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EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA MATOGROSSENSE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO–UFMT 
FACULDADE DE ECONOMIA- FE 
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUAL É O DETERMINANTE DA EXPANSÃO DA FRONTEIRA 
AGRÍCOLA MATOGROSSENSE NO PERÍODO 2001/2007: PRODUÇÃO 
AGRÍCOLA OU PECUÁRIA? 
 
 
 
 
 
 
 
José da Silveira Melo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CUIABÁ –MT 
SETEMBRO/2009 
 
 
 
José da Silveira Melo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUAL É O DETERMINANTE DA EXPANSÃO DA FRONTEIRA 
AGRÍCOLA MATOGROSSENSE NO PERÍODO 2001/2007: PRODUÇÃO 
AGRÍCOLA OU PECUÁRIA? 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à Universidade 
Federal de Mato Grosso como requisito 
para obtenção do título de Mestre em 
Agronegócios e Desenvolvimento Regional, 
no Programa de Pós-Graduação em 
Agronegócios e Desenvolvimento Regional. 
 
 
Profº. Orientador(a): Dr. Arturo A. Z. Zavala 
 
 
 
 
 
 
 
 
CUIABÁ – MT 
SETEMBRO/2009 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Melo, J. S. 
 
Dissertação: Qual é o determinante da expansão da fronteira agrícola 
matogrossense, no período de 2001/2007: Produção Agrícola ou 
Pecuária?/José da Silveira Melo, Cuiabá: FE, 2009. 
 
 p. 112; 21 cm 
 
 
 
JOSE DA SILVEIRA MELO 
 
 
 
QUAL É O DETERMINANTE DA EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA 
MATOGROSSENSE NO PERÍODO 2001/2007: PRODUÇÃO AGRÍCOLA 
OU PECUÁRIA? 
Dissertação apresentada à Universidade 
Federal de Mato Grosso como requisito 
para obtenção do título de Mestre em 
Agronegócios e Desenvolvimento Regional, 
no Programa de Pós-Graduação em 
Agronegócios e Desenvolvimento Regional. 
 
Defesa Publica em: 25 de Setembro de 2.009 
 
( x ) Aprovado 
 
( ) Reprovado 
 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
 
_______________________________________________________ 
Examinador Externo: Prof. Dr. Écio de Faria Costa 
Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) 
 
 
 
_______________________________________________________ 
Examinador Interno: Prof. Dr. Lazaro Camilo Recompensa Joseph 
Faculdade de Economia (UFMT) 
 
 
 
_______________________________________________________ 
Orientador : Prof. Dr. Arturo Alejandro Zavala Zavala 
Faculdade de Economia (UFMT) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
Dedico este trabalho a minha esposa e meus filhos que sempre me apoiaram, 
estiveram presentes e acreditaram em meu potencial, me incentivando na 
busca de novas realizações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus, pela vida, pelos meus familiares, pelos meus amigos e meus professores pela 
sabedoria, força, proteção, inspiração, saúde e por todas as bênçãos que derramou sobre mim 
durante toda a minha existência; 
 
Aos meus pais, Antonio Costa Melo (in memorian) e Mercedes da Silveira Melo, por todo 
o apoio, dedicação, amor e por acreditarem em mim durante toda a minha vida, o meu mais 
profundo agradecimento; 
 
Aos meus irmãos por todo apoio e atenção dedicados a mim; 
 
Aos meus amigos, muito mais do que colegas de curso, por todo carinho, amor, 
companheirismo, pela alegria e pela espontaneidade na troca de informações e materiais numa 
rara demonstração de amizade e solidariedade; 
 
Ao meu orientador Profº Dr. Arturo pelo incentivo e presteza no auxílio às atividades e 
discussões sobre o andamento e normatização desta dissertação, mas sobretudo pela amizade 
e paciência. 
 
E a todos que de uma maneira ou de outra, foram instrumentos de conhecimentos, 
experiência, e colaboraram para o feliz êxito e conclusão do curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A preocupação com o homem e seu destino deve ser 
o principal interesse de toda pesquisa científica. Nunca a 
esqueça em meio a seus diagramas e equações”. 
 
 Albert Einstein 
 
 
 
 
 
LISTAS DE ABREVIATURAS 
 
 
COOPERCOL- Cooperativa de colonização 
DETER - Detecção do Desmatamento em Tempo Real 
ECO 92 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
EMC – Estratégia Mundial para Conservação 
FBC – Fundação Brasil Central 
FPM – Fundo de Participação dos Municípios 
FUNBIO - Fundo Brasileiro para a Biodiversidade 
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços 
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 
ISA – Instituto Socioambiental 
ONU- Organização das Nações Unidas 
PAM – Produção Agrícola Municipal 
PIN – Programa de Integração Nacional 
PPM- Pesquisa Pecuária Municipal 
PRODES – Programa de Cálculo e Desflorestamento da Amazônia 
SAD- Sistema de Alerta de Desmatamento 
SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente 
SEPLAN – Secretaria Estado de Planejamento e Coordenação Geral 
SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação Automática 
UA – Unidade de Alocação Animal 
WWF- World Wildlife Fund 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................15 
2. MATO GROSSO E A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA .................................20 
2.1. HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO RECENTE DO ESTADO DE MATO GROSSO ..................................20 
2.1.1 Os militares e o surto desenvolvimentista ...................................................................26 
2.1.2 Os latifúndios agropecuários ......................................................................................27 
2.1.3 A divisão do Mato Grosso ..........................................................................................28 
2.1.4 Os primeiros projetos de colonização .........................................................................28 
2.1.5 Propriedades de diferentes tamanhos .........................................................................29 
2.2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SEGUNDO A ECONOMIA ECOLÓGICA ...........................31 
2.2.1 Sustentabilidade Forte vs. Fraca ................................................................................32 
2.2.2 Economia Ecológica vs Economia do Meio Ambiente .................................................33 
3 – O AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO ......................................................................37 
3.1 – PRODUÇÃO DE ALGODÃO HERBÁCEO ..............................................................................37 
3.2 – PRODUÇÃO DE CANA DE AÇÚCAR ...................................................................................40 
3.3 – PRODUÇÃO DE MILHO (1ª E 2ª SAFRA) .............................................................................42 
3.4 – PRODUÇÃO DE SOJA EM GRÃO ........................................................................................44 
3.5 – PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA .......................................................................................46 
4 – O PROBLEMA DO DESMATAMENTO ..........................................................................50 
4.1 - DESMATAMENTO POR CORTE RASO ..................................................................................57 
4.2 O DESMATAMENTO POR DEGRADAÇÃO FLORESTAL ...........................................................57 
5- METODOLOGIA.................................................................................................................595.1 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................................59 
5.1.1 Área de Estudo ...........................................................................................................59 
5.1.2 Fontes de Dados .........................................................................................................61 
5.1.2.1 Dados da Produção Agrícola Municipal do IBGE: ..................................................61 
5.1.2.2 Dados da Produção Pecuária Municipal do IBGE: ..................................................61 
5.2 METODOLOGIA ..................................................................................................................62 
5.2.1 Tipo de pesquisa .........................................................................................................62 
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................................................66 
6.1 CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS...................................................................................66 
6.2 ANÁLISE DE RELAÇÃO CAUSAL ..........................................................................................70 
6.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...............................................................................................73 
7. CONSIDERACÕES FINAIS ................................................................................................77 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................79 
 
 
 
TABELAS 
Tabela 1 - Evolução da área de Produção de Algodão em caroço (2001-2007), em Hectares .............38 
Tabela 2 - Evolução da área plantada de Cana de Açúcar (2001-2007), em hectares ..........................41 
Tabela 3 - Evolução da área de Produção de Milho (2001-2007), em hectares ...................................43 
Tabela 4 - Evolução da área de Produção de Soja (2001-2007), em hectares ......................................45 
Tabela 5. Evolução da área de Pastagem para o rebanho bovino (2001-2007), em hectares ................46 
Tabela 6– Incremento do desmatamento em Mato Grosso de 2001-2007 ...........................................50 
Tabela 7 - Principais Atividades agrícolas para fins comerciais de Mato Grosso ................................61 
Tabela 8 - Atividade Pecuária (Bovinos) de Mato Grosso .................................................................62 
Tabela 9 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias em Mato Grosso
 .........................................................................................................................................................66 
Tabela 10 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião 
do Norte de Mato Grosso ..................................................................................................................67 
Tabela 11 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião 
do Nordeste de Mato Grosso .............................................................................................................68 
Tabela 12 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião 
do Sudoeste de Mato Grosso .............................................................................................................68 
Tabela 13 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião 
do Centro Sul de Mato Grosso ..........................................................................................................69 
Tabela 14 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na 
microrregião do Sudeste de Mato Grosso ..........................................................................................69 
Tabela 15 – Relação entre o Desmatamento e Atividades do Agronegócio por Mesorregião usando o 
teste VAR Grander Causality/Block Exogenety Wald Test ................................................................71 
Tabela 16 – Relação entre o Desmatamento e Atividades do Agronegócio por Município usando o 
teste VAR Grander Causality/Block Exogenety Wald Test ................................................................71 
Tabela 17 – Comparativo da evolução das atividades agropecuária em relação ao Desmate em Mato 
Grosso ..............................................................................................................................................72 
 
