de 50, ou Era Mauá, foi à época de ouro da monarquia. Houve um grande crescimento econômico, graças ao avanço das plantações de café, e com o fim do tráfico negreiro imposto pela Inglaterra, o Brasil forçou-se a investir em infraestrutura, como em ferrovias. O IHGB viu D. Pedro II cada vez mais influente, promovendo teses de pesquisa, financiamentos e gratificações. A partir de 1849, a catalogação e identificação de documento não seriam mais o foco, o foco seria a consolidação de novos campos de pesquisa, até mesmo a entrada de membros se configurou, só entrava quem apresentasse uma tese. 
Francisco Adolfo de Varhagen produz a “História geral do Brasil”, o livro foi publicado em duas partes, que vão desde a descoberta até a independência. A obra tratava do período colonial, atendendo ao interesse do estado Brasileiro criando modelos de identificação para a população presente e futura, para assim criar uma unidade nacional.
A obra e a formação do escritor é calcada no iluminismo português, ou seja, traz a ideia de civilização. A obra, portanto, se passa na imagem europeia, do português como civilizador, provedor do progresso e da civilidade. Trazia a ideia da elite e a sua consolidação. 
Sobre os portugueses, o autor buscou demonstrar a influência portuguesa na ordem legislativa, além de frisar a influencia do direito romano, que vinha desde os povos latinos. Também colocou a língua e os conhecimentos trazidos pelos portugueses como aspectos importantes. Os bandeirantes eram personagens importantes, pois representavam a consolidação da civilização e da fé, imposta aos nativos. 
A história de Verhagen deveria ser a história dos grandes homens, dos grandes feitos, das personalidades. O ator identifica o inicio do sentimento nacional na guerra contra os holandeses, onde a população se une contra os invasores. 
Ao analisar a influencia negra e indígena, destaca o papel mínimos na formação do país dessa parcelas. Para ele, o índio nunca foram os reais donos da terra. O autor cria uma imagem extremamente pejorativa do indígena, destacando-o como selvagem e inútil, que promovia guerras patéticas e sem sentido. Mesmo com inúmeros insultos, alguns aspectos foram úteis, como a agricultura e o uso dos alimentos. 
Os negros carregavam uma imagem ainda pior, o autor desejou inúmeras vezes o desaparecimento da negritude da cultura brasileira. O autor condenou as praticas escravistas, mas via o negro como bárbaro. O autor destaca como positivo da escravidão o contato com a fé, mas condenou a introdução do negro na cultura brasileira, pois trouxeram inúmeras enfermidades, valores sujos, corrompidos. Além disso, descreveu o contato entre os três povos como forma branda, sem violência. 
O pensamento histórico da geração de 1870 
Entre a literatura e a história 
A literatura se forma, ao longo do século XIX, como o principal meio de expressão dos ocidentais, forma de que expressava em si outras artes, como a pintura. Ela se manifestou os românticos, os socialistas, liberais. Nos países americanos, com as independências, firmou-se a necessidade de criar identidades particulares. O romantismo surge nesse cenário, formando o primeiro estilo literário independente da política. 
Essa geração foi influenciada pelos movimentos da revolução francesa e americana, chegando ao final com transformações bruscas do inicio. Era uma época de transformações rápidas movidas pelo capitalismo industrial. Havia-se um otimismo graças às revoluções, mas o final do século foi marcado por profundas crises e ressentimento. 
Então as nações buscam negar seu passado ibérico, e com elas o barroco e a arte religiosa, ditas como irracionais. Os países deveria acompanhar o progresso europeu, apoiando em temas culturais e políticos eu integrassem a América com o modelo Europeu, dito o mais civilizado. 
Com o passar do tempo, a estética importada assume seu caráter particular. Então, mesmo que com um contato com as novidades europeias, os escritores brasileiros não eram meros copiadores, demonstravam sua própria originalidade. 
Após a independência das colônias, na América, a corrente que vigorava como modelo político e constitucional era o liberalismo, atendendo as necessidades daquele capitalismo industrial. Porém, tratava-se de um liberalismo copiado do modelo europeu, fundando em colônias desiguais, descentralizadas, instáveis. 
A Ordem estatal tratou de recompor as antigas ordens coloniais, nenhum país americano se consolidaria sem grande autoridade e conservadorismo. Por isso, logo o modelo europeu adquire características da realidade latina, o que causou tumulto e revolta, pois se diziam liberais, mas sem os preceitos liberais. 
A década de 1870 representou uma crise política na gestão de D. Pedro II, após a Guerra do Paraguai, colocava-se a glória no exército, enquanto as classes mais abastadas perdiam prestígio junto ao governo. A igreja católica estava ressentida com D. Pedro pela aproximação da Maçonaria. Além disso, os fazendeiros pressionavam o governo pela não abolição da escravidão. 
O projeto agrícola do país colocava todo e qualquer projeto filantrópico em favor do movimento abolicionista no gelo. As pressões internacionais e o movimento abolicionista brasileiro pressionavam o império, que havia emitido inúmeras leis contra a escravidão anteriormente. Em 1889, o Moimento republicano, aproveitando da desorganização politica do império, do descontentamento popular e da pressão pró-abolição, instaura um golpe de Estado. 
A republica trazia novidades políticas e socioeconômicas, como o café, deslocando as fazendas do ale do Paraíba para o Oeste de são Paulo. Os escritores viveram sobre esse contexto de liberdade dos indivíduos, mas ao mesmo tempo um país recém-saído da escravidão e entrando no capitalismo de fato. Havia muitas contradições, a vida no campo e na cidade, as inúmeras revoltas, a escravidão, tudo era mostrado na literatura. O ambiente político era instável, revoltas camponesas como a Guerra do contestado e de Canudos estouraram. 
A literatura criticava os pilares da sociedade brasileira: O império, a religião e o romantismo, O ambiente intelectual aflorou graças ao positivismo, o materialismo, forjando uma nova ideia de modernização e de sistema político, que estaria a Republica. Essa literatura buscava evidenciar a realidade brasileira, além disso, trazia preocupações sobre a realidade politica, preocupada com o civismo, o nacionalismo, patriotismo. Também não havia movimentos e correntes fixas, mas sim um ecletismo literário, autores absorviam as influencias diversas. 
Joaquim Nabuco 
Era abolicionista, escritor, historiador, católico e diplomata. Grande expoente do liberalismo no Brasil. Sua campanha naabolição da década de 1880 marcou sua carreira literária, principalmente pela sua obra “Um estadista do Império”. Nabuco é conhecido como um reformador politico e social, pelas suas ideias, reflexões sobre o cenário imperial. 
