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Aula Varas de Familia 2 - Juridica


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A FAMÍLIA – ORIGEM, EVOLUÇÃO HISTÓRICA E CONCEPÇÃO ATUAL
Conjugalidade e Separação 
PROF. Luiz Henrique Aguiar
PSICOLOGIA JURIDICA - Unip 1/2017
Casamento: um ato dramático
“Absoluto do casal - “Cada casal cria seu modelo único de ser casal que define a existência conjugal e determina seus limites. 
“Identidade conjugal“ = CONJUGALIDADE (termo da terapia de casal).
“Todo fascínio e toda dificuldade de ser casal, reside no fato de o casal encerrar, ao mesmo tempo, na sua dinâmica, duas individualidades e uma conjugalidade” Como ser dois, e ser um???
Casamento ocupa um lugar privilegiado entre as relações significativas validadas pelos adultos na nossa sociedade.
Separação conjugal: a dissolução da conjugalidade
A separação pode ser uma das mais dolorosas experiências pelas quais pode passar o ser humano
O tempo de elaboração do luto pela separação é quase sempre maior do que aquele do luto por morte – Morte em vida 
Divórcio – mesmo como percebido como a melhor solução pelo casal será vivenciado como uma situação extremamente dolorosa e estressante. 
A separação provoca nos cônjuges sentimentos de fracasso, impotência e perda, havendo um luto a ser elaborado. 
Quem busca mais a separação, mulheres ou homens???
Separação conjugal: a dissolução da conjugalidade
No desenrolar do processo, emerge a conjugalidade conflituosa, para a qual não há respostas no referencial normativo jurídico
Alguns casais, mesmo após o divórcio, ficam aprisionados numa dinâmica de repetição que atua por meio do litígio – repetição de padrões do casamento na separação 
representado nas ações de guarda, de regulamentação de visitas e seus derivados.
Características comuns nessas pessoas: alto grau de agressividade, postura refratária às intervenções, discurso baseado na lógica adversarial e disputa pelo filho
Tão obstinados pela posse do filho que negligenciam reiteradamente os seus direitos 
Separação conjugal: a dissolução da conjugalidade
Longas disputas judiciais familiares seriam decorrentes da tentativa de prolongamento do vínculo conjugal 
Inscrição do judiciário na trama conjugal. 
Os processos judiciais, frequentemente, constituem manifestações tardias de um processo de ruptura, do qual as pessoas têm consciência parcial
A etapa jurídica da separação pode ser vivenciada como um ritual de passagem, promovendo o fim de um ciclo
ou sustentar a continuidade do vínculo, conforme observado nos casos dos litígios familiares de longa duração.
Separação conjugal: a dissolução da conjugalidade
A separação conjugal pode ter efeitos construtivos para os membros de uma família
Sobretudo quando o preço para manter o casamento é a autodestruição e a destruição do outro. 
A separação leva toda a família a reestruturar os padrões de relacionamento vigentes.
Alguns estudos mostram que o desequilíbrio do sistema familiar na situação de divórcio tende a começar um ano antes da separação e, geralmente, depois de dois anos para a maioria, e até no máximo seis anos para todas, as famílias voltam a estabelecer um funcionamento satisfatório para seus membros.
Lei do Divórcio (Lei nº 6.515, de 26/12/1977). 
Guarda Unilateral: só com um dos pais – alimentos e fiscalização do outro 
Visitas quinzenais: redução no relacionamento dos filhos com um dos genitores e com a família extensa deste
Um instinto materno para justificar a guarda atribuída preferencialmente às mães – desqualificação das mães, alegações de transtornos mentais 
Código Civil Brasileiro de 2002 
Guarda dos filhos deveria ser atribuída àquele pai ou àquela mãe que revelasse melhores condições de exercê- la, alterando-se assim a visão de que a guarda deveria ser deferida preferencialmente para as mães
Lei da Guarda Compartilhada - 2008 e 2014
Guarda compartilhada dos filhos: passou de 7,5% em 2014, para 20,9% em 2017 
Divórcios conflituosos 
Relação dos ex-cônjuges tem como base constantes conflitos, permeados por brigas permanentes que objetivam:
A conservação da união; dificuldade no cuidado com os filhos; 
Necessidade de ganhar e desvalorizar a imagem do outro; 
Necessidade de haver a participação de intermediários litigantes, tais como membros da família extensa, profissionais da saúde, da escola, da Justiça, etc
Tendência em ambos de encontrar culpados e cúmplices.
Aquele divórcio em que não se protegem os filhos do conflito entre os adultos e da desorganização familiar.
Adultos não conseguem controlar suas disputas, fazem com que as crianças tomem partido na situação conflituosa – dificuldades em exercer tarefas parentais 
Divórcios conflituosos 
“casais de separação difícil” que mantêm entre si guerras judiciais 
buscam resolver seus conflitos que não foram resolvidos ao longo do casamento
Eles utilizam terceiros, como advogados e juízes, para se manterem unidos de forma inconsciente (Juras & Costa, 2011)
Quando existem dificuldades por parte do par parental em diferenciar os papéis conjugais dos parentais, implicando em conflitos entre os ex cônjuges, os filhos podem ser envolvidos ou sentirem-se obrigados a se envolver nas brigas dos pais
Conflitos de lealdade intergeracional presentes nos divórcios destrutivo
Triangulação 
Bowen (1979) – Quando a tensão entre dois membros da família, normalmente os pais, atinge um nível de ansiedade insuportável
uma terceira pessoa, habitualmente um filho, é triangulada para reduzir a tensão no seio do sistema, até chegar a níveis mais toleráveis.
