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TRABALHO COMPLETO MUSEU

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1 
 
 
2 
 
 
VIVIANE DINIZ HAZBOUN 
 
 
 
 
 
 
ANTEPROJETO DE UM MUSEU E ESPAÇO CULTURAL PARA NATAL/RN 
 
 
VOLUME I 
 
 
Trabalho Final de Graduação apresentado ao 
Curso de Arquitetura e Urbanismo da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
para a obtenção do grau de arquiteta e 
urbanista. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Glauce Lilian Alves 
de Albuquerque 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2014 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura. 
 
 
Hazboun, Viviane Diniz. 
 Murb: anteprojeto de um museu e espaço cultural para Natal/RN/ 
Viviane Diniz Hazboun. – Natal, RN, 2014. 
 132f. : il. 
 
 Orientadora: Glauce Lilian Alves de Albuquerque. 
 
 Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura. 
 
1. Museu – Monografia. 2. Espaço cultural – Monografia. 3. Arquitetura 
bioclimática – Monografia. I. Albuquerque, Glauce Lilian Alves de. II. 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. 
 
RN/UF/BSE15 CDU 727.7 
 
4 
 
 
VIVIANE DINIZ HAZBOUN 
 
 
 
 
ANTEPROJETO DE UM MUSEU E ESPAÇO CULTURAL PARA NATAL/RN 
 
Anteprojeto de um Museu de História da Cidade e Espaço Cultural para Natal/RN, 
submetido à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na área de Projeto 
Arquitetônico e Tecnologia. 
 
 
Data: _____ de __________________ de _____. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
___________________________________________________ 
Professora orientadora: Glauce Lilian Alves de Albuquerque, Dra. 
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
___________________________________________________ 
Professor do DARQ: Paulo José Lisboa Nobre 
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
___________________________________________________ 
Profissional convidado: Isaías da Silva Ribeiro 
Arquiteto e Urbanista 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus, por ter me iluminado ao longo 
de toda a minha trajetória. 
A minha família, pelo apoio e palavras 
de incentivo. 
 
6 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, por ter me proporcionado chegar até aqui e superar todos os 
momentos de dificuldade. 
Aos meus pais, Nabil e Lenira, e a minha irmã Natália por estarem presentes 
em todos os momentos, demonstrando apoio incondicional às minhas decisões e 
incentivando meus sonhos e projetos. 
A Túlio, pelo companheirismo, paciência e palavras de motivação nos 
momentos oportunos. 
Aos meus amigos de curso, por estarem sempre presentes ao longo de toda a 
caminhada, aprendendo juntos, apoiando uns aos outros e compartilhando 
momentos inesquecíveis. Em especial, a Tatiana, Ana Júlia, Felipe e Mariana, meus 
eternos companheiros de grupo; e a Anna Paula, Andreza, Priscila, Nathália e Taís, 
por todas as alegrias divididas. 
Ao professor Aldomar Pedrini e toda a equipe do Labcon, por estarem sempre 
dispostos a ajudar, por todo o conhecimento compartilhado e por terem contribuído 
imensamente na minha formação de arquiteta. 
A minha orientadora Glauce, por ter me acolhido em meio ao semestre e ter 
contribuído de forma significativa para a elaboração deste trabalho. 
A todos os professores do curso que, de diferentes formas, contribuíram para 
minha formação acadêmica, fazendo enxergar a arquitetura na sua complexidade e 
multidisciplinaridade. 
Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente na minha formação e 
na elaboração deste trabalho. 
 
 
 
 
 
7 
 
 
RESUMO 
 
O presente Trabalho Final de Graduação – intitulado MURB: Anteprojeto de um 
Museu e Espaço Cultural para Natal/RN – discorre sobre a arquitetura de espaços 
culturais que objetivam a preservação, pesquisa e difusão de conhecimentos. 
Considera, além disso, a temática da bioclimatologia para a produção de edificações 
adequadas às características climáticas locais. Esta visa minimizar impactos 
ambientais e reduzir o consumo energético, demonstrando-se com potencial para 
prover eficiência energética às edificações (LAMBERTS, 2004). O objetivo principal 
do trabalho consiste em elaborar um anteprojeto de um museu e centro cultural para 
a cidade de Natal/RN, cuja temática é a evolução de sua história, narrada através de 
sua transformação urbana. A escolha do tema decorreu da problemática referente à 
carência de espaços culturais na cidade que visam fortalecer os laços de identidade 
e o conhecimento acerca da história do lugar. A elaboração do projeto foi subsidiada 
através de estudos sobre a temática e análise das características do local, 
resultando em uma solução final onde os aspectos bioclimatológicos – 
principalmente iluminação e ventilação natural – são elementos fundamentais, 
considerados ao longo de todo o processo de concepção projetual. 
 
 
Palavras- chave: Museu. Espaço cultural. Arquitetura bioclimática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
ABSTRACT 
 
This Final Work Graduation - titled MURB: Project of a Museum and Cultural Space 
for Natal/RN - discusses the architecture of cultural spaces that focus on the 
preservation, research and dissemination of knowledge. Considers, in addition, the 
theme of bioclimatology to produce appropriate buildings to local climate 
characteristics. This aims to minimize environmental impact and reduce energy 
consumption, demonstrating with the potential to provide energetic efficiency to 
buildings (LAMBERTS, 2004). The main objective is to draft a museum and cultural 
center for the city of Natal/RN, whose theme is the evolution of his history, told 
through its urban transformation. The theme arose from the problem related to the 
lack of cultural spaces in the city aimed at strengthening the bonds of identity and 
knowledge about the history of the place. The project design was supported by 
studies about the subject and analysis of site characteristics, resulting in a final 
solution which bioclimatic aspects - mainly lighting and natural ventilation - are key 
elements considered throughout the process of concept design. 
 
 
Keywords: Museum. Cultural space. Bioclimatic architecture. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 - Museu do Louvre (Paris, França) ......................................................................... 22 
Figura 2 - MASP (São Paulo, Brasil) ................................................................................... 24 
Figura 3 - Centro G. Pompidou (Paris) ................................................................................ 24 
Figura 4 - Museu da Língua Portuguesa (São Paulo, Brasil) ................................................ 27 
Figura 5 - Museu da ciência (Londres, Inglaterra) ................................................................ 28 
Figura 6 - Museu da imagem e do som (RJ, Brasil) ............................................................. 28 
Figura 7 - Museu da história da cidade de Brasília .............................................................. 29 
Figura 8 - Textos nas paredes ............................................................................................. 29 
Figura 9 - Marco de Touros.................................................................................................. 32Figura 10 - Forte dos Reis Magos ........................................................................................ 32 
Figura 11 - Tropa americana em Natal ................................................................................ 33 
Figura 12 - Plano Geral de Obras ........................................................................................ 34 
Figura 13 - Zoneamento bioclimático brasileiro .................................................................... 37 
Figura 14 - Carta bioclimática de Natal/RN .......................................................................... 37 
Figura 15 - Esquemas de ventilação natural cruzada........................................................... 38 
Figura 16 – Carta solar de Natal/RN .................................................................................... 39 
Figura 17 - Recomendações projetuais para a Zona Bioclimática 8 ..................................... 40 
Figura 18 - Localização do Museu Judaico (Berlim) ............................................................. 42 
Figura 19 - Anexo do museu judaico .................................................................................... 43 
Figura 20 - Kollegienhaus .................................................................................................... 43 
Figura 21 - Esquema da organização espacial do museu .................................................... 43 
Figura 22 - Aberturas ........................................................................................................... 45 
Figura 23 - Os eixos do museu ............................................................................................ 45 
Figura 24 - Cruzamento dos eixos ....................................................................................... 46 
Figura 25 - Jardim do Exílio ................................................................................................. 46 
Figura 26 - Um dos vazios do museu ................................................................................... 47 
Figura 27 - Localização do Museu Câmara Cascudo ........................................................... 48 
Figura 28 - Museu Câmara Cascudo ................................................................................... 48 
Figura 29 - Visita de alunos ao MCC ................................................................................... 50 
Figura 30 - Setores do Museu Câmara Cascudo ................................................................. 50 
Figura 31 - Bilheteria do museu ........................................................................................... 51 
Figura 32 - Escada no saguão de entrada ........................................................................... 51 
Figura 33 - Átrio central ....................................................................................................... 51 
Figura 34 - Exposição no átrio central .................................................................................. 51 
Figura 35 - Sala expositiva no térreo ................................................................................... 52 
Figura 36 - Sala expositiva no pav. superior ........................................................................ 52 
Figura 37 - Acesso à zona administrativa ............................................................................ 52 
Figura 38 - Sala de pesquisas científicas ............................................................................. 52 
Figura 39 - Parque Científico ............................................................................................... 53 
Figura 40 - Estacionamento do museu ................................................................................ 53 
Figura 41 - Museu de Arte do Rio (MAR) ............................................................................. 54 
Figura 42 - Localização do Museu de Arte do Rio ................................................................ 54 
Figura 43 - Zoneamento funcional do MAR .......................................................................... 56 
10 
 
