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Resumo Tripartição dos Poderes

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Resenha do artigo “Dos Três Poderes de Montesquieu à Atualidade e a Interferência do Poder Executivo no Legislativo no 
Âmbito Brasileiro” 
Nesse artigo, podemos observar e entender os conceitos de Montesquieu sobre a Tripartição de Poderes, e também com 
isso, saber qual a função de cada um dos três poderes, e qual deveria ser. Representando uma forte 
interferência do poder executivo sobre o poder legislativo. E finalizando com a diferença de medida provisória e decreto lei. 
Montesquieu tinha como principal objetivo individual ao escrever seu livro “Espírito das Leis” obter salvaguarda da liberdade. 
Nesse livro, o autor instilava dar o fim a separação dos poderes que se identifica como o principio constitucional de maior 
importância de todo o período liberalista. No contexto, ele se condiz com várias ideias de liberdade, mas fixa-se a liberdade 
de fazer tudo aquilo que está na lei. Porque se fizermos o que elas proíbem não teremos mais a liberdade já que o outro 
também poderia fazer. Também cita, que todo homem que tem o poder tende a abusar deste poder, e por isso devemos ter 
uma organização onde um poder possa frear o outro poder, limitando um ao outro simultaneamente. 
Distinguindo-se em três, esses poderes seriam e agiram de tal forma a propiciar a maior liberdade possível segundo o autor, 
sendo eles: o poder legislativo, o poder executivo e o poder de julgar. No primeiro, o príncipe ou magistrado, tem o poder de 
formar e modificar as leis, sendo elas de caráter temporário ou permanente. Já no segundo, “faz a paz ou a guerra, envia ou 
recebe embaixadas, instaura a segurança, previne invasões”. E o terceiro poder, ele julga a negligência e pune o errado. 
Por isso, se a mesma pessoa ou grupo exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de executar as resoluções e o de 
julgar os crimes ou conflitos entre os particulares, não haveria um sistema funcional. A liberdade não pode ser assegurada em 
um lugar onde apenas um interesse é garantido, onde não há a repartição de escolhas, por isso esses poderes devem ser 
exercidos por pessoas e grupos distintos, impedindo que apenas um interesse prepondere. 
O poder de julgar, o entendido seria que fosse exercido por um senado não permanente e composto por pessoas do povo, 
tendo assim a obtenção precisa da variação necessária de interesses a todos. 
O poder legislativo, entende-se que ele pertence ao povo no seu conjunto, pois parte da ideia que cada um deve “governar-se 
a si mesmo”. Dessa forma todos deveriam ter parte diretamente na criação de leis, para determinar o justo e cabível, o que 
não há possibilidade de ser elaborado, principalmente pela grande extensão e número de habitantes dos Estados modernos, 
e até mesmo nos pequenos possui muitos inconvenientes. Por esse motivo, a única forma plausível é o povo eleger 
representantes para exercer o poder legislativo, sendo esse representante, da mesma região onde irá legislar por ter 
conhecimento das necessidades regionais e dos cidadãos que habitam essa região. 
Montesquieu não acreditava que o povo tinha estrutura para discutir os assuntos do governo, e por isso, deveriam ter 
representantes, sendo necessário pelo povo apenas a escolha desse representante. 
Para ele, o poder executivo deveria ser exercido por uma monarca, para obter decisões mais rápidas. O corpo legislativo não 
poderia exercer o poder executivo porque se trata de um grupo de pessoas e isto atrasaria as decisões que necessitam de 
agilidade na resolução. Além do mais, para que o corpo legislativo detivesse o poder executivo, é necessário que ambos 
estivessem continuamente reunidos, consequentemente os membros acabariam por serem substituídos apenas quando 
mortos. 
O poder legislativo e o poder executivo devem trabalhar juntos para assim se obter um resultado, da forma que o legislativo 
fiscalize o executivo sobre suas ações e omissões. Tendo como única razão a intervenção como maneira de se defender, 
pois se pudesse decidir um poder pelo outro, acabaria com toda a liberdade. 
O que ocorre é que os poderes limitam uns aos outros, as duas partes do legislativo se limitam pela faculdade de impedir, 
essas duas por sua vez são limitadas pelo executivo e por fim este limitado pelas leis criadas pelo legislativo. 
De inicio podemos perceber que o autor tende a privilegiar os nobres, pois ao prezar a liberdade o autor acaba por defender a 
liberdade dos nobres. Isto porque nota-se duas vantagens consideráveis para a nobreza, a primeira é a do reconhecimento da 
força política dada a essa classe por sua ocupação na câmera alta e a segunda é a de poderem ser julgados por 
representantes da própria classe, tendo assim essa classe social um futuro pessoal, posição, privilégios e distinções 
garantidas contra as violências do rei e do povo, outro argumento é a existência de três potencias, sendo eles, rei, povo e 
nobreza, e não de três poderes, pois a nulidade adquirida pelo poder judiciário torna o legislativo (povo e nobreza) e o 
executivo (rei) preponderantes. Por fim, não existe uma separação total entre os poderes, mas sim uma ligação entre eles que 
na verdade se reflete na combinação das suas potências. 
