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Caso Prático - Período 2019 1

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CASO PRÁTICO:
 
No dia 27 do mês de fevereiro do ano de 2019, por volta das 21h00min., na Avenida Epitácio Pessoa, nesta Capital, nas imediações do restaurante “China in Box”, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma de fogo, Eriton Cavalcanti dos Santos subtraiu de Fransklucio Nunes Gomes, sua carteira de cédulas com documentos pessoais e a quantia de R$ 250,00, bem ainda o seu aparelho de telefone celular da marca SAMSUNG, modelo S4 mini Duos. 
Pelas investigações, o ofendido encontrava-se em um ponto de ônibus existente na localidade, quando foi abordada por Eriton Cavalcanti dos Santos, que de posse de arma de fogo, prometendo-lhe causar mal injusto e grave, ou seja, agressão física, anunciou um assalto, tomando os objetos descritos.
Após a execução do crime de roubo, o acusado tomou rumo ignorado, ao passo que a vítima saiu a procura de socorro, sendo acudida por seguranças do estabelecimento comercial já declinado, bem como por populares, que saíram no encalce do larápio, que foi detido, sendo encontrado em seu poder a res furtivae, que estava guardada em um dos bolsos de sua roupa.
Apesar de ter ocorrido a inversão da posse da res furtivae, foram recuperadas e devolvidas à vítima.
Ao local foi chamada uma guarnição da Polícia Militar, que apenas providenciou o encaminhamento do acusado à Polícia Civil.
Na 12ª Delegacia Distrital, ao ser interrogado pela autoridade policial, o acusado negou a autoria do crime, apesar de reconhecido pelo ofendido como o executor da infração penal e de ter sido encontrada na sua posse o produto do crime. 
Todas as formalidades da lavratura do auto de prisão em flagrante foram observadas pela autoridade policial.
Foram ouvidos o condutor e as testemunhas do fato delituoso que ensejou a detenção do acusado, cientificado dos seus direitos constitucionais, assinando a nota de culpa.
A prisão em flagrante do indiciado foi comunicada a autoridade judicial, ao Ministério Público e a Defensoria Pública.
A apresentação do acusado ao juízo de custódia foi designada a fim de que a autoridade judiciária examine a legalidade da prisão e adotar as medidas cabíveis.
ATIVIDADE 1: Como advogado, providencie pedidos de liberdade do indiciado (liberdade provisória e relaxamento de prisão em flagrante, ou mesmo ambos, cumulativamente).
ATIVIDADE 2: Os Pedidos de liberdade provisória e de relaxamento de prisão em flagrantes foram indeferidos. Tendo a autoridade judiciária convertido a prisão em flagrante em prisão preventiva. Considerando a providência adotada pelo Juiz de Direito, formule pedido de revogação ou de relaxamento de prisão preventiva (o pedido em questão pode ser formulado livremente, ficando a critério do aluno indicar os motivos escolhidos pela autoridade judiciária para a aplicação da medida cautelar que restringiu preventivamente dos acusados, repelindo-os com a petição postulando a sua desconstituição).
ESTADO DA PARAÍBA
PODER JUDICIÁRIO
 COMARCA DA CAPITAL – AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
TERMO DE AUDIÊNCIA 
Aos 16 do mês de agosto do ano de 2018, às 14h40min, nesta Cidade de João Pessoa, no Edifício deste Fórum, na sala de audiência, onde presente se encontrava a MM. Juiz de Direito, Dr. XXXXXXXXXXXXX, comigo Servidor Judiciário do seu cargo adiante assinado, foi aberta AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA, nos Autos da ação em epígrafe.
