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Assuntos da rodada DIREITO ADMINISTRATIVO Observação: Conteúdo programático conforme ordem apresentada no Edital. A ordem do conteúdo nas rodadas pode se alterar para melhor compreensão da matéria. Bons estudos! Direito Administrativo: 1 Noções de organização administrativa. 1.1 Centralização, descentralização, concentração e desconcentração. 1.2 Administração direta e indireta. 1.3 Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. 2 Ato Administrativo. 2.1 Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. 3 Agentes públicos. 3.1 Legislação pertinente. 3.1.1 Lei nº 8.112/1990. 3.1.2 Disposições constitucionais aplicáveis. 3.2 Disposições doutrinárias. 3.2.1 Conceito. 3.2.2 Espécies. 3.2.3 Cargo, emprego e função pública. 4 Poderes administrativos. 4.1 Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. 4.2 Uso e abuso do poder. 5 Licitação. 5.1 Princípios. 5.2 Contratação direta: dispensa e inexigibilidade. 5.3 Modalidades. 5.4 Tipos. 5.5 Procedimento. 6 Contratos administrativos: conceitos e características. 7 Controle da Administração Pública. 7.1 Controle exercido pela Administração Pública. 7.2 Controle judicial. 7.3 Controle legislativo. 8 Responsabilidade civil do Estado. 8.1 Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro. 8.1.1 Responsabilidade por ato comissivo do Estado. 8.1.2 Responsabilidade por omissão do Estado. 8.2 Requisitos para a demonstração da responsabilidade do Estado. 8.3 Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade do Estado. 9 Regime jurídico‐ administrativo. 9.1 Conceito. 9.2 Princípios expressos e implícitos da Administração Pública. 10 Processo Administrativo Federal (Lei nº 9.784/1999). 11 Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992). Rodada #02 Direito Administrativo Professor Fabiano Pereira DIREITO ADMINISTRATIVO 2 Recados importantes! NÃO AUTORIZAMOS a venda de nosso material em qualquer outro site. Não apoiamos, nem temos contrato, com qualquer prática ou site de rateio. A reprodução indevida, não autorizada, deste material ou de qualquer parte dele sujeitará o infrator à multa de até 3 mil vezes o valor do curso e à responsabilidade reparatória civil e persecução criminal, nos termos dos artigos 102 e seguintes da Lei 9.610/98. Tente cumprir as metas na ordem que determinamos. É fundamental para o perfeito aproveitamento do treinamento. Você pode fazer mais questões desta disciplina no nosso teste semanal ONLINE. Qualquer problema com a meta, envie uma mensagem para o WhatsApp oficial da Turma Elite (35) 99106 5456. DIREITO ADMINISTRATIVO 3 a. Teoria em Tópicos Ato Administrativo 1. A Administração Pública edita dois tipos de atos jurídicos: a) atos que são regidos pelo Direito Público e, consequentemente, denominados de atos administrativos e b) atos regidos pelo Direito Privado. 2. Não existe uma unanimidade doutrinária sobre a quantidade e as características de cada requisito ou elemento do ato administrativo. Entretanto, como o nosso objetivo é ser aprovado no concurso, iremos adotar o posicionamento do professor Hely Lopes Meirelles, que entende serem cinco os elementos dos atos administrativos: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. 2.1. Competência ou Sujeito: o ato administrativo não “cai do céu”. É necessário que alguém o edite para que possa produzir efeitos jurídicos. Esse alguém é o agente público (também chamado por alguns autores de “sujeito”), que recebe essa competência expressamente do texto constitucional ou por meio de lei. Podemos considerar como características da competência o fato de ser irrenunciável, inderrogável, improrrogável, intransferível e imprescritível. 2.2. Finalidade: trata-se de requisito sempre vinculado (previsto em lei) que impõe a necessidade de respeito ao interesse público no momento da edição do ato administrativo. Pode ser entendido como o efeito jurídico mediato (secundário) que o ato produz. 2.3. Forma: também é requisito vinculado do ato administrativo, a exemplo dos requisitos da competência e finalidade, podendo ser compreendida em sentido estrito e em sentido amplo. Em sentido estrito, a forma pode ser entendida como a exteriorização do ato administrativo, o “modelo” do ato, o modo pelo qual ele se apresenta ao mundo jurídico (uma portaria, ordem de serviço, instrução normativa etc.). Em sentido amplo, a forma pode ser DIREITO ADMINISTRATIVO 4 entendida como a formalidade ou procedimento a ser observado para a produção do ato administrativo. Em outras palavras, entenda que a lei pode determinar expressamente outras exigências formais que não fazem parte do próprio ato administrativo, mas que lhe são anteriores ou posteriores (exigência de várias publicações do mesmo ato no Diário Oficial, por exemplo, para que possa produzir efeitos). 2.4. Motivo: que também é chamado de “causa”, é o pressuposto de fato (acontecimento) e de direito (dispositivo legal) que servem de fundamento para a edição do ato administrativo. O motivo se manifesta através de ações ou omissões dos agentes públicos, dos administrados ou, ainda, de necessidades da própria Administração, que justificam ou impõem a edição de um ato administrativo. 2.4.1. É necessário que você tenha muita atenção ao responder às questões de prova para não confundir motivo e motivação, que possuem significados diferentes. O motivo pode ser entendido como o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo. Por outro lado, a motivação nada mais é que exposição dos motivos, por escrito, no corpo do ato administrativo. 2.4.2. Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo agente público, no momento da edição do ato, deve corresponder à realidade, tem que ser verdadeiro. Caso contrário, comprovando o interessado que o motivo informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que sequer existiu, o ato deverá ser anulado pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário. 2.5. Objeto: o quinto requisito do ato administrativo, que pode ser discricionário ou vinculado, é o objeto (também denominado de conteúdo por alguns autores), entendido como a coisa ou a relação jurídica sobre a qual recai o ato. Trata-se do efeito jurídico imediato (primário) que o ato administrativo produz. DIREITO ADMINISTRATIVO 5 3. Não existe um consenso doutrinário sobre a quantidade de atributos - que nada mais são do que “características” inerentes aos atos administrativos -, mas, para responder às questões de provas, é necessário que estudemos a presunção de legitimidade ou veracidade, a imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade. 3.1. Presunção de Legitimidade: todo e qualquer ato administrativo é presumivelmente legítimo, ou seja, considera-se editado em conformidade com o direito (leis e princípios). Essa presunção é relativa (juris tantum), consequência da confiança depositada no agente público, pois se deve partir do pressuposto de que todos os parâmetros e requisitos legais foram respeitados pelo agente no momento da edição do ato. 3.2. Imperatividade: é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância ou aquiescência. Todavia, não está presente em todos os atos administrativos, a exemplo dos atos enunciativos. 3.3. Autoexecutoriedade: é o atributo que garante ao Poder Público a possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos editados, sema necessidade de recorrer ao Poder Judiciário. Nem sempre os atos administrativos irão gozar de autoexecutoriedade e, para fins de concursos públicos, a multa (ato administrativo) é o exemplo mais cobrado em relação à ausência de autoexecutoriedade. Nesse caso, apesar de a aplicação da multa ser decorrente do atributo da imperatividade, se o particular não efetuar o seu pagamento a Administração somente poderá recebê-la se recorrer ao Poder Judiciário. 3.4. Tipicidade: segundo Maria Silvia Zanella di Pietro, podemos entender a tipicidade como “o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados”. Resumidamente falando, a professora entende que, para cada finalidade que a Administração deseja alcançar, existe uma espécie distinta de DIREITO ADMINISTRATIVO 6 ato administrativo e, portanto, é inadmissível que sejam editados atos administrativos inominados. 