 
Figura 44 - Passarela suspensa entre os edifícios ............................................................... 56 
Figura 45 - Localização do Museu da Língua Portuguesa ................................................... 57 
Figura 46 - Estação da luz ................................................................................................... 58 
Figura 47 - Plantas do Museu da Língua Portuguesa .......................................................... 59 
Figura 48 - Cobertura metálica no acesso do museu ........................................................... 60 
Figura 49 - Árvore da Palavra .............................................................................................. 61 
Figura 50 - Uso de multimídia nos espaços do museu ......................................................... 61 
Figura 51 - Localização do Centro Georges Pompidou ........................................................ 62 
Figura 52 - Centro Georges Pompidou ................................................................................ 62 
Figura 53 - Acessos da edificação ....................................................................................... 63 
Figura 54 - Tubulações do edifício à mostra ........................................................................ 64 
Figura 55 - Nine Bridges Country Club ................................................................................ 66 
Figura 56 - Composição em madeira e vidro ....................................................................... 66 
Figura 57 - Cobertura da praça de alimentação (Shopping Iguatemi) .................................. 67 
Figura 58 - Estrutura em madeira laminada da cobertura .................................................... 68 
Figura 59 - Localização da área de estudo na cidade e no bairro ........................................ 71 
Figura 60 - Localização do lote de estudo ............................................................................ 72 
Figura 61 - Ponte Newton Navarro....................................................................................... 72 
Figura 62 - ZPA-08 .............................................................................................................. 72 
Figura 63 - Via de acesso não pavimentada ........................................................................ 73 
Figura 64 - Mapa de uso do solo no entorno ........................................................................ 73 
Figura 65 - Edificações comerciais ...................................................................................... 74 
Figura 66 - Escola estadual ................................................................................................. 74 
Figura 67 - Praia da Redinha ............................................................................................... 74 
Figura 68 - Terminal da Redinha.......................................................................................... 74 
Figura 69 - Localização dos principais pontos do entorno .................................................... 75 
Figura 70 - Mapa de gabarito do entorno ............................................................................. 75 
Figura 71 - Via principal ....................................................................................................... 76 
Figura 72 - Vestígios ambientais .......................................................................................... 76 
Figura 73 - Edificação de uso institucional ........................................................................... 77 
Figura 74 - Acúmulo de lixo no terreno ................................................................................77 
Figura 75 - Acúmulo de materiais ........................................................................................ 77 
Figura 76 - Vegetação de pequeno porte ............................................................................. 78 
Figura 77 - Área de dunas no terreno .................................................................................. 78 
Figura 78 - Dimensões e topografia do terreno .................................................................... 79 
Figura 79 - Recuos determinados pelo Plano Diretor de Natal ............................................. 81 
Figura 80 - Delimitação das zonas de adensamento e das ZPA's 08 e 09 ........................... 81 
Figura 81 - Delimitação das APP's e da área passível de construção .................................. 84 
Figura 82 - Áreas de manobra de cadeirantes ..................................................................... 85 
Figura 83 - Símbolo internacional de acessibilidade ............................................................ 86 
Figura 84 – Dimensionamento de rampas ........................................................................... 86 
Figura 85 - Detalhamento de uma porta adaptada ............................................................... 87 
Figura 86 - Vista superior de um banheiro acessível............................................................ 87 
Figura 87 - Esquema de organização de um museu de grande porte .................................. 90 
Figura 88 - Esquema de circulação para exposições ........................................................... 91 
Figura 89 - Trajetória solar no terreno .................................................................................. 94 
Figura 90 - Trajetória solar e incidência dos ventos no terreno ............................................ 95 
Figura 91 - Fluxograma ...................................................................................................... 100 
11 
 
 
Figura 92 - Dunas .............................................................................................................. 102 
Figura 93 - Rio Potengi ...................................................................................................... 102 
Figura 94 - Mar e Morro do Careca .................................................................................... 102 
Figura 95 - Elementos definidores do partido ..................................................................... 104 
Figura 96 - Estudo formal inicial ......................................................................................... 106 
Figura 97 - Análise dos coeficientes de pressão do modelo............................................... 107 
Figura 98 - Estudo formal com alteração da disposição dos blocos ................................... 107 
Figura 99 - Análise dos coeficientes de pressão do modelo............................................... 108 
Figura 100 - Estudo da incidência solar na fachada norte .................................................. 108 
Figura 101 - Estudo da incidência solar na fachada sul ..................................................... 109 
Figura 102 - Estudos formais da cobertura ........................................................................ 110 
Figura 103 - Estudos de fachada ....................................................................................... 111 
Figura 104 - Máscara de sombra - coordenação (21/07, 9h).............................................. 112 
Figura 105 - Máscara de sombra - coordenação (21/07, 15h) ............................................ 112 
Figura 106 - Máscara de sombra - aula 01 (21/07, 9h) ...................................................... 112 
Figura 107 - Máscara de sombra - aula 01 (21/07, 15h) .................................................... 112 
Figura 108 - Máscara de sombra - biblioteca (21/07, 9h) ................................................... 113 
Figura 109 - Máscara de sombra - recepção (21/07, 15h) ................................................. 113 
Figura 110 - Estudos formais da rampa do pavimento superior ......................................... 114 
Figura 111 - Indicação dos principais eixos definidos para o terreno ................................. 115 
Figura 112 - Zoneamento do terreno ................................................................................. 116 
Figura 113 - Perspectiva da edificação .............................................................................. 117 
Figura 114 – Percurso esquemático do público no setor expositivo ................................... 119 
Figura 115 - Tabela de pré-dimensionamento de estruturas em MLC ................................ 120 
Figura 116 - Sistema construtivo em blocos de concreto com camada isolante ................. 121 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1 - Localização dos principais museus de Natal ............................................................. 70 
Quadro 2 - Recomendações bioclimáticas para a Zona 8 ........................................................... 93 
Quadro 3 - Programa de necessidades .......................................................................................... 96 
Quadro 4 - Pré-dimensionamento dos ambientes......................................................................... 98 
Quadro 5 - Pré-dimensionamento total ......................................................................................... 100 
Quadro 6 - Espécies vegetais recomendadas para o projeto ................................................... 124 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ABNT 
 
Associação Brasileira de Normas Técnicas 
APP Área de Preservação Permanente 
Art. Artigo 
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente 
DARQ Departamento de Arquitetura 
ELETROBRAS Centrais Elétricas Brasileiras 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IBRAM Instituto Brasileiro de Museus 
IC Índice de Consumo 
IDEMA Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente 
Inmetro Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia 
IRCAM Institut de Recherche et Coordination Acoustique/Musique 
Labcon Laboratório de Conforto Ambiental 
MAR Museu de Arte do Rio 
MASP Museu de Arte de São Paulo 
MCC Museu Câmara Cascudo 
MLC Madeira Laminada Colada 
NBR Norma Brasileira 
RN Estado do Rio Grande do Norte 
TFG Trabalho Final de Graduação 
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
ZET Zona Especial de Interesse Turístico 
ZPA Zona de Proteção Ambiental 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................15 
1 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 19 
1.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE MUSEUS ............................................................... 19 
1.1.1 Cultura, identidade e patrimônio ....................................................................... 19 
1.1.2 Museu, um espaço de preservação e produção cultural .................................. 21 
1.1.3 Espaços culturais ............................................................................................. 25 
1.1.4 O museu na atualidade e a inserção de novas tecnologias ............................. 26 
1.1.5 Um museu sobre a história da cidade .............................................................. 29 
1.2 A CIDADE DE NATAL .........................................................................................30 
1.2.1 Por que narrar a história de Natal? .................................................................. 30 
1.2.2 Breve histórico da cidade ................................................................................. 31 
1.3 ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA ........................................................................ 35 
1.3.1 Estratégias projetuais para a zona bioclimática 8 ............................................ 36 
2 ESTUDOS DE REFERÊNCIA ............................................................................ 41 
2.1 ESTUDOS DIRETOS .......................................................................................... 42 
2.1.1 Museu judaico de Berlim .................................................................................. 42 
2.1.2 Museu Câmara Cascudo .................................................................................. 47 
2.2 ESTUDOS INDIRETOS....................................................................................... 53 
2.2.1 Museu de Arte do Rio (MAR) ........................................................................... 53 
2.2.2 Museu da Língua Portuguesa .......................................................................... 57 
2.2.3 Centro Georges Pompidou ............................................................................... 62 
2.3 ESTUDOS PONTUAIS ........................................................................................ 65 
2.3.1 Nine Bridges Country Club ............................................................................... 66 
2.3.2 Praça de Alimentação do Shopping Iguatemi ................................................... 67 
3 CONDICIONANTES PROJETUAIS ................................................................... 69 
3.1 ÁREA DE INTERVENÇÃO .................................................................................. 69 
3.1.1 Escolha do lote ................................................................................................. 69 
3.1.2 Terreno e entorno ............................................................................................. 71 
3.1.3 Problemas e vestígios ambientais .................................................................... 76 
3.1.4 Vegetação existente ......................................................................................... 77 
15 
 
