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GEOGRAFIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – 2019.1 INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR DA UFRRJ DIAGNÓSTICO, MANEJO E GESTÃO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS TRABALHO DE CONCLUSÃO Gabriel Cruz ; Isabella Ferreira; Julia Rodrigues * * Estudantes de graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 1.Introdução Para compreender o que seria e para o que serviria o diagnóstico, manejo e gestão de bacias hidrográficas é importante, inicialmente, conceitualizar o que é bacia hidrográfica. De acordo com Monica Porto et al (2008), que se baseia em Tucci (1997), “bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água de precipitação que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída. A bacia hidrográfica compõe-se de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos de água que confluem até resultar em um leito único no seu exutório.” (PORTO et al, 2008. p. 3). Porto (2008) continua dizendo que bacias hidrográficas são um ente sistêmico e que, segundo Yassuda (1993), “ é o palco unitário de interação das águas com o meio físico, o meio biótico e o meio social, econômico e cultural”. Partindo dessa conceituação podemos refletir sobre a importância do diagnóstico, manejo e gestão de bacias hidrográficas. Segundo o Dicionário inFormal (2009), diagnóstico é o conhecimento sobre algo a partir da descrição de suas características como, por exemplo, composição, comportamento e natureza, com base nos dados e/ou informações deste obtidos por meio de exame. Enquanto Manejo é o planejamento do uso racional de qualquer produto, lugar, recurso e etc (Dicionário inFormal, 2008). E, por fim, gestão é o ato de execução de ações pré-determinadas (Dicionário inFormal 2011). Aplicando o significado dessas palavras ao conceito de bacias hidrográficas, podemos dizer que o diagnóstico é a descrição das características da bacia hidrográfica, o manejo, de acordo com Laprovitera (2011), seria o processo de organizar e orientar o uso da terra e de outros recursos naturais numa bacia hidrográfica e gestão seria ações que visam administrar a bacia hidrográfica que “deve ser integrada e considerar todos os aspectos, físicos, sociais e econômicos” (PORTO, 2008. p.1).. Deste modo o diagnóstico, manejo e gestão de bacias hidrográficas, serve para planejar e orientar o uso do solo e da água da região para que não alterem a dinâmica geossistêmica da bacia hidrográfica. De acordo com Raquel Finkler, O manejo integrado de bacias hidrográficas tem o objetivo de tornar compatível produção com preservação/conservação ambiental, buscando adequar a interferência antrópica às características biofísicas dessas unidades naturais, sob gestão integrativa e participativa, de forma que sejam minimizados impactos negativos e se garanta o desenvolvimento sustentado (FINKLER, 2017. p.6). 2. Diagnóstico da Bacia Hidrográfica 2.1. Os trabalhos dos integrantes do grupo 2.1.1. Gabriel Cruz 2.1.2. Isabella Ferreira 2.1.3. Julia Rodrigues 2.2.Caracterização ambiental da bacia hidrográfica Segundo o INEA (Instituto Estadual do Rio de Janeiro), o estado está dividido em algumas regiões hidrográficas, sendo elas: Região Hidrográfica da Baía da Ilha Grande, Região Hidrográfica do Guandu, Região Hidrográfica Médio Paraíba do Sul, Região Hidrográfica Piabanha, Região Hidrográfica Baía de Guanabara, Região Hidrográfica Lagos São João, Região Hidrográfica Macaé e das Ostras e Região Hidrográfica Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana, onde se encontra a bacia hidrográfica da qual se trata este trabalho. Sendo que cada região possui seu comitê, que trabalha em prol do manejo dos recursos hídricos de determinada área. O comitê afirma que, em relação à região, um dos principais desafios é a insuficiência do tratamento de esgotos sanitários e a disposição imprópria dos resíduos sólidos urbanos, que apesar da construção ampla rede de tubulação sanitária, em tentativa de evitar contaminação e propagação de doenças de veiculação hídrica através da drenagem do solo e de desenvolvimento de culturas de sequeiro, como a cana de açúcar e a fruticultura, a região encontra-se com qualidade comprometida e sem maiores investimentos em manutenção dos canais, esgotamento sanitários, proteção e recuperação da vegetação. A