Buscar

Fichamento Direito Civil Brasileiro 1- Parte Geral

Prévia do material em texto

FICHAMENTO - Parte Geral – 1
 Direito Civil Brasileiro – Carlos Roberto Gonçalves
TÍTULO I - DAS PESSOAS NATURAIS
CAPÍTULO I - DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
► Relaciona-se o entendimento de capacidade com o de personalidade, tornando claro que o homem possui capacidade para ser titular de direitos. Em outras palavras, é admitido que todas as pessoas têm personalidade e, portanto, possuem plena capacidade de adquirir direitos e deveres, sem qualquer distinção. É importante ressaltar que essa capacidade de aquisição de direitos vale também para os privados de discernimento e para as crianças em geral, com qualquer grau de desenvolvimento mental. No entanto, apesar de todos terem capacidade para adquirir direitos e deveres, a lei pode restringir de forma legítima o exercício desses direitos, de modo que os conceitos de capacidade de direito e capacidade de exercício se distinguem. Assim, nem todos têm a capacidade de exercício, pois não preenchem a alguns requisitos, como por exemplo, maioridade, saúde, desenvolvimento mental etc. Logo, torna-se necessário que outra pessoa lhes represente. Desse modo, quem possui os dois tipos de capacidade tem capacidade plena. Já aqueles que possuem apenas a de direito, têm capacidade limitada, sendo chamados, portanto, de incapazes.
Nota-se também que as noções de capacidade e legitimação se diferem. Assim, a falta de legitimação faz com que pessoas sejam impedidas de praticar determinados atos jurídicos sem serem incapazes. Isso se dá porque a legitimação só ocorre mediante o consentimento dos descendentes.
 
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
► A personalidade civil, por conceito, é o conjunto de atributos que identificam e individualizam uma pessoa, como seu nome, estado e domicílio. Os direitos da personalidade se referem aos direitos que são atribuídos às pessoas em razão apenas da sua existência. É fato que o nascimento constitui o marco inicial da personalidade. Assim, os direitos do nascituro são respeitados desde a concepção, pois é neste momento que começa a formação do novo ser. Existem três teorias que buscam explicar a situação jurídica do nascituro. Elas são:
► TEORIA NATALISTA: Defende a ideia de que a personalidade civil apenas tem início a partir do nascimento com vida.
► TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL: Se trata de um desdobramento da teoria natalista e afirma que desde a concepção, o nascituro possui direitos próprios e constitui a pessoa condicional. Esses direitos ficam sob condição suspensiva e são consolidados mediante nascimento com vida.
► TEORIA CONCEPCIONISTA: Pressupõe que a personalidade é adquirida desde a concepção, com ressalva aos direitos patrimoniais, provenientes de herança, legado e doação, que são condicionados ao nascimento com vida.
Obs: Nascituro = ente concebido porém não nascido; é possível ser beneficiado em testamento; possui um regime protetivo no direito civil e penal.
Art. 3o  São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
► O Código Civil considera que antes dos 16 anos, os indivíduos ainda não possuem o discernimento necessário para gerirem suas vidas e, portanto, devem ser representados juridicamente por seus pais, tutores ou curadores. 
Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;          
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;           
IV - os pródigos.
	Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
► A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos da vida civil desde que seja assistido por um representante legal, sob pena de anulabilidade.
Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos têm sua vontade considerada e lhes cabem todos os efeitos jurídicos de seus atos, contanto que possuam a assistência de seus representantes.
Os ébrios habituais (quem consome bebida alcoólica de maneira exagerada), os viciados em tóxico, aqueles que não podem exprimir sua vontade e os pródigos (indivíduos com um desvio de personalidade e que gastam desordenadamente) também podem ser considerados relativamente incapazes.
No entanto, isso não vale para os índios, possuindo eles, portanto, uma legislação especial.
 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
► Ao completar 18 anos, a menoridade é cessada e a pessoa adquire plena capacidade (capacidade de direito + capacidade de exercício).
Caso haja emancipação, o indivíduo pode adquirir a plena capacidade antes da idade legal. Há três espécies de emancipação. Elas são:
► EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA: É necessário ter 16 anos completos e só ocorre por meio do consentimento dos pais e do menor. É realizada no cartório, por instrumento público e independe de homologação judicial.
► EMANCIPAÇÃO JUDICIAL: É conferida pelo juiz, por sentença. Para ocorrer, o menor necessita já ter completado 16 anos e estar sob tutela. O tutor não pode emancipar o tutelado e a emancipação só ocorre mediante vontade do menor.
► EMANCIPAÇÃO LEGAL: Pode ocorrer por casamento, exercício de emprego público efetivo e colação de grau em ensino superior desde que o menor, com 16 anos completos, tenha economia própria em função de estabelecimento civil, comercial ou relação de emprego.