 
 
 
GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 - Distribuição da Produção de Algodão Herbáceo por Mesorregião em Mato Grosso .........39 
Gráfico 2 - Evolução da área de Produção de Algodão Herbáceo em Mato Grosso comparativo com a 
produção do Brasil ............................................................................................................................39 
Gráfico 3 - Distribuição da área de Produção de Cana de Açúcar por Mesorregião em Mato Grosso..41 
Gráfico 4 - Evolução da área de Produção de Cana de Açúcar em Mato Grosso comparativo com a 
área de produção do Brasil ...............................................................................................................42 
Gráfico 5 - Distribuição da área da Produção de Milho por Mesorregião em Mato Grosso.................43 
Gráfico 6 - Evolução da área da Produção de Milho em Mato Grosso comparativo com a produção do 
Brasil.................................................................................................................................................43 
Gráfico 7 - Distribuição da área de Produção de Soja por Mesorregião em Mato Grosso ...................45 
Gráfico 8 - Evolução da Produção de Soja em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil ..46 
Gráfico 9- Distribuição da área de pastagem do Rebanho Bovino Mesorregião em Mato Grosso .......47 
Gráfico 10 - Evolução da área de criação de Rebanho Bovino em Mato Grosso comparativo com a 
produção do Brasil ............................................................................................................................47 
Gráfico 11- Distribuição da área desmatada por Mesorregião em Mato Grosso ................................51 
Gráfico 12- Evolução da área de desmatamento em Mato Grosso comparativo com a produção do 
Brasil.................................................................................................................................................51 
Gráfico 13 – Relação entre o Desmatamento e principais atividades produtivas em MT .....................70 
Gráfico 14 – Evolução percentual das principais atividades agropecuária e do desmatamento em MT
 .........................................................................................................................................................72 
 
 
 
 
 
FIGURAS 
Figura 1 - Municípios brasileiros que indicaram desmatamento, com destaque para a Amazônia Legal, 
o Arco do Desmatamento e a BR-163 - Brasil - 2002 ..........................................................52 
Figura 2- Distribuição do desmatamento em áreas de florestas no Estado de Mato Grosso .................58 
Figura 3 – Localização geográfica do estado de Mato Grosso ............................................................59 
Figura 4 - Arco do desmatamento na Amazônia legal ........................................................................60 
Figura 5 – Distribuição das principais produtos por Mesorregiões no Estado de Mato Grosso. ...........75 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
 
 
O controle do desflorestamento na região amazônica tem sido nas últimas décadas umgrande desafio à humanidade. Suas conseqüências têm aberto inúmeras discussões e gerado a 
mobilização do Governo, comunidade científica e sociedade civil. Partindo desse pressuposto, 
o trabalho teve como objetivo analisar, se as variações das atividades produtivas do 
agronegócio exerceram efeito positivo ou direto sobre o desmatamento. E ainda, identificar 
qual foi a atividade ou atividades responsáveis pela expansão da fronteira agrícola nos 
municípios do estado de Mato Grosso no período de 2001 a 2007. O estudo fundamenta-se na 
abordagem do desenvolvimento sustentável (economia ecológica). Os resultados 
evidenciaram que a expansão da fronteira agrícola permitiu que alguns municípios de Mato 
Grosso se tornassem exportadoras de produtos primários para mercados nacionais e 
internacionais. Por exemplo, a soja é a commodity importante para o País, assim como os 
produtos: algodão, álcool, açúcar e milho e a pecuária; no entanto, não deveria ser visto como 
a principal solução da economia do país, e principalmente na região amazônica. No presente 
estudo observou-se que as atividades produtivas de Soja, Milho e Pecuária estão, de alguma 
forma, relacionadas com o desmatamento do Estado de Mato Grosso. No entanto é bem 
possível que não exista um único agente ou atividade econômica responsável pelo 
desmatamento no estado, mas sim um conjunto de fatores, como: política de ocupação do 
território, atividades agropecuária, abertura de estradas entre outras que poderiam ser melhor 
investigadas. 
 
 
Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável; produção agropecuária; desmatamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
 
The control of deforestation in the Amazon region in recent decades has been a great 
challenge to humanity. Its consequences have opened numerous discussions and generated the 
mobilization of government, scientific community and civil society. Based on this 
assumption, the study aimed to examine if the variation of the productive activities of 
agribusiness exerted a positive effect on direct or deforestation. And yet, was to identify 
which activity or activities responsible for expanding the agricultural frontier in the 
municipalities of Mato Grosso from 2001 to 2007. The study is based on the approach to 
sustainable development (ecological economics). The results showed that the expansion of 
agricultural expansion has allowed some municipalities of Mato Grosso to become exporters 
of primary products for domestic and international markets. For example, the soy is an 
important commodity for the country, as well as products: cotton, alcohol, sugar and corn and 
cattle, however, should not be seen as the leading solution of its economy, especially in the 
region Amazon. In the present study showed that the productive activities of Soybean, Corn 
and Livestock are somehow related to deforestation of Mato Grosso. However it is quite 
possible that there is a single agent or economic activity responsible for deforestation in the 
state, but rather a set of factors, such as politics of land use, agricultural activities, opening of 
roads and others that could be better investigated. 
 
 
 
 
 
 
Keywords: Sustainable Development, agricultural production, deforestation 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho tem como tema determinar a relação das atividades produtivas 
agrícolas e pecuárias com o desmatamento da cobertura vegetal do Estado de Mato Grosso, o 
qual está localizado na Região Centro Oeste Brasileira, que faz parte da Amazônia Legal. Na 
década dos 40, existiram intentos de se promover o desenvolvimento e progresso para o país 
que enfrentava um momento de crise política e econômica. Uma dessas propostas 
governamentais para o desenvolvimento do país foi a chamada “Marcha para o Oeste” (ISA, 
2003) que vislumbrava promover o desenvolvimento e a modernização da região Centro-
Oeste através da expansão e reprodução ampliada do capital, ou seja, um desenvolvimento 
pautado na agregação de valores capitalistas aos seus recursos naturais, o objetivo era de 
ampliar os núcleos habitacionais nessas regiões aproveitando melhor os recursos praticamente 
inexplorados dentro das próprias fronteiras políticas. 
Dentro desta proposta governamental de desenvolvimento do país, fica uma 
preocupação que surge nas últimas décadas: a sustentabilidade da região. Será que só o 
crescimento econômico e a extinção dos recursos naturais são políticas adequadas para a 
Região do Centro-Oeste? 
A preocupação no Brasil sobre a sustentabilidade do meio ambiente vem sendo 
intensa, já em 1992 o Brasil foi sede da Conferência sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, conhecida como ECO 92, nela acordou-se 
entre os países participantes, a constituição de uma agenda de compromissos. No Brasil, a 
mesma foi denominada de Agenda 21. Um dos pontos estratégicos consistiu na gestão 
sustentável do Cerrado. 
Mato Grosso não fica longe dessa preocupação e através do governo de Mato Grosso 
foi elaborado o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso – MT + 20 em 2006, que 
contempla ações de conservação ambiental visando alcançar ao longo do horizonte de tempo 
do Plano, até 2026, o desenvolvimento sustentável do Estado. No Plano, o conceito de 
desenvolvimento sustentável tem três grandes pilares, articulados e complementares: a 
competitividade, condição para a inserção da região na dinâmica econômica nacional e 
mundial; a melhoria das condições de vida e redução das desigualdades sociais - como o 
grande objetivo de qualquer esforço de desenvolvimento; e a conservação ambiental, para 
16 
 
garantir a sustentabilidade da grande riqueza natural do Estado e contribuir para a qualidade 
de vida da população, assegurando-a como herança para as gerações futuras. 
Sendo o Estado de Mato Grosso parte da Amazônia Legal e situado geográfica e 
economicamente na Região Centro-Oeste, apresenta três grandes biomas distintos: Floresta, 
Cerrado e o Pantanal. O crescimento da economia do Estado foi realizado, num primeiro 
momento, por intermédio da pecuária e, em seguida, através dos cultivos da soja, milho, cana 
de açúcar e algodão, todos de maneira comercial. A soja é geralmente associada ao cultivo de 
Milho, e atualmente representa um dos elementos propulsores da economia do Estado. O 
progresso tecnológico permitiu a incorporação de novas áreas de cultivo, uma dinâmica de 
ocupação do espaço regional, combinando desmatamento com novas atividades produtivas. 
Esta dinâmica de crescimento econômico no estado de Mato Grosso tem gerado grandes 
preocupações com questões ambientais. 
A ocupação e o uso dos cerrados ao longo das últimas décadas em Mato Grosso 
vincularam-se à expansão da fronteira agrícola e, esta, por sua vez, à produção de grãos 
destinada à exportação (agronegócio), sobretudo, a soja, implementada através do 
desmatamento, da adoção de tecnologias intensivas em capital e em insumos físico-químicos 
e, particularmente, com baixa utilização de mão-de-obra. Essa expansão causou grandes 
pressões sobre os ecossistemas ao provocar desmatamentos e queimadas, erosão e 
compactação dos solos, contaminação da água por agrotóxicos, poluição dos recursos hídricos 
e redução do número de peixes dos rios e lagos. 
Nesse contexto, a economia de Mato Grosso vem se caracterizando pela 
predominância da produção agropecuária e, com maior abrangência, pela dinâmica do 
agronegócio, que opera com padrões internacionais de qualidade. O atrativo da economia do 
Estado não está no valor baixo da terra, mas sim nos elevados índices de produtividade, que já 
se igualam ou até ultrapassam os melhores do mundo, graças à combinação de solo, clima, 
disponibilidadede água e, naturalmente, tecnologias. 
Logo, em uma perspectiva estritamente econômica, a contribuição do agronegócio 
para o crescimento do PIB de Mato Grosso vem sendo acentuada. Esse fenômeno aconteceu 
fortemente na década de 90 e adentrou o Século XXI, sobretudo, conforme dito 
anteriormente, por meio da produção de soja. Entretanto, não contabilizado nos índices de 
crescimento, pode ser mostrado também o elevado e ascendente desmatamento no Estado. 
Onde a atividade agropecuária tem provocado grandes impactos socioambientais, 
como o processo de desmatamento da sua cobertura vegetal. Processo que na Amazônia legal 
como um todo, segundo a literatura especializada, Falesi e Veiga (1986), Castro (2004), 
17 
 