PRESENTES À AUDIÊNCIA
Juíza de Direito: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Representante do MP: XXXXXXXXXXXXXXXXX
Defensora Pública: XXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Preso: Eriton Cavalcanti dos Santos
AUSENTES À AUDIÊNCIA
Sem ausências
RESUMO DOS ACONTECIMENTOS
Abertos os trabalhos, entrevistado(a)(s) o(a)(s) autuado(a)(s), após contato prévio com seu(s) Defensor(es), tendo declarado por mídia. O(A) dd.(a) Promotor(a) de Justiça, declara por mídia. O(A) dd(a). Defensor(a) Público ou advogado(a) declara por mídia. Pelo(a) MM. Juiz(a) foi dito: Vistos. I. Trata-se de auto de prisão em flagrante de Eriton Cavalcanti dos Santos, preso No dia 15 do mês de agosto do ano de 2018, por volta das 21h00min., nas circunstâncias de tempo e lugar indicadas no boletim de ocorrência e notas de culpa. No âmbito da ciência do flagrante, nos termos do disposto no art. 310 do CPP (com a nova redação da Lei 12.403/11), passo a decidir. II. Está presente hipótese de flagrante delito, pois a situação fática encontra-se subsumida às regras previstas pelo art. 302 do CPP. O auto de prisão em flagrante encontra-se regular, material e formalmente em ordem, sendo cumpridas todas as formalidades legais e respeitados os direitos constitucionais. Além disso, não se vislumbra qualquer nulidade, irregularidade ou ilegalidade apta a justificar o relaxamento das prisões em flagrante. Em cognição sumária, da análise dos elementos informativos existentes nos autos, verifica-se que há prova da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria delitiva, consoante se infere dos depoimentos dos policiais militares no Auto de Prisão em Flagrante. Verifica-se pelo constante nos autos que houve, portanto, situação de flagrância, sendo legal e legítima a prisão do indiciado, inexistindo qualquer motivo que justifique o seu relaxamento. Inviável, neste momento, acolher a versão escusatória ofertada pelo indiciado em sua entrevista nesta audiência, sobretudo porque isolada nos autos e frontalmente contrariada pelas palavras dos policiais, delineadas no auto de apreensão. III. A Lei 12.403/11, que alterou dispositivos do Código de Processo Penal, estipulou que as medidas cautelares penais serão aplicadas com a observância da necessidade de aplicação da lei penal, necessidade para a investigação ou instrução penal e para evitar a prática de infrações, devendo a medida em questão, ainda, ser adequada à gravidade do crime, às circunstâncias do fato e às condições pessoais do averiguado (art. 282 do CPP). A prisão preventiva será determinada quando as outras cautelares se mostrarem insuficientes ou inadequadas para o caso concreto (art. 282, § 6º, do CPP). No caso, estão presentes os requisitos da prisão preventiva, qual seja, o fumus comissi delicti e periculum libertatis. Trata-se, em tese, de delito doloso cuja pena máxima supera os quatro anos e há provas da materialidade e indícios da autoria. Além disso, a prisão preventiva é necessária para garantia da ordem pública, para conveniência da instrução processual e para assegurar a aplicação da lei penal. Assim, outras medidas cautelares alternativas à prisão seriam inadequadas e inócuas para a gravidade do delito e circunstâncias do caso concreto. Trata-se de delito previsto no art. 157 do Código Penal, supostamente praticado pelo custodiado. Conta dos autos que a indiciado foi flagrado cometendo crime de roubo majorado pelo uso de arma de fogo, tendo o mesmo assumido a autoria do delito nesta audiência. O douto representante do Ministério Público requereu a prisão preventiva, entre outros motivos, pelos antecedentes criminais desfavoráveis, visando a manutenção da ordem pública. Importante frisar que a consagração da presunção de inocência prevista no art. 5º, LVII, da Constituição Federal vigente, não importou em revogação das modalidades de prisão de natureza processual. A própria Constituição ressalva expressamente no inciso LXI, do mesmo artigo, a possibilidade de prisão em flagrante ou por ordem escrita de autoridade judiciária competente (nesse sentido: RT 649/275, TJSP-RT 701/316). Assim, a prisão cautelar não fere o princípio constitucional da presunção de inocência. No caso, estão presentes os requisitos da prisão preventiva, qual seja, o fumus comissi delicti e periculum libertatis. Trata-se, em tese, de crime de roubo majorado pelo uso de arma de fogo. Além disso, a prisão preventiva é necessária para garantia da ordem pública, para conveniência da instrução processual e para assegurar a aplicação da lei penal. Assim, outras medidas cautelares alternativas à prisão seriam inadequadas e inócuas para a gravidade do delito e circunstânciasdo caso concreto. A matéria agitada pela defesa depende da produção de prova, a ser produzida no Juízo competente. ISTO POSTO, com base nas razões supramencionadas, CONVERTO A PRISÃO EM FLAGRANTE EM PRISÃO PREVENTIVA.
