Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
V que, conhecendo melhor este material t ão nobre, saibam valoriz á-lo e empreg á- lo da melhor forma possí vel . N ã o seria justo encerrar esta apresentaçã o sem agrade- cer aos professores Aracely Vidal Gomes e Lincoln Lopes Teixeira , do Curso de Engenharia Florestal do Setor de Ciências Agr árias da Universidade Federal do Paraná, bem como a Ver ó nica Angyalossy Alfonso , do Instituto de Pes- quisas Tecnol ógicas do Estado de S ã o Paulo , pelas crí ticas e sugest õ es apresentadas, à GTZ ( Deutsche Gesellschaftfur Technische Zusammenarbeit Á pelo apoio financeiro prestado , e a todas as pessoas que, de uma ou outra for- ma, contribu íram para a concretizaçã o desta obra . Sumário Os autores 11INTRODU ÇÃ O 1 . ESTRUTURA MACROSC Ó PICA DO TRONCO Casca Câ mbio An éis de crescimento Cerne e alburno Raios Medula 13 13 15 15 23 28 28 2 . FISIOLOGIA DA Á RVORE Crescimento Condu çã o de l í quidos Sustenta çã o do vegetal Transforma çã o , condu çã o e armazenamento de subst â ncias nutritivas 30 30 36 37 37 3 . PI ANOS ANATÔ MICOS DE CORTE 38 4 . P R O P R I E D A D E S O R G A N O L É P T I C A S D A M A D E I R A C o r C h e i r o G o s t o G r ã 4 0 E s t r u t u r a e s t r a t i f i c a d a F i b r a s s e p t a d a s E s p e s s a m e n t o s e m e s p i r a l I d e n t u r a s P o n t o a ç õ e s i n t e r v a s c u l a r e s g u a r n e c i d a s C r i s t a i s e s íl i c a C o n t e ú d o s v a s c u l a r e s e t i l o s F a m í l i a s e g ê n e r o s c u j a s e s t r u t u r a s a n a t ô m i c a s d o x i l e m a f o g e m à s n o r m a s g e r a i s 8 84 0 9 04 1 9 04 2 9 04 3 9 14 3G r ã d i r e i t a (l i n h e i r a o u r e t a ) G r ã s i r r e g u l a r e s T e x t u r a B r i l h o D e s e n h o M a s s a e s p e cí f i c a D u r e z a 9 14 3 9 34 7 4 8 9 44 8 4 8 7 . N OÇ ÕE S D E M I C R O T É C N I C A P A R A A M I C R O S C O P I A Ó T I C A I n t r o d u ç ã o M a c e r a ç ã o O b t e n ç ã o e p r e p a r o d e s e ç õ e s d e l g a d a s d e m a d e i r a R e t i r a d a d a s a m o s t r a s P r e p a r o d o m a t e r i a l M i c r o t o m i a D e s c o l o r a ç ã o C o l o r a ç ã o M o n t a g e m d e l â m i n a s 4 9 9 7 9 75 05 . G R U P O S V E G E T A I S Q U E P R O D U Z E M M A D E I R A S . . . 6 . E S T R U T U R A A N A T Ô M I C A D A M A D E I R A E s t r u t u r a d a p a r e d e c e l u l a r E s t r u t u r a d a m a d e i r a d e g i m n o s p e r m a s T r a q u e ó i d e s a x i a i s P a r ê n q u i m a t r a n s v e r s a l ( p a r ê n q u i m a r a d i a l o u r a i o s ) T r a q u e ói d e s d o s r a i o s ( t r a q u e ó i d e s r a d i a i s ) P a r ê n q u i m a a x i a l C é l u l a s e p i t e l i a i s C a n a i s r e s i n í f e r o s T r a q u e ó i d e s e m s é r i e s v e r t i c a i s E s t r u t u r a d a m a d e i r a d e a n g i o s p e r m a s d i c o t i l e d ô n e a s V a s o s P a r ê n q u i m a a x i a l F i b r a s P a r ê n q u i m a t r a n s v e r s a l ( p a r ê n q u i m a r a d i a l o u r a i o s ) T r a q u eó i d e s v a s c u l a r e s T r a q u e ó i d e s v a s i c ê n t r i c o s C a r a c t e r e s ( a n a t ô m i c o s ) e s p e c i a i s C a n a i s cé l u l a r e s e i n t e r c e l u l a r e s Cé l u l a s o l e í f e r a s , m u c i l a g i n o s a s e t c F l o e m a i n c l u s o 9 8 5 2 9 95 2 9 96 0 1 0 06 0 1 0 1 1 0 26 3 1 0 36 4 1 0 46 5 6 6 8 . D E S C R I Ç Ã O A N A TÔ M I C A D E M A D E I R A S 1 0 66 7 6 7 9 . I D E N T I F I C A Ç Ã O D E M A D E I R A S C h a v e s d e i d e n t i f i c a ç ã o C a r t õe s p e r f u r a d o s C o m p u t a d o r e s 1 0 9 1 0 96 8 1 1 07 0 1 1 27 8 8 0 1 0 . R E L A Ç Ã O E N T R E A E S T R U T U R A A N A TÔ M I C A D A M A D E I R A E S U A S P R O P R I E D A D E S E C O M P O R T A M E N T O T E C N O L ÓG I C O M a s s a e s p e c í f i c a e r e s i s t ê n c i a m e câ n i c a D u r a b i l i d a d e n a t u r a l P e r m e a b i l i d a d e T r a b a l h a b i l i d a d e I n s t a b i l i d a d e d i m e n s i o n a l 8 1 8 3 1 1 38 5 1 1 48 6 1 1 58 6 1 1 68 7 1 1 7I8 8 1 1 8 Comportamento em face da colagem e aplica çã o 119de revestimentos superficiais 119Fabrica çã o de polpa e papel 122Combustibilidade Introdução123Apar ê ncia decorativa 12411 . DEFEITOS DA MADEIRA 124Defeitos na forma do tronco 124Tortuosidades 125Bifurca çã o ou aforquilhamento 125Conicidade acentuada Sapopemas, contrafortes ou ra í zes 126tabulares 127Sulcos Defeitos na estrutura anat ô mica 128da madeira 128Gr ãs irregulares 128Largura irregular dos an é is de crescimento 129Crescimento excê ntrico Anatomia ( do grego anatomé: incisã o, disseca ção , com sufixo latino ia ) da madeira é o estudo dos diversos tipos de cé lulas que constituem o lenho ( xilema secund á rio ) , suas fun ções , organiza ção e peculiaridades estruturais 129Lenho de rea çã o 130Lenho de compress ã o 132Lenho de tra çã o 133N ós , comos objetivos de:136Tecido dc cicatriza çã o Defeitos causados por esfor ços mecâ nicos 137137Rachaduras •conhecer a madeira visando um emprego correto ;•identificar espécies ;139Falha de compress ã o ( brittle heart ) Defeitos causados por agentes bi óticos e distinguir madeiras aparentemente id ênticas ;• predizer utiliza ções adequadas de acordo com as caracte- r ísticas anat ô micas da madeira ; 139clim á ticos 139Altera çõ es da cor 140Apodrecimento e perfura ções • prever e compreender o comportamento da madeira140 noTecido de cicatriza çã o que diz respeito à sua utiliza çã o. Preju í zos causados pela presen ça de subst â ncias 141especiais 142REFER Ê NCIAS BIBLIOGR Á FICAS Í NDICE REMISSIVO DOS GÊ NEROS E ESP ÉCIES 146CITADOS 152Í NDICE DE ILUSTRA ÇÕ ES 1 1 1. E s t r u t u r a m a c r o s c ó p i c a d o t r o n c o A m a d e i r a é u m c o n j u n t o h e t e r o g é n e o d e d i f e r e n t e s t i p o s d e cé l u l a s c o m p r o p r i e d a d e s e s p e cí f i c a s p a r a d e s e m - p e n h a r e m a s f u n ç õe s v i t a i s a b a i x o m e n c i o n a d a s : c o n d u ç ã o d e l í q u i d o s ; t r a n s f o r m aç ã o , a r m a z e n a m e n t o e t r a n s p o r t e d e s u b s t â n - c i a s n u t r i t i v a s ; •s u s t e n t a ç ã o d o v e g e t a l . E m u m a s e ç ã o t r a n s v e r s a l d e u m t r o n c o t í p i c o , c o m e x c e-ç ã o d o câ m b i o e e m m u i t o s c a s o s d o s r a i o s , a s s e g u i n t e s p a r t e s s e d e s t a c a m m a c r o s c o p i c a m e n t e . ( F i g u r a 1 . ) C a s c a í A c a s c a é c o n s t i t u í d aíd a i n t e r i o r m e n t e p e l o f l o e m a c o n j u n -t o d e t e c i d o s v i v o s e s p e c i a l i z a d o s p a r a a c o n d u ç ã o d a s e i-v a e l a b o r a d a , e e x t e r i o r m e n t e p e l o c ó r t e x , p e r i d e r m e e r i t iti -d o m a t e c i d o s q u e r e v e s t e m o t r o n c o . A c a s c a é d e g r a n d e > 1 3 * i m p o r t â n c i a na identificaçãoã o de á árvores-vi^ as. e o estudo da sua estrutura vem despertando cada vez mais o interes - se da anatomia da madeira , por contribuir enormemente / ´ ria das vezes desprezadas na industrializa çã o , as cascas de algumas esp é cies s ã o exploradas comercialmentv , tais co - mo a do carvalho ( Quercus suber L . Fagaceae ) na fabrica - çã o da cortiça , acácia - negra ( Acacia decurrensWilld .- Leg . Mimosaceae) , barbatim ã o ( Stryphnodendron barbatimao (Veil . ) Mart . -Leg. Mimosaceae) , angico - vermelho ( Para - piptadenia rigida ( Benth . ) BrenanLeg . Mimosaceae) , angi - co - preto ( Anadenanthera macrocarpa ( Benth . ) Brenan Leg . Mimosaceaè) , angico - branco ( Anadenantherapere - grina (L . ) Speg . - Leg . Mimosaceaè) etc . na produ çã o de ta - nino , cinamomo ( Cinnamomum zeylanicum ( Gare . ) Bl .- Lauraceae ) na obten çã o da canela e , enfim , em in ú me - ras outras utiliza çõ es , como alimento para gado , extenso - res para colas , produtos farmacê uticos e de perfumaria etc . On u -bAlburno - 4 fc • i c eidos pelo floema , a casca tem como fun çã o proteger o ve - getal contra o ressecamento , ataques f ú ngicos , inj ú rias mec â nicas e varia ções clim á ticas . ~ Í - Câmbio - -s O câmbio é umt ecido mer is tem á tico , isto é , apto a gerar novos elementos celulares , constitu í do por uma camada de i élulas situada entre o xiCasca , s ó sendo visí- v el . ao microscó pio . Permanece ativo durante toda a vida get a I e é respons á vel pela forma çã o dos tecidos secun - d áriosio ' . que|ue constituem o xilemaea casca . A atividade cam - b i a l é sensivelmente influenciada pelas condi ções clim á ticas . cu C çG Anéisn i s de crescimento I m regiões caracter i zadas por clima temperado , os an éis de crescimento» e , ime nt o representam habitualmente o incremento 15 anual da árvore. A cada ano é acrescentado um novo anel ao tronco, razão por que são também denominados anéis anuais, cuja contagem permite conhecer a idade do indi- víduo. Em um anel de crescimento típico distinguem-se normal- mente duas partes: lenho inicial (lenho primaveril); lenho tardio (lenho outonal ou estival). O lenho inicial corresponde ao crescimento da árvore no início do período vegetativo, normalmente primavera, quando as plantas despertam do período de dormência em que se encontravam, reassumindo suas atividades fisio- lógicas com todo vigor. As células da madeira formadas nesta ocasião caracterizam-se por suas paredes finas e lu- mes grandes que lhes conferem em conjunto uma colora- ção clara. Coma aproximação do fim do período vegetati- vo, normalmente outono, as células vão diminuindo paula- tinamente sua atividade fisiológica. Em consequência des- te fato, suas paredes vão tornando-se gradualmente mais espessas e seus lumes menores, distinguindo-se do lenho anterior por apresentarem em conjunto uma tonalidade mais escura. É esta alternância de cores que evidencia os anéis de crescimento de muitas espécies, em especial das gimnospermas, vulgarmente conhecidas como coníferas (ver capítulo 5 — Grupos vegetais que produzem madei- ras). (Figura 2.) Emmadeiras de angiospermas dicotiledôneas, comumen- te designadas folhosas,os anéis de crescimento podem des- tacar-se por determinadas características anatômicas, tais como: - Lenho tardio '{ Anel de crescimento { - Lenho inicial < - -é. . i >í A Figura 2— Anel de crescimento deuma gimnosperma (Tsugacanaden- sis (L.) Carr.