4. Em relação à CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS, penso que o mais sensato é focarmos a classificação do professor Hely Lopes Meirelles, que tem sido adotada pelas principais bancas examinadoras do país. 4.1. ATOS GERAIS E INDIVIDUAIS - Os atos administrativos gerais ou regulamentares são aqueles que possuem destinatários indeterminados, com finalidade normativa, tais como os decretos regulamentares, as instruções normativas etc. Por sua vez, atos administrativos individuais são aqueles que possuem destinatários determinados ou determináveis, podendo alcançar um ou vários sujeitos, sendo possível citar como exemplos os decretos de desapropriação, a nomeação de servidores, uma autorização ou permissão etc. 4.2. ATOS INTERNOS E EXTERNOS - são aqueles que produzem efeitos somente no interior da Administração Pública, e, portanto, não têm o objetivo de atingir os administrados, sendo possível citar como exemplos uma ordem de serviço, uma portaria de remoção de servidor etc. Por outro lado, atos administrativos externos ou de efeitos externos são aqueles que afetam os administrados, produzindo efeitos fora da Administração, e, por isso, necessitam de publicação no diário oficial. Como exemplos, podemos citar um decreto, um regulamento, uma portaria de nomeação de candidato aprovado em concurso público etc. 4.3. ATOS DE IMPÉRIO, DE GESTÃO E DE EXPEDIENTE 4.3.1. Atos de império ou de autoridade são aqueles praticados pela Administração no gozo de sua supremacia sobre o administrado. São aqueles através dos quais a Administração cria deveres aos particulares independentemente de concordância ou aquiescência, tal como acontece na aplicação de uma multa de trânsito, na edição de um decreto de desapropriação, na apreensão de mercadorias etc. DIREITO ADMINISTRATIVO 7 4.3.2. Atos de gestão são aqueles editados pela Administração sem fazer uso de sua supremacia sobre o administrado, estabelecendo-se uma relação horizontal (igualdade) e assemelhando-se aos atos de Direito privado, sendo possível citar como exemplo a aquisição de bens pela Administração, o aluguel de equipamentos etc. 4.3.3. Atos de expediente são os atos rotineiros praticados pelos agentes administrativos no interior da Administração, sem caráter vinculante e sem forma especial, que têm por objetivo organizar e operacionalizar as atividades exercidas pelos órgãos e pelas entidades públicas. Para exemplificar, podemos citar o preenchimento de um documento, a expedição de um ofício a um particular, a rubrica nas páginas de um processo administrativo etc. 4.4. ATOS VINCULADOS E DISCRICIONÁRIOS - Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, “atos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização”, ao passo que “discricionários são os que a Administração pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e de seu modo de realização”. 4.5. ATO SIMPLES, COMPLEXO E COMPOSTO. 4.5.1. Ato administrativo simples é aquele que resulta da manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado, sendo irrelevante o número de agentes que participarão da edição do ato. A edição do ato simples depende da vontade de um único órgão e independe de aprovações ou homologações posteriores (parecer, despacho de um servidor etc.). 4.5.2. Ato administrativo complexo é aquele que depende da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos para que seja editado. Apesar de ser um único ato, é necessário que exista um consenso entre diferentes órgãos para que possa produzir os efeitos desejados. É possível citar como exemplos os atos normativos editados conjuntamente, por dois ou mais órgãos, tais como as Portarias Conjuntas editadas pela Procuradoria Geral da Fazenda DIREITO ADMINISTRATIVO 8 Nacional e Receita Federal do Brasil (a exemplo da Portaria Conjunta nº 01, de 10 de março de 2009, que dispõe sobre parcelamento de débitos para com a Fazenda Nacional); editadas pelos órgãos do Poder Judiciário (a exemplo da Portaria Conjunta 01, de 07 de março de 2007, que regulamenta adicionais e gratificações no âmbito do Judiciário), entre outras. 4.5.3. Ato administrativo composto é aquele em que apenas um órgão manifesta a sua vontade, todavia, para que se torne exequível, é necessário que outro órgão também se manifeste com o objetivo de ratificar, aprovar, autorizar ou homologar o ato. Como exemplo de ato composto, podemos citar a nomeação dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, nas palavras da professora Maria Sylvia Zanela Di Pietro, teríamos um ato principal (nomeação efetuada pelo Presidente da República) e outro ato acessório ou secundário (aprovação do Senado Federal). 5. Espécies de atos administrativos 5.1. Atos normativos - são aqueles editados com o objetivo de facilitar a fiel execução das leis, possuindo comandos gerais e abstratos, tais como os decretos regulamentares, as instruções normativas, os regimentos, entre outros. 5.2. Atos ordinatórios - decorrem do poder hierárquico e têm o objetivo de disciplinar o funcionamento da Administração, orientando os agentes públicos subordinados no exercício das funções que desempenham. Os atos ordinatórios restringem-se ao interior da Administração e somente alcançam os servidores que estão subordinados à chefia que os expediu. 5.3. Atos negociais - são aqueles pelos quais a Administração faculta aos particulares o exercício de determinada atividade, desde que atendidas as condições estabelecidas pelo próprio Poder Público. Para exemplificar, podemos citar as licenças, as autorizações, as permissões, as aprovações, as dispensas etc. DIREITO ADMINISTRATIVO 9 5.4. Atos enunciativos - Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, atos administrativos enunciativos “são todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado. Dentre os atos mais comuns dessa espécie, merecem atenção as certidões, os atestados e os pareceres administrativos”. 5.5. Atos punitivos - Os atos punitivos são aqueles que contêm uma sanção imposta pela Administração aos seus agentes públicos ou particulares que praticarem atos ou condutas irregulares, violando os preceitos administrativos. 6. Extinção dos atos administrativos 6.1. Anulação ou invalidação - Quando o ato administrativo é praticado em desacordo com o ordenamento jurídico vigente, é considerado ilegal. Assim,deve ser anulado pelo Poder Judiciário (quando provocado) ou pela própria Administração (de ofício ou mediante provocação). A anulação de um ato administrativo opera-se com efeitos retroativos (ex tunc), isto é, o ato perde os seus efeitos desde o momento de sua edição (como se nunca tivesse existido), pois não origina direitos. A partir do momento que o ato ilegal é praticado, passa a ser contado o prazo de cinco anos para que a Administração Pública possa promover a sua anulação. Ultrapassado o prazo de cinco anos sem a respectiva anulação, o ato administrativo será automaticamente convalidado (não poderá mais ser anulado), desde que o seu destinatário esteja de boa-fé. 6.2. Revogação - ocorre sempre que a Administração Pública decide retirar, parcial ou integramente do ordenamento jurídico, um ato administrativo válido, mas que deixou de atender ao interesse público em razão de não ser mais conveniente ou oportuno. A revogação de um ato administrativo é consequência direta do juízo de valor (mérito administrativo) emitido pela Administração Pública, que é a responsável por definir o que é bom ou ruim DIREITO ADMINISTRATIVO 10 para coletividade, naquele momento. Assim, é vedado ao Poder Judiciário revogar ato administrativo editado pela Administração. 6.2.1. Ao contrário do que ocorre na anulação, que produz efeitos “ex tunc”, na revogação os efeitos serão sempre “ex nunc” (proativos). Isso significa dizer que a revogação somente produz efeitos prospectivos, ou seja, para frente, conservando-se todos os efeitos que já haviam sido produzidos. 6.2.2. Existem alguns atos administrativos que não podem ser revogados, são eles: 1º) os atos já consumados, que exauriram seus efeitos; 2º) os atos vinculados; 3º) os atos que já geraram direitos adquiridos para os particulares; 4º) os atos que integram um procedimento; 5º) os denominados meros atos administrativos. 7. Convalidação de atos administrativos - Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, “convalidação é o ato administrativo através do qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado”. Na verdade, a convalidação nada mais é que a “correção” do ato administrativo portador de defeito sanável de legalidade, com efeitos retroativos (ex tunc). 7.1. Para responder às questões de prova, lembre-se de que a convalidação de um ato administrativo somente pode ocorrer em relação aos vícios sanáveis (hipótese em que o ato administrativo será considerado anulável), isto é, aqueles detectados nos requisitos “competência” e “forma”. DIREITO ADMINISTRATIVO 11 Poderes da Administração Pública 1. O Professor José dos Santos Carvalho Filho conceitua os poderes administrativos como “o conjunto de prerrogativas de Direito Público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins”. 1.1. Os poderes assegurados aos agentes públicos não podem ser considerados “privilégios”, mas, sim, deveres. Não devem ser encarados como mera faculdade, mas, sim, como uma “obrigação legal” de atuação sempre que o interesse coletivo exigir. 