Buscar

Trabalho Análise do Discurso e Enunciação - Eni Orlandi

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE CAMPUS CENTRAL
GRADUAÇÃO EM LETRAS - LICENCIATURA
JOÃO BATISTA DA SILVA GOULART
DEFINIÇÕES EM ORLANDI, ENI PUCCINELLI. ANÁLISE DE
DISCURSO: PRINCÍPIOS & PROCEDIMENTOS. 8. ED.
CAMPINAS: PONTES, 2007. 100P.
PORTO ALEGRE
2019
JOÃO BATISTA DA SILVA GOULART
DEFINIÇÕES EM ORLANDI, ENI PUCCINELLI. ANÁLISE DE
DISCURSO: PRINCÍPIOS & PROCEDIMENTOS. 8. ED.
CAMPINAS: PONTES, 2007. 100P.
	
	
Trabalho do Componente Curricular de Teoria do Texto/Discurso: AD e Enunciação, apresentado como requisito parcial para obtenção da aprovação avaliativa na Licenciatura em Letras pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.
	
Profa Dra Sita Mara Lopes Sant’Anna
Orientador
PORTO ALEGRE
2019
Conceito de Discurso: 
- a palavra em movimento, prática de linguagem. ORLANDI, 2007, p. 15);
- a linguagem serve para comunicar e não comunicar. As relações de linguagem são relações de sujeitos e de sentidos e seus efeitos são múltiplos e variados. Daí a definição de discurso: o discurso é efeito de sentido entre locutores. (ORLANDI, 2007, p. 21).
Ex.: os discursos não são autônomos e homogêneos nem criação de um sujeito. Ao nascermos, os discursos já estão em processo e nós é que entramos nesse processo. Eles não se originam em nós. Os discursos, e não as palavras em estado de léxico, ou seja, de sistema, são os sítios dos sentidos por meio de que significamos o mundo. 
Conceito de Interdiscurso:
- é o exterior constitutivo do discurso responsável pelos sentidos que provêm de outro lugar, mostra a necessidade dos movimentos parafrásticos e polissêmicos para a constituição dos sentidos. Não sendo possível inaugurar um sentido completamente novo, pois tal sentido seria incompreensível, o novo surge a partir de deslocamentos do já-dito, isto é, da memória do dizer (ORLANDI, 2007, p. 31);
 - aquilo que fala antes, em outro lugar, onde as palavras fazem sentido, pois seus significados são oriundos de outros dizeres que se encontram armazenados em nossa memória e que vem à tona com outras palavras a cada enunciado produzido (ORLANDI, 2007, p. 31); 
Ex.: É tudo o que já se disse sobre a condição de alguém na sociedade, sobre os preconceitos que sofre, sobre sua luta por igualdade; são todos esses sentidos já ditos por alguém, em algum lugar, em outros momentos.
c) Conceito de Condições de Produção:
- Pensadas em um sentido estrito, dão conta do contexto imediato da enunciação; consideradas em um sentido mais amplo, as condições de produção incluem o contexto sócio-histórico e o aspecto ideológico. A proposta de definição de condições de produção a que nos vinculamos as considera em alinhamento à análise histórica das contradições ideológicas presentes na materialidade dos discursos, incluindo a imagem, e articulada teoricamente ao conceito de formação discursiva. A somatória dos valores ideológicos constitui o imaginário que designa o lugar que os sujeitos do discurso atribuem-se mutuamente (ORLANDI, 2007, p. 16);
- considera os processos e as condições de produção de linguagem, pela análise da relação estabelecida pela língua com os sujeitos que a falam e as situações em que se produz o dizer (ORLANDI, 2007, p. 16);
- implicam aspectos materiais (a língua e a história), institucionais (a formação social), e aspectos imaginários (as projeções de sentido realizadas pelo sujeito).
Ex.: Assim, as condições de produção no qual perpassam os discursos nos leva a compreender que a condição de alguém que algum preconceito na sociedade é ainda algo que deve ser muito discutido tanto entre os familiares, quanto nos demais espaços da comunidade/sociedade.
Conceito de Intradiscurso:
- aquilo que estamos dizendo naquele momento dado, em condições dadas (ORLANDI, 2007, p. 33);
- a atualização dos dizeres em momentos e condições específicas (ORLANDI, 2007, p. 33).
Relação memória, interdiscurso e condições de produção:
- É pelo discurso que melhor se compreende a relação entre linguagem/ pensamento/ mundo, porque o discurso é uma das instâncias materiais concretas dessa relação (ORLANDI, 2007, p.12). Nesse sentido, podemos inferir que a relação existente entre memória, interdiscurso e condições de produção mobilizam-se pelos seguintes dispositivos: 
a) por meio das condições de produção que se podem compreender, os sujeitos e a situação, relacionados à memória (ORLANDI, 2007, p.12); 
b) as condições de produção em contexto amplo remetem a um conjunto de formulações já feitas e esquecidas, que trabalharão de modo a determinar o que dizemos, e, nesse sentido, as condições de produção e a memória discursiva trabalharão de forma conjunta, pois a memória é o saber discursivo que torna possível todo dizer;
c) a memória que fazemos referência não é a capacidade cognitiva, individual, a faculdade de poder se lembrar de alguma coisa, mas no sentido social, como um conjunto de experiências acumuladas pelos homens no decorrer do tempo, conjunto de experiências acumuladas pelos homens no decorrer do tempo, conjunto de experiências que pode ser recuperado nos textos, que está inscrito, portanto, na materialidade discursiva;
d) a memória refere-se então ao interdiscurso como aquilo que fala antes, em outro lugar, independentemente. Então, é através do interdiscurso, ou memória discursiva, que as palavras fazem sentido, pois seus significados são oriundos de outros dizeres que se encontram armazenados em nossa memória e que vem à tona com outras palavras a cada enunciado produzido (ORLANDI, 2007, p.31);
e) Assim no campo discursivo da AD, todo discurso produz sentidos a partir de outros sentidos já pré-construídos e cristalizados na sociedade. Dessa forma, podemos perceber a memória discursiva funcionando, nesse caso a partir todos os discursos já cristalizados (condições de produção) e já ditos – interdiscursos -. Desse modo, as palavras falam com outras palavras e toda palavra é sempre parte de um discurso. E todo discurso se delineia na relação com outros: dizeres presentes e dizeres que se alojam na memória. (ORLANDI, 2007, p.43).
f) Relação silógica: Se toda palavra é sempre parte de um discurso; e se todo discurso se delineia na relação com outros, então toda palavra já-dita se faz presente e se atualiza nos dizeres.
g) Ex.: o interdiscurso corresponde ao momento em que o sujeito elabora o seu dizer (memória) remetendo-o a outros discursos, em função da sua aproximação com os mesmos e das suas posições ideológicas (condições de produção).
Conceito de Esquecimento:
- processo que acontece em consequência da articulação do enunciado com a enunciação onde o sujeito marcado pelo processo ilusório de ser a fonte de sentido para o discurso e de ser o autor do seu próprio processo de enunciação;
- divide-se em esquecimento número um e esquecimento número dois;
. O esquecimento número um é o que dá conta do fato de que o sujeito falante não pode, por definição, se encontrar no exterior da formação discursiva que o domina. Ou seja, o sujeito se constitui pelo esquecimento do que o determina;
- O primeiro esquecimento é o esquecimento ideológico: o sujeito pensa ser a fonte do sentido quando, na verdade, ele apenas retoma sentidos já-ditos, a partir do trabalho que o inconsciente e a ideologia realizam sobre ele;
- O esquecimento número dois é da ordem da formulação. O sujeito esquece que há outros sentidos possíveis. Ao longo de seu dizer vão se formando famílias parafrásticas de tudo aquilo que ele podia dizer, mas não disse;
- O segundo esquecimento é o de que aquilo que o sujeito diz significa exatamente aquilo que ele quis dizer, e não poderia ser dito de outro modo.
Conceito de Paráfrase:
- os processos parafrásticos são aqueles pelos quais em todo dizer há sempre algo que se mantém, isto é, o dizível, a memória;
- representa assim o retorno aos mesmos espaços do dizer, produzindo-se diferentes formulaçõesdo mesmo dizer sedimentado, de maneira estabilizada. lado da estabilização. (ORLANDI, 2007, p. 36);
