Buscar

Reabilitação pulmonar na unidade de terapia intensiva

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

81Fisioter Pesq. 2010; 17(1)
Reabilitação pulmonar na unidade de terapia intensiva: revisão de literatura
Pulmonary rehabilitation in intensive care unit: a literature review
Danielle Corrêa França1, Aléssia Quintão Apolinário2, Marcelo Velloso3, Verônica Franco Parreira4
Estudo desenvolvido na
EEFFTO/UFMG – Escola de
Educação Física, Fisioterapia e
Terapia Ocupacional da
Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, MG,
Brasil
1 Fisioterapeuta Ms.; doutoranda
em Ciências da Reabilitação
na EEFFTO/ UFMG
2 Fisioterapeuta; pós-graduanda
em Ciências da Reabilitação
na EEFFTO/ UFMG
3 Prof. Dr. adjunto do Depto. de
Fisioterapia da EEFFTO/UFMG
4 Profa. Dra. associada do
Depto. de Fisioterapia da
EEFFTO/UFMG
ENDEREÇO PARA
CORRESPONDÊNCIA
Danielle Corrêa França
R. Rui Barbosa 498
35700-412 Sete Lagoas MG
e-mail:
daniellecf2005@yahoo.com.br
APRESENTAÇÃO
fev. 2009
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
jan. 2010
RESUMO: O longo período de imobilidade na internação em unidade de terapia
intensiva (UTI) desencadeia prejuízos aos sistemas musculoesquelético,
cardiovascular, respiratório e neurológico. A reabilitação pulmonar na UTI, em
especial o treinamento físico, visa restaurar a funcionalidade anterior ao episódio
que determinou a necessidade da ventilação mecânica, reduzindo a dependência,
prevenindo novas internações e, conseqüentemente, melhorando a qualidade de
vida. Entretanto, é observada resistência na aplicação dessa modalidade de
tratamento, devido ao receio das equipes. O objetivo do presente estudo foi efetuar
uma revisão da literatura sobre as implicações dos programas de reabilitação
pulmonar nas UTI. O levantamento bibliográfico foi feito nas bases de dados
PubMed, Cochrane, PEDro e SciELO por meio dos descritores “reabilitação
pulmonar” “no cuidado intensivo” e “na unidade de terapia intensiva”, além de
estudos sugeridos por especialistas. Sete artigos (ensaios clínicos randomizados,
estudos de coorte e retrospectivos) foram avaliados. Todos sugeriram que a
reabilitação na UTI é benéfica e não causa efeitos colaterais. Os principais benefícios
identificados foram a melhora da deambulação, aumento de força da musculatura
respiratória e esquelética, além de melhora funcional ligada às atividades de vida
diária. De acordo com os estudos analisados, a reabilitação pulmonar em UTI
mostrou-se uma modalidade segura, bem tolerada e que determina efeitos positivos
aos pacientes.
DESCRITORES: Imobilização; Pneumopatias/reabilitação; Unidades de terapia
intensiva
ABSTRACT: The long period of immobility in intensive care units (ICU) may be harmful
to patients’ musculoskeletal, cardiovascular, respiratory and neurological systems.
Pulmonary rehabilitation in ICU, particularly the physical training, aims to restore
previous functionality prior to the event that determined the need for mechanical
ventilation, thus reducing dependence, preventing new admissions, and improving
patients’ quality of life. However, resistance has been noticed among ICU staff to
applying physical training. The purpose of this study was to perform a literature
review on the implications of pulmonary rehabilitation programs in the ICU. Articles
were sought for in PubMed, Cochane, PEDro and SciELO databases, by means of
key words “pulmonary rehabilitation”, “intensive care”, and “intensive therapy”,
in addition to studies suggested by experts. Seven articles (randomised clinical
trials, cohort, and retrospective studies) were assessed. All of them suggested benefits
by pulmonary rehabilitation in the ICU, in addition to the absence of side effects.
Main benefits were ambulation improvement, increase on strength of respiratory
and skeletal muscles, plus improvement in activities of daily living. According to
the studies analyzed, pulmonary rehabilitation in the ICU proves to be beneficial
to patients, being a safe and well tolerated means of rehabilitation.
KEY WORDS: Immobilization; Intensive care units; Lung diseases/rehabilitation
Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.17, n.1, p.81-7, jan/mar. 2010 ISSN 1809-2950
Fisioter Pesq. 2010; 17(1) : 81-7
82 Fisioter Pesq. 2010; 17(1)
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento e os avanços das
unidades de terapia intensiva (UTI), alia-
dos aos da ventilação mecânica (VM) e
dos cuidados intensivos, propiciam o
aumento da sobrevida de pacientes criti-
camente enfermos. Essa sobrevida é
freqüentemente associada à VM prolon-
gada e a período extenso de internação,
com conseqüente imobilidade no leito1.
A inatividade prolongada pode desen-
cadear limitações e disfunções de órgãos
e sistemas2. A restrição da atividade física
tem sido associada a diferentes prejuízos
aos sistemas corporais. No sistema mus-
cular, a imobilidade prolongada reduz
o potencial e a eficácia para realizar
exercícios, particularmente os aeróbi-
cos2,3. No sistema esquelético o repouso
prolongado leva à desmineralização,
diminuição da densidade óssea e fraturas
decorrentes de pequenos impactos2. No
sistema respiratório, a imobilidade pode
diminuir a capacidade residual funcional
e a complacência pulmonar, ocasionan-
do atelectasias, retenção de secreções
e, em alguns casos, a pneumonia e mor-
te3. As adaptações cardiovasculares à
atividade reduzida são consideradas
prejudiciais para a saúde do indivíduo
e a inatividade crônica é identificada
como um fator de risco para doença
cardiovascular3. Em relação ao sistema
nervoso central, o repouso prolongado
induz ao deficit de equilíbrio e redução
da capacidade de manutenção em ortos-
tatismo e desempenho em testes da
função intelectual4. Os prejuízos deter-
minados pela imobilização durante a
hospitalização prolongada podem po-
tencialmente agravar o curso clínico da
doença de base5. Entretanto, esse de-
clínio da capacidade funcional pode ser
atenuado por um programa de reabili-
tação pulmonar na UTI, que tem sido
associado a um menor deficit funcional
após a alta hospitalar6,7.
A reabilitação pulmonar é um progra-
ma multidisciplinar de cuidado para
pacientes com doença respiratória crô-
nica, individualmente planejado para
otimizar o desempenho físico, social e
autonomia do paciente8-10. A reabilitação
pulmonar na UTI objetiva aplicar moda-
lidades terapêuticas que restaurem a
funcionalidade anterior ao episódio que
determinou a necessidade da VM. Essa
modalidade da reabilitação reduz a
dependência do paciente em relação às
atividades de vida diária, previne novas
internações e melhora a qualidade de
vida do paciente3.
O treinamento físico é um compo-
nente essencial do programa de reabili-
tação na UTI3, associado a incremento
da força muscular e otimização do tem-
po fora da VM. Tais benefícios favorecem
a restauração precoce dos sistemas cor-
porais, evitam complicações associadas
à imobilidade prolongada e contribuem
para a melhora da qualidade de vida após
VM prolongada1. Entretanto, observa-se
resistência na aplicação do treinamento
físico, determinada pelo receio das
equipes de UTI diante da gravidade do
quadro clínico dos pacientes em VM.
Outros fatores que contribuem para a
resistência na aplicação desse treina-
mento são a intensidade de trabalho das
UTI e a necessidade de pessoal treinado
para efetuar o treinamento físico11.
Diante dos défices determinados pela
imobilidade e dos benefícios provenien-
tes do treinamento físico dos programas
de reabilitação precoce, o objetivo do
presente estudo foi realizar uma revisão
da literatura sobre os resultados dos
programas de reabilitação pulmonar nas
UTI.
METODOLOGIA
Foi realizada uma revisão da litera-
tura. As seguintes etapas foram seguidas:
identificação do problema e formulação
da pergunta – Quais são as evidências
científicas sobre os programas de reabi-
litação pulmonar nas UTI? –, localização
e seleção dos estudos, coleta de dados,
análise e interpretação dos dados,