Nabuco estudou direito em Pernambuco e em São Paulo. Estreou como advogado defendendo um escravo, Thomás, acusado de assassinato. Publicou o livro “O abolicionismo”, onde ele colocava as reformas necessárias para o desenvolvimento do Brasil, como educação publica, descentralização politica, liberdade de culto, imigração europeia, etc. Porém, sua luta era contra a escravidão. Nabuco mostrava a escravidão como um atraso social, uma problemática que infringia aspectos morais e do próprio direito. O escravismo punia o negro, o trabalhador, o proprietário e atrasava o desenvolvimento econômico do país. Isso se deu em meio a aprovação de leis pré-abolucionistas, como a Lei do Ventre Livre, Eusébio de Queiróz.
Nabuco mostrou como a escravidão causava um atraso moral e econômico, por isso defendia uma reforma agrária, educação gratuita e universal e medidas de apoio aos trabalhadores. 
Com o sucesso da luta pela abolição, o império perdia cada vez mais o apoio dos fazendeiros escravistas. Isso abriu margem para as ideias positivistas, o evolucionismo, as ideias raciais ganharem espaço, decretando o fim do império em 15 de Novembro de 1889. Nabuco acabou à margem das questões polícias e por isso preferiu dedicar-se a escrita. Em “Um estadista do Império”, Nabuco descreve a história de seu pai em meio ao contexto de grandes personalidades do império, crises, funcionamento. Portanto, sua obra foi escrito aos moldes do século XIX: com muito enfoque nas questões políticas e em personalidades. 
Nos anos finais da sua vida, Nabuco trabalhou como embaixador nos EUA. Teve que conviver com a geração romântica de 1870, além de se contentar com uma modernização lenta do Brasil. Viu prosperar um liberalismo conservador no país, presentes até hoje, onde uma elite privilegiada dita as normas e se esquece de combater privilégios. O estado autoritário surge em países desiguais para se manter uma certa coesão, a transferência dessa ordem deu-se da trasião de uim império opara um regime militar. 
As obras de Nabuco descrevem bem o cenário cultural e político do final das décadas do século XIX. Nabuco representava uma força pró-progressismo e modernização, em confronto com um conservadorismo e liberalismo limitados. A clara distinção entre um projeto europeu de progresso, inspirado pelas revoluções, contra uma hierarquia política interessada na exploração se firmava. 
Nabuco vivenciou ás mazelas dos liberais, cuja pretensão de um estado de liberdades garantidas, acesso á propriedades e o fim de escravidão com justiça social aos negros jamais aconteceu. O projeto de apoio aos ex-escravos jamais aconteceu, a elite regada de valores europeus, preferiu a eugenização e o branqueamento da população. 
Machado de Assis 
Nasceu no Rio de Janeiro, o Morro do livramento. Era mulato e neto de escravos alforriados. Não se sabe se frequentou a escola, mas já sabia ler aos 14 anos, mesmo ajudando seus pais na venda de doces. Aos poucos foi se inserido na vida intelectual, não virou escritor da noite para o dia, foi um processo de construção e aperfeiçoamento. 
Não podemos chama-lo de historiador de fato, mas sim de escritor. Machado de Assis escreveu romances, teatros e poemas. Porém, suas obras falam muito sobre os fenômenos ocorridos ao final do século XIX. Podemos dizer, então, que Machado de Assis era um observador nato, que observou e descreveu uma literatura realista da época.
Em uma época recheada de conflitos sociais e raciais, somente o fato de Assis ter conseguido se instruir, mesmo sendo humilde, pobre, negro, já se mostrava um grande avanço. Por muito tempo, os locais onde transitam os letrados, com livrarias, vitrines, jornais, foram frequentados por Machado de Assis, caixeiro de uma livraria, até que ele se tornasse cronista. 
Machado de Assis estreia no Jornal Marmota Fluminense, onde escreveu o poema A palmeira. Aos poucos Machado de Assis foi se integrando a uma elite letrada que debatia assuntos vindos da Europa. Ao mesmo tempo em que ensaiava em vários jornais, tornou-se funcionário publico. Trabalhou no ministério da Agricultura, na década de 1870, como fiscal da Lei do entre Livre, apreendendo o severo cenário das famílias negras no Brasil, dentro de um cenário de tensão. Justamente nessa fase que consagra sua fase como romancista, com a publicação de Iaiá Garcia e Memórias póstumas de Brás Cubas. 
O que levou Machado de Assis a ser conhecido como um historiador de seu tempo foi a destreza que captava a realidade e o pensamento das elites paternalistas, senhoriais e escravistas. Memória Póstumas de Brás Cubas representa a transformação da realidade e das ideologias que sustentavam o escravismo, em decadência. Brás Cubas era um morto ainda vivo , apegado a suas memórias, representou o apego de um proprietário de terras e escravos apegado a essa condição. Há um caráter realista nas obras de Machado de Assis, ele buscava sempre captar a realidade que o cercava. 
Machado de Assis também encarava questões da própria psicologia e da ciência e tecnicidade do seu tempo, como na novela “O alienista”. O Dr. Simão Bacamarte queria delimitar o limite entre a razão e a loucura acabou ele mesmo sendo internado. 
Em Dom Casmurro Machado de Assis descreve as relações de poder entre homens e mulheres, além de desejos seus e vontades reprimidas pela hegemonia na época, como o ciúme de Bentinho por Capitu. 
Os sertões, Euclides Cunha
Ganhou fama com os Sertões, até então era um engenheiro desconhecido. N juventude havia publicado poemas e publicações em jornais republicanos. Seu livro chamou tanta atenção que foi convidado para integrar o IHGB e a ALB. 
É comum em livros didáticos antigos encontramos um a indefinição da categoria que Os sertões se encaixam. Isso se deve pelas críticas que o livro recebeu, não sabendo categorizá-lo em literatura ou história, mas o livro recebeu elogios pela estética, algumas criticas quanto os termos científicos usados. 
Euclides é classificado na sequencia como realista/naturalista. Outror livro, longe de um romance realista ficcional, tratou da campanha de Canudos, que adentrou a caatinga do sertão nordestino. Trata-se de uma obra que abre mão dos recursos sociológicos, psicológicos do seu tempo e parte para uma escrita artística. 
OS sertões é dividido em três partes: A terra, o homem e a luta. A primeira parte a presenta um estudo geológico da formação da América, principalmente da Região de canudos. Trata-se de uma escrita extrememanete descritiva do solo, fauna, flora e também há abuso da prosopopeia, ou seja, utilização de seres amorfos ou animais humanizados. 
A segunda parte apresenta estudos feitos a partir da formação do povo brasileiro, principalmente na mestiçagem e na união das três raças, com e enfoque na vida de Antônio Conselheiro. O autor também dedica longas paginas ao processo de colonização e povoamento do Brasil. Trabalha em dualidade entre Litoral/Sertão, como o sertão oposto à modernidade. 
