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Estrutura e Funcionamento da Educação Básica Professor-Autor Andréia Martins Lilianne Magalhães Equipe Coordenadoria de Educação a Distância Coordenador: Edgar Yukio Ishibashi Web designers: Viviane Vicente dos Santos e Sara Azevedo Benedicto Analista EaD: Erionaldo Teixeira Auxiliar EaD: Felipe Grande Equipe de Apoio Designer Instrucional: Viviane Vicente dos Santos Designer Gráfico e Ilustração: Viviane Vicente dos Santos Orientações Ícones Glossário Você sabia? Refletindo... Videoteca Atenção: A nova Lei, a formação de professores, e a população de baixa renda Olá turma, como foram as aprendizagens até aqui? Este é o nosso último módulo e estudaremos alguns pontos em destaque da atual lei de diretrizes e bases da educação objetivando nos aprofundar em algumas questões, a saber: - o ensino religioso; - a lei 10.639/2003; - a lei 11.645/2008. As duas últimas alteram alguns artigos da Lei 9.394/1996. Esta aula foi organizada a partir da síntese de alguns textos como: Estrutura e financiamento do ensino, de Carlos Rodrigues Brandão, Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional 9394.96, Contribuições para implementação da lei 10.639/2003 e Estatística sobre educação escolar indígena organizados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) 1 – O ensino religioso: questões importantes para o debate Sabe-se que, no Brasil, é impossível falar de escolarização sem falar de religião. Mas como isso aparece na legislação? Martins realiza essa discussão em artigo intitulado “O Ensino Religioso nas Escolas Públicas Brasileiras: um olhar histórico para uma questão contemporânea”. Neste texto a autora busca entendimento das articulações para a inserção do ensino religioso facultativo nas escolas públicas primárias na constituição de 1934, realizando uma análise das relações entre Igreja e Estado, e como essas instituições tem se articulado para sua manutenção e a ampliação da obrigatoriedade do ensino religioso no ensino fundamental, proposta na Lei de Diretrizes e Bases 9394/96. Fazendo uma retomada histórica Martins mostra que a primeira constituição brasileira tornou a religião católica a religião oficial do Estado Brasileiro. A separação entre Igreja e Estado só se dará no Brasil a partir da promulgação de nossa segunda constituição em 189. Esta Constituição afirma que o Brasil é país laico, isto é, não possui uma religião oficial. No entanto, a mudança no texto constitucional no final do século XIX não acalmou as ambições da Igreja Católica, que iniciou um longo processo de articulação para a inserção do ensino religioso nas escolas públicas brasileiras. No Governo Vargas, a Igreja solicitou o direito de ministrar aulas de religião nas escolas públicas, agindo assim com uma posição totalmente contrária ao estado neutro. Neste momento, o ensino religioso se torna um dos três pontos da pauta da Constituição Federal de 1934. São eles: o casamento indissolúvel, o ensino religioso e a assistência religiosa às forças armadas. No entanto, o processo de implementação do ensino religioso nas escolas públicas em nível nacional, como era desejo dos altos escalões da Igreja Católica encontrou inúmeras resistências. A educação neste momento era um importante campo de disputas políticas, de um lado a Igreja Católica e por outro, os intelectuais, educadores que se intitulavam Pioneiros da Educação Nova, como vimos no módulo II deste curso. Martins afirma que a Igreja Católica teve um amplo processo de articulação para consegui o ensino religioso nas escolas públicas primárias brasileiras na constituição de 1934. Com muitos embates entre os vários grupos de interesses na arena educacional. Após a entrada do ensino religioso facultativo nas escolas públicas brasileiras via o texto constitucional ele não irá mais sair. Ou seja, nesse momento é marcado o retorno “definitivo” da proteção ao ensino religioso. Na Constituição de 1988, ou seja, na atual Constituição, essa disciplina é prevista no artigo 210. Onde temos que: “o ensino religioso de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino Fundamental” (BRASIL, 1988). Essa regulamentação também foi realizada em 1996, pela atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. A Lei 9394/96 descreve em seu artigo 33: - O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores.§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso. O artigo descrito acima normatiza o ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental, e reacende uma discussão nacional muito pertinente: Se a escola é obrigada a trabalhar com o ensino religioso, onde esta a laicidade do Estado? Vivemos realmente em um estado laico? Martins aponta que o ensino religioso nas escolas públicas suscita uma grande discussão e indaga: O que esta por traz desta questão? Será apenas uma discussão sobre uma disciplina dentro de um conjunto de matérias a serem ensinadas no composto curricular de uma escola? Martins desta ainda o conceito de laicidade como vemos: Segundo o dicionário Larrousse Cultural (1999, p. 556).: Laicidade é a “concepção e organização da sociedade fundadas na separação entre Igreja e Estado e que excluem as Igrejas do exercício de todo o poder político e administrativo e, em especial, da organização do ensino”. Podemos entender então que dentro de um Estado laico a Igreja não deve intervir na organização do processo educativo. A palavra secularização, segundo o dicionário acima citado é “fazer voltar ao século, a vida ao mundo leigo (o que era do domínio religioso), sujeitar-se as leis civis, abandonar uma ordem religiosa” (Larrousse Cultural,1999, p.815 apud Martins) Martins destaca que podemos afirmar que o Brasil é um país laico, nós não temos uma religião oficial do Estado brasileiro. Ou seja, a nossa Constituição afirma que temos liberdade de crenças e de consciência. Então, normativamente, o Estado Brasileiro é um Estado laico e esta laicidade é reafirmada em acordos nacionais em que o Brasil é signatário, entre eles podemos destacar: Pacto Internacional dos Direitos Civis e Culturais, Convenção Americana sobre Direitos Humanos, a Convenção relativa á Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino e a Convenção sobre os Direitos das Crianças. Neste ponto temos um grande impasse, a constituição de 1988 em seu artigo 18 afirma que: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; (BRASIL, 1988) No texto normativo é evidente a laicidade do Estado brasileiro, que é reafirmada e detalhada ao longo do artigo 5º: VI – é inviolável a liberdade de consciênciae de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto a suas liturgias; VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. (BRASIL 1988) No caso do ensino religioso este é de matrícula facultativa e, como afirma a Constituição em seu artigo 210, “constituirá disciplina dos horários normais de aula”. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96, desde que foi promulgada passou por modificações, o texto original afirma que: Art.33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecida, sem ônus para os cofres públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis, em caráter: I confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu responsável ministrado por professores ou orientadores religiosos preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou II interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa. (BRASIL, 1996) Martins salienta que o ensino religioso poderia ser oferecido na modalidade confessional e interconfessional. O ensino confessional seria aquele oferecido por professores ou orientadores religiosos credenciados por igrejas ou entidades religiosas. Já o interconfessional seria fruto de um acordo entre diferentes denominações religiosas para a definição do conteúdo a ser oferecido na escola. Em 1997 temos uma mudança de redação e a principal mudança realizada foi a retirada dos tipos de ensino religioso, ou seja, não há mais menção ao ensino confessional ou interconfessional. Neste momento fica proibida a prática do proselitismo religioso e são os sistemas de ensino ficam responsáveis por definir conteúdos desta disciplina. Martins destaca que o processo de revisão do artigo 33 gerou a lei 9.476/1997 e, para além da inclusão do ensino religioso nas escolas públicas como disciplina obrigatória, esta lei apresentou em seu texto final uma forte relação entre Igreja e Estado, mostrando que ainda há sim, influências marcantes do poder da Igreja sobre o Estado brasileiro. O texto final, após a revisão do artigo 33, ficou descrito da seguinte maneira: O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores.§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso. (BRASIL, 1996) Percebemos que a relação de força entre Igreja e Estado na história brasileira se faz presente desde o Brasil Colônia, se construindo e reconstruindo de maneiras diferentes ao longo da nossa história. Esta questão, como aponta Martins, sempre foi motivo de muitas discussões já que pode ser vista também como uma forma de controle social das instituições políticas e religiosas. Quem define o conteúdo a ser ministrado na disciplina de “Ensino Religioso”: ( x ) são os sistemas de ensino Após a inserção do ensino religioso na Constituição de 1934 este nunca mais saiu da nossa Constituição. Atualmente é colocado como obrigatório para a escola e facultativo para o aluno. É fundamental pensar na religião enquanto um patrimônio cultural e histórico da humanidade, assegurando que alunos e alunas do ensino fundamental tenham acesso a este patrimônio. 