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Museu e representatividade Uma breve análise do Museu Cais do Sertão e do Museus da Memória e dos Direitos Humanos Trabalho desenvolvido para a disciplina de História da Arquitetura e Urbanismo 3, ministrada pela professora Solange Schramm. Museu e representatividade Uma breve análise do Museu Cais do Sertão e do Museus da Memória e dos Direitos Humanos Fortaleza, Ceará 2020 Universidade Federal do Ceará Centro de Tecnologia Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design Carolina Elayza | Letícia Sampaio | Sofia Collares .sumário INTRODUÇÃO - 4 CAIS DO SERTÃO Sobre os arquitetos - 8 Programa - 10 Partido - 11 Implantação - 13 Plantas - 16 Tecnologias - 18 Solução formal - 20 Significados - 21 Compromisso - 22 MUSEU DA MEMÓRIA Sobre os arquitetos - 24 Programa - 26 Partido - 27 Implantação - 29 Plantas - 32 Tecnologias - 35 Solução formal - 37 Significados - 38 Compromisso - 39 CONCLUSÃO - 40 BIBLIOGRAFIA - 42 e 43. 3 .introdução Para o presente trabalho elencamos o Museu Cais do Sertão em Recife - Brasil e o Museu da Memória e dos Direitos Humanos em Santiago - Chile. Escolhemos essas duas obras por uma representar o reconhecimento e valorização, o caso do Museu Cais do Sertão, que valoriza a cultura nordestina, e o Museu da Memória por representar respeito e tolerância, ao homenagear pessoas vítimas de genocídios na época do regime militar no Chile. Os dois museus são objetos pontuais em intervenções urbanísticas de requalificação urbana. E, através da sua arquitetura contemporânea, faz-se um símbolo urbano de homenagem a personalidades regionais, reverenciado a dor da perda com uma arquitetura memorável e cultuando a diversidade da cultura nordestina. Museu Cais do sertão Av. Alfredo Lisboa, 10 - Recife, PE, 50030-030, Brasil Arquitetos: Brasil Arquitetura Área: 5000 m² Ano de início do projeto: 2014 Ano de conclusão da obra: 2018 Museu da Memória Matucana 501, Santiago, Región Metropolitana, Chile Arquitetos: Estúdio América Área: 10900 m² Ano de início do projeto: 2008 Ano de conclusão da obra: 2009 4 .introdução O programa - museus A partir do século XX, o programa de museus evoluiu com novas experimentações formais e espaciais, resultantes de novos tipos de concepções museográficas e do avanço de tecnologias construtivas. A ideia de museu passou de salas fechadas com exposições fixas para um conceito mais flexível, com salas de exposições de longa e curta duração, ateliês, fotografias e videoinstalações. A tecnologia e a amplitude do “o que é arte” no século XX fizeram com que os museus refletissem sobre seus espaços de forma a garantir uma maior diversidade de usos. A partir desse novo conceito de museu e de novas possibilidades construtivas com concreto e aço, houve experimentações formais e espaciais que marcaram uma nova forma de projetar museus no século XX e XXI. Frank Lloyd Wright e seu Museu Guggenheim foram marcos de como o museu poderia desconstruir o volume de caixa e se apresentar como elemento escultórico e orgânico, com maior destaque arquitetônico e urbano. Enquanto arquitetos como Wright, Niemeyer e Frank Gehry exploravam volumes mais orgânicos, Le Corbusier e Mies van der Rohe buscavam a evolução da caixa, sem abandonar a linearidade do volume, mas visando uma nova forma de projetar a caixa no seu exterior e interior. Com Corbusier e Mies, o “museu container” com interior compartimentado dilui-se, abrindo possibilidades para plantas livres flexíveis e funcionais. No Brasil, Affonso Eduardo Reidy e Lina bo Bardi exploraram o museu caixa sem isolá-lo do meio urbano, criando grandes praças públicas cobertas que se integram com o conjunto de museu. Nos próximos tópicos, iremos abordar dois museus projetados no século XXI, nos quais podemos notar as influências desse novo modo de projetar museus: seus programas, plantas livres flexíveis e como a caixa evoluiu de acordo com o entorno e seu acervo. 