A terceira parte do livro se dedica a luta do exercito republicano contra os rebeldes de Canudos. Com muito sarcasmo e ironia, além de uma metáfora sobre a condição humana, Euclides vinga a injustiça cometida pelo Exercito e o Estado no massacre. Euclides mudou drasticamente de postura nessa obra, já que o que motivou a viagem de Euclides pelo Sertão foi as noticias dadas pela imprensa de que lá se firmava um multirão de fanáticos religiosos e monarquistas, mas chegando lá Euclides compreendeu a injustiça, a loucura e os males da guerra. 
Para escrever os Sertões Euclides abriu mão das correntes positivistas presentes no Brasil, que davam um caráter determinista. Contrariando a imprensa, Euclides preferiu descrever o sertanejo como miserável, passando pela fome, a miséria, as suas dificuldades, e não como loucos. 
É preciso entender a noção de justiçaou vingança que Euclides descreveu. É importante dizer que Euclides elucida para uma vertente oposta ao progresso e ao evolucionismo social, a humanidade não estaria caminhando para o progresso, mas para uma realidade de tristeza e horror. Estariamos alcanando a loucura, a desordem, e por isso a história era sem sentido. Os sertões se trata de uma obra para os historiadores do futuro, aqueles eu poderiam elucidar os fatos como ocorreram. Eles se decidiriam, enfim, se o futuro trouxe o progresso ou não. 
Capistrano de Abreu e Oliveira lima 
João Capistrano Honório de Abreu foi um grande historiador brasileiro, dito o mais erudito de sua época. Catalogou, buscou e analisou inúmeras fontes sobre a formação do Brasil, além de ser conhecido como uma enciclopédia viva. 
Capistrano foi um historiador no sentido do termo, pois trabalhava com a catalogação de fontes, além de análises críticas psicológicas. O historiador não cria ficções, mas recria, através das fontes, afirmações validadas sobre o passado. Trabalhou na descoberta, análise a catalogação de fontes do período colonial, como de Fernão Cardim e José de Anchieta. 
O importante para os estudos do historiador era a análise da formação e do povoamento da região norte do país, que dobravam o Rio São Francisco, Entrada do Paraíba, caminhos do Maranhão e Bahia. Estudos sobre o povoamento e caminhos antigos que trouxeram contribuições riquíssimas. O movimento iniciado pelo historiador foi o de redescoberta do Brasil, de ter conhecimento da história de regiões esquecidas. Tratava-se de construir uma identidade e um perfil do brasileiro através da proporia nacionalidade, de valorização do sertão e outros espaços. 
Capistrano entre para a historiografia na publicação de um necroelogio para Varnhagen e sua publicação, História Geral do Brasil. Para ele, o autor francês foi além da tradicionalidade, dos grandes feitos e personas, portanto, um exemplo a ser seguido. As críticas também estavam presentes, já que para Capistrano Varhaben ignorava as ciências modernas que fundavam os historiadores, como a sociologia, e se prendia a aspectos tradicionais, como apego a exemplos que serviriam de exemplo para o futuro. A história deveria segui os rumos de Herbert Spencer e Comte, junto à teoria da evolução. Com fenômenos interligados. 	
A história deste historiador, como o final do século XIX, estava empenhado na história do Brasil e no nacionalismo, capazes de servirem de caminho à civilização. 
Manoel de Oliveira Lima 
Nasceu em Recife, morreu nos EUA, em 1928, como diplomata e historiador. Era filho de português com pernambucana e por isso mudou-se para Portugal jovem e cursou letras-filosofia na faculdade de Lisboa. Morreu na vida diplomática, que o possibilitou uma vida de intensos estudos. Sua formação em Portugal refletiu na sua produção, onde a criticidade do curso de letras, com grandes nomes da época e uma pitada de ressentimento do Império português com o Brasil e India. 
Apesar de viver fora, era orgulhoso da identidade brasileira, principalmente americana. Foi um grande divulgador da formação brasileira e da nossa cultura. Oliveira Lima tinha grande interesse pelo pan-americanismo, já que tinha uma cisão globalizada do mundo, defendia a unidade americana. 
O grande livro de sua carreira é “D. João VI no Brasil”, de 1908. Feito para concorrer a um edital do IHGB em homenagem ao centenário da coroa no Brasil. Sua obra ganhou, sendo consagrada por nomes como Gilberto Freyre. A obra pode ser vista como uma celebração da Coroa no Brasil, visto que para Oliveira ela foi sinônimo de civilização. O brasil teria se tornado uma nação mais soberana.
Oliveira preocupou-se me colocar análises psicológicas e biográficas nos estudos históricos. Por isso, o autor via D. João VI como um personagem central, rodeado de intrigas, traições, funcionários. Defendia, ainda, que D. João VI se rendeu a natureza do Brasil. 
A obra chega a ser descrita como conservadora e tradicional ao afirmar que a escravidão teria sido benéfica aos negros. Oliveira constituiu uma análise que se diferenciava da simples explicação documental, para ele aa história deveria ser escrita com um talento literário. O historiador precisava de recurso imaginativo, Artísitico, investigativo e, claro, erudito. 
O autor manteve o saudosismo da monarquia, da visão histórica lusitana e ao mesmo tempo um progressismo acerca de novas formas de se escrever. Ele estava atento as tendências europeia, conhecia inúmeros historiadores do seu tempo.
Modernismo: A redescoberta do Brasil 
O movimento característico por renovar as artes o Brasil tem como marco A semana da Arte moderna, ocorrida no teatro municipal, em fevereiro de 1922. O foco era em romper com o tradicionalismo da arte, como o realismo, parnasianismo. A intenção era trazer o Brasil à modernidade, já que o momento favorecia com a industrialização e o pós-guerra. 
O futurismo europeu ganha destaque já que o ambiente mecanizado e a primitivismo da realidade brasileira eram focos. O primeiro livro modernista foi “Pauliceia desvairada”, de Mário Andrade, que retrata o acelerado crescimento da capital paulista. 
Depois de alguns anos da ruptura do modernismo, preocupava-se com a brasilidade. Pesquisava-se e valorizava-se o folclore, a língua coloquial, figuras brasileiras, a cultura. Havia-se i9numeras caravanas pelo brasil em busca da cultura étnica do Brasil. Exemplo disso foi “Manifesto Antropofágico”, de Oswald Andrade ou “Macunaíma”, de Mario de Andrade. 
As oligarquias mineiras e paulista dominavam a política, a economia estava subordinada ao café. A crise de 1929 gera uma crise econômica que reflete em rupturas políticas, desdenhando na revolução de 1930.
A nova classe política era heterogênea, unido somente pela necessidade de se derrubar a oligarquia política antiga. Porém, a um novo estado centrado na elite industrial e com atenção as camadas operarias. Aquela época abriu uma nova visão moderna sobre a cultura no Brasil, que se animava com uma democracia mais viva (em tese), criticando a noção de cultura com algo pertencente as antigas aristocracias. Há também uma unificação de conhecimentos e saberes, não mais ficando regionalizados, isso deu uma impressão de que o Estado Novo era responsável por tal progresso.