2- Questões étnico raciais e o ensino de história, literatura e artes No Brasil, a história da população negra foi amplamente documentada por sua condição escrava. Mais do que isso, na literatura sobre escravidão predominou uma visão que insistiu em circunscrever o negro e a negra, primeiro, na esfera econômica como mercadorias e, posteriormente, na esfera da cultura como exóticos, e na esfera política como grupo destituído de capacidade organizativa e propositiva. (Proposta de Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana – Lei 10.639/2003) O Ministério da Educação e Cultura (MEC) em um documento intitulado: Concepção da diversidade nas políticas do ministério da educação indica as três abordagens sobre as políticas a serem desenvolvidas pelo governo federal, são elas: a primeira tem por base o binômio inclusão/exclusão, que busca incorporar os excluídos a um modelo instituído de política a partir da perspectiva socioeconômica, desconsiderando suas identidades específicas. Em tal abordagem a questão étnico-racial se dilui, e a diversidade não resulta em revisão das concepções, modelos e referências das políticas educacionais. A segunda abordagem é baseada na ação afirmativa ou na discriminação positiva. Nela, a compreensão é que a situação de pobreza e/ou desigualdade social em que se encontram determinados grupos sociais como os negros, índios e mulheres não pode ser atribuída exclusivamente aos indivíduos isoladamente. Assim, as condições adscritas como etnia, raça, sexo e a definição de pertencimento a um grupo são consideradas nos programas e políticas do Ministério da Educação e Cultura, como por exemplo, no Programa Universidade Para Todos (ProUni). Na terceira abordagem a diversidade é tratada na chave das “políticas de diferença”, as quais se distinguem das políticas de inclusão social e das políticas da ação afirmativa não pela ênfase no particularismo, mas pela demanda pelo igual reconhecimento do direito das diversas culturas a se expressarem e atuarem na esfera pública. Essa abordagem questiona frontalmente as práticas associadas ao mito da democracia racial e aponta para mudança das concepções e das formas de organização que orientam as políticas educacionais. Essa abordagem ainda não recebeu a devida atenção na agenda do MEC. É essencial ressaltar que a primeira e a segunda abordagem não são contraditórias entre si e podem e, normalmente, ser complementares. A terceira abordagem pressupõe o reconhecimento irredutível da contribuição dos diferentes povos e culturas para sua conformação como nação, de forma a ressaltar a pluralidade étnico-racial como um valor. A implementação efetiva da lei n. 10.639/2003 ( que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira) exige o desenvolvimento dessa terceira abordagem de forma sistêmica, refletida em novo desenho de política educacional que articule o Ministério da Educação em seu conjunto na direção do combate ao racismo e da valorização da educação das relações étnico- raciais. Ao mesmo tempo é necessária uma orientação clara às instituições de ensino superior, responsáveis pela formação do conjunto de profissionais e de professores que atuam nas mais diversas áreas, e também aos sistemas estaduaise municipais e todos os outros atores que direta ou indiretamente atuam no âmbito da educação. Para entendermos a necessidade de se pensar em uma política de ação mais específica de implementação da lei 10.639/2003 vamos conhecer alguns números da realidade educacional brasileira em relação a questão racial: - População Brasileira: 92.120.000 pessoas brancas e 91.231.000 pessoas negras (11.563.000 pessoas pretas e 79.668.000 pessoas pardas) (IBGE/PNAD, 2006). - Acesso à educação: as pessoas negras constituem a maioria das que estão fora da escola; em todas as faixas etárias. Na faixa etária dos sete aos 14 anos, representam 2,39%, e os brancos, 1%. Entre 15 e 17 anos, o percentual de pessoas negras (6,02%) fora da escola é o dobro do dos brancos (3,7%). Na faixa etária dos 18 aos 24 anos, os negros representam 46% e os brancos 39% (IBGE/PNAD, 2006 apud Ipea/Disoc/Ninsoc – Núcleo de Gestão de Informações Sociais, s.d.). - Anos de estudo: os negros com 15 anos ou mais tinham em 2006, em média, 1,7 ano de