 
3.1.5 Dimensões e topografia.................................................................................... 78 
3.2 CONSIDERAÇÕES LEGAIS ............................................................................... 79 
3.2.1 Plano Diretor de Natal ...................................................................................... 80 
3.2.2 Código de Obras do município de Natal ........................................................... 82 
3.2.3 Código do Meio Ambiente do município de Natal ............................................. 83 
3.2.4 CONAMA e Código Florestal ............................................................................ 83 
3.3 CONSIDERAÇÕES NORMATIVAS .................................................................... 85 
3.3.1 Norma de Acessibilidade – ABNT-NBR 9050 ................................................... 85 
3.3.2 Código de Segurança contra Incêndio e Pânico do RN ................................... 88 
3.4 CONSIDERAÇÕES FUNCIONAIS DE UM MUSEU ........................................... 90 
3.5 CONSIDERAÇÕES AMBIENTAIS ...................................................................... 92 
4 O PROJETO ARQUITETÔNICO ........................................................................ 96 
4.1 METAPROJETO ................................................................................................. 96 
4.1.1 Programa de necessidades .............................................................................. 96 
4.1.2 Pré-dimensionamento ...................................................................................... 98 
4.1.3 Fluxograma .................................................................................................... 100 
4.2 A PROPOSTA ARQUITETÔNICA ..................................................................... 101 
4.2.1 Definição do conceito ..................................................................................... 101 
4.2.2 Definição do partido arquitetônico .................................................................. 102 
4.2.3 Evolução da proposta ..................................................................................... 105 
4.3 MEMORIAL DESCRITIVO E ASPECTOS COMPLEMENTARES ..................... 117 
4.3.1 Dados gerais do edifício ................................................................................. 117 
4.3.2 Percurso do público no setor expositivo ......................................................... 118 
4.3.3 Sistema construtivo ........................................................................................ 119 
4.3.4 Paredes externas ........................................................................................... 121 
4.3.5 Divisórias e forros ........................................................................................... 121 
4.3.6 Janelas ........................................................................................................... 122 
4.3.7 Sistema de proteção e combate a incêndio .................................................... 122 
4.3.8 Estacionamento .............................................................................................. 122 
4.3.9 Recomendações paisagísticas ....................................................................... 123 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................125 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................127 
 
16 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Sabe-se que a cultura, em sua abrangência e diversidade, é fundamental para 
a caracterização e construção da identidade de um povo, sendo importante sua 
valorização e difusão. Esta se encontra, atualmente, no centro de debates relativos à 
identidade e coesão social, configurando-se como forte instrumento para a 
transformação da sociedade e reconstrução do patrimônio de um lugar ou povo. 
Contudo, muitas vezes, a falta de conhecimento e incentivos a manifestações 
culturais e artísticas resulta na perda dos laços de identidade e na sua consequente 
desvalorização. 
Ao longo dos anos, os museus desempenharam a função de preservação de 
elementos culturais, constituindo-se em espaços de contemplação e resguardo da 
cultura de um local ou nação, possibilitando a reconstrução de identidades culturais 
locais e territoriais. Caracterizam-se, portanto, como espaços difusores do 
conhecimento, reunindo as funções de pesquisa, exposição e ensino. 
Atualmente, novas tipologias integram diferentes funções aos espaços de 
exposição dos museus, dando origem a complexos multifuncionais com enfoque na 
preservação e difusão da cultura. Aos espaços de exposição, são agregadas amplas 
áreas de pesquisa acerca da temática, ambientes de ensino, bibliotecas, espaços 
para eventos e auditórios. Constitui-se, portanto, em um espaço capaz de integrar 
pesquisa, preservação, exposição e ensino, através de um ciclo dinâmico de 
propagação do conhecimento. 
Tais complexos podem abordar os mais variados temas e possuir diferentes 
formas de organização. Dentre as temáticas, destaca-se aquela relativa à história do 
lugar na qual se insere, fortalecendo a identidade e a noção de pertencimento ao 
mesmo. 
A cidade de Natal/RN, apesar de sua rica história e cultura, possui poucos 
espaços voltados para esse fim. Ao longo dos séculos,desde sua fundação, a 
cidade passou por uma série de transformações urbanas e sociais, fruto de 
momentos diversos que marcaram sua história. 
Tendo em vista tal contexto, optou-se pela realização do projeto de um museu 
da história da cidade – com enfoque na sua evolução urbana ao longo do tempo – 
17 
 
 
juntamente com um centro cultural. Além disso, o projeto visa agregar estratégias 
bioclimáticas para a criação de uma arquitetura de menor impacto ambiental e maior 
conforto térmico aos usuários. 
Diante da crise energética ocorrida nas últimas décadas e da emergência na 
implantação de um desenvolvimento sustentável, tornou-se ainda mais evidente a 
produção de uma arquitetura bioclimática – adaptada às condições ambientais do 
local na qual se insere – e energeticamente eficiente, reduzindo o consumo 
energético e a dependência de fontes ativas de energia. 
Esta se insere em um contexto ainda mais amplo – o da sustentabilidade – 
que agrega uma série de campos que envolvem a arquitetura, como o 
aproveitamento de energias passivas, otimização do uso de energia elétrica, 
indicação de equipamentos de menor consumo e impacto ambiental, integração de 
projetos de reuso, aproveitamento de fontes renováveis, dentre outros. 
No presente trabalho serão abordadas e utilizadas estratégias bioclimáticas 
passivas, como iluminação e ventilação natural, para a criação de uma arquitetura 
adequada ao clima local. Serão considerandos fatores como orientação otimizada, 
escolha de materiais, dimensionamento de elementos de sombreamento e 
determinação da envoltória. 
Diante dessas considerações, o presente Trabalho Final de Graduação terá 
como objetivo a realização de um anteprojeto arquitetônico de um Museu e Espaço 
Cultural para a cidade de Natal/RN, considerando os aspectos necessários para a 
produção de uma arquitetura adequada ao clima na qual se insere. 
O trabalho se organiza em quatro grandes capítulos. O primeiro apresenta o 
referencial teórico que deu embasamento conceitual à elaboração da proposta, 
discorrendo sobre noções de cultura e identidade, arquitetura de museus e suas 
diferentes tipologias, espaços culturais de múltiplo uso e um breve histórico da 
cidade de Natal. Além disso, dispõe sobre o conceito de arquitetura bioclimática e as 
estratégias projetuais recomendadas para a zona bioclimática 8 (NBR 15220-3), 
onde está inserida a cidade de Natal/RN. 
No segundo capítulo são enumerados os estudos de referência diretos e 
indiretos selecionados para subsidiar o projeto, tanto no que concerne a aspectos 
funcionais quanto formais. 
18 
 
 
O terceiro capítulo aborda, inicialmente, a área de estudo e o terreno 
escolhido, destacando suas características, particularidades e potencialidades. 
Posteriormente, enumera os principais condicionantes projetuais (legais, ambientais, 
climáticos e normativos) levados em consideração na fase de concepção projetual. 
Por fim, no capítulo quatro, apresenta-se a proposta arquitetônica 
desenvolvida, abordando sua fase de concepção e a evolução dos estudos 
preliminares até se chegar à solução final. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
1 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
Este capítulo apresenta a base conceitual para o desenvolvimento e 
compreensão do tema escolhido, elucidando considerações acerca do uso proposto 
– museu e espaço cultural – e da arquitetura bioclimática. 
 
1.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE MUSEUS 
 
Pretende-se neste item elucidar, em um primeiro momento, os conceitos de 
cultura, identidade e patrimônio, destacando o papel dos museus na preservação, 
valorização e difusão dos mesmos. 
Posteriormente, propõe-se uma análise dos museus, identificando suas 
diversas definições – devido a sua amplitude de aplicações – e sua evolução ao 
longo dos séculos. São ainda enumeradas as principais tipologias existentes 
atualmente e as formas de integração de novas tecnologias na produção de museus 
e espaços culturais destinados ao aprendizado. Por fim, se transcorre sobre a 
produção de museus destinados à preservação e difusão da história das cidades, 
configurando-se como espaço de ensino e valorização da identidade de um lugar. 
 