1.2. Deveres impostos aos agentes públicos - o exercício da função pública não se restringe à garantia de prerrogativas aos agentes públicos. Ao contrário, impõe diversos deveres que, caso não observados, poderão ensejar a responsabilização civil, penal e administrativa do agente que se omitir, sendo possível citar entre eles: 1.2.1. Dever de eficiência - a emenda constitucional nº 19, promulgada em 04∕06∕1998, assegurou status constitucional ao princípio da eficiência. Nesses termos, exige-se que não só a atividade finalística da Administração Pública seja eficiente, mas também todas as atividades e funções exercidas pelos agentes públicos. 1.2.2. Dever de prestar contas - a obrigatoriedade de prestação de contas encontra fundamento no art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988, que é expresso ao afirmar que “prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária”. DIREITO ADMINISTRATIVO 12 1.2.3. Dever de probidade - as condutas praticadas pelos agentes públicos devem sempre se pautar na honestidade, boa-fé e probidade administrativa. Assim, não se permite que as funções públicas sejam exercidas com o único propósito de satisfazer interesses particulares, sob pena de afronta ao art. 37, § 4º, da Constituição Federal de 1988 1.3. Abuso de poder - nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, o abuso de poder “ocorre quando a autoridade, embora competente para agir, ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas”. O abuso de poder configura-se por uma conduta praticada pelo agente público em desconformidade com a lei e pode se apresentar sob duas formas diferentes: 1ª) quando o agente público ultrapassa os limites da competência que lhe foi outorgada pela lei (excesso de poder); 2ª) quando o agente público exerce a competência nos estritos limites legais, mas para atingir finalidade diferente daquela prevista em lei (desvio de poder ou desvio de finalidade). 1.3.1. Excesso de poder - no excesso de poder, o agente público atua além dos limites legais de sua competência, ou, o que é mais grave, atua sem sequer possuir competência legal. O ato praticado com excesso de poder é eivado de grave ilegalidade, pois contém vício em um de seus requisitos essenciais: a competência. Exemplo: agente público que aplica multa de valor superior ao que a lei lhe permite. 1.3.2. Desvio de poder ou finalidade - nos termos da alínea “e”, parágrafo único, artigo 2º, da Lei nº 4.717/65 (Lei de Ação Popular), o desvio de poder ou finalidade ocorre quando “o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”. No desvio de poder ou finalidade, a autoridade atua dentro dos limites da sua competência, mas o ato não alcança o interesse público inicialmente desejado pela lei. Trata-se de ato manifestamente contrário à lei, mas que tem a DIREITO ADMINISTRATIVO 13 “aparência” de ato legal, pois geralmente o vício não é notório, não é evidente. Exemplo: autoridade administrativa que remove servidor público, ex officio, com o único propósito de puni-lo (nesse caso, a finalidade do ato foi desrespeitada). 1.3.3. Abuso de poder por omissão - segundo alguns autores, a omissão de agentes públicos também pode caracterizar o abuso de poder, porém, penas quando se tratar de omissão específica. Neste caso fica configurada violação direta ao texto legal, pois a inércia configura desrespeito a uma obrigação expressamente prevista em lei (é o que ocorre, por exemplo, quando a autoridade administrativa deixa de proferir decisão no prazo de trinta dias, previsto no art. 49 da Lei 9.784/1999). Caracterizada a omissão específica, isto é, a inércia diante de uma determinação expressamente prevista em lei, poderá o agente público ser responsabilizado civil, penal e administrativamente, dependendo do tipo de inércia que lhe é imputada. 2. Poder vinculado - também denominado de poder regrado, é aquele conferido aos agentes públicos para a edição de atos administrativos em estrita conformidade com o texto legal, sendo mínima ou inexistente a sua liberdadede atuação ou escolha. Para que um ato administrativo seja editado validamente, em conformidade com a lei, é necessário que atenda a cinco requisitos básicos: competência, forma, finalidade, motivo e objeto. Quando os cinco requisitos forem apresentados e detalhados na própria lei, ter-se-á um ato vinculado, pois o agente público restringir-se-á ao preenchimento do ato nos termos que foram definidos legalmente. 2.1. No poder vinculado, o agente público não se utiliza dos critérios de conveniência e oportunidade, que lhes são reservados no poder discricionário, pois a própria lei estabelece “de que forma” o ato deve ser editado, especificando para a autoridade responsável pela edição do ato a competência, a forma, a finalidade, o motivo que ensejou a edição e o DIREITO ADMINISTRATIVO 14 objeto sobre o qual recai o ato. Ao completar 75 anos de idade, por exemplo, o servidor público está obrigado a se aposentar. Não há qualquer margem de decisão que lhe permita continuar trabalhando no cargo efetivo ocupado. 3. Poder discricionário - nas sábias palavras do professor Hely Lopes Meirelles, ”discricionariedade é a liberdade de ação administrativa dentro dos limites permitidos em lei”. É aquele no qual a lei reserva ao agente público certa margem de liberdade ou escolha dentre várias soluções possíveis, sempre visando à satisfação do interesse público. Trata-se de poder que a própria lei concede ao agente público, de modo explícito ou implícito, para a edição de atos administrativos, autorizando-lhe a escolher, entre várias alternativas possíveis, aquela que melhor atende ao interesse coletivo. 3.1. No ato discricionário, a lei somente se limitará a detalhar a competência, a forma e a finalidade, deixando a critério do agente público, que deverá decidir com base na conveniência e oportunidade da Administração, os requisitos denominados motivo e objeto. 3.2. É possível afirmar que a discricionariedade é parcial e relativa, pois, ao editar um ato administrativo, o agente público nunca possuirá liberdade total. A lei sempre apresentará em seu texto a competência para a prática do ato, a forma legal de editá-lo e a finalidade, que sempre será a satisfação do interesse público. 3.3. É discricionária a concessão da licença para tratar de assuntos particulares. Nesse caso, a Administração irá analisar vários fatores (atual quantidade de servidores em efetivo exercício, demanda de serviço, consequências da ausência do servidor etc.) antes de decidir se é conveniente e oportuno deferir o pedido do servidor. 3.4. Eis aqui um ponto importante: o Poder Judiciário jamais poderá revogar um ato editado pela Administração, mas somente anulá-lo, quando for ilegal ou contrariar princípios gerais do Direito. Somente a própria DIREITO ADMINISTRATIVO 15 Administração pode revogar os seus atos, pois essa possibilidade está relacionada diretamente à conveniência e à oportunidade. 4. Poder hierárquico - na organização da Administração Pública brasileira, os órgãos e agentes públicos são escalonados em estruturas hierárquicas, com poder de comando exercido por aqueles que se situam em posição de superioridade, originando, assim, o denominado “poder hierárquico”. Segundo Hely Lopes Meirelles, “poder hierárquico é o de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal”. 4.1. O poder hierárquico também se manifesta no âmbito interno das entidades integrantes da Administração Indireta (que também podem estruturar-se através da criação de órgãos públicos) e, ainda, do Poder Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Tribunais de Contas. 4.2. É o poder hierárquico que assegura às autoridades administrativas as prerrogativas de emitir ordens, fiscalizar os atos praticados pelos subordinados, delegar e avocar, bem como dirimir controvérsias de competências. 4.2.1. A delegação ocorre quando o superior hierárquico transfere ao subordinado atribuições que, inicialmente, estavam sob a sua responsabilidade. Por outro lado, a avocação ocorre quando o superior “chama para si” uma responsabilidade, não-exclusiva, inicialmente atribuída a um subordinado, devendo ocorrer somente em situações de caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados. 4.2.1.1. É necessário ficar bastante atento, pois o artigo 13 da Lei 9.784/99 apresenta um rol de atos insuscetíveis de delegação: 1º) a edição de atos de caráter normativo; 2ª) a decisão de recursos administrativos; 3ª) as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. DIREITO ADMINISTRATIVO 16 4.2.1.2. Um aspecto interessante e que tem sido bastante cobrado em provas de concursos é o que consta no texto da Lei 9.784/99, mais precisamente em seu artigo 12, ao afirmar que “um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.” 