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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 1 www.medresumos.com.br APARELHO URINÁRIO O sistema urinário remove da corrente sanguínea os produtos tóxicos do metabolismo e elimina a urina do corpo. Estas ações são realizadas por dois rins, que não apenas removem as toxinas da corrente sanguínea, mas conservam também sais, glicose, proteínas e água. A urina é liberada dos rins para o interior de dois ureteres, daí passando para um órgão de armazenamento, a bexiga urinária. FUNÇÕES Manutenção da Homeostasia, Excreta os produtos tóxicos do metabolismo: ureia, álcool, etc. Regula precisamente as concentrações corpóreas de água e sal. Mantém o volume, equilíbrio acidobásico e a composição eletrolítica dos líquidos corporais, Secretam hormônios: eritropoietina, renina e prostaglandinas, Ativação da vitamina D3. VOLUMES 2000 litros de sangue por dia passa pelos os rins. 160 litros de filtrados são formados por dia. 1.500ml urina/24h (reabsorção de 98% água). 125ml filtrado/min. RINS Os rins são órgãos grandes, avermelhados, em forma de feijão, situados retroperitonealmente na parede abdominal posterior. Por causa do posicionamento do fígado, o rim direito é, aproximadamente, 1 a 2 cm mais baixo que o esquerdo. O rim, envolto em gordura perirrenal, posiciona sua borda convexa lateralmente e seu hilo côncavo está colocado medialmente. O hilo renal é o local onde ramos da veia e artéria renal, vasos linfáticos e ureter penetram no órgão. Nesta região, o ureter é dilatado, formando a pelve renal. O seio renal representa uma extensão do hilo renal preenchida de gordura (tecido adiposo), situada dentro do rim. O rim é revestido por uma fina cápsula, frouxamente aderida, constituída principalmente de tecido conjuntivo colagenoso, denso e irregular, com fibras elásticas. A pelve renal, ao adentrar no seio renal, divide-se em cerca de três a quatro cálices maiores, que por sua vez, divide-se em cerca de três a quatro cálices menores. A observação de um rim cortado coronalmente mostra que ele está separado em córtex e medula. A zona cortical (altamente vascularizada para realização da filtração glomerular) apresenta-se marrom-escura e granular, enquanto a zona medular (relacionada diretamente com a excreção da urina) contém discretas regiões estriadas, pálidas e em forma de pirâmide, as pirâmides renais, cujo ápice (papila renal), orientado em direção ao hilo renal, está voltado justamente para os cálices menores. Logo, as pirâmides medulares (ou de Malpighi, cerca de 10 a 18), que são marcadas pelos raios medulares (estriações que determinam a localização de capilares renais e ductos coletores de urina), têm seu ápice representado pelas papilas (10 a 25 orifícios área crivosa). O ápice é perfurado por 20 ou mais aberturas dos ductos de Bellini, continuação dos ductos coletores que atravessam ao longo dos raios medulares nas pirâmides renais. A região medular é considerada até o limite das bases dessas pirâmides. A região cortical é extremamente vascularizada devido ao fato de a filtração glomerular ocorrer nessa zona. OBS: Lobo Renal 1 Pirâmide + Tecido Cortical OBS²: Lóbulo Renal 1 Raio Medular + Tecido Cortical OBS³: O parênquima de um órgão representa as células que realizam a função base deste. Já o estroma, são células que garantem um preenchimento e sustentação do próprio parênquima, estando situadas no interstício do órgão. Arlindo Ugulino Netto. HISTOLOGIA 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 2 www.medresumos.com.br NÉFRON Na realidade, a unidade funcional do rim é o túbulo urinífero, estrutura contorcida que modifica o fluido que passa através dele para formar urina como produto final. Este túbulo é constituído por duas partes: o néfron e o túbulo coletor. O néfron, portanto, é uma estrutura microscópica capaz de eliminar resíduos do metabolismo do sangue, manter o equilíbrio hidroelectrolítico e ácido-básico do corpo humano, controlar a quantidade de líquidos no organismo, regular a pressão arterial e secretar hormônios, além