Exemplo disso é o Palácio Capanema, feito com murais encomendados de Candido Portinari. No campo da literatura não foram poucas obras enraizadas nesse novo cenário politico e cultural. A literatura estava interligada cm ideologias politicas, influenciadas pela sociologia, antropologia, dentro de análises criticas da realidade brasileira. Esse pensamento circulava pelas grades editoras do país. Tudo isso se deu pela busca incessante da singularização do Brasil em se diferenciar de outras nações. 
A segunda fase do modernismo, da década de 30, enxerga o Brasil como um atraso cultural, então há um foco na construção de uma temporalidade própria. O legado de 1922 não precisa ser supervalorizado. É preciso ver 1922 como movimento fundador do modernismo, divisor de águas da cultura brasileira, foi em parte pela construção memória e histórica do movimento. É importante salientar um movimento de renovação que já havia sendo construído, mas que também pertence a uma regionalidade, a de são Paulo, e também como um movimento dito amplo por conta da faculdade de Letras da Usp e da própria mídia. Há uma problemática muito grande me se agregar movimentos diferentes, regionais, e jogá-los como modernistas ou pré-modernistas.
Muito por conta dessa construção memorial e da mídia, muitos historiadores modernistas, de fato, são ignorados. Sérgio Buarque de Holanda, por exemplo, foi editor de uma revista modernista, “Estética”, em 1923. Gilberto Freyre publicou, em 1926, “Manifesto regionalista”, que pode ser visto como um modernismo popular, conservador e até reacionário. 
A luta da segunda geração modernista era pela identificação de uma temporalidade brasileira, dentro dos estudos da nossa realidade. Ela se manifesta num tipo de escritaespecifica, com sua própria interpretação histórica. O ensaio valoriza as subjetividades, a pluralidade, um misto entre reflexão e a leitura do mundo exterior. Não há regras de escrita, mas há algumas características em comum: Não existem colusões objetivas e abre portas para diversas interpretações. O gênero era uma mistura de história e sociologia, ainda não firmadas como disciplinas acadêmicas. Era descrita como um misto de originalidade literária e escrita, junto a pesquisa científica. 
A história tinha uma função de articular as ordens temporais presentes com as do passado, isto é, a sua relação com a consciência histórica, a sua intervenção no presente e hpriozintes futuros. A história deveria dar sentido ao coletivo da nação. 
Paulo Prado e Oliveira Vianna 
Esses dois autores sempre foram vistos como historiadores de uma espécie de série “B” do Brasil, principalmente por conta dos nomes que surgem na fase moderna do Brasil, como Gilberto Freyre, Caio Prado Jr., e Sérgio Buarque de Holanda. 
Paulo Prado 
Filho de paulistas cafeicultores foi ele mesmo um grande financiador da Semana de Arte Moderna. A tradição intelectual estava na família, pois ele era sobrinho de Eduardo Prado, um dos fundadores da ABL, além de que foi por quem pode conhecer Capistrano Abreu, por qual se considerava m discípulo. Podemos dizer que Paulo era um escritor da transição da geração de 1870 e o modernismo. 
A obra que lhe trouxe fama foi “Retrato do Brasil: Ensaio sobre a tristeza brasileira”, 1928, livro extremamente criticado pela acide que tratou de falar sobre a origem da nacionalidade brasileira. O modernismo de fora de SP viu a obra como uma caricatura pessimista da história. 
O autor deixou de escrever em 1934, dizia-se insatisfeito com a revolução de 1930 e por isso resguardou-se a vida privada e aos negócios. O Livro é pequeno e dividido em duas partes, Retrato e “postcriptum (parte onde teria alertado sobre o Golpe)”. A primeira parte é dividida em quatro partes: A luxúria; A cobiça; A tristeza; e o Romantismo. O livro é pessimista enquanto as persistências da década de 1920, sobre aspectos negativos da colonização e possíveis rupturas com o atraso da ordem nacional. A única coisa boa no futuro era a crença de que pior o país não ficaria. O autor buscou mostrar uma nação adoecida desde os tempos coloniais, permeados de tristezas. 
A psicologia da conquista seguia a impulsividade da cobiça do ouro e da sexualidade livre, o Brasil nunca produziu bons sentimentos, já que o colonizador não amava a terra, mas sim o lucro. O sensualismo e o erotismo estavam presentes na ida colonial, e portugueses e indígenas propiciavam-se disso. Paulo Prado colocava a maior responsabilidade dessa sexualidade nas negra, símbolos da corrupção da família patriarcal. 
No potscriptum, Paulo Prado disserta sobre o estranho desenvolvimento das três raças no Brasil, resultando num novo tipo étnico, um novo brasileiro. Nega-se o racismo, pois a miscigenação acabou com o racismo, diferente dos EUA. A sus história nega uma visão romântica e aplica um visão racional e cientifica. A história teria se aproximado das emoções, das cores, da não verocimidade, afastando aspectos importantes, como datas e personagens. 
Oliveira Vianna e o Estado Novo 
Tinha uma ideia oposta a de Paulo Prado, via com certo otimismo no desenvolvimento da ciência e da técnica, tanto ao ponto de quere-las como norma social, fato que o levará a ser um ideólogo do estado novo. O fato de conquistar uma antipatia da classe historiadora se deve por isso, por ser uma classe tradicionalmente da esquerda, e por o autor fazer parte de um regime conservador.
O escritor não foi o único a colaborar com a politica nacional, é só lembrarmos-nos de Carlos Drummond de Andrade, que fez parte do ministério de Capanema. Porém, Vianna teve u m campo de atuação mais presente, pela sua história difundiu os ideais racistas e eugenistas indos do século XIX, além de defender um estado autoritário para resolver as problemáticas do país, muitas vezes de forma não democrática. 
O estado novo surge com um golpe de estado em novembro de 1937, com uma suposta ameaça comunista, ficção elaborada pelo governo para se manter no poder, com apoio da cúpula milita que suspendia garantias constitucionais, liberdades civis e dissolvendo o congresso. Entrava um nova era antiliberal. O departamento de Imprensa e Propaganda era o órgão que publicava a Cultura Politica, dedicada ao publico letrado, escrevia-se a própria versão da história brasileira. 
A história divulgada na revista era a extrema divisão entre o Brasil rural comandado pelas oligarquias do café e do Brasil industrial, moderno, rumo à civilidade. Após a consolidação do modernismo no imaginário, o que acontece é uma incorporação da ditadura de Vargas dessas ideias, Então, a historia buscava estabelecer vínculos com o presente e projetar no futuro uma política de recuperação desse presente. Nesse sentido, Vianna exerceu influencia como consultor jurídico do Ministério do Trabalho e teve influencia sobre a Consolidação das Leis do Trabalho. A obra de Vianna (populações meridionais do Brasil) incorporava o direito, a história, a psicologia, sociologia, etc. 
