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DIREITO CIVIL EXTENSIVO SEMANAL OAB MATERIAL DE APOIO AULA 04 PROF.: JOÃO AGUIRRE MONITORIA: STEPHANIE CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES I – Quanto a sua prestação (ao seu objeto) 1) Obrigação de Dar 2) Obrigação de Fazer 3) Obrigação de Não-fazer 1) Obrigação de dar - Entrega de coisa: A) Coisa Certa B) Coisa Incerta B) Obrigação de dar coisa incerta - Coisa incerta: é aquela que não está devidamente individualizada, mas deve ser indicada, ao menos quanto ao gênero e quantidade. Ex.: José deve entregar a Antônio 2 cães da raça PUG, de seu canil que possui 100 cães. Repare que existe uma escolha na obrigação de dar coisa incerta: quais serão os 2 cães dentre os 100 existentes? Pergunta: a quem pertence o direito de escolha na obrigação de dar coisa incerta? Se a OAB não falar nada no enunciado, quem tem o direito de escolher os dois cães: devedor ou credor? Regra: a escolha cabe ao devedor (José) Exceção: A escolha só caberá ao credor (Antônio) se a OAB informar que isso ficou convencionado em contrato Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. Equidade escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da IMPORTANTE: Quando a escolha for realizada ocorrerá a chamada CONCENTRAÇÃO da obrigação: a obrigação deixa de ser de dar coisa incerta e passa a ser obrigação de dar coisa certa. Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. *A coisa incerta não perece e nem se deteriora! Mesmo que seja por caso fortuito ou força maior. Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. CONCENTRAÇÃO 1) Obrigação de fazer - O devedor deve cumprir uma tarefa - Classificação: A) Obrigação de fazer fungível: Pode ser cumprida pelo devedor ou por um terceiro. - Ex.: Maria contratou Sebastião para pintar o muro de sua casa. Se ele não for, ela poderá chamar Pedro. B) Obrigação de fazer infungível (personalíssima): Só pode ser cumprida pelo devedor - Ex.: Contrato o Pelé para fazer a campanha publicitária da minha empresa. Não adianta mandar o Messi ou o Neymar, porque a campanha está toda dimensionada para o Pelé. DICA: Cuidado com a chamada “autotutela obrigacional”, prevista no parágrafo único do art. 249: Art. 249, Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. AUTOTUTELA - Possibilidade de o credor buscar a satisfação de seu direito, independentemente de autorização judicial. 2) Obrigação de não-fazer - O devedor cumpre a obrigação enquanto se abstém de praticar o ato - Uma vez praticado o ato pelo qual deveria se abster estará caracterizado o inadimplemento obrigacional: Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster. DICA: Existem algumas obrigações de não fazer que se prolongam no tempo: obrigações perenes ou permanentes. Ex.: A obrigação de não fazer barulho depois das 22h ou a obrigação de não praticar atos que possam causar problemas à saúde, à segurança ou ao sossego dos vizinhos (direitos de vizinhança). Nesses casos a obrigação é reversível, ou seja, o seu descumprimento pode ser revertido pelo devedor. Num exemplo mais claro, pense na obrigação de não construir acima de uma determinada altura. Se o devedor construir o credor poderá exigir que se desfaça a construção. Cabe a ação de cumprimento de obrigação de não-fazer, com perdas e danos. Mas existem algumas obrigações de não-fazer que são irreversíveis. São as chamadas obrigações transeuntes ou instantâneas. Nesses casos, se o devedor praticar o ato pelo qual deveria se abster não dá para reverter esse ato. Ex. A obrigação de não divulgar uma fórmula secreta. Se a fórmula for divulgada, acabou o segredo e não dá para voltar atrás. Nesses casos, a ação de cumprimento de obrigação de não-fazer não tem mais objeto, porque “o estrago já foi feito”, ou seja, o segredo já foi divulgado e deixou de ser segredo. Só cabem as perdas e danos. II – Quanto à multiplicidade de sujeitos (vários credores ou vários devedores ou ambos, vários credores e vários devedores) 1) Obrigações Divisíveis 2) Obrigações Indivisíveis 3) Obrigações Solidárias Pergunta: José empresta R$ 30.000,00 para Pedro, Maria e Ana. Quanto José poderá cobrar de Pedro? a) Depende... temos que saber as respostas sem a informação da OAB sobre a obrigação ser solidária ou não! b) Então, José poderá cobrar R$ 30.000,00 de Pedro. Errado pela regra do art. 265 do Código Civil: Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. CUIDADO: A solidariedade não se presume. Ela é a exceção: ou a OAB vai falar que o contrato estabeleceu a solidariedade ou vai dar uma situação em que a lei prevê expressamente a solidariedade. Caso contrário, não haverá solidariedade, porque o que se presume é a divisão, de acordo com a regra do art. 257 do Código Civil: Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. c) A resposta correta: José só poderá cobrar R$ 10.000,00 de Pedro! XXI Exame Unificado Felipe e Ana, casal de namorados, celebraram contrato de compra e venda com Armando, vendedor, cujo objeto era um carro no valor de R$ 30.000,00, a ser pago em 10 parcelas de R$ 3.000,00, a partir de 1º de agosto de 2016. Em outubro de 2016, Felipe terminou o namoro com Ana. Em novembro, nem Felipe nem Ana realizaram o pagamento da parcela do carro adquirido de Armando. Felipe achava que a responsabilidade era de Ana, pois o carro tinha sido presente pelo seu aniversário. Ana, por sua vez, acreditava que, como Felipe ficou com o carro, não estava mais obrigada a pagar nada, já que ele terminara o relacionamento. Armando procura seu (sua) advogado(a), que o orienta a cobrar A) a totalidade da dívida de Ana. B) a integralidade do débito de Felipe. C) metade de cada comprador. SOLIDARIEDADE NÃO SE PRESUME! D) a dívida de Felipe ou de Ana, pois há solidariedade passiva. 