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O HOMEM QUE SABIA JAVANÊS

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O HOMEM QUE SABIA JAVANÊS
O conto “O homem que sabia javanês” escrito por Lima Barreto se inicia com o narrador-personagem Castelo, descrevendo um episódio em que contava a um amigo as partidas que havia pregado às convicções e às respeitabilidades, para poder viver. O tema central do conto é uma dessas partidas, a qual ele foi em busca de ser professor de javanês, sem ao menos saber a língua. Porém, ele aprendeu poucas palavras e conseguiu exercer o cargo. Fica claro, que a função dele era ler um texto em língua javanesa para um velho supersticioso chamado Barão de Jacuecanga, assim ele fez e conquistou o senhor. Depois, disso, o senhor lhe indicou ao Visconde de Caruru para que o ajudasse a entrar na diplomacia. Ele conseguiu entrar e também ficou sendo bem-sucedido, passando a ocupar um cargo no consulado, no qual persiste até o final da narrativa, mesmo tendo passado por várias situações que quase o desmascararam. 
O autor desenvolve o conto utilizando uma linguagem coloquial e criando uma esfera de informalidade, comédia e deboche. Além disso, ele aponta um subjugamento de virtudes, em que Castelo mostra respeito pelo velho e afeição por sua figura, quando ele aponta a ambição de conseguir o cargo, até perder completamente o remorso, tendo um único sentimento, o medo de ser revelado como uma fraude. Tudo isso pode ser comprovado pela forma como ele narra a história, trazendo graça e enfatizando a ingenuidade e estupidez daqueles que acreditam nele.
A temática abordada no conto é o oportunismo, pois a atitude de Castelo durante toda a narrativa é conseguir exercer um cargo do qual ele não está preparado, sendo este o conflito da história. Junto a isso, pode-se ver vários motivos durante a narrativa, como a ambição, a esperteza, astúcia, tolice, superstição, sorte, valorização da aparência.
O conto “A colcha de retalhos” escrita por Monteiro Lobato retrata a vida da população brasileira do interior. A história é contada por um sujeito-narrador que vai a um sítio, no interior de São Paulo, contratar, por empreitada, os serviços do proprietário, José Alvorada, na plantação de terras. No sítio moram a filha adolescente de Alvorada, Maria das Dores, apelidada de Pingo D’Água, sua esposa, Sinh’Ana, e a avó, Joaquina que tem 70 anos.
Tanto o sítio quanto a família vivem dias de decadência, pois devido problemas de saúde, José Alvorada não planta suas terras, recusando a oferta que lhe faz o narrador, assim vive de trabalhos eventuais prestados a conhecidos. Sua esposa passa os dias adoentada, e a menina, que foi do sítio à cidade apenas para o batizado, é analfabeta. A avó, Joaquina, dedica-se a reunir, numa colcha, pedaços dos vestidos usados ao longo dos anos por Pingo D’Água, na pretensão de concluir a colcha por ocasião do casamento da neta.
O narrador vai ao sítio duas vezes, na primeira vez para propor negócios e, na segunda, dois anos depois, por curiosidade acerca de uma história ouvida na cidade: a fuga de Pingo D’Água com o filho de um vizinho dos Alvorada, além da morte de Sinh’Ana. O narrador encontra no sítio, ainda mais decadente, a velha Joaquina, que lhe conta sobre a fuga da moça e toda a vida dela ao falar sobre cada retalho da colcha, que permaneceu inacabada.
Os sujeitos apresentados no conto sintetizam em suas características o meio a que pertencem, em conformidade ao regionalismo. As questões tratadas não são individualidades dos sujeitos, mas sim, representantes de grupos ligados a um dado ambiente. 
A linguagem utilizada no conto apresenta marcas de oralidade, sotaque local, sendo retratados nas falas das personagens. Em virtude disso, a narrativa torna-se mais fluente do que outras ditas regionalistas, assim caracterizando a concepção de estilo do autor. 
Percebe-se no decorrer da história que Monteiro Lobato apresenta sua narração e descrição a serviço da argumentação, tendo em vista que se defende uma concepção rudimentar da vida rural, tratando-a de forma pura, porém atrasada, bela por ser selvagem, mas devido isso afeita ao acaso e às intempéries, distante do progresso da cidade promovido pela inteligência e pela razão.
O conto “O duplo” escrito pelo autor Coelho Neto é narrado em forma de diálogo entre dois personagens e no decorrer da narrativa alguns outros aparecem. A conversa é feita entre o “Coronel” amigo do protagonista e quem vivenciou o fato, chamado Benito Soares. De início, pode-se ver o desconforto sobre o ocorrido, quando Benito ouve do seu amigo coronel, que Laura, sua esposa, foi quem contou para ele e para outros da vizinhança o seu caso de desdobramento como ele mesmo menciona.
Benito segue a narrativa expressando sua hesitação na busca por uma explicação sobrenatural a partir do místico religioso, ao mesmo tempo em que desconfia de sua sanidade mental. Nas falas dos personagens vê-se descrições de eventos fantásticos. Além disso, é possível identificar as características representadas pelas personagens, identificando um perseguidor, um gêmeo, um bem-amado, um tentador, uma visão de horror, um salvador e um duplo no tempo. Com isso, pode-se mensurar que Coelho Neto aborda um duplo de visão de horror, não sendo de natureza animalesca ou perversa. Entretanto, aponta que a própria morte, o seu próprio corpo estático, inerte, como apresenta no conto, é a pior visão de horror para o ser humano.
O duplo no tempo aborda uma duplicidade no espaço e no tempo, ou seja, há uma transição entre espaços temporais podendo o sujeito entrar em conflito com sua noção de presente, passado e futuro ou estar presente neles simultaneamente. Ao ler a narrativa pode-se sentir um sentimento de hesitação, assim levando o fantástico a tomar conto do ambiente.

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