5 .introdução Figura 1 Museu Nacional de Arte Ocidental, Le Corbusier; Fonte: Archdaily Figura 2 MASP, Lina bo Bardi. Fonte: Folha UOL Figura 3 Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Affonso Eduardo Reidy. Fonte: Viagem e Turismo O “museu caixa” 6 Museu Cais do Sertão 7 .arquitetos Francisco Fanucci, Um dos idealizadores do projeto, nasceu no interior de Minas Gerais na cidade de Cambuí, no ano de 1952. No início da carreira, estagiou com o arquiteto Júlio Roberto Katinsky, (professor da FAUSP). Trabalhou também nos escritórios de Joaquim Guedes e Abrahão Sanovicz. Trabalhou com Lina Bo Bardi no Concurso Público Nacional de Projetos de Reurbanização do Vale do Anhangabaú, em São Paulo, onde teve experiência com intervenções patrimoniais. Nos anos 90 Lecionou na Faculdade de Arquitetura Brás Cubas. E leciona até o momento na escola da cidade de São Paulo , desde o ano de 2002. E também é sócio fundador do escritório Brasil Arquitetura. Marcelo Ferraz, Outro idealizador do projeto, também nasceu em Minas Gerais, na cidade de Carmo de Minas. no ano de 1955. Figura 4 Francisco Fanucci Fonte: Anual Design Figura 5 Marcelo Ferraz Fonte: Anual Design 8 .arquitetos Logo no início da carreira, estagiou com a renomada arquiteta Lina Bo Bardi, onde realizou o projeto do Sesc Pompéia, e assim que se formou, realizou uma série de projetos com ela até o ano de 1992, ano da morte da arquiteta. Ao longo de sua carreira, conquistou vários prêmios, e foi conselheiro do Instituto Quadrante. Também coordenou o projeto Lina Bo Bardi, que era um livro documentário, que também acompanhou uma exposição sobre a vida da mesma. Juntamente com Fanucci, Abriram a Marcenaria Baraúna, onde projetam móveis para atender a demanda da época. E também fundaram o escritório Brasil Arquitetura. Foi criado no ano de 1978, e o escritório é especializado em projetos arquitetônicos e urbanísticos de recuperação e restauro e desenho industrial. O escritório Brasil arquitetura, com equipe formada pelos arquitetos Francisco Fanucci e Marcelo Carvalho Ferraz, são conhecidos mundialmente por fazerem intervenções patrimoniais, com programas institucionais, como museus e complexos culturais. Possuem diversos projetos premiados no Brasil e Exterior. As principais obras do escritório são: Casa Mantiqueira em São José dos Campos-SP, Conjunto k.k.k.k. Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha em Registro-SP, Praça das artes - SP, Requalificação do Bairro Amarelo - Berlim. Figura 5 Logomarca do escritório Brasil Arquitetura Fonte: Brasil Arquitetura 9 .programa O objetivo do governo federal era construir um museu em homenagem a Luiz Gonzaga. O Museu Cais do Sertão surgiu para concretizar essa homenagem ao grande artista e à cultura nordestina, conectando o litoral de Recife com o sertão do Nordeste. O projeto é concebido seguindo um plano urbanístico de revitalização do cais de Recife, próximo ao Marco Zero e a antigos galpões. O programa consiste no conjunto do museu (com salas de exposição, biblioteca, salas para cursos, auditório para 300 pessoas e restaurante) e das suas áreas públicas de convívio, com vista para a água e para o centro histórico da cidade. As áreas livres integram-se ao meio urbano, revitalizando o entorno e permitindo diversos usos ao ar livre, criando um importante espaço de encontro e lazer dentro de uma região tão importante da cidade de Recife. 10 Figura 6 Roupas nordestinas no acervo do Cais do Sertão Fonte: Brasil Arquitetura .partido O projeto do museu busca trazer o sertão para a beira mar, conectar estes dois mundos ricos e vastos do nordeste. Seguindo o plano urbanístico do Município e do Estado, o projeto manteve um dos antigos galpões, com 2.500m², e criou um novo edifício com 5.000m² e com uma conexão ao galpão. O novo edifício foiidealizado em um formato linear e longitudinal, seguindo a linearidade das construções dos galpões. Além disso, ele também cria uma grande “varanda urbana”, um pátio coberto no térreo que conecta a cidade com o mar e garante um espaço público amplo, coberto e de livre uso. O antigo galpão passou a abrigar o acervo de longa duração, com exposições homenageando Luiz Gonzaga e o sertão nordestino. O novo edifício abriga auditório, salas para exposição temporárias e cursos, biblioteca e um restaurante no jardim da cobertura, com