avaliação crítica dos estudos.O levantamento bibliográfico foi feito
nas bases de dados PubMed, Cochrane,
PEDro e SciELO por meio dos descri-
tores, em português e inglês, reabilitação
pulmonar no cuidado intensivo e reabi-
litação pulmonar na unidade de terapia
intensiva.
Os critérios de inclusão foram: artigos
disponíveis na íntegra que abordaram o
treinamento físico em um programa de
reabilitação pulmonar em pacientes
adultos, hospitalizados em UTI, publi-
cados em inglês, espanhol ou português.
Não foram incluídas as revisões biblio-
gráficas. A data da publicação não foi
limitada devido ao escasso número de
estudos sobre o tema.
As referências bibliográficas de todos
os artigos foram verificadas e foi realiza-
do contato com especialista no assunto,
que ofereceu outros estudos. Os artigos
foram selecionados mediante leitura cri-
teriosa do título e resumo. Foram excluí-
dos da análise estudos que desviaram do
tema proposto. A análise feita foi des-
critiva.
RESULTADOS
No levantamento bibliográfico, foram
localizadas 16 referências na PubMed,
10 na Cochrane, uma na SciELO e cinco
na PEDro. No entanto, a maioria das re-
ferências foi encontrada em mais de uma
base. Grande parte dos estudos foi
excluída por desviar do tema ao abordar
reabilitação pulmonar após alta da UTI.
Após a análise, de acordo com os cri-
térios de inclusão, dois artigos foram
selecionados. Nestes foram encontrados
seis artigos listados nas referências bi-
bliográficas, dos quais dois foram
incluídos após leitura criteriosa. Também
foram incluídos três artigos não dispo-
níveis nas bases de dados, sugeridos pelo
especialista, totalizando uma amostra
final de sete publicações (Figura 1).
O Quadro 1 apresenta uma sinopse dos
sete estudos selecionados, destacando
suas principais características.
De acordo com a literatura pesqui-
sada, Make et al.12 foram os primeiros
autores a publicarem um manuscrito
sobre a reabilitação pulmonar na UTI.
Esses autores estudaram 16 pacientes
cronicamente ventilados de forma
invasiva, 10 com doença pulmonar obs-
trutiva crônica (DPOC) (grupo 1) e 6 com
alteração respiratória restritiva devido a
doença neuromuscular (grupo 2), refe-
renciados a uma unidade de reabilitação.
O programa de reabilitação pulmonar
consistiu em: estabilização; avaliação;
planejamento da reabilitação com moti-
vação para mobilização; treinamento
físico, que incluía exercícios de força e
resistência dos membros inferiores
Fisioter Pesq. 2010; 17(1) :81-7
 83Fisioter Pesq. 2010; 17(1)
(MMII), técnicas de conservação de
energia, deambulação e treino e enco-
rajamento de atividades de vida diária;
e planejamento da alta, com envolvi-
mento de familiares. Os dados foram
apresentados de forma descritiva.
Segundo os autores, os aspectos chave
do programa foram o uso de ventiladores
móveis e períodos de desmame superio-
res a duas horas, que permitiam inde-
pendência e mobilidade. Ao final do
estudo foi observada ampla variação na
independência para atividades de vida
diária. Quatro pacientes com DPOC e
dois com doença neuromuscular eram
minimamente independentes ou total-
mente dependentes, enquanto 12
pacientes permaneciam de 2 a 24 h/dia
fora do ventilador e eram moderada ou
totalmente independentes. Os autores su-
geriram que o programa de reabilitação
para pacientes cronicamente depen-
dentes da VM pode melhorar a funcio-
nalidade e qualidade de vida desses
pacientes.
Nava et al.6, em 1998, avaliaram 80
pacientes com DPOC em recuperação
de episódio de insuficiência respiratória
aguda, clinicamente estáveis, internados
em UTI, em VM ou espontânea. Dentre
os 80, 60 pacientes foram submetidos à
terapia padrão – que consistia em trata-
mento medicamentoso para as doenças de
base e possíveis complicações e suporte
nutricional – acrescida de um programa
de reabilitação (grupo A), enquanto os
outros 20 pacientes foram submetidos à
terapia padrão associada apenas à
deambulação progressiva (grupo B). Na
admissão, 78% dos pacientes do grupo
A e 70% do gruo B eram ventilados me-
canicamente, por ventilação invasiva ou
não-invasiva. O programa de reabilita-
ção consistia em duas sessões diárias de
30 a 45 minutos e foi dividido em quatro
fases. As duas primeiras foram conside-
radas treinamento para deambulação
progressiva, comum aos dois grupos de
pacientes: consistiam em treino com
sobrecarga crescente, de manutenção de
posturas a deambulação independente.
As fases III e IV, realizadas apenas pelos
pacientes do grupo A, consistiam em
treinamento dos músculos respiratórios,
pedalagem em cicloergômetro e cami-
nhada em esteira a 70% da carga atingi-
da no teste incremental realizado. Os
principais achados foram: não foi obser-
vada diferença significativa na porcen-
tagem de óbitos e de dias de internação
entre os grupos; durante a alta, 87% dos
pacientes do Grupo A apresentaram
autonomia para deambulação, enquanto
apenas 70% dos pacientes do grupo B
apresentaram esse resultado; pacientes
do grupo A apresentaram benefícios
não-evidenciados no grupo B, como
aumento significativo da distância per-
corrida no teste de seis minutos
(p<0,001) e da força dos músculos inspi-
ratórios (p<0,05), e diminuição significa-
tiva da freqüência cardíaca após o teste
de caminhada (p<0,01) e da taxa de
dispnéia na alta da UTI. Para os autores,
os resultados sugerem que pacientes
com DPOC admitidos em UTI, após
episódio de falência respiratória e que
na maior parte eram ventilados mecani-
camente, se beneficiaram de um progra-
ma de reabilitação pulmonar precoce.
Porta et al.13 avaliaram se a adição de
treinamento dos membros superiores
(MMSS) à fisioterapia global é aplicável
e se resulta em benefícios adicionais aos
pacientes recentemente desmamados da
VM. Foram avaliados 66 pacientes clini-
camente estáveis, internados em UTI e
desmamados 48 a 96 horas antes do
início do treinamento. Os pacientes
foram alocados aleatoriamente em dois
grupos: 1, intervenção e 2, controle
(fisioterapia global). A intervenção con-
sistiu em sessões de 20 minutos de
treinamento muscular específico de
MMSS em cicloergômetro, além da fisio-
terapia global. Vinte e cinco pacientes
de cada grupo completaram o protocolo.
Em relação ao grupo controle, o grupo
intervenção apresentou melhora mais
notável na capacidade de exercício,
evidenciada pela maior tolerância ao
teste incremental (p=0,003) e de resis-
tência (p=0,021) dos MMSS, menor taxa
de fadiga durante os testes incremental
(p=0,001) e de resistência (p=0,005) e
menor dispnéia durante o teste de resis-
tência (p=0,01). Ambos os grupos apre-
sentaram melhora na força dos músculos
inspiratórios e da taxa de dispnéia du-
rante o teste incremental, sem diferença
entre os grupos. Os autores concluem
que o treinamento precoce dos MMSS é
um programa seguro, aplicável em UTI,
que pode melhorar a tolerância ao exer-
cício e reforçar os efeitos de um progra-
ma de reabilitação global.
Em uma análise retrospectiva de 49
pacientes dependentes crônicos de VM,
Martin et al.11 avaliaram a prevalência e
Figura 1 Esquema ilustrativo do processo de seleção dos artigos sobre reabilitação
pulmonar em unidade de terapia intensiva
Artigos 
selecionados 
PubMed Cochrane SciELO PEDro
• 16 referências 
• Selecionada: 1 
– 15 desviaram 
do tema 
• 10 referências 
• Selecionada: 1
– 9 desviaram 
do tema 
• 1 referência 
• Selecionada: 0
– 1 repetida 
• 5 referências 
• Selecionada: 0
– 4 desviaram 
do tema 
– 1 repetida 
Localização de referências
 - citadas nas publicações selecionadas
- nas bases de dados
 - sugeridas por especialista
• 6 referências 
• Selecionadas: 2
– 4 desviaram 
do tema 
• 8 referências 
• Selecionadas: 3
– 4 repetidas 
– 1 revisão 
3 
2 
2 
Total: 7 artigos 
França et al. Reabilitação pulmonar na UTI
Fisioter Pesq. 2010; 17(1) : 81-784 Fisioter Pesq. 2010; 17(1)
Q
ua
dr
o 
1 
 S
in
op
se
 (p
rin
ci
pa
is
 in
fo
rm
aç
õe
s 
e 
re
ss
al
va
s)
 d
os
 s
et
e 
es
tu
do
s 
in
cl
uí
do
s 
na
 re
vi
sã
o 
A
ut
or
ia
 e
 