Margulis (2003), Young e Fausto (1998), e Barros et alli (2003), é causado principalmente 
por atividades como a pecuária extensiva e a agricultura em larga escala voltada à produção 
de grãos. 
Diante disso, surge uma grande preocupação que se desdobra num questionamento 
central para o desenvolvimento desta pesquisa, qual seja, saber se as atividades produtivas no 
agronegócio: Soja, Milho, Cana de Açúcar, Algodão e a criação de Bovinos estão 
correlacionadas direta e positiva com o processo de desmatamento em curso nos municípios 
que compõem o estado de Mato Grosso, que possui grandes áreas de terras incluídas no rol 
das áreas que apresentam maiores concentrações de focos de desmatamento, no denominado 
“arco do desmatamento” (IBGE, 2007). Sendo assim, a questão que se pretende analisar no 
decorrer desta pesquisa é: a variação da área de produção agropecuária (Cana de Açúcar, 
Algodão, milho, soja e pecuária) exerceu efeito positivo ou direto sobre o desmatamento? 
Com esse questionamento objetiva-se, de maneira geral, analisar os efeitos das 
atividades produtivas no agronegócio (produção de álcool, algodão, milho, soja e carne 
bovina) como uma nova face da expansão da frente pioneira, tem influenciado o 
desmatamento da região de Mato Grosso. 
E de maneira mais específica, objetiva-se analisar, se as variações das atividades 
produtivas do agronegócio exerceram efeito positivo ou direto sobre o desmatamento? E 
ainda, identificar qual foi à atividade ou atividades responsáveis pela expansão da fronteira 
agrícola nos municípios do estado de Mato Grosso no período de 2001 a 2007. 
Dessa forma, parte-se da hipótese que exista correlação positiva ou direta entre a produção 
de Algodão, cana de açúcar, milho, soja e pecuária sobre o desmatamento nos municípios de 
Mato Grosso, no período de 2001/2007 e ainda que a produção de Soja e criação de bovinos 
sejam as principais atividades do Agronegócio matogrossense, responsáveis pela expansão da 
fronteira agrícola. 
A presente pesquisa utilizou uma metodologia de caráter analítico-descritiva com uma 
abordagem qualitativa, pautada na utilização de procedimentos que buscaram coletar, 
minuciosamente, dados quantitativos e qualitativos acerca das atividades produtivas agrícolas 
e pecuárias realizadas nas 5 mesorregiões do estado de Mato Grosso, permitindo, com isso, a 
identificação do papel dessas atividades no processo de remoção da sua cobertura vegetal. 
Os procedimentos metodológicos foram adotados em quatro etapas complementares entre 
si. 
A primeira etapa, consistiu num levantamento e análise bibliográfica para conhecer a 
literatura sobre as principais atividades agropecuárias praticadas no estado de Mato Grosso, 
18 
 
identificando de que maneira elas vem sendo discutida. Além disso, buscando realizar uma 
atualização teórica que permita a execução de uma análise mais totalizante dos processos 
sociais que determinaram o surgimento dessa atividade, bem como, suas respectivas 
conseqüências socioambientais. 
A segunda etapa foi composta pelo levantamento dos dados secundários, junto ao 
INPE - DETER a fim de quantificar e identificar as áreas de desmatamento nos 141 
municípios do estado de Mato Grosso no período de 2001 a 2007. 
Posteriormente, levando em consideração o relatório apresentado pelo IICA (2006), 
onde se apresentam os principais produtos do agronegócio Brasileiro em 2005, se encontrou 
que Mato Grosso é destacado pela produção de cinco das principais atividades (álcool (anidro 
e hidratado), algodão, milho, soja e carne bovina) resultando desta forma em crescimento 
econômico, tanto na produção interna, quanto na pauta de exportação. Para isto, se buscou 
junto ao IBGE – Sidra os dados da produção Agrícola e pecuária objeto deste trabalho, afim 
também de quantificar e identificar as áreas de produção agropecuária nos municípios 
matogrossense, no período em estudo. 
Ainda de forma complementar, foi realizada a coleta de dados junto aos anuários 
estatísticos da SEPLAN, devido a sua forma de apresentação agrupada em Microrregiões e 
Mesorregiões dos dados. 
A terceira etapa da utilização dos procedimentos metodológicos consistiu num 
momento de produção. A partir dos dados secundários obtidos Junto ao INPE, IBGE e 
SEPLAN, foram calculados os coeficientes de Pearson, afim de identificar a relação entre as 
atividades agropecuárias e o desmatamento nos 141 municípios de Mato Grosso. Na busca da 
confirmação dos resultados obtidos no primeiro teste, foi calculado o índice de Fator, e para 
tal foi utilizado o método multivariado de análise de Fator e em seguida foi realizada a análise 
de relação causal (método de cointegração) e para tal foi utilizado o método de Johansen. 
Por fim, a última etapa, foi constituída pela análise dos resultados obtidos ao longo da 
pesquisa, bem como, a sua sistematização no formato do presente trabalho. 
Esta pesquisa foi estruturada em sete capítulos. Neste primeiro capítulo é apresentado 
a introdução da pesquisa. 
O segundo capítulo consiste numa discussão teórica sobre o processo de ocupação do 
território matogrossense, que determinou o surgimento das atividades agrícolas e pecuária de 
forma empresarial nos municípios de Mato Grosso, que vem influenciando a remoção da sua 
cobertura vegetal através do desmatamento. Este capítulo foi construído a partir de um breve 
histórico da recente ocupação de Mato Grosso, para entender a produção e apropriação do 
19 
 
espaço pelo capital e ainda a partir de conceitos de desenvolvimento sustentável focando a 
economia ecológica. Utilizou-se, também, o conceito de Amazônia Legal enquanto um espaço 
de “fronteira” (SAWYER, 1983; BECKER, 1997), produzido, especificamente, pelas 
“frentes”(SAWYER, 1983), que tem causado grandes impactos socioambientais nos 
municípios do Estado de Mato Grosso, levando-o a se localizar entre as áreas que concentram 
maiores focos de desmatamento, que compõem o denominado “arco do desmatamento”. 
O terceiro capítulo refere-se à espacialização das atividades do cultivo do algodão 
herbáceo, cana-de-açúcar, milho, soja em grão e criação de bovinos nas mesorregiões de Mato 
Grosso, em que é mostrado a representação da produção agrícola e pecuária na economia do 
estado em relação à produção nacional. Além disso, mostra-se como está distribuída a 
produção agrícola e pecuária nas mesorregiões do estado de mato grosso. 
O quarto capítulo consiste em fazer uma breve reflexão sobre a problemática do 
desmatamento neste estado, diante da globalização e da crescente demanda de grãos e carnes, 
pelos mercados nacionais e internacionais. 
No quinto capítulo são apresentadas as metodologias do trabalho, inicialmente é 
apresentada a área de estudo composta pelos 141 municípios do estado de Mato Grosso, 
agrupados em 5 mesorregiões e ainda a fonte dos dados. Foi utilizada a pesquisa quantitativa 
e uma complementar qualitativa. 
No Sexto, são apurados os resultados com auxilio das ferramentas estatísticas eeconométricas tais como o software Excell, Minitab e do EVIEWS V. 5.1.0 e posteriormente 
é realizada a discussão dos resultados de forma quantitativa interpretando os resultados 
apurados pelo coeficiente de Pearson, método multivariado de análise de Fator e a análise de 
relação causal (método de cointegração) método de Johansen. 
Por fim, concluí-se trabalho ressaltando a importância de se considerar as atividades 
agrícolas e pecuária como sendo fator de determinação da intensa pressão sobre as áreas 
florestadas dos municípios, por meio do desmatamento voltado para a produção de grãos e 
carnes com fins comerciais. 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
2. MATO GROSSO E A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA 2.1. Histórico de ocupação recente do estado de Mato Grosso 
 
Não obstante, o Estado de Mato Grosso ter uma história de ocupação complexa, pode-se 
dizer que este surge no cenário brasileiro a partir do avanço da frente pioneira paulista, em 
meados do século XX. Primeiro provocou a ocupação no norte do Paraná e depois extravasou 
para o sul do antigo estado do Mato Grosso com a pecuária de corte e em seguida, nos anos 
60, com a entrada de gaúchos e paranaenses que se dedicavam à cultura do trigo e da soja 
(IPEA/KRONKA, 1997). 
 Segundo o ISA (2003, p.05) a evolução do processo de ocupação do território 
matogrossense tem início nos anos de 1940: 
Essa história começou nos anos 1940, quando o presidente Getúlio Vargas criou a 
Marcha para Oeste. O objetivo era desbravar uma parte do Brasil, até então 
desconhecida e isolada do contexto nacional, e realizar obras de infra-estrutura para 
permitir sua ocupação por não-índios e integrar economicamente o Centro-Oeste ao 
Norte e Sul do país. 
 