vista de um lado para o centro histórico de Recife e o mar do outro. Figura 7 Croqui volumetria e entorno do museu Fonte: Brasil Arquitetura 11 .partido “Se tivéssemos que resumir em poucas palavras o que é o Cais do Sertão Luiz Gonzaga, diríamos que é o encontro da técnica com a poética, do hi-tech com o low-tech, do rigoroso e rico conteúdo com a possibilidade da livre interpretação e desfrute; enfim, lugar para o “gozo estético”. Sertão à beira mar.” - Brasil Arquitetura Figura 8 Fachada leste Fonte: Folha Uol 12 Figura 9 Implantação do Cais do Sertão na costa litorânea de Recife. Fonte: Google Maps De arborização insuficiente, o entorno carece, portanto, de espaços sombreados. É nesse contexto que surge o museu com seu grande vão, que promove um espaço de abrigo para os transeuntes, criando um percurso coberto e de livre acesso aos interessados. O acesso ao museu se dá pela av. Alfredo Lisboa, estando a edificação recuada em torno de 8 metros do fluxo da avenida, visto que foi criado um acesso local paralelo a ela. O museu Cais do Sertão encontra-se situado à beira do mar, estando o litoral recifense à leste da edificação. Implantado em um contexto urbano repleto de edificações e espaços tombados como patrimônio histórico nacional, o museu assume o compromisso de dialogar com o entorno, mais especificamente com os armazéns do antigo porto da cidade, visto que, para a sua construção, o governo estadual de Pernambuco cedeu um desses armazéns. .implantação Figura 10 Esquema de localização de Recife, Pernambuco, Brasil. Fonte: Desenvolvido pelas autoras 13 Figura 11: Topografia do entorno do Cais Fonte: https://pt-br.topographic-map.com/maps/fmdo/Recife/ Figura 13; Diagrama da temperatura durante o ano em Recife Fonte: Andrew Marsh Figura 12: Acessos e pátio coberto criado pela edificação Fonte: Google Maps Quanto à topografia o terreno de implantação se encontra a aproximadamente 13 metros acima do nível do mar, não apresentando considerável desnível em relação o seu entorno. Já referente às condições climáticas da cidade, vale ressaltar que Recife é uma cidade litorânea, com baixa amplitude térmica anual, variando entre 23 e 31°C, além de apresentar uma ventilação média de 18 km/h, com ventos predominante de leste, semelhante à cidade de Fortaleza nesses dois últimos aspectos. .implantação 14 Figura 14: Cais do Sertão e trabalho de vedação Fonte: Archdaily A análise dos condicionantes climáticos foi essencial para a criação da obra, visto que tirou partido do uso de cobogós, por exemplo, para a sua vedação externa, elemento marcante e simbólico para a cidade que permite a passagem da ventilação e promove uma proteção à insolação. Além disso, os espaços de exposição concentram-se no centro do bloco, estando rodeados por corredores, fator que protege ainda mais esses espaços da insolação direta, visto que necessitam de cuidados específicos, como a manutenção da temperatura interna de seus setores para conservação das obras. Mesmo apresentando setores que não fazem uso da ventilação natural, o edifício não se comporta como uma barreira total no litoral de Recife, visto que permite que a circulação flua pela sua volumetria e adentre o centro histórico da cidade. Figura 15: Implantação do museu em Recife Fonte: Archdaily, editado pelas autoras Legenda Implantação do Cais do Sertão Ventos de leste .implantação 15 .plantas Figura 16: Planta baixa do pavimento térreo do Cais do Sertão Fonte: Archdaily Figura 17: Planta baixa do primeiro pavimento do Cais do Sertão Fonte: Archdaily 16 .plantas Figura 18: Planta baixa do segundo pavimento do Cais do Sertão Fonte: Archdaily Figura 19: Planta baixa do terceiro pavimento do Cais do Sertão Fonte: Archdaily 17 .tecnologias O edifício é uma caixa de concreto apoiada em alvenaria estrutural, envolvida por uma pele de cobogós. Em um vão de 65 metros, de concreto armado pigmentado e com concreto aparente. Com o objetivo de mostrar a verdadeira estrutura e demonstrar a simplicidade do sertão mesmo com tecnologias mais rebuscadas, em um edifício com grande vão e suspenso. Esse grande bloco visava permitir que as pessoas que estivessem no exterior do edifício desfrutassem de uma boa sombra, acompanhada da brisa do mar. Para a proteção solar, foram projetados cobogós, e utilizados nas fachadas com maior insolação. 