1) Obrigações divisíveis: o objeto da obrigação pode ser fracionado. Ex.: Dinheiro - Vale a regra do art. 257 que determina que se o objeto da obrigação for divisível, ela presume-se dividida entre os tantos devedores ou os tantos credores. 2) Obrigações indivisíveis: o bem objeto da obrigação não é passível de divisão, por sua natureza, por razões de ordem econômica, pela lei ou pela vontade das partes. Exemplos: a) Bem indivisível por natureza: um cavalo, um carro, uma casa; b) Bem indivisível por razões de ordem econômica: o diante da rainha da Inglaterra, considerado o maior diamante do mundo. Até é passível de divisão, mas perderá o seu valor econômico. c) Bem indivisível em razão da lei: módulo urbano mínimo. O bem imóvel até pode ser dividido, mas a norma não permite que tenha uma área inferior à mínima. d) Bem indivisível pela vontade das partes: os condôminos de um bem divisível (ex.: umterreno) podem estabelecer o estado de indivisão por prazo não superior a 5 anos, que pode ser prorrogado posteriormente: Art. 1.320, § 1º: Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa comum por prazo não maior de cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior. Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Pergunta: esse não é conceito de obrigação solidária? A obrigação indivisível e a obrigação solidária são a mesma coisa? Não, não se pode confundir a obrigação indivisível com a obrigação solidária: *Na obrigação indivisível cada devedor está obrigado à dívida toda (art. 259) porque é impossível dividir o seu objeto (ex. cavalo). Mas, se a coisa se perder por culpa de todos os devedores, a obrigação perde a qualidade de indivisível e se converte em perdas e danos (dinheiro), hipótese em que passa a ser divisível, mas não solidária (solidariedade não se presume!). O cavalo morreu por culpa de todos os devedores e o juiz os condenou a pagar R$30.000,00 pelas perdas e danos. Neste caso a obrigação perdeu a natureza de indivisível e passou a ser divisível: cada devedor tem que pagar R$ 10.000,00. Solidariedade não se presume. Pergunta: e se o cavalo morrer por culpa de apenas um dos devedores? Só o culpado estará obrigado pelas perdas e danos: Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. Passa a ser divisível § 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. 3) Obrigações solidárias - Art. 264: Ocorre a solidariedade quando, em uma mesma obrigação, houver: A) Vários Devedores: Cada um obrigado à dívida toda - Solidariedade Passiva B) Vários Credores: Cada um com direito à dívida toda. - Solidariedade Ativa A) SOLIDARIEDADE PASSIVA - Vários devedores obrigados à dívida toda. Pergunta: Pode o credor perdoar (REMISSÃO) um dos devedores solidários? Sim. Quais os efeitos? *No perdão de um dos devedores solidários deve-se deduzir a quota daquele que foi perdoado, hipótese em que os demais devedores permanecerão solidários pelo saldo restante. No exemplo, se Marcos perdoar Ana, deve-se deduzir a quota da devedora perdoada (R$ 10.000,00), hipótese em que os demais devedores permanecerão solidários pelo saldo restante (R$ 40.000,00) CUIDADO: Não confundir a Remissão, que é o perdão do devedor solidário, com a Renúncia à Solidariedade, que á a exoneração da solidariedade, mas não o perdão do devedor de sua cota: Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. Na hipótese de um devedor solidário pagar a dívida inteira e um outro devedor ficar insolvente, todos os demais devedores solidários deverão dividir essa quota do devedor insolvente, a fim de não onerar injustamente aquele que pagou toda a dívida. No exemplo dado, se Marcos cobrar de José a dívida toda e ele efetuar o pagamento (R$ 50.000,00), terá direito de cobrar dos demais devedores solidários a sua quota, correspondente a R$ 10.000,00 para cada um. Contudo, a OAB informa que Pedro ficou insolvente. Neste caso, todos os demais devedores solidários deverão ratear a quota do insolvente: José, Maria, Ana e Paula deverão dividir a quota de Pedro (R$ 2.500,00 para cada um) Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. Entra no rateio inclusive aquele devedor que foi exonerado da solidariedade. XX EXAME Paulo, João e Pedro, mutuários, contraíram empréstimo com Fernando, mutuante, tornando-se, assim, devedores solidários do valor total de R$ 6.000,00 (seis mil reais). Fernando, muito amigo de Paulo, exonerou-o da solidariedade. João, por sua vez, tornou-se insolvente. No dia do vencimento da dívida, Pedro pagou integralmente o empréstimo. Considerando a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. a) Pedro não poderá regredir contra Paulo para que participe do rateio do quinhão de João, pois Fernando o exonerou da solidariedade.Pedro pode regredir contra Paulo porque, pela regra do art. 284, participa do rateio também o devedor exonerado da solidariedade. b) Apesar da exoneração da solidariedade, Pedro pode cobrar de Paulo o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). Correta, porque Paulo responde pela sua quota R$ 2.000,00 e ainda rateia a quota de João que está insolvente. c) Ao pagar integralmente a dívida, Pedro se sub-roga nos direitos de Fernando, permitindo-se que cobre a integralidade da dívida dos demais devedores. Paulo foi exonerado da solidariedade e João está insolvente. d) Pedro deveria ter pago a Fernando apenas R$ 2.000,00 (dois mil reais), pois a exoneração da solidariedade em relação a Paulo importa, necessariamente, a exoneração da solidariedade em relação a todos os codevedores. Paulo responde pelo rateio da quota do devedor insolvente, João.
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