Na tripartição dos poderes no Brasil já existiu a divisão entre quatro poderes, sendo eles, legislativo, executivo, judiciário e 
moderador, esse último ia totalmente contra os conceitos de Montesquieu. Atualmente o modelo de triparticipação de poderes 
está adequado a sua teoria, o poder executivo que constitui o governo de fato, o poder legislativo composto pelo sistema 
bicameral (câmara dos deputados e senados), e ainda, o poder judiciário. Foi adotada em 1988 essa forma de governo, para 
efeito de melhor organizar as funções estatais, devendo-se manterem independentes um dos outros, tendo sua própria 
autonomia dentro do Estado e comprometimento um com outro, só assim funcionarão em harmonia. 
Analisando a forma como está o Brasil atualmente, pode-se dizer que isso não ocorre adequadamente, tendo certa 
preponderância do poder executivo sobre os outros poderes, acaba criando uma intromissão que entendemos como 
inapropriada, pois é notável que essa disposição de poderes contribua para o surgimento de corrupção. Nesse cenário de 
desequilíbrio o executivo tem praticado atos do legislativo, além de predominar algumas vezes sobre este e com isso surgindo 
à formação de uma sociedade de injustiças, criada à sombra do liberalismo, e de um executivo antidemocrático. 
O poder legislativo é aquele responsável por criar as leis, mesmo essa sendo sua função predominante, não é a única e nem 
exclusiva, também tendo a função de legislar, fiscalizar, administrar e julgar. Já o poder executivo são as funções 
administrativas para um conjunto de órgão e autoridades públicas. 
O autor também não deixou de ressalvar as diferenças entre medida provisória e decreto lei, sendo elas que o decreto lei 
para produzir os pressupostos eram apresentados alternativamente, podendo ser editado em “casos de urgência ou de 
interesse público relevante”. Já a medida provisória esses pressupostos passaram a ser exigidos cumulativamente “em casos 
de relevância e urgência”. Sobre a matéria, o decreto lei apontava quais poderiam ser os seus objetos e estava subordinada à 
condição de não causar aumento de despesa. E a medida provisória em principio, pode consistir sobre qualquer matéria, 
ressalvada as vedações estabelecidas pela EC nº32/01, e não depende de nenhuma condição financeira. Em relação à 
aprovação pelo Congresso Nacional, o decreto lei se não apreciado a tempo pelo Congresso, era definitivamente aprovado, o 
chamado decurso de prazo. Já a medida provisória apenas é convertida em lei se for apreciada e aprovada pelo Congresso 
Nacional, caso contrário ela deixará de existir. A rejeição, do decreto lei não causava nulidadedos autos praticada durante a 
sua vigência. Nas medidas provisórias a rejeição de tem efeitos ex tunc, isso quer dizer que voltam ao momento de sua 
edição eivando a nulidade aqueles atos que foram praticados na sua vigência, é como a medida provisória nunca tivesse 
existido. Os decretos leis só poderiam ser aprovados ou rejeitados por inteiro. E a medida provisória pode ser emendada por 
parlamentares. 
Por fim, precisamos descobrir se há ou não legitimidade nas medidas provisórias, e caso exista, se o seu uso vem sendo feito 
de forma legitima pelo chefe do executivo. Voltando ao pensamento do autor, sabe-se que ele não buscava que os poderes 
fossem totalmente segregados, muito pelo contrário, buscava sua harmonização e intervenção mínima, com isso, no intuito de 
atender a essa funcionalidade do governo, nossa Assembleia Constituinte decidiu adotar a medida provisória como forma de 
não permitir que fiquemos presos a um paradigma de “separação” de poderes da eficácia de atendimento a população. 
Portanto, mesmo que medida provisória tenha sido elaborada para garantir esse processo do mundo empírico de forma 
legitima, o seu uso não vem tendo tal legitimidade, porque o caráter de relevância urgência que legitima não é respeitado. 
Necessário ressaltar que o poder executivo controla ampla quantidade de recursos e cargos públicos fundamentalmente 
atrelados aos interesses do poder legislativo, o que lhe admite obter real apoio partidário na tramitação das matérias de seu 
interesse. Visto isso, percebe-se que as deliberações constitucionais, assim como o controle de múltiplos recursos públicos 
trabalham como instrumentos por meio dos quais o poder executivo é capaz de ingerir o poder legislativo, dirigindo a 
aprovação ou rejeição das matérias que são de interesse próprio.

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