tip
o 
O
bj
et
iv
o 
A
m
os
tra
 
In
te
rv
en
çã
o 
C
on
tro
le
 
R
es
ul
ta
do
s 
R
es
sa
lv
as
 
12
 M
ak
e 
et
 a
l. 
19
84
 
D
es
cr
i-
tiv
o 
R
ep
or
ta
r m
ét
od
os
 e
 
su
m
ar
iz
ar
 re
su
lta
do
s 
da
 
re
ab
ili
ta
çã
o 
pu
lm
on
ar
 
de
 1
6 
pc
ts
 c
ro
ni
ca
m
en
te
 
ve
nt
ila
do
s 
16
 p
ct
s 
de
pe
nd
en
-
te
s 
de
 V
M
, 1
0 
c/
 
D
PO
C
 e
 6
 c
/ 
al
te
ra
çõ
es
 
re
st
rit
iv
as
 
A
V
D
, d
ea
m
bu
la
çã
o,
 
tre
in
am
en
to
 d
e 
fo
rç
a 
e 
re
si
st
ên
ci
a 
do
s 
M
M
II,
 té
cn
ic
as
 
de
 c
on
se
rv
aç
ão
 d
e 
en
er
gi
a 
N
ão
 s
e 
ap
lic
a 
N
a 
al
ta
: i
nd
ep
en
dê
nc
ia
 p
ar
a 
A
V
D
 v
ar
io
u:
 