1.1.1 Cultura, identidade e patrimônio 
 
A cultura, apesar de ser um conceito de várias acepções, pode ser 
caracterizada como a reunião de conhecimentos, artes, crenças, artefatos, leis, 
costumes e hábitos de um povo. Abrange, portanto, todas as realizações materiais e 
aspectos espirituais de um povo (SILVA, 2006). “Representa a humanidade em toda 
a sua riqueza e multiplicidade de formas de existência. São complexas as realidades 
dos agrupamentos humanos e as características que os unem e diferenciam, e a 
cultura as expressa” (SANTOS, 2006). Esta pode possuir diversas subdivisões e 
manifestações, estando inserida em um processo de constante evolução e 
diversificação. É, portanto, fundamental para a caracterização de um povo ou um 
período histórico, contribuindo na construção de uma identidade. 
20 
 
 
A identidade, também de amplo sentido, está ligada à memória de um povo, à 
noção de pertencimento e patrimônio. Por esse motivo, torna-se importante sua 
preservação, reconhecimento e valorização. Esta remete a uma necessidade criada 
pelo indivíduo de pertencimento a um determinado centro de referência, que permita 
construir traços comuns com o meio em que vive, estabelecendo uma ligação com 
sua própria história, preservando a memória do grupo social na qual está inserido e 
desenvolvendo um processo de identidade social e cultural (CAFÉ, 2007). 
O conceito de patrimônio, bem como os demais já citados, apresentou uma 
evolução no que concerne à abrangência do termo. Segundo Falletti e Maggi (2012), 
é durante a Revolução Francesa que se promove a salvaguarda dos primeiros 
monumentos e edifícios históricos, dando origem à ideia de patrimônio. 
Entretanto, durante esse período, o termo fazia referência apenas ao conjunto 
de bens materiais e culturais, principalmente de grupos mais favorecidos da 
sociedade. Atualmente, o termo possui um significado mais abrangente, reunindo 
também tradições e costumes locais, arquitetura regional, e outros elementos da 
vida cotidiana, de forma a evitar que as crescentes modernização e industrialização 
apaguem os traços do passado. Abrange, portanto, elementos históricos, culturais e 
ambientais – elementos que contam a história de um povo e a sua relação com o 
meio ambiente. É o legado que se herda do passado e que, através de sua proteção 
e preservação, é transmitido para as futuras gerações. 
A partir do Decreto-lei n°25, de 30 de novembro de 1937, o Instituto do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), define o termo patrimônio da 
seguinte forma: 
 
Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos 
bens móveis e imóveis existentes no País e cuja conservação seja 
de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da 
história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou 
etnográfico, bibliográfico ou artístico (Instituto do Patrimônio Histórico 
e Artístico Nacional, 1937). 
 
É neste cenário, de busca de fortalecimento da cultura de um povo e de 
preservação de uma identidade, que se destaca o papel do museu como espaço de 
proteção e difusão cultural. 
21 
 
 
A cidade de Natal, apesar de sua rica história e cultura, possui poucos 
equipamentos voltados para fins de preservação e exposição. Na cidade, verificam-
se poucos exemplos, como é o caso do Museu Câmara Cascudo1. 
Isso acaba contribuindo para a perda da identidade de muitos potiguares que,por não conheceram sua história, não a valorizam. A ideia de preservação apenas 
surge quando se tem a noção de pertencimento ou valor de algum elemento. Por 
esse motivo, torna-se importante a criação de um espaço que contribua para a 
preservação e difusão da história da cidade, bem como para o estímulo da 
criatividade e de manifestações culturais da população local. 
 
1.1.2 Museu, um espaço de preservação e produção cultural 
 
A palavra “museu” origina-se na Grécia Antiga: Mouseion denominava o 
“Templo das Musas”, filhas de Zeus e Mnemosine, deusa da memória. Esses 
templos, contudo, não possuíam a função de reunir coleções para fruição dos 
homens; destinavam-se à contemplação e desenvolvimento de estudos artísticos e 
científicos (JULIÃO, 2006). A atual acepção de museu, tal qual se conhece, passou 
ao longo da história por diversas modificações, bem como seus usos e organizações 
espaciais. 
 A partir do século XV, com a formação de um novo olhar acerca das artes e 
ciências, com o Iluminismo e Renascimento, o termo “museu” ressurge, através de 
grandes coleções que simbolizavam, para seus proprietários, poderio econômico e 
político. Porém, assim como na antiguidade, tais coleções não eram abertas ao 
público, possuindo apenas uso privado. 
 O acesso do público a coleções de bens materiais ocorre apenas a partir do 
século XVIII, no contexto da Revolução Francesa. Segundo Choay (2006), durante o 
período revolucionário, buscou-se construir uma identidade da nação, difundindo sua 
história e instruindo a população. Um dos maiores expoentes desse período – e que 
 
1
 Localizado na Av. Hermes da Fonseca (Tirol, Natal/RN), teve sua construção iniciada em 1964. 
Atualmente, seu acervo é formado basicamente por elementos formadores da cultura e história 
natural do Rio Grande do Norte, peças artesanais e materiais retirados da natureza. 
22 
 
 
até hoje constitui um dos mais conhecidos museus do mundo – foi o Museu do 
Louvre (Figura 1), inaugurado em 1793, em Paris. 
Seguindo os mesmo preceitos do Museu do Louvre, outros museus surgem 
em diversos países da Europa. 
 
Concebidos dentro do ‘espírito nacional’, esses museus nasciam 
imbuídos de uma ambição pedagógica – formar o cidadão, através 
do conhecimento do passado – participando de maneira decisiva do 
processo de construção das nacionalidades (JULIÃO, 2006, p. 21). 
 
 
Figura 1 - Museu do Louvre (Paris, França) 
 
Fonte: http://www.franca.portaldointercambio.com.br/images/stories/louvre-night.jpg 
 
 O Movimento Moderno, com sua mentalidade vanguardista, estabeleceu um 
novo conceito para o espaço do museu: este passa a ser visto como “cemitério”, 
depósito de velharias e que, por esse motivo, deveria ser destruído. 
 A partir da década de 1980, inicia-se um processo de transformações 
substancias dos museus, efetivando o sentido atual desse tipo de edificação, o de 
espaço cultural voltado para as massas. Esse novo contexto deu margem, também, 
ao surgimento de diversas tipologias de museus, semelhantes no que concerne ao 
seu papel cultural e de preservação da memória, porém divergentes quanto as suas 
organizações espaciais e funcionais. 
 Segundo classificação de Ruth Zein (1991), com base nos conceitos de 
Montaner (1990), existem sete categorias de museus: 
23 
 
 
 Complexos culturais e cívicos: Possuem um programa multifuncional e, além 
das áreas de exposição, podem reunir bibliotecas, auditórios, salas de aula, 
centros de pesquisa, dentre outros; 
 Museus nacionais: Abrigam grandes coleções nacionais, de importância 
para a identidade de uma nação; 
 Museus de conhecimento humano: Caracterizam-se como museus didáticos, 
interativos e formadores de cultura científica; 
 Museus monográficos de temas variados: Reúnem toda variedade e 
multiplicidade dos museus que colecionam elementos de temas específicos; 
 Museus históricos/arqueológicos: Museus de ambientes naturais e/ou sítios 
históricos e arqueológicos; 
 Museus de arte moderna/contemporânea: Edifício com dimensões médias, 
em geral adaptáveis, e coleção restrita e específica; 
 Galerias e centros de arte contemporânea: A princípio não se constituem 
museus, porém tendem a adquirir coleções ao longo do tempo. 
 
Apesar de suas diferentes variedades tipológicas, “um museu é um espaço de 
preservação da memória e espaço para a criatividade” (SANTOS, 2003). Segundo o 
Instituto Brasileiro de Museus, possuem a seguinte definição: 
 
Os museus são casas que guardam e apresentam sonhos, 
sentimentos, pensamentos e instituições que ganham corpo através 
de imagens, cores, sons e formas. Os museus são pontes, portas e 
janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas 
diferentes. Os museus são conceitos e práticas em metamorfose 
(IBRAM, Ministério da Cultura). 
 
