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Unidade 3
Vida Adulta – Seção 3.1
Professora: Aline Santana
<aline.l.santana@kroton.com.br>
3.1 Vida Adulta e suas Características
Contempla desde os jovens acima de 18 anos (segundo as leis brasileiras) até a velhice.
Fase adulta: campo ainda pouco explorado pela ciência psicológica.
“A psicologia não tem sido capaz de formular, de modo satisfatório, uma psicologia do adulto. Na verdade, as teorias psicológicas são menos articuladas e complexas quanto mais avançamos no processo de desenvolvimento da pessoa: sabemos muito sobre bebês, bastante sobre crianças, menos sobre jovens e quase nada sobre adultos.” (OLIVEIRA, 2004).
Porém... algumas teorias incorporaram os estudos sobre os adultos aos pressupostos teóricos amplos empreendidos por elas
Teorias psicodinâmicas
Convergem na ideia que a fase adulta constitui-se de particularidades significativas a serem investigadas, entendidas e incorporadas à teoria do desenvolvimento.
Erik Erickson
Organizou seus estudos em relação a esta etapa da vida em três tempos distintos:
Maioridade Jovem (21 a 40 anos);
Meia-Idade (40 anos até, aproximadamente, 60 anos);
Maturidade (após 60 anos).
A Maioridade Jovem contempla a crise intimidade versus isolamento:
- 	Intimidade porque marca a tarefa de estabelecer relacionamentos íntimos, que extravasam o amor da adolescência, incluindo casar e construir seu próprio grupo familiar;
- 	Isolamento porque o sujeito tem receio de não se sentir reconhecido, tende a isolar-se e, se necessário, para afastar as forças e pessoas que sente como perigosas para si próprio.
Erik Erickson
A Meia-Idade é marcada pela crise psicossocial generatividade versus estagnação.
Generatividade porque instala-se a necessidade de desenvolvimento de certa forma de criatividade, basicamente por meio da criação dos filhos e, também, na realização com o trabalho e na relação com a sociedade.
O indivíduo busca uma imortalidade simbólica, imprimir sua marca no mundo.
A generatividade inclui todos os produtos e realizações que beneficiam o sistema social e promovem sua continuidade e melhoria (MAGALHÃES; GOMES, 2005, p. 80).
Esta fase inclui a produtividade e a criatividade, promovendo a geração de novos seres ou ideias ou, ainda, novos produtos.
Erik Erickson
Para serem “generativos” é necessário que o sujeito tenha adquirido identidade próprias e bem-sucedidas, do contrário ficam estagnados. 
A Estagnação se refere ao adulto que não possui interesse em guiar as gerações seguintes, estagnando-se pela incapacidade de transcender e falta de criatividade (KAPLAN, SADOCK & GREBB, 1997). 
- Para resolver a estagnação é necessário resolver o que ficou pendente emocionalmente, só assim se pode avançar no sentido de uma maturidade adulta.
Donald Winnicott
Afirma que cada fase de nossas vidas é permeada por determinados graus de maturidade.
O adulto sadio é maduro enquanto adulto, o que significa que já transpôs todos os estágios de imaturidade, isto é, todos os estágios maduros anteriores (WINNICOTT, 2005, p. 129).
Essa maturidade só pode ser proporcionada pela vivência de um ambiente suficientemente bom.
Para Winnicott, em cada fase do desenvolvimento existem ações que se esperam que os sujeitos realizem, cada qual em seu tempo.
Donald Winnicott
Na idade adulta as tarefas seriam:
1 - Para quem teve um bom começo, continuar amadurecendo e manter-se vivo;
2 – Quando o sujeito chega à maturidade pessoal (integra a ideia de valor e preservação em relação às pessoas e às coisas) desenvolver a maturidade social (capacidade de valorizar e promover, quando possível, o modo de vida democrático);
3- Aceitar nossa impotência e imperfeição. Esta aceitação poderá, inclusive, nos levar a momentos de consciência da realidade e a constatação que a vida não é como idealizamos;
4 - Capacidade de envelhecer e morrer.