estudo a menos que os brancos, 6,4 anos e 8,1 anos, respectivamente(Observatório da Equidade, 2006). - Freqüência escolar: em 2005, a taxa líquida de matrícula entre jovens negros de 11 a 14 anos era de 68%. Os outros 32% já haviam desistido ou encontravam- se ainda no primeiro ciclo do ensino fundamental enfrentando a repetência (Ipea, 2006). - Taxa de escolarização em idade correta: a desigualdade é ainda acentuada no ensino médio e ensino superior. Em 2006, no ensino médio a diferença que separa a taxa dos brancos (58,3%) da alcançada pelos negros (37,94%) é de quase 21 pontos percentuais. No ensino superior, a distância entre negros e brancos é de 12,7 pontos percentuais, sendo 18,5% a taxa de escolarização na idade correta de brancos para 6,1% da população negra (IBGE/PNAD apud UNESCO, 2008). - Taxa de Analfabetismo: entre os jovens e adultos pretos e pardos de 15 anos ou mais idade, 14,6% não sabem ler e escrever, para 6,5% entre brancos (Observatório da Equidade, 2006). Leia na integra estes dados no link abaixo: http://www.acordacultura.org.br/sites/default/files/doc umentos/contribuicoes_para_implementacao_da_lei. pdf A partir da leitura destes dados como vocês veem a necessidade de uma legislação que trata da obrigatoriedade de ensinarmos a história, a literatura e arte a partir das contribuições dos afro brasileiros para o desenvolvimento cultural, social e econômico do Brasil? Vamos ler a lei 10639/2003. Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B: "Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro- Brasileira. § 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. § 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. § 3o (VETADO)" "Art. 79-A. (VETADO)" "Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’." Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da República. A lei e sua implementação A partir de uma série de seis encontros denominados “Diálogos Regionais sobre a Implementação da Lei 10.639/2003”, coordenado pelo professor Valter Silvério em 2008, as entidades do movimento negro passaram a exigir a construção de um plano que estimulasse as redes de ensino a garantir as condições para efetivação de uma educação antirracista e, assim, foi criada a Comissão Interministerial responsável por desenvolver o plano de implementação da 10.639. Em dezembro de 2007 o Ministério da Educação instituiu um Grupo de Trabalho para elaborar um Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais. O desafio de construir o referido Plano Nacional foi estruturado em torno de seis eixos temáticos: fortalecimento do marco legal, política de formação para gestores e profissionais da educação, política de material didático e para- didático, gestão democrática e mecanismos de participação social, condições institucionais, avaliação e monitoramento. Os dois documentos a seguir acompanham a implementação da lei 10.639: as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, publicado em 2005 e o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação das Relações Etnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana publicada em 2009. 3 - Mas e a educação indígena? Vamos ampliar nossa discussão conhecendo alguns dados sobre a educação escolar indígena para entendermos o que levou a mudança na lei 10639/2003 para a lei 11.645/2008. Estes dados fazem parte de um documento intitulado; Estatísticas sobre Educação Escolar Indígena no Brasil. Diversidade sociocultural O Brasil hoje reconhece a diversidade sociocultural dos povos indígenas. Ela se expressa pela presença de mais de 220 povos indígenas distintos, habitando centenas de aldeias localizadas em praticamente todos os Estados da Federação. Vivem em 628 terras indígenas descontínuas, totalizando 12,5% do territorial nacional. Apesar da ampla distribuição, mais de 60% da população indígena está concentrada na região da Amazônia Legal. Do litoral ao sertão, da caatinga ao pantanal, da floresta ao cerrado, são muitos os ambientes nos quais os povos indígenas estão localizados, resultando em diferentes formas de interação e adaptação à natureza e em diferentes modos de vida. Há povos que têm na agricultura sua principal fonte de alimentos, enquanto outros diversificam suas estratégias de sobrevivência com atividades de pesca, caça e coleta de produtos silvestres. E há também aqueles que estão inseridos na economia de mercado, seja comercializando excedentes, seja vendendo sua força de trabalho. Ainda que não se tenha dados precisos sobre a população indígena no Brasil, é certo afirmar que eles já foram muito mais numerosos no passado. Estima-se que, em 