5. Poder disciplinar - consiste na prerrogativa assegurada à Administração Pública de apurar infrações funcionais dos servidores públicos e demais pessoas submetidas à disciplina administrativa, bem como aplicar penalidades após o respectivo processo administrativo, caso seja cabível e necessário. Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, trata-se de “uma supremacia especial que o Estado exerce sobre todos aqueles que se vinculam à Administração por relações de qualquer natureza, subordinando-se às normas de funcionamento do serviço ou do estabelecimento que passam a integrar definitiva ou transitoriamente”. 5.1. Para que ocorra a aplicação de uma penalidade com fundamento no poder disciplinar é necessário que exista um vínculo jurídico entre a Administração e aquele que está sendo punido. Isso acontece, por exemplo, na aplicação de uma suspensão a servidor público (vínculo estatutário), bem como na aplicação de uma multa a concessionário de serviço público (vínculo contratual). 5.1.1. Os particulares que não possuem vínculo com a Administração não podem ser punidos com respaldo no poder disciplinar, pois não estão submetidos à sua disciplina punitiva. Caso o particular tenha sido alvo de penalidade aplicada pela Administração, sem possuir qualquer vínculo jurídico com a mesma, não estaremos diante do exercício do poder disciplinar, mas, provavelmente, do poder de polícia. DIREITO ADMINISTRATIVO 17 5.1.2. Levando-se em consideração o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, conclui-se que a Administração não possui discricionariedade na escolha da sanção a ser aplicada, pois a própria lei a estabelece expressamente. Por outro lado, a discricionariedade existe em relação à valoração da infração praticada, a exemplo do que ocorre na definição do prazo da penalidade de suspensão, que pode variar entre 01 (um) e 90 (noventa) dias. 5.2. Cuidado para não confundir as medidas punitivas decorrentes do poder disciplinar com as medidas decorrentes do poder punitivo do Estado. O poder punitivo do Estado objetiva a repressão de crimes e contravenções definidas nas leis penais, sendo exercido pelo Poder Judiciário. Por outro lado, o poder disciplinar visa resguardar a hierarquia e a eficiência administrativa, sendo exercido pela Administração Pública coma finalidade de combater os ilícitos administrativos. 6. Poder regulamentar ou normativo - o professor Diógenes Gasparini afirma que o poder regulamentar consiste “na atribuição privativa do chefe do Poder Executivo para, mediante decreto, expedir atos normativos, chamados regulamentos, compatíveis com a lei e visando desenvolvê-la". 6.1. Em regra, após a publicação de uma lei administrativa pelo Poder Legislativo, é necessária a edição de um decreto regulamentar (também chamado de regulamento) pelo Chefe do Poder Executivo com o objetivo de explicar detalhadamente o seu conteúdo, assegurando assim a sua fiel execução. O decreto regulamentar encontra amparo no inciso IV, artigo 84, da CF/88, que dispõe ser da competência do Presidente da República “sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução”. DIREITO ADMINISTRATIVO 18 6.2. Para responder às questões de prova, deve ficar claro que o decreto regulamentar é um ato administrativo, portanto, encontra-se subordinado ao texto da lei, jamais podendo contrariá-la ou inovar no ordenamento jurídico (criar obrigações ou proibições aos particulares, por exemplo). 6.3. Alguns doutrinadores afirmam que as expressões “poder regulamentar” e “poder normativo” possuem o mesmo significado. De outro lado, há autores que afirmam que a expressão poder normativo é mais abrangente que a expressão poder regulamentar. Os autores que defendem a segunda corrente, a exemplo da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, alegam que enquanto o poder normativo pode ser exercido por diversas autoridades administrativas, a exemplo dos Ministros de Estado e dos dirigentes das Agências Reguladoras, o poder regulamentar se restringe aos Chefes do Poder Executivo, nos termos do art. 84, IV, da CF/1988. Nesses termos, a edição de portarias, resoluções, instruções normativas, deliberações, entre outros atos administrativos, encontraria fundamento no poder normativo da Administração e não no poder regulamentar, já que este se resume à edição de decretos regulamentares. 6.3.1. Para se ter uma ideia melhor sobre o entendimento do CESPE, destaca- se a seguinte questão: O poder normativo, no âmbito da administração pública, é privativo do chefe do Poder Executivo (Juiz Estadual/TJ PI 2007/CESPE). A banca considerou esta assertiva incorreta. 6.4. É importante destacar que, ao contrário do que ocorre no decreto regulamentar (que não permite delegação), o Presidente da República pode delegar a edição de decretos autônomos aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações (CF/1988, art. 84, parágrafo único). DIREITO ADMINISTRATIVO 19 7. Poder de polícia - deve ficar bem claro que a Administração utiliza-se do poder de polícia para interferir na esfera privada dos particulares, condicionando o exercício de atividades e direitos, bem como o gozo de bens, impedindo assim que um particular possa prejudicar o interesse de toda uma coletividade. 7.1. Polícia Administrativa e polícia judiciária - a polícia administrativa, conforme estudaremos adiante, incide sobre bens, direitos ou atividades (propriedade e liberdade), sendo vinculada à prevenção de ilícitos administrativos e difundindo-se por todos os órgãos administrativos, de todos os Poderes e entidades públicas que tenham atribuições de fiscalização. Dentre as entidades que exercem o poder de polícia administrativa, podemos citar o IBAMA (exerce o poder de polícia na área ambiental), a ANVISA (que exercer o poder de polícia na área de vigilância sanitária) e todas aquelas que exercem atividades de fiscalização. Por sua vez, a polícia judiciária incide sobre pessoas (forma repressiva), atuando de forma conexa e acessória ao Poder Judiciário na apuração e investigação de infrações penais. É privativa de corporações especializadas (que integram a segurança pública estatal), a exemplo da Polícia Civil (com atuação em âmbito estadual) e a Polícia Federal (com atuação em âmbito nacional). A primeira irá atuar de forma conexa e acessória ao Poder Judiciário Estadual, enquanto a segunda irá auxiliar o Poder Judiciário Federal. 7.2. Conceito - o ordenamento jurídico brasileiro, através do artigo 78 do Código Tributário Nacional, apresenta um conceito legal de polícia administrativa, nos seguintes termos: “Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou obtenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, no exercício das atividades DIREITO ADMINISTRATIVO 20 econômicas dependentes de concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública ou o respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”. 7.2.1. Em caráter excepcional, o poder de polícia também pode ser exercido por órgãos do Poder Judiciário. É o que dispõe o art. 41, § 1º, da Lei 9.504/1997, ao afirmar que “o poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido pelos juízes eleitorais e pelos juízes designados pelos Tribunais Regionais Eleitorais”. 7.3. Características e limites - a polícia administrativa pode impor ao particular uma obrigação de fazer (submeter-se e ser aprovado em exame de habilitação para que possa conduzir veículos automotores, por exemplo), obrigação de suportar (submeter-se à fiscalização de extintores de incêndio pelo Corpo de Bombeiros, por exemplo) e obrigação de não fazer (proibição de pesca durante o período da piracema, por exemplo). Em todos os exemplos citados, o objetivo maior é o de que o particular se abstenha de praticar ações contrárias ao interesse coletivo. 7.3.1. Poder de polícia preventivo e repressivo - podemos entender como poder de polícia preventivo aquele exercido através da edição de normas condicionadoras do gozo de bens ou do exercício de direitos e atividades individuais, a exemplo da outorga de alvarás aos particulares que cumpram as condições e requisitos para o uso da propriedade e exercício das atividades que devem ser policiadas. Por sua vez, na forma repressiva, o poder de polícia é exercido por meio da imposição de sanções aos particulares que praticarem condutas nocivas ao interesse coletivo, constatadas através da atividade fiscalizatória. 7.3.2. Limites ao exercício do poder de polícia - quando o agente público competente desconsiderar o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade no exercício do poder de polícia, ou, o que é pior, desrespeitar as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa, estará DIREITO ADMINISTRATIVO 21 cometendo abuso de poder, sujeitando-se à responsabilização civil, administrativa, criminal e as previstas na Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa). 