Estes são considerados não apenas espaços de exposição da cultura, mas 
espaços de pesquisa e aprendizado. Segundo o museólogo e professor holandês 
Peter Van Mensch, um museu apresenta três principais funções, configurando-se 
como um meio de preservação e transmissão da memória. São elas: 
 Conservação; 
 Estudo científico; 
 Comunicação. 
24 
 
 
O museu não é passivo frente às transformações sociais. Este se adapta às 
novas condições socioculturais, ao uso de novas tecnologias e às novas relações 
criadas com o meio ambiente e, por esse motivo, apresenta-se em constante 
evolução (FALLETTI; MAGGI, 2012). Nas últimas décadas, vem adquirindo cada vez 
mais um amplo sentido, apresentando transformações em relação ao programa e ao 
papel do edifício no contexto urbano, constituindo-se monumento ou marco de uma 
cidade. É o que ocorre, por exemplo, com o MASP (Museu de Arte de São Paulo), 
valorizado não somente pelo acervo que expõe, mas também pelo papel da própria 
edificação e sua ligação com a história de São Paulo (Figura 2). 
Além disso, em muitos casos, propõe-se uma nova configuração espacial do 
museu, que passa a agregar novos usos, formando um espaço multifuncional com 
atividades ligadas a cultura e lazer: o chamado Complexo Cultural e Cívico 
(MONTANER, 1990), tipologia escolhida para ser adotada no projeto em questão. 
Deixam de restringir-se apenas aos espaços de exposição e passam a abrigar 
teatros, auditórios, salas de aula, oficinas de arte, bibliotecas, dentre outras funções. 
O Centro Georges Pompidou (Figura 3), em Paris, foi um dos primeiros a incorporar 
essa nova tendência, em 1977. 
 
Figura 2 - MASP (São Paulo, Brasil) 
 
Fonte: http://culturanapaulista.blogspot.com.br 
 
 
Figura 3 - Centro G. Pompidou (Paris) 
 
Fonte: http://underthebrite.blogspot.com.br/ 
Dessa forma, o Centro Georges Pompidou assinala um período de transição 
no que concerne aos aspectos formais e funcionais de um museu, que 
posteriormente foram adotados em outros casos. Abandonando as ideias dos 
museus tradicionais, possui um significado mais amplo do que o simples espaço 
25 
 
 
para a exposição de um acervo. O museu torna-se o espaço de produção cultural, 
difusão de conhecimentos, educação, aprendizado e entretenimento. 
 
1.1.3 Espaços culturais 
 
Como desdobramento das novas tipologias funcionais dos museus, surgem 
os centros culturais, que podem ser caracterizados não somente pela presença de 
espaços de exposição, mas também de áreas diversas destinadas à difusão e à 
produção cultural. 
 
[...] O centro cultural pode ser definido pelo seu uso e atividades nele 
desenvolvidas, podendo ser tanto um local especializado, de múltiplo 
uso, proporcionando opções como consulta, leitura em biblioteca, 
realizaçãode atividades em setor de oficinas, exibição de filmes e 
vídeos, audição musical, apresentação de espetáculos, etc., 
tornando-se um espaço acolhedor de diversas expressões ao ponto 
de propiciar uma circulação dinâmica da cultura (REVISTA 
ESPECIALIZE, 2013, p. 02). 
 
 A abrangência do termo e sua aplicabilidade diversa estão diretamente 
relacionadas à própria conceituação da palavra cultura, que sempre foi alvo de 
diversas discussões e definições. 
 O projeto de centros culturais possui, acima de tudo, uma função social, uma 
vez que é capaz de recuperar e revitalizar espaços considerados degradados e de 
ser fonte de informação e aprendizado para as comunidades locais. “O centro de 
cultura é um espaço que deve construir laços com a comunidade e os 
acontecimentos locais, funcionando como um equipamento informacional, no qual 
proporciona cultura para os diferentes grupos sociais, buscando promover a sua 
integração” (REVISTA ESPECIALIZE, 2013). 
 São, portanto, “espaços criados com a finalidade de se produzir e se pensar a 
cultura” (RAMOS apud REVISTA ESPECIALIZE, 2013). Possui três principais 
funções, sendo elas: criação, circulação e preservação, além de ser um espaço 
voltado para a informação e discussão. Milanesi (2003) transcorre sobre a função 
criativa destes espaços, destacando que: 
26 
 
 
A criação permanente é o objetivo de um centro de cultura. Ele deve 
ser o gerador contínuo de novos discursos e propostas. Ao lado dos 
acervos e das salas de reuniões e auditórios deverão estar os 
laboratórios de invenção, as oficinas de criatividade, espaços 
essenciais (MILANESI, 2003, p. 180). 
 
Pode-se afirmar, portanto, que os espaços culturais podem ser aplicados 
como a extensão de um museu, criando, em conjunto, uma área de difusão e 
produção cultural. 
 
1.1.4 O museu na atualidade e a inserção de novas tecnologias 
 
A atualidade vem sendo marcada pela linguagem da hipermídia e inserção de 
novas tecnologias no cotidiano. Como reflexo dessa nova era, os museus passaram 
por transformações nos âmbitos de sua organização funcional e da relação entre o 
público e os bens culturais que expõem. 
Estes abandonaram certos preceitos dos museus tradicionais, caracterizados 
pela estaticidade de seu acervo, promovendo maior dinamicidade e interatividade 
entre o expectador e a obra do museu. Rocha (2007) afirma que: 
 
Presenciamos um novo movimento, que revitaliza o museu como um 
centro de práticas culturais contemporâneas, a partir da introdução 
das tecnologias comunicacionais e informacionais. Essas práticas 
reconfiguram a experiência museal, pois, mais do que possibilitar um 
redimensionamento nas formas de percepção e visibilidade, 
viabilizam um processo mais interativo e participativo do visitante 
(ROCHA, 2007, p. 260). 
 
A introdução de novas tecnologias digitais gera, portanto, uma nova 
visibilidade e apropriação do espaço do museu. Há uma participação mais ativa por 
parte dos visitantes, novas formas de atração visual e de exposição do 
conhecimento. 
Segundo Marins et al. (2010), as oportunidades de aprendizagem oferecidas 
pelos museus podem ser mediadas ou não pelas tecnologias digitais, porém, 
observa-se uma tendência crescente para a utilização de recursos interativos em 
27 
 
 
contextos educativos, visto que uma metodologia de ensino-aprendizagem baseada 
em tecnologias digitais estimula uma maior autonomia de aprendizagem. Estas 
favorecem novas formas de acesso à informação e à educação, exteriorizando e 
alterando funções cognitivas humanas como a memória, imaginação, percepção e 
raciocínio (MARINS apud LÉVY, 2010). Dessa forma, é possível estabelecer um 
diálogo interativo, o qual implica na mudança de um paradigma conservador, 
reduzido apenas na observação do acervo por parte dos visitantes. 
As formas de inclusão de tecnologias digitais no âmbito educativo dos 
museus podem ser das mais diversas. Destacam-se, dentre estes, internet e 
intranet, multimídia, comunicação por computadores, tecnologias de apresentação e 
projeção, games e vídeos. Além disso, destaca-se uma série de vantagens com o 
uso de tais tecnologias, como um aprendizado mais dinâmico e divertido, redução de 
custos, estímulo ao aprendizado, exposição de coisas impossíveis no mundo real 
(como, por exemplo, visita a lugares do passado) e integração de habilidades e 
conhecimentos. 
Um dos principais exemplos de museus digitais da atualidade no Brasil é o 
Museu da Língua Portuguesa (Figura 4), localizado no edifício histórico da Estação 
da Luz, em São Paulo. Caracteriza-se por ser um museu cujo acervo é totalmente 
digitalizado e atualizável. Os ambientes internos possuem projeções, sons e 
imagens em constante movimento, com grande apelo ao sensível e às emoções. 
 
Figura 4 - Museu da Língua Portuguesa (São Paulo, Brasil) 
 
Fonte: http://www.museulinguaportuguesa.org.br 
 
28 
 
 
Segundo Mello (2010), o Museu da Língua Portuguesa é “um museu físico, 
mas repleto de virtualidade, onde a arte, a tecnologia avançada e a interatividade 
dão vida ao patrimônio linguístico dos povos lusófonos e servem como um 
laboratório para o ensino dinâmico da língua portuguesa”. Há, portanto, uma 
aprendizagem auditiva, visual, sensorial e interativa. 
Assim como este, outros museus ao redor do mundo incentivaram a 
incorporação de novas tecnologias às suas instalações. Em geral, são espaços 
dedicados às ciências, como por exemplo, o Museu da Ciência de Londres (Figura 
5), ou a temas diversos, como antropologia, etnografia, arqueologia e história 
cultural, como é o caso do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (Figura 
6). Entretanto, tais recursos podem ser aplicados a museus quem exploram as mais 
diversas temáticas. 
 