As instituições políticas brasileiras é considera a obra mais madura do autor, analisa o abismo entre as politicas e a realidade do povo, ou seja, o abismo entre os princípios liberais da constituição e as condições orgânicas da sociedade. A obra Evolução do povo brasileiro é onde se manifesta a concepção histórica do autor, publicada enquanto tinha influencia no poder, o que lhe confere status politico, como manter a questão da escravidão intocada, recebendo criticas por isso. 
O autor também defendia a politica eugenista, ou seja, o embranquecimento da população, para que assim o país pudesse evoluir, com o processo de arianização do povo. O autor acreditava que no Nordeste estava se formando uma sub-raça mestiça. 
Gilberto Freyre
Revoluciona as ciências sociais ao valorizar a mestiçagem e colocar o foco na cultura negra, não mais indígena. O autor era passível de critica, principalmente na década de 50 com o avanço das ciências humanas e também por se alinhar cm as ditaduras em Portugal e Brasil, na década de 60. 
O autor era historiador, antropólogo, cientista social e isso se refletiram a sua obra. Receoso das criticas, não poupou criticas a si mesmo nas resenhas e prefácios. Parte de uma abordagem subjetiva, emocional e empática, valorizando a cultura local. 
A obra é inovadora no sentido de separar raça e cultura, tendo a cultura como tudo aquilo que vem do fator social, assim, poderíamos separar preconceitos contra mulatos e negros. A obra foca na cultura, na sexualidade, no cotidiano, na visão dos senhores, mas continua o legado de Varnhagen quanto à colonização como um fator de evolução. 
As teorias de Freyre serviram como uma luva à elite brasileira. Que se envergonhava com a miscigenação do país. Porém, Freyre via o futuro com pessimismo, pois a modernização e a urbanização acabariam com a continuidade do passado patriarcal da sociedade brasileira. Portanto, a história é uma continuidade, não há rupturas, sendo o Brasil um país historicamente pacífico, integrador e acolhedor das diferenças. 
Na década de 1940, com uma série de seminários nos EUA, com a temática “Brazil: na interpretation”, Freyre argumentou que nenhum país do mundo tinha as mesmas características étnicas brasileiras, que havia solucionado seus conflitos sociais por meio da miscigenação.
Sérgio Buarque de Holanda e mal interpretação da Democracia 
Algumas críticas sobre a Coleção Documentos Brasileiros, feitas por Sérgio Buarque de Holanda, promovem acalorados debates. Frases como “Somos ainda um desterrados em nossa terra”, crítica a relação com a nossa terra natal, fonte da nossa identidade; e “A democracia no Brasil é um lamentável mal-entendido”, crítica a importação de um modelo democrático aristocrático e europeu. Essa dualidade se manifesta desde defensores de democracias radicaisaté de conservadores do modelo europeu. 
A carreira de Sérgio Buarque é memorável, principalmente após raies do Brasil, quando o autor sde dedica a profissionalização dos estudos históricos nas universidades. O autor é considerado uma ponte entre o modernismo e as universidades. 
A geração histórica de 30 dá razão a um sentimento contemporâneo de ordens temporais, estruturas politicas e institucionais arcaicas com promessas futuras de rupturas. Para Sergio Buarque essa própria percepção é a essência da interpretação da sociedade brasileira, com intuito de romper com o passado escravista e agrário. Então a temporalidade carrega raízes profundas desse passado colonial, assim como possibilidades, ainda que negativas, para um futuro. PARA SE CMPREENDER A SOCIEDADE BRASILEIRA BASTA EVIDENCIAR ESSES ELEMENTOS AINDA PRESENTES NA SOCIEDADE. 
Então, a busca desses traços, para Buarque, não era um simples retorno a tradição, mas sim a compreensão desses traços passados ainda no presente. Então, por exemplo, a repulsa a ritualista na sociedade, o mandonismo local com fortes traços de uma sociedade pós-escravista. Além disso, uma das principais contribuições da obra buarqueana é a noção de cordialidade ou homem cordial. O homem cordial seria a essência da própria permanência e da identidade nacional, não como um homem bondoso, mas passional, com riquíssima emotividade. Não há na cordialidade uma sobreposição da razão sobre as emoções. 
Claro exemplo disso está nas palavras e na língua portuguesa, com a utilização do sufixo inho com pessoas e objetos, é a maneira de torna-los íntimos, próximos. O catolicismo brasileiro é outro exemplo. A utilização de nomes e relações intimas demais, como apelidar santos, como Santa Terezinha, Padin Cícero. 
Algumas características nacionais dificultaram a modernização do país, como a noção de família tradicional patriarcal. A natureza das familiais patriarcais, domesticas, resguardadas, sem apelo político e passiva na vida social, ia contra um modelo moderno. 
Para Sérgio Buarque de Holanda, o estado cordial dificultou a formação de um estado burocrático com plena participação politica, formando um modelo de democracia diferente do ideal. O tipo ideal de individualidade histórica, aqui vemos uma influencia de Weber, que para Sergio Buarque o homem cordial não representa um modelo fixo ou pré-determinado, mas ele está inserido numa dinâmica histórica e temporal, por isso, sofre influencia tanto do passado quanto do presente, ele é um mediador dentro das tensões sociais. 
No último capitulo do livro, o autor defende um aniquilamento dessas raízes advindas do passado colonial, como o amplo domínio da cultura ruralista, a fim de que, pela promessa de um presente pudesse haver um futuro. A abertura para um futuro é o desfecho final da obra, que não apresenta soluções, mas sim uma possibilidade da compreensão das nossas raizes. 
A visão democrática ou progressista foi sendo desenvolvida com as autocriticas do autor ao longo do tempo. Principalmente pela quinta e ultima edição, de 1969, visando um contexto mais aberto democraticamente, em favor das transformações sociais e inclusão. 
A característica mais presente desde a primeira até a ultima obra é a característica de um futuro indeterminado, assim, criticando visões importadas do modelo europeu, como o marxisamo, positivismo, liberalismo, que projetam modelos prontos. Buarque privilegiava a possibilidade de superar as tradicionalidade, inclusive de modelos autoritários. 
Caio Prado Junior e o sentido da colonização 
Em evolução Politica do Brasil, após a crise de 1929, com a sua filiação na Aliança Nacional Libertadora e a sua aproximação com personalidades marxistas, nesta obra Caio Prado Jr desenvolve uma análise materialista histórica do Brasil. Caio foi o primeiro a utilizar preceitos marxistas complexos na história brasileira. Para o autor, Marx não deveria ser enraizado e com conceitos invariáveis, mas suas análises deveria servir para ap própria interpretação da realidade. 