7.4. Competência e possibilidade de delegação - a doutrina majoritária entende que o poder de polícia não pode ser exercido por particulares (concessionários ou permissionários de serviços públicos) ou entidades públicas regidas pelo direito privado, mesmo quando integrantes da Administração indireta, a exemplo das empresas públicas e sociedades de economia mista. 7.4.1. Por outro lado, o próprio Superior Tribunal de Justiça já decidiu que apesar de o exercício do poder de polícia ser restrito às entidades regidas pelo direito público, particulares podemauxiliar o Estado em seu exercício. É o que acontece, por exemplo, quando o Estado credencia empresas privadas para fiscalizarem o cumprimento das normas de trânsito, através da instalação de radares eletrônicos (os famosos “pardais”). Neste caso, a atuação da empresa privada está restrita à manutenção e instalação de tais equipamentos (os denominados atos materiais ou atos de execução), não ficando sob a sua responsabilidade a aplicação da multa em si (que é aplicada pela Administração). 7.5. Atributos - a doutrina majoritária aponta três atributos ou qualidades inerentes ao poder de polícia: discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade. 7.5.1. Discricionariedade - este atributo garante à Administração uma razoável margem de autonomia no exercício do poder de polícia, pois, nos termos da lei, tem a prerrogativa de estabelecer o objeto a ser fiscalizado, dentro de determinada área de atividade, bem como as respectivas sanções a serem aplicadas, desde que previamente estabelecidas em lei. 7.5.1.1. A discricionariedade é a regra geral em relação ao poder de polícia, mas é válido esclarecer que a lei pode regular, em circunstâncias específicas, todos os aspectos do exercício do poder de polícia e, portanto, a atividade DIREITO ADMINISTRATIVO 22 também poderá caracterizar-se como vinculada (é o que ocorre, por exemplo, na expedição de licenças). 7.5.2. Autoexecutoriedade - a autoexecutoriedade caracteriza-se pela possibilidade assegurada à Administração de utilizar os próprios meios de que dispõe para colocar em prática as suas decisões, independentemente de autorização do Poder Judiciário, podendo valer-se, inclusive, de força policial. 7.5.3. Coercibilidade - o terceiro atributo do poder de polícia é a coercibilidade, que garante à Administração a possibilidade de impor coativamente ao particular as suas decisões, independentemente de concordância deste. A coercibilidade faz-se imprescindível no exercício do poder de polícia, pois, se a Administração fosse obrigada a obter a autorização ou anuência do particular antes de aplicar uma sanção, ficaria praticamente inviável punir algum infrator de normas administrativas. Tal atributo é indissociável da autoexecutoriedade. O ato de polícia só é autoexecutório porque dotado de força coercitiva. 7.6. Prescrição da pretensão punitiva - o art. 1º da Lei 9.873/1999 é expresso ao afirmar que “prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado”. Por outro lado, quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal. DIREITO ADMINISTRATIVO 23 b. Mapas Mentais. DIREITO ADMINISTRATIVO 24 DIREITO ADMINISTRATIVO 25 c. Revisão 01 (questões) QUESTÃO 01 – CESPE – Auditor – FUB – 2015 Paulo foi aprovado em concurso para analista, que exigia nível superior. Nomeado e empossado, Paulo passou a desempenhar suas funções com aparência de legalidade. Posteriormente, constatou-se que Paulo jamais havia colado grau em instituição de ensino superior, detendo, como titulação máxima, o ensino médio. Considerando essa situação hipotética, julgue o item seguinte. Os atos administrativos praticados por Paulo, embora tenham vícios, podem ser considerados válidos quanto aos efeitos que atinjam terceiros de boa-fé, em atendimento ao princípio da segurança jurídica. QUESTÃO 02 – CESPE – Técnico Federal de Controle Externo – TCU – 2015 Acerca da invalidação, da revogação e da convalidação dos atos administrativos, julgue o item a seguir. Agirá de acordo com a lei o servidor público federal que, ao verificar a ilegalidade de ato administrativo em seu ambiente de trabalho, revogue tal ato, para não prejudicar administrados, que sofreriam efeitos danosos em consequência da aplicação desse ato. QUESTÃO 03 – CESPE – Auditor Federal de Controle Externo – TCU – 2015 No que se refere a ato administrativo, agente público e princípios da administração pública, julgue o próximo item. A exoneração dos ocupantes de cargos em comissão deve ser motivada, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa. DIREITO ADMINISTRATIVO 26 QUESTÃO 04 – CESPE – Administrador – FUB – 2015 Em relação aos requisitos e às espécies de atos administrativos, julgue o item subsequente. A motivação, como elemento essencial do ato, cria para os administrados possibilidades de terem conhecimento das razões de determinada prática adotada pela administração pública, o que evita obscuridades na decisão administrativa e cumpre uma das finalidades da motivação, que é a de garantir a segurança dos administrados. QUESTÃO 05 – CESPE – Administrador – FUB – 2015 Em relação aos requisitos e às espécies de atos administrativos, julgue o item subsequente. Permissão é o ato administrativo, por meio do qual a administração pública declara formalmente que os requisitos legais e regulamentares foram preenchidos. Esse ato é editado no exercício de competência vinculada e constitui o direito de um particular ao exercício de uma profissão ou atividade privada determinada. QUESTÃO 06 – CESPE – Administrador – FUB – 2015 Em relação aos requisitos e às espécies de atos administrativos, julgue o item subsequente. A competência, finalidade, forma, o motivo, objeto e a legalidade são considerados requisitos dos atos administrativos. DIREITO ADMINISTRATIVO 27 QUESTÃO 07 – CESPE – Auditor – FUB – 2015 No que concerne ao regime jurídico-administrativo, julgue o item subsequente. A presunção de legitimidade ou de veracidade de determinado ato administrativo produz a inversão do ônus da prova, ou seja, a atuação da administração é presumidamente fundada em fatos verdadeiros e em observância à lei, até prova em contrário. QUESTÃO 08 – CESPE – Técnico – MPU – 2015 Acerca do regime jurídico dos servidores públicos federais, julgue o item subsequente. Os atos praticados pelos servidores do MPU possuem presunção de legitimidade, não sendo possível, por isso, questionar-se, administrativamente, a veracidade dos fatos expostos em declaração por eles exarada. QUESTÃO 09 – CESPE – Auditor – CGE – 2015 Julgue o item a seguir, acerca dos atos administrativos e da responsabilidade civil do Estado. A administração pode anular os próprios atos, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada a apreciação judicial, bem como pode revogá-los quando eles estiverem eivados de vícios que os tornem ilegais. QUESTÃO 10 – CESPE – Professor da Educação Básica – SEDF – 2017 No que se refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos e ao controle da administração, julgue o item seguinte. Ato praticado por usurpador de função pública é considerado ato irregular. DIREITO ADMINISTRATIVO 28 d. Revisão 02 (questões) QUESTÃO 11 – CESPE – Professor da Educação Básica – SEDF – 2017 No que se refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos e ao controle da administração, julgue o item seguinte. Presunção de legitimidade é atributo universal aplicável a todo ato administrativo.QUESTÃO 12 – CESPE – Professor da Educação Básica – SEDF – 2017 Com relação aos poderes e atos administrativos, julgue o próximo item. Ato administrativo declaratório é aquele que implanta uma nova situação jurídica ou modifica ou extingue uma situação existente. QUESTÃO 13 – CESPE – Tecnologia da Informação – SEDF – 2017 José, chefe do setor de recursos humanos de determinado órgão público, editou ato disciplinando as regras para a participação de servidores em concurso de promoção. A respeito dessa situação hipotética, julgue o item seguinte. O veículo normativo adequado para a edição do referido ato é o decreto. QUESTÃO 14 – CESPE – Nível Médio – SEDF – 2017 Maurício, chefe imediato de João (ambos servidores públicos distritais), determinou que este participasse de reunião de trabalho em Fortaleza – CE nos dias nove e dez de janeiro. João recebeu o valor das diárias. No dia oito de janeiro, João sofreu um acidente de carro e, conforme atestado médico apresentado para Maurício, teve de ficar de repouso por três dias, razão pela qual não pôde viajar. Essa foi a primeira vez no bimestre que João teve de se afastar do serviço por motivo de saúde. DIREITO ADMINISTRATIVO 29 Acerca dessa