4 
pc
ts
 c
/ D
PO
C
 e
 2
 c
/ d
oe
nç
a 
ne
ur
om
us
-
cu
la
r m
in
im
am
en
te
 in
de
pe
nd
en
te
s 
ou
 
to
ta
lm
en
te
 d
ep
en
de
nt
es
; 1
2 
pc
ts
 d
e 
2 
a 
24
 h
/d
ia
 fo
ra
 d
o 
ve
nt
ila
do
r 
•
 G
ra
nd
es
 
di
fe
re
nç
as
 e
nt
re
 
os
 p
ct
s 
6 
N
av
a,
 
19
98
 
EC
R
 
C
om
pa
ra
r e
fe
ito
s 
da
 
re
ab
ili
ta
çã
o 
pu
lm
on
ar
 
pr
ec
oc
e 
 c
/ o
s 
da
 d
ea
m
-
bu
la
çã
o 
pr
og
re
ss
iv
a 
em
 
pc
ts
 c
/ D
PO
C
 c
/ i
ns
uf
i-
ci
ên
ci
a 
re
sp
ira
tó
ria
 
80
 p
ct
s 
c/
 D
PO
C
 
em
 re
cu
pe
ra
çã
o 
de
 in
su
fic
iê
nc
ia
 
re
sp
ira
tó
ria
, c
om
 
V
M
 o
u 
ve
nt
ila
çã
o 
es
po
nt
ân
ea
 
G
ru
po
 A
 –
 re
ab
ili
ta
çã
o 
pu
lm
on
ar
: t
er
ap
ia
 p
ad
rã
o 
+
 
tre
in
o 
de
 d
ea
m
bu
la
çã
o 
pr
og
re
ss
iv
a 
+
 d
e 
m
ús
cu
lo
s 
re
sp
ira
tó
rio
s 
+
 p
ed
al
ag
em
 e
m
 
ci
cl
oe
rg
ôm
et
ro
 +
 c
am
in
ha
da
 
em
 e
st
ei
ra
 c
om
 c
ar
ga
 d
e 
70
%
 
de
 te
st
e 
in
cr
em
en
ta
l 
G
ru
po
 B
 - 
te
ra
pi
a 
pa
dr
ão
 
+
 tr
ei
no
 d
e 
de
am
bu
la
çã
o 
pr
og
re
ss
iv
a 
•
 A
ut
on
om
ia
 p
ar
a 
de
am
bu
la
çã
o:
 8
7%
 
gr
up
o 
A
 e
 7
0%
 g
ru
po
 B
 
•
 N
os
 d
oi
s 
gr
up
os
 m
el
ho
ra
 d
a 
fu
nç
ão
 
pu
lm
on
ar
, s
em
 d
ife
re
nç
a 
en
tre
 e
le
s 
•
 G
ru
po
 A
: P
Im
áx
 s
ig
ni
fic
at
iv
am
en
te
 >
, 
m
el
ho
ra
 s
ig
ni
fic
at
iv
a 
da
 s
en
sa
çã
o 
de
 
di
sp
né
ia
 e
 d
a 
to
le
râ
nc
ia
 a
o 
ex
er
cí
ci
o 
•
 G
ra
nd
e 
di
st
in
çã
o 
en
tre
 o
s 
gr
up
os
 
•
 S
em
 c
eg
am
en
to
 
13
Po
rta
 e
t 
al
., 
20
05
 
EC
R
 
A
va
lia
r s
e 
a 
ad
iç
ão
 d
e 
tre
in
am
en
to
 d
os
 M
M
SS
 
à 
ft 
gl
ob
al
 é
 a
pl
ic
áv
el
 e
 
se
 re
su
lta
 e
m
 b
en
ef
íc
io
s 
ad
ic
io
na
is
 a
 p
ct
s 
re
ce
n-
te
m
en
te
 re
tir
ad
os
 d
a 
V
M
 6
6 
pc
ts
 re
cé
m
- 
de
sm
am
ad
os
 
G
ru
po
 1
: F
t g
lo
ba
l (
de
am
bu
-
la
çã
o,
 c
on
tro
le
 d
e 
tro
nc
o 
e 
ft 
re
sp
ira
tó
ria
) +
 s
es
sõ
es
 d
iá
ria
s 
de
 c
ic
lo
er
gô
m
et
ro
 d
e 
br
aç
o 
du
ra
nt
e 
20
 m
in
ut
os
, c
om
 
au
m
en
to
 d
a 
ca
rg
a 
de
 a
co
rd
o 
co
m
 a
 d
is
pn
éi
a 
G
ru
po
 2
: F
t 
gl
ob
al
 s
em
 
tre
in
o 
es
pe
cí
fic
o 
de
 
M
M
SS
 
•
 A
um
en
to
 d
a 
PI
m
áx
 e
 m
el
ho
ra
 d
a 
se
ns
aç
ão
 d
e 
di
sp
né
ia
 e
m
 a
m
bo
s 
os
 
gr
up
os
, s
em
 d
ife
re
nç
a 
en
tre
 e
le
s.
 
G
ru
po
 1
 >
 c
ap
ac
id
ad
e 
de
 e
xe
rc
íc
io
 d
os
 
M
M
SS
 (t
es
te
 in
cr
em
en
ta
l e
 d
e 
re
si
st
ên
ci
a)
•
 S
em
 c
eg
am
en
to
 
11
 
M
ar
tin
 e
t 
al
., 
20
05
 
R
et
ro
s-
pe
ct
iv
o 
A
va
lia
r p
re
va
lê
nc
ia
 e
 
m
ag
ni
tu
de
 d
a 
fra
qu
ez
a 
m
us
cu
la
r e
 o
 im
pa
ct
o 
da
 
re
ab
ili
ta
çã
o 
em
 p
ct
s 
cr
on
ic
am
en
te
 v
en
til
ad
os
 4
9 
pc
ts
 
de
pe
nd
en
te
s 
cr
ôn
ic
os
 d
e 
V
M
 
Ex
er
cí
ci
os
 d
e 
co
nt
ro
le
 d
e 
tro
nc
o,
 m
an
ut
en
çã
o 
da
 
po
st
ur
a,
 p
as
si
vo
s 
e 
de
 re
si
s-
tê
nc
ia
 p
ar
a 
M
M
SS
 e
 M
M
II,
 
de
am
bu
la
çã
o 
em
 b
ar
ra
s 
pa
ra
le
la
s 
(s
es
sõ
es
 3
0 
a 
60
 m
in
) 
N
ão
 s
e 
ap
lic
a 
•
 A
um
en
to
 s
ig
ni
fic
at
iv
o 
da
 fo
rç
a 
do
s 
M
M
SS
 e
 M
M
II,
 c
ap
ac
id
ad
e 
le
va
nt
ar
 e
 
de
am
bu
la
r a
pó
s 
in
te
rv
en
çã
o 
•
 F
or
ça
 in
ic
ia
l d
os
 M
M
SS
 fo
i 
in
ve
rs
am
en
te
 c
or
re
la
ci
on
ad
a 
co
m
 te
m
po
 
de
 d
es
m
am
e 
da
 V
M
 (r
=
0,
72
, p
<
0,
00
1)
 