2,2 mil cobogós foram usados, e a geometria usada foi inspirada nas sombras dos galhos secos dentro do sertão. Figura 20 Volumetria vista do lado oeste. Fonte: Archdaily Figura 21 Relação das instalações e o edifício. Fonte: Archdaily Figura 22 Relação das instalações e o edifício. Fonte: Nelson Kon 18 .tecnologias Usou a estrutura de treliças metálicas provenientes da antiga edificação, para a cobertura, para trazer esse sentimento de saudosismo a estrutura antiga. Nas paredes internas, o revestimento usado foi discreto para que os objetos expostos pudessem ter mais importância na visão do visitante do museu. Os arquitetos optaram por deixar aparente todas as instalações, para que a verdade arquitetônica fosse revelada para os visitantes. Além disso, usaram também terraços jardins nas coberturas para diminuir o impacto da temperatura interna do edifício. Figura 23 e Figura 24 Vista interna com treliças metálicas - Terraço Jardim Fonte: Nelson Kon 19 .solução formal O projeto do novo edifício possui uma volumetria mais longitudinal inspirado nos antigos galpões que seriam mantidos, a fim de garantir uma continuidade nos volumes. Aspectos locais e culturais também foram apropriados nas soluções das fachadas e materiais utilizados. Exemplos claros são: a estrutura aparente de concreto armado pigmentado em amarelo ocre inspirado no calor do Nordeste; o grande vão livre criado pelo novo edifício no térreo que gera uma grande varanda coberta, espaço muito valorizado na arquitetura nordestina; o círculo vazio na laje que conecta dois galpões, dando protagonismo ao juazeiro, árvore típica do semiárido; e, por fim, os grandes cobogós brancos na fachada, inspirados no sertão nordestino, que podem ser interpretados como o desenho dos galhos secos do sertão, o solo argiloso rachado da seca projetado pela luz solar ou como uma grande renda branca protegendo todo o edifício. Os cobogós, além de todas as suas possíveis interpretações, também possuem um caráter simbólico de serem elementos criados na região. Figura 25 e Figura 26 Fachada oeste e laje conexão entre galpões com o juazeiro e a sombra Fonte: Nelson Kon 20 .significados A sensibilidade que permeia o projeto pode ser percebida através dos cuidados com os sentidos e com as experiências no percorrer da obra, a qual cria uma história em suas formas, cores, texturas, cheios e vazios. O cuidado em compreender a cultura local e a narrativa contada nas músicas do mestre lua, Luiz Gonzaga, faz do museu um elemento que dialoga ativamente com o seu entorno físico, o centro histórico de Recife, e o simbólico, o sertão. ENCONTRO DA técnica COM A poética A proposta de criação de um espaço a beira mar que narra a vivência do sertão nordestino faz morada no Museu Cais do Sertão, que propõe o encontro desses dois ambientes tão fortes no nosso imaginário do Nordeste. Um pontode destaque dessa conexão se dá através dos cobogós, que, para os que estão no interior do edifício e direcionam o seu olhar para a litoral de Recife, percebem a paisagem litorânea emoldurada em um desenho que remete à aridez. 21 .compromissos Figura 27 Fabricação dos cobogós do museu. Fonte: Cais do Sertão Figura 28 Museu Cais do Sertão e o centro histórico de Recife. Fonte: Archdaily De fato, o museu apresenta sua arquitetura alinhada com a cultura local e com o seu contexto urbano, tomando-se um edifício público que vem para somar com o espaço preexistente a ele. O cuidado com o condicionamento ambiental merece destaque, seja pelo uso de cobogós ou mesmo pela adoção de terraço jardim, assim como a expressividade formal da obra. Um museu, portanto, criado sobre o sertão e para o sertão, o qual também cumpre os parâmetros de acessibilidade ganha as margens do litoral recifense. 