DETERMINAÇÕES AO CARTÓRIO
Considerando a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, deve o(a) mesmo(a) ser encaminhado(a) para a PRESÍDIO DO ROGER, para que sejam tomadas as providências e encaminhamentos cabíveis pelo Juízo competente. Serve o presente termo de ofício de devolução. No mais, distribua-se e remeta-se ao Juízo competente de imediato.
Não havendo óbice na utilização de sistema de gravação audiovisual em audiência, todas as ocorrências, manifestações, declarações entrevistas foram captados em áudio e vídeo, conforme CD identificado, [anexado e autenticado pelos presentes neste termo]. Nada mais. Eu,___________ XXXXXXXXXXXXXX, assessor de juiz, digitei.
MM. Juiz(a):
Promotor(a):
Defensor(a)/Advogado nomeado para o ato:
Autuado(a):
ATIVIDADE 3: O Ministério Público ofereceu denúncia contra Luís Meira e Antônio Ferreira, imputando-os o crime de estelionato (art. 171, caput, CP). Prepare resposta escrita.
DENÚNCIA:
O Representante do Ministério Público, infra-assinado, no uso de suas atribuições legais e com base no incluso inquérito policial, vem, perante Vossa Excelência, oferecer DENÚNCIA contra ERITON CAVALCANTI SANTOS, brasileiro, natural de João Pessoa-PB, solteiro, com 21 anos de idade, sem ocupação definida, residente e domiciliado na Rua Sizenando Gomes da Silveira, nº 103, Bairro do Centro, Bayeux-PB, pela prática do fato delituoso que a seguir passa a expor:
Consta dos autos que o acusado, acima qualificados, no dia 27 do mês de fevereiro do ano de 2019, por volta das 21h00min., na Avenida Epitácio Pessoa, nesta Capital, nas imediações do restaurante “China in Box”, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma branca, no caso um canivete, subtraiu de Fransklucio Nunes Gomes, sua carteira de cédulas com documentos pessoais e a quantia de R$ 250,00, bem ainda o seu aparelho de telefone celular da marca SAMSUNG, modelo S4 mini Duos. 
Segundo o inquérito policial que embasa esta peça, o ofendido encontrava-se em um ponto de ônibus existente na localidade, quando foi abordada pelo ora denunciado, que de posse de arma de fogo, prometendo-lhe causar mal injusto e grave, ou seja, agressão física, anunciou um assalto, tomando os objetos descritos.
Após a execução do crime de roubo, o acusado tomou rumo ignorado, ao passo que a vítima saiu a procura de socorro, sendo acudida por seguranças do estabelecimento comercial já declinado, bem como por populares, que saíram no encalce do larápio, que foi detido, sendo encontrado em seu poder a res furtivae, que estava guardada em um dos bolsos de sua roupa.
Apesar de ter ocorrido a inversão da posse da res furtivae, foram recuperadas e devolvidas à vítima.
Ao local foi chamada uma guarnição da Polícia Militar, que apenas providenciou o encaminhamento do acusado à Polícia Civil.
Na 12ª Delegacia Distrital, ao ser interrogado pela autoridade policial, o acusado negou a autoria do crime, apesar de reconhecido pelo ofendido como o executor da infração penal e de ter sido encontrada na sua posse o produto do crime. 