•
 E
st
ud
o 
re
tro
sp
ec
tiv
o 
1 C
hi
an
g 
et
 
al
., 
20
06
 
EC
R
 
A
va
lia
r e
fe
ito
s 
de
 
pr
og
ra
m
a 
de
 6
 s
em
an
as
 
de
 tr
ei
na
m
en
to
 fí
si
co
 n
o 
es
ta
do
 fu
nc
io
na
l e
 fo
rç
a 
m
us
cu
la
r e
m
 p
ct
s 
em
 
V
M
 p
ro
lo
ng
ad
a 
 
39
 p
ct
s 
em
 V
M
 
po
r m
ai
s 
de
 1
4 
di
as
 
Te
ra
pi
a 
pa
dr
ão
 p
ar
a 
a 
do
en
ça
 
su
bj
ac
en
te
 +
 tr
ei
na
m
en
to
 5
 X
 
po
r s
em
an
a 
po
r 6
 s
em
an
as
: 
ex
er
cí
ci
os
 d
e 
fo
rta
le
ci
m
en
to
 
do
s 
M
M
SS
 e
 M
M
II,
 n
a 
be
ira
 d
o 
le
ito
, 
tre
in
o 
de
 tr
an
sf
., 
de
am
-
bu
la
çã
o 
e 
at
iv
id
ad
es
 fu
nc
io
na
is
 A
po
io
 n
ut
ric
io
-
na
l +
 p
os
ic
io
na
-
m
en
to
 a
de
qu
a-
do
, a
ss
is
tê
nc
ia
 
em
 A
V
D
, 
en
co
-
raja
m
en
to
 à
 
m
ob
ili
za
çã
o 
 
•
 G
ru
po
 in
te
rv
en
çã
o:
 >
 fo
rç
a 
do
s 
m
ús
cu
lo
s 
es
qu
el
ét
ic
os
 e
 re
sp
ira
tó
rio
s 
(s
ig
ni
fic
an
te
) e
m
 re
la
çã
o 
ao
 g
ru
po
 
co
nt
ro
le
, a
lé
m
 d
e 
m
el
ho
ra
 d
o 
es
ta
do
 
fu
nc
io
na
l 
•
 P
ct
s 
c/
 d
ife
re
nt
es
 
di
ag
nó
st
ic
os
 e
 
et
io
lo
gi
as
, a
m
os
tra
 
re
la
tiv
am
en
te
 
pe
qu
en
a 
 
•
 S
em
 c
eg
am
en
to
 
14
 
B
ai
le
y 
et
 
al
., 
20
07
 
C
oo
rt
e 
D
et
er
m
in
ar
 s
e 
at
iv
id
ad
e 
pr
ec
oc
e 
é 
vi
áv
el
 e
 
se
gu
ra
 e
m
 p
ct
s 
co
m
 
in
su
fic
iê
nc
ia
 re
sp
ira
tó
ria
 1
03
 p
ct
s 
co
m
 m
ai
s 
de
 4
 d
ia
s 
de
 V
M
 
A
tiv
id
ad
es
 p
ro
gr
es
si
va
s,
 d
ua
s 
X
 
ao
 d
ia
: s
en
ta
r-
se
 à
 b
ei
ra
 d
o 
le
ito
 
s/
 e
nc
os
to
, t
ra
ns
f. 
da
 c
am
a 
pa
ra
 
ca
de
ira
, e
 d
ea
m
bu
la
çã
o 
c/
 o
u 
s/
 a
ux
íli
o,
 u
sa
nd
o 
um
 a
nd
ad
or
 
e/
ou
 a
po
io
 d
o 
pr
of
is
si
on
al
 
N
ão
 s
e 
ap
lic
a 
•
 R
ea
liz
ad
as
 1
44
9 
at
iv
id
ad
es
 
Ef
ei
to
s 
ad
ve
rs
os
: 9
 p
ct
s 
(8
,7
%
) e
m
 1
4 
at
iv
id
ad
es
 (0
,9
6%
): 
5 
qu
ed
as
, 4
 h
ip
ot
en
-
sõ
es
, 3
 d
es
sa
tu
ra
çõ
es
, 1
 h
ip
er
te
ns
ão
, 1
 
re
m
oç
ão
 d
e 
so
nd
a 
al
im
en
ta
r. 
•
 A
us
ên
ci
a 
de
 e
xt
ub
aç
ão
 e
 c
om
pl
ic
aç
õe
s 
•
 A
us
ên
ci
a 
de
 
gr
up
o 
co
nt
ro
le
 
15
 
Th
om
se
n 
et
 a
l.,
 
20
08
 
C
oo
rt
e 
V
er
ifi
ca
r s
e 
pc
ts
 
tra
ns
fe
rid
os
 p
ar
a 
U
TI
 e
m
 
qu
e 
se
 p
rio
riz
a 
a 
at
iv
id
a-
de
 p
re
co
ce
 a
pr
es
en
ta
m
 
m
el
ho
r d
ea
m
bu
la
çã
o 
10
4 
pc
ts
 c
om
 m
ai
s 
de
 4
 d
ia
s 
de
 V
M
 
A
tiv
id
ad
es
 p
ro
gr
es
si
va
s:
 s
en
ta
r-
se
 à
 b
ei
ra
 d
o 
le
ito
 s
/ e
nc
os
to
, 
tra
ns
fe
rê
nc
ia
 d
a 
ca
m
a 
pa
ra
 
ca
de
ira
, d
ea
m
bu
la
çã
o 
c/
 o
u 
s/
 
au
xí
lio
, c
/ a
nd
ad
or
 e
/o
u 
ap
oi
o 
do
 p
es
so
al
 d
ua
s 
X
 a
o 
di
a 
 