- a reiteração do mesmo;
- as mesmas palavras com o mesmo sentido em relação a diferentes locutores, a diferentes situações, e palavras diferentes com o mesmo sentido em relação a diferentes locutores, a diferentes situações.
Conceito de Polissemia:
- A polissemia externa os múltiplos sentidos produzidos pelo sujeito constituindo-se no diferente do já dito;
- Expressa uma ruptura na continuidade discursiva e onde se tem a escassez do discurso e a produção de novos sentidos;
- Este dispositivo evidencia para uma mesma palavra sentidos diferentes quando ela é situada em formações discursivas distintas;
 - as mesmas palavras com diferentes sentidos em relação a diferentes locutores, a diferentes situações, e palavras diferentes com diferentes sentidos em relação a diferentes locutores, a diferentes situações.
Conceito de Formações Imaginárias:
- lugar e posição dos sujeitos. 
- Lugar ocupado pelos sujeitos empíricos dentro de uma sociedade de relações hierarquizadas;
- posição é a projeção feita pelo mesmo em momentos como, por exemplo, o da antecipação do efeito de sentido causado pelo discurso em um determinado interlocutor. É assim que o sentido emerge na AD como efeito de sentido entre interlocutores, dado que as condições de produção de um discurso implicam aspectos materiais (a língua e a história), institucionais (a formação social), e aspectos imaginários (as projeções de sentido realizadas pelo sujeito).
- um discurso é sempre pronunciado a partir de condições de produção dadas, sendo estas definidas pelo autor como as circunstâncias de um discurso;
- O que designa o lugar que A e B se atribuem cada um a si e ao outro, a imagem que eles fazem do seu próprio lugar e do lugar do outro.
Conceito de Formações Discursivas:
- aquilo que em uma formação ideológica dada – ou seja, a partir de uma posição dada em uma conjuntura dada – determina o que pode e deve ser dito; 
- os sentidos não estão predeterminados na língua, mas se encontram constituídos nas e pelas formações discursivas.
- A partir da identificação dos dispositivos analíticos os procedimentos convergem para a articulação do objeto discursivo com o processo social onde ele é produzido. O passo seguinte é a identificação das formações discursivas, das regras que regem a produção dos discursos. A formação discursiva em uma formação ideológica determina o que pode e deve ser dito no interior de um aparelho ideológico inscrito em uma relação de classes. (ORLANDI, 2007, p.43).
Conceito de Formações Ideológicas:
- são constituídas de uma ou mais formações discursivas interligadas, caracterizando-se por serem um conjunto complexo de atitudes e de representações, não individuais nem universais;
- elas originam as regras que delineiam a produção do discurso em um contexto.
- ideologia como interpelação do indivíduo em sujeito, portanto, como conceito determinante na formação do discurso e do sujeito;
- são um conjunto complexo de atitudes e de representações que não são nem “individuais” nem “universais” mas se relacionam mais ou menos diretamente a posições de classe em conflito umas com as outras.
Conceito de Sujeito:
- enuncia na ilusão de escolher e definir o que diz, de controlar os sentidos, mas não sabe que, antes, ele é determinado tanto por seu lugar subjetivo possível naquele determinado momento de sua enunciação quanto por sua exterioridade, pela história que o atravessa, o que faz com que ele só tenha acesso a parte do que diz;
- não tem como controlar os sentidos como um todo, pois eles podem sempre vir-a-serem outros na relação com o outro, nas variações do tempo e do espaço em que ocorrem as enunciações;
- sujeito à língua e à história, pois para se constituir, para (se) produzir sentidos ele é afetado por elas. Ele é assim determinado, pois se não sofrer aos efeitos do simbólico, ou seja, se ele não se submeter à língua e à história, ele não se constitui, ele não fala, não produz sentidos (ORLANDI,2007, p.50)

Continue navegando