Figura 5 - Museu da ciência (Londres, 
Inglaterra) 
 
Fonte: http://www.sciencemuseum.org.uk 
Figura 6 - Museu da imagem e do som (RJ, 
Brasil) 
 
Fonte: http://www.arcoweb.com.br 
 
 Independente do acervo exposto, os museus que fazem uso de tecnologias 
digitais caracterizam um período de informatização e de novas formas de 
comunicação. Em contraste aos museus tradicionais, se utilizam de formas variadas 
de interação e transmissão do conhecimento ao visitante. Por esse motivo, 
destacam-se tanto pela preservação de bens culturais como pela sua forma 
educativa, transformando o museu em um amplo espaço de aprendizado. 
 
29 
 
 
1.1.5 Um museu sobre a história da cidade 
 
Propõe-se, através deste exercício acadêmico, elaborar uma proposta de um 
museu que preserve e divulgue a história da cidade de Natal/RN, que apesar de sua 
rica história, não possui espaços voltados para sua exposição. 
A exemplo de museus que abordam a temática proposta pode-se destacar o 
Museu da Cidade de Brasília (Figura 7), inaugurado em 1960. Projetado pelo 
arquiteto Oscar Niemeyer, tem a finalidade de preservar o acervo referente à cidade, 
sua construção e evolução. No seu interior, há painéis com fotos alusivas ao projeto 
e construção da cidade, períodos marcantes da história da capital e textos de 
personagens que marcaram o período de inauguração da cidade, como Niemeyer e 
o então presidente Juscelino Kubitschek. 
 
Figura 7 - Museu da história da cidade de Brasília 
 
Fonte: http://www.flickr.com/photos/betemaciel/ 
 
 
Figura 8 - Textos nas paredes 
 
Fonte: http://www.adorobrasilia.com/ 
O museu, além de difundir a história, caracteriza-se como um dos principais 
marcos da cidade, visto que representou a transferência de capital do Rio de Janeiro 
para Brasília e foi inaugurado no mesmo dia da inauguração da cidade. Devido à 
sua importância histórica, sendo o museu maisantigo da capital, foi tombado em 
1982 pelo Distrito Federal. São apresentadas exposições permanentes e 
temporárias, sendo sua principal característica o fato de exibir frases históricas nas 
paredes externas e internas, revestidas em mármore branco (Figura 8). 
30 
 
 
1.2 A CIDADE DE NATAL 
 
O presente capítulo visa explanar um breve histórico sobre a cidade de 
Natal/RN, destacando os principais momentos definidores de sua história urbana e 
cultural. Também transcorre sobre a importância de se criar um espaço expositivo e 
de pesquisa sobre tal tema, enfatizando que a criação de uma identidade e da 
preservação do patrimônio urbano e arquitetônico depende do conhecimento e 
consequente valorização do mesmo. 
Este será, portanto, o conteúdo a ser exposto no museu proposto. A visão 
conceitual será definida a partir da análise e leitura da história da cidade, sob a ótica 
dos espaços urbanos. 
 
1.2.1 Por que narrar a história de Natal? 
 
A proposta do museu a ser desenvolvido pretende divulgar a história da 
cidade de Natal sob a ótica de seu crescimento e de suas transformações ao longo 
das décadas. Dessa forma, pretende-se que o espaço não apenas tenha a função 
de expor e preservar, mas de promover o aprendizado e educação, de maneira a 
fortalecer os laços de pertencimento e noções de identidade da própria população. 
Apenas com tais noções, é possível valorizar o patrimônio potiguar e conservá-lo 
para futuras gerações. 
Além disso, a integração com espaços de pesquisa, ensino e biblioteca 
permitirá criar um complexo de constante estudo acerca do tema, garantindo a 
criação e renovação do acervo a ser exposto no museu. O espaço visa, dessa 
forma, criar e fortalecer a identidade da cidade, valorizando-a e difundindo-a. 
Para o desenvolvimento do museu em questão, define-se como eixo principal 
a evolução da cidade, através do crescimento da malha urbana. Através disso, será 
possível abordar uma série de outras questões relacionadas à cidade, destacando 
períodos e momentos que marcaram sua história, características relevantes da 
sociedade e cultura natalense em diversos períodos e destaque de marcos, 
edificações e particularidades de bairros históricos. 
31 
 
 
A história da cidade será narrada através de uma periodização de sua 
expansão urbana, atrelando ao seu crescimento elementos definidores de sua 
cultura. Pretende-se abordar a cidade desde a sua fundação, em 1599, colonização 
e criação dos primeiros povoados e marcos (como o Forte dos Reis Magos, por 
exemplo) até sua configuração nos dias atuais. Destacam-se também períodos 
como a ocupação holandesa (1633-1654), crescimentos espontâneos no século 
XVIII e o surgimento de loteamentos urbanos (na década de 1940), que foram 
determinantes para a consolidação da cidade. 
O conjunto de tais momentos históricos contribuiu na evolução urbana e na 
criação da identidade da cidade de Natal, auxiliando no entendimento de sua atual 
configuração. Entende-se que para dar prosseguimento à história de um lugar, é 
necessário preservar sua memória construída, sendo esta a principal função da 
proposta a ser desenvolvida. 
 
1.2.2 Breve histórico da cidade 
 
 A história de Natal se inicia antes da chegada dos portugueses, quando 
estava sob o domínio de tribos indígenas, como os tapuias e os potiguaras. Segundo 
os historiadores, a descoberta dos portugueses das terras do Rio Grande se dá em 
1501, com a expedição exploratória comandada por Gaspar de Lemos com auxílio 
de Américo Vespúcio. 
 Como forma de demarcar a posse das terras e simbolizar o domínio 
português, foi criado o Marco de Touros (Figura 9), ainda existente e conservado no 
Forte dos Reis Magos, feito em pedra branca com detalhes do brasão de Portugal. 
Na tentativa de efetivar a colonização do Brasil por parte de Portugal e 
garantir um maior povoamento, dá-se início à divisão das terras em Capitanias 
Hereditárias, destinando a área correspondente ao estado do Rio Grande do Norte a 
João de Barros e Aires da Cunha. Com o objetivo de conquistar as terras, enviaram 
expedições que, no entanto, não obtiveram sucesso devido à resistência da 
ocupação francesa aliada aos indígenas. 
 
32 
 
 
Figura 9 - Marco de Touros 
 
Fonte: http://www.pbase.com/alexuchoa/image/109814599 
 
 Apenas em 25 de dezembro de 1597, a cidade foi ocupada pelas tropas de 
Manuel Mascarenhas Homem e Jerônimo de Albuquerque, que deram início à 
construção da Fortaleza dos Reis Magos (Figura 10) em janeiro de 1598. O projeto 
de Gaspar de Samperes apresenta planta poligonal em formato de estrela. 
 
Figura 10 - Forte dos Reis Magos 
 
Fonte: http://blogdobg.com.br/ 
 
Nos anos seguintes, surgem os primeiros povoados da cidade, fundada em 
25 de dezembro de 1599. 
 
A 25 de dezembro do mesmo ano (1599), Jerônimo de Albuquerque, 
saindo da fortaleza, na distância de meia légua, num terreno elevado 
e firme, que já se denominava POVOAÇÃO DOS REIS, demarcou o 
sitio da cidade que recebeu o nome de Natal, em honra desse 
glorioso dia, que assinala no mundo da cristandade o nascimento do 
33 
 
 
divino Redentor (VICENTE DE LEMOS, 1912 apud MIRANDA, 
1999). 
 
 Anos mais tarde, em 1633, com o domínio holandês, Natal passa a ser 
chamada de Nova Amsterdam. Esse período, que durou aproximadamente 10 anos, 
foi marcado por grandes transformações na organização urbana e na própria 
arquitetura da cidade. 
Nas décadas seguintes, a cidade apresentou um crescimento lento no que 
concerne à malha urbana e à população residente. Apenas na década de 1920, 
Natal passa a crescer em um ritmo mais acelerado. Ainda durante esse período, 
ganha destaque na história da aviação, tornando-se ponto de aterrissagem para 
aviões provenientes de outros países. Nos anos sucessivos, Natal assiste à chegada 
da modernidade, através dos carros, aviões e a energia elétrica que passa a iluminar 
as ruas da cidade. 
 Com o advento da Segunda Guerra Mundial, a cidade apresentou 
participação ativa, devido a sua posição geográfica privilegiada (Figura 11). “[...] 
Serviu de base militar para os nortes americanos, ganhando ares de metrópole 
internacional, transformando definitivamente Natal e a cidade teve seu nome 
conhecido por milhões de cidadãos pelo mundo.” (PREFEITURA MUNICIPAL DO 
NATAL, 2014). Esse período não apenas trouxe mudanças na organização urbana 
da cidade, como também transformações na própria cultura e sociedade. 
 