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
► A morte presumida com decretação de ausência ocorre através da abertura de um processo judicial de ausência, que possui três fases: curadoria, sucessão provisória e sucessão definitiva. Apenas após aberta a sucessão definitiva vai ser presumida a morte.
OBSERVAÇÃO:
► Com a morte, a personalidade jurídica é extinguida e os direitos e deveres acabam. Contudo, continuam valendo para o morto os direitos da personalidade. Esses direitos podem ser tutelados e protegidos pelo cônjuge ou outro parente. Os tipos de morte estão divididos em:
► MORTE REAL: É a responsável pelo término da existência da pessoa natural e é provada por meio do atestado de óbito quando há o diagnóstico da paralisação da atividade encefálica. Pressupõe a existência de um cadáver.
► MORTE PRESUMIDA: A morte é presumida quando a lei permite a abertura de sucessão definitiva, produzindo efeitos patrimoniais. Não há como confirmar por um fato que a pessoa morreu, portanto, presume-se.
► MORTE SIMULTÂNEA OU COMORIÊNCIA: Resumidamente, se dá quando não é possível saber quem faleceu primeiro em caso de morte simultânea ou na mesma ocasião. (Esse conceito será explorado mais à frente, mais precisamente na interpretação do artigo 8º, que trata desse tipo de morte) 
► MORTE CIVIL: É como se uma pessoa viva fosse considerada morta. É a perda da personalidade em vida. Ocorria bastante na Idade Média, porém, no ordenamento jurídico atual não ocorre mais. Seu único resquício na atualidade se dá quando tem por objetivo afastar o herdeiro da herança, como se ele fosse considerado morto antes da abertura da sucessão.Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
► A morte presumida é declarada, sem decretação de ausência quando a probabilidade da pessoa estar morta é extrema, como por exemplo nos casos de pessoas que desaparecem em desastres naturais (tsunamis, furacões, terremotos etc) ou em acidentes em geral, ou até mesmo pessoas desaparecidas na guerra.
	
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
► Indica a morte de duas ou mais pessoas ocorrida de forma simultânea (ou não) quando não se pode determinar qual delas faleceu primeiro. É necessário saber quem faleceu primeiro devido a vocação sucessória. Ou seja, caso duas pessoas herdeiras umas das outras falecerem na mesma ocasião, uma não sucederá a outra.
Art. 9o Serão registrados em registro público:
I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
► O registro público é muito importante, pois confere autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos, além de atender não só a interesses particulares, mas também a interesses de ordem pública. Nascimentos, casamentos, óbitos, emancipações, interdições, ausências e mortes presumidas devem ser registrados nos cartórios de registros públicos.
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;
► AVERBAÇÃO: Modificar um fato já registrado.
A averbação é diferente do registro, pois surge de uma determinação judicial e muda o registro existente no cartório, tendo por finalidade deixar o acontecimento público e seguro. Como exemplo de averbação é possível citar: de imóvel, de divórcio, de tempo de contribuição etc.
CAPÍTULO II - DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
► Os direitos da personalidade, por conceito, são os direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe confere a natureza humana (ex: vida, integridade física, honra, imagem, privacidade, liberdade etc.) Esses direitos, além de serem intransmissíveis e irrenunciáveis, são também absolutos, ilimitados, imprescritíveis, impenhoráveis, inexpropriáveis e vitálicios. Os titulares desses direitos de personalidade não podem, portanto, transmití-los a terceiros, já que eles nascem e se extinguem com eles (ninguém pode desfrutar da honra, da liberdade e da vida dos outros, por exemplo.) – Este conceito é conhecido como indisponibilidade dos direitos de personalidade.
Contudo, em alguns casos, se torna possível a cessão do uso de alguns atributos da personalidade, que podem ser explorados comercialmente. Desse modo, a indisponibilidade dos direitos da personalidade é relativa e não absoluta.
Em outras palavras, não são todas as previsões legais que podem limitar os direitos da personalidade, sendo necessário que essa limitação esteja baseada em algum princípio de inconstitucionalidade. No entanto, a lei pode trazer alguma limitação ou relativizar alguns desses direitos.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
► O direito da personalidade, quando lesado ou ameaçado, faz com que haja o ordenamento para que essas ações sejam cessadas. Isso pode ocorrer sob pena de multa, de forma que o lesado tenha direito a uma reparação. Essa reparação pode ser pecuniária, ou seja, uma quantia em dinheiro que tem por objetivo compensar a vítima pelo dano sofrido.
A tutela dos direitos da personalidade não se restringe à reparação no âmbito civil, pois pode ter consequências penais e administrativas também.
Os direitos da personalidade não terminam com a morte da pessoa, de modo que terceiros podem proteger esses direitos de forma legítima.