Indiscutível pois, que as ações dolosas e comissivas desenvolvidas pelos acusados provocaram resultados (subtração de coisa móvel), havendo um nexo de causalidade entre ambos. No mais, ditas condutas se amoldam, com perfeição, ao tipo penal descrito no artigo 157, § 2º, inciso II, do Código Penal, consistindo em grave lesão a bem jurídico tutelado, logo antinormativas, inexistindo, por outro lado, qualquer dispositivo legal que as permita. 
De destacar, por fim, que os comportamentos praticados pelos ora denunciados são antijurídica, bem ainda culpáveis, não existindo no caso a incidência de qualquer causa de exclusão. 
Desta forma procedendo, encontra-se o acusado, acima qualificado, incurso nas sanções dos artigos 157, § 2°, inciso I, do Código Penal, pelo que, contra o mesmo, oferece-se a presente denúncia, esperando seja a mesma recebida e processada na forma da lei processual penal em vigor, iniciando-se com sua citação para responder por escrito a acusação que lhes foi feita, acompanhar o processo em todos os seus termos, até final sentença, sob pena de revelia, bem como ser interrogado, após colheita dos depoimentos das testemunhas abaixo arroladas, as quais deverão ser notificadas para serem ouvidas durante a instrução criminal em dia, hora e local previamente designados por Vossa Excelência, observadas as formalidades legais, sendo ao final confirmada a acusação, condenando-se o ora denunciado nas penas acima referidas, de tudo ciente o Ministério Público.
ATIVIDADE 4: Após a coleta de provas em audiência de instrução e julgamento, as partes, em decorrência de diligência que teve de ser realizada, foram chamadas para a apresentação das alegações finais. O Ministério Público pediu a condenação dos acusados. Elabore alegações finais em memoriais.
ALEGAÇÕES FINAIS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO: 
Eriton Cavalcanti dos Santos foi denunciado neste juízo acusado da prática do delito tipificado no artigo 157, § 2°, inciso I, do Código Penal, isso por ter, no dia 27 do mês de fevereiro do ano de 2019, por volta das 21h00min., na Avenida Epitácio Pessoa, nesta Capital, nas imediações do restaurante “China in Box”, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma de fogo, no caso um canivete, subtraído de Fransklucio Nunes Gomes, sua carteira de cédulas com documentos pessoais e a quantia de R$ 250,00, bem ainda o seu aparelho de telefone celular da marca SAMSUNG, modelo S4 mini Duos..
Recebida a denúncia, não sendo, portanto, caso de sua rejeição liminar (art. 395, CPP), foi ordenada a citação do acusado para apresentar resposta escrita à acusação que lhe foi feita.
Oferecida a defesa preliminar por meio da petição de fls. 54/55, não sendo caso de absolvição sumária, logo acatada a acusação, foi designada audiência de instrução e julgamento. Nesta foram ouvidas as testemunhas arroladas pela acusação, bem como o declarante, e ainda as indicadas pela defesa técnica do acusado, para ,em seguida, ser interrogado o acusado, oportunidade em que Eriton Cavalcanti dos Santos negou a autoria do crime narrado na denúncia.
Sem requerimento de diligências, assim vieram os autos para apresentação das alegações finais em memoriais, conforme permite a legislação processual penal.
	
Analisando detalhadamente o conjunto probatório, sem muito esforço, observa-se que não há qualquer dúvida quanto à autoria e à materialidade do crime de roubo cometido por Eriton Cavalcanti dos Santos.
A acusação que lhe foi feita refere-se, conforme já dito, a crime de roubo, isso por ter, no dia 27 do mês de fevereiro do ano de 2019, por volta das 21h00min., na Avenida Epitácio Pessoa, nesta Capital, nas imediações do restaurante “China in Box”, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma de fogo, no caso um canivete, assaltado Fransklucio Nunes Gomes, de quem subtraiu sua carteira de cédulas com documentos pessoais e a quantia de R$ 250,00, bem ainda o seu aparelho de telefone celular da marca SAMSUNG, modelo S4 mini Duos. 