Desvio da atenção do conflito para o filho sintomático na tentativa de buscar soluções para ele. 
Em casos de divórcio destrutivo, o sofrimento da criança ou adolescente não é visto como prioritário e, muitas vezes, pode inclusive ser negado. Nestes casos, o foco está no conflito, que toma grandes dimensões intra e extrafamiliares.
Quando a própria família não encontra mecanismos de autoregulação, novos triângulos se formam com terceiros fora do núcleo familiar – familiares, Justiça, etc ...
Lealdades invisíveis 
Em casos de divórcio, podem emergir conflitos de lealdade intergeracionais, em que um ou mais filhos podem se aliar a um genitor em detrimento do outro.
O conflito de lealdade exclusiva, ou seja, quando exigida por um ou ambos os pais
 Configura um dos maiores sofrimentos para os filhos em casos de separação dos pais. 
Logo após a separação, normalmente os filhos se aliam ao genitor com quem residem.
Quando os filhos estão triangulados em divórcios destrutivos, eles assumem compromissos com ambos os genitores em uma perspectiva perversa de vinculação
Agradar a um genitor é desagradar ao outro, e vice-versa.
Parentalização
Atuação (comportamental ou fantasiosa) distorcida de um companheiro (a) ou filho (a) colocando no papel paterno/materno.
De certa forma, toda criança necessita ser temporariamente parentalizada, a fim de que aprenda e desempenhe responsabilidades para sua vida futura.
Entretanto, quando a parentalização de uma criança torna-se frequente e rígida, esta pode ser um fator que dificulta o desenvolvimento futuro adequado desta criança.
Ex: criança encarregada de dar noticias sobre questões financeiras ao outro genitor, ser incunbida de escolher onde irá estudar, onde a família irá morar, dentre outras situações. 
Coparentalidade
Qualquer situação na qual dois adultos compartilham a parentalidade em relação a uma criança
Ex: mãe e avó que dividem as funções parentais entre si; cuidadoras em abrigos; pai e mãe em um casamento, dentre outras possibilidades ...
Termo coparentalidade tem sido muito utilizado em situações de pós-divórcio para designar a relação que se estabelece entre os ex-cônjuges, com relação à educação da criança
Termo surgiu na década de 1970 no contexto de estudos sobre famílias divorciadas
 possivelmente porque quando os pais se separam, a relação coparental é a única “arena” em que os pais continuam a se relacionar
Como separar os subsistemasconjugal do coparental após o divórcio???? 
GRECOP
GRECOP – foi criado a partir da parceria entre o setor psicossocial de Varas de Família do TJDFT – SERAF – e o Centro de Psicologia Aplicada - CPA -  da UNIP Campus Brasília, no primeiro semestre de 2013.
Atualmente encaminham: SERAF; Varas de Família; Juizados Especiais Criminais do TJDFT, além de Promotorias de Justiça do MPDFT, a partir de casos que envolvem processos de divórcios conflituosos
Trabalho em grupo 
Pensado para o atendimento a famílias nas quais há dificuldades de acesso dos filhos ao genitor não-guardião e aos familiares desse com foco na retomada desses vínculos familiares
Demandas suscitadas pelas recentes leis da alienação parental e da guarda compartilhada.
METODOLOGIA
Dois grupos em paralelo com homens e mulheres – grupos mistos 
Os pares parentais de um mesmo processo participam sempre de grupos distintos, sendo um grupo realizado pela manhã e o outro à noite
O encaminhamento é recebido por e-mail ou via correspondência direcionada ao Centro de Psicologia Aplicada da UNIP
Entramos em contato telefônico com as partes e agendamos atendimentos individuais em datas separadas com as partes, para avaliação e acolhimento (desde 2018).
Os atendimentos individuais são em média dois encontros e têm por objetivo avaliar o quadro emocional do(a) encaminhado(a), a sua percepção em relação à vivência pessoal, relacional, familiar e judicial do conflito, e preparação para o grupo. 
METODOLOGIA
Cada encaminhado(a) então participa de oito encontros semanais de duas horas em grupo 
Têm por finalidade favorecer a reflexão sobre o exercício necessário para o desenvolvimento e aprimoramento no exercício dos papéis parentais e da coparentalidade pós-divórcio. 
Os grupos são abertos, ou seja, recebem novos integrantes ao longo do semestre. 
Os encontros visam a reflexão sobre temas como a comunicação assertiva, sentimentos, aspectos dos papéis sociais de gênero, educação não-violenta e limites aos filhos, entre outros suscitados a partir das dinâmicas dos encontros grupais
METODOLOGIA
Os grupos são conduzidos por dois trios de alunos(as) vinculados(as) ao estágio de Psicologia Jurídica da UNIP, sob a supervisão do professor Dr. Luiz Henrique Aguiar
Ao final dos encontros são emitidos relatórios técnicos ao órgão encaminhador sobre a participação dos encaminhados, seja pela conclusão ou pela não adesão aos grupos.  
O GRECOP não recebe encaminhados com indícios de dependência química e transtornos mentais, por entender que não terão aproveitamento e interferirão negativamente nas dinâmicas grupais, uma vez que necessitariam de outros serviços especializados nessas situações.
Encaminhamentos podem ser realizados a partir do GRECOP 
A FAMÍLIA – ORIGEM, EVOLUÇÃO HISTÓRICA E CONCEPÇÃO ATUAL
Conjugalidade e Separação 
Luiz Henrique Aguiar
PSICOLOGIA JURIDICA - Unip 1/2017