-Pinaceae) . Fonte:Brown, Panshin & Forsaith, 1949 •alargamento dos raios nos limites dos anéis de crescimen- to (aspecto apenas visível sob microscópio — Figura 3, pontoA). Exemplos:Liriodendron tulipiferah.-Magno- liaceae e pau-marfim ( Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl .-Rutaceae) etc.; concentração ou maior dimensão dos poros no início do período vegetativo (porosidade em anel — Figura 3, pon- lo B). Exemplos: Catalpa bignonioidesWalt.-Bignonia- ceae e cedro (Cedrela fissilis Veil.-Meliaceae) etc.; cspessamento diferencial das paredes das fibras de for- análoga ao que ocorre nas gimnospermas (Figura 3, ponto C). Exemplos: pereira (Pyruscommunis L.-Rosa- ceae ) e bracatinga (MimosascabrellaBenth.-Leg.Mimo- saceae) etc. alter ação no espaçamento das faixas tangenciais de um parênquima axial (reticulado ou escalariforme, ver Parên-q/ uima axial ) como em sapotáceas e lecitidáceas. Exem- plo: ecru (Cariniana decandra Ducke-Lecythidaceae) ma presença de uma faixa de células parenquimáticas nos li- mites dos anéis de crescimento (parênquima marginal— Figura 3, ponto A), que aparece macroscopicamente como uma linha tênue de tecido mais claro. Exemplos: Liriodendron tulipiferaL.-Magnoliaceaee mogno (Swie- tenia macrophylla King-Meliaceae); 16 17 (F i g u r a 3 , p o n t o D ) . E s t e f e n ô m e n o p o d e v i r a c o m p a n h a -d o a d i c i o n a l m e n t e p o r u m m e n o r n ú m e r o o u a u sê n c i ad e p o r o s n o l e n h o t a r d i o (z o n a f i b r o s a ) . C o n f o r m e p o d e s e r c o n s t a t a d o a c i m a , d u a s o u m a i s d e s-t a s c a r a c t e r ís t i c a s p o d e m o c o r r e r s i m u l t a n e a m e n t e n a m e s-m a m a d e i r a c o m o e m L i r i o d e n d r o n t u l i p i f e r a L .- M a g n o l i a-c e a e ( F i g u r a 3 , p o n t o A ) . F i n a l m e n t e e x i s t e m e s pé c i e s c u j o s a n é i s d e c r e s c i m e n t os ã o i n d i s t i n t o s . E x e m p l o : u m i r i ( H u m i r i a f l o r i b u n d aM a r t . - H u m i r i a c e a e ) . A lém d a c a r a c t e r ís t i c a p r ó p r i a d a e s péc i e , é f á c i l c o m p r e-e n d e r q u e á r v o r e s d e r e g iõe s o n d e a s e s t aç õe s d o a n o s ãob e m d e f i n i d a s a p r e s e n t a m e m r e g r a a n éi s d e c r e s c i m e n t on ít i d o s. A o c o n t r á r i o , a s q u e c r e s c e m e m l o c a i s d e c o n d i -ç õe i e l i m á t i c a s c o n s t a n t e s t ê m h a b i t u a l m e n t e a néi s d e c r e s-c i m e n t o i n d i s t i n t o s o u p o u c o e v i d e n t e s. P a r a m u i t a sá r v o -r e s t r o p i c a i s o s a n é i s c o r r e s p o n d e m a p e r í o d o s d e c h u v a ep e río d o s d e s e c a, q u e d a d a s f o l h a s e / o u s i m p l e s m e n t e d o r -m ê n c i a , p o d e n d o a c o r r e r d o i s o u m a i s c i c l o s e m u m a n o .A n éi s d e c r e s c i m e n t o n ã o s ã o p o r t a n t o n e c e s s a r i a m e n t ea n é i s a n u a i s ! E c o m u m e n c o n t r a r e m -s e e m t r o n c o s a néi s d e c r e s c i m e n-t o d e s c o n t ín u o s ( q u e n ã o f o r m a m u m c í r c u l o c o m p l e t oe m t o r n o d a m e d u l a ) e o sc h a m a d o s f a l s o s a n éi s d e c r e s c i -m e n t o. (q u a n d o s e f o r m a m a i s d e u m a n e l p o r p e r ío d o v e g e-t a t i v o) , q u e d i f i c u l t a m a d e t e r m i n a ç ã o e x a t a d a i d a d e d eu m a á r v o r e . A n éi s d e c r e s c i m e n t o d e s c o n t í n u o s o c o r r e mp r i n c i p a l m e n t e e m á r v o r e s v e l h a s a u e a p r e s e n t a m c o p a a s - m a n e c e e m d o r mê n c i a d u r a n t e u m a o u v á r i a s e s t a ç õ e s d ec r e s c i m e n t o , p r o v o c a n d o a d e s c o n t i n u i d a d e d o a n e l . F a l -s o s. a néi s d e c r e s c i m e n t o p o d e m s u r g i r e m v i r t u d e d a p e r -d a t e m p o r á r i a d a f o l h a g e m c a u s a d a p o r g e a d a s t a r d i a S ja t a q u e s f ú n g i c o s o u d e i n s e t o s , o u d e v i d o a e s t í m u l o d e c r e s-c i m e n t o f o r a d a é p o c a, m o t i v a d o p o r c o n d i ç õe s f a v o r á v e i s :u m a p r i m a v e r a s e c a s e g u i d a d e o u t o n o c h u v o s o , d i s p o n i b i -l i d a d e s ú b i t a d e n u t r i e n t e s , e l i m i n a ç ã o d e c o n c o r r e n t e s e t c . F i g u r a 3 — C a r a c t e rís t i c a s a n a t ôm i c a s q u e d e s t a c a m o s a né i s d e c r e s c i - m e n t o e m a n g i o s p e r m a s : A — P a r ê n q u i m a m a r g i n a l e a l a r g a m e n - t o d o s r a i o s n o l i m i t e d o s a né i s d e c r e s c i m e n t o (L i r i o d e n d r o n t u l i p i - f e r a L . - M a g n o l i a c e a e ); B — P o r o s i d a d e e m a n e l (C a t a l p a b i g n o n i o i -d e s Wa / L - B i g n o n i a c e a e) ; C — E s p e s s a m e n t o d i f e r e n c i a l d a s p a r e -d e s d a s f i b r a s n o f i m d o p e r ío d o v e g e t a t i v o : b é t u l a ( p e r e i r a,P y r u sc o m m u n i s L . - R o s a c e a e ); D — A l t e r a ç ão n o e s p aça m e n t o d a s f a i -x a s t a n g e n c i a i s d e p a r ê n q u i m a a x i a l ( c e r u , C a r i n i a n a d e c a n d r aD u c k e - L e c y t h i d a c e a e). I o n t e: A , B, C: G r o s s e r , 1 9 7 7 ; D: a u t o r e s . I m u m a a n á l i s e d e t r o n c o , e s t e s a n éi s p o d e m s e r m u i t a s v e z e s d e t e c t a d o s p o r n ã o a p r e s e n t a r e m u m l i m i t e t ão n í t i - d o c o m o o d o s a n éi s v e r d a d e i r o s. M i c r o s c o p i c a m e n t e , a c a m a d a d e c é l u l a s d e p a r e d e s e s p e s s a s q u e d e t e r m i n a o a n e l f a l s o d e c r e s c e g r a d a t i v a m e n t e t a n t o p a r a o i n t e r i o rc o m o p a r a o e x t e r i o r d o t r o n c o , e n q u a n t o q u e e m a n é i s 1 9 1 8 v e r d a d e i r o s o l i m i t e e n t r e o l e n h o t a r d i o e o i n i c i a l é s e m - p r e a b r u p t o . A lé m d a s a n o r m a l i d a d e s d o s a n é i s d e c r e s c i - m e n t o c o n s i d e r a d a s ( a n é i s d e s c o n t í n u o s e a n é i s f a l s o s ) , r e s - t a c i t a r o s a n é i s e x cê n t r i c o s (v e r C r e s c i m e n t o e x cê n t r i c o ) e o s a n éi s o n d u l a d o s , q u e , c o m o o p r ó p r i o n o m e d i z , a p r e- s e n t a m u m c o n t o r n o s i n u o s o . A c a u s a d e s t e ú l t i m o n ã o f o i e s c l a r e c i d a a t é h o j e e m a d e i r a s c o m e s t a c a r a c t e r ís t i c a s ã o e s p e c i a l m e n t e p r o c u r a d a s p e l a s e x c e l e n t e s p r o p r i e d a - d e s a c ú s t i c a s q u e a p r e s e n t a m . A l a r g u r a d o s a n é i s d e c r e s c i m e n t o , d e g r a n d e r e p e r c u s - s ã o n a s p r o p r i e d a d e s t e c n o l óg i c a s d a m a d e i r a , v a r i a d e s - d e u m a f r a ç ã o d e m i l í m e t r o s a a t é a l g u n s c e n t í m e t r o s , d e - p e n d e n d o d e m u i t o s f a t o r e s : d u r a ç ã o d o p e r ío d o v e g e t a - t i v o , t e m p e r a t u r a , u m i d a d e , q u a l i d a d e d o s o l o , l u m i n o s i r , j j a d e e m a n e j o s i l v i c u l t u r a l ( e s p a ça m e n t o , d e s b a s t e , c o n - c o r r ê n c i a e t c . ) . D e v i d o à g r a n d e i m p o r t â n c i a d o e s t u d o d o s a n éi s d e c r e s - c i m e n t o , v á r i a s t é c n i c a s p a r a t o r n á -l o s m a i s n í t i d o s e a v a - l i á - l o s f o r a m d e s e n v o l v i d a s . E m b o r a n e m s e m p r e c o m b o n s r e s u l t a d o s , a s m a i s c o n h e c i d a s s ã o: A i n t e r p r e t aç ão d o s d i a g r a m a s o b t i d o s n o s t r ês ú l t i m o s m é t o d o s p e r m i t e a i d e n t i f i c a ç ã o d o s l e n h o s i n i c i a l e t a r d i o e c o n s e q u e n t e m e n t e d o s a n éi s d e c r e s c i m e n t o . U m a a n á l i s e d o s a n éi s d e c r e s c i m e n t o f o r n e c e- i n f o r m a - ç õe s i m p o r t a n t e s s o b r e a p l a n t a: s e a p r e s e n t a i n c r e m e n t o r á p i d o ( a n é i s b e m e s p a ça d o s ) o u i n c r e m e n t o l e n t o ( p e q u e - n o e s p a ç o e n t r e o s a n é i s ) , q u a i s a n o s f o r a m d e s f a v o r á v e i s a o c r e s c i m e n t o (e s p a ço s m e n o r e s ) , q u a i s o s f a v o r á v e i s (e s - p a ço s m a i o r e s ) e t c . A l é m d e t r a z e r r e f e r ê n c i a s v a l i o s a s s o - b r e a v i d a d o v e g e t a l, d e g r a n d e i n t e r e s s e p a r a a s i l v i c u l t u - . r a , s i l v i m e t r i a e o r d e n a m e n t o f l o r e s t a l , p o r p e r m i t i r a t r a - vés d e a nál i s e s d e t r o n c o s a e l a b o r aç ã o d e t a b e l a s d e v o l u - m e e p o r f o r n e c e r b a s e s p a r a p r o g n o s e s d e p r o d u ç ã o , o e s - t u d o d a l a r g u r a d o s a n é