22 Museu da Memória e dos Direitos Humanos 23 .arquitetos Projetado pelo escritório Estúdio América com equipe formada pelos arquitetos Lucas Fehr , Carlos Dias e Mario Figueroa. Lucas Fehr Graduado na Universidade de São Paulo 1987; e doutor na mesma Universidade em 2010, e sócio do escritório Estúdio América. Em 2005 se tornou docente na Universidade de Presbiteriana Mackenzie, e coordena o Mosaico Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo e integra o grupo de pesquisa Cultura e Sociedade. E trabalha lá até o momento. Tornou-se membro co - fundador do escritório de arquitetura Estúdio América. E nesse Escritório venceu o concurso para o Projeto do Museu da memória no Chile. Em 2015 se tornou o patrono do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade de Universidade Presbiteriana Mackenzie. Mario Figueroa Arquiteto nascido no ano de 1966, no Chile. É formado pela PUC de Campinas. E doutor na FAUSP 2013. E trabalha como docente em várias instituições internacionais na América latina e Europa. Figura 29 Lucas Fehr. Fonte : Universidade Presbiteriana Mackenzie Figura 30 Mario Figueroa, Fonte: figueroa.arq 24 .arquitetos Participou de vários concursos de arquitetura e bienais. Foi sócio co - fundador do Estúdio América nos anos 2007- 2011. Em 2007 ganhou junto com Lucas Fehr e Carlos dias, o Concurso internacional para o Museu da memória e o Centro Mutucama em Santiago no Chile. E no ano de 2012 criou o escritório Figueroa Arquitetura. Carlos Dias Carlos Dias nasceu em Angola no ano de 1961 Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo. Foi membro co - fundador do Estúdio América. Faleceu no ano de 2014. Figura 31 Carlos Dias, Lito Foto divulgação 25 .programa O programa se divide em dois grupos: o Museu da Memória (composto pelo museu e pela Praça da Memória, indicados da figura 32 ao lado) e o Centro Matucana (bloco ao lado da praça que contém o Jardim dos Desejos e um edifício de uso comercial e de serviços). O jardim se integra com o volume que contém comércio, bares e restaurantes, criando um ambiente de encontro e vivência. No outro lado, a praça proporciona um espaço amplo de acesso ao Museu da Memória e dos Direitos Humanos, que divide seu programa em dois setores: acervo museográfico e setor administrativo e de apoio museológico. Figura 33 Diagrama corte da divisão do programa no edifício do Museu. Fonte: Archdaily Figura 32 Diagrama da implantação do programa do Museu da Memória. Fonte: Archdaily 26 .partido O partido da obra é composto por dois elementos principais: a barra e a base. A barra, o elevado, o leve, o elemento que carrega a história e a informação, onde encontra-se o acervo, as exposições e galerias. A base, sólida, profunda, enterrada, o que sustenta, onde estão os setores de apoio, serviços e administrativo, que compõem o bloco de pesquisa, extensão e estudo que sustenta a história e memória da cidade. O museu busca trazer luz e leveza para seu interior que abriga registros fortes dos anos de chumbo da ditadura chilena, expressando abertura e flexibilidade para um período sem dor e angústia. O interior do museu foi pensado como caixas suspensas que carregassem fragmentos da história, onde as pessoas pudessem caminhar livremente entre elas. Figura 34 Vista da fachada sul, destacando rampa de acesso, volume da barra e base. Fonte: Archdaily A BARRA A BASE 27 .partido “Um país singular, entre a cordilheira e o mar. Um museu que deseja ocupar esta franja, reverenciando a través de uma mirada simbólica estes dois elementos determinantes da geografia chilena, marcados na alma do seu povo. A memória evidenciada, emergente, que flutua, suavemente elevada. Uma arca, onde se pode depositar todas as reminiscências da história chilena.” - Estúdio América Figura 35 Fachada Sul Fonte: Civitatis 28 Situado no centro histórico de Santiago, capital do Chile, o edifício se insere em um contexto urbano bem arborizado e assume o compromisso de respeitar e de somar com os espaços públicos do seu entorno, visto que também se caracteriza como um. Sabendo que a responsabilidade urbana e também humana é essencial principalmente diante da criação de um museu que trata da memória de um povo, observa-se que essa questão foi levada em consideração para a concepção da obra. Ao analisar sua inserção no centro de Santiago, é possível visualizar, de fato, o diálogo