Ainda o ISA (2003, p.05), complementa dizendo que o processo de ocupação de Mato 
Grosso se dá inicialmente pela região leste do Estado: 
 
A partir de 1946, a FBC começou a se instalar na região leste do Mato Grosso e 
iniciou-se o trabalho dos irmãos Villas Boas, indigenistas, integrantes da Expedição 
Roncador-Xingu. A missão dos Villas Boas era contatar grupos indígenas que 
vivessem nos locais onde seriam implementados os núcleos de desenvolvimento e 
levá-los para outros lugares. Essa missão se estendeu pela década de 1950 e início 
dos anos 1960 e foi acompanhada por uma forte campanha para demarcar e proteger 
as Terras Indígenas da região. Doze anos depois, em 1964, era criado o Parque 
Indígena do Xingu. 
 
No período 1950-1985, a evolução do processo de ocupação do território 
matogrossense foi intensa. A partir de uma ocupação extremamente rarefeita, vigente no 
início da década de 50, num período de 35 anos o número de estabelecimentos rurais cresceu 
mais de 15 vezes, com apropriação privada de novos 30,8 milhões de ha (mais de quatro 
vezes o estoque inicial). 
Com base em dados do IBGE pode-se verificar que a taxa de ocupação do território 
estadual elevou-se de 7,8%, em 1950, para 18,6%, em 1970, atingindo 42,9% da extensão 
territorial no final do período (1985). 
A intensificação do processo de ocupação, ocorrida pós anos 70, conforme analisado, 
deveu-se em grande parte pela intervenção governamental dirigida à Amazônia e ao Centro-
21 
 
Oeste, que induziu o avanço da fronteira agrícola no Estado e nas regiões, bem como dos 
processos econômicos correlatos. 
No entanto, a forma e a dinâmica desse processo não podem ser atribuídas 
exclusivamente aos resultados da intervenção estatal, já que no avanço da fronteira agrícola 
estão envolvidos, em distintos momentos, diferentes agentes sociais sob relações sociais de 
produção também diferenciadas, interagindo com diferentes formas de apropriação do espaço 
e disponibilidade de recursos naturais. 
Além disso, o processo de apropriação de terras pelo capital privado, sendo 
sensível, com maior ou menor intensidade, aos estímulos derivados de decisões/intervenções 
governamentais explícitas, é também sobre determinado pela divisão inter-regional do 
trabalho do país e pelas condições vigentes no mercado mundial. 
Muitos estudos realizados sobre a expansão da fronteira agrícola nas regiões Norte e 
Centro-Oeste do país, revelam a complexidade das forças e interesses sociais envolvidos no 
processo. Ponto comum nestes estudos é a compreensão de que a fronteira é, basicamente, 
uma “área potencial”, considerada como um espaço que oferece condições à expansão de 
atividades econômicas e múltiplas possibilidades de desenvolvimento. 
Neste contexto SAWYER (1983), argumenta que a expansão das atividades 
agropecuárias ocorre num espaço onde os mercados de fatores, de terras e de produtos 
funcionam, pelo menos potencialmente. 
Já, BECKER (1997), destaca o caráter original do processo de expansão da fronteira 
no espaço da “Amazônia Legal” brasileira, ressaltando a dinâmica extremamente acelerada 
em que se sucedem as inovações neste espaço e a urbanização que acompanha o processo de 
interiorização das atividades produtivas. 
Sem recorrer a simplificações demasiadas de um processo que se manifesta 
extremamente complexo, com base nos diversos estudos realizados, algumas generalizações 
podem ser feitas sobre a expansão dessas áreas de fronteira, em relação aos movimentos que 
ocorrem a nível dos espaços incorporados. 
Muitos autores, dentre eles SAWYER (op.cit.), no interior desse espaço há surtos de 
atividades, denominadas frentes, que avançam ou se retraem, em resposta às mudanças de 
seus elementos determinantes. Essas frentes, segundo o autor referido, podem ser englobadas 
em quatro categorias: 
 “frente de agricultura comercial, impulsionada por mercados do núcleo 
dinâmico da economia e afetadas por políticas de incentivo e pela expansão da 
infra-estrutura”; 
22 
 
 ”frente de agricultura de subsistência ou camponesa moldada pela dinâmica 
demográfica e por fatores econômicos e sociais decorrentes do estilo de 
desenvolvimento prevalecente”; 
 ”frente especulativa com atividades objetivando ganhos especulativos, tornados 
possíveis, em grande parte, por políticas de ocupação de áreas novas”; 
 ”frentes de pecuária extensiva e rudimentar”. 
No âmbito do Estado de Mato Grosso e também da região Centro-Oeste, pode-se 
reconhecer as frentes apontadas por SAWYER, destacando-se que, em Mato Grosso, a 
diversidade de ecossistemas existentes foi também um elemento definidor das formas de 
apropriação estabelecidas, na medida em que induziu a adoção de determinados sistemas de 
produção, pelo lado das potencialidades ou das restrições do ambiente natural. 
Sob uma base natural diversificada, a organização das frentes de expansão fez 
surgir um conjunto variado de formas de apropriação do espaço agrário, tornando-se estas 
também responsáveis pela transformação da paisagem natural do Estado. Essa transformação 
implicou, não somente, na organização de um setor primário dinâmico, baseado numa gama 
variada de produtos (extrativos vegetais, agrícolas, pecuários etc.), mas também num leque de 
impactos sócio-econômicos e ambientais de natureza e intensidade diversas. 
A perda de posição da atividade pecuária em pastagem nativa para a atividade de 
lavoura e, ao mesmo tempo, a expansão das tecnologias modernas de produção - em especial, 
pastagens cultivadas - em detrimento dos sistemas extensivos tradicionais. 
A pecuária tradicional, ao longo dos anos, demonstrou ser uma atividade com elevada 
capacidade de inserção no contexto das potencialidades econômicas e ecológicas do Mato 
Grosso, embora sem promover o crescimento populacional e o surgimento de um mercado 
interno importante.A viabilização das frentes de expansão pecuária tradicional esteve atrelada, 
historicamente, à conjunção de três fatores básicos: especulação imobiliária,obtenção de 
créditos facilitados e boa rentabilidade face à baixa inversão de capital, necessária à 
manutenção da atividade. 
Embora esses fatores cumpram ainda um papel importante na viabilização desse 
modo de ocupação, ao longo da última década, a capitalização do setor tem diminuído a 
capacidade de sustentação econômica da exploração pecuária tradicional. Além disso, não 
dispondo mais dos recursos favorecidos de programas como os da SUDAM, a rentabilidade 
da atividade tende a ser mais dependente da intensificação do uso de capital, dados os ajustes 
necessários à inserção da pecuária no processo de modernização, imposto pela 
internacionalização dos mercados. 
23 
 
Diante desse quadro, é provável que a pecuária extensiva continue a sustentar um 
ritmo de crescimento significativo, apoiando-se nas áreas de expansão de fronteira e 
incorporando áreas anteriormente ocupadas por atividades agrícolas tradicionais, mas 
inviáveis do ponto de vista econômico, como se constata pelo processo de “pecuarização” 
ocorrido em muitas das áreas destinadas a assentamentos de agricultores no Estado. 
A expansão pecuária trazem consigo um rastro de profundas alterações no ambiente 
natural. Organizadas por grandes empreendedores, essas frentes, na maior parte das vezes, 
promovem extensos desmatamentos. Além disso, na medida que avança o processo de 
modernização da pecuária no meio rural, as atividades extensivas tendem a perder 
competitividade, o que as força a adotar processos produtivos mais intensivos e, portanto, 
mais agressivos ao meio ambiente. É o caso da melhoria da capacidade de suporte das 
pastagens, valendo-se da implantação de pastagens cultivadas, que substituem a riqueza da 
biodiversidade dos ecossistemas florestais e dos cerrados por paisagens homogêneas, onde 
dominam as pastagens do gênero Brachiária. Ressalte-se também a execução de obras para 
atenuar a influência “negativa” do regime hídrico dos rios (como exemplo a construção de 
diques em algumas fazendas do pantanal sul matogrossense). 
A pecuária extensiva dos pantanais tem uma feição diferenciada, constituindo-se 
numa atividade econômica tradicional do Estado desde o início de sua ocupação. Pouco 
alterou as condições primitivas onde se instalou, ou seja, manteve em grande parte a 
constituição original do meio natural e não adensou a população, via constituição de núcleos 
urbanos significativos ou geração de empregos no meio rural. 
Os pantanais, por possuírem pastagem nativa em abundância e estarem sujeitos a 
inundações freqüentes, oferecem fortes restrições a outros tipos de ocupação, sendo 
apropriados inteiramente pela pecuária extensiva. Cabe ressaltar que as pastagens naturais 
apresentam, no entanto, baixa capacidade de suporte animal (cabeças/ha), sendo necessárias 
grandes extensões de área para se efetivar a atividade de maneira rentável. 
Assim, a viabilização desse tipo de ocupação vem se apoiando na constituição de 
grandes fazendas, onde a disponibilidade do fator terra a baixo preço, é determinante, assim 
como a pouca utilização de capital na condução da atividade. Entretanto, na medida em que as 
condições de mercado passem a exigir da pecuária ganhos de produtividade, a estabilidade da 
pecuária extensiva de pantanal tende a ser afetada. 
A expansão da agricultura manifesta uma forma de apropriação do espaço mais 
diversificada, diferenciando-se entre agricultura tradicional, com base na unidade familiar e 
agricultura empresarial (principalmente soja/milho), que se estende até a implantação de 
24 
 