Caio Prado se esforçou para dar voz aos indígenas, aos escravos, aos pobres, fazendo uma história politica dentro de um contexto de marginalização e no conflito de classes. A análise estava sobre a influência do fator econômico. 
Em 1934, Cai Prado entra no curso de Geografia e História da USP, onde tem contato com as ideias dos Annales e seus professores franceses. No mesmo ano o autor funda a Associação Brasileira de Geógrafos e no ano seguinte a Revista Geografia. 
Em 1935 a intentona comunista ocorre, caio prado é preso por dois anos. Em 1939, consegue responder os crimes em liberdade, se exila na França, onde tem contato com a biblioteca nacional, onde estabelece relações de pesquisa. Ao retornar ao Brasil, o autor promove inúmeras viagens registrando suas experiências, onde evidenciou a destruição da natureza e a miséria do povo. Issso abriu margem para sua grande obra: “Formação do Brasil contemporâneo”.
A obra tinha grande influencia da escola francesa, onde o historiador deve aproximar o passado do presente, junto as experiências vividas na sociedade. A historiografia do século XX percebia a institucionalização e a extrema racionalização da história, o que inibia o pensamento histórico. 
Caio Prado era adepto do pensamento dialético, vendo o conhecimento e pratica como questões indissociáveis. Na sua obra, Caio buscava traçar a expansão marítima, o descobrimento e a colonização, dentro da expansão capitalista. 
A história nas universidades 
O século XIX é conhecido como o século da história, é neste período que a ciência, o desenvolvimento tecnológico e a produção do conhecimento adquire força. A formação das universidade na Europa e nos EUA são os principais responsáveis, dedicadas a produzir conhecimento, elas imprimem um modelo baseado na divisão do trabalho, onde os professores treinavam discípulos para auxilia-los nas pesquisas. Se o século XVIII era caracterizado por produzir conhecimento em locais eruditos, academias, no século XIX a produção era destinada ás universidades. 
O IHGB, apesar de adotar métodos avançados de pesquisa, não segui o modelo universitário do século XIX, pois todos os órgãos culturais criados por D. Pedro II seguiam o mesmo modelo das academias ilustradas do século XVIII. Não havia competição nesses espaços, mas sim a tradicionalidade, a indicação, os contatos sociais definiam quem participaria delas, por isso eram lugares elitizados. 
A formação das universidades brasileiras na década de 1930 foi considerado uma quebra de paradigmas, principalmente pela quebra da tradição bacharelesca dos homens de letras, típicos das academias ilustradas. A história universitária veio pra romper cm a tradição do IHBG, que era formado por advogados, médicos, engenheiros, e preparar pesquisadores especializados.
Sérgio Buarque de Holanda criticava essa tradição brasileira, que acreditava que o dom de se fazer história nascia naturalmente, com o puro talento, não precisando de formação. Creditou as universidades como um novo respiro cientifica. O autor ainda destacou a importância da vinda de historiadores estrangeiros para as universidades brasileiras. 
A lei Francisco Campos, de 18 de abril de 1931, que fundou a formação das universidades, deu o passo que a história deixasse de ser vista como passa tempo e adquirisse sua importância acadêmica. 
A fundação da USP e a vinda da classe francesa 
Ao final do império e a republica que nascia ali, pode-se dizer que os Estados de São Paulo e Minas Gerais já eram as forças econômicas e com grande influencia politica nos pais, graças ao modelo federalista. Durante a década de 1920 SP já era o polo industrial mais desencilviodo do pais, por isso, um grupo de intelectuais paulistas se reúnem em volta do jornal Estado de São Paulo para criar uma universidade que se tornasse um centro de pesquisas cientificas e que preparasse professores para a educão básica, além de fundar uma elite liberal paulista para reformar o Brasil. 
Com o Golpe de 1930, Getúlio vargas instaurauma ditadura que suprime todos os direitos, inclusive a classe politica eleita na republica e cargos públicos são destituídos, assim o federalismo substituído por um centrismo do governo Vargas. A classe politica e a elite paulista ficam descontente e assume uma postura de resistência. Para se ter ideia, Getúlio nomeou quatro governadores pra São Paulo, todos destituídos pela região.
Em 1932 estoura a revolução constitucionalista, quando 20 mil paulistanos enfrentam as tropas de Getúlio Vargas. Foi um momento de civismo, patriotismo e florescimento de identidades, muitas classes apoiaram as tropas paulistas, os universitários, o clero, os imigrantes e operários. A derrota após alguns meses serviu de catalisador para a necessidade de uma universidade para formação de intelectuais paulistas, para compensas a derrota na revolução. Isso levou Júlio Mesquita Filho, direto do O estado de SP, junto os demais fundadores, a retomar a hegemmia paulista. 
A Universidade de São Paulo é fundada em janeiro de 1934, criada com forte inspiração dos modelos francesa, principalmente a Sarbonne, com os modelos nazifascistas em ascensão, o modelo liberal francês parecia uma alternativa. A primeira recruta de professores franceses foi em 1930, para a formação dos cursos, os professores chegaram ao Brasil em 1934, a maioria só até a inauguração dos cursos. A segunda leva de professores chegou ao Brasil em 1935, ficando por mais tempo, alguns até o fim da segunda guerra. 
O curso de história e geografia
Seguindo o modelo francês, o curso adotou o sistema de cátedra, vigente desde o século XII. A cátedra é regida por um especialista que desenvolve a função administrativa, além de pesquisa e ensino. No caso da história e geografia, dependendo das verbas, cada cadeira poderia ser de carga tempoario, um ou dois anos, ou cargos permanetnes, de 3 anos. Os professores catedráticos tinham direito a três assistentes, cujo papel era auxiliar na pesquisa. Esse cargo ofi fundamental para o desenvolvimento da pesquisa.
 Os primeiros professores catedráticos da USP surgem na década de 1930 e passam a ser mais frequentes com a saída da escola francesa. Em meados de 1940, aparecem os primeiros doutores formados pela própria universidade. 
Os mestres franceses 
Émile Coonaerter Foi o primeiro professor francês a ocupar a cátedra da História da Civilização da USP. Colaborou com a revista dos Annales e foi um discípulo importante da escola da história social e econômica. 
Sua atuação como professor não foi tão influente, mas se ocupou de investigar a historiografia local. Argumentou a existência de boas obras históricas no Brasil, mas pouco conhecidas. Por isso, a escola francesa deveria treinar e lapidar os talentos existentes no Brasil. 