Pelas provas que foram produzidas, o ofendido encontrava-se em um ponto de ônibus existente na localidade, quando foi abordada pelo réu, que de posse de arma branca, prometendo-lhe causar mal injusto e grave, ou seja, agressão física, anunciou um assalto, tomando os objetos descritos.
Após a execução do crime de roubo, o acusado tomou rumo ignorado, ao passo que a vítima saiu a procura de socorro, sendo acudida por seguranças do estabelecimento comercial já declinado, bem como por populares, que saíram no encalce do larápio, que foi detido, sendo encontrado em seu poder a res furtivae, que estava guardada em um dosbolsos de sua roupa.
Apesar de ter ocorrido a inversão da posse da res furtivae, foram recuperadas e devolvidas à vítima.
Com a prisão de Eriton Cavalcanti dos Santos, ao local de sua detenção compareceu o ofendido, que de pronto o reconheceu como sendo o autor do delito, o mesmo fazendo na Delegacia de Polícia e em juízo ao prestar as suas declarações. 
Quanto à força probatória do reconhecimento policial por vítima corroborado em juízo, já se pronunciaram nossos Tribunais, a saber:
APELAÇÃO CRIMINAL – ROUBO – RECONHECIMENTO DO ACUSADO PELA VÍTIMA E TESTEMUNHAS – CONDENAÇÃO. I. O reconhecimento pessoal pela vítima e testemunhas na fase policial, corroborado em Juízo, e a similitude de narrativas e descrições autorizam a condenação. II. Apelo improvido.” (TJDF - APR: APR 72514720078070004 DF 0007251-47.2007.807.0004).
APELAÇÃO PENAL. APELANTE CONDENADO PELO CRIME DE ROUBO QUALIFICADO DE FORMA TENTADA. ALEGAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE PROVAS PARA A CONDENAÇÃO. INOCORRÊNCIA. VÍTIMA E TESTEMUNHAS QUE RECONHECEM O ACUSADO COMO AUTOR DO DELITO EM TELA, NARRANDO OS FATOS SEM CONTRADIÇÕES E COM RIQUEZA DE DETALHES. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE ROUBO TENTADO PARA O DE FURTO TENTADO. IMPOSSIBILIDADE. A EXISTÊNCIA DE GRAVE AMEAÇA (MORTE) COM A SIMULAÇÃO DO USO DE ARMA É MEDIDA IDÔNEA A ACARRETAR MAIOR MEDO NA VÍTIMA, DIFICULTANDO QUALQUER REAÇÃO. CONFIGURADO O CRIME DE ROUBO TENTADO. RECURSO CONHECIDO E TOTALMENTE DESPROVIDO À UNANIMIDADE DE VOTOS.” (TJPA - APELACAO PENAL: APL 200430040875 PA 2004300-40875).
A palavra da vítima em crimes patrimoniais praticados na clandestinidade possui relevante valor probatório, eis que é o elemento fixador da autoria (TACRIM-SP, RJTACRIM 38/446).
Quando a palavra do agente passivo é harmônica, na Polícia e em Juízo, e se traduz no reconhecimento dos acusados como participantes do roubo, é forçoso convir pela existência de prova mais do que suficiente à condenação, pois a vítima não tem motivo para incriminar gratuitamente alguém que, até então, não conhecia (TACRIM-SP, RJTACRIM 31/80).
Sobre o assunto, esclarece Júlio Fabbrini Mirabete: “Embora não seja testemunha, as declarações do ofendido constituem-se em meio de prova, sem, contudo, ter, normalmente, o valor da prova testemunhal diante do interesse no litígio. Todavia, como se tem assinalado na doutrina e jurisprudência, as declarações do ofendido podem ser decisivas quando se trata de delitos que se cometem às ocultas, como os crimes contra os costumes (estupro, atentado violento ao pudor, sedução, corrupção de menores etc). São também sumamente valiosas quando incidem sobre o proceder de desconhecidos, em que o único interesse do lesado é apontar os verdadeiros culpados” (Editora Atlas, 11ª edição, 2008, página 547).