i s d e c r e s c i m e n t o , r e l a c i o n a d o-c o m- a m e t e o r o l o g i a , p e r m i t e a a v a l i a ç ã o d e p r e c i p i t a ç õ e s h a v i - d a s d u r a n t e o s p e r í o d o s d e a t i v i d a d e v e g e t a t i v a e a i d e n t i f i - c a ç ã o d e v a r i a ç õe s c l i m á t i c a s d e é p o c a s p a s s a d a s . D o e s t u- d o d o s a n é i s d e c r e s c i m e n t o d e s e n v o l v e u -s e u m a c i ê n c i a , a d e n d r o c r o n o l o g i a, q u e t e m c o l a b o r a d o e n o r m e m e n t e c o m a a r q u e o l o g i a e a h i s t ó r i a d a t é c n i c a . A i n t e r p r e t a ç ã o e c o m p a r a ç ã o d e d i f e r e n t e s c u r v a s d e i n - c r e m e n t o , t a r e f a a t u a l m e n t e e x e c u t a d a p o r c o m p u t a d o r e s , p e r m i t e a l o c a l i z a ç ão d a s c h a m a d a s z o n a s d e s i n c r o n i z aç ão ( F i g u r a 4) e_, p o r m e i o d o m é t o d o d e s o b r e p o s i ç ã o , a e l a b o - r a ç ã o d e u m a d e n d r o c r o n o l o g i a r e g i o n a l c o b r i n d o d e t e r - m i n a d o p e r í o d o d e t e m p o n o p a s s a d o . P e l a c o m p a r a ç ã o d o s a n éi s d e c r e s c i m e n t o d e p eça s a n t i g a s d e m a d e i r a , é p o s s í v e l s a b e r, s e a s m e s m a s p r o c e d e m d e s t a r e g i ã o e e m c a s o p o s i t i v o d e t e r m i n a r a s u a i d a d e . ( F i g u r a 4 . ) C Y m s i d e r a n d o -s e a g r a n d e l o n g e v i d a d e q u e p o d e m a l c a n - ç a r i n d i v í d u o s d e a l g u m a s e s pé c i e s — t a i s c o m o s e q u ói a ( S e q u o i a s e m p e r v i r e n s ( D . D o n ) E n dl .- T a x o d i a c e a e ) , 2 0 0 0 a n o s ; s e q u ó i a -g i g a n t e ( S e q u o i a d e n d r o n g i g a n t e u m ( I i n d l . ) R u chh ol z - T a x o d i a c e a e ) , 3 0 0 0 a n o s ; u m e x e m p l a r d e p í n u s ( P i n u s a r i s t a t a E n g e l m . - P i n a c e a e ) , q u e c o m 4 6 0 0 a n o so s é c o n s i d e r a d o o s e r v i v o m a i s v e l h o c o n h e c i d o n a T e r - . a , é f á c i l c o m p r e e n d e r q u e s e u s t r o n c o s c o n s t i t u e m d o - c u m e n t o s h i s t ó r i c o s d e g r a n d e v a l o r r e g i o n a l . A p l i c aç ão d e c o r a n t e s: d e v i d o à s d i f e r e n ç a s e s t r u t u r a i s d o s l e n h o s i n i c i a l e t a r d i o , o c o r r e m u i t a s v e z e s u m a a b - s o r ç ã o d i f e r e n c i a l d a s o l u ç ã o c o r a n t e , t o r n a n d o o s a n éi s m a i s e v i d e n t e s . I m e r sã o e m ác i d o: e m c o n í f e r a s , p o r e x e m p l o , h a v e r á n o r m a l m e n t e u m a c o r r o s ã o m a i s i n t e n s a n a s p a r t e s c o r - r e s p o n d e n t e s a o l e n h o i n i c i a l , d e s t a c a n d o-s e o s a n éi s p o r z o n a s m a i s á s p e r a s o u p o r o n d u l a ç õ e s . • E x p o s iç ão c h a m a d e u m b i c o d e B u n s e n: o s a n éi s s e e v i - d e n c i a r ã o p o r p a r t e s n e g r a s m a i s b r i l h a n t e s . M e d iç ão d a i n t e n s i d a d e l u m i n o s a: a t r a v e s s a u m c o r t e d e l g a d o d e m a d e i r a a o l o n g o d o s a n é i s d e c r e s c i m e n t o . A p a r e l h o s t a t e a d o r e s: d o t a d o s d e u m a a g u l h a q u e p e n e - t r a a p e q u e n o s i n t e r v a l o s n o l e n h o , p e r m i t e m r e g i s t r a r m e c a n i c a m e n t e o e s f o r ç o r e q u e r i d o o u a p r o f u n d i d a d e d e p e n e t r a ç ã o , m e d i a n t e u m a f o r ç a c o n s t a n t e . • E x p o s iç ão a r a i o s X : é m e d i d a a i n t e n s i d a d e d e r a i o s q u e a t r a v e s s a m o l e n h o a o l o n g o d o s a n é i s d e c r e s c i m e n t o . 2 0 2 1 A espessura e a regularidade dos anéis de crescimento são também indicativosde qualidades tecnológicas da ma- deira. Nas gimnqspermas, por exemplo, o lenho inicial com seus elementos de paredes delgadas e lumes grandes, em vista da função primordial de condução, é menos denso. Já o lenho tardio, com suas células de paredes espessas e lumes pequenos, cuja função principal é a sustentação, é mais denso. A densidade de peças de madeira de certas es- pécies éestimada pelo número deanéis que contêm, poden- do ser rejeitadas para determinados usosquando não apre- sentam a quantidade de anéis requerida. Cerne e alburno Em muitas árvores, a parte interna do tronco (cerne) se destaca por sua cor mais escura. A causa da formação do cerne deve-se ao fato de que, com exceção das células pa- renquimáticas que apresentammaior longevidadee perma- necem vivas até certa distância para o interior do tronco (alburno), apenas suas camadasmais periféricas são fisiolo- gicamente ativas: o fluxo ascendente de líquidos retirados do solo ocorre nos anéis de crescimento mais externos do xilema, o transporte da seiva elaborada se dá no floema e finalmente a formação de novas células é realizada pelo câmbio. Assim, à medida que a árvore cresce, as partes internas distanciam-se do câmbio, perdem gradativamente sua ati- v idade vital e adquirem coloração mais escura emdecorrên- cia da deposição de tanino, resinas, gorduras, carboidra- tos e outras substâncias resultantes da transformação dos matcriais de reserva contidos nas células parenquimáticas do alburno interno. Como exemplo de substâncias co- i antes encontradas no cerne de algumas espécies temos: a l u a s i l i n a n o pau-brasil (Guilandina echinata (Lam.) Spreng . Leg. Caesalpiniaceae)1, a hematoxilina no pau- I / - . Caesalpiniaceae 23 c a m p e c h e (.H a e m a t o x y l u m c a m p e c h i a n u m L .- L e g . C a e s a l- p i n i a c e aé) e o l a p a c h o l , d o g ê n e r o T a b e b u i a ( B i g n o n i a c e a e) , s u b s t â n c i a o r g â n i c a c r i s t a l i n a d e c o r a m a r e l a . A l é m d a s m o d i f i c a ç õe s m e n c i o n a d a s , e m d e t e r m i n a d a s a n g i o s p e r m a s , a s s o c i a d a à f o r m a ç ã o d o c e r n e , o b s e r v a-s e a o c o r r ê n c i a d e t i l o s e — o b s t r u ç ã o d o l u m e d o s v a s o s p o rt i l o s, q u e c o n s i s t e m e m p r o l i f e r a ç õ e s d e cé l u l a s p a r e n q u i - m á t i c a s a d j a c e n t e s q u e n e l e s p e n e t r a m p e l a s p o n t o a ç õ e s ( F i g u r a 5 ) . E s t e f e n ô m e n o é a t r i b u í d o a d i f e r e n ç a s d e p r e s - s ã o e n t r e v a s o s e cé l u l a s d e p a r ê n q u i m a c o n t íg u a s . E n q u a n - t o a q u e l e s c o n d u z e m o s f l u i d o s a t i v a m e n t e , a s p r e s s õ e s d e n t r o d a s cé l u l a s d e a m b o s s ã o m a i s o u m e n o s i d ê n t i c a s . P o r é m , c o m a d i m i n u i ç ã o d a i n t e n s i d a d e d o f l u x o d e l í q u i - d o s n o s v a s o s , a p r e s s ã o n o i n t e r i o r d a s cél u l a s p a r e n q u i m á - t i c a s t o r n a -s e b e m m a i o r e , e m c o n s e q u ê n c i a , a f i n a p a r e - d e p r i m á r i a d a s p o n t o a ç õe s d o p a r ê n q u i m a s e d i s t e n d e p e- n e t r a n d o n a c a v i d a d e d o s v a s o s . F e r i m e n t o s e x t e r n o s p o - d e m e s t i m u l a r a f o r m a ç ã o d e t i l o s v i s a n d o b l o q u e a r a p e n e- t r a ç ã o d e a r n a c o l u n a d e l íq u i d o s e m c i r c u l a ç ã o . À s v e z e s , o s u r g i m e n t o d e t i l o s é d e c o r r e n t e d a d e g r a d a ç ão e n z i m á t i - c a d a s m e m b r a n a s d e p o n t o a ç õe s p o r f u n g o s x i l ó f a g o s . O s t i l o s q u e a p a r e c e m m a c r o s c o p i c a m e n t e c o m o m e m - b r a n a s t r a n s p a r e n t e s b r i l h a n t e s d e n t r o d o s v a s o s s ã o i m - p o r t a n t e s n a i d e n t i f i c a ç ã o d e m a d e i r a s . S u a p r e s e n ç a é t í p i- c a e m g ê n e r o s c o m o: P l a t a n u s, P r u n u s, Q u e r c u s, R o b i n i a, P o p u l u s, C a r y a, C a s t a n e a , L e c y t h i s, A s t r o n i u m e t c. e t a m - b é m e m e s p é c i e s c o m o , p o r e x e m p l o , t a t a j u b a ( B a g a s s a g u i a n e n s i s A u bl .- M o r a c e a e ) , a s s a c u ( H u r a c r e p i t a n s L . - E u p h o r b i a c e a e) e t c., e n q u a n t o q u e e m o u t r a s m a d e i r a s sã o p r a t i c a m e n t e a u s e n t e s , c o m o é o c a s o d a f a m íl i a d a s m e l i á - çe a s . A s d i m e n s õ e s d a s p o n t o a ç õ e s d a s p a r e d e s d o s v a s o s c o n s t i t u e m f a t o r l i m i t a n t e p a r a o a p a r e c i m e n t o d e t i l o s , s e n d o q u e e s t e s só p o d e m s e d e s e n v o l v e r e m m a d e i r a s e m q u e a q u e l a s sã o m a i o r e s d o q u e 7 ÿ m 2 . T i l o s p o d e m s e r e x c e p c i o n a l m e n t e o b s e r v a d o s e m f i b r a s c o m p o n t o a ç õ e s g r a n d e s ( y e r F i b r a s ) , c o m o e m a l g u n s g ê - n e r o s d e l a u r á c e a s e m a g n o l iá c e a s . N o q u e d i z r e s p e i t o à u t i l i z a ç ã o d a m a d e i r a , o s t i l o s d i f i - c u l t a m a s e c a g e m e a s u a i m p r e g n a ç ã o c o m s u b s t â n c i a s p r e- s e r v a t i v a s, já q u e o b s t r u e m a s v i a s n o r m a i s d e c i r c u l a ç ã o d e l í q u i d o s . P o r o u t r a d a d o , e n t r e o u t r a s c a r a c t e r ís t i c a s , a s t i l o s e s s ã o e m p a r t e r e s p o n s á v e i s p e l a s e x c e l e n t e s q u a l i - d a d e s d a m a d e i r a d e c a r v a l h o (Q u e r c u s r o b u r L .