1500, a população indígena estava em torno de seis milhões de indivíduos, quando da chegada dos primeiros conquistadores. E já chegaram a um patamar populacional bem inferior ao estimado no presente: na primeira metade do século passado, a população indígena teria chegado a 200.000 pessoas. Nos últimos 30 anos, revertendo a curva decrescente da população indígena, tem se registrado um aumento populacional constante, ancorado na melhoria das condições sanitárias e de assistência médica nas aldeias, na proteção e demarcação de territórios indígenas e no reconhecimento dos direitos dessas populações em manterem suas identidades e especificidades culturais, históricas e linguísticas. A população indígena no Brasil está hoje estimada entre 350 e 500 mil índios em terras indígenas, segundo agências governamentais e não- governamentais. Não há informações sobre índios urbanizados, embora muitos deles preservem suas línguas e tradições. De acordo com o censo populacional do IBGE, realizado em 2000, a população indígena no Brasil seria de 734.131 indivíduos. Esse total é questionadopor especialistas, uma vez que o IBGE chegou a ele por meio do quesito cor de pele, e não por meio da auto- identificação étnica. Assim, pessoas que consideram que tem a pele cor indígena não necessariamente se reconhecem e são reconhecidas como pertencentes a uma comunidade indígena particular. De modo geral, os povos indígenas no Brasil conformam grupos com baixa densidade populacional: mais de 50% desses povos são constituídos por menos de 500 indivíduos, e apenas três povos são formados por mais de 20.000 pessoas. Alguns povos indígenas que habitam o território brasileiro também vivem em países vizinhos. Há notícias da existência de cerca de 40 "povos isolados" no Brasil que têm se recusado a um contato mais direto e permanente com segmentos da sociedade brasileira. E, nos últimos tempos, vários povos considerados "extintos" estão ressurgindo em meio a processos de reafirmação étnica, exigindo o reconhecimento de suas identidades por parte do governo brasileiro. São, assim, diversas e dinâmicas as experiências históricas de contato dos povos indígenas com a sociedade brasileira, resultando numa heterogeneidade de situações de contato e convívio. As situações sociolinguísticas vividas pelos povos indígenas são também extremamente diversas. Hoje são conhecidas 180 línguas indígenas, distribuídas em 41 famílias, dois troncos linguísticos e dez línguas isoladas. Alguns povos indígenas falam mais de uma língua, outros são monolíngues, quer na língua indígena, quer no português, como é o caso de vários povos que habitam próximo ao litoral, para os quais hoje o português é sua única língua de expressão. Em face da baixa densidade populacional de vários povos e devido ao fato de se constituírem povos minoritários dentro do Estado Nacional, muitas línguas indígenas, hoje, correm o risco desaparecer. A escola, que no passado foi um dos principais instrumentos de negação da diversidade linguística e de imposição do português como língua nacional, pode ter um papel importante na manutenção e na valorização das línguas indígenas. A questão indígena brasileira precisa muito de ser estudada e discutida, a alteração vivenciada pela lei 10639/2003 foi a inserção dos povos indígenas como vocês podem ler abaixo: Art. 1o O art. 26-A da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro- brasileira e indígena. § 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. § 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.” (NR) Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 10 de março de 2008; 187o da Independência e 120o da República É necessário reafirmar a urgente implementação da lei 11.645/2008 em nossas salas de aula, para que possamos construir um mundo com mais respeito as questões etnico raciais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Estrutura e financiamento do ensino. São Paulo: AVERCAMP, 2004. BRASIL. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf acesso em 04/07/2013 BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Estatísticas sobre educação escolar indígena no Brasil. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 2007. MARTINS, Andreia. O Ensino Religioso nas Escolas Públicas Brasileiras: um olhar histórico para uma questão contemporânea. In: BIOTO-CAVALCANTI, Patrícia;TEIXEIRA, Rosiley. História da Educação Brasileira. São Paulo: Paco Editoria, 2013. Proposta de Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana – Lei 10.639/2003. Grupo de Trabalho Interministerial Instituído por Meio da Portaria Interministerial Mec/mj/seppir No 605 de 20 de Maio de 2008. Exercícios: Sabe-se que, no Brasil, é impossível falar de escolarização sem falar de religião. Mas como isso aparece na legislação? A regulamentação que foi realizada em 1996, pela atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira prevê que: a) O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. b) O ensino religioso, de matrícula obrigatória, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. c) O ensino religioso, de matrícula obrigatória, é parte integrante da formação básica do ensino infantil. d) O ensino religioso, de matrícula facultativa, mas todas as escolas devem oferecer a disciplina de forma opcional, respeitando-se a diversidade cultural religiosa do Brasil. e) O ensino religioso não deve ser oferecido nas escolas dentro de seus horários normais de aula, devendo ser ministrados, caso a instituição de ensino deseje, em horários fora de aula. Sobre a diversidade cultural brasileira podemos afirmar que não se tem dados muito preciso sobre a população indígena. Em relação a população negra sabemos dos enormes déficits de escolarização desta população. Podemos afirmar que: a) a população indígena no Brasil é insignificante b) o percentual de indígenas que conclui o ensino superior é altíssima c) os negros no Brasil são menos escolarizados que os brancos d) a população negra no Brasil é muito pequena e) os negros no Brasil são mais escolarizados que os brancos. Em uma abordagem baseada nas ações afirmativas pode-se afirmar que a situação social em que se encontram determinados grupos sociais como os negros, índios e mulheres não pode ser atribuída aos indivíduos isoladamente, assim, de acordo com as leituras realizadas na disciplina, fazem-se necessárias: a) políticas pejorativas b) políticas de discriminação positiva c) políticas que tratem todos como iguais d) políticas assistencialistas e) políticas de inclusão Para a implementação da lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, faz-se necessária: a) Uma orientação clara às instituições de ensino superior, responsáveis pela formação do conjunto de profissionais e de professores que atuam na educação básica. b) Uma aprovação da sociedade como um todo visto a importância de todas as culturas não somente da cultura negra. c) Um plebiscito já que nem todos concordam que estas culturas estejam representadas na escola d) Uma consulta às diversas instituições religiosas já que as religiões de matriz africana podem causar desconforto à grande parte da população e) Um decreto dopoder executivo tornando a lei oficial. A partir dos números da realidade educacional brasileira em relação a questão racial abaixo podemos extrair as seguintes informações: - População Brasileira: 92.120.000 pessoas brancas e 91.231.000 pessoas negras (11.563.000 pessoas pretas e 79.668.000 pessoas pardas) (IBGE/PNAD, 2006). - Acesso à educação. Na faixa etária dos sete aos 14 anos, representam 2,39%, e os brancos, 1%. Entre 15 e 17 anos, o percentual de pessoas negras (6,02%) fora da escola é o dobro do dos brancos (3,7%). Na faixa etária dos 18 aos 24 anos, os negros repres Podemos concluir então que: I- A maior parte da população brasileira que está fora do ensino fundamental é negra. II- A maior parte da população brasileira que está fora do ensino médio é negra. III- A população que mais se forma no ensino superior no Brasil é branca. IV- A população indígena representa menos que 1% da população e está fora do ensino fundamental. É correto afirmar somente em: a) I, II e III. b) II, III e IV. c) somente IV d) somente I e II. e) somente III e IV. O Brasil hoje reconhece a diversidade sociocultural dos povos indígenas. Ela se expressa pela presença de mais de 220 povos indígenas distintos, habitando centenas de aldeias localizadas em praticamente todos os Estados da Federação. Vivem em 628 terras indígenas descontínuas, totalizando 12,5% do territorial nacional. Apesar da ampla distribuição, mais de 60% da população indígena está concentrada na região: a) Amazônia. b) Nordeste. c) Centro Oeste. d) Sudeste. e) Pará. O Ministério da Educação e Cultura (MEC) em um documento intitulado: Concepção da diversidade nas políticas do ministério da educação indica as três abordagens sobre as políticas a serem desenvolvidas pelo governo federal, são elas: a) o binômio inclusão/exclusão, discriminação positiva e políticas de diferença. b) inclusão, exclusão e bolsas de estudo. c) Bolsa família, alimentação e estudo. d) Assistencialista, Inclusão e Marketing. e) Arrecadação, inclusão indígena e social.
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