Idêntica é a lição de Denilson Feitosa Pacheco: “O valor probatório das declarações do ofendido é matéria bastante controvertida. O próprio CPP (eo CPPM) colocaram o tema em capítulo à parte. Em tese, do ponto de vista legal, têm o mesmo valor das demais provas. Contudo, na prática forense, toma-se como referência a pessoa da vítima (exemplo: moralidade, honradez, antecedentes etc.) e a natureza do crime (exemplo: estupro) para se determinar seu valor. Neste sentido, segundo jurisprudência pacífica, no crimes contra os costumes (estupro, atentado violento ao pudor etc.), por exemplo, tendo em vista as circunstâncias em que normalmente é praticado (sem testemunhas, local ermo etc.), a palavra da vítima se reveste de especial valor e credibilidade em circunstâncias semelhantes, como concussão, corrupção passiva etc.” (In Direito Processual Penal – Teoria, Crítica e Práxis, Editora IMPETUS, 3ª edição, 2005, páginas 888/889). 	
No tocante à causa especial de aumento de pena do inciso I do artigo 157, § 2° do Código Penal, comprovada.
Com toda certeza, o uso da arma (revólver), influenciou em muito no sucesso da ação delituosa, significando redução da capacidade de resistência da vítima, que intimidada e com pavor a forma como o delito foi perpetrado, facilmente cedeu a intenção criminosa do acusado, justificativa para ter essa conduta como a merecer tratamento diferenciado, ou seja, mais gravoso do que o adotado a modalidade simples do crime de roubo.
Neste sentido: 
PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO. ARMA DESMUNICIADA. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE SEU POTENCIAL OFENSIVO. IRRELEVÂNCIA. DESNECESSIDADE. CIRCUNSTÂNCIA QUE PODE SER EVIDENCIADA POR OUTROS MEIOS DE PROVA. CONTINUIDADE DELITIVA. REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE PELA VIA DO HC. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. I - É irrelevante saber se a arma de fogo estava ou não desmuniciada, visto que tal qualidade integra a própria natureza do artefato. Não se mostra necessária, ademais, a apreensão e perícia da arma de fogo empregada no roubo para comprovar o seu potencial lesivo. II - Lesividade do instrumento que se encontra in re ipsa. III - A majorante do art. 157, § 2º, I, do Código Penal, pode ser evidenciada por qualquer meio de prova, em especial pela palavra da vítima - reduzida à impossibilidade de resistência pelo agente - ou pelo depoimento de testemunha presencial. IV - A arma de fogo, mesmo que não tenha o poder de disparar projéteis, pode ser empregada como instrumento contundente, apto a produzir lesões graves. V - Ordem denegada.” (STF, HC 102263/SP, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 11/05/2010, Primeira Turma, publicado no DJe-100 DIVULG 02-06-2010, PUBLIC 04-06-2010, EMENT VOL-02404-04, PP-00682).
E o fato da arma que se utilizou o acusado para a prática do crime não ter sido apreendida é irrelevante para o acolhimento desta majorante, posto que já pacificado nos tribunais superiores que esta circunstância legal pode ser reconhecida por outros meios de prova, como, por exemplo, a declaração da vítima ou testemunhos de pessoas que presenciaram o fato delituoso.