- F a g a c e a e ) n a c o n f e cç ã o d e b a r r i s p a r a a r m a z e n a m e n t o d e b e b i d a s a l- c o ó l i c a s . O s t i l o s c o n s t i t u e m b a r r e i r a s f ís i c a s q u e s e a n t e - p õ e m à p e n e t r a ç ã o d e f u n g o s x i l ó f a g o s , d i f i c u l t a n d o - a . E m c a s o s e s p e c i a i s , a s t i l o s e s p o d e m a u m e n t a r a m a s s a e s - p e cí f i c a 3 d a m a d e i r a . T i l o s s ã o t a m b é m e n c o n t r a d o s e m g i m n o s p e r m a s . O c o r - r e m n o s t r a q u e ói d e s a x i a i s (v e r T r a q u eói d e s a x i a i s ) d e e s pé - c i e s q u e a p r e s e n t a m p o n t o a ç õ e s d o c a m p o d e c r u z a m e n t o d o t i p o f e n e s t r i f o r m e ( v e r p . 6 2 e F i g u r a s d e 2 2 a 2 5 ) , c o - m o r e s u l t a d o d e i n j ú r i a s m e c â n i c a s , i n f e c ç õ e s o u e s t í m u - l o q u í m i c o . I c o m u m e n c o n t r a r e m -s e n o c e r n e o s c a n a i s r e s i n í f e r o s d as g i m n o s p e r m a s o b s t r u í d o s p e l a d i l a t a ç ã o d a s c é l u l a s F i g u r a 5 L u m e d o v a s o i n v a d i d o p o r t i l o s: A — S eç ã o t r a n s v e r s a l ;B — S e ç ã o l o n g i t u d i n a l t a n g e n c i a l. F o n t e: J a c q u i o t T r e n a r d & D u r o l , 1 9 7 3 , v e r sã o m o d i f i c a d a p e l o s a u t o r e s. ' | ' i c i a t u a l m e n t e u s a d o e m l u g a r d e p e s o e s p e c í f i c o , . 2 4 2 5 O u t r o f e n ô m e n o q u e p o d e l i m i t a r a p a s s a g e m d e f l u i d o s p e l a s p o n t o a ç õe s é a i n c r u s t aç ão, o u s e j a , a d e p o s i ç ã o d e m a t e r i a i s , i g u a l m e n t e d e o r i g e m o r g â n i c a , n a s m a l h a s d o r e t íc u l o d e s u s t e n t aç ã o . P o r p o s s u i r u m t e c i d o m a i s c o m p a c t o e c o m b a i x o t e o r d e n u t r i e n t e s ( t i l o s e s , p o n t o a ç õ e s a s p i r a d a s , p r e s e n ç a d e s u b s t â n c i a s r e p e l e n t e s e / o u t óx i c a s , a u sê n c i a d e c o n t e úd o c e l u l a r ) , o c e r n e é m u i t o m e n o s s u s c e t í v e l à a ç ã o d e a g e n -t e s d e g r a d a d o r e s e a p r e s e n t a u m a d u r a b i l i d a d e n a t u r a l s u -p e r i o r à d o a l b u r n o . E m c a s o d e t r a t a m e n t o s p r e s e r v a t i v o s , e n t r e t a n t o , o c e r n e , é b e m m e n o s a c e s s í v e l à p e n e t r a ç ã o d e s o l u ç õe s i m u n i z a n t e s . C o m o j á m e n c i o n a d o , a r e g i ã o p e r i f é r i c a d o a l b u r n o r e-p r e s e n t a , j u n t a m e n t e c o m o câ m b i o , a p a r t e d e m a i o r a t i v i -d a d e f i s i o l óg i c a n o t r o n c o : a s cél u l a s c o n d u t o r a s d a s z o -n a s m a i s e x t e r n a s p a r t i c i p a m a t i v a m e n t e d o t r a n s p o r t e a s - c e n d e n t e d e líq u i d o s n a á r v o r e e s u a s cél u l a s p a r e n q u i m á t i -c a s v i v a s e n c e r r a m s u b s t â n c i a s n u t r i t i v a s ( a m i d o , a ç ú c a r e s , p r o t e í n a s e t c . ) , q u e s ã o e m p a r t e r e s p o n s á v e i s p e l a s u a m a i o r s u s c e t i b i l i d a d e a o a t a q u e d e i n s e t o s e f u n g o s , f r e q u e n-t e m e n t e p o r e l a s a t r a í d o s . A p r o p o r ç ã o d e c e r n e e a l b u r n o v a r i a d e n t r o d a p r ó p r i a á r v o r e e , a l é m d e o u t r o s f a t o r e s , d e p e n d e d a e s p é c i e , i d a - d e , s ít i o , s o l o e c l i m a . N e m s e m p r e o c e r n e s e d e s t a c a d o a l b u r n o p o r u m a c o l o-r a ç ã o m a i s i n t e n s a , a p e s a r d e e x i s t i r f i s i o l o g i c a m e n t e . F a - l a -s e n e s t e c a s o d e “ c e r n e f i s i o lóg i c a” . É o c a s o d o c h o u -p o ( P o p u l u s s p - S a l i c a c e a e e C a r y o c a r s p -C a r y o c a r a c e a e) , p o r e x e m p l o . E x i s t e m a i n d a e s p é c i e s e m q u e o c e r n e é a b s o - l u t a m e n t e a u s e n t e . Gi c n e r a l i z a n d o , a s p r i n c i p a i s d i f e r e n ça s e n t r e o c e r n e e o a l b u r n o s ã o : e p i t e l i a i s ( v e r Cél u l a s e p i t e l i a i s ) q u e o c i r c u n d a m , f e nôm e - n o c o n h e c i d o p o r t i l o sói d e. E m c o n s e q u ê n c i a , a r e s i n a é e x p e l i d a d o s m e s m o s , i m p r e g n a n d o o s t e c i d o s v i z i n h o s . O c e s s a r d a s a t i v i d a d e s f i s i o lóg i c a s d e c o n d u ç ã o e a r m a - z e n a m e n t o , q u e c a r a c t e r i z a a f o r m a ç ã o d o c e r n e , a c a r r e - t a n a s g i m n o s p e r m a s , e n t r e o u t r o s e f e i t o s , o f e c h a m e n t o d a s p o n t o a ç õe s a r e o l a d a s ( F i g u r a 1 8 ) . E m c o n s e q u ê n c i a d a s u s p e n s ã o g r a d a t i v a d a c i r c u l a ç ã o d e l í q u i d o s p e l a s cé l u - l a s , o t o r a, p a r t e e s p e s s a l o c a l i z a d a n o c e n t r o d o r e t í c u l o d e s u s t e n t a ç ã o ( m a r g o ) , t o r n a -s e m a i s o u m e n o s i n a t i v o , e n c o s t a n d o -s e n u m d o s l a d o s . A p o n t o a ç ã o n e s t a s c o n d i - ç õe s , d e n o m i n a d a p o n t o aç ão a s p i r a d a ( F i g u r a 6) , d i f i c u l- t a o u p o d e b l o q u e a r c o m p l e t a m e n t e a p a s s a g e m d e f l u i - d o s , u m a v e z q u e a p e n a s o r e t í c u l o d e s u s t e n t a ç ã o é p e r - m eá v e l , e o t o r o s e e n c o n t r a m u i t a s v e z e s i r r e v e r s i v e l m e n t e c o l a d o p o r s u b s t â n c i a s o r g â n i c a s . P o n t o aç õ e s a s p i r a d a s n ã o s e l i m i t a m e x c l u s i v a m e n t e a o c e r n e , p o i s , c o m o j á f o i m e n c i o n a d o , t a m bé m c o n s - t i t u e m u m r e c u r s o d o v e g e t a l p a r a i m p e d i r a p e n e t r a - ç ã o d e a r n a c o l u n a a s c e n d e n t e d e l íq u i d o s e m c a s o d e f e r i - m e n t o s . • o c e r n e a p r e s e n t a , v i a d e r e g r a , c o r m a i s e s c u r a ; o c o r n o a p r e s e n t a m e n o r t e o r d e u m i d a d e d e v i d o à r e d u - ç ã o d a a t i v i d a d e f i s i o l ó g i c a ; o c e r n e é m a i s r e s i s t e n t e a o a t a q u e d e a g e n t e s x i l ó f a g o s- d e g r a d a d o r e s; F i g u r a 6 P o n t o aç ã o a r e o l a d a: A T o r o e m p o s iç ã o n o r m a l , p e r m i - t i n d o a c i r c u l aç ão d e l q u i d o s (s e t a ); B P o n t o aç ão a s p i r a d a: t o r o d e s l o c a d o, b l o q u e a n d o a p a s s a g e m d e f l u i d o s ; C V i s t a f r o n t a l d o t o r o n o c e n t r o d a s m a l h a s d o r e t c u l o d e s u s t e n t aç ão . 2 72 6 •o c e r n e é m e n o s p e r m eá v e l , s e c a n d o e r e c e b e n d o s o l u - ç õe s p r e s e r v a t i v a s c o m m a i s d i f i c u l d a d e . v e n s , n a s q u a i s , s e g u n d o G r o s s e r , 1 9 7 7 , p a r t i c i p a t a m b é m d a c o n d u ç ã o a s c e n d e n t e d e lí q u i d o s . O s e u t a m a n h o , c o l o -r a ç ã o e f o r m a , p r i n c i p a l m e n t e n a s a n g i o s p e r m a s d i c o t i l e - d ô n e a s, sã o m u i t o v a r iá v e i s. P o r s e r c o n s t i t u í d a d e t e c i d o p a r e n q u i m á t i c o , a m e d u l a é u m a r e g i ã o s u s c e t í v e l a a p o d r e c i m e n t o s c a u s a d o s p o r f u n - g o s ( t o r a s o c a s ) . E m m u i t a s l e g u m i n o s a s , o e l e v a d o t e o r d e i n f i l t r aç õ e s d o c e r n e f a z c o m q u e e s t e a p r e s e n t e m a i o r m a s s a e s p e cí f i - c a d o q u e o a l b u r n o , s e m c o n t u d o a u m e n t a r - l h e a s p r o p r i e - d a d e s d e r e s i s t ê n c i a m e câ n i c a . R a i o s Sã o f a i x a s h o r i z o n t a i s d e c o m p r i m e n t o i n d e t e r m i n a d o , f o r m a d a s p o r cé l u l a s p a r e n q u i m á t i c a s , i s t o é , e l e m e n t o s q u e d e s e m p e n h a m p r i m o r d i a l m e n t e a f u n ç ã o d e a r m a z e n a- m e n t o d e s u b s t â n c i a s n u t r i t i v a s , d i s p o s t a s r a d i a l m e n t e n o t r o n c o . Só s ã o n i t i d a m e n t e v i sí v e i s a o l h o n u q u a n d o e x t r e- m a m e n t e l a r g o s e a l t o s c o m o n o c a r v a l h o ( Q u e r c u s s p - F a- g a c e a e ) , e r v a - m a t e ( I l e x p a r a g u a r i e n s i s S t . H i l . - A q u i f o l i a- c e a e) , l o u r o - f a i a (R o u p a l a s p - P r o t e a c e a e ) , e o u t r a s . A p r e - s e n t a m u m a g r a n d e r i q u e z a d e d e t a l h e s e v a r i a ç õ e s m o r f o - l óg i c a s q u a n d o o b s e r v a d o s n a s s e ç õe s l o n g i t u d i n a i s r a d i a l e t a n g e n c i a l , c o n s t i t u i n d o i m p o r t a n t e s e l e m e n t o s p a r a a a n a t o m i a d a m a d e i r a e i d e n t i f i c a ç ã o d e e s p é c i e s . A l é m d a f u n ç ã o d e a r m a z e n a m e n t o , o s r a i o s f a z e m t a m b é m o t r a n s - p o r t e h o r i z o n t a l d e n u t r i e n t e s n a á r v o r e . S u a s cé l u l a s , c o m o o s d e m a i s e l e m e n t o s p a r e n q u i m á t i c o s , a p r e s e n t a m u m a l o n g e v i d a d e m a i o r e m c o m p a r a ç ã o c o m a s o u t r a s cé l u l a s q u e c o n s t i t u e m o l e n h o . O t e r m o r a i o m e d u l a r d e s i g n a g e n e r i c a m e n t e a p e n a s o s r a i o s f o r m a d o s n o s p r i m e i r o s a n o s d e c r e s c i m e n t o , q u e s e e n c o n t r a m r e a l m e n t e e m c o n t a t o c o m a m e d u l a . M e d u l a A m e d u l a é a p a r t e q u e n o r m a l m e n t e o c u p a o c e n t r o d o t r o n c o , c u j a f u n ç ã o é a d e a r m a z e n a r s u b s t â n c i a s n u t r i t i - v a s . S e u p a pe l é e s p e c i a l m e n t e i m p o r t a n t e n a s p l a n t a s j o - 2 8 2 9 para cima . As células produzidas pelo meristema apical v ã o constituir os tecidos prim á rios , como por exemplo a medula , o c ó rtex , a epiderme etc. Nas plantas jovens , h á uma predomin â ncia de crescimento apical , o que explica a forma c ó nica de muitas espécies como o pinheiro -do- pa - ran á ( Araucaria angustifolia ( Bert . ) O . Ktze .