unidades agro-industriais voltadas para o processamento de matéria-prima local (basicamente 
cana-de-açúcar, soja, algodão, milho e carnes). 
No entanto, a diversificação das explorações é ainda pouco significativa, tendo 
ocorrido, num primeiro momento, o monocultivo da soja, com destaque para o uso intensivo 
de capital (pacotes tecnológicos). 
Paralelamente ao desenvolvimento da sojicultura, desenvolveu-se a pecuária de 
corte, conduzida por pecuaristas de médio e grande porte, com baixo uso de técnicas 
modernas. 
De maneira geral, a agricultura empresarial localizou-se nas áreas planas dos 
cerrados, cujos solos são potencialmente de boa qualidade. A pecuária, além de estar também 
neste tipo de ambiente, tende a ocupar áreas mais antigas, anteriormente exploradas pela 
agricultura tradicional, ou expande-se para a região de fronteira de ocupação, em áreas onde 
as condições ecológicas, e/ou o fator distância (fretes), são desfavoráveis à grande empresa de 
exploração agrícola. 
O desenvolvimento e a viabilização de apropriação sustentam-se, por um lado, nas 
próprias transformações derivadas do processo de internacionalização e modernização da 
agricultura matogrossense e por outro, na estabilização, em um certo patamar, das relações de 
interdependência e complementaridade entre os diversos tipos de agentes econômicos 
envolvidos. 
Isso não quer dizer que o processo de ajuste e estabilização seja necessariamente 
harmônico ou o mais “adequado”. Ao contrário, pressupõe relações de subordinação entre os 
agentes, gerando desequilíbrios sociais, por vezes significativos, podendo-se citar o exemplo 
do surgimento de “bóias frias” nas regiões produtoras de cana. 
Esse modelo de ocupação, na medida em que privilegia a agropecuária de caráter 
empresarial e as cadeias agro-industriais associadas aos produtos de mercado externo (soja, 
cana-de-açúcar e carnes) tende a adequar-se às normas e padrões determinados pelos 
mercados nacionais e internacionais, inclusive quanto à mitigação dos impactos ambientais 
derivados. 
Além disso, o monocultivo da soja tem se desenvolvido às expensas de grandes 
áreas de um ecossistema de extrema importância, os cerrados, cuja biodiversidade desaparece 
em ritmo acelerado. As regiões dos conhecidos chapadões são as que mais se deterioram. 
Providas de extensas áreas planas, facilmente mecanizáveis, com solos de bom potencial 
agrícola, essas áreas vêem suas paisagens ser totalmente homogeneizadas, com base em um 
único cultivo agrícola. Nessas áreas, são desrespeitados alguns princípios básicos da 
25 
 
preservação ambiental, como é o caso da manutenção das matas ciliares e a manutenção da 
integridade das áreas de cabeceira das drenagens (pode-se citar o exemplo da realização de 
obras de drenagem das áreas de cabeceira, situadas ao longo da BR-163, entre os municípios 
de Nova Mutum e Lucas do Rio Verde). 
Finalmente, como conseqüências do processo de modernização e 
agroindustrialização da agricultura, tem-se os riscos do surgimento de novas pragas e doenças 
nas lavouras (como exemplo o nematóide do cisto da soja) e o lançamento de efluentes 
contaminantes nos corpos d’água, pelos processos industriais. 
A agricultura familiar, por sua vez, predomina em áreas de colonização ou 
ocupação espontânea (assentamentos de trabalhadores rurais), organizando-se em torno da 
produção de culturas tradicionais (arroz, feijão, milho e mandioca), da pequena pecuária, da 
produção leiteira e secundariamente, de algumas poucas culturas comerciais (café, cacau, 
banana e algodão). Trata-se de uma agropecuária caracterizada pelo modesto uso de insumos 
e técnicas modernas, muitas vezes direcionadas praticamente à subsistência da unidade 
familiar. 
Desde o final da década de 1980, inúmeros projetos de assentamentos de 
trabalhadores sem-terra vêm sendo localizados nas áreas de florestas e de transição, ao norte 
do Estado. Além das condições de fertilidade dos solos não serem as mais adequadas, a 
ausência de uma infra-estrutura viária e de apoio à produção (armazenagem, crédito, escolas 
etc.), específicas para esse tipo de agricultura, somente faz aumentar os condicionantesdesfavoráveis à sua viabilização. Resultado disso é a forte tendência à descapitalização dos 
pequenos produtores, tendo como conseqüência última, a sua expropriação e a pecuarização 
da área e reconcentração fundiária. 
O MMA (2007, p.04) diagnostica que: 
Do ponto de vista ambiental, os sistemas de produção utilizados, baseados na 
exploração diversificada de pequenas extensões de terra, praticamente sem fazer 
uso de técnicas de manejo do solo, além do excessivo número de produtores 
instalados nessas áreas (em relação à sua capacidade de suporte), provocam 
degradação dos solos e intensos desmatamentos, com sérias conseqüências sobre os 
ecossistemas locais. 
 
E ainda o MMA (2007, p.04) conclui que: 
A exploração madeireira, por sua vez, acompanha as frentes de abertura de novas 
áreas, vinculadas a colonização/assentamentos ou a grandes empreendimentos 
pecuários, nas regiões florestais do extremo norte do Estado, no ambiente de 
transição para a Floresta Amazônica. As regiões florestais localizadas na porção sul 
do Estado já se encontram excessivamente exploradas, não se verificando atividade 
madeireira significativa. Em alguns casos, no entanto, a atividade madeireira assume 
o caráter principal, associada a um organizado setor agro-industrial (complexo de 
serrarias e unidades moveleiras). 
26 
 
 
O setor madeireiro confere forte dinamismo às regiões onde se instala, seja pela 
agregação de grandes contingentes populacionais (cidades e empregos) ou pela movimentação 
de um grande volume de recursos financeiros. No entanto, dado o próprio caráter do 
extrativismo florestal, a sustentabilidade da atividade madeireira tende a ser limitada pelo 
esgotamento do recurso florestal. Não se observa, pelo menos em escala significativa, 
resultados satisfatórios quanto a modelos não predatórios de exploração do potencial 
madeireiro do Estado. 
A exploração madeireira ainda se apóia em formas tradicionais, onde se destaca o 
corte puro e simples da vegetação, com aproveitamento apenas das espécies nobres e queima 
das demais, ou no corte seletivo de espécies nobres dentro do maciço florestal. 
Os impactos ambientais advindos da exploração madeireira são drásticos. No caso dos 
cortes sistemáticos da vegetação, o que se tem é a supressão total da biodiversidade, e no caso 
do corte seletivo, um grau de perturbação ambiental ainda não devidamente avaliado. 
Apesar de a soja ser o vetor mais recente da degradação ambiental no estado de Mato 
Grosso, o passivo ambiental da região já existia. Está associado à história de ocupação do 
estado de Mato Grosso, marcada pelos projetos da Superintendência de Desenvolvimento da 
Amazônia (Sudam), criada em 1966, pelos projetos de colonização do Instituto Nacional de 
Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e de empresas particulares. 
O resultado foi a intensa especulação de terras, desencadeada com força na década de 
1960, e o incentivo ao desenvolvimento agrícola e pecuário, sem qualquer tipo de cuidado 
ambiental, o que gerou um quadro de expressiva degradação ambiental. Para se ter uma idéia, 
dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que a área desmatada no 
Mato Grosso passou de 920 mil hectares em 1975 para 6 milhões de hectares, em 1983 e em 
2000 para 146 milhões de hectares, já em 2007 esses números se elevaram para 201 milhões 
de hectares. 2.1.1 Os militares e o surto desenvolvimentista 
 
Logo após o golpe militar de 1964, o presidente Castelo Branco instituiu a Operação 
Amazônia, estratégia que visava introduzir um modelo de desenvolvimento econômico na 
região amazônica, com base em obras de infra-estrutura – como a abertura de rodovias - e em 
incentivos fiscais e créditos à iniciativa privada. Entre as diretrizes estabelecidas, merece 
destaque a criação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), que 
seria a partir daquele momento e até o final dos anos 1980 o principal norteador da ocupação 
27 
 
da região a leste do Xingu por grandes projetos agropecuários. Extinta em fevereiro de 2001 
sob uma enxurrada de denúncias de desvio de dinheiro público, acaba de ser recriada, em 
novas bases, pelo governo Lula. 
No relatório do MMA (2007, p.06) pode-se perceber que os ciclos de expansão e 
modernização da economia do Estado de Mato Grosso deve-se em parte ao “Programa de 
Colonização Dirigida” implementado na década de 70: 
A política de integração nacional adotada nos anos 70, num esforço para garantir 
mecanismos fiscais e financeiros que o capacitassem a abrir fronteiras de 
acumulação, a serem ocupadas através de ajustes negociados entre empresas estatais, 
multinacionais e nacionais ( “Programa de Colonização Dirigida”). 
 