ativo que existe entre o museu e a cidade, onde um se incorpora ao outro. Vale ressaltar que essa relação amistosa entre obra e meio repercute de modo positivo também no modo de transitar pela cidade, visto que permite que os percursos tornem-se múltiplos no momento em que as edificações não se comportam como barreiras urbanas. Mais uma vez, constata-se essa relação urbana no contexto de implantação do Museu da Memória. Figura 36 Localização do projeto. Fonte: Free Vector Maps Figura 37 Contexto urbano do Museu da Memória. Fonte: Google Earth .implantação 29 Figura 39 Fluidez urbana e seu múltiplos percursos. Fonte: Google Earth, editado pelas autoras Tratando-se das condições climáticas de Santiago, observa-se que a cidade apresenta grande amplitude térmica, variando entre 3 e 30 graus durante o ano, o que influencia, principalmente, nas estratégias para o ideal condicionamento ambiental da obra. Durante a maior parte do ano, os ventos predominantes, com velocidade média de 9km/h, vem da direção leste, com exceção dos meses de janeiro e de dezembro, os quais possuem o oeste como sendo a direção dominante da sua ventilação. Diante desses condicionantes climáticos, juntamente com as especificações de seus setores, os quais necessitam de um maior controle da temperatura na sua parte interna, optou-se por grandes panos de vidro como vedação principal, criando um espaço climatizado artificialmente no seu interior. Figura 38 Diagrama da temperatura anual em Santiago, Chile Fonte: Andrew Marsh .implantação 30 Quanto à topografia do local, o edifício se encontra a aproximadamente 538 metros acima do nível do mar, sendo o seu terreno de implantação e as quadras mais circundantes a ele não apresentando grandes variações de altitude entre si, o que ressalta a horizontalidade da edificação. Mesmo assim, foi necessário fazer o tratamento da circulação vertical para viabilizar o acesso à praça. Figura 41 Topografia do entorno do Museu da Memória Fonte: OpenStreetMap Figura 40 Perspectiva da implantação do edifício e sua relação com a topografia Fonte: Archdaily .implantação 31 .plantas Figura 41 Planta baixa nível 1.70 do Museu da Memória Fonte: Archdaily 32 .plantas Figura 42 Planta baixa nível 6.46 do Museu da Memória Fonte: Archdaily 33 .plantas Figura 43 Planta baixa do nível 11.22 do Museu da Memória Fonte: Archdaily 34 .tecnologias O Museu da memória é uma barra apoiada em 4 apoios de concreto , issose deu para trazer leveza ao edifício. Inicialmente, essas junções do pilares seriam flexíveis para absorver as vibrações entre as placas tectônicas, pois o Chile está localizado numa região de encontro com essas placas, porém as normas chilenas exigem estruturas totalmente rígidas, e após estudos constataram que o maior risco de ferimentos nos tremores não seriam a queda de estruturas e sim da queda de objetos . Como resposta estrutural aos tremores, a peças foram maior dimensionadas para atender a essa questão. Com uma cobertura treliçada vencendo esse grande vão, que pelas dimensões largura e profundidade, se transformam em um grande túnel, onde são acopladas as caixas de vidro para as exposições, afastadas das quinas para um melhor controle da iluminação. A paginação dos pisos integram a relação interno - externo, para causar o efeito de continuidade do espaço, já que o museu é objeto dentro da intervenção urbana que fizeram. Figura 44 Esquema construtivo. Fonte: Estúdio América de Arquitetura, Acervo 35 .tecnologias A obra utiliza materiais tradicionais, tanto para valorizar o país, quanto como estratégia de barateamento do custo da obra, ocasionado pela facilidade da tecnologia ser produzida. Pela tradição chilena mineira, utilizaram o cobre para fazer a pele que recobre o edifício e utilizando ele como estratégia de conforto ambiental, porque esse material protege da radiação solar. Adotaram então chapas perfuradas e estiradas e onduladas. O cobre quando oxigena cria uma proteção chamada pátina, e os arquitetos previam esse fenômeno como estratégia de projeto, pois a pátina representaria simbolicamente a memória. Porém na execução, precisaram aplicar a pátina já de