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Endereço da página:
https://novaescola.org.br/conteudo/3444/primeira-
republica-um-periodo-de-reformas
Publicado em NOVA ESCOLA Edição 265, 01 de Setembro | 2013
História da Educação no Brasil
Primeira República: um
período de reformas
História da Educação no Brasil
Elisa Meirelles
Em anos atribulados, surgem os grupos escolares e ganham força os ideais
escolanovistas
Benjamin Constant foi ministro da Instrução Pública, Correios e Telégrafos
Aqui tem mais 
reportagens!
Nos grupos escolares estudavam muitos alunos, divididos por série e idade
Com a Proclamação da República, o Brasil adotou o federalismo
e o poder, até então centralizado no imperador, foi dividido
entre o presidente e os governos estaduais (leia os capítulos
anteriores desta série). O período foi marcado pelo
desenvolvimento da indústria, pela reestruturação da força de
trabalho - não mais escrava -, pelas greves operárias e pela
Semana de Arte Moderna. No mundo, aconteceu a Revolução
Russa, a Primeira Guerra Mundial e a queda da bolsa de Nova
York. Essas transformações tiveram ecos na Educação. A ideia do ensino como
direito público se fortaleceu e surgiram modelos que se perpetuaram. 
No Brasil, com a Constituição de 1891, a União ficou responsável apenas pela
Educação no Distrito Federal (então, o Rio de Janeiro). "Os estados mais ricos
assumem diretamente a responsabilidade pela oferta de ensino e os mais pobres
repassam-na para seus municípios, ainda mais pobres", comenta Romualdo
Portela no livro Educação e Federalismo no Brasil: Combater as Desigualdades e
Garantir a Diversidade.
Diante da fragmentação organizativa e da falta de uma orientação nacional,
surgiram diversas propostas de reforma. Elas eram calcadas em diferentes ideais
que passaram a disputar espaço. Os embates principais foram entre o positivismo
e o escolanovismo, mas também estavam presentes os ideais católicos e o
anarquismo (leia a linha do tempo na página seguinte).
"Não pode ser uma escola de tempo parcial, nem uma escola somente de letras, nem
uma escola de iniciação intelectual, mas uma escola sobretudo prática, de iniciação
ao trabalho, de formação de hábitos de pensar, hábitos de fazer, hábitos de trabalhar
e hábitos de conviver e participar em uma sociedade democrática, cujo soberano é o
próprio cidadão."
Anísio Teixeira
Diferentes concepções de ensino 
As ideias positivistas ganharam força com a reforma de 1890, organizada por
Benjamin Constant (1833-1891). Adepto das teses do filósofo francês Auguste
Comte (1798-1857), ele foi nomeado chefe do Ministério da Instrução Pública,
Correios e Telégrafos - primeiro órgão desse nível a se ocupar da Educação.
Propôs mudanças nos ensinos primário (de 7 a 13 anos) e secundário (de 13 a 15
anos) do Distrito Federal, priorizando disciplinas científicas como Matemática e
Física, em detrimentos das humanas - que eram o foco das escolas de primeiras
letras, criadas no Império. 
A resistência da elite e da Igreja católica impediram que o projeto de Constant
avançasse, mas ele abriu espaço para outras propostas. A que alcançou maior
êxito foi a reforma paulista, implementada de 1892 a 1896. Ela tinha como base a
criação dos grupos escolares. Como relata Dermeval Saviani no livro História das
Ideias Pedagógicas no Brasil (489 págs., Ed. Autores Associados, tel. 19/3289-5930,
89 reais), esse modelo - que foi replicado na maioria dos estados - reunia em um
mesmo espaço as antigas escolas de primeiras letras. O ensino passou a ser
organizado em séries e os estudantes foram divididos por faixa etária. 
Tornou-se necessário formar mais professores. A intenção do governo paulista
era abrir quatro novas Escolas Normais, mas só a da capital saiu do papel no
início da República. Paralelamente, foi criada uma solução rápida, mas de
qualidade inferior: as escolas complementares. Foi preciso, também, estruturar a
administração da Educação e formular diretrizes e normas. "Isso gerou novas
relações de poder dentro das escolas e, a partir de 1894, surge o cargo de diretor
escolar", registra Jorge Uilson Clark, no artigo A Primeira República, as Escolas
Graduadas e o Ideário do Iluminismo Republicano: 1889-1930. A direção era
reservada aos homens. Já as vagas de professores da Educação primária eram
amplamente preenchidas por mulheres. Rosa Fátima de Souza, da Universidade
Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), destaca que era um trabalho
socialmente aceito e elas concordavam em ganhar salários baixos, pouco
atraentes ao público masculino. 