N
ão
 s
e 
ap
lic
a 
•
 r
 5
5%
 d
os
 p
ct
s:
 a
um
en
to
 d
e 
at
iv
id
ad
es
 
ap
ós
 2
4h
 d
a 
tra
ns
fe
rê
nc
ia
 
•
 %
 d
e 
pc
ts
 q
ue
 d
ea
m
bu
la
va
m
 p
as
so
u 
de
 
r 
5%
 p
ar
a 
>
 4
0%
 a
pó
s 
48
 h
 d
a 
tra
ns
fe
rê
nc
ia
 
•
 N
I: 
fre
qü
ên
ci
a 
do
 
tra
ta
m
en
to
, p
or
 
qu
em
 fo
i a
pl
ic
ad
o
•
 S
em
 g
ru
po
 
co
nt
ro
le
 
EC
R
 =
 E
ns
ai
o 
cl
ín
ic
o 
ra
nd
om
iz
ad
o;
 P
ct
s 
=
 p
ac
ie
nt
es
; F
t =
 fi
si
ot
er
ap
ia
; V
M
 =
 v
en
til
aç
ão
 m
ec
ân
ic
a;
 D
PO
C
 =
 d
oe
nç
a 
pu
lm
on
ar
 o
bs
tru
tiv
a 
cr
ôn
ic
a;
 A
V
D
 =
 a
tiv
id
ad
e 
da
 v
id
a 
di
ár
ia
; 
M
M
II 
=
 m
em
br
os
 in
fe
rio
re
s;
 M
M
SS
 =
 m
em
br
os
 s
up
er
io
re
s;
 tr
an
sf
 =
 tr
an
sf
er
ên
ci
a;
 U
TI
 =
 u
ni
da
de
 d
e 
te
ra
pi
a 
in
te
ns
iv
a;
 P
Im
áx
 =
 p
re
ss
ão
 in
sp
ira
tó
ria
 m
áx
im
a;
 N
I =
 N
ão
 in
di
ca
do
 