Carl Gustav Jung
Sua teoria compõe a Psicologia Analítica.
Um conceito fundamental é o de individuação: 
- 	processo pelo qual a Consciência de um indivíduo se individualiza ou se diferencia das outra; 
processo em que uma pessoa se torna um indivíduo, uma unidade ou um Todo indivisível. O principal foco da Individuação é o conhecimento de si mesmo e criação do Self;
integração entre os aspectos conscientes e inconscientes, ou entre o ego e os conteúdos relativos ao arquétipo sombra.
Carl Gustav Jung
O que são arquétipos?
São míticos personagens universais que residem no inconsciente coletivo das pessoas/ são o conteúdo do inconsciente coletivo.
Para a psicanálise todos nós temos um inconsciente pessoal, com conteúdos reprimidos na infância, especialmente. 
Jung vai além e diz que, apesar deste inconsciente pessoal, todos nós temos um inconsciente coletivo, ligado à ancestralidade, à história da espécie humana.
Os fenômenos que ocorreram com nossos antepassados, a um nível coletivo e em diferentes culturas e sociedades, moldam a nossa maneira de ser.
Carl Gustav Jung
Os arquétipos são conjuntos de “imagens primordiais” originadas de uma repetição progressiva de uma mesma experiência durante muitas gerações, armazenadas no inconsciente coletivo.
Eles são universais, ou seja, todos nós herdamos porque pertencemos à espécie humana, mas é na experiência da vida, na relação com nossa família, com a sociedade, com o outro, que a manifestação desses conteúdos se diferencia em cada um de nós.
Jung teorizou muitos arquétipos, mas vamos nos concentrar no arquétipo a sombra.
Carl Gustav Jung
De acordo com Jung, o ego representa a mente consciente, enquanto o inconsciente pessoal contém lembranças, incluindo aquelas que foram suprimidas. 
No inconsciente pessoal os conteúdos ficam “guardados” enquanto a vida segue, até que, de repente, nos vemos em uma situação de crise, ou numa angústia muito forte, “a sombra aproveitará a oportunidade para exercer o seu poder sobre o ego” e esse conteúdo retorna, de forma violenta e, por vezes, destruidora (HALL; NORDBY, 2014, p. 41).
O conteúdo “sai” da sombra e “vai” para a superfície, para as nossas relações pessoais.
A sombra é o outro lado da moeda. Então, para ter uma moeda inteira, é preciso os dois lados, suas duas faces.
Carl Gustav Jung
A sombra é fundamental na construção de nossa personalidade, mas, a questão é: como permitir que esses conteúdos reprimidos se manifestem de forma a possibilitar integração, e não a destruição.
Jung explicou que existem diferentes tipos de sombras e que uma maneira de alcançar o bem-estar, a cura e a liberdade pessoal é torná-las conscientes e enfrentando todas elas.
Dessa forma, na teoria junguiana, o ego se desenvolve nessa relação com os arquétipos (mas, não somente com eles) e encontra seu ápice quando o sujeito chega à meia-idade.
Nessa fase ocorre a metanoia: momento de crise existencial da segunda metade da vida, dos 35 aos 45 anos, onde o eu busca a resolução de conflitos internos e autorrealização. É um momento de crescimento profundo em que a pessoa consegue ressignificar a sua atuação no mundo.
Teorias existenciais
Focam nas nossas escolhas conscientes afirmando sermos fruto de nossas tomadas de decisões. 
Nada nos precede, nos determina, ou nos organiza em conjuntos de atribuições comuns relacionados ao comportamento, aos afetos, aos processos cognitivos. O que existe é o homem por si
Jean-Paul Sartre
Constrói uma visão de mundo com base na teoria existencial
Aborda a questão da autonomia e da construção de uma identidade autêntica em nossa trajetória de vida.