Fernand Braudel Um dois mais influentes historiadores do século XX, alcançando fama após a estadia o Brasil. A sua obra mediterrâneo é considerada um clássico, sendo revista e reeditada inúmeras vezes, o sucesso fez com que Braudel se tornasse professor do College de France. Após a morte de Febvre morreu, Braudel o substitui na revista dois annales, tornando-se um epicentro de poder, pois os historiadores vinculados aos annales estavam os principais jornais, meios de comunicação e influencia. O autor alcançou um prestígio imenso, mas no Brasil lera um professor aspirante, no inicio da carreira. 
No Brasil, participou de conferências na universidade de Direito e no Instituto de Educação de São Paulo, além de publicar alguns artigos na Folha de São Paulo. Foi influenciado a ler as aobras de Gilberto Freyre, Oswald de Andrade, Monteiro Lobato e Jorge Amado. 
No texto “O ensino de História: Diretrizes” podemos identificar as intenções do autor. O autor defende que os historiadores não deem se prender a mera observação nem se apegar somente aos aspectos sociais, econômicos, culturais. Devemos entender a realidade histórica como um todo. O autor defendia a interdisciplinaridade. Dentro da sua disciplina, Braudel sempre buscou orientar seus alunos a áreas complementares do ensino de história. 
Jean Gagé subistitui Braudel em 1938, era especialista em história Antiga, principalemtne a romana. O sue ultimo cargo foi na disciplina de história romana antiga na Universidade de Estrasburgo, mas somente após a segunda guerra conseguiu se doutorar e lecionar no College de France. 
A cátedra da História Brasileira
Como vimos, as cátedras eram ocupadas por franceses, menos as que se referiam sobre a história brasileira, como Etnografia Brasileira e o Tupi Guarani. 
Afonso Taunay 
Nos cursos que ministrou dentro da USP buscava sinalizar a história militar e a administrativa do país. Ao abordar as bandeiradas, a história do café, buscava evidenciar a coletividade, a economia e sociedade, os costumes, assim como seu mestre Capistrano Abreu. Como professor, sempre recomendava a leitura, como “A historia da civilização brasileira”, de Pedro Calmon, e “populações meridionais do Brasil”, Oliveira Vianna, além de outras obras como ”Casa grande e Senzala” e “Vida e morte do Bandeirante”. O autor contribuiu muito para a historiografia, mas as suas obras não parecem nos levar a uma síntese, ou seja, apresentam mera descrições dos documentos ao qual ele pesquisava. 
Alfredo Elis Junior 
Um dos principais autores do regionalismo paulista e também descendente de uma antiga família fazendeira cultivadora de caféde São Vicente. Foi aluno de Taunay e formou-se me direito. Quando se tornou professor catedrático da USP, aquela altura, já era considerado um autor renomado com inúmeras pesquisas históricas. Suas obras tratavam da mestiçagem dos lusos com os indígenas e sobre os bandeirantes paulistas. Todas essas obras nascem de um contexto polarizado entre as forças regionais de São Paulo contra o Estado. Ellis Junior propunha um modelo de mestiçagem ideal, ignorando o papel do negro na formação paulistana. O autor se esforçou em encontrar respaldo cientifico na especificidade do paulistano e, por isso, justificava-se sua autonomia. Para ele, os três aspectos que justificariam a particularidade do paulista estava no distanciamento de SP com o planalto, a mestiçagem do indígena com os lusos, sem a influencia negra e, por ultimo, o bandeirismo.
O autor se valia de teorias antropológicas já questionadas, como o evolucionismo biológico, o determinismo geográfico.
Sérgio Buarque de Holanda foi o ultimo catedrático da cadeira de História da civilização brasileira. Apesar de paulista, Sérgio passou longos anos no Rio, onde foi discípulos de historiadores franceses que vieram fundar a Universidade do Distrito Federal. Quando a UDF foi fechada pelo estdo novo em 1939, Sergio Buarque trabalhou no Instituto Nacional do Livro, depois na biblioteca Nacional, substitui o Taunay no cargo do museu nacional. Na sua gestão o Museu do Ipiranga se torna um lugar para estudos antropológicos e históricos. 
Quando Sergio substitui Ellis Junior na cátedra da USP o autor já era um autor renomado no mundo todo, reconhecido por vários órgãos e universidades mundo a fora. O autor já tinha experiência no ensino universitário, diferente dos antecessores. Em sua obra “Monções” o autor promove um divisão de aguas pesquisando a interiorização do pais em detrimento da história litoral. Nesta obra, o autor busca estudar o movimento bandeirante, sua busca por índios, pedras preciosa e o comercio pelos rios até o Centro-Oeste. 
Detre os projetos mais efetivos do autor na USP foi o projeto editorial da Coleção História Geral da Civilização Brasileira, sendo a primeira obra conjunta sobre a História do Brasil, buscando abarcar aspectos econômicos, sociais, culturais da história nacional. É considerada a primeira obra historiográfica com fortes referencias multidisciplinares. 
Outro importante feito de Holanda foi a criação do Instituto de Estudos Brasileiros, de 1962. O intuito era criar um centro de pesquisa multidisciplinar sobre a história das culturas do Brasil. O conselho do instituto era composto por geógrafos, historiadores, antropólogos, etc.Para ele, o instituto servia como um potencializador de pesquisa, já que o sistema de cátedras impossibilitava a criação de pesquisadores plenos. Cabe ressaltar que o Instituto nasce num momento de efervescência universitária no país. 
O ensino Universitário de História 
A Década de 1920 a 1930 são marcadas por uma turbulência no contexto político brasileiro. O debate da educação preocupava a elite brasileira, principalmente qual caminho seguir, apesar do consenso da educação como uma necessidade. A disputa dos projetos educacionais se dava entre o Movimento da Escola Nova e o de grupos católicos. A década de 1930, na Ditadura Vargas, o governo se preocupou em unificar os sotemas de ensino, em detrimento do sistema federalista e de autonomia dos municípios e estados, causando atritos entre o Estrado e os municípios e estados. 
Dentro desse contexto, de um lado estavam os escolonovistas, que assinaram o Manifesto dos pioneiros da escola Nova, de 1932, liderados por Fernando de Azevedo, defendiam a escoal universal, publica e laica. Os intelectuais católicos, liderados por Alceu Amoroso Lima eram contrários à laicidade da educação, que, se seguisse o molde da Escola Nova formaria militantes esquerdistas e propagaria ao comunismo. 
A UDF 
Fundada por Anísio Teixeira tinha um esquema parecido com a USP, era um local para produção de conhecimento cientifico com vistas a sua difusão e não para o acumulo. Tinha a funão de preparar professores para o ensino secundário e atividade cientifica livres. 
A universidade não contou com o apoio da elite ou de instituições de fora como ocorrido na USP, por isso as instalações e sedes não era centralizadas num único espaço, mas em campus. Porém, o corpo profissional contava com os melhores intelectuais do brasil, inclusive a equipe francesa que veio planejar os cursos. 