As medidas adotadas para defender o direito a personalidade são:
► PREVENTIVA: previnem que haja uma lesão a personalidade. 
► COMINATÓRIA: uma multa é aplicada quando há lesão de personalidade.
► REPRESSIVA: reprime a lesão ao direito de personalidade.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
► A vida e o corpo (vivo ou morto) são protegidos juridicamente pelo direito à integridade física.
Assim, não é tolerada a diminuição permanente da integridade física se não for por exigência médica, como por exemplo em casos da necessidade de amputação por alguma doença etc. - Com ressalva aos casos de transplante.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
► A disposição total do corpo, naturalmente, só é permitida depois da morte. No entanto, a disposição de parte do corpo em vida pode se dar para fins altruísticos (implantes por exemplo) ou científicos, desde que ocorra gratuitamente e haja o consentimento do doador.
É importante ressaltar que essa disposição pode ser revogada a qualquer momento e que a doação de órgãos para depois da morte pode se dar por vontade própria do doador ou pela vontade da família.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
► Em suma, esse artigo tem por finalidade proteger a inviolabilidade do corpo humano. Desse modo, nos casos mais graves, os médicos são proibidos de atuar sem prévia autorização do paciente, que por sua vez, pode se recusar a se submeter ao tratamento. – Princípio de autonomia da vontade.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
► O nome é um direito da personalidade, portanto, constitui um direito fundamental. Ele é utilizado para individualizar a pessoa na sociedade e é composto por duas partes: o prenome (o nome em si) e o sobrenome, pertencente à família da pessoa. O registro do nome e do prenome é definitivo, porém pode sofrer alterações em alguns casos, como por exemplo quando o nome expõe a pessoa ao ridículo, quando há erro de grafia etc.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
► Esse artigo existe para proteger a honra objetiva e, basicamente, proíbe que seja feito o uso do nome de terceiros em publicações ou representações, mesmo quando não há intenção difamatória. Caso haja violação, devem ser responsáveis pelo ressarcimento do dano. 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
► Só a própria pessoa pode explorar financeiramente o próprio nome, nãosendo permitida a utilização do nome alheio. Em adição, o valor patrimonial do nome só pode ser explorado com a autorização de seu titular.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
► Pseudônimos são nomes utilizados por pessoas para preservarem sua identidade. O que é dito nesse artigo é, basicamente, que toda a proteção dada ao nome também deve ser dada ao pseudônimo.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
► Toda e qualquer divulgação não autorizada que atente “a honra, a boa fama e a respeitabilidade” é proibida, com exigência de respectiva reparação. É proibida também a utilização da imagem sem prévia autorização para fins comerciais. No entanto, quando se trata de uma pessoa pública não é necessária uma autorização para a utilização da imagem, pois se pressupõe que ela conscientemente se expõe.
Caso a pessoa faleça, o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes podem reclamar a proteção e a reparação dela de forma legítima.
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. 
► Esse artigo protege todos os aspectos da vida íntima da pessoa. Caso haja alguma violação, o prejudicado pode solicitar que esse ato seja cessado. Se já tiver ocorrido algum dano, é assegurado o direito à indenização.  
CAPÍTULO III - DA AUSÊNCIA
 Seção I - Da Curadoria dos Bens do Ausente
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
► Ausência: quando a pessoa desaparece de seu domicílio sem dar notícia de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para administrar seus bens. Caso constatada a ausência, o juiz nomeia um curador para administrar os bens do ausente.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
► Mesmo se uma pessoa tiver sido declarada ausente e tiver deixado um representante para administrar seus bens e interesses, se esse procurador se recusar a administrar o patrimônio, se tornará necessário a declaração de sua ausência e a nomeação de um curador.
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
► Na decisão do juiz, já são determinados os limites dos poderes e as obrigações do curador nomeado, assim como as responsabilidades que lhe caberão. 
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
► A ordem de preferência para ser curador do ausente é respectivamente: o cônjuge, os pais e os descendentes. Dentro dessa preferência, os mais próximos precedem os mais remotos. Caso não haja essas pessoas, o juiz escolherá um curador.
Seção II - Da Sucessão Provisória
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
► Decorridos os prazos estipulados nesse artigo (1 ano e 3 anos, respectivamente), os interessados têm o legítimo direito de requerer a abertura da sucessão provisória e, posteriormente, da sucessão definitiva.
OBSERVAÇÃO:
 Na sucessão provisória a pessoa é considerada ausente; os herdeiros só possuem a posse dos bens e não podem aliená-los. Já na sucessão definitiva, a pessoa é considerada morta; os herdeiros possuem a posse e a propriedade dos bens e podem fazer disposição deles da forma que entenderem.