início. Apesar do museu querer homenagear o passado, ele também se preocupa com questões futuras, como a sustentabilidade. Desse modo, a luz solar é captada por placas fotovoltaicas. A iluminação natural é aproveitada de maneira satisfatória nos espaços interiores. Figura 45 Chapa de cobre perfurada da fachada Foto: Mario Figueroa Figura 46 Sombra em parede de concreto Foto: Mario Figueroa 36 .solução formal A poética volumétrica da barra e da base surgiu com a definição do programa e do conceito: uma arca que flutua, abrigando as memórias chilenas, uma obra com responsabilidade urbana e humana. A grande rampa de acesso cria o desnível que eleva o edifício e também uma grande praça pública, integrando o museu ao urbano. Grandes panos de vidro protegidos garantem ambientes internos bem iluminados, a luz penetrando na história, gerando efeitos diferentes de acordo com o percorrer do usuário. Os materiais utilizados também retiram simbologias e inspirações locais: o piso do volume da Barra é coberto por um mosaico das terras chilenas e o cobre verde na fachada faz referência à história dos mineradores chilenos. Figura 47 e 48 Vistas externas do museu Fonte: Galeria da Arquitetura 37 “Um espaço dedicado à memória pode não só transmitir informações, mas também provocar a reflexão sobre as recordações e os desejos.” Estúdio América O Museu da Memória e dos Direitos Humanos mostra-se como uma arquitetura sensível a sua causa, a história de luta e resistência do povo chileno, o qual enfrentou momentos de opressão durante seus anos de ditadura e, hoje, tem a oportunidade de dialogar e trazer as memórias de sua história. É através desse olhar de respeito pela trajetória de um povo que o museu abre espaço para uma reflexão sobre os dias atuais, e, assim, incentiva o aflorar dos desejos de uma população que busca pela sua voz e pelos seus direitos. Figura 49 Perspectiva Museu da Memória Fonte: Archdaily .significados 38 De fato, o Museu da Memória apresenta um forte comprometimento com a proposta de retratar as recordações do povo chileno, tirando partido disso em diversos elementos de sua arquitetura, como a alusão entre a pátina, camada de cobre oxidado, e a memória. Além disso, o compromisso em respeitar o passado também está presente na sua implantação, a qual estimula um constante diálogo entre o centro histórico de Santiago e a edificação. Desde modo, a obra não se torna uma barreira física à fluidez de sentidos e memórias que o seu entorno apresenta, mas sim um canal de comunicação, que incentiva a troca de experiências. Ressalta-se que os percursos foram pensados para serem acessíveis e de fácil percurso para todos. Além disso, vale ressaltar que, por mais que a temática do museu seja referente ao passado, ele não nega o seu tempo presente e ainda lança olhares para o futuro, visto que reconhece o seu papel de novo espaço público de Santiago, buscando se integrar ao meio urbano de hoje da cidade e ainda acolhe soluções sustentáveis em seu projeto, como de fazer uso de placas fotovoltaicas. .compromissos Figura 50 Perspectiva Museu da Memória. Fonte: Archdaily 39 .conclusão Figura 51 Ilustração Museu da Memória e dos Direitos Humanos e Museu Cais do Sertão. Fonte: Desenvolvido pelas autoras 40 Observando as soluções formais e espaciais dos dois casos aprofundados, é possível notar alguns pontos de convergência com o conceito de "museu caixa" de Corbusier, Mies, Lina e Reidy. Ambos os projetos buscam manter a linearidade e horizontalidade de seus volumes, trabalhando as plantas livres e flexíveis para abrigar o acervo (físico e digital, permanente e temporário). As plantas livres também garantem liberdade para o usuário explorar e ter diferentes experiências e perspectivas do conjunto da obra, onde arquitetura se funde com a história que abriga. Suas estruturas são monumentais pelas dimensões, mas não precisamente significa que sejam arquiteturas do espetáculo, pois carregam o peso da cultura regional em sua materialidade. Usando os materiais locais, não apenas pelo fator financeiro, mas apoiando a valorização desses materiais, marcam as fachadas dos edifícios com o seu regionalismo. O