Fisioter Pesq. 2010; 17(1) :81-7
 85Fisioter Pesq. 2010; 17(1)
a magnitude da fraqueza muscular e o
impacto da reabilitação em pacientes
cronicamente ventilados, internados em
uma unidade de reabilitação multidisci-
plinar. Na admissão os pacientes apre-
sentaram fraqueza muscular importante
e descondicionamento severo. O progra-
ma de reabilitação era conduzido por
fisioterapeutas, cinco dias por semana
em um ginásio construído dentro da
unidade de reabilitação. Consistia em
sessões de 30 a 60 minutos de duração,
com exercícios de controle de tronco,
manutenção da postura, exercícios pas-
sivos e de resistência para MMSS e MMII,
além de deambulação em barras para-
lelas. O programa foi realizado com
pacientes em VM ou ventilação espon-
tânea – quando o paciente conseguia
permanecer por mais de quatro horas
fora do respirador, em respiração espon-
tânea. Os principais resultados obser-
vados foram o aumento significativo da
força dos MMSS e MMII (p<0,01), da
habilidade de transferir-se de supino
para sentado (p<0,01) e de sentado para
em pé (p<0,01), e de deambular
(p<0,05), além de relação significativa
indireta de magnitude moderada entre
a força dos MMSS na admissão e o
tempo de desmame (r=0,72, p<0,001).
Os autores sugerem que pacientes cro-
nicamente ventilados apresentam fra-
queza e descondicionamento, mas res-
pondem positivamente à reabilitação,
com melhora da força, dos resultados do
desmame e da funcionalidade.
Chiang et al.1 avaliaram 39 pacientes
com o intuito de verificar a hipótese de
que um programa de treinamento físico
de pacientes em VM prolongada poderia
melhorar a força muscular respiratória,
aumentar o tempo fora da VM e melhorar
o estado funcional. Os pacientes foram
divididos em dois grupos, intervenção e
controle. Pacientes do grupo intervenção
foram submetidos a sessões supervisio-
nadas por fisioterapeutas, cinco vezes
por semana por seis semanas. As sessões
consistiam em exercícios de fortaleci-
mento na beira do leito para os MMSS e
MMII, treinamento de atividades
funcionais e deambulação, assim que os
pacientes suportassem. A intensidade
dos exercícios foi determinada de acor-
do com a classificação da escala de
Borg. O grupo controle recebeu terapia
padrão para a doença subjacente, apoio
nutricional e cuidados que incluíam
posicionamento adequado e assistência
nas atividades de vida diária. A mobili-
zação física poderia ser encorajada
verbalmente, mas não era rotineiramente
realizada pela equipe. Os autores obser-
varam aumento significativo da força dos
músculos esqueléticos (p<0,05), da
musculatura respiratória (p<0,01), do
tempo livre fora do respirador (p<0,01)
e do estado funcional (p<0,001) nos
pacientes submetidos à reabilitação
precoce, enquanto pacientes do grupo
controle apresentaram deterioração da
força dos músculos esqueléticos e
respiratórios e uma diferença não signifi-
cativa do tempo fora do respirador. Os
autores concluíram que os benefícios
proporcionados pelo treinamento físico
possivelmente acentuaram a melhora
funcional desses pacientes.
Com o objetivo de verificar se a ativi-
dade precoce é segura e viável em
pacientes com insuficiência respiratória,
Bailey et al.14 avaliaram todos os pacien-
tes admitidos na UTI, no período de
junho a dezembro de 2003, e que neces-
sitaram de mais de quatro dias de VM.
As atividades foram realizadas duas
vezes por semana a partir da estabiliza-
ção clínica. Foraminstituídas, progres-
sivamente, atividades como sentar-se à
beira do leito, transferência da cama
para cadeira, deambulação com ou sem
auxílio, usando um andador e/ou apoio
da equipe. Para adequar a ventilação,
foram realizados ajustes nos parâmetros
ventilatórios, quando necessário. Em
relação à viabilidade, a equipe foi treina-
da e a unidade reorganizada para priori-
zar as atividades dos pacientes. Foram
avaliadas 1449 atividades em 103
pacientes. Efeitos adversos foram obser-
vados em 14 atividades (0,96%), em
nove pacientes: cinco quedas sem
lesões, quatro episódios de hipotensão,
três de dessaturação, um de hipertensão
e um de remoção de sonda alimentar.
Nenhum dos eventos adversos resultou
em extubação, complicações que exi-
giriam terapia adicional, ou longo tempo
de hospitalização. Os autores sugeriram
que a atividade precoce é segura e viável
em pacientes ventilados artificialmente.
Recentemente Thomsen et al.15 estu-
daram 104 pacientes com insuficiência
respiratória que foram transferidos de
UTI convencionais para uma unidade in-
tensiva respiratória onde a atividade
precoce é o ponto chave do tratamento
do paciente. A intervenção consistiu de
atividades progressivas, iniciadas com o
sentar à beira do leito sem encosto e
evoluindo para transferência da cama
para cadeira, deambulação com ou sem
auxílio, de andador e/ou apoio do pro-
fissional, duas vezes ao dia. Foram estu-
dados 104 pacientes que requereram VM
por período superior a quatro dias. Foi
observado que após a transferência
houve um aumento substancial da
deambulação (p<0,0001) e que, em ape-
nas dois dias na unidade intensiva
respiratória, o número de pacientes que
deambulava aumentou três vezes em
comparação com o período pré-transfe-
rência. A transferência para a unidade
de treinamento precoce (p<0,0001), o
sexo feminino (p=0,019), a ausência de
sedativos (p=0,009) e o menor escore
(p=0,017) no questionário Apache, de
avaliação do estado fisiológico agudo e
crônico (Acute Physiology and Chronic
Health Evaluation II), que estima o prog-
nóstico do paciente, foram considerados
preditores do aumento da deambulação.
Os autores concluem que, em um ambien-
te que propicia imobilidade, o treinamento
físico na UTI pode contribuir para
aumentar a deambulação, independente
da fisiopatologia subjacente.
DISCUSSÃO
A presente revisão analisou sete es-
tudos, todos publicados no idioma in-
glês, que avaliaram os efeitos de diferen-
tes programas de reabilitação pulmonar
em pacientes internados em UTI. Destes,
três correspondem a ensaios clínicos
randomizados, um a estudo descritivo,
dois a estudos de coorte e um a estudo
retrospectivo. Quanto ao delineamento
metodológico, nenhum artigo apre-
sentou cegamento. Quanto ao país de
origem, quatro foram feitos nos Estados
Unidos, um na China e um na Itália. Em
relação à qualidade da evidência dos
estudos, de acordo com a escala PEDro16,
os ensaios clínicos apresentam baixa
pontuação, Nava et al.6 com pontuação
(4/10), Porta et al.13 (5/10) e Chiang et
al.1 (4/10). Aos quatro estudos restantes
não se aplica essa escala.
França et al. Reabilitação pulmonar na UTI
Fisioter Pesq. 2010; 17(1) : 81-7
86 Fisioter Pesq. 2010; 17(1)
Em seis artigos a amostra era composta
de pacientes pós-insuficiência respiratória,
que apresentavam estabilidade clínica,
ausência de comprometimento neuro-
muscular grave e nível de consciência
satisfatório; entretanto a doença de base
diferiu entre eles. Houve predomínio de
pneumonia como causa de insuficiência
respiratória em um estudo11, sepse em
dois14,15, DPOC em três1,6,13 e em um
estudo12 não foi identificada a doença
de base predominante. Neste último,
Make et al.12 avaliaram pacientes croni-
camente ventilados, submetidos à VM
devido a acidose respiratória progressiva.
Em relação à intervenção aplicada,
todos os estudos apresentam tratamento
a pacientes internados em UTI, mas cada
estudo utiliza um protocolo distinto de
atividades. A maior parte dos estudos
preconiza o treinamento global, baseado
em mobilização precoce, fortalecimento
de musculatura respiratória de MMSS e
MMII, estabilização de tronco, transfe-
rências e deambulação. Em um estudo
foi realizado treinamento de resistência
dos MMII, como nos programas ambu-
latoriais8-10, e em outro foi priorizado o
treinamento de MMSS13.
Os autores utilizaram períodos distin-
tos de VM como critério de inclusão nos