Se até a década de 1950, grande parte das áreas de floresta amazônica e de cerrados no 
norte do estado do Mato Grosso estava bem preservada e praticamente intacta, já nos anos 
1960 a estratégia do governo federal de intensificar a ocupação na região, gerou os primeiros 
desmatamentos no leste e norte do Estado. 
A ocupação da região das nascentes do Rio Xingu - e do norte do Mato Grosso – não 
se restringe, no entanto, aos grandes empreendimentos agropecuários. O outro eixo da 
estratégia de ocupação e desenvolvimento da região foi a política de colonização, que era 
dirigida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e contava com 
incentivos fiscais da Sudam para projetos privados de colonização. Essas iniciativas foram 
implementadas nas décadas de 1970 e 1980, destinadas ao assentamento de pequenos 
produtores do sul, à produção de lavouras alimentares (arroz, milho e mandioca) e ao 
desenvolvimento da pecuária bovina. Os projetos de colonização, principalmente os de caráter 
privado, tornaram-se marcos importantes na formação de cidades. 
 2.1.2 Os latifúndios agropecuários 
 
Apesar de todos os programas governamentais de desenvolvimento do Estado de Mato 
Grosso estarem de uma forma ou de outra associados ao estímulo ao latifúndio agropecuário, 
a política empreendida pela Sudam foi a principal responsável pelo avanço da fronteira 
agrícola e das grandes propriedades rurais nos municípios mato-grossenses. 
O FBOMS (2005, p.05) relata que uma das conseqüências do avanço da fronteira 
agrícola é o latifúndio: 
Uma das conseqüências do processo de expansão da fronteira agrícola na região 
Centro-Oeste e Norte é a concentração fundiária, de renda e dos sistemas produtivos 
- grandes fazendas de gado e monoculturas mecanizadas (caso da soja) - com a 
subordinação dos padrões culturais e produtivos das comunidades locais e regionais, 
ao padrão conduzido pelos novos atores sociais, de modo geral imigrantes de outras 
28 
 
regiões, com acesso a capital e tecnologia. Este processo tem levado ao aumento do 
deslocamento de pequenos colonos, em razão de conflitos sociais ou da compra de 
lotes, resultando em novas fronteiras locais e acrescido desmatamento. 
 
Os Programas de ocupação funcionavam basicamente por meio de financiamentos 
concedidos pelo governo para empresas que estavam dispostas a ocupar e produzir na região 
leste e norte do Mato Grosso, tendo como enfoque principal a criação de gado. Para se ter 
uma idéia, a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, uma ONG formada 
por empresas privadas, que presta serviços ao Funbio e à ONU, revela que até 1985 foram 
aprovados pela Sudam 950 projetos em toda a Amazônia. Desses, 631 eram de pecuária. 
Além disso, 44% dos créditos da Sudam eram destinados a essa atividade, somando US$ 700 
milhões até 1985. 
Outra questão é o tamanho médio das fazendas beneficiadas pela Sudam que era de 
24.000 hectares. No total, o governo financiou a compra de 8,4 milhões de hectares de terras 
em toda a Amazônia. A regiãoleste do Mato Grosso, que compreende as bacias dos rios do 
Xingu e do Araguaia foi a que recebeu os maiores incentivos concedidos. 
 2.1.3 A divisão do Mato Grosso 
 
De acordo com a FAMATO -Federação da Agricultura do Estado do Mato Grosso, a 
grande importância da Sudam como financiadora do desenvolvimento agropecuário no Estado 
se tornaria ainda maior a partir do ano de 1977, quando se iniciou a formação do pólo 
produtor de commodities agrícolas, no norte mato-grossense. Nessa ocasião aconteceu a 
divisão territorial e administrativa do antigo estado do Mato Grosso, dando origem ao estado 
de Mato Grosso do Sul. Diante da necessidade de ocupação das regiões do Médio-Norte e do 
Norte Mato-grossense estimula uma presença maior daquele órgão federal, bem como de 
outros programas federais, como o PoloAmazônia, o PoloCentro, o PoloNoroeste, o Programa 
de Integração Nacional (PIN), além da Sudam e da Supreintendência de Desenvolvimento do 
Centro-Oeste (Sudeco). O Governo Federal viabilizou ainda a construção da rodovia BR-163, 
fator decisivo para a formação de cidades como Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e 
Sinop, localizadas no médio norte de Mato Grosso. 
 
 2.1.4 Os primeiros projetos de colonização 
 
29 
 
Segundo Suzuki(2002), o gaúcho Carlos Mazurek foi um dos pioneiros na ocupação 
do leste e norte matogrossense pelos projetos de colonização. Os primeiros colonizadores 
chegaram em Canarana, uma agrovila em 1976, para garantir o “futuro digno” que não 
poderia dar a seus filhos no Rio Grande do Sul, devido à pouca quantidade e ao alto preço da 
terra, à falta de crédito e à expansão dos grandes latifúndios sobre as pequenas propriedades. 
Ainda segundo Suzuki (2002), os pioneiros relatam que no início da vida no Mato Grosso foi 
bem mais difícil do que imaginavam. 
A infra-estrutura na região permaneceu extremamente precária de 1972, quando foi 
inaugurada a primeira agrovila do Projeto Canarana, até o início dos anos 1980, quando o 
governo do Mato Grosso asfaltou quase toda a estrada ligando Canarana a Barra do Garças. 
Essa situação se repetia em projetos de colonização da região, conforme revela o 
Suzuki(2002) em seu artigo Mato Grosso: na frente de ocupação, a determinação histórica do 
espaço. Segundo ele, de 1974 a 1980, duas mil famílias gaúchas foram para a região de Água 
Boa (MT). Destas, apenas 35% tiveram sucesso e permaneceram ali - o que é considerada 
uma boa média, acima dos 20% a 25% previstos para esse tipo de empreendimento. A 
organização dos trabalhadores rurais e pequenos proprietários do Rio Grande do Sul em torno 
das cooperativas era um padrão de colonização na região. O grande atrativo eram os lotes de 
400 hectares que recebiam. No Rio Grande do Sul o tamanho médio da pequena propriedade 
era de 2,5 hectares. É o que a Federação da Agricultura do Mato Grosso classifica de 
“migração por reserva de valor”, ou seja, com o dinheiro obtido com a venda das terras no sul, 
os agricultores podiam comprar extensões até 100 vezes maiores no centro-oeste. 
 2.1.5 Propriedades de diferentes tamanhos 
 
Tendo em vista ao modelo de ocupação adotado no estado de Mato Grosso, verifica-se 
uma discrepância entre o tamanho das propriedades da região e o de domínios rurais 
existentes no Sul e Sudeste do país. Conforme estabelece a lei 8629/93, também chamada de 
Lei Agrária ou Noonon, a classificação de uma propriedade é feita de acordo com a 
quantidade de módulos fiscais de que dispõe, cujo tamanho mínimo varia em cada região do 
país. No norte do Mato Grosso, um módulo fiscal pode ser de até 90 hectares. De um até 
quatro módulos, a propriedade é pequena; superior a quatro módulos até quinze módulos, é 
classificada como média propriedade. A diferença é que um módulo fiscal no Sul e Sudeste 
gira em torno de 20 hectares. Ou seja, enquanto uma propriedade média em São Paulo ou no 
30 
 