Figura 11 - Tropa americana em Natal 
 
Fonte: http://papjerimum.blogspot.com.br/2011/09/natal-na-segunda-guerra-mundial-o.html 
 
34 
 
 
 As transformações mais significativas na malha urbana ocorrem a partir da 
elaboração de uma série de planos de crescimento e modernização, como o Master 
Plan, de 1901 a 1904, sob a administração de Antônio Poliedri. Segundo Miranda 
(1999), esse plano foi responsável pela implementação do padrão de avenidas 
largas para Natal, e pelo crescimento e ocupação das Avenidas Deodoro da 
Fonseca e Hermes da Fonseca. 
Posteriormente, em 1929, é definido o Plano Palumbo, de sistematização da 
cidade de Natal, onde foi proposto alargamento de vias, criação de boulevards e de 
novas avenidas, contribuindo ainda mais para a expansão e transformação urbana. 
Miranda (1999) ainda destaca o Plano Geral de Obras (Figura 12), definido por 
Saturnino de Brito, que compreendia um anteprojeto de melhoramentos urbanos, 
com edifícios para o governo, aeroporto e um bairro residencial. Segundo Ferreira et 
al. (2008), 
 
Esse plano representou o coroamento das iniciativas dirigidas à 
higienização e ao saneamento que se desenvolveram desde fins do 
séculoXIX, e implantou efetivamente as redes de água e de esgotos 
de Natal. Além disso, indicou inúmeros melhoramentos necessários à 
modernização da cidade. 
 
 
Figura 12 - Plano Geral de Obras 
 
Fonte: http://nominuto.com/noticias/ciencia-e-saude/natal-da-cidade-dorminhoquenta-a-cartao-
postal/53322/ 
35 
 
 
Através dos planos e do crescimento espontâneo de algumas áreas, a 
configuração espacial da cidade permaneceu em constante transformação, de forma 
a atender a novas exigências populacionais e de crescimento. Através de sua 
leitura, é possível compreender os principais momentos históricos que marcaram a 
cidade, bem como os elementos definidores da cultura potiguar. 
 
1.3 ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA 
 
O presente item irá abordar temas relativos ao conforto ambiental na 
arquitetura. Será discutida a arquitetura bioclimática, de forma a garantir o conforto 
térmico dos usuários nos espaços internos. Posteriormente, serão enumeradas 
algumas das principais estratégias bioclimáticas recomendadas para a cidade de 
Natal/RN, situada na zona bioclimática 8 e escolhida para a realização do projeto. 
Destas, serão destacadas principalmente a iluminação natural, ventilação natural e 
sombreamento. 
Lamberts (1997) define a arquitetura bioclimática como aquela que busca 
utilizar, por meio de seus próprios elementos, as condições favoráveis do clima com 
o objetivo de satisfazer as exigências de conforto térmico do homem. Esta pondera 
uma série de estratégias que visam adaptar o edifício ao clima no qual se insere, 
sendo consideradas questões relativas à trajetória solar, iluminação, ventilação 
natural, permeabilidade, áreas verdes, desempenho térmico de materiais da 
envoltória e eficiência energética. 
A aplicação dessas variáveis no processo projetual contribui de forma 
significativa para as condições do conforto térmico e visual dos usuários e para a 
redução de gastos energéticos do edifício. Segundo Corbella e Yannas (2009), o 
“bem-estar” térmico no interior de uma edificação tem relação direta com os 
aspectos climáticos (como temperatura, umidade, radiação solar e movimento do ar) 
e com o aproveitamento adequado destes. 
As atuais tecnologias na climatização e iluminação artificial de espaços 
internos distanciaram alguns projetistas das estratégias bioclimáticas, produzindo, 
muitas vezes, uma arquitetura não condizente com as características climáticas do 
36 
 
 
local. Além disso, elevam significativamente o consumo energético e a dependência 
do suprimento de energia para a realização das atividades no edifício. 
 De acordo com Lamberts et al. (2004), pode-se compreender a eficiência 
energética como uma forma de fazer o mesmo uso com um menor consumo de 
energia. Para tanto, é necessário agregar um uso adequado dos sistemas ativos e 
passivos. Para os primeiros, podem ser adotados sistemas de iluminação e 
condicionamento de ar eficientes. Já para os sistemas passivos, itens considerados 
no presente trabalho, pode-se fazer uso de estratégias bioclimáticas que contribuam 
para a redução do consumo de energia da edificação. 
O contexto da crise energética contribuiu para despertar e estimular a criação 
de uma arquitetura sustentável que, segundo Corbella e Yannas (2009), caracteriza-
se por uma continuação natural da arquitetura bioclimática. Apesar da complexidade 
do termo, pode-se dizer que a sustentabilidade reúne uma série de campos que 
culminam na criação de uma arquitetura eficiente e de baixo impacto ambiental. 
 
1.3.1 Estratégias projetuais para a zona bioclimática 8 
 
O território brasileiro apresenta-se dividido em oito diferentes zonas 
bioclimáticas (Figura 13), para as quais são propostas recomendações projetuais 
específicas para a garantia da eficiência energética e do conforto ambiental no 
interior das edificações. A divisão proposta e as respectivas recomendações 
projetuais estão dispostas na NBR 15220-3 “Desempenho térmico de edificações: 
Zoneamento Bioclimático Brasileiro e diretrizes construtivas para habitações 
unifamiliares de interesse social” (ABNT, 2003). 
A cidade de Natal/RN, localizada no nordeste do Brasil, está inserida na área 
correspondente à zona bioclimática 8. Por apresentar características típicas do clima 
quente e úmido, com temperaturas elevadas e alta umidade, é recomendada a 
utilização de algumas estratégias como ventilação natural, iluminação natural, 
sombreamento das aberturas e permeabilidade. 
 
 
 
37 
 
 
Figura 13 - Zoneamento bioclimático brasileiro 
 
Fonte: http://blog.giacomelli.com.br/ 
 
Através da carta psicrométrica de Natal (Figura 14) é possível fazer uma 
análise das estratégias indicadas para a cidade. Segundo Lamberts (1997), “Natal 
também apresenta concentrações de pontos na parte superior da zona de ventilação 
na carta bioclimática. O conforto térmico é presente 14,7% das horas anuais. O 
desconforto (82,5% das horas do ano) é provocado na sua grande maioria (84,7% 
das horas anuais) por calor e apenas por um período insignificante (0,5% das horas 
do ano) pelo frio”. Portanto, as estratégias mais indicadas para a construção na 
cidade são: ventilação, massa para resfriamento e resfriamento evaporativo. A 
simples aplicação dessas estratégias no projeto pode resolver grande parte dos 
problemas de desconforto nas edificações. 
Figura 14 - Carta bioclimática de Natal/RN 
 
Fonte: LAMBERTS (1997) 
38 
 
 
 
 De acordo com Bittencourt e Cândido (2010), a ventilação natural pode ser 
utilizada para as seguintes finalidades: 
 Manter a qualidade do ar nos ambientes internos; 
 Remover a carga térmica adquirida pela edificação decorrente dos ganhos de 
calor externos e internos; 
 Promover o resfriamento fisiológico dos usuários. 
Para o aproveitamento adequado deste condicionante, é necessário realizar 
estudos das relações entre os ventos e a edificação, sua orientação e a disposição 
das aberturas para otimizar a ventilação cruzada (Figura 15). 
 
 
Figura 15 - Esquemas de ventilação natural cruzada 
 
Fonte: LAMBERTS (1997) 
 
A iluminação natural também desempenha importante função nas edificações, 
contribuindo na redução de gastos energéticos e impactos ambientais, e 
promovendo maior conforto, humanização e qualidade ambiental nos espaços 
internos. Dessa forma, incorporar a luz natural de forma coerente, otimizando seus 
benefícios e minimizando impactos negativos, torna-se crucial (AMORIM apud 
CINTRA, 2012). 
Além disso, a utilização de estratégias de sombreamento adequadas, tanto 
para as superfícies opacas quanto para as translúcidas, contribui para a redução da 
entrada de radiação solar direta, reduzindo os ganhos térmicos da edificação. Deve-
se priorizar a entrada da iluminação difusa com as aberturas devidamente 
sombreadas de acordo com a trajetória solar indicada pela máscara de sombra da 
cidade (Figura 16). Segundo Holanda (1976), 
39 
 
 
 
a proteção das aberturas externas torna-se imprescindível nos 
trópicos, para a criação de ambientes amenos e a redução dos 
consumos de energia com refrigeração e iluminação artificiais. As 
vantagens econômicas dessas proteções ficam evidenciadas quando 
se compara se custo de instalação com os de operação do edifício, 
ao longo de sua vida (HOLANDA, 1976, p. 16). 
 