de produzir a urina. Por esse motivo dizemos que o nefron é a unidade funcional do rim, pois apenas um nefrónio é capaz de realizar todas as funções renais. Existe cerca de 1 a 4 milhões de néfrons por rim. O néfron é formado pelo corpúsculo renal (ou corpúsculo de Malpighi = glomérulo + cápsula de Bowman), túbulo contorcido proximal, alça de Henle (parte delgada e espessa), túbulo contorcido distal e túbulo colector. OBS 4 : A parede das artéríolas é formada por T.E.R. Simples Pavimentoso com células musculares ocasionais. Porém, ao adentrar no corpúsculo, as arteríolas são desprovidas de células musculares para facilitar a filtração do sangue. TIPOS DE NÉFRON Dois tipos de néfrons, classificados de acordo com a sua localização, são encontrados no rim humano: os néfrons corticais, mais curtos, e os néfrons justamedulares, mais longos, cujo corpúsculo renal está situado no córtex e as partes tubulares localizadas na medula. CÁPSULA DE BOWMAN A cápsula de Bowman é dotada de dois polos (poros) distintos: o polo vascular (orifício que dá acesso às artériolas aferentes e eferentes) e o polo urinário (orifício que dá início efetivo aos túbulos contorcidos). O glomérulo é suprido pela curta e retilínea arteríola glomerular aferente e drenado pela arteríola glomerular eferente. A cápsula de Bowman é constituida de dois folhetos de T.E.R. Simples Pavimentoso: o folheto visceral e o folheto parietal, e entre eles, o espaço glomerular. O glomérulo está em íntimo contato com a camada visceral da cápsula de Bowman, a qual apresentanta também células epiteliais modificadas denominadas podócitos que interferem na filtração glomerular. A parede externa que circunda o espaço do Bowman (glomerular), compostas por células epiteliais pavimentosas (que repousam numa fina lâmina basal), constitui-se na camada parietal. Os podócitos apresentam dois tipos de ramificações: as primárias (maiores, que são formadas primeiramente) e as secundárias, continuação das primárias, que abraçam todo o capilar. Isso é importante para o processo de filtração glomerular pois o espaço entre essas ramificações secundárias, denominadas fendas de filtração renal, interferem diretamente no extravasamento do ultrafiltrado glomerular. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 3 www.medresumos.com.br OBS 5 : Com isso, o filtrado (fluxo sanguíneo: 1L sangue/min) que sai do glomerulo entra no espaço de Bowman através de uma complexa barreira de filtração, na seguinte ordem: [ARTERÍOLA] Membrana Endotelial Diafragma capilar Memb. Basal (lâmina rara interna + lâmina densa + lâmina rara externa) Fenda Renal (Espaço entre os prolongamentos dos podócitos) Camada Visceral [ESPAÇO] CÉLULAS MESANGIAIS O componente conjuntivo da arteríola aferente não penetra na cápsula de Bowman e as células normais do tecido conjuntivo são substituídas por um tipo celular especializado conhecido como células mesangiais. Existem dois grupos de células mesangiais: as células mesangiais extraglomerulares (localizadas no polo vascular e que lembram os pericitos) e as células mesangiais intraglomerulares (situadas dentro do corpúsculo renal). Ambos os tipos dão suporte estrutural ao glomérulo. As células mesangiais intraglomerulares são provavelmente fagocíticas e atuam na reabsorção da lâmina basal. Células mesangiais podem ser também contráteis porque possuem receptores para vasoconstrictores, como a angiotensina II, reduzindo o fluxo sanguíneo através do glomérulo. Podemos destacar outras funções, tais como: Sintetizam a matriz extracelular Fagocitam e digerem substâncias normais e patológicas retidas pela barreira de filtração Produzem moléculas biologicamente ativas, como prostaglandinas e endotelinas, substâncias vasodilatadorasque atuam no processo de inflamação. TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL (T.E.R. Simples Cúbico com microvilosidades) O maior processo de filtração acontece nesse túbulo (tanto de água quanto de eletrólitos). O espaço do Bowman drena para o interior do túbulo proximal no polo urinário. Nesta região de junção, algumas