Rio Grande do Sul não passa de 300 hectares, a propriedade pequena no Mato Grosso chega a 
quase 400 hectares. 
No nordeste Matogrossense, os projetos privados de colonização administrado pela 
Coopercol foram implementados inicialmente pelo projeto Canarana, e quase 
simultaneamente a Coopercol comprou mais cerca de 122 mil hectares de terras para a 
implementação dos projetos Água Boa I e II, Canarana II e III, Garapu, Vale Serra Azul e 
Areões. O sucesso obtido pelos colonos pioneiros não se repetiu com os que vieram depois, 
relata Suzuki(2002). É que não houve o apoio necessário por parte da colonizadora, que jogou 
para os novos colonos os custos da infra-estrutura básica dos projetos. Além disso, não se 
repetiu o incentivo expressivo do governo federal. Empobrecidos e com dívidas dos 
empréstimos, a maioria dos colonos desistiu do projeto, voltando para suas terras de origem 
ou tornando-se assalariados nas cidades e áreas próximas. 
 Esses modelos de projeto estavam associados à colonização oficial. Contudo, logo 
após a implementação de Canarana, o governo fez concessões em grandes extensões de terra, 
na forma de glebas, para projetos de empresas privadas de colonização, que vendiam lotes de 
vários tamanhos. Isso acabou estimulando a concentração de terras, já que, muitas vezes, os 
pequenos produtores não conseguiam alavancar sua produção e acabavam vendendo seus 
lotes para os grandes proprietários. De acordo com o ISA(2003, p.07), um dos fatores que 
levaram alguns projetos de colonização a não darem certo, foi a questão do tamanho da 
propriedade rural. Este fator fica bem mais evidente no artigo “O Xingu na mira da Soja”, 
veja o relato: 
No final da década de 1970, os projetos de colonização, muitos deles mal sucedidos, 
já começavam a ser pressionados pelos grandes empreendimentos agropecuários da 
região, que buscavam comprar novas áreas para a sua expansão, contando ainda com 
os financiamentos concedidos pela Sudam. Segundo Carlos Mazurek, um dos 
pioneiros na região, os pequenos e médios produtores só conseguiram adquirir terras 
até 1977, pelo projeto governamental Pro-Terra. Depois disso, qualquer novo 
imigrante acabava se dedicando ao comércio, pela impossibilidade de comprar terras 
frente à expansão dos latifúndios. Mazurek afirma que até o financiamento na 
década de 1980 foi dificultado para os produtores menores, uma vez que os recursos 
eram direcionados 
 
 Neste diapasão, vem todos os demais projetos de colonização implementado no norte 
do estado Mato Grosso. 
 
 
 
 
31 
 2.2. Desenvolvimento sustentável segundo a economia ecológica 
 
Partindo do princípio que desenvolvimento seja o processo inicialmente concomitante 
à fase de crescimento (em um organismo, uma instituição, ...), que mesmo após haver cessado 
de crescer, caracteriza-se por: (a) ter capacidade permanente de articulações seletivas por 
meio de adaptações e adequações em relação aos meios (interno e externo) que lhe são 
pertinentes, (b) apresentar capacidade gradativa de sustentabilidade e ser capaz de favorecer 
o desenvolvimento do contexto em que está inserido, por meio de dinâmicas sinérgicas. 
Verifica-se que até o final dos anos 70, a questão ambiental no processo de crescimento 
econômico foi negligenciada tanto pelos formuladores da política econômica quanto pela 
academia. O grande desafio de conciliar crescimento econômico com sustentabilidade 
ambiental é a proposição do conceito de desenvolvimento sustentável, no entanto suas 
definições e interpretações sejam várias e desprovidas de consenso. 
O conceito de desenvolvimento sustentável foi lançado em 1987 pela World 
Commission on Environment and Development no Relatório Brundtland. Entretanto: O 
conceito de desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que surgiu com o nome de 
ecodesenvolvimentono início da década de 1970, como cita Romeiro (2003). Esse conceito 
sugere a busca de um crescimento econômico eficiente e racional, que respeita as pessoas e os 
limites do meio ambiente. De acordo com Silva (2008, p.125) ecodesenvolvimento é definido 
como um: 
processo criativo de transformação do meio com a ajuda de técnicas ecologicamente 
prudentes, concebidas em função das potencialidades desse meio, impedindo o 
desperdício inconsiderado dos recursos, e cuidando para que estes sejam 
empregados na satisfação das necessidades de todos os membros da sociedade, dada 
a diversidade dos meios naturais e dos contextos culturais. 
 
Neste sentido, pode-se afirmar que as estratégias serão múltiplas e só poderão ser 
concebidas a partir de um espaço endógeno das populações consideradas. Mas, percebe-se 
que ele somente é alcançado por uma sociedade, mediante o planejamento de longo prazo e a 
conseqüente implementação de ações econômicas, políticas e sociais que garantam o 
atendimento das demandas das gerações presentes sem comprometer as das gerações futuras. 
Em outras palavras, para Silva(2008, p.132) o desenvolvimento sustentável: 
É o processo político, participativo que integra a sustentabilidade econômica, 
ambiental, espacial, social e cultural, sejam elas coletivas ou individuais, tendo em 
vista o alcance e a manutenção da qualidade de vida, seja nos momentos de 
disponibilização de recursos, seja nos períodos de escassez, tendo como perspectivas 
a cooperação e a solidariedade entre os povos e as gerações. 
 
32 
 
Portanto, o desenvolvimento sustentável exige uma equação que não permite a 
concentração ou o mau uso dos recursos naturais e humanos, uma vez que estes são 
imprescindíveis na busca de resultados eficientes e eficazes do crescimento econômico. 
 
2.2.1 Sustentabilidade Forte vs. Fraca 
 
Do ponto de vista conceitual a produção visando o desenvolvimento sustentável é 
caracterizada pelas correntes da economia do meio ambiente e economia ecológica. Na 
abordagem da economia do meio ambiente, que tem raízes na economia neoclássica, o 
conceito de desenvolvimento sustentável é conhecido como sustentabilidade fraca, uma vez 
que os recursos naturais não representam um limite absoluto à expansão econômica, no longo 
prazo. À luz dessa visão, o consumo do capital natural pode ser irreversível e por isso não se 
pode basear em preços vigentes devido aos inúmeros impactos que o meio ambiente sofre. 
Uma saída para este impasse é a adoção principalmente de instrumentos de mercado através 
da eliminação do caráter público dos bens naturais e da definição do direito de propriedades 
sobre eles (Coase), da valoração ambiental da degradação ou poluição dos recursos naturais -e 
conseqüentemente a implementação da cobrança de taxas pela degradação praticada (Pigou)-, 
e a minimização dos custos totais dos agentes econômicos, incluindo os custos de controle de 
poluição e a quantia a ser gasta com o pagamento de taxas por poluir (“poluição ótima”) 
(MAY, LUSTOSA & VINHA, 2003). 
Neste contexto Romeiro(2003, p.01) diz que: “O que seria uma economia da 
sustentabilidade é visto como um problema, em última instância, de alocação intertemporal 
de recursos entre consumo e investimento por agentes econômicos racionais, cujas 
motivações são fundamentalmente maximizadoras de utilidade”. Por oportuno, a 
racionalidade dos agentes econômicos neoclássicos se fundamenta na presença de informação 
plena, por supor a existência de mercados que naturalmente se equilibram e, naturalmente, por 
explicar a conduta humana a partir das ações de indivíduo maximizador de satisfação, entre 
outras. 
Por outro lado, segundo a abordagem da economia ecológica, o conceito de 
desenvolvimento sustentável é conhecido como sustentabilidade forte, ou seja, o crescimento 
é limitado pela escassez dos recursos naturais, pois a economia internaliza os custos 
ambientais, e o processo científico e tecnológico é visto como fundamental para aumentar a 
eficiência na utilização dos recursos naturais, não podendo ser superado apenas por meio de 
33 
 
progresso tecnológico. Esta corrente faz uso do conceito termodinâmico de entropia. Mais 
especificamente, conforme Ferreira (2004, p. 36): 
1. Função termodinâmica do estado, associada à organização espacial e energética 
das partículas de um sistema, e cuja variação, numa transformação desse sistema, é 
medida pela integral do quociente da quantidade infinitesimal do calor trocado 
reversivelmente entre o sistema e o exterior pela temperatura absoluta do sistema. 
2. Medida da quantidade de desordem dum sistema. 
 
O trabalho de Nicholas Georgescu Roegen, por oportuno, foi o pioneiro na aplicação 
desse conceito na análise econômica (MAY, LUSTOSA & VINHA, 2003). 
 Daly(1991) ressalta que, para a abordagem da economia ecológica, o 
desenvolvimento sustentável se realiza desde que, a escala da economia esteja dentro da 
capacidade de suporte dos ecossistemas. Diz ainda que, para os economistas ecológicos a 
economia do homem passou da fase em que o fator limitante para o crescimento econômico 
era o capital produzido pelo ser humano, para uma em que o fator limitante é o capital natural 
remanescente. 
Para Romeiro, Keydon & Leonardi (2001), referir-se ao desenvolvimento sustentável 
significa abandonar os supostos discutíveis do crescimento sem limites, tão caro à tradição de 
pensar dos economistas (e daqueles que os consultam). Portanto, qualificar o 
desenvolvimento sustentável significa reduzir os graus de liberdade do processo econômico, 
sujeitando-o a condicionamentos ecológicos, procurando simultaneamente torná-lo mais 
eqüitativo e socialmente justo. 2.2.2 Economia Ecológica vs Economia do Meio Ambiente 
 