-Araucaria- ceae) enquanto jovens . O crescimento em di â metro deve -se ao meristema cam - bial, tecido constitu í do por uma camada de cé lulas que se localiza entre o floema ( casca interna ) e o alburno ( Figura 1) . É o câ mbio o formador dos tecidos secund á rios do vege- tal , entre os quais se destaca o lenho ou xilema secund á rio , objeto de estudo da anatomia da madeira . Distinguem - se no câ mbio dois tipos de cé lulas: 2. Fisiologia da árvore •as iniciais fusiformes , que originam todos os elementos celulares axiais do lenho ; as iniciais radiais , que produzem os elementos celulares transversais do lenho . ( Figura 7 . )Foi visto que as principais fun çõ es das cé lulas na á rvores ã o crescimento , condu çã o de l í quidos , sustenta çã o do ve - getal e condu çã o , transforma çã o e armazenamento de subs - t â ncias nutritivas . Faremos uma explana çã o breve e superficial destas ativi - dades fisiol ógicas, ressaltando a posi çã o do lenho no gran- de complexo da fisiologia , assunto tratado mais profunda - mente em bot â nica . A forma çã o de novas células d á -se da seguinte maneira: em uma célula do câ mbio ( cé lula - m ã e ou inicial ) surge uma parede num plano tangencial ( periclinal ) , originando duas cé lulas mais estreitas , absolutamente id ê nticas no in ício . Uma das duas cé lulas mant é m o seu car á ter embrion á rio e sofre um aumento de tamanho tornando-se uma cé lula - m ã e original . A outra célula se diferenciar á em um elemen - to constituinte ou do lenho ( xilema ) ou do floema ( casca interna ) . Se a cé lula que mant é m o seu car á ter embrion ário é a mais externa das duas , a outra célula cont ígua ir á cons - t ituir o lenho . Se for a mais interna , a outra cé lula ir á for - mar o floema . ( Figura 8 . ) Uma vez formada , a nova célula xilem á tica ir á sofrer um processo de diferencia çã o que envolve modifica çõ es n . a forma e tamanho , at é se constituir num dos elementos t í picos do lenho em quest ã o , conforme determina çã o do c ó iligo gen é tico que a originou . < Crescimento O crescimento das á rvores é devido à presen ça de tecidos designados meristemas (do grego meristos: divisível ) , dota- dos da capacidade de produzir novas células . O meristema apical , que é o respons á vel pelo crescimento em altura , representa uma por çã o í nfima da á rvore e locali - za -se no á pice do tronco e ramos . Por meio de sucessivas divis ões celulares , novas cé lulas s ã o acrescentadas para baixo , enquanto o tecido meristemá tico vai sendo deslocado 3130 X 2a X 2b X x a X x a x1a1X 2 a X1a1X 2 a X1aX x a X x b X x bX 2 a X1a1 - X x a X x b X x b x X x b xX x b X x b x X XX XX Figura 8 — Esquema da divisã o celular do c â mbio para o crescimen - to em espessura do tronco: c - câmbio; F - floema; X - xilema . Fonte: Panshin & Zeeuw , 1980 . Em consequ ê ncia da produ çã o cont í nua de novas cé lu - las para o interior do tronco , resulta um aumento em peri - , C A M B I O feria , tornando-se també m necessá rio um acr éscimo de c é -R a d i a l lulas no sentido tangencial . Para isso surgem paredes divi -P a r e d e t r a n s v e r s a l . >p o n t o a d a d e s ó rias num plano radial ( anticlinal ) nas cé lulas cambiais ,t r a q u e i d e *»v a s c u l a r as quais podem ser:P l a c a d e p e r f u r a ç ã o \ ' J e s c a l a r i f o r m e V C é e p i t e l i a l ' •retas , originando uma estrutura organizada dos elemen - tos celulares axiais e denominada estrutura estratificada O (ver Estrutura estratificada, Figuras 9 , ponto B , e 43 )i °& inclinadas , dando origem a uma estrutura sem organiza - Q çã o especial destes elementos (Figura 9 , ponto A ) .3' O S j Com exce ção das c é lulas parenquim á ticas ( raios e par ê n -2 P l a c a s d e quima axial ) , que armazenam subst â ncias nutritivas e apre -3p e r f u r a ç ã o \ sentam grande longevidade , apenas as células mais jovens do lenho pr óximas ao câ mbio sã o cé lulas vivas , apresentan -t o o do n cleos e conte ú do celular . As demais morrem precoce - mente , perdendo o seu protoplasma ; tornam -se simples - mente tubos ocos , nos quais apenas a estrutura da parede celular é mantida . 33 Sustentaçã o do vegetal A fun çã o de sustenta çã o é desempenhada nas gimnos - permas e angiospermas principalmente pelas células alon - gadas que constituem , via de regra , a maior parte do xile - ma secund ário: os traqueó ides axiais (ver Traqueóides axiais) , no caso das gimnospermas , chegam a uma propor - çã o de at é 95 % , como no pinheiro - do - paran á { Araucaria angustifolia ( Bert . ) O . Ktze . - Araucariaceae ) , particular - mente aqueles correspondentes ao lenho tardio ; no caso das angiospermas , as fibras (ver Fibras ) representam de 20 a 80 % do lenho . Condução de l í quidos As subst â ncias retiradas do solo pelas ra ízes ( á gua e sais minerais ) ascendem na forma de seiva bruta pelas regi õ es externas do alburno . Ao atingir as partes do vegetal que possuem clorofila , sã o transformadas pelo processo da fo- toss í ntese em subst â ncias nutritivas , que descem pelas re - gi õ es internas da casca ( floema ) , nutrindo a á rvore. ( Figu - ra 11 ) . As cé lulas que desempenham por excel ê ncia a fun - çã o de condu çã o de l í quidos no lenho das gimnospermas e angiospermas ser ã o tratadas em detalhe mais adiante : os traque ó ides axiais ( ver Traque óides axiais ) e os vasos ( ver Vasos ) , respectivamente . Transformaçã o , condução e armazenamento de subst â ncias nutritivasSeiva Bruta Seiva Elaborada A transforma ção de seiva bruta em seiva elaborada se processa nos ó rg ã os do vegetal que possuem clorofila , prin - cipalmente nas folhas , por meio da fotossí ntese . Uma vez transformados os produtos da assimila çã o , seu transporte se d á no floema , parte interna da casca ( ver Cas- ca, Figuras 1 e 11 ) , pelas_células especiais: os tubos criva- dos ( angiospermas ) e cé lulas crivadas (gimnospermas ) . Ao contr á rio dos traqueóides e dos vasos , que assumem a fun çã o de condu çã o ap ó s sua morte , as cé lulas do floe- ma , responsá veis pelo transporte da seiva elaborada , s ã o cé lulas vivas , translocando os nutrientes pela pressã o osm ó - t ica de seus protoplasmas . O armazenamento das subst â ncias nutritivas é feito nos tecidos parenquim á ticos: medula ( ver Medula ) , par ê nqui - m a axial ( ver Parê nquima axial ) e par ê nquima radial ou i aios ( ver Raios eParê nquima transversal ) . Ocasionalmen - te . fi b as vivas , principalmente as septadas (verFibrassep- tadas ) , podem armazenar subst â ncias nutritivas . Figura 11 — Conduçã o de líquidos no tronco . 37 36 S eç ã o t r a n s v e r s a l 3. P l a n o s a n a tôm i c o s d e c o r t e S eç ã o l o n g i t u d i n a l r a d i a l S e ç ã o l o n g i t u d i n a l t a n g e n c i a l F i g u r a 1 2 — P l a n o s a n a t ôm i c o s d e c o r t e . F o n t e D e s c h , 1 9 6 2 P o r s e t r a t a r d e u m o r g a n i s m o h e t e r o gé n e o c o n s t i t u íd o p o r cé l u l a s d i s p o s t a s e o r g a n i z a d a s e m d i f e r e n t e s d i r e ç õe s , o a s p e c t o d a m a d e i r a v a r i a d e a c o r d o c o m a f a c e o b s e r v a - d a . P a r a e s t u d o s a n a t ô m i c o s , a d o t a m -s e o s s e g u i nt e s p l a - n o s c o n v e n c i o n a i s d e c o r t e : • t r a n s v e r s a l ( X ) : p e r p e n d i c u l a r a o e i x o d a á r v o r e ;•l o n g i t u d i n a l r a d i a l ( R ) : p a r a l e l o a o s r a i o s o u p e r p e n d i c u - l a r a o s a n é i s d e c r e s c i m e n t o ; l o n g i t u d i n a l t a n g e n c i a l (T ): t a n g e n c i a n d o o s a néi s d e c r e s-c i m e n t o , o u p e r p e n d i c u l a r a o s r a i o s . ( F i g u r a 1 2 . ) A l é m d a a p a r ê n c i a , t a m b é m o c o m p o r t a m e n t o f ís i c o-m e c â n i c o d a m a d e i r a d i f e r e e m c a d a u m d e s t e s t r ê s s e n t i -d o s , f e n ô m e n o c o n h e c i d o c o m o a n i s o t r o p i a. P o r a p r e s e n - t a r e s t a p e c u l i a r i d a d e , a m a d e i r a é u m m a t e r i a l a n i s o t r ó p i c o . 3 8 3 9 Gaudich - Moraceae) e o pau - campeche ( Haematoxylum campechianum L .- Leg . Caesalpiniaceae) etc. A cor é de import â ncia secund á ria para a anatomia e iden - tifica çã o de madeiras e deve ser considerada com reservas , pois é comum encontrar -se entre indiv í duos de uma mes - ma espé cie e at é em um ú nico tronco uma ampla gama de varia çã o natural de tonalidades — por exemplo entre cer - ne e alburno — , deposi çõ es anormais de subst â ncias coran - tes etc. Poucas s ã o as madeiras que apresentam uma colora- çã o inconfund í vel como o pau - roxo ( Peltogyne sp - Leg . Caesalpiniaceae) , o pau - amarelo (Euxylophora paraensis Huber - Rutaceae) , o é bano ( Diospyros ebenum Koenig - Ebenaceae) etc . A cor da madeira altera -se tamb é m com o teor de umida - de , normalmente escurecendo quando exposta ao ar , em virtude da oxida çã o de componentes org â nicos contidos no lenho ; quando exposta ao sol ; quando em contato com determinados metais ou quando atacada por certos fungos e bact é rias . Finalmente a cor é pass í vel de modifica çõ es ar - tificiais por meio de tinturas e descolora ções ( por exemplo , mudan ças de cor produzidas pela á gua ou vapor ) . Sob es - te aspecto , muitas espé cies s ã o alteradas e comercializadas como madeiras valiosas , da í a import â ncia de uma identifi - ca çã o fundamentada em caracteres anat ô micos peculiares e inalter á veis . Devido à sua subjetividade , ao se descrever a apar ê ncia macrosc ó pica de madeiras , recomenda-se o uso da tabela de cores de Munsell para tecidos vegetais ( MUNSELL COLOR — Munsell color chart for plant tissues. Baltimore , 1952) ou para solos { Munsell soil color chart . Baltimore , 1975) . 