vezes chamada de colo do túbulo proximal, o epitélio simples pavimentoso da camada parietal da cápsula de Bowman junta-se com o epitélio cúbico simples do túbulo. O túbulo consiste em um uma região altamente tortuosa, a parte convoluta (pars convoluta), localizada perto dos corpúsculos renais e uma porção mais retilínea, a parte reta (pars recta), que desce nos raios medulares dentro do córtex e, na medula, torna-se contínua com a alça de Henle. Seu epitélio cúbico apresenta microvilos que aumentam a sua área de absorção, garantindo uma eficaz reabsorção de metabólitos. Apresentam grande quantidade de mitocôndrias para atender a demandas energéticas e são circundados por muitos capilares sanguíneos. Absorve a totalidade de glicose e dos aminoácidos, 85% da água e do cloreto de sódio, os íons cálcio e fosfato. Secreta creatinina e substâncias estranhas ao organismo. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 4 www.medresumos.com.br ALÇA DE HENLE (T.E.R. Simples Pavimentoso) A parte reta do túbulo proximal continua como ramo descendente delgado (fino) da alça de Henle. A região que se segue como uma curva fechada é a alça de Henle e a região que conecta a alça de Henle à parte reta do túbulo distal é conhecida como ramo ascendente delgado da alça de Henle. Suas células exibem poucos e curtos microvilos em suas superfícies luminais e poucas mitocôndrias no citoplasma. O ramo descendente delgado é altamente permeável à água e razoavelmente permeável à ureia, sódio, cloreto e outros íons. Sua principal função, portanto, é a retenção de água. TÚBULO CONTORCIDO DISTAL (T.E.R. Simples Cúbico sem microvilosidades) O túbulo distal está subdividido em parte reta (pars recta), a qual, sendo a continuação do ramo delgado ascendente da alça de Henle (também conhecido como ramo ascendente espesso da alça de Henle) e parte contorcida do túbulo contorcido distal. Não tem borda estriada e possuem menor quantidade de mitocôndrias. Em resposta ao hormônio aldosterona, há uma reabsorção ativa do sódio da luz do túbulo para o interstício renal. Além disso, íons potássio, hidrogênio e amônia são ativamente secretados para dentro da luz, controlando assim, o nível de sódio do fluido corporal extracelular e a acidez da urina, respectivamente. Normalmente, não há reabsorção de água. Porém, quando sofre ação do hormônio antidiurético (ADH), reabsorve água. Com a porção ascendente espessa da alça de Henle passa perto do seu próprio corpúsculo renal, ela situa-se entre as arteríolas glomerulares aferente e eferente. Esta região do túbulo distal é chamada de mácula densa (caracterizada pela mudança específica do epitélio cuboide do cubo para cilíndrico). Essa região além de ser sensível ao conteúdo iônico e ao volume de água no fluido tubular, produz moléculas sinalizadoras para liberação de renina (produzida pelas células justaglomerulares). TÚBULOS COLETORES (Início: T.E.R. Simples Cúbico; Fim: Simples Colunar) Os túbulos coletores não fazem parte do néfron. Eles possuem origens embriológicas diferentes e somente mais tarde, no desenvolvimento, encontram o néfron e juntam-se a ele para formar uma estrutura contínua. O ultrafiltrado glomerular que entra no túbulo coletor deverá ser modificado e transportado para as papilares medulares (no ápice das pirâmides renais). Os túbulos coletores corticais estão localizados nos raios medulares e são compostos por dois tipos de células cúbicas (células principais e células intercaladas). As células principais, que possuem membranas basais com numerosas invaginações, são células epiteliais especiais com receptores para o ADH. Enquanto as células intercaladas exibem numerosas vesículas apicais, com membranas celulares apicais e uma abundância de mitocôndrias, e são responsáveis por transportar ativamente e secretar íons hidrogênio contra altos gradientes de concentração, modulando, assim, o balanço ácido-base do corpo. Os túbulos coletores medulares têm calibre maior por serem formados pela união de vários túbulos coletores corticais. Aqueles localizados na região externa