Na base pedagógica da reforma paulista estavam princípios como a simplicidade,
a progressividade, a memorização e a autoridade, fundamentada no poder do
professor e em prêmios e castigos aos estudantes. Rosa complementa que os
docentes eram bastante pressionados pelo estado. "Notamos uma preocupação
nos relatos de professores da época em cumprir o programa. O aluno que repetia
trazia um gasto extra que preocupava a escola", ela diz. A Educação, então, tinha
um viés excludente, já que quem era reprovado (cerca de 50%) acabava
deixavando de estudar. 
"A exclusão também se dava em função da localização geográfica e do número de
unidades escolares", explica Vera Lúcia Gaspar da Silva, da Universidade do
Estado de Santa Catarina (Udesc). Embora grande parte da população estivesse
no campo, os grupos eram construídos nas cidades. Nas áreas rurais, havia
apenas escolas isoladas, com uma sala e alunos de diferentes idades.
Linha do tempo 
1891 É proclamada a Constituição e a Educação fica a cargo de estados e
municípios. 
1892 A reforma paulista propõe os grupos escolares, com a divisão dos alunos em
séries. 
1914 Começa a Primeira Guerra Mundial, que segue até 1918. 
1920 Ocorre a Reforma Sampaio Dória, em São Paulo, seguida por outras sete. 
1930 A revolução e um golpe de estado levam Vargas ao poder.
Esforços para democratizar 
A ideia de uma Educação para todos só ganhou força na década de 1920. Nesse
período, se destacaram os pioneiros da Escola Nova - Anísio Teixeira (1900-1971),
Fernando de Azevedo (1894-1974), Lourenço Filho (1897-1970) e outros -, que
defendiam a escola pública e laica, igualitária e sem privilégios (leia a frase de
Teixeira na primeira página e a pergunta de concurso abaixo). 
O estopim das mudanças foi a Reforma Sampaio Dória, em São Paulo, em 1920,
que leva o nome do então diretor-geral da Instrução Pública do estado, Antonio
de Sampaio Dória (1883-1964). Preocupado com o fato de metade da população
de 7 a 12 anos estar fora da escola e com um baixo orçamento, ele propôs uma
etapa inicial de dois anos (equivalente ao começo do Ensino Fundamental atual),
gratuita e obrigatória. 
O projeto foi engavetado rapidamente, mas abriu espaço para ações estruturais
em vários estados. Em um período de seis anos, educadores lideraram reformas
no Ceará, no Paraná, no Rio Grande do Norte, na Bahia, em Minas Gerais, no
Distrito Federal e em Pernambuco. Segundo Saviani, elas alteraram a instrução
pública em aspectos como a ampliação da rede de escolas e a reformulação
curricular. 
Paralelamente, a corrente anarquista conquistou espaço e passou a influenciar a
Educação. Foram fundadas escolas operárias em quase todos os estados, geridas
pela comunidade. Tendo como base a Pedagogia libertária e as ideias do
espanhol Francisco Ferrer y Guardia (1859-1909), as instituições fugiam do
dogmatismo e fundamentavam o currículo na ciência, como descreve Angela
Maria Souza Martins, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
(Unirio), no artigo A Educação Libertária na Primeira República. 
Incomodada com a perda de espaço, a Igreja católica também orquestrou uma
reação, pressionou os governos para o restabelecimento do ensino religioso,
publicou livros didáticos e artigos em revistas e jornais e continuou a atuar na
formação de professores. Da mesma maneira, as elites tentavam reconquistarseu poder. De outro lado, os escolanovistas cresciam cada vez mais e se
preparavam para a publicação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em
1932, já no governo de Getúlio Vargas (1882-1945), como você confere no
próximo capítulo.
Questão de concurso
Estado de Goiás, 2003. 
Prova para professor de Inglês 
A bandeira de luta por uma "escola única, pública, laica e gratuita" foi erguida
pelos assim chamados pioneiros da Escola Nova. Sobre esse movimento, é
CORRETO afirmar: 
(A) Tem no pragmatismo, no progressismo e no misticismo protestante suas
bases teóricas. 
(B) Propunha um retorno aos estudos de latim e grego no curso secundário, sob a
inspiração do Ratio Studiorum dos jesuítas. 
(C) Trata-se de uma escolha explícita do referencial didático de Comênius. 
(D) Sua influência no Brasil deve-se a Anísio Teixeira, Lourenço Filho e outros. 
(E) Foi lançado por Benjamin Constant, primeiro titular da pasta de Educação da
República Velha. 
Resposta correta: D 
Comentário Os escolanovistas, entre eles Anísio Teixeira e Lourenço Filho,
defendiam a escola pública para todos, diferentemente da propaganda republicana,
pautada na retórica da Educação como pilar, sem criar políticas para efetivá-la. 
Consultoria Marcus Levy Bencostta

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