situação hipotética e de aspectos legais e doutrinários a ela relacionados, julgue o item a seguir. A concessão de diária é ato vinculado da administração pública. QUESTÃO 15 – CESPE – PROCURADOR MUNICIPAL – PREFEITURA DE FORTALEZA – 2017 Removido de ofício por interesse da administração, sob a justificativa de carência de servidores em outro setor, determinado servidor constatou que, em verdade, existia excesso de servidores na sua nova unidade de exercício. Nessa situação, o ato, embora seja discricionário, poderá ser invalidado. QUESTÃO 16 – CESPE – Defensor Público – DPE/RN – 2015 Com relação aos poderes da administração pública e aos poderes e deveres dos administradores públicos, julgue os itens seguintes: No exercício do poder regulamentar, é conferida à administração pública a prerrogativa de editar atos gerais para complementar a lei, em conformidade com seu conteúdo e limites, não podendo ela, portanto, criar direitos e impor obrigações, salvo as excepcionais hipóteses autorizativas de edição de decreto autônomo. QUESTÃO 17 – CESPE – Defensor Público – DPE/RN – 2015 Com relação aos poderes da administração pública e aos poderes e deveres dos administradores públicos, julgue os itens seguintes: Decorre do sistema hierárquico existente na administração pública o poder de delegação, segundo o qual pode o superior hierárquico, de forma irrestrita, transferir atribuições de um órgão a outro no aparelho administrativo. DIREITO ADMINISTRATIVO 30 QUESTÃO 18 – CESPE – Analista Judiciário – TRE/MT – 2015 – ADAPTADA Com relação aos poderes da administração pública, julgue o item que segue: O exercício do poder disciplinar na administração pública permite à administração impor medidas cautelares, tais como o afastamento de servidor de suas funções ou, em situações específicas, a prisão administrativa para a investigação. QUESTÃO 19 – CESPE – Analista Judiciário – TRE/MT – 2015 – ADAPTADA Com relação aos poderes da administração pública, julgue o item que segue: O cumprimento de mandados judiciais por policiais civis pode ser classificado como ato decorrente do exercício do poder de polícia administrativa. QUESTÃO 20 – CESPE – Analista Judiciário – TRE/MT – 2015 – ADAPTADA Com relação aos poderes da administração pública, julgue o item que segue: Configura excesso de poder a prática, por servidor público, de ato administrativo que vise finalidade diversa da finalidade prevista em lei, mesmo que o servidor não extrapole os limites de sua competência. DIREITO ADMINISTRATIVO 31 e. Revisão 03 (questões) QUESTÃO 21 – CESPE – Analista Judiciário – TRE/MT – 2015 – ADAPTADA Com relação aos poderes da administração pública, julgue o item que segue: A simples omissão da administração quanto à prática de um ato administrativo de interesse do administrado não configura abuso de poder, salvo se inobservado prazo especificado em lei. QUESTÃO 22 – CESPE – Analista Judiciário – TRE/MT – 2015 – ADAPTADA Com relação aos poderes da administração pública, julgue o item que segue: Exerce o poder de polícia o ente da administração pública que, no desempenho de suas funções institucionais, realiza fiscalização em estabelecimento comercial, lavrando auto de infração e impondo multa por descumprimento de normas administrativas. QUESTÃO 23 – CESPE – Técnico Judiciário – TRE/MT - 2015 – ADAPTADA Julgue o item seguinte quanto aos poderes administrativos. Decorre do exercício do poder disciplinar dirimir conflitos de competência, positivos ou negativos, entre subordinados. QUESTÃO 24 – CESPE – Técnico Judiciário – TRE/MT - 2015 – ADAPTADA Julgue o item seguinte quanto aos poderes administrativos. A discricionariedade é característica fundamental do exercício do poder de polícia. DIREITO ADMINISTRATIVO 32 QUESTÃO 25 – CESPE – Técnico Judiciário – TRE/MT - 2015 – ADAPTADA Julgue o item seguinte quanto aos poderes administrativos. No exercício do poder regulamentar, é vedado restringir preceitos da lei regulamentada. QUESTÃO 26 – CESPE – Técnico Judiciário – TRE/MT - 2015 – ADAPTADA Julgue o item seguinte quanto aos poderes administrativos. A execução de medidas de coação administrativa, decorrentes do exercício do poder de polícia, depende de prévia autorização judicial. QUESTÃO 27 – CESPE – Tecnologia da Informação – SEDF – 2017 José, chefe do setor de recursos humanos de determinado órgão público, editou ato disciplinando as regras para a participação de servidores em concurso de promoção. A respeito dessa situação hipotética, julgue o item seguinte. A edição do referido ato é exemplo de exercício do poder regulamentar. DIREITO ADMINISTRATIVO 33 QUESTÃO 28 – CESPE – Nível Médio – SEDF – 2017 Maurício, chefe imediato de João (ambos servidores públicos distritais), determinou que este participasse de reunião de trabalho em Fortaleza – CE nos dias nove e dez de janeiro. João recebeu o valor das diárias. No dia oito de janeiro, João sofreu um acidente de carro e, conforme atestado médico apresentado para Maurício, teve de ficar de repouso por três dias, razão pela qual não pôde viajar. Essa foi a primeira vez no bimestre que João teve de se afastar do serviço por motivo de saúde. Acerca dessa situação hipotética e de aspectos legais e doutrinários a ela relacionados, julgue o item a seguir. A competência de Maurício para determinar que João participasse da reunião de trabalho decorre do poder hierárquico . QUESTÃO 29 – CESPE – Nível Médio – SEDF – 2017 No que se refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos e ao controle da administração, julgue o item seguinte. O fato de a administração pública internamente aplicar uma sanção a um servidor público que tenha praticado uma infração funcional caracteriza o exercício do poder de polícia administrativo. DIREITO ADMINISTRATIVO 34 QUESTÃO 30 – CESPE – Técnico Administrativo – ANVISA – 2016 O teto de um imóvel pertencente à União desabou em decorrência de fortes chuvas, as quais levaram o poder público a decretar estado de calamidade na região. Maria, servidorapública responsável por conduzir o processo licitatório para a contratação dos serviços de reparo pertinentes, diante da situação de calamidade pública, decidiu contratar mediante dispensa de licitação. Findo o processo de licitação, foi escolhida a Empresa Y, que apresentou preços superiores ao preço de mercado, mas, reservadamente, prometeu, caso fosse contratada pela União, realizar, com generoso desconto, uma grande reforma no banheiro da residência de Maria. Ao final, em razão da urgência, foi firmado contrato verbal entre a União e a Empresa Y e executados tanto os reparos contratados quanto a reforma prometida. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue. Maria agiu com excesso de poder ao escolher a Empresa Y. DIREITO ADMINISTRATIVO 35 f. Normas (apenas o que mais cai) Lei 9.784/99. Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. § 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar- se-á da percepção do primeiro pagamento. § 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. Súmula 473, STF: “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.” DIREITO ADMINISTRATIVO 36 g. Gabarito 1 2 3 4 5 C E E C E 6 7 8 9 10 E C E E E 11 12 13 14 15 C E E C C 16 17 18 19 20 C E E E E 21 22 23 24 25 E C E E C 26 27 28 29 30 E C C E E DIREITO ADMINISTRATIVO 37 h. Breves comentários às questões QUESTÃO 01 – CESPE – Auditor – FUB – 2015 Paulo foi aprovado em concurso para analista, que exigia nível superior. Nomeado e empossado, Paulo passou a desempenhar suas funções com aparência de legalidade. Posteriormente, constatou-se que Paulo jamais havia colado grau em instituição de ensino superior, detendo, como titulação máxima, o ensino médio. Considerando essa situação hipotética, julgue o item seguinte. Os atos administrativos praticados por Paulo, embora tenham vícios, podem ser considerados válidos quanto aos efeitos que atinjam terceiros de boa-fé, em atendimento ao princípio da segurança jurídica. Comentários Como os atos praticados pelos agentes públicos devem ser imputados à pessoa jurídica a qual estão vinculados (consequência do princípio da impessoalidade), não faz sentido anulá-los, ainda que provenientes de “funcionário ou servidor de fato”, pois, juridicamente, quem os praticou foi a própria pessoa jurídica (União, Estados, Municípios, autarquias etc.). Pela aplicação do princípio da impessoalidade e da segurança jurídica, o ato administrativo praticado por funcionário irregularmente investido no cargo ou função é válido. Assertiva correta. QUESTÃO 02 – CESPE – Técnico Federal de Controle Externo – TCU – 2015 Acerca da invalidação, da revogação e da convalidação dos atos administrativos, julgue o item a seguir. DIREITO ADMINISTRATIVO 38 Agirá de acordo com a lei o servidor público federal que, ao