da medula exibem ambas as células principais e intercaladas, enquanto os túbulos da região interna da medula possuem apenas células principais. Os túbulos coletores papilares (ductos de Bellini) são formados cada um pela confluência de vários túbulos coletores medulares. Eles abrem-se na área crivosa do cálice menor do rim. Esses ductos são revestidos apenas por células principais colunares altas. OBS 6 : Os túbulos coletores são impermeáveis a água. Entretanto, na presença do ADH, tornam-se permeáveis à água (e ate certo ponto, ureia). Assim, na ausência do ADH, a urina é copiosa e hipotônica e na presença do ADH o volume da urina é baixo e concentrado. CÉLULAS JUSTAGLOMERULARES As células justaglomerulares (células JG) são células musculares lisas modificadas localizadas na túnica média das arteríolas glomerulares aferentes, próximas ao corpúsculo de Malpighi e a mácula. Células JG contem grânulos específicos que contém a enzima proteolítica renina (secretado a partir de sinalizações enviadas pelas células da mácula densa). Além disso, enzima de conversão, angiotensina I e angiotensina II têm sido observadas nestas células. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 5 www.medresumos.com.br APARELHO JUSTAGLOMERULAR O aparelho JG é constituído pela mácula densa (sinaliza a secreção de renina) do túbulo distal, as células JG (secretam renina e exercem contração) da arteríola glomerular aferente adjacente (e, ocasionalmente, eferente) e as células mesangiais extraglomerulares (exercem contração). É um aparelho relacionado diretamente com o controle de pressão arterial e filtração renal. As células da mácula densa provavelmente monitoram o volume do filtrado e a concentração de sódio (Na + ). Se esses níveis excederem um limiar específico, as células da macula densa instruem as células JG a liberarem a enzima renina na circulação. A renina converte o angiotensinogênio, normalmente presente na corrente sanguínea, no decapeptídeo angiotensina I um vasoconstritor moderado. Nos capilares dos pulmões, mas também em menor extensão nos do rim e outros órgãos do corpo, uma enzima de conversão (enzima conversora de angiotensina – ACE) converte a angiotensina I em angiotensina II, um hormônio octapeptídeo com numerosos efeitos biológicos: Vasoconstrição potente: aumento da pressão arterial Facilita a síntese e a liberação da aldosterona: reabsorção de sódio e cloreto da luz do túbulo contorcido distal (em troca de potássio) Facilita a liberação do ADH: reabsorção de água da luz do túbulo coletor Aumento da sede: aumento do volume tissular Inibe a liberação da renina: inibição por feedback Como um potente vasoconstritor, a angiotensina II reduz o diâmetro luminal dos vasos sanguíneos, aumentando, assim, a pressão sanguínea sistêmica. A angiotensina II também influencia o córtex da adrenal a liberar aldosterona, um hormônio que age principalmente nas células do túbulo contorcido distal, aumentando a reabsorção de sódio e íons cloreto. HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO (ADH) O principal agente regulador do equilíbrio hídrico no corpo humano é o hormônio ADH (antidiurético), produzido no hipotálamo e armazenado na hipófise. A concentração do plasma sanguíneo é detectada por receptores osmóticos localizados no hipotálamo. Havendo aumento na concentração do plasma (pouca água), esses osmorreguladores estimulam a produção de ADH. Esse hormônio passa para o sangue, indo atuar sobre os túbulos distais e sobre os túbulos coletoresdo néfron, tornando as células desses tubos mais permeáveis à água. Dessa forma, ocorre maior reabsorção de água para o plasma e a urina fica mais concentrada. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 6 www.medresumos.com.br Quando a concentração do plasma é baixa (muita água), há inibição da produção do ADH e, consequentemente, menor absorção de água nos túbulos distais e coletores, possibilitando a excreção do excesso de água, o que torna a urina mais diluída. Ingestão pouca água = ADH reabsorção H2O dos túbulos p/ sangue volume da urina urina concentrada Ingestão muita água = ADH reabsorção H2O dos túbulos p/ sangue volume da urina urina diluída OBS 7 : O álcool inibe secreção de ADH, aumentado, assim a diurese. INTERSTÍCIO RENAL O rim é revestido por cápsula de tecido conjuntivo colágeno, denso e irregular, com algumas fibras elásticas interpostas entre os feixes de colágeno. Essa cápsula não é aderida firmemente ao córtex subjacente. Os dois componentes celulares do tecido conjuntivo cortical são fibroblastos (produtoras de fibras colágenas) e células que são provavelmente macrófagos. O componente conjuntivo intersticial medular é mais extenso que o encontrado no córtex. A população celular desse tecido conjuntivo consiste em três tipos celulares: fibroblastos, macrófagos e células intersticiais. Estas parecem estar situadas como degraus de uma escada, uma acima da outra, e são numerosas entre os ductos coletores estreitos e entre os ductos de Bellini. As células intersticiais possuem núcleos alongados e numerosas gotículas de lipídios. Acredita-se que essas células sintetizem a medulipina I, uma substancia que é convertida no fígado a medulipina II, um potente vasodilatador que diminui a pressão sanguínea. Revisando os principais componentes das regiões renais, temos: Córtex Renal: Corpúsculos Renais, Túbulos Contorcidos Proximais, Túbulos Contorcidos Distais e Mácula Densa. Medula: Ramo descendente da alça de Henle, Ramo ascendente da alça de Henle, Túbulos Coletores e Papila renal com a área crivosa (local por onde passam os ductos coletores ou de Bellini). PELVE RENAL (CÁLICES MENORES E CÁLICES MAIORES) Porção final em que se originam os cálices, onde o tecido dos túbulos começa a mudar: deixam de ser simples colunares passando a ser tecido epitelial de revestimento urinário – tecido epitelial de revestimento de transição na camada mucosa. Tem-se também tecido conjuntivo frouxo na submucosa; Camada Muscular (Longitudinal interna e Circular externa) e uma Camada Adventícia. OBS 8 : A pelve renal realiza também operações de resgate. Quando o sangue chega aos néfrons, parte é filtrada nos túbulos, nessa hora entra em ação o serviço de resgate para recuperar substâncias que ainda podem ser aproveitadas pelo organismo. A papila renal de cada pirâmide encaixa-se dentro do cálice menor, uma câmara em forma de funil que recolhe a urina que deixa os ductos de Belline na área crivosa. A porção do ápice da pirâmide que se projeta para dentro do cálice menor é revestida por epitélio de transição, que atua como barreira, separando a urina da lâmina própria de tecido conjuntivo subjacente. Existe uma camada muscular abaixo da lâmina própria que propele a urina para dentro do cálice maior, uma das três maiores câmaras em forma de funil, cada uma das quais coletando a urina de dois a quatro cálices menores. Os cálices maiores são similares em estrutura aos cálices menores assim como na região proximal dilatada dos ureteres, a pélvis renal. URETER Cada ureter possui em torno de 3 a 4 mm de diâmetro (de luz estrelada) e tem, aproximadamente, 25 a 30 cm de comprimento e penetra na base da bexiga urinária, exercendo assim a sua principal função: transportar continuamente urina dos rins até a bexiga. Os ureteres são tubos ocos, cilíndricos, constituídos por uma mucosa, que reveste o lúmen, uma camada muscular e uma adventícia de tecido conjuntivo fibroso. A mucosa do ureter apresenta várias pregas que desaparecem quando está distendido. O revestimento epitelial estratificado transicional, com espessura de três a cinco camadas celulares, se sobrepõe e uma camada de tecido conjuntivo denso irregular e fibroelástico, que constitui a lâmina própria. A camada muscular do ureter é formada inicialmente por duas camadas inseparáveis de células musculares lisas, dispostas de modo oposto ao encontrado no trato digestivo, pois a camada externa é arranjada circularmente e a camada interna é longitudinal. No terço inferior do ureter, incluindo sua porção que adentra na bexiga, tem-se três camadas musculares: uma longitudinal externa, circular média e longitudinal interna. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 7 www.medresumos.com.br BEXIGA A bexiga urinária é essencialmente um órgão de armazenamento de urina até que a pressão se torne suficientemente grande para induzir a urgência da micção ou esvaziamento. Sua mucosa também atua como barreia osmótica entre a urina e a lâmina própria. Assim como os ureteres, a mucosa da bexiga é composta por epitélio de transição, cuja lâmina própria apresenta glândulas mucosas e pode ser dividida em duas camadas: uma mais superficial, de TC colagenoso, denso e irregular, e uma camada mais profunda de TC frouxo composto por uma mistura de fibras colágenas e elásticas. A camada muscular da bexiga urinária é composta por três camadas intercaladas de músculo liso: longitudinal interna; circular média (forma o esfíncter muscular interno em volta do orifício interno da uretra) e longitudinal externa. OBS 9 : O trígono da bexiga (região triangular da bexiga cujos ápices são os orifícios dos dois ureteres e da uretra) possui uma mucosa sempre lisa e nunca é projetada em pregas. A origem embrionária do trígono difere do restante da bexiga. URETRA FEMININA A uretra feminina tem em torno de 4 a 5 cm de comprimento e 5 a 6 mm de diâmetro. Ela se estende da bexiga urinária ao orifício externo imediatamente acima e anterior a abertura da vagina. Apresenta epitélio de transição na sua porção próxima à bexiga e por um epitélio estratificado pavimentoso não-queratinizado. A mucosa é arranjada em pregas alongadas por causa da organização da lâmina própria fibroelástica. Ao longo do comprimento total da uretra existem numerosas e claras glândulas secretoras de muco que hidratam o epitélio da uretra, as glândulas de Littre. A camada muscular volta a ser apenas composta por duas porções: longitudinal interna e circular externa. URETRA MASCULINA A uretra masculina possui 15 a 20 cm de comprimento e suas três regiões são denominadas de acordo com as estruturas através das quais ela passa: Uretra prostática: com 3 a 4 cm de comprimento, é revestida por epitélio de transição e recebe as aberturas de numerosos ductos diminutos da próstata, o utrículo prostático (homólogo rudimentar do útero) e um par de ductos ejaculatórios. Uretra membranosa: correndo ao longo da membrana perineal (diafragma urogenital), é revestida por epitélio colunar estratificado, intercalado com trechos de epitélio colunar pseudoestratificado. Uretra esponjosa (uretra peniana): atravessa ao longo do pênis, terminando na ponta da glande no orifício uretral externo. É revestida por epitélio colunar pseudoestratificado e epitélio estratificado pavimentoso não-queratinizado. A porção terminal dilatada da uretra na glande peniana é conhecida como fossa navicular (epitélio estratificado pavimentoso não-queratinizado). A lâmina própria das três regiões é composta por tecido conjuntivo frouxo fibroelástico com um rico suprimento vascular. Ela contém numerosas glândulas de Littre, cuja secreção mucosa lubrifica o revestimento epitelial da uretra. OBS: CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS Glomerulonefrite: Glomerulonefrites ou glomerulopatias são afecções que acometem o glomérulo,estrutura microscópica formada por um emaranhado de capilares semelhantes a um novelo de lã. É a principal estrutura renal responsável pela filtração do sangue. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 8 www.medresumos.com.br Causas: As doenças glomerulares são consequência de uma ampla variedade de fatores: distúrbios imunológicos, doenças vasculares, doenças metabólicas e algumas entidades hereditárias. As glomerulopatias que aparecem isoladamente são classificadas como primárias, e quando estão associadas a doenças sistêmicas (Lupus, diabetes, etc.) são classificadas como secundárias. Classificação: Histologicamente, classificamos em várias entidades (glomerulopatias primárias, secundárias e hereditárias), mas uma mesma glomerulonefrite pode ter diversas apresentações clínicas. Raramente essas patologias evoluem para insuficiência renal terminal em questão de