A época da fundação da UDF realmente foi complicada, os escola-novistas sofriam com a perseguição são e as constantes denúncias de doutrinação esquerdista, além disso, a intentona comunista de 1935 prendeu inúmeros reitores, como Anísio Teixeira. A ditadura de 1937 fechou a UDF e fundou, nos moldes do governo, a Universidade do Brasil. Os católicos do Centro Dom Vital ganharam a maioria dos caros e a universidade deixou de ser um centro de pesquisa para se trnar uma universidade preparatória de professores. 
Alceu Amoroso Lima foi convidado a presidiar a nova Faculdade de Nacional de Filosofia. O ovo quadro de seleção do baseado em pensadores que eram simpatizantes do Estado Novo, além de pessoas ligadas a grupos católicos. Os Professores franceses da FNFi não causaram o mesmo impacto que a antiga UDF. 
A historiografia dos últimos 50 Anos
As décadas de 1960 e 1970 ficaram marcadas por duas escolas historiográficas: A escola dos Annales e o Marxismo. A história estava ligada ao estruturalismo e a sociologia. A década de 1980 é marcada pela decadência do Estado-Nação, a história dos Annales passa por uma reformulação incorporando o moimento da virada critica.
 Em 1968 o ensino universitário sofre profundas reformas com o Regime Militar, o sistema de cátedras é extinto, pois acreditava-se que os professores tinham poderes de decisão demais. Ficou estabelecido o sistema de departamento, que atenderia melhor as necessidades da faculdade. 
Em 1970, foram colocados os sistemas de pós-graduação como conhecemos hoje. Esses cursos foram afetados pelo autoritarismo da época, tendo inúmeros professores afastados dos seus cargos. Porém, ali se formaram espaços para aperfeiçoamento da produção de conhecimento e discussão de saberes. A regularização do ensino de pós-graduação foi feito pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes). A década anterior contribuiu com a criação de associações e centros de pesquisa, como a Associação Nacional de Professores universitários de História. É importante marcar esse período como a institucionalização do saber historiográfico no Brasil, principalmente com a descentralização da produção somente da USP.
Os espaços das associações eram lugares de amplo debate historiográfico. Em 1968, a Anpuh junto ao departamento de história da UFF, primoeram o primeiro Encontro Brasileiro sobre a Introdução aos Estudos de História, onde seria confrontados ideias e problemas da disciplina. Em 1971, A revista de História da USP abriu espaço para publicações de mesa redonda sobre o atual estágio de pesquisa historiográfica no Brasil. 
Os brasilianistas 
Se os autores franceses, na primeira metade do século XX, se interessaram pelo Brasil, como Brudel, nas décadas de 1960 e 1970 os americanos promoveram um boom de pesquisas sobre o brasil. Isto se deu devido a Revolução Cuba e a ditadura brasileira, que aumentaram o interesses americanos no Brasil. Keneth Maxwell, Stanley Stan, Richard Morse são exemplos.
Os brasilianistas foi o apelido dado aos historiadores estrangeiros que colocaram suas visões acerca da história do Brasil. Trata-se do período de voluptuosos investimentos e parcerias dos americanos com os brasileiros aconteceram, tendo em vista a revolução cubana. Os escritos guardaram grande variedade de temas e recortes, assim como transdisciplinariedade.
A imprensa teve grande influencia acerca da imagem destes pesquisadores no Brasil. A grande impressa taxavam-nos de não conhecedores da realidade brasileira, a imprensa alternativa alertava sobre o perigo do imperialismo norte-amerticano. Alguns pesquisadores, porém, via-os como conhecedores de técnicas e capacitados, mas que pecavam na realidade do Brasil. O período estava imerso num contexto de repressão e suspensão de cargos e cursos universitários.
A obra, mesmo nesse período de repressão, que mais se destacou foi a do americano Thomas Elliot “Brasil: De Getúlio Vargas a Castelo Branco”. Trata-se de uma obra política, mas sem deixar de lado as consequências econômicas e o impacto no socia, em uma época que se predominava obras do período colonial, com forte influencia econômica e social.
A sua obra buscava sintetizar os acontecimento desde a ascensão de Getúlio e o Golpe de 1964, como costuma afirmar categoricamente, além de buscar identificar um sentimento de Trauma político presente no imaginário brasileiro. Trata-se de uma das primeiras obras que buscou captar os acontecimentos recentes. Além disso, autores americanos ressaltam uma diferença profunda dos autores brasilianistas dos brasileiros: Os brasileiros tinham forte inspiração as teorias marxistas. 
A história da década de 1970
Se antes houve dificuldades para produção do conhecimento histórico, na década de 1970 houve grandes melhorias de condição. O contexto repressivo possibilitou uma reflexão sobre a produção da história. O autor Roberto do Amaral Lapa buscou evidenciar uma crítica as ideologias presentes, mas acabou produzindo uma obra revisionista e extremamente idealizada. 
O movimento acadêmico influenciado pela chamada “Escola Paulista de Sociologia”, chefiada por Florestan Fernandes, junto aos seus discípulos, acabou influenciando dentro dás saberes históricos e sociológicos a ideia do Brasil como um quintal do capitalismo, fadado ao subdesenvolvimento, por isso criticavam autores, faculdades, partidos. 
A história social e econômica ganha vigor na década de além de beberem na fonte da escola de sociologia. A principal ideia que vigorava era a teoria de dependência do Brasil, além da sua inserção no capitalismo. A história brasileira, portanto, valorizava duas correntes; A marxista e a dos Annales. A história deixa de se preocupar com a colônia visando o Império e a republica, além de se produzirem obras com recortes e especifidades, não mais monografias. 
A aproximação do marxismo e dos Annales está na obra “Brasil em Perspectiva”, de Carlos Guilherme Morta, que recebeu forte influencia do aparato cientifico da USP. Também anunciava a influencia Brasudeliana, além de citar partes das aulas de Brudel quando atuou no Cóllege de France. As obras passaram a buscar novas problemáticas, questionar antigas verdadese propor novas sínteses. 
Antônio Candido afirmou ano de 1978 como um ano do contra, principalmente pela forte contestação nas universidades. Trata-se de um ambiente repleto de influencias e aspirações democráticas vidas da juventude e da relação com os antigos professores. Os embates estavam na concepção marxista de Guilherme Mota, que via na produção de Sérgio Buarque de Holanda um conservadorismo que excluía os fatores econômicos e sócias.; Sérgio se defendia dizendo que não há obra sem ideologia. 
Histórias Plurais da Década de 1980 e 1990
Apontaram os erros dos autores da década de 1970 e a forte preocupação com as ideologias. Guilherme Mota foi criticado pela recusa de estudar a historiografia anterior a 1930, com a justificativa de se tratarem de obras com dependência cultural. Porém, haviam outros autores que reconhecima o legado de Mota e Lapa

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