 O sombreamento de uma abertura é hoje determinado facilmente através de 
softwares que permitem a análise de máscaras de sombra, auxiliando na escolha 
dos protetores solares mais adequados aos diferentes tipos de aberturas e à 
orientação das mesmas. O programa Solar Tool (MARSH, 2001), permite uma 
rápida modelagem e análise do percentual de sombreamento da aberturaao longo 
do ano. 
 
Figura 16 – Carta solar de Natal/RN 
 
Fonte: Base do Solar Tool (2013) 
 
Por fim, Corbella e Yannas (2009) destacam o conceito de permeabilidade, 
diretamente relacionado com a ventilação e iluminação natural. Uma edificação pode 
ser permeável aos ventos ou apenas à iluminação natural (permeabilidade visual) de 
acordo com suas necessidades e exigências. Para o caso específico de um museu, 
por exemplo, alguns ambientes possuem a exigência de estarem fechados, ou de 
possuírem controle das aberturas, para fins de conservação de seu acervo. Porém, 
pode-se adotar uma permeabilidade visual, de integração com o entorno e de 
otimização da iluminação no espaço interno. 
40 
 
 
A Figura 17 demonstra de maneira esquemática algumas estratégias que 
podem ser adotadas para edificações localizadas na Zona Bioclimática 8 para 
promoção do conforto ambiental e eficiência energética. 
 
Figura 17 - Recomendações projetuais para a Zona Bioclimática 8 
 
 
 
Fonte: MARANHÃO et al., 2012 (adaptado) 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
2 ESTUDOS DE REFERÊNCIA 
 
 Com o intuito de subsidiar o projeto a ser desenvolvido, foram realizados 
estudos de referência em edificações existentes, tanto nacionais como 
internacionais, com uso semelhante ao proposto. 
Estes possibilitaram um melhor entendimento da arquitetura de museus e 
centros culturais, auxiliando na identificação das diversas tipologias existentes e de 
aspectos funcionais relativos a esses espaços. 
Para a análise dos projetos selecionados, foram identificados alguns aspectos 
funcionais e formais, dentre os quais se destacam: 
 Características gerais do projeto (localização, temática, autor, etc.); 
 Aspectos funcionais; 
 Programas de necessidade e dimensionamento dos ambientes; 
 Setorização e fluxos; 
 Partido arquitetônico; 
 Aspectos formais; 
 Implantação e relação da edificação com o entorno; 
 Materiais e sistemas construtivos utilizados; 
 Uso de novas tecnologias e criação de espaços interativos. 
 
Os estudos realizados foram agrupados em duas categorias: estudos diretos, 
que compreendem aqueles realizados através de observações in loco, entrevistas e 
registros fotográficos, e estudos indiretos, realizados através de consulta à 
documentação bibliográfica – livros, revistas e páginas online. 
Dentre os estudos diretos realizados, foram selecionados para análise o 
Museu Judaico (Berlim, Alemanha) e o Museu Câmara Cascudo (Natal/RN). Os 
levantamentos in loco foram realizados pela autora, respectivamente, nos dias 29 de 
março e 12 de agosto de 2014. 
Já os estudos indiretos compreendem: o Museu de Arte do Rio (Rio de 
Janeiro, Brasil), o Museu da Língua Portuguesa (São Paulo, Brasil) e o Centro 
Georges Pompidou (Paris, França). 
42 
 
 
2.1 ESTUDOS DIRETOS 
 
2.1.1 Museu judaico de Berlim 
 
 O museu judaico de Berlim, construído entre os anos de 1993 e 1998, foi 
projetado pelo arquiteto polonês Daniel Libeskind, sobrevivente e filho de pais 
judeus perseguidos pelo holocausto. O arquiteto, que fazia uso de ideias 
desconstrutivistas em sua arquitetura, nomeou seu projeto, vencedor do concurso, 
de “Entre as linhas”. A expressão faz referência ao conceito funcional e simbólico de 
sua arquitetura, que segundo Gomes (2007), 
 
reside exatamente em como ele lidou com o mito do Holocausto ao 
materializar uma arquitetura que explora as sensações do usuário do 
edifício a favor de contar a História de forma simbólica, apostando na 
vivência do espaço arquitetônico como fator-chave do museu. 
 
O edifício localiza-se no antigo centro de Berlim (Figura 18), chamado de 
Lindenstrasse, completamente reestruturado nos anos 60, após sucessivos 
combates e bombardeios. Caracteriza-se como um anexo do Kollegienhaus, edifício 
barroco do século XVIII que atualmente constitui o acesso principal ao museu, além 
de abrigar espaços como: restaurante, biblioteca, centro de aprendizagem e um 
fórum de pesquisa. 
 
Figura 18 - Localização do Museu Judaico (Berlim) 
 
Fonte: Google Maps (2014) 
 
43 
 
 
O anexo proposto por Libeskind (Figura 19) possui uma área construída total 
de aproximadamente 15.000m², sendo destes 3.000m² destinados à exposição 
permanente da cultura e história do povo judeu. 
O edifício adequa-se à escala urbana, não apresentando grande destaque 
frente aos demais edifícios da área no que diz respeito ao gabarito. Cercado de 
jardins, possui integração parcial com o entorno, que se caracteriza por ser 
predominantemente residencial. 
 
Figura 19 - Anexo do museu judaico 
 
Fonte: Acervo da autora (2014) 
 
Figura 20 - Kollegienhaus 
 
Fonte: Acervo da autora (2014) 
 
O acesso às áreas expositivas se dá através de um túnel subterrâneo que 
conecta o edifício barroco (Figura 20) ao atual museu (Figura 21). 
 
Figura 21 - Esquema da organização espacial do museu 
 
Fonte: http://www.archidiap.com/works/museo-ebraico/ 
 
44 
 
 
O museu é constituído por um edifício de 3 pavimentos, caracterizado pelo 
formato em zig-zag e pelo uso de angulações e linhas tortuosas. 
 
Para Libeskind, a forma tortuosa desse “zig-zag” incorpora todas as 
violências, rompimentos e rupturas sofridas pelos judeus na 
Alemanha. Apesar da força de sua expressão formal, o movimento 
sinuoso do Museu é menos arbitrário do que se imagina. O local é 
cheio de árvores de grande beleza e a opção de Libeskind para 
situar o edifício no terreno foi, a cada vez que uma delas estivesse 
no caminho, este mudaria de direção (ARCHITECTURES, 2000, 
volume 3). 
 
 
 Entretanto, a forma em raio é apenas perceptível a partir de uma vista 
superior. Os ângulos de visão a partir da altura do observador revelam um edifício 
de dimensões discretas, visto que o arquiteto buscou não evidenciá-lo na paisagem 
circundante. 
 O formato da edificação é também atribuído à Estrela de Davi, símbolo 
marcante do povo judeu, que significa “concretização”. O arquiteto propõe uma 
desconstrução da forma. Dessa maneira, “o assassinato dos judeus pelos nazistas é 
simbolizado pela quebra do signo mais representativo daquela cultura, como um 
grande choque, de onde partem os ‘estilhaços’ que seguem marcando todas as 
faces do edifício [...]” (GOMES, 2007). 
 O sistema de distribuição e composição das aberturas também apresenta um 
significado simbólico. Rompendo com qualquer tipo de modelo tradicional, as finas 
aberturas constituem-se como fendas e cicatrizes que fazem alusão às marcas de 
sofrimento dos judeus (Figura 22). Através de uma baixa visibilidade do exterior, o 
edifício causa no observador uma sensação de claustrofobia, privando-o de seu 
senso de orientação. 
 Segundo Gomes (2007), pode-se ser feita uma analogia da forma das 
aberturas com os carros que levavam os judeus aos campos de concentração, onde 
apenas conseguiam visualizar o mundo exterior a partir de pequenas frestas entre 
as tábuas de madeira. O arquiteto, portanto, procura transmitir através da arquitetura 
o mesmo sentimento dos judeus, transformando o espaço em uma espécie de 
prisão. 
 
 
45 
 
 
Figura 22 - Aberturas 
 
Fonte: Acervo da autora (2014) 
 
A proposta projetual do arquiteto para as áreas expositivas do museu se 
baseia, principalmente, na criação de diferentes fluxos, sendo cada um deles 
associado a uma função. São definidos, portanto, três eixos principais que se 
cruzam em determinados pontos e que remetem a três realidades da história 
judaico-germânica. São eles: eixo da continuidade, do exílio e do holocausto (Figura 
23). 
 
Figura 23 - Os eixos do museu

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