semanas; geralmente sua evolução é mais lenta. Quando ocorre piora rápida da função renal, elas são classificadas como glomerulonefrites rapidamente progressivas, independentemente do tipo histológico. Quadro Clínico: As consequências da agressão glomerular são basicamente: proteinúria, hematúria, queda da filtração glomerular, retenção de sódio e hipertensão. Dependendo da intensidade e do tipo da agressão, pode haver predomínio de um sinal sobre outro, dando origem a diferentes apresentações clínicas: síndrome nefrítica, síndrome nefrótica, não-nefrítica e não-nefrótica. A síndrome nefrítica é definida como o aparecimento de edema, hipertensão arterial e hematúria (geralmente macroscópica). Síndrome nefrótica é caracterizada por proteinúria de 24 horas maior que 3,5 gramas, edema, hipoalbuminemia e hipercolesterolemia. Nefrolitíase: Os cálculos renais, popularmente chamados de pedra no rim, são formações sólidas de sais minerais e uma série de outras substâncias, como oxalato de cálcio e ácido úrico. Essas cristalizações podem migrar pelas vias urinárias causando muita dor e complicações. Os cálculos podem atingir os mais variados tamanhos, variando de pequeninos grãos, até o tamanho do próprio rim. Eles se formam tanto nos rins quanto na bexiga. O cálculo renal é também chamado de litíase urinária ou urolitíase. Causas: Pesquisas apontam que beber pouco líquido é uma das principais causas da ocorrência de cálculo renal. Mas várias outras razões podem levar à formação de pedra no rim, como infecções, doenças, herança genética ou um defeito no sistema urinário. Sintomas: Muitas das vezes, a pessoa não percebe que tem cálculo renal porque a pedra é tão pequena que é expelida naturalmente junto à urina. Em casos de formações maiores, no entanto, em que o cálculo fica preso nas vias urinárias, as dores relatadas são bastante fortes. A pessoa deve desconfiar quando, de uma hora para outra, sentir uma forte dor na região próxima aos rins, que pode ser acompanhada por náuseas e vômitos. Deve observar também se a cor da urina está alterada e se há muita vontade e desconforto ao urinar. Tratamento: O tratamento convencional do cálculo renal consiste na ingestão de analgésicos e muito líquido. Entrentato, a conduta definitiva depende do tamanho do cálculo. Também podem ser receitados remédios que ajudam na dissolução de certas substâncias da urina, como o cálcio. Entretanto, o tratamento pode não ser eficaz e então se necessita de cirurgia. Hoje em dia, são utilizadas algumas alternativas ao bisturi, como a litotripsia extracorpórea, que consiste em submeter o paciente a ondas de choque que quebram os cálculos dentro do rim, facilitando a sua eliminação pela urina. Rim policisto: Uma das doenças mais comuns entre pacientes com problemas renais é a do Rim Policístico autossômico dominante tipo adulto. Ela acontece quando o tecido normal dos rins é substituído por cistos cheios de líquido, que sofrem um crescimento progressivo e podem acabar deslocando o tecido normal do órgão, provocando, em alguns casos, insuficiência nos órgãos. Atualmente, já se sabe que essa patologia pode ser causada por mutações em três locais geneticamente distintos: Duas delas, o PKD1 e o PKD2, foram localizadas respectivamente nos cromossomos 16p e 4q. Inclusive já há estudos que mostram que a as mutações do PKD1, situadas no cromossomo 16p, causam 85% dos casos de ADPKD. Um dos sintomas presentes nos pacientes afetados pode ser o aparecimento de dores nas costas devido ao aumento do tamanho dos rins. Uma dor mais aguda pode indicar infecção ou obstrução por coágulos ou pedras nos rins, ou mesmo uma hemorragia dentro de um cisto. O aparecimento do sangue na urina é comum, e muitos pacientes, à noite, necessitam urinar. Além dos problemas causados pela insuficiência renal, a doença pode levar a morte prematura, devido a aneurismas intracranianos. A característica mais forte nos casos da Doença do Rim Policístico é a hereditariedade. Ela costuma aparecer entre 30 e 50 anos de idade.
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