estudos. Thomsen et al.15 e Bailey et al.14
incluíram pacientes ventilados mecani-
camente há mais de quatro dias e Chiang
et al.1 e Martin et al.11, há mais de 14
dias. No estudo de Nava et al.6, 78% dos
pacientes estavam em VM, mas os auto-
res não utilizaram o período em venti-
lação como critério de inclusão. Make
et al.12 estudaram pacientes dependentes
de VM, entretanto não mencionaram o
período de ventilação. Já Porta et al.13
estudaram pacientes com mais de 96
horas de extubação.
Em três dos sete estudos analisados
os autores avaliaram pacientes em grupo
controle. Nos de Nava et al.6 e Chiang
et al.1, os pacientes do grupo controle
foram submetidos a terapia médica
padrão para a doença subjacente e apoio
nutricional. O primeiro também acres-
centou deambulação progressiva e o segun-
do, posicionamento adequado e mobi-
lização encorajada apenas verbalmente.
No estudo realizado por Porta et al.13 o
grupo controle foi submetido à fisiote-
rapia global sem programa específico de
MMSS, esta considerada a intervenção
aplicada ao grupo tratado. Vale ressaltar
que nos grupos controle desses três estu-
dos os pacientes foram submetidos a
programas pouco convencionais na prá-
tica clínica e que, apesar de menores em
relação aos grupos intervenção estu-
dados, também apresentaram benefícios
à funcionalidade e força muscular.
Nenhum dos estudos analisados re-
latou prejuízos determinados pela reabi-
litação na UTI, demonstrando a viabili-
dade da atividade precoce. Bailey et
al.14, que avaliaram a segurança e viabi-
lidade da reabilitação na UTI, mostraram
que menos de 1% das atividades reali-
zadas correlacionaram-se com efeitos
adversos simples, sem complicações. Em
relação ao custo-benefício, Hopkins et
al.5 relataram que a mudança cultural
dentro de uma UTI visando a mobiliza-
ção precoce não exige aumento de gas-
tos, e que é possível desenvolver um
programa de reabilitação precoce desde
que haja planejamento, preparação da
equipe e organização do serviço.
Apesar da diversidade de protocolos,
características dos participantes e instru-
mentos, além da ausência de cegamento
e da baixa nota na escala PEDro, todos
os estudos sugeriram benefícios diante
de programas de reabilitação pulmonar
na UTI. Os principais benefícios deter-
minados pela reabilitação identificados
nos estudos analisados foram aumento
da deambulação, aumento da força da
musculatura respiratória e esquelética e
melhora funcional relacionada às ativi-
dades de vida diária.
Na busca de evidência científica,
foram pesquisadas revisões bibliográ-
ficas que analisaram os efeitos da fisiote-
rapia precoce em pacientes internados
em UTI. Clini e Ambrosino17, em 2004,
avaliaram a efetividade clínica de proto-
colos de desmame e de intervenções
fisioterápicas específicas, dentre as quais
destacam-se a mobilização de membros
e o treinamento da musculatura esque-
lética, consideradas modalidades da
reabilitação na UTI. Os autores suge-
riram que os exercícios passivos e ativos
dos MMSS e MMII podem ser emprega-
dos para reduzir os efeitos deletérios da
imobilização, e destacaram os bene-
fícios na oxigenação, estimulo gravi-
tacional, restauração da distribuição do
fluido corporal, manutenção da ampli-
tude de movimento e prevenção do
tromboembolismo. Em relação ao treina-
mento da musculatura esquelética, os
autores analisaram o estudo realizado
por Nava6, também incluído na presente
revisão.
Recentemente,a Sociedade Respira-
tória Européia18 publicou recomen-
dações para as ações da fisioterapia na
UTI, as quais incluem treinamento dos
músculos esqueléticos, mobilização e
posicionamento. Os autores enfatizaram
a segurança e importância dessas moda-
lidades para a prevenção dos prejuízos
causados pela imobilidade no leito e
propuseram um fluxograma para início
da mobilização na UTI. Também desta-
caram os níveis de evidência das técni-
cas e procedimentos realizados pela
fisioterapia na UTI. Outro aspecto
enfatizado foi a falta de dados e a neces-
sidade de padronização de programas
de atendimento, que poderão potencia-
lizar os benefícios da prevenção e
tratamento da imobilidade e do descon-
dicionamento, freqüentemente observa-
dos em pacientes da UTI.
CONCLUSÃO
Com base nos estudos analisados,
conclui-se que a reabilitação pulmonar
precoce realizada na UTI tem efeitos
positivos na recuperação da falência
respiratória dos pacientes, inclusive
naqueles em VM. Em adição, esse pro-
cedimento mostrou-se seguro e bem
tolerado, já que não foram demonstrados
efeitos colaterais em nenhum dos estu-
dos analisados. Entretanto, são neces-
sárias novas investigações para determi-
nar a freqüência, tempo de início e técni-
cas de aplicação mais adequadas a
serem utilizadas.
Fisioter Pesq. 2010; 17(1) :81-7
 87Fisioter Pesq. 2010; 17(1)
1 Chiang LI, Wang LY, Wu CP, Wu HD, Wu YT. Effects of
physical training on functional status in patients with
prolonged mechanical ventilation. Phys Ther.
2006;86(9):1271-81.
2 Topp R, Ditmyer M, King K, Doherty K, Hornyak J 3rd. The
effect of bed rest and potential of prehabilitation on patients in
the intensive care unit. AACN Clin Issues. 2002;13(2):263-76.
3 Nava S, Piaggig, Mattia E, Carlucci A. Muscle retraining in
the ICU patients. Minerva Anestesiol. 2002;68(5):341-5.
4 Downs F. Bed rest and sensory disturbances. Am J Nurs.
1974;74:434-8.
5 Hopkins Ro, Spuhler VJ, Thomsen GE. Transforming ICU
culture to facilitate early mobility. Crit Care Clin.
2007;23(1):81-96.
6 Nava S. Rehabilitation of patients admitted to a
respiratory intensive care unit. Arch Phys Med Rehabil.
1998;79:849-54.
7 Cini EM, Romagnoli M. Inpatient pulmonary
rehabilitation: does it make sense? Chron Respir Dis.
2005;2:43-6.
8 British Thoracic Society. Pulmonary rehabilitation.
Thorax. 2001;56:827-34.
9 Nici L, Donner C, Wouters E, Zuwallack R, Ambrosino N,
Bourbeau J, et al. American Thoracic Society /European
Respiratory Society statement on pulmonary rehabilitation.
Am J Respir Crit Care Med. 2006;173(12):1390-413.
10 GOLD - Global Initiative for Chronic Obstructive Lung
Disease. Global strategy for the diagnosis, management
and prevention of COPD: 2007 update [citado set
2008]. Disponível em: http://www.goldcopd.org/
GuidelineItem.asp?intId=1816.
11 Martin UJ, Hincapie L, Nimchuk M, Gaughan J, Criner
GJ. Impact of whole-body rehabilitation in patients
receiving chronic mechanical ventilation. Crit Care
Med. 2005;33(10):2259-65.
12 Make B, Gilmartin M, Brody JS. Rehabilitation of
ventilator-dependent subjects with lung diseases: the
concept and initial experience. Chest.
1984;86(3):358-65.
13 Porta R, Vitacca M, Gilè LS, Clini E, Bianchi L, Zanotti
E, et al. Supported arm training in patients recently
weaned from mechanical ventilation. Chest.
2005;128(4):2511-20.
14 Bailey P, Thomsen GE, Spuhler VJ, Blair R, Jewkes J,
Bezdjian L, et al. Early activity is feasible and safe in
respiratory failure patients. Crit Care Med.
2007;35(01):139-45.
15 Thomsen GE, Snow GI, Rodriguez L, Hopkins RO.
Patients with respiratory failure increase ambulation after
transfer to an intensive care unit where early activity is a
priority. Crit Care Med. 2008;36(4):1119-24.
16 PEDro – Physiotherapy Evidence Database. PEDro scale:
last amended 1999. Disponível em: http://
www.pedro.org.au/english/downloads/pedro-scale.
17 Clini E, Ambrosino N. Early physiotherapy in the
respiratory intensive care unit. Respir Med.
2005;99:1096-104.
18 Gosselink R, Bott J, Johnson M, Dean E, Nava S,
Norrenberg M, et al. Physiotherapy for adult patients
with critical illness: recommendations of the European
Respiratory Society and European Society of Intensive
Care Medicine Task Force on physiotherapy for critically
ill patients. Intensive Care Med. 2008;34:1188-99.
REFERÊNCIAS
França et al. Reabilitação pulmonar na UTI
Fisioter Pesq. 2010; 17(1) : 81-7

Outros materiais