Neste sentido:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO. CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. ARMA NÃO APREENDIDA E NÃO PERICIADA. INSTRUÇÃO CRIMINAL QUE EVIDENCIOU O EFETIVO MANEJO DO ARTEFATO OFENSIVO. PROVA TESTEMUNHAL. AÇÃO REGISTRADA POR SISTEMA ELETRÔNICO DE SEGURANÇA. INCIDÊNCIA DA CIRCUNSTÂNCIA MAJORANTE. PRECEDENTE DO PLENÁRIO DO STF. RECURSO DESPROVIDO. 1. À falta de apreensão da arma de fogo, mas comprovado o seu emprego por outros meios idôneos de prova, não há como refugar a aplicação do inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal. 2. A incidência da circunstância majorante do inciso I do § 2º do art. 157 do estatuto incriminador está justificada no maior potencial de intimidação e conseqüente rendição da vítima, provocadas pelo uso de arma de fogo. Precedente do Plenário do STF: HC 96.099, da relatoria do ministro Ricardo Lewandowski. Precedentes da Primeira Turma: HCs 94.236 e 101.534, da minha relatoria. Precedentes da Segunda Turma: HCs 94.448, da relatoria do ministro Joaquim Barbosa; 99.446, da relatoria da ministra Ellen Gracie; e 94.616, da relatoria do ministro Celso de Mello. 3. Recurso desprovido (STF, RHC 105156/DF, Relator Min. AYRES BRITTO, Julgado em 14/09/2010, Segunda Turma, Publicado no Dje-209, DIVULG 28-10-2010, PUBLIC 03-11-2010, EMENT VOL-02423-01, PP-00103).
E mais,
“HABEAS CORPUS. CRIME DE ROUBO MAJORADO. ARMA NÃO APREENDIDA E NÃO PERICIADA. ORDEM DENEGADA. 1. A questão de direito tratada nos autos deste habeas corpus diz respeito à possível exclusão da causa especial de aumento de pena decorrente do uso de arma de fogo, que não foi apreendida nem periciada. 2. O reconhecimento da causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal prescinde da apreensão e da realização de perícia na arma, quando provado o seu uso no roubo, por outros meios de prova. 3. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que não se exclui a causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal por falta de apreensão da arma, quando comprovadoo seu uso por outro meio de prova. Precedentes. 4. O Pleno desta Corte consolidou entendimento de que “exigir uma perícia para atestar a potencialidade lesiva da arma de fogo empregada no delito de roubo, ainda que cogitável no plano das especulações acadêmicas, teria como resultado prático estimular os criminosos a desaparecer com elas, de modo a que a qualificadora do art. 157, § 2º, I, do CP dificilmente poderia ser aplicada, a não ser nas raras situações em que restassem presos em flagrantes, empunhando o artefato ofensivo. Precedentes. 5. Habeas corpus denegado.” (STF, HC 104273/MS, Relator Min. ELLEN GRACIE, julgado em 14/12/2010, Segunda Turma, publicado no Dje-025, DIVULG 07-02-2011, PUBLIC 08-02-2011, EMENT VOL-02459-02, PP-00263).
Por fim, 
“Habeas Corpus. Roubo majorado. Emprego de arma de fogo. Prova. Existência. Ordem denegada. A existência de prova testemunhal do emprego de arma de fogo no crime de roubo, com posterior elaboração de auto de apreensão da arma utilizada e de laudo pericial atestando sua eficácia, é legítima a incidência da causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, inc. I, do Código Penal. Ordem denegada.” (STF, HC 103382/MS, Relator Min. JOAQUIM BARBOSA, julgado em 23/11/2010, Segunda Turma, publicado no Dje-020, DIVULG 31-01-2011, PUBLIC 01-02-2011, EMENT VOL-02454-03, PP-00665). 
Neste norte, a acusação feita pelo Ministério Público contra Eriton Cavalcanti dos Santos está suficiente e legitimamente provada, cumprindo-se o que determina o artigo 156 do Código de Processo Penal, pois caracterizado ficou o fato típico descrito no artigo 157, 2°, inciso I, do Código Penal. 
Diante do exposto, por tudo que dos autos consta, é o Ministério Público pela condenação de Eriton Cavalcanti dos Santos nas penas do artigo 157, § 2°, inciso I, do Código Penal.

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