verificar a ilegalidade de ato administrativo em seu ambiente de trabalho, revogue tal ato, para não prejudicar administrados, que sofreriam efeitos danosos em consequência da aplicação desse ato. Comentários Distingue-se a anulação do ato administrativo da revogação do ato administrativo porque, dentre outros fundamentos, a anulação deve ser promovida em caso de vício de ilegalidade, enquanto a revogação pode ocorrer por critérios de oportunidade e conveniência. Sendo assim, caso o servidor verifique a ilegalidade de ato administrativo deverá anulá-lo e não revogá-lo. Assertiva incorreta. QUESTÃO 03 – CESPE – Auditor Federal de Controle Externo – TCU – 2015 No que se refere a ato administrativo, agente público e princípios da administração pública, julgue o próximo item. A exoneração dos ocupantes de cargos em comissão deve ser motivada, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa. Comentários A nomeação ou exoneração de servidores ocupantes de cargos em comissão não se enquadram nas hipóteses que ensejam a motivação obrigatória. Todavia, se o agente público optar por motivar esses atos, deverá atentar-se para a teoria dos motivos determinantes, isto é, os motivos apresentados deverão ser verdadeiros, sob pena de nulidade. Assertiva incorreta. DIREITO ADMINISTRATIVO 39 QUESTÃO 04 – CESPE – Administrador – FUB – 2015 Em relação aos requisitos e às espécies de atos administrativos, julgue o item subsequente. A motivação, como elemento essencial do ato, cria para os administrados possibilidades de terem conhecimento das razões de determinada prática adotada pela administração pública, o que evita obscuridades na decisão administrativa e cumpre uma das finalidades da motivação, que é a de garantir a segurança dos administrados. Comentários No momento de motivar o ato, o administrador não pode limitar-se a indicar o dispositivo legal que serviu de base para a sua edição. É essencial ainda que o administrador apresente, detalhadamente, todo o caminho que percorreu para chegar a tal conclusão, bem como o objetivo que deseja alcançar com a prática do ato. Agindo dessa maneira o administrador estará permitindo que os interessados possam exercer um controle efetivo sobre o ato praticado, que deve respeitar as diretrizes do Estado Democrático de Direito, o princípio da legalidade, da razoabilidade, proporcionalidade, do devido processo legal, entre outros. Assertiva correta. QUESTÃO 05 – CESPE – Administrador – FUB – 2015 Em relação aos requisitos e às espécies de atos administrativos, julgue o item subsequente. Permissão é o ato administrativo, por meio do qual a administração pública declara formalmente que os requisitos legais e regulamentares foram preenchidos. Esse ato é editado no exercício de competência vinculada e constitui o direito de um particular ao exercício de uma profissão ou atividade privada determinada. DIREITO ADMINISTRATIVO 40 Comentários Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, a permissão é ato discricionário e precário, pelo qual o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas pela Administração. Como se trata de ato precário, poderá ser revogado sempre que existir interesse público, ressalvado o direito à indenização ao particular quando a permissão for onerosa ou concedida a prazo determinado. Assertiva incorreta. QUESTÃO 06 – CESPE – Administrador – FUB – 2015 Em relação aos requisitos e às espéciesde atos administrativos, julgue o item subsequente. A competência, finalidade, forma, o motivo, objeto e a legalidade são considerados requisitos dos atos administrativos. Comentários Não existe unanimidade doutrinária sobre a quantidade e as características de cada requisito ou elemento do ato administrativo. Entretanto, como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso público, iremos adotar o posicionamento do professor Hely Lopes Meirelles, que entende serem cinco os elementos dos atos administrativos: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Assertiva incorreta. DIREITO ADMINISTRATIVO 41 QUESTÃO 07 – CESPE – Auditor – FUB – 2015 No que concerne ao regime jurídico-administrativo, julgue o item subsequente. A presunção de legitimidade ou de veracidade de determinado ato administrativo produz a inversão do ônus da prova, ou seja, a atuação da administração é presumidamente fundada em fatos verdadeiros e em observância à lei, até prova em contrário. Comentários Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que o atributo da presunção de legitimidade ou veracidade inverte, sem dúvida nenhuma, o ônus de agir, “já que a parte interessada é que deverá provar, perante o Judiciário, a alegação de ilegalidade do ato; inverte-se, também, o ônus da prova, porém não de modo absoluto: a parte que propôs a ação deverá, em princípio, provar que os fatos em que se fundamenta a sua pretensão são verdadeiros; porém isto não libera a Administração de provar a sua verdade, tanto assim que a própria lei prevê, em várias circunstâncias, a possibilidade de o juiz ou o promotor público requisitar da Administração documentos que comprovem as alegações necessárias à instrução do processo e à formação da convicção do juiz”. Assertiva correta. QUESTÃO 08 – CESPE – Técnico – MPU – 2015 Acerca do regime jurídico dos servidores públicos federais, julgue o item subsequente. Os atos praticados pelos servidores do MPU possuem presunção de legitimidade, não sendo possível, por isso, questionar-se, administrativamente, a veracidade dos fatos expostos em declaração por eles exarada. DIREITO ADMINISTRATIVO 42 Comentários Não é correto afirmar que a presunção de legitimidade ou de veracidade dos atos administrativos seja juris et de jure (absoluta), pois o terceiro que se sentir prejudicado pode provar a ilegalidade do ato para que não seja obrigado a cumpri-lo. Desse modo, deve ficar claro que a presunção de legitimidade será sempre juris tantum (relativa), pois é assegurado ao interessado recorrer à Administração, ou mesmo ao Poder Judiciário, para que não seja obrigado a submeter-se aos efeitos do ato (que considera ilegítimo ou ilegal). Assertiva incorreta. QUESTÃO 09 – CESPE – Auditor – CGE – 2015 Julgue o item a seguir, acerca dos atos administrativos e da responsabilidade civil do Estado. A administração pode anular os próprios atos, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada a apreciação judicial, bem como pode revogá-los quando eles estiverem eivados de vícios que os tornem ilegais. Comentários A questão em epígrafe pode ser respondida após uma simples leitura da Súmula 346 do Supremo Tribunal Federal, que assim dispõe: “a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. Assertiva incorreta. DIREITO ADMINISTRATIVO 43 QUESTÃO 10 – CESPE – Professor da Educação Básica – SEDF – 2017 No que se refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos e ao controle da administração, julgue o item seguinte. Ato praticado por usurpador de função pública é considerado ato irregular. Comentários Ato praticado por usurpador de função pública é considerado ato inexistente, como bem explica Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo: “Ato inexistente é aquele que possui apenas aparência de manifestação de vontade da administração pública, mas, em verdade, não se origina de um agente público, mas de alguém que se passa por tal condição, como o usurpador de função. Imagine-se um médico sem qualquer vínculo com a administração pública que, para fazer um ‘favor’ solicitado por um amigo, titular de um cargo público privativo de médico em um hospital federal, ‘substitui’ este no dia de seu plantão, trabalhando em seu lugar. O médico ‘substituto’, nesse exemplo, está na condição de usurpador de função. Caso ele pratique atos com aparência de atos administrativos, serão eles atos inexistentes (assinar um termo de recebimento de determinado material cirúrgico adquirido pelo hospital, por exemplo). A principal diferença entre um ato nulo e um ato inexistente é que nenhum efeito que este tenha produzido pode ser validamente mantido, nem mesmo perante terceiros de boa-fé.”