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
► Os interessados para requerer a abertura da sucessão provisória são os cônjuges, os herdeiros, quem tiver direitos sob os bens do ausente que dependem da sua morte (ex: direito de usofruto) e os credores.
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.
► A sentença de abertura da sucessão provisória só terá efeito após 180 dias de publicada. Em seguida, ocorrerá a abertura do testamento, do inventário e a partilha dos bens (caso haja), como se o ausente fosse falecido. Depois de um ano, se não houver nenhum interessado, o Ministério Público que será responsável pela requisição de abertura da sucessão provisória. Caso passem 30 dias e nenhum interessado requerer a abertura do inventário, a arrecadação de bens será procedida e a herança será considerada jacente.
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União.
► Esse artigo visa conservar o patrimônio do ausente caso ele eventualmente retorne. Desse modo, o juiz ordena que os bens, que muito provavelmente seriam perdidos por deterioração natural ou por extravio, sejam convertidos em bens de mais fácil conservação, como por exemplo imóveis e títulos garantidos pela união
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
§ 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia.
§ 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
► Caso o ausente retorne, seus bens deverão ser restituídos, por isso o herdeiro deve prestar garantia do mesmo valor do bem que ele vai entrar na posse. Para garantir que se acontecer algo com o bem do ausente, ele vai responder com o própriobem. Se o herdeiro não tiver um bem para dar de garantia, ele será excluído e outro herdeiro entrara na posse do ausente. 
Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge não precisam de garantia se provada a sua qualidade como herdeiro, assim independentemente entrarão na posse dos bens do ausente.
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
► Os herdeiros apenas têm a posse dos bens do ausente, não podendo aliená-los. No entanto, há uma exceção: o juiz pode permitir a alienação dos bens caso seja provado que isso tenha o objetivo de evitar a ruína.
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas.
► O sucessor provisório representará o ausente tanto ativa como passivamente, respondendo por suas obrigações. 
OBSERVAÇÃO:
Representação ativa: autor de uma ação;
Representação passiva: réu de uma ação.
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
► Os ascendentes, descendentes e cônjuge podem ficar com total fruto e rendimento dos bens do ausente. Entretanto, se o herdeiro que tomou posse dos bens do ausente não for descendente, ascendente ou cônjuge, ele terá que capitalizar metade, ou seja, metade será capitalizado caso o ausente retorne. Essa capitalização deve ser provada anualmente ao juiz.
Se o ausente retornar, ele terá seus bens restituídos e receberá mais metade do fruto dos rendimentos gerados enquanto ele esteve ausente. No entanto, se sua ausência não for justificada, ele perderá o direito aos 50% capitalizados para ele e essa parte ficará para o herdeiro que estava cuidando dos frutos e rendimentos.
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.
► O herdeiro exclusivo que tinha direito de ter a posse dos bens, porém não teve condições de prestar a garantia desses bens, poderá receber metade dos rendimentos que lhe caberia, só que eles deverão ser administrados pelo curador do ausente ou por um herdeiro que tenha prestado caução.
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo.
► Se durante a posse provisória for provada a época exata do falecimento do ausente, será nessa data que será aberta a sucessão para os herdeiros
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.
► Se o ausente retornar durante a ausência provisória, essa sucessão é cessada e o direito dos herdeiros que estavam na posse e os bens voltam para o “ausente”. Porém, os herdeiros ficam responsáveis por esses bens até a entrega para o “ausente”.
Seção III - Da Sucessão Definitiva
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
► A sucessão definitiva pode ser requerida pelos interessados 10 anos depois da abertura da sucessão provisória. Na sucessão definitiva, o ausente é considerado morto, mesmo com uma remota chance de retorno.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
► A sucessão definitiva pode ser requerida depois de provado que o ausente tenha 80 anos de idade e não se tenham notícias dele nos últimos 5 anos. Isso se dá, pois é levada em conta a expectativa de vida do brasileiro. Esse prolongado período de ausência faz com que o foco mude dos interesses do ausente para os interesses de seus sucessores
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.
► Se o ausente retorna 10 anos seguintes de aberta a sucessão definitiva, ele terá direito aos bens no estado em que se encontram, aos bens sub-rogados ou o preço que se teve devido a venda do bem. Algum herdeiro que aparecer nesse determinado período também tem o direito. Se o ausente não voltar nesse período e nenhum herdeiro interessado abrir o processo de sucessão definitiva, os bens do ausente serão incorporados ao Município ou Distrito Federal, sendo incorporado ao domínio da União.
TÍTULO II - DAS PESSOAS JURÍDICAS
 CAPÍTULO I - Disposições Gerais
Resumo geral – Pessoas jurídicas:
► Pessoa Jurídica: é a reunião de pessoas e bens, que empreendem esforços em busca de fins comuns, podendo ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil.