caracterização ambiental (COPPETEC, 2014) nos conta que a região possui os menores índices de chuva anual do estado. Nesta região, onde não há barreiras naturais aos ventos marinhos úmidos como a Serra do Mar ou a Serra da Mantiqueira, o clima é quente e tem estacionalidade bem marcada, de 4 a 5 meses secos ao ano. Assim como em todo o estado, a época chuvosa são os meses de verão, que podem levar volumes de água superiores às vazões do canais provocando enchentes, como as de 2012 nas sub-bacias da Pomba e Muriaé. Quanto à geomorfologia, estão presentes cordões arenosos, dunas, restingas, planícies fluviais e fluvio-marinhas e colinas, como nos mostra a figura (Imagem 1): Imagem 1 - Fonte: COPPETEC, 2014 Em relação à vegetação natural, de acordo com o IBGE (Veloso et al, 1991 apud COPPOTEC, 2014, p.25), as principais fitofisionomias presentes no estado do Rio de Janeiro são: “Floresta Estacional Semidecidual, conhecida como "mata seca", associada às regiões com períodos secos significativos para causar a perda de folhas de uma parte das espécies arbóreas, na estiagem; e as Formações Pioneiras, associadas às planícies com solos instáveis, de constante deposição fluvial ou marinha, conhecidas como vegetação de brejo (influência fluvial), mangue (influência flúvio-marinha) e restinga (influência marinha)”. (COPPETEC, 2014, p.25) Antes, na região norte e noroeste fluminense, onde localiza-se a Região Hidrográfica do Baixo Paraíba e Itabapoana e, por conseguinte, a bacia do Valão da Pedra Lisa, a vegetação era composta por floresta estacional semidecidual e por formações pioneiras (Imagem 2). Imagem 2 - Fonte: COPPETEC, 2014 Hoje, podemos comparar com os remanescentes da Mata Atlântica que ainda se fazem presentes (Imagem 3), onde enxergamos com mais exatidão o tamanho e a relevância da área desmatada em 24 anos. Ao analisar o mapa geomorfológico em comparação aos de vegetação, podemos perceber o avanço ocupacional e destruição florestal no Rio de Janeiro, onde é possível observar maior concentração de áreas vegetadas somente em regiões escapadas. Imagem 3 - Fonte: COPPETEC, 2014 No que diz respeito ao uso do solo, a maior parte da região é tomada por pastagens. Mas, de acordo com o documento de caracterização ambiental da área utilizadopelo comitê (COPPETEC, 2014), grande parte das áreas de pastagens do estado não são necessariamente usadas, podendo haver a vegetação herbácea, com frequentes queimadas e com rebrota espontânea do capim, impedindo que o crescimento das florestas naturais do estado. A ocupação, segundo o mesmo documento, é a quinta maior do estado. Todavia, a área urbana ocupa apenas 1% do territória de toda a região (COPPETEC, 2014). É importante destacar que a área da bacia do rio Itabapoana é alvo da atividade mineradora, onde a maior parte dos processos minerários ocorrem sobre o granito (51%) e areia (14%) (COPPETEC, 2014). A bauxita também vem atraindo a atenção de mineradoras. 2.3. Análise a partir do Google Earth A primeira impressão, ao observar a bacia pelo google earth, é que esta área é altamente desmatada, degradada o que indica um manejo inadequado do solo, de acordo com as aulas de pedologia. No geral, a vegetação é, predominantemente, de gramínea e pouco arbustiva apresentando apenas alguns focos de vegetação arbórea. Esses focos de vegetação arbórea encontram-se predominantemente nos topos de morro e paralelos aos canais do rio (mata ciliar). Acredito que esses focos de vegetação arbórea esteja relacionado ao Código florestal. Segundo o site do Governo do Brasil (2012), o Código Florestal determina que as “Áreas de Preservação Permanente têm a função de preservar locais frágeis como beiras de rios, topos de morros e encostas, que não podem ser desmatados”. A região apresenta poucas casas tendo uma distância considerável entre elas, ou seja, tem uma baixa densidade demográfica. Entretanto, percebe-se que o solo é utilizado para a agropecuária. De acordo com as aulas de pedologia, apesar do pisoteio de animais causar a compactação do solo, a química dele não é modificada mas a agricultura modifica a química do solo, tornando-o menos fértil. É possível noticiar, também, que as estradas, na maioria não são asfaltadas, e que há voçorocas próximas a essas estradas. É possível ver também que há cicatrizes nos morros, mas acredito que não sejam de movimento