Resenha Crítica - Filme NELL

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Faculdade de Educação de Itapipoca - FACEDI 
Psicologia da Aprendizagem – 2019.1 
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Aluno(a): Beatriz Praciano de Castro 
beatriz.praciano@aluno.uece.br 
 
RESENHA CRÍTICA 
 
O filme Nell foi lançado em 16 de dezembro de 1994 nos Estados Unidos sob 
direção do diretor, produtor, escritor e ator Michael Apted. A obra segue o gênero drama 
com aproximadamente 2 (duas) horas de duração. O filme foi indicado ao Oscar na 
categoria de melhor atriz e também recebeu três indicações no Globo de Ouro. 
Embora tenha recebidos premiações apenas no Prêmio do Sindicato dos Atores 
(1995), Prêmio David di Donatello (1995) e People's Choice Award (1995), todos para 
melhor atriz. A protagonista de Nell, Jodie Foster, é uma atriz, cineasta e produtora do 
cinema, ela também contribuiu na produção da obra cinematográfica. 
O filme começa com um entregador deixando os produtos alimentícios em uma 
casa simples localizada entre as montanhas no meio da floresta. O sujeito entra no lugar 
e se depara com um corpo preparado para um ritual fúnebre: corpo estendido sobre um 
móvel, vestimentas brancas e flores enfeitando os olhos. Assustado, ele vai embora 
desesperadamente e procura ajuda. O auxílio vem com o médico Dr. Lovell (Liam 
Neeson), que também encontra uma mulher que apresenta cerca de 30 anos de idade. 
Ela é uma bela mulher, embora diferente, com comportamentos e comunicação 
própria. Percebe-se então que a personagem passou a vida toda isolada, longe de outras 
pessoas e da sociedade com suas mudanças estruturais, tecnológicas e humanas. 
Intrigado, o médico tenta compreender a condição fisiológica daquela sujeita, chamada de 
Nell. Com isso, passa a conviver no mesmo ambiente que ela para poder compreendê-la. 
Ao mesmo tempo, ele se preocupa com a solitude da jovem mulher, e surge o 
questionamento: será que essas dificuldades irão atrapalhá-la na reintegração na 
sociedade? Sobre isso, mas ela teria dificuldades? E quanto ao interesse dela, gostaria 
mesmo dessa ressocialização? 
A comunidade médica e outras autoridades locais queriam interná-la em um 
hospital psiquiátrico, porém Dr. Lovell discordava desse método. O caso foi para o 
tribunal, e como decisão inicial, o médico juntamente com a psicóloga Dr. Paula (Natasha 
Richardson) fariam um trabalho de observação e avaliação de Nell no seu ambiente de 
nascimento, crescimento e desenvolvimento. Então, perceberam que as características 
comportamentais de Nell não eram somente oriundas de fatores biológicos. 
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Foi necessário conhecer o passado dela, para entender que a selvagem também 
estava intimamente ligada com a teoria sociocultural de Vygotsky, que as experiências 
sociais e culturais influenciam no comportamento do ser humano. A mãe de Nell havera 
sofrido um possível AVC (Acidente Vascular Cerebral) há muitos anos, comprometendo a 
sua dicção, um das consequências dessa doença. Nell cresceu e reproduziu o que ouvia. 
Por isso, é possível compreender a pronúncia de algumas palavras pela 
personagem. Com o passar dos três meses, período oferecido pela justiça, Nell foi 
desmitificando mitos e demonstrando autonomia e maturidade para sobreviver sozinha. E 
também com a convivência dos médicos, foi aliando ao vocabulário novos conhecimentos 
linguísticos, aprendizado explicado com a teoria do construtivismo de Piaget. 
Nell tinha comportamentos diários que são considerados normais e essenciais 
como banho para a higiene, fogueira para combater o frio, e ainda lembranças do 
passado na comunicação oral. Com todas as evidências coletadas, os médicos e as 
autoridades teve que aceitar que a jovem mulher poderia continuar a vida no lugar de 
origem, sem ser importunada por outros indivíduos e nem sujeita a tratamentos. 
Existem histórias que podem ser comparadas em algum grau com esta obra, 
embora sejam lendárias e fictícias, quando personagens viveram e sobreviveram como 
selvagens em condições totalmente adversas e não humanizadas. Ao exemplo: 
 A lenda de Rômulo e Remo, fundadores de Roma, e que teriam sido a 
amamentados por uma loba. 
 A história infantojuvenil de Tarzan (1912) do escritor Edgar Rice, que perdeu os 
pais na selva e foi criado por gorilas, quando também reproduziu os hábitos desses 
animais. 
 A figura de Mogli, personagem do romance O Livro da Selva do escritor Rudyard 
Kipling. A criança teria sido criada por lobos e seguido à mesma lei da 
sobrevivência selvagem. 
 A obra espetacular de Capitão Fantástico (2016), quando os pais decidem criar 
seus cinco filhos no meio da floresta longe da civilização. Embora as crianças e 
adolescentes sejam extremamente inteligentes e hábeis, a comunicação e 
socialização com outros indivíduos é limitada. A educação domiciliar 
(homeschooling) é criticada por familiares e questionada pelos telespectadores. 
Conclui-se que com toda sensibilidade e consciência, Nell é um filme inspirador 
que mostra até onde podemos influenciar nas diversas culturas humanas e que a prática 
da compreensão do diferente é muito importante para um bom convívio humano.