• Sujeitos de direitos e obrigações.
• Unidade de pessoas naturais ou patrimoniais.
* Há 3 requisitos necessários para se constituir a pessoa jurídica. Eles são:
1. Organização de pessoas (naturais) ou bens (patrimoniais).
2. Licitude de propósito ou fins.
3. Capacidade jurídica reconhecida por norma.
* A classificação da pessoa jurídica pode ser:
1. Quanto à nacionalidade: a pessoa jurídica pode ser nacional ou estrangeira.
2. Quanto a estrutura interna: conjunto de pessoas que gozam coletivamente de direitos e os exercem por meio de uma vontade única.
3. Quanto as funções de capacidade: as pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
* A respeito da existência da pessoa jurídica:
• Tem início com um ato jurídico ou com normas. 
• As pessoas jurídicas de direito público existem em razão de fatos históricos, criação constitucional, lei especial, tratados internacionais etc (dir. púb. externo).
• As pessoas jurídicas de direito público são organizadas por leis públicas, que estabelecem seus direitos e deveres.
• As pessoas jurídicas de direito privado se baseiam na vontade humana.
• A personalidade jurídica precisa preencher exigências legais.
• O processo da pessoa jurídica de direito privado apresenta duas fases: o ato constitutivo e a do registro público.
* Extinção da pessoa Jurídica:
Causas:
• Voluntária: quando os sócios decidem parar com o negócio.
• Automáticas: previstas no ato constitutivo.
• Administrativas: surgem da administração pública.
Para ser extinta, a pessoa jurídica deve passar por 3 fases:
1. Dissolução: ocorre uma das causas listadas acima.
2. Liquidação: liquidar as dívidas.
3. Cancelamento: extinção do registro.
*Desconsideração da pessoa jurídica:
• Quando a dívida de uma pessoa jurídica é cobrada de uma pessoa física/natural. A pessoa jurídica possui autonomia, negocial, jurídica e patrimonial.
• Licitude da pessoa física.
• Quebrada essa situação de licitude,em uma situação de anormalidade: ocorre a desconsideração da personalidade jurídica e então a pessoa física responde pela dívida da pessoa jurídica, podendo também ocorrer o inverso.
*Há várias teorias acerca da pessoa jurídica. Elas são:
Primeiramente, existem as teorias da ficção, que, hoje em dia, não são mais aceitas. As teorias da ficção são: Teoria da Ficção Legal (a pessoa jurídica constitui uma criação artificial da lei, pois somente a pessoa natural pode ser titular de direitos subjetivos) e a Teoria da ficção doutrinária (a pessoa jurídica não tem existência real, mas apenas intelectual).
Existem também as teorias da realidade, que defendem que as pessoas jurídicas são reais e não mera abstração. As teorias da realidade se dividem em:
- Teoria da realidade objetiva ou orgânica: a pessoa jurídica é um ser com vida própria que nasce por imposição das forças sociais e pode se tornar sujeito de direito, real e verdadeiro.
- Teoria da realidade jurídica ou institucionalista: considera as pessoas jurídicas como organizações sociais destinadas a um serviço ou ofício.
- Teoria da realidade técnica: É a teoria mais aceita. Nela, acredita-se que a existência de grupos de indivíduos que se unem na busca de fins determinados é reconhecida, já que a personificação dos grupos sociais é expediente de ordem técnica, sendo atribuída a grupos em que a lei reconhece vontade e objetivos próprios. O Estado, portanto, verificando que esses grupos são dotados de personalidade própria, lhes concede esse benefício para que eles possam participar da vida jurídica nas mesmas condições das pessoas naturais.
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
► Esse artigo classifica as pessoas jurídicas. Elas podem ser de direito público interno/externo ou de direito privado.
As pessoas jurídicas de direito público interno são: a União, os Estados, o Distrito Federal e os territórios, os municípios, as autarquias, inclusive as associações públicas criadas por lei.
Já as pessoas jurídicas de direito público externo são: os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Ex: ONU, Mercosul, OMC etc.
Por fim, as pessoas jurídicas de direito privado são: as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
► As pessoas jurídicas de direito público interno são: a União (pessoa jurídica de direito público que representa a República Federativa do Brasil em suas relações internacionais); os Estados/o DF e os territórios (pessoas jurídicas com autonomia legislativa e administrativa); os municípios (pessoas jurídicas com autonomia legislativa e administrativa) e as autarquias, inclusive as associações públicas (serviço autônomo criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receitas próprias, para exercer atividades típicas de administração publica, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. Tem capacidade de autoadministração. Ex: INSS, INCRA, DNIT, universidades, conselhos profissionais etc)
É importante ressaltar que as pessoas jurídicas de direito público interno integram a administração pública direta e indireta, podendo ter natureza política ou administrativa.