de massa, por isso não sei se posso chamar de cicatrizes, pois acredito que sejam sulcos ou ravinas. Com o que foi analisado a partir do google earth é possível prever e observar a compactação do solo pelo pisoteio do gado, que vai auxiliar no aumento do escoamento superficial da água no solo. Auxiliar porquê, segundo Finkler (2017), ao apresentar uma baixa cobertura vegetal o solo vai ter uma redução da taxa de infiltração da chuva, vão saturar rapidamente e assim provocar o escoamento superficial da água, e até mesmo, movimentos de massa. Além disso, as chuvas ao atingirem o solo diretamente vão elevar o potencial erosivo do solo, podemos citar a erosão por salpicamento e a linear. Além disso, podemos falar, também, que a erosão, geração excessiva de sedimentos, se associados à falta de conservação de matas ciliares vão colaborar para os processos de assoreamento do rio (FINKLER, 2017). Essa sedimentação, ainda segundo Finkler (2017), podem reduzir a entrada de luz solar e a disponibilidade alimentos necessários à sobrevivência dos peixes. 3. Manejo da Bacia Hidrográfica O manejo da bacia tem que ser pensado de forma conjunta, de forma geossistêmica. Como é uma área em que há uma baixa densidade demográfica, altamente desmatada, solos degradados e voltada para a agropecuária é necessário pensar formas de manejo que tente recuperar esse solo degradado pois, segundo Finkler (2017) alterações nas características do solo vão refletir na qualidade e quantidade da água, ou seja, refletem nos recursos hídricos. É preciso pensar, por exemplo, no controle da erosão, do escoamento superficial, da infiltração e na química do solo. Para controlar a erosão do solo em encosta, principalmente se tiver uso agrícola, é fazer plantios em curva de nível, utilização de terraços em terras cultivadas, o terraceamento combinado com o plantio em contorno, manutenção da vegetação natural nas partes com maior declividade (FINKLER, 2017). Além de ser possível fazer cordões de vegetação permanente: barreiras vivas de vegetação intercaladas entre áreas cultivadas (FINKLER, 2017), com o objetivo de reter o escoamento, provocar a deposição de sedimentos e facilitar a infiltração da água e fazer alternância de roçados (pousio), rotação de culturas e/ ou associação de culturas (EMBRAPA, 2014), . A rotação de culturas e a associação de culturas são formas de evitar mais danos ao solo e também recompor seus nutrientes. Por exemplo, um cultivo mútuo de milho e feijão, é de baixa necessidade tecnológica para seu plantio, ajuda na fixação do nitrogênio no solo que além de restaurar o próprio nutriente melhora sua qualidade e um produto que poderá ser consumido pelo próprio agricultor. Segundo a Embrapa (2014), a escolha do feijão mostra-se uma boa possibilidade de cultivo e manutenção do solo. Entretanto, é interessante implementar isso junto com a conservação das matas ciliares e um projeto de reflorestamento/ restauração da área. Para a restauração de áreas degradadas, pode-se pensar na aceleração do processo de sucessão ecológica (FINKLER, 2017), no enriquecimento de espécies na comunidade (SILVA et al., 2008), implantação de comunidade florestal (SILVA et al., 2008), e estabelecer conexão entre fragmentos florestais a partir de um corredor ecológico (FINKLER, 2017). 4. Considerações Finais Ao longo da disciplina e, mais especificamente, na realização desse trabalho percebemos o que é e qual a importância do diagnóstico de bacias hidrográficas para, a partir daí, pensar no manejo e gestão da mesma. Além disso, percebemos o quão necessário é ter uma visão integrada entre ação antrópica e recursos naturais, neste caso enfatizando o solo e a água, para se pensar de forma geossistêmica a bacia hidrográfica. 5. Referências bibliográficas COPPETEC. Elaboração do plano estadual de recursos hídricos do Estado do Rio de Janeir - Caracterização ambiental. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em <http://www.cbhbaixoparaiba.org.br/estudos-projetos.php>. Acessado em 05/07/2019. FINKLER, Raquel. Planejamento, manejo e gestão de Bacias: a bacia hidrográfica. 2017. FINKLER, Raquel. Planejamento, manejo e gestão de Bacias: técnicas e práticas de gestão de bacias hidrográficas. 2017. Governo do Brasil. Entenda as principais regras do Código Florestal. 2012. 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