4. Propriedades organolé pticas da madeira Cor Esta propriedade tem um significado todo especial para os brasileiros , uma vez que foi da cor avermelhada da ma - deira de uma espécie nativa , o pau - brasil ( Guilandina echi- nata ( Lam . ) Spreng . -Leg. Caesalpiniaceae) , que se origi - nou o nome de seu pa í s . A varia çã o da cor natural da madeira é devida à impreg - na çã o de diversas subst â ncias org â nicas nas cé lulas e nas paredes celulares (tanino , resinas etc.) , depositadas de for - ma mais acentuada no cerne . Alguns destes produtos s ã o t ó xicos para fungos , insetos e agentes marinhos xil ó fagos , raz ã o por que freqiientemente madeiras de cores escuras apresentam grande durabilidade . A cor da madeira é de grande import â ncia sob o ponto de vista pr á tico pela influ ê ncia que exerce sobre o seu valor decorativo . Subst â ncias corantes , quando presentes em ele- vadas concentra ções , podem ser extra í das comercialmen - te e aplicadas na tintura de tecidos , couros etc . , como , por exemplo , o pau - brasil , a tai ú va ( Chlorophora tinctoria Cheiro O cheiro é uma caracter ística dif ícil de ser definida . O ' odor t í pico que algumas madeiras apresentam deve-se à p r i e se - n ç a de certas subst â ncias vol á teis que se concentrani- P r i n u i palmente no cerne . Devido à volatilidade destes mate- 40 41 G r ãr i a i s , o c h e i r o t e n d e a d i m i n u i r m e d i a n t e a e x p o s i ç ã o , m a s p o d e s e r r e a lça d o r a s p a n d o -s e, c o r t a n d o -s e o u u m e d e c e n - d o -s e a m a d e i r a s e c a . O o d o r n a t u r a l d a m a d e i r a p o d e s e r a g r a d á v e l c o m o o d o s a s s a f r á s ( O c o t e a p r e t i o s a ( N e e s ) M e z - L a u r a c e ae) , d o p a u - r o s a (. A n i b a d u c k e i K o s t e r m .- L a u r a c e ae) , d o c e d r o ( C e d r e l a f i s s i l i sVell .- M e l i a c e a e ) , d o c e d r o - r o s a (C e d r e l a o d o ra t a L .- M e l i a c e ae) , o u d e s a g r a d á v e l c o m o o d e a l g u - m a s c a n e l a s d o g ê n e r o N e c t a n d r a ( L a u r a c e ae) , v a l o r i z a n - d o o u l i m i t a n d o a s u a u t i l i z a ç ã o . N a c o n f e c ç ã o d e e m b a l a - g e n s p a r a c h á e p r o d u t o s a l i m e n t íc i o s , a s m a d e i r a s d e v e m s e r i n o d o r a s . N o c a s o e s p e c í f i c o d e c h a r u t o s , e n t r e t a n t o , o s a b o r m e l h o r a q u a n d o e s t e s sã o a c o n d i c i o n a d o s e m c a i - x a s d e m a d e i r a d e c e d r o (C e d r e l a s p - M e l i a c e a e) . P o r s e u a g r a d á v e l a r o m a , a l g u m a s e s p éc i e s são e x p l o r a - d a s c o m e r c i a l m e n t e n a f a b r i c a ç ã o d e a r t i g o s d e p e r f u m a- r i a c o m o o c e d r o - r o s a e o sâ n d a l o ( S a n t a l u m a l b u m L .- S a n - t a l a c e ae) . S e g u n d o P a n s h i n & Z e e u w , 1 9 8 0 , a m a d e i r a d e s - t e ú l t i m o é u s a d a n o O r i e n t e c o m o i n c e n s o e o c i n a m o m o - câ n f o r a (C i n n a m o m u m c a m p h o r a ( L . ) P r e s l .- L a u r a c e ae) é e m p r e g a d o n a c o n f e c ç ã o d e b a ú s p a r a a r m a z e n a m e n t o d e lãs e p e l e s , p o r s u a p r o p r i e d a d e d e r e p e l i r i n s e t o s . O t e r m o g r ã-r e f e r e- s e-à o r i e n t a ç ão g e r a l d o s e l e m e n t o sv e r t i c a i s c o n s t i t u i n t e s d o l e n h o e m r e l a ç ã o a o e i x o d a á r v 0- r e ((o u p eça s d e m a d e i r a ) . E m d e c o r r ê n c i a d o p r o c e s s o d ec r e s c i m e n t o , s o b a s m a i s d i v e r s a s i n f l u ê n c i a s , h á u m a g r a n -d e v a r i a ç ã o n a t u r a l n o a r r a n j o e d i r e ç ã o d o s t e c i d o s a x i a i s ,o r i g i n a n d o v á r i o s t i p o s d e g r ã s : G rã d i r e i t a ( l i n h e i r a o u r e t a ) E s t e t i p o , q u e é c o n s i d e r a d o o n o r m a l , a p r e s e n t a o s t e c i -d os _a x i a i s o r i e n t a d o s p a r a l e l a m e n t e a o e i x o p r i n c i p a l d ot r o n c o o u p e ça s d e m a d e i r a . É a p r e c i a d o n a p r á t i c a p o rc o n t r i b u i r p a r a u m a e l e v a d a r e s i s t ê n c i a m e câ n i c a , e p o rs e r d e f á c i l d e s d o b r o e p r o c e s s a m e n t o , b e m c o m o p o r n ã op r o v o c a r d e f o r m a ç õe s i n d e s e j á v e i s p o r o c a s i ã o d a s e c a g e md a m a d e i r a . S o b o p o n t o d e v i s t a d e c o r a t i v o , e n t r e t a n t o ,a s s u p e r f íc i e s s e a p r e s e n t a r ã o c o m u m a s p e c t o b a s t a n t e r e-g u l a r e s e m f i g u r a s o r n a m e n t a i s e s p e c i a i s . G rãs i r r e g u l a r e s I n c l u e m m a d e i r a s c u j o s e l e m e n t o s a x i a i s a p r e s e n t a m v a -r i a ç õe s d e i n c l i n a ç ã o q u a n t o a o e i x o l o n g i t u d i n a l d o t r o n - C o O U p e ça s d e m a d e i r a . D e n t r o d a s g r ãs i r r e g u l a r e s d i s t i n -g u e m -s e a s s e g u i n t e s v a r i a n t e s : • Gr ã e s p i r a l ( t o r c i d a ) — É d e t e r m i n a d a p e l a o r i e n t a ç ã oe s p i r a l d o& l^ e m e ntos a xi a i s c o n s t i t u i n t e s d a m a d e i r a e mr e l a ç ã o a o e i x o d o t r o n c o . E m á r v o r e s v i v a s , s u a p r e s e n -ç a p o d e s e r m u i t a s v e z e s d e n o t a d a p e l a a p a r ê n c i a e s p i r a l a -d a d a c a s c a , p o d e n d o , n o e n t a n t o , e s t a r o c u l t a s o b u m a c a s c a d e a s p e c t o n o r m a l . ( F i g u r a 1 3 . ) H a v e n d o u m a v o l t a c o m p l e t a e m t o r n o d o e i x o d a á r v o - r e e m m e n o s d e 1 0 m e t r o s , a m a d e i r a a p r e s e n t a l i m i t a -s ' i n d u s t r i a i s , s o b r e t u d o c o m o m a t e r i a l d e c o n s t r u ç ã o . G o s t o O g o s t o e o c h e i r o sã o p r o p r i e d a d e s i n t i m a m e n t e r e l a c i o - n a d a s p o r s e o r i g i n a r e m d a s m e s m a s s u b s t â n c i a s . N a p r á t i - c a , só e x c e p c i o n a l m e n t e o s a b o r c o n t r i b u i p a r a a i d e n t i f i c a - ç ã o e d i s t i n ç ã o d e e s pé c i e s . C o m o e x e m p l o d e m a d e i r a s b r a - s i l e i r a s c o m s a b o r c a r a c t e r ís t i c o t e m o s o a n g e l i m - a m a r g o - s o ( V a t a i r e a g u i a n e n s i s A u b l .- L e g . F a b a c e aé) , o m a r u p á ( S i m a r o u b a a m a r a A u b l . - S i m a r o u b a c e a e ) e t c . D e u m m o - d o g e r a l , m a d e i r a s c o m e l e v a d o t e o r d e t a n i n oa p r e s e n t a m s a b o r a m a r g o . O g o s t o p o d e e x c l u i r a u t i l i z aç ã o d a m a d e i r a p a r a d e t e r - m i n a d o s f i n s , c o m o e m b a l a g e n s p a r a a l i m e n t o s , p a l i t o s d e d e n t e , d e p i c o lé e p i r u l i t o s , b r i n q u e d o s p a r a b e bés e t c . 4 34 2 çã o da á gua pela copa . Al é m desta teoria , a a çã o do ven - to , o desenvolvimento da copa , o movimento solar , a ro - ta çã o da terra, a deposi çã o irregular de nutrientes no solo , as divis õ es pseudotransversais das iniciais fusifor - mes do câ mbio etc . também são fatores considerados para justificar esta formação . Grã entrecruz ada ( revessa ) — Os tecidos axiais de madei - ras caracterizadas por este tipo de gr ã apresentam -se orien - tados em diversas dire çõ es . Originam - se como acima mencionado , de á rvores com gr ã espiral nas quais a dire - çã o de inclina çã o sofreu altera çõ es peri ó dicas . A resist ê n - cia mec â nica nã o é muito afetada, mas a madeira conten - do esta caracter ística apresenta problemas de deforma - çõ es e empenamentos durante a secagem e é de dif ícil tra - balhabilidade . Sob o aspecto est é tico , no entanto , pro - duz desenhos muito atraentes . ( Figura 14 . ) •Grã ondulada ( crespa ) — Neste tipo , os elementos axiais do lenho alteram constantemente sua direção , aparecen - do como uma linha sinuosa regular . As consequ ê ncias para a utiliza çã o da madeira s ã o praticamente as mesmas da gr ã entrecruzada . As superf ícies longitudinais apresen - tam faixas escuras e claras , alternadas e de belo efeito de - corativo . Este aspecto é bastante comum em madeiras de imbuia (Ocoteaporosa ( Nees et Mart , ex Nees ) L . Bar - roso - Lauraceae)) . •Grã inclinada , diagonal ou oblíqua — É o desvio angular que apresentam os elementos axiais constituintes da ma - deira com respeito ao eixo longitudinal da peça. É prove- niente de á rvores com troncos excessivamente c ó nicos , crescimento excê ntrico etc . (ver Conicidade acentuada e C rescimento excê ntrico ) . E EsteI ipo de gr ã afeta significativamente as propriedades tecenol ó gicas da madeira : quanto maior o desvio , menor . i esist ê ncia mec â nica e mais acentuada a ocorr ê ncia de de for ma ções de secagem . Figura 13 — TYonco com grã espiral sob um casca com orientaçã o nor -mal dos tecidos . Fonte: Brown et al . , 1949 . A consequ ê ncia deste fato é o aparecimento de gr ã s irre - gulares nas pe ças de madeira que se originam de á rvores com esta caracter ística , especialmente do. tipo obl í quo e entrecruzado , quando a direçã o da inclina çã o se altera de per í odos em per íodos , com sé rias consequ ê ncias para utiliza çã o : diminui çã o da resist ê ncia mecâ nica , deforma- çõ es de secagem e dificuldades de se conseguir um bom acabamento superficial . Nãojse conhece ao certo qual a origem destejfenô meno . O espiralamento parece ser um princí pio construtivo do vegetal , pois todas as á rvores o apresentam em maior ou menor grau e sup õ e-se ser uma forma de atender com efi - ciê ncia o processo fisiológico da transpiraçã o e distribui - 4 4 4 5 T e x t u r a É o e f e i t o p r o d u z i d o n a m a d e i r a p e l a s d i m e n s õ e s , d i s t r i - b u i ç ã o e p e r c e n t a g e m d o s d i v e r s o s e l e m e n t o s e s t r u t u r a i s c o n s t i t u i n t e s d o l e n h o n o s e u c o n j u n t o . N a s a n g i o s p e r m a s é d e t e r m i n a d a s o b r e t u d o p e l o d i â m e t r o d o s v a s o s e l a r g u r a d o s r a i o s ; n a s g i m n o s p e r m a s , p e l a m a i o r o u m e n o r n i t i - d e z , e s p e s s u r a e r e g u l a r i d a d e d o s a n éi s d e c r e s c i m e n t o . E n c o n t r a m o s o s s e g u i n t e s t i p o s d e t e x t u r a d e a c o r d o c o m o g r a u d e u n i f o r m i d a d e d a m a d e i r a : . 1 1i < 1 i i •g r o s s e i r a o u g r o s s a • m é d i a ; •f i n a . J , I I I N o p r i m e i r o c a s o e s t ã o i n c l u íd a s a s m a d e i r a s c o m p o r o s g r a n d e s e v i s í v e i s a o l h o n u , p a r ê n q u i m a a x i a l c o n t r a s t a n - t e o u r a i o s l a r g o s . E x e m p l o s: c a r v a l h o ( Q u e r c u s s p .- F a g a- c e a e ), l o u r o - f a i a ( R o u p a l a s p - P r o t e a c e a e ) , a c a p u ( V o u a c a- p o u a a m e r i c a n a A u b l . -L e g. C a e s a l p i n i a c e ae) e t c . D o ú l t i m o t i p o f a z e m p a r t e a s m a d e i r a s c u j o s e l e m e n t o s s ã o d e d i m e n sõe s m u i t o p e q u e n a s e s e e n c o n t r a m p r i n c i - p a l m e n t e d i s t r i b u í d o s d e f o r m a d i f u s a n o l e n h o , c o n f e r i n - d o- l h e u m a s u p e r f íc i e h o m o gé n e a e u n i f o r m e . E x e m p l o s : p a u - m a r f i m ( B a l f o u r o d e n d r o n r i e d e l i a n u m ( E n g l . ) E n g l .- R u t a c e ae) , p a u - a m a r e l o ( E u x y l o p h o r a p a r a e n s i s I H u b e r- R u t a c e a e ) e t c . N o c a s o d a s g i m n o s p e r m a s , q u a n d o o c o n t r a s t e e n t r e a s z o n a s d e l e n h o p r i m a v e r i l e o u t o n a l é b e m m a r c a n t e , a m a - d e i r a a p r e s e n t a -s e d e c o n s t i t u i ç ã o h e t e r o g é n e a e p o d e s e r d i t a d e t e x t u r a g r o s s a , c o m o p o r e x e m p l o n o p í n u s ( P i n u s r l l i o f t i i E n g e l m .- P i n a c e ae) , a o p a s s o q u e , s e o c o n t r a s - t e f o r p o u c o e v i d e n t e o u i n d i s t i n t o , a s u a s u p e r f íc i e s e r á u n i f o r m e e s u a t e x t u r a f i n a , c o m o p o r e x e m p l o n o p i n h e i - i o > b r a v o ( P o d o c a r p u s l a m b e r t i i K l o t z s c h . - P o d o c a r p a c e ae) . A . I ' ;, , « ' '1 . 1 ' ' ' ' 1 ''1'. I. ' 1 / ' ' . . .' | ', , l i 'I i' I > . ' I I I A l ' 1 .1 1 i I| ! l» A I ' I B F i g u r a 1 4 — P eça s d e m a d e i r a c o m g rã e n t r e c r u z a d a: &A — S u p e r f íc i e q u e b r a d a ; B — S u p e r f íc i e s e r r a d a . F o n t e: B r o w n e t a i , 1 9 4 9. 4 6 B r i l h o A v a r i a ç ã o n a t u r a l d e p e s o e m m a d e i r a s d e i g u a i s d i m e n - s õ e s r e f l e t e a q u a n t i d a d e d e m a t é r i a l e n h o s a po r u n i d a d e d e v o l u m e o u a q u a n t i d a d e d e e s p a ço s v a z i o s n e l a s e x i s t e n - t e s (s e n d o q u e a p r e s e n ça d e i n c r u s t a ç õ e s e c o n t e ú d o s c o - m o g o m o - r e s i n a s , c r i s t a i s , síl i c a e t c . , q u a n d o e m g r a n d e q u a n t i d a d e , t a m bé m p o d e a u m e n t a r o p e s o d a m a d e i r a ) . C o m o a c o m p o s i ç ã o a n a t ô m i c a ( d e t a l h e s c e l u l a r e s , a r r a n - j o e p e r c e n t a g e m d o s d i v e r s o s t e c i d o s c o m p o n e n t e s d o l e - n h o) é p e c u l i a r a c a d a e s péc i e , a m a s s a e s p e cíf i c a d a m a d e i- r a a p r e s e n t a u m a v a r i a ç ã o n a t u r a l d e 0, 1 3 a 1 , 4 g / c m 3 . C o r r e s p o n d e m a e s t e s v a l o r e s e x t r e m o s a b a l s a ( O c h r o m a l a g o p u s S w .- B o m b a c a c e ae) e a p i r a t i n e r a ( B r o s i m u n g u i a- n e n s e ( A u b l . ) H u b e r - M o r a c e a e ) , r e s p e c t i v a m e n t e . A s s i m s e n d o , é p o s sív e l , e m a l g u n s c a s o s , a p e n a s l e v a n d o e m c o n - s i d e r a ç ã o o p e s o , d i s t i n g u i r d u a s m a d e i r a s a t é d e o l h o s f e c h a d o s . É i n t e r e s s a n t e l e m b r a r q u e a m a s s a e s p e c í f i c a v a r i a d e a c o r d o c o m v á r i o s f a t o r e s: c e r n e , a l b u r n o , l e n h o i n i c i a l , l e n h o t a r d i o e , s o b r e t u d o , c o m o t e o r d e u m i d a d e . P o r t a n - t o , u m a c o m p a r a ç ã o, p a r a s e r vál i d a , d e v e s e r f e i t a n a s m e s m a s c o n d i ç õe s . A m a s s a e s p e c íf i c a é a p r o p r i e d a d e f í s i c a m a i s i m p o r t a n - t e d a m a d e i r a , p o i s d e l a d e p e n d e m e s t r e i t a m e n t e s u a s p r o - p r i e d a d e s t e c n o l óg i c a s — a s s u n t o , c o m o j á a c i m a m e n c i o -n a d o , d e c o m p e t ê n c i a d a t e c n o l o g i a d a m a d e i r a . É a c a p a c i d a d e d e u m c o r p o r e f l e t i r a l u z i n c i d e n t e . A f a c e l o n g i t u d i n a l r a d i a l é s e m p r e a m a i s r e l u z e n t e p e l o e f e i t o d a s f a i x a s h o r i z o n t a i s d o s r a i o s . A i m p o r t â n c i a d o b r i l h o é p r i n c i p a l m e n t e d e o r d e m e s t é - t i c a , e e s t a p r o p r i e d a d e p o d e s e r a c e n t u a d a a r t i f i c i a l m e n - t e p o r p o l i m e n t o s e a c a b a m e n t o s s u p e r f i c i a i s . S o b o p o n t o d e v i s t a d e i d e n t i f i c a ç ã o e d i s t i n ç ã o d e m a - d e i r a s , e s t a c a r a c t e r í s t i c a é i r r e l e v a n t e . D e s e n h o É o t e r m o u s a d o p a r a d e s c r e v e r a a p a r ê n c i a n a t u r a l d a s f a c e s d a m a d e i r a q u e r e s u l t a d a s v á r i a s c a r a c t e r í s t i c a s m a - c r o s c ó p i c a s: c e r n e , a l b u r n o , c o r , g r ã , e p r i n c i p a l m e n t e d e d o i s e l e m e n t o s e s t r u t u r a i s — a n é i s d e c r e s c i m e n t o e r a i o s— e , o b v i a m e n t e , d o p l a n o d e c o r t e e m s i . D e s e n h o s e s p e c i a l m e n t e a t r a e n t e s t ê m s u a o r i g e m e m c e r t a s a n o r m a l i d a d e s c o m o : g r ã i r r e g u l a r , g a l h a s , t r o n c o s a f o r q u i l h a d o s , n ó s , c r e s c i m e n t o e x cê n t r i c o , d e p o s i ç õ e s i r r e g u l a r e s d e s u b s t â n c i a s c o r a n t e s e t c . C e r t o s t i p o s d e d e s e n h o s p o s s u e m d e n o m i n a ç õ e s e s p e - c i a i s c o m o : f i g u r a p r a t e a d a ( s i l v e r f i g u r e ) p e l o e f e i t o d o s r a i o s ; o l h o d e p a s s a r i n h o ( b i r d e y e ) , c a u s a d o p e l a p r e s e n - ça d e b r o t o s a d v e n t í c i o s e t c . D u r e z a A d u r e z a é u m a p r o p r i e d a d e m e câ n i c a i n t i m a m e n t e a s s o - c i a d a à m a s s a e s p e cíf i c a . P o d e s e r g r o s s e i r a m e n t e a v a l i a - d a p e l a i m p r e s s ã o d a u n h a n a s f a c e s d a m a d e i r a , c o n t r i b u i n - d o t a m b é m p a r a a d i s t i n ç ã o d e e s pé c i e s . M a s s a e s p e c í f i c a A m a s s a e s p e cí f i c a é u m a p r o p r i e d a d e f ís i c a , s e n d o p o r - t a n t o o b j e t o d e e s t u d o n a á r e a d e t e c n o l o g i a d a m a d e i r a . E n t r e t a n t o , c o m o o p e s o d a m a d e i r a é u m a c a r a c t e r ís t i c a q u e i m p r e s s i o n a o s ór g ã o s s e n s o r i a i s e é d e g r a n d e v a l o r n a i d e n t i f i c aç ã o e d i s t i n ç ão d e m a d e i r a s , s e r á c o n s i d e r a - d o n e s t e c a pí t u l o . m4 8 4 9 XVII — DivisãoAngiospermae 1. ClasseDicotyledoneae 5. Grupos vegetais que produzem madeiras Por apresentarem marcantes diferenças estruturais, as gimnospermas e as angiospermas estão botanicamente se- paradas em grupos distintos. Nas primeiras estão incluídas as árvores que apresentam estróbilos unissexuais (cones), enquanto que das angiospermas fazem parte as plantas queapresentam flores comuns e sementes dentrode frutos. Nestegruposãoas dicotiledôneas que respondem pela pro- dução de madeiras. Vulgarmente as gimnospermas são de- nominadas coníferas,mas, como se pôde ver, as coníferas constituem apenas um grupo dentro desta divisão. As an- giospermas dicotiledôneascostumamser chamadas simples- mente de folhosas. É interessante lembrar que no Brasil existem apenas três coníferas nativas: pinheiro-do-paraná ( Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze.-Araucaria- ceae) e, sob o nome comum de pinheiro-bravo, as duas es- pécies Podocarpus sellowiii Klotzsch e Podocarpus lam- hertiiKlotzsch.