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
► O artigo diz que são consideradas pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e as pessoas regidas pelo direito internacional público. É possível citar como exemplo a ONU, o Mercosul, a OMC etc.
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
► O Estado é responsável por danos causados por seus agentes. O artigo também diz que é direito do Estado buscar, regressivamente, o ressarcimento pela indenização paga caso haja culpa ou dolo do agente e indenização paga ao lesado. A responsabilidade do Estado é organizada acerca de duas teorias. Elas são:
- Teoria do risco administrativo: sempre que o Estado causar danos, deve responder objetivamente. Assim, o Estado deve suportar os ônus independente da culpa de seus agentes.
- Teoria da culpa administrativa: presume-se que todo dano sofrido pelos administradores é causado por uma omissão do Estado. Caso o dano não tenha sido causado pelo Estado, haverá culpa subjetiva com obrigação de indenizar.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;           
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.            
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.
§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código
§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.
► Esse artigo enumera quem são as pessoas jurídicas de direito privado (associações, sociedades, fundações, organizações religiosas, partidos políticos e empresas individuais de responsabilidade limitada). Além disso, ele reconhece a liberdade de criação, organização, estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, proibindo que lhes seja negado o registro nos atos constitutivos. Há ressalva para os partidos políticos, que possuem lei específica.
Observação: 
Associação é um agrupamento organizado de pessoas físicas ou jurídicas com objetivos não empresariais.
Sociedade é um agrupamento organizado de pessoas físicas ou jurídicas com a finalidade de desenvolver uma atividade empresarial voltada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços para posterior distribuição dos lucros aos seus sócios
Fundação é uma organização de bens destinada a realização de um determinado fim, que a lei atribui personalidade jurídica.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
► A existência legal das pessoas jurídicas para se iniciar necessita de um ato constitutivo (que deve ser escrito) e de um registro no órgão competente. Os requisitos para a constituição da pessoa jurídica são: intenção de criar uma entidade distinta da de seus membros; elaboração do ato constitutivo; registro do ato constitutivo no órgão competente e, por fim, liceidade de seu objetivo.
Art. 46. O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo porque se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.
► Esse artigo indica os dados ou elementos que devem conter no registro, visando assegurar a segurança jurídica necessária para que os negócios jurídicos sejam celebrados devidamente.
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.
► A manifestação de vontade das pessoas jurídicas acontece por meio de seus administradores, que são convencidos de poderes específicos para externar a vontade da pessoa jurídica indicados pelo estatuto social. Por isso, os atos praticados por esses administradores vinculam a pessoa jurídica e não as pessoas físicas que representam. Isso coloca em jogo interesses humanos que a lei não pode ignorar, e por esta razão, em respeito a confiança criada no espirito de terceiros que venham a contratar com a sociedade, convencidos na legitima crença que que um falso representante tenha poderes de representação.
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
► A administração pública, muitas vezes, é feita por um grupo de pessoas que precisam se relacionar para realizar os atos de administração da pessoa jurídica. Sendo assim, as decisões serão tomadas por meio de votação, com a maioria de votos dos presentes. Somente se o ato constitutivo não dispuser de outra forma, as decisões serão tomadas pela metade mais um dos presentes. O parágrafo único diz que o direito de anular essas decisões decai em 3 anos se elas violarem a lei.
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.
► A pessoa jurídica não pode ficar sem representação caso, excepcionalmente, os membros da sociedade deixem de indicar um administrador. Se isso ocorrer, qualquer interessado pode fazer o requerimento e o juiz deverá nomear um administrador provisório.
Art. 50.  Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
§ 1º  Para fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização dolosa da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.     
§ 2º  Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por:
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa;
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto o de valor proporcionalmente insignificante; e     
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.     
§ 3º  O disposto no caput e nos § 1º e § 2º também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
§ 4º  A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.      
§ 5º  Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica
► Desconsiderar a personalidade jurídica é o mesmo que ignorá-la quando houver abuso ou atos irregulares (desvio de finalidade social ou confusão patrimonial). 
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado.
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
► Esse artigo estabelece a necessidade da liquidação da sociedade antes da extinção da personalidade jurídica. Durante a fase de liquidação, a sociedade mantém a personalidade jurídica, devendo pagar todas as suas dívidas. Depois do pagamento dos débitos, a personalidade da pessoa jurídica se extingue e sua inscrição no registro é cancelada.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
► Alguns aspectos dos direitos da personalidade podem ser aplicados às pessoas jurídicas. Isso ocorre, por exemplo, com o bom nome e a boa fama da pessoa jurídica (que não pode ter proteção negada).