Contrastando a economia ecológica e a economia do meio ambiente, Muller (2007) 
ressalta que, para a economia do meio ambiente a sustentabilidade envolve algum grau de 
conservação do capital natural, pois este tem fim e, de muitas formas é frágil. Já os 
ecologistas vêm argumentando que a preservação das condições de bem-estar das gerações 
futuras pode depender, de forma crucial, de tal conservação, visto que um uso inadequado do 
capital natural pode anular a possibilidade de que seja sustentável o desenvolvimento de uma 
sociedade. Sob esse entendimento, o desenvolvimento sustentável se pauta pela 
sustentabilidade forte. 
Nesse sentido, para Muller (2007), segundo abordagem do documento “Estratégia 
Mundial para a Conservação” (EMC), o desenvolvimento sustentável é basicamente 
conservacionista, uma vez que sua preocupação volta-se principalmente para os impactos 
antrópicos sobre todos os seres vivos. Em particular, o foco do EMC é basicamente o 
34 
 
ecossistema global, embora ressalte que está no funcionamento do sistema econômico a 
origem dos principais problemas que atualmente afetam o ecossistema global. Por outro lado, 
o enfoque do Our Common Future, não está voltado à preservação da natureza, mas sim ao 
funcionamento do sistema econômico. A economia é vista como dependendo 
fundamentalmente dos recursos naturais fornecidos pelo ecossistema global, bem como da 
capacidade deste de suportar a agressão promovida pela humanidade e de assimilar os 
resíduos e a poluição, resultantes dos processos de produção e de consumo. 
Portanto, a partir da discussão da necessidade de implementação do desenvolvimento 
sustentável enquanto política pública em Mato Grosso, analisar atividades produtivas como 
parte do modelo de desenvolvimento para o Estado se reveste de elevada importância, visto 
que, os aspectos sociais e ambientais também se constituem em importantes elementos a 
serem incorporados na dinâmica econômica. Para que isso se concretize, por lógico, é precisoque a produção esteja alicerçada nos preceitos do desenvolvimento sustentável. 
Segundo esse entendimento, o fluxo de recursos naturais de baixa entropia (inputs), 
experimenta transformações na produção, bem como no consumo, voltando à natureza sob a 
forma de resíduos (outputs) para a acumulação ou para ingresso em ciclos biogeoquímicos 
através da energia solar, e finalmente, retorna a fazer parte de estruturas de baixa entropia, 
podendo, dessa forma, novamente ser úteis à economia. Trata-se, portanto, de um conceito 
meramente físico, onde se constata o reconhecimento explícito do papel da entropia, visto que 
os materiais utilizados não podem ser totalmente reciclados e, além disso, nesse processo e à 
luz dessa compreensão, a energia não é reciclada (DALY, 1991). 
Sob esse prisma, é importante a discussão levantada pelos economistas ecológicos 
sobre o tamanho do subsistema econômico em relação ao ecossistema total, uma vez que há 
indícios que a atual escala é insustentável. A razão disso é que a economia é um subsistema 
aberto inserido em um sistema total finito e fechado, contradizendo o relatório Brundtland, 
assinalando que para o alcance do tal almejado desenvolvimento sustentável se necessitaria do 
crescimento da economia mundial da ordem de cinco a dez vezes. Em síntese, pode-se 
constatar que o tamanho da economia em relação ao ecossistema total é outro fator a ser 
considerado na busca do crescimento com sustentabilidade. Dessa forma, tudo está baseado 
numa escala ótima, mas definir qual seria esta escala ótima é a grande questão (DALY, 1991). 
Existem atualmente duas definições sobre a escala ótima: uma é puramente 
antropocêntrica, que entende que deve haver crescimento até o ponto em que os benefícios 
marginais (humanos) se igualem aos custos marginais, enquanto a outra é biocêntrica: o 
tamanho ótimo do nicho humano seria menor que o ótimo do ponto de vista antropocêntrico. 
35 
 
Ambas, contudo, concordam que esse “ótimo” busca a sustentabilidade, ou seja, buscam 
escalas de produção que respeitem os limites do ecossistema. Destarte, para se atingir a 
sustentabilidade é necessária uma “redução da escala da economia humana que não tem 
precedentes nos tempos modernos”, conforme menciona Daly (1991). 
A economia ecológica ressalta que há três políticas para se alcançar os seguintes 
objetivos, segundo Daly (1991): alocação ótima (enquanto instrumento dos preços relativos - 
objetivo de eficiência), a distribuição ótima (enquanto instrumentos de distribuição da renda e 
da riqueza atuam - objetivo da eqüidade), e a escala ótima (enquanto instrumento, atualmente 
inexistente, de controle do uso de throughputs, isto é, um instrumento de limitação de 
população e/ou limitação do uso per capta de recursos naturais - objetivo de sustentabilidade). 
De acordo com os preceitos da Economia Neoclássica, na visão do “Ótimo de Pareto” 
a população pode dobrar ou diminuir pela metade, ainda assim o mercado continuará 
alocando otimamente os recursos entre os seus usos alternativos, no entanto, não há quem 
argumente que em função do problema da eficiência os custos da injustiça deveriam ser 
internalizados nos preços. Ainda neste tocante, pode-se perceber que juntamente com outras 
razões, os preços certos e ajustados estão levando, por exemplo, ao desaparecimento da 
biodiversidade, dada a presente escala da economia, excessivamente grande e ainda crescente. 
Para os economistas ecológicos, conforme abordado, essa dimensão do subsistema em 
relação ao ecossistema total está na escala ótima, e a atividade humana em nível 
suficientemente baixo, de forma a não destruir o funcionamento automático dos sistemas que 
sustentam a vida, evitando forçá-los a ingressar no domínio da administração humana. Ainda 
que a “mão invisível” dos ecossistemas é auto-regulável, não acontece o mesmo com a mão 
invisível do mercado, uma vez que se realize a alocação, não se tem condição de determinar 
nem a escala, nem a distribuição ótima. Cabe à economia limitar a macroeconomia em escala 
tal que a “mão invisível” possa funcionar ao máximo em ambos os domínios. 
Para Daly (1991), a definição de sustentabilidade em termos biofísicos e tratá-los 
então, utilizando modelos neoclássicos, como uma restrição à maximização da utilidade, 
evidencia ser mais simples e concreto. No entanto, percebe-se que o grau de limitação dos 
ecossistemas dependerá do grau de substitutibilidade na produção entre capital produzido pelo 
homem e recursos naturais. A visão neoclássica acredita em uma substitutibilidade quase 
perfeita entre capital e recursos, enquanto a visão ecológica acredita que estes são 
basicamente complementares, com uma possibilidade muito restrita de substituição marginal. 
Neste sentido, a economia ecológica considera a restrição ao uso de recursos naturais 
como condição à manutenção da sustentabilidade como muito comprometedora, uma vez que 
36 
 
capitais e recursos naturais são fatores complementares e, desta forma, a falta de um (recursos 
naturais) limita radicalmente a produtividade do outro. Ao contrário, se os fatores podem ser 
substituídos mutuamente sem problemas, então a falta de um não diminui a produtividade do 
outro. Assim, no caso de substitutibilidade perfeita, não existe qualquer possibilidade de que 
algum dos fatores seja limitante. Já no caso de complementaridade, o fator em menor 
suprimento torna-se limitante, neste caso, o capital natural. 
Os ecologistas entendem ainda que, o capital natural é o estoque que permite o fluxo 
de recursos naturais: de que serve as produções agropecuárias sem o cerrado, a floresta 
amazônica, a qualidade do solo? Parece evidenciado que se entra em uma nova era na qual o 
capital natural remanescente é o fator limitante do crescimento. 
Diante disso: “A lógica econômica nos orienta no sentido de maximizar a 
produtividade e aumentar o suprimento do fator limitante. Uma das maneiras de maximizar a 
produtividade do capital é adotar tecnologias que utilizem intensamente os recursos naturais, 
sacrificando, assim, a produtividade desses recursos”, conforme observa Daly (1991, p.25), 
sendo os recursos naturais, o novo fator limitante. 
Baseando-se em Daly (1991), pode-se dizer que o desenvolvimento sustentável 
contempla uma lógica econômica (mercados, regulações e competitividade), uma lógica de 
equidade (moral, justiça e solidariedade) e uma lógica de sustentabilidade (ecossistemas, 
biosfera). Lógicas essas que na prática requerem negociações de ordem política, ou seja, 
acordos sobre como se pode viver juntos nessa diversidade de interesses, visões do presente e 
aspirações em relação ao futuro. 
 
3 – O AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO 
 
A partir dos anos 50 o agronegócio brasileiro e em especial o matogrossense passou 
por diversas transformações orientadas pela modernização do campo. Neste viés Oliveira 
(2003) afirma que a industrialização deu-se no campo, formando uma unidade contraditória 
com a indústria, isso posto devido a transformação do capitalista em também latifundiário. A 
expansão da fronteira agrícola em direção ao oeste do território nacional, trouxe para Mato 
Grosso agricultores oriundos principalmente do Sul do Brasil. 
O agronegócio matogrossense, nas ultimas décadas tem se destacado na produção de 
algodão, soja, milho, cana de açúcar e na produção de Carne bovina, contribuindo desta forma 
para as exportações brasileiras. 
É bom frisar que a produção matogrossense assim como a nacional não cresceu apenas 
como resultado da expansão da área cultivada. Houve também um grande aumento na 
produtividade brasileira, devido a uma rápida e eficiente difusão de tecnologia, incluindo 
sementes, agroquímicos, fertilizantes e outros insumos para

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