Esta autenticidade está igualmente vinculada ao fato de aceitarmos a vida humana como é e conseguirmos lidar com as ansiedades e a angústias que estão implicadas em nossas escolhas, logo, está ligada à uma maturidade pessoal e social (TEIXEIRA, 2006).
Para Sartre, somos livres para escolher o rumo de nossos caminhos e, ao mesmo tempo, responsáveis por suas consequências. 
O homem busca sentido nas coisas questionando-as e refletindo sobre a realidade externa e sobre sua subjetividade.
Jean-Paul Sartre
O homem não é nada, ele é um vir a ser que,na verdade, não se realiza da forma como deseja.
Essa experiência de Nada faz com que o sujeito questione a si, vivenciando momentos de crises existenciais significativas.
Essas crises são experimentadas quando nos damos conta de nossas limitações, provando um sentimento de angústia, e esse sentimento nos remete à realidade de que somos seres inacabados e responsáveis pelas escolhas que fazemos, inclusive, pelas escolhas que não fazemos.
Sartre utiliza o termo angústia para descrever esses momentos de escolha, no sentido de que há sempre um medo que envolve as consequências nas decisões tomadas.
Jean-Paul Sartre
A angústia surge na medida em que o indivíduo não é suficientemente preparado para o futuro que ele tem de ser, restando para ele apenas todos os sentimentos de conflitos em sua existência. 
 O fundamento filosófico de Sartre é, sobretudo a liberdade individual.
O homem está condenado a ser livre e toda a sua existência decorre desta condição. 
Frente a uma decisão, o homem percebe o seu total desamparo, já que não há nada que possa salvá-lo da tarefa de escolher; em suma, nada pode salvá-lo de si mesmo.
Desse modo, o ser humano, fundamentando-se na sua estrita liberdade, vê-se a todo instante compelido a se inventar, posto que são suas escolhas que constroem a sua essência. 
Teorias comportamentais
Skinner
Também falou da liberdade individual.
Liberdade – ou melhor, comportamento de quem se ‘sente livre’ (‘feels free’) – é também o produto de uma história de condicionamento.
Somos livres, na medida em que podemos escolher, mas, também escolhemos na medida em que alguns elementos reforçam, punem ou extinguem nosso comportamento. 
Skinner não sistematizou uma compreensão teórica linear sobre as questões voltadas ao desenvolvimento humano, porém, estudou bastante conceitos ligados a isso: idade, crescimento, maturação, estágio e evolução.
 Para ele, o simples recorte etário não pressupõe a existência ou ausência de determinado comportamento.
Skinner
O homem é “produto de um conjunto de variáveis genéticas e ambientais”, sendo assim, ele é único. 
O processo de desenvolvimento é composto, segundo os estudos de Skinner, por dois elementos: mudanças e continuidades. 
As mudanças estão interligadas a um tempo e espaço no qual estamos inseridos. 
A continuidade se refere a um vínculo entre os padrões de comportamento anteriores e posteriores, à uma regularidade nesses padrões de comportamento e, também, é entendida enquanto padrões de relacionamento previsíveis. 
Teoria Cognitvo – Comportamental (TCC)
Não discrimina um manejo clínico, ou lança luz de estudos específicos, baseando-se no recorte ‘fase adulta’.
Relativamente às estratégias de intervenção, a maioria dos autores inspira-se no modelo de terapia cognitiva de Aaron Beck: correção dos pensamentos disfuncionais.
Busca transformar o pensamento possibilitando que ele seja funcional e duradouro, pois o processo de adoecimento surge como consequência de recorrentes pensamentos disfuncionais que influenciam o humor e o comportamento da pessoa, distorcendo a maneira como ele percebe a realidade, independentemente da idade do indivíduo. 
Contudo, um ponto importante considerado na psicoterapia de adultos é que, à medida em que trabalhamos com o processo de envelhecimento humano, é suavizar as expectativas relativas à aprendizagem de novos comportamentos, inclusive por conta do próprio declínio biológico. 
Referências
PICIRILLI, Cláudia Capelini. Desenvolvimento Humano II. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.