 CAPÍTULO II - Das Associações
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
► Esse artigo dá significado ao conceito de associação: um grupo de pessoas sem fins lucrativos. No parágrafo único, afirma-se que, entre os associados, não há direitos e obrigações recíprocos, já que os objetivos são altruísticos, científicos, artísticos, beneficentes, religiosos, educativos, culturais, políticos, esportivos ou recreativos.
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III - os direitos e deveres dos associados;
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
► Estatuto:um conjunto de normas genéricas, destinado a organização da entidade coletiva sem fins lucrativos, tendo em vista alcançar os fins procurados pelo grupo. Assume a natureza jurídica de um acordo normativo.
Nesse artigo, são enumerados os requisitos que devem constar no estatuto das associações, sob pena de nulidade. 
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais.
► Esse artigo diz que todos os associados devem ter direitos iguais (princípio da isonomia associativa). No entanto, também é dito que o estatuto pode instituir categorias com vantagens especiais.
Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.
► A qualidade de associado é intransmissível, segundo esse artigo. No entanto, o estatuto pode autorizar essa transmissão, por ato inter vivos ou causa mortis, dos direitos dos associados a terceiros.
A transmissão patrimonial não importará na atribuição da qualidade de associado, precisando preencher certos requisitos exigidos no estatuto, que poderá permitir a sucessão no quadro associativo, havendo transmissão da quota social.
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nostermos previstos no estatuto. 
► Um associado só poderá ser excluído se houver justa causa. A justa causa exige demonstração fática, decisão fundamentada, tomada pela maioria, conforme quórum estabelecido no estatuto, com respeito ao contraditório e ao direito à ampla defesa. É permitido ao associado se retirar a qualquer momento, sem precisar justificar o pedido, já que “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou permanecer associado”. Apesar disso, o estatuto pode impor certas condições para a retirada.
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.
► Basicamente, esse artigo defende que não se pode criar exceções ofensivas ao direito de igualdade entre os associados, salvo os casos previstos na lei ou no estatuto.
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: 
I – destituir os administradores; 
II – alterar o estatuto.
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores.
► Na assembleia geral são reunidos todos os associados de uma associação. Cabe a assembleia geral destituir os administradores e alterar o estatuto, os associados podem votar para isso.
Para destituir os administradores e alterar o estatuto é preciso que haja a convocação de uma assembleia geral especificamente para esse fim.
O quorum será definido pelo próprio estatuto da associação, que deverá prever os critérios de eleição dos administradores.
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la.
► Respeitadas as formalidades do estatuto, não só a assembleia geral, mas qualquer órgão deliberativo pode ser convocado por ao menos um quinto dos associados.
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.
§ 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação.
§ 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.
► Caso haja dissolução da Associação, quanto ao patrimônio, ocorrerão os seguintes passos:
Restituição das cotas ou frações dos Associados.
O remanescente da Associação deve ser destinado a outra Associação com o mesmo fim prevista no Estatuto.
Se omisso o Estatuto, a Assembleia geral decidirá para qual Associação será destinado o remanescente do Patrimônio. 
Se não houver associação de finalidade idêntica ou semelhante, o remanescente do patrimônio será devolvido à fazenda do Estado, DF ou União.
CAPÍTULO III - Das Fundações
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:         
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico
III – educação;         
IV – saúde;         
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas
► As fundações constituem um acervo de bens, que recebe personalidade jurídica para a realização de fins determinados, de interesse público, de modo permanente e estável. Elas podem ser particulares e públicas. As fundações são compostas pelo patrimônio e pelo fim, que é estabelecido pelo instituidor e não pode ser lucrativo. A constituição da fundação se dá em quatro fases: a fase do ato de dotação, na qual há a destinação de bens livres com indicação dos fins a que se destinam para administrá-los e isso pode ser feito por meio de escritura pública ou testamento; a fase da elaboração do estatuto, que pode ser feita pelo próprio instituidor ou por uma pessoa de sua confiança designada por ele; a fase da aprovação do estatuto, na qual o estatuto é encaminhado para o MP, que irá aprová-lo; e a fase do registro, na qual é feito o registro civil das pessoas jurídicas e a partir daí a fundação começa a ter existência legal.
Os fins da fundação não podem ser modificados nem mesmo se todos os dirigentes assim desejarem. Isso ocorre, pois somente o instituidor tem o poder de fazer isso. 
Os bens da fundação são alienáveis. A alienação deles só pode ser feita caso o juiz aprove, depois de provada necessidade.
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.
► A vontade do instituidor é respeitada. Caso sua fundação não puder ser concretizada, seus bens serão aproveitados em outra instituição de mesmo fim, garantindo eficácia ou incrementando seu patrimônio.
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.
► A partir do momento que o instuidor constitui uma fundação, ele não pode mais se negar de transferir seus bens à fundação. Caso ele negue, cabe aos administradores ou ao MP requerer a transferência por mandado judicial.