-Podocarpaceae. Além das diferenças botânicas existentes entre gimnos- permas e angiospermas, a estrutura anatômica de suas ma- deiras é também distinta, como poderá ser constatado mais adiante. Engler (1954 e 1964) agrupou os vegetais em um sistema filogenético que engloba dezessete divisões. Abaixo estão relacionadas as de interesse para a anatomia da madeira por produzirem xilema secundário, citando-se apenas as que incluem espécies viventes. XVI — DivisãoGimnospermae 1. ClasseCycadopsida ( Cycadales [Ginkgoales Cycadaceae ( Ginkgoaceae 2. ClasseConiferopsida OrdemConiferae Pinaceae Taxodiaceae Famílias Cupressaceae Podocarpaceae Araucariaceae 3. Classe Taxopsida Ordem Taxales Família Taxaceae Ordem Famílias 4. ClasseChlamydospermae Ordem Gnetales Welwitschiaceae Famílias Ephedraceae Gnetaceae 50 camada verrucosa , atribu í da à ader ê ncia de restos do proto- plasma . Uma observação minuciosa de seus detalhes estru - turais só pode ser feita com microscó pio eletr ô nico . (Fi - gura 15 . ) Os elementos estruturais fundamentais da parede celu -6. Estrutura anat ômica da madeira uma massa básica denominada matrix. Esta é composta principalmente de pectina e hemicelulose , e as microfibri - las , de celulose . As microfibrilas s ã o por sua vez formadas por grupos de fibrilas elementares , que encerram mais ou menos 36 cadeias de celulose. Feixes de microfibrilas cons - tituem as lamelas da parede celular , vis í veis sob microscó - pio ó tico . ( Figura 16 . ) A espessura da parede secund á ria varia consideravelmen- te entre as espé cies e entre as diferentes cé lulas . Esta pare- de é normalmente mais espessa nos elementos celulares , cujas fun çõ es s ã o mais mecâ nicas e de condu çã o , do que nos que exercem primordialmente fun ção de armazenamen- to, podendo inclusive — como acima mencionado — fal - tar completamente nestes ú ltimos . Na camada S3 de certas células podem ocorrer espessa - mentos especiais como: Estruturada parede celular No processo de divis ã o celular , a primeira membrana de separa çã o a aparecer entre o par de novas células é a la- mela m é dia, composta principalmente de pectato de cálcio e magn é sio., cuja fun çã o é unir as c é lulas umas à s outras . Sobre esta membrana acumulam - se posteriormente no inte - rior da c é lula microfibrilas de celulose , formando uma tra - ma irregular , que constitui a parede prim á ria , dotada de grande elasticidade . Esta parede acompanha o crescimen - to da c é lula durante a sua diferencia çã o . Conclu í do este processo , depositam -se junto à membrana prim á ria micro - fibrilas de celulose , obedecendo a certa orientação , que destaca tr ês camadas distintas , constituintes da parede se - cund á ria da célula : a Si , S2 e S 3. Paralelamente à deposi çã o da parede secund á ria , tem in ício o processo de lignificaçã o , que é mais intenso na lamela m édia e parede prim á ria . Célu - las meristem á ticas e a maioria das parenquim á ticas n ã o s ã o lignificadas e n ã o apresentam parede secund á ria . Em muitas células , revestindo o lume , observa-se ainda uma Espessamento em espiral: sali ê ncias semelhantes a um cord ã o fino que contorna espiraladamentg o lume das cé - lulas (Figuras 17 , ponto D , e 44) ; exemplos: Pseudotsu- ga sp - Pinaceae , Ilex sp - Aquifoliaceae etc . , constituindo car á ter de grande valor diagn ó stico . Quando observados ao microscó pio , os elementos celulares com esta caracte- r ística apresentam um aspecto reticulado pelo efeito da t ranspar ê ncia das se çõ es delgadas da madeira . • ( russulas ou barras de Sanio: barras horizontais localiza - das nas paredes radiais dos traqueóides axiais ( ver Tra- < / ue óides axiais) da maioria das gimnospermas , atribu í- d a s a um refor ço da parede prim á ria nas regi õ es vizi - n h a s das pontoa çõ es . Exemplos : p í nus ( Pinus elliottii I ngelm , - Pinaceae ) e abeto (Picea abies ( L . ) Karst . -Pina - < aea ) l igura 17 , ponto A ). 53 52 C A M A D A S S1L A M E L A S r, s 2 p a r e d e s e c u n d á r i a S 3 p a r e d e p r i m á r i a l a m e l a m é d i a F i b r i l a sI , MM T a m a n h o a p r o x i m a d o à e s c a l a P Fiibra i solada d o xi lema Figura 15 — Parede de um traqueóide axial mostrando suas diversas camadas constituintes e orientação caracter ística das microfibrilas de celulose: M — Lamela média; P — Parede primária; P’ e P” — Paredes prim árias das células adjacentes; Sl , S2 , S3 — Camadas da parede secundária; W — Camada verrucosa. Fonte: Ward et al . Apud : Siau , 1971 . ( « I Figura 16 E st rutura da parede celular . I onte ' v Wyssling. Apud : Desch , 1962 . 54 55 •Espessamento calitrisóide: pares de espessamentos em barras que atravessam horizontalmente as pontoações areoladas dos traque óides axiais ( Figura 17 , ponto B) . Esta característica é específica do gê nero Callitris (Cupres- saceae) , do qual deriva o seu nome . Identuras ( espessamentos denteados ): irregularidades da parede secund á ria dos traque ó ides dos raios , tipos es - peciais de células presentes em certas gimnospermas (ver Traque óides dos raios ) . O aspecto das identuras pode ser bastante peculiar , sendo por isso de grande import â ncia na identifica çã o e distin çã o de espé cies , como por exem - plo do gê nero Pinus ( Figura 17 , ponto C) . 0 ' 0 . 7• Outra estrutura muitas vezes confundida com espessa - mento de parede sã o as trabé culas o u seja , barras cil í ndri - cas de ocorr ê ncia espor á dica que se estendem através dos lumes , de uma parede tangencial à outra . Ocorrem tanto em gimnospermas como em angiospermas e sua origem n ã o foi esclarecida at é hoje . A deposi çã o da parede celular n ã o ocorre de forma regu - lar ao longo do interior das cé lulas , mas s ã o deixados pon - tos de descontinuidades : as pontoações, cuja fun çã o é esta - belecer comunica çã o com as células cont íguas . Distinguem - se dois tipos b á sicos de pontoa çõ es : as simples e as areola - das . Para formar umapontoação areolada, a parede secun - d á ria se afasta da membrana prim á ria , formando um abau - lamento de forma circular sobre a cavidade da pontoa çã o ( câ mara da pontoa çã o ) , deixando no centro desta sali ê ncia uma abertura ( poro ) . Em muitas gimnospermas , a mem - brana prim á ria da pontoa çã o sofre um espessamento no centro (toro ) , o qual é sustentado por suas malhas circun - dantes denominadas margo ou ret í culo de sustenta çã o ( Fi - guras 6 e 18 ) . Em pontoações simples n ã o se verifica afasta - mento da membrana secund á ria . ( Figura 18 . ) As pontoa ções areoladas apresentam grande varia çã o morfol ó gica . Seu aspecto , distribui çã o , extens ã o , profun - didade e detalhes estruturais t ê m muita import â ncia na iden - tifica çã o de madeiras . (Figura 19 . ) Figura17 — Espessamentos especiais da parede celular: A — Crassu - la ; B — Espessamento calitris ó ide ( visto de frente e de perfil ); C — Identuras ( pinus - Pinus caribaea Morelet - Pinaceae ); D — Espessa - mentos espiralados ( teixo - Taxus brevifolia Nutt . - Taxaceae,) . Fonte: A e B : autores ; C e D : Greguss , 1965 . As pontoa çõ es guarnecidas constituem uma peculiarida - de e s ã o resultantes de proje çõ es da parede secund á ria na c â mara da pontoa çã o ( Figura 20) . Este tipo especial de pon - toa ç ão areolada surge nas paredes dos vasos ( ver Vasos) de determinadas fam í lias bot â nicas (exemplos : legumino - 56 57 Figura 19 — Algum aspectos depontoaçõ es areoladas: A , B, C , D —Tipos variados de pontoaçõ es areoladas vistas de frente . As linhas tracejadas indicam porções do par de pontoações embebidas na pa- rede celular ou no lado da parede mais afastado do observador; E,F — Diagrama mostrando a forma das cavidades de um par de pon- toaçõ es: as aberturas internas sã o em forma de fendas, as pequenas câmaras em forma de cú pulas achatadas, os canais estreito -afunila - dos; G — Pontoaçã o localizada em uma parede celular espessa: a — abertura interna; b — abertura externa; c — câmara ; d — canal. Figura 18 — Pontoaçõ es: A — Pontoaçõ es simples ; B — Pontoaçõ es Fonte: A , B , C , D : Brown et al . , 1949 ; E , F : Eames & MC Daniels, 1974; G : Recordapud : Eames & MC Daniels , 1974 . areoladas. Fonte: A : autores , B : Preston apudTreiber , 1957 , vers ã o adaptada . rubi á ceas ) ou em certas espécies dentro de um gê ne - ro , sendo portanto de grande valor diagn óstico . Estas estru - turas situam - se no limite do poder de resolu çã o do micros - sas e có pio ó tico , devendo -se recorrer , sempre que possí vel , ao microscó pio eletr ó nico para uma observa çã o mais minucio - sa de seus detalhes morfol ógicos . Normalmente , à pontoa çã o de uma cé lula corresponde outra pontoação da célula adjacente , formando um par de pontoa ções . Quando isto n ã o ocorre , a pontoa çã o é dita cega. A forma da descontinuidade da parede secund á - ria pode originar os seguintes tipos depares de pontoa çõ es F i ç gura 20 Pontoações intervasculares guarnecidas: A e B — Vistasde perfil ; C — Vistas de frente.constantes da figura 21 .Pares de pontoa ções simples ocorrem por exemplo entre células parenquimá ticas ( ver Parê nquima axial )', pares de FFonte B Bosshard , 1947; C: autores. 59 vez formados . estes elementos celulares t ê m uma longevidade muito curta; perdem o conte ú do celular tornando -se tubos ocos d.e paredes lignificadas, que desem - penham as fun ções_ de condu çã o e sustentação no lenho. Para que ele realize a circulação de líquidos extraí dos do solo pelas ra í zes nas regi ões perif é ricas do alburno , as pare- des destas células apresentam pontoações areoladas , pelas quais os lí quidos passam de célula para célula
Compartilhar