uso do cobre, no Museu da Memória, como elemento que envolve suas principais fachadas, tornando-o essencial para a identidade do edifício. Já o uso dos cobogós no Cais do Sertão tem essa mesma função, apropriando-se na sua geometria de simbologias típicas do nordeste. Os dois edifícios não teriam a mesma marca regional sem esses elementos. A função primordial do museu é guardar memórias, seja de um povo ou de uma pessoa. O edifício, por sua vez, é uma ponte que associa o novo com o velho, aproximando presente do passado, um monumento que une temporalidades diferentes. Os acervos cultivam objetos simples, de pessoas comuns dentro da sociedade. O Cais do Sertão homenageia um grande artista, que viveu sua infância de maneira muito simples, e ao mesmo tempo abriga objetos de pessoas de todo o nordeste brasileiro, tanto de antigamente, quanto do atual sertão. .conclusão Figura 51 Ilustração Museu da Memória e dos Direitos Humanos e Museu Cais do Sertão. Fonte: Desenvolvido pelas autoras 41 O Museu da Memória homenageia também pessoas simples, mas pessoas que tiveram suas vidas ceifadas por um regime ditatorial. Mas apesar de serem homenagens de certa forma diferentes, se assemelham na sua formalidade arquitetônica, pois aplicaram a leveza como elemento de projeto, um simbolizando a alegria do nordestino no cenário de dificuldades, outro com o objetivo de amenizar a grande dor da lembrança de um povo que viveu momentos de terror, mas não querem esquecer o ocorrido para que, em situações semelhantes, eles tenham a memória como recurso para combater e evitar o tão fim trágico. Outra característica marcante dos dois projetos, é a sua importância urbanística. E assim como nos projetos das referências clássicas de arquitetura dos museus, as edificações são implantadas em um contexto urbano preexistente e processado. Em ambos os casos, os objetos são empregadoscomo ferramentas de revitalização do meio onde foram implantados. E as estratégias, como o uso de grandes vãos, os vazios no térreo com fácil acesso às edificações, se abrem para a cidade democraticamente. Rampas permitem o acesso livre de pessoas de todas as idades e condições, inclusive, os espaços atraem as pessoas para eventos e usos diversos. Tornando o lugar convidativo pela sombra e proteção contra intempéries, bem como pela vista privilegiada. Os museus se integram plenamente ao meio preexistente, com praças que interligam determinados pontos da cidade e revitalizam uma área central urbana. Ambos os projetos valorizam o humano como agente principal das suas arquiteturas e destacam suas raízes, rejeitando uma arquitetura fria e neutra, sem história e sem identidade. .bibliografia MONTANER, Josep Maria. Museus para o século XXI, Barcelona: Editorial Gustavo Gili SA, 2003. ARCHDAILY - Museu Cais do Sertão. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907621/museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura >, acessado em 26/10/2020. BRASIL ARQUITETURA. Disponível em: <http://brasilarquitetura.com/#>, acessado em 24/10/2020. GALERIA DA ARQUITETURA - Museu Cais do Sertão. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TtXiNawZRmA&feature=youtu.be&ab_channel=GaleriadaArquitetura>, acessado em 13/10/2020. VITRUVIUS - Cais do Sertão. Disponível em: <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.216/7193>, acessado em 26/10/2020. VITRUVIUS - Sobre o escritório Brasil Arquitetura. Disponível em: <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/15.180/6333>, acessado em 17/10/2020. ARCHDAILY - Museu da Memória e dos Direitos Humanos. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/795304/museu-da-memoria-e-dos-direitos-humanos-mario-figueroa-lucas-fehr-e-carlos-dias>, acessado em 26/10/2020. GALERIA DA ARQUITETURA - Memória flutuante. Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/estudio-america_/museu-da-memoria-centro-matucana/1169>, acessado em 26/10/2020. CONCURSOS DE PROJETOS, Museu da Memória + Centro Matucana. Disponível em: <https://concursosdeprojeto.org/2010/05/02/museu-memoria-chile/>, acessado em 26/10/2020. 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