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz.
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.
► O instituidor pode formular o estatuto por inteiro ou elaborar somente as bases, que deverão ser desenvolvidas pelo administrador. Caso o instituidor não faça nenhuma dessas coisas, caberá ao MP.
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.         
§ 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.
► O MP é responsável por fiscalizar as atividades das Fundações. Se a fundação privada funcionar no DF ou em um Território, será responsável o MP do Distrito Federal e Territórios; se a fundação privada funcionar em vários Estados, será responsável o MP de cada Estado. Cabe ao MP: aprovar a escritura pública da fundação, verificar se os bens são suficientes para instituir a fundação, elaborar/aprovar o estatuto, aprovar as contas e fiscalizar o funcionamento por meio da análise de documentos e visitas periódicas.
Art. 67. Para que se possa alteraro estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
► Para que o estatuto seja alterado é necessário que 2/3 dos membros aprovem, que não contrariem o fim específico da fundação e que o MP aprove no prazo estipulado. Se o MP não se manifestar no prazo ou negar a aprovação, o interessado poderá recorrer ao juiz.
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.
► Havendo minoria vencida na deliberação que aprovou a alteração, antes que o MP se pronuncie, será requerida a ciência à minoria vencida para impugná-la em 10 dias. Apenas após ser dada ciência a minoria vencida, com ou sem impugnação, o MP poderá aprovar, indicar modificações ou rejeitar a alteração no estatuto da fundação.
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
► As fundações extinguem-se em duas situações: se se tornar ilícita, inútil sua finalidade; ou se vencer o prazo de sua existência. Nesses casos, cabe ao MP ou a qualquer interessado promover a extinção da fundação e possibilitar o atendimento de outras finalidades, com a incorporação do patrimônio a outra fundação de fim igual ou semelhante.
TÍTULO III - Do Domicílio
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
► DOMICÍLIO: É a sede jurídica da pessoa, o local onde são praticados atos da vida civil. É o local onde a pessoa é encontrada.
Obs: domicílio difere-se de moradia (local em que se está acidentalmente, sem ânimo de nela permanecer) e de residência (lugar que a pessoa habita com intenção de permanecer).
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
► Esse artigo admite que a pessoa natural tenha mais de um domicílio, possuindo diversas residências e vivendo alternadamente em cada uma delas. Nesse caso, qualquer uma dessas residências podem ser consideradas como domicílio.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
► O lugar onde a pessoa trabalha também é considerado domicílio. Caso ela trabalhe em diversos locais, cada um será considerado domicílio para certas relações que lhe corresponderem.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
► A ausência de domicílio não é admitida, portanto, mesmo aquele que não tem onde morar, possui um domicílio, já que este corresponde ao local onde a pessoa for encontrada.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
► Ocorre a mudança de domicílio sempre que a pessoa transfere sua residência para outro local com intenção de que essa transferência seja permanente. A prova da intenção de que a transferência seja permanente poderá ser dada por meio de uma declaração expressa às municipalidades ou quando as circunstâncias da mudança permitam concluir que ela foi feita com intenção permanente.
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
► A pessoa jurídica não possui residência que nem a pessoa física, por isso, é considerado domicílio da pessoa jurídica o local em que se localiza sua sede ou administração. O Distrito Federal é o domicílio da União; as capitais são os domicílios de seus Estados e Territórios; o lugar em que fica a administração municipal é o domicílio do Município; as pessoas jurídicas de direito público de administração direta possuem domicílio em sua sede de governo, já as demais pessoas jurídicas, como associações e fundações tem como domicílio o lugar em que estiver localizada sua respectiva administração.
Quando uma mesma pessoa jurídica realizer atividades em vários lugares diferentes, todos estes serão considerados domicílio.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
► Determinadas pessoas não podem escolher seu próprio domicílio, cabendo a lei defini-lo. É isso que ocorre com as pessoas citadas nesse artigo. Para o incapaz, seu domicílio será o mesmo de seu assistente/representante; o domicílio do servidor público será o local onde ele exercer suas funções; o militar possuirá domicílio no local em que estiver servindo; os que forem da Marinha ou Aeronáutica possuirão domicílio na sede do comando que estivere subordinados e os presos terão domicílio no local que estiverem cumprindo sentença.
 
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
► O agente diplomático é isento à jurisdição do país estrangeiro em que se encontra, se submetendo apenas à jurisdição de seu próprio país. O objetivo disso é manter a independência do agente diplomático no desempenho de sua função.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
► As partes, nos contratos escritos, especificam o domicílio onde são cumpridos os direitos e obrigações resultantes deles. Ao celebrarem um contrato, as partes escolhem livremente um domicílio onde o contrato será cumprido.

Continue navegando