. Assertiva incorreta. DIREITO ADMINISTRATIVO 44 QUESTÃO 11 – CESPE – Professor da Educação Básica – SEDF – 2017 No que se refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos e ao controle da administração, julgue o item seguinte. Presunção de legitimidade é atributo universal aplicável a todo ato administrativo. Comentários Todo e qualquer ato administrativo é presumivelmente legítimo, ou seja, considera-se editado em conformidade com o direito (leis e princípios). Essa presunção é consequência da confiança depositada no agente público, pois se deve partir do pressuposto de que todos os parâmetros e requisitos legais foram respeitados pelo agente no momento da edição do ato. A presunção de legitimidade alcança todos os atos administrativos editados pela Administração, independentemente da espécie ou classificação, podendo ser considerado um atributo universal aplicável a todo ato administrativo. Assertiva correta. QUESTÃO 12 – CESPE – Professor da Educação Básica – SEDF – 2017 Com relação aos poderes e atos administrativos, julgue o próximo item. Ato administrativo declaratório é aquele que implanta uma nova situação jurídica ou modifica ou extingue uma situação existente. Comentários O ato administrativo declaratório não implanta uma nova situação jurídica, nem modifica ou extingue uma situação existente, ele apenas certifica a existência de uma situação anterior, como esclarece Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo: DIREITO ADMINISTRATIVO 45 “Ato declaratório é aquele que apenas afirma a existência de um fato ou de uma situação jurídica anterior a ele. O ato declaratório atesta um fato, ou reconhece um direito ou uma obrigação preexistente; confere, assim, certeza jurídica quanto à existência do fato ou situação nele declarada. Essa espécie de ato, frise-se, não cria situação jurídica nova, tampouco modifica ou extingue uma situação existente. São exemplos, dentre outros, a expedição de uma certidão de regularidade fiscal; a emissão de uma declaração de tempo de serviço ou de contribuição previdenciária, para o fim de averbação nos registros funcionais de um servidor; o atestado, emitido por junta médica oficial, de que o servidor apresenta patologia incapacitante para o desempenho das atribuições de seu cargo, caracterizando invalidez para efeito de aposentadoria.”. Assertiva incorreta. QUESTÃO 13 – CESPE – Tecnologia da Informação – SEDF– 2017 José, chefe do setor de recursos humanos de determinado órgão público, editou ato disciplinando as regras para a participação de servidores em concurso de promoção. A respeito dessa situação hipotética, julgue o item seguinte. O veículo normativo adequado para a edição do referido ato é o decreto. Comentários O decreto só pode ser editado pelo chefe do executivo, como expõe Hely Lopes Meirelles: “Decretos, em sentido próprio e restrito, são atos administrativos da competência exclusiva dos Chefes do Executivo, destinados a prover situações gerais ou individuais, abstratamente previstas de modo expresso, explícito ou implícito, pela legislação.”. No caso apresentado pela questão, o veículo normativo adequado para a edição do ato é a portaria, que pode ser expedida por chefes de repartições. DIREITO ADMINISTRATIVO 46 Hely Lopes Meirelles detalha a aplicação das portarias: “são atos administrativos internos pelos quais os chefes de órgãos, repartições ou serviços expedem determinações gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam servidores para funções e cargos secundários.”. Assertiva incorreta. QUESTÃO 14 – CESPE – Nível Médio – SEDF – 2017 Maurício, chefe imediato de João (ambos servidores públicos distritais), determinou que este participasse de reunião de trabalho em Fortaleza – CE nos dias nove e dez de janeiro. João recebeu o valor das diárias. No dia oito de janeiro, João sofreu um acidente de carro e, conforme atestado médico apresentado para Maurício, teve de ficar de repouso por três dias, razão pela qual não pôde viajar. Essa foi a primeira vez no bimestre que João teve de se afastar do serviço por motivo de saúde. Acerca dessa situação hipotética e de aspectos legais e doutrinários a ela relacionados, julgue o item a seguir. A concessão de diária é ato vinculado da administração pública. Comentários Para Hely Lopes Meirelles, “atos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização”, ao passo que “discricionários são os que a Administração pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e de seu modo de realização”. O ato administrativo possui cinco elementos ou requisitos básicos: competência, forma, finalidade, motivo e objeto. Desse modo, sempre que a lei estabelecer e detalhar esses cinco elementos, não deixando margem ao agente público acerca da conveniência e oportunidade no momento da edição do ato, este será vinculado. DIREITO ADMINISTRATIVO 47 Lembre-se sempre de que no ato vinculado o agente público não possui alternativas ou opções no momento de editar o ato (discricionariedade), pois a própria lei já definiu o único comportamento possível. A situação questionada, sobre a concessão de diária ser ato vinculado, encontra solução no texto da lei 8.112/90, que no art. 58 estabelece: “o servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento.”. A lei não deixa alternativas ao agente público, expressa diretamente que o servidor fara jus a diárias quando se afastar da sede a serviço. Ou seja, a concessão de diária é ato vinculado da administração pública. Assertiva correta. QUESTÃO 15 – CESPE – PROCURADOR MUNICIPAL – PREFEITURA DE FORTALEZA – 2017 Removido de ofício por interesse da administração, sob a justificativa de carência de servidores em outro setor, determinado servidor constatou que, em verdade, existia excesso de servidores na sua nova unidade de exercício. Nessa situação, o ato, embora seja discricionário, poderá ser invalidado. Comentários Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo agente público, no momento da edição do ato, deve corresponder à realidade, tem que ser verdadeiro. Caso contrário, comprovando o interessado que o motivo informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que sequer existiu, o ato deverá ser anulado pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário. DIREITO ADMINISTRATIVO 48 O professor Celso Antônio Bandeira de Mello, ao explicar a teoria dos motivos determinantes, afirma que “os motivos que determinam a vontade do agente, isto é, os fatos que serviram de suporte à sua decisão, integram a validade do ato. Sendo assim, a invocação de ‘motivos de fato’ falsos, inexistentes ou incorretamente qualificados vicia o ato mesmo quando, conforme já se disse, a lei não haja estabelecido, antecipadamente, os motivos que ensejariam a prática do ato. Uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se calçou, ainda quando a lei não haja expressamente imposto a obrigação de enunciá-los, o ato só será válido se estes realmente ocorreram e o justificavam”. O motivo apresentado para remover o servidor é falso, com isso o ato administrativo apresenta vício de motivo. Assertiva correta. QUESTÃO 16 – CESPE – Defensor Público – DPE/RN – 2015 Com relação aos poderes da administração pública e aos poderes e deveres dos administradores públicos, julgue os itens seguintes: No exercício do poder regulamentar, é conferida à administração pública a prerrogativa de editar atos gerais para complementar a lei, em conformidade com seu conteúdo e limites, não podendo ela, portanto, criar direitos e impor obrigações, salvo as excepcionais hipóteses autorizativas de edição de decreto autônomo. Comentários O decreto regulamentar jamais poderá inovar na ordem jurídica, criando direitos e obrigações para os particulares, pois, nos termos do inciso II, artigo 5º, da CF/88, essa é uma prerrogativa reservada à lei. No mesmo sentido, o conteúdo do decreto regulamentar não pode contrariar os mandamentos legais ou disciplinar matéria ainda não disposta em lei (no caso de omissão legislativa, por exemplo), pois, nesse caso, o decreto estaria “substituindo” a lei, o que não se admite (o decreto regulamentar pode apenas complementar ou explicar o texto legal). DIREITO ADMINISTRATIVO 49 Todavia, deve ficar claro que existem exceções previstas no art. 84, VI, da CF/1988, que asseguram ao chefe do Poder Executivo a prerrogativa de editar atos normativos primários, com força de lei (decretos autônomos). Assertiva correta. QUESTÃO 17 – CESPE – Defensor Público – DPE/RN – 2015 Com relação aos poderes da administração pública e aos poderes e deveres dos administradores públicos, julgue os itens seguintes: Decorre do sistema hierárquico existente na administração pública o poder de delegação, segundo o qual pode o superior hierárquico, de forma irrestrita, transferir atribuições de um órgão a outro no aparelho administrativo. Comentários No âmbito da Administração Pública, é regra a possibilidade de delegação, que somente não poderá ocorrer quando existir expressa proibição legal ou quando se tratar de competência conferida com exclusividade a determinado órgão ou agente (portanto, não é irrestrita). O artigo 13 da Lei 9.784/99, por exemplo, afirma expressamente que não poderão ser objeto de delegação a edição de atos de caráter normativo, a decisão de recursos administrativos e as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade, o que torna a assertiva incorreta. DIREITO ADMINISTRATIVO
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