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ASSISTÊNCIA SIMPLES


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ASSISTÊNCIA 
- Modalidade de intervenção voluntária
MISAEL MONTENEGRO FILHO:
Não é admitido pela jurisprudência nas ações de:
Execução: pelo fato de essa modalidade de jurisdição não perseguir a prolação de uma sentença tipicamente de mérito, mas apenas a prática de atos concretos que permitam o adimplemento forçado da obrigação representada no título judicial ou extrajudicial.
Mandado de segurança: pelo fato de a lei especial não prever essa modalidade, restringindo a aplicação subsidiária do CPC (no qual a assistência está disciplinada) à matéria do litisconsórcio (art. 24 da Lei n o 12.016/09).
DANIEL NEVES: Esse pedido é admitido em qualquer processo, inclusive no de execução, e em qualquer procedimento, seja ele comum ou especial, de jurisdição contenciosa ou voluntária. A exceção fica por conta do procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais Cíveis (art. 10 da Lei 9.099/1995), na ADI e ADECON (art. 7.0 da Lei 9.868/1999), havendo divergência a respeito de seu cabimento no mandado de segurança, ainda que o Superior Tribunal de justiça tenha entendimento pacificado pelo não cabimento da assistência simples.
- A assistência pode ser:
Simples
Litisconsorcial
- O terceiro que se considera assistente (simples ou litisconsorcial) deverá requerer seu ingresso no processo por meio de petição devidamente fundamentada, expondo em especial o interesse jurídico que legitima a sua intervenção como assistente. Não há necessidade de preenchimento dos requisitos formais previstos para a petição inicial pelo art. 319 do Novo CPC, considerando-se que o único pedido que o terceiro formula é para ingressar no processo, não levando ao processo qualquer outra pretensão.
- Apesar de não vir expressamente no CPC, o assistente poderá produzir provas.
- Na hipótese de indeferimento do pedido de ingresso no processo somente terá legitimidade e interesse recursal o sujeito que teve seu pedido de ingresso no processo indeferido, considerando-se que a assistência é sempre voluntária.
A decisão que deferir o pedido de assistência será recorrível por agravo de instrumento, tendo legitimidade e interesse recursal a(s) parte(s) que não concordar(em) com a intervenção do terceiro.
O agravo de instrumento não possui, em regra, efeito suspensivo, de forma que, diante da rejeição do pedido, o processo prossegue sem a participação do terceiro. Apenas excepcionalmente haverá a suspensão do processo na hipótese de o agravante pedir e receber o efeito suspensivo, nos termos dos art. 1.019, I, e 995, parágrafo único, do CPC.
Há situações nas quais a espera pela definição do procedimento para a aceitação do terceiro poderá sacrificar significativamente a atuação daquele que pretende ingressar no processo como assistente. Nesse caso, o terceiro deverá ingressar no processo praticando o ato e pleiteando seu ingresso, única forma de garantir a prática do ato caso seja aceito, já que receberá o processo no estado em que ele se encontra.
1. ASSISTÊNCIA SIMPLES (ADESIVA)
- Assistência simples: modalidade que permite que um terceiro juridicamente interessado na vitória de uma das partes intervenha e participe do processo praticando atos processuais e, por meio destes, auxilie a parte com a qual mantém relação jurídica.
O terceiro não defende direito próprio, mas da parte principal, com a qual mantém relação jurídica, de modo que o julgamento do processo influi nessa relação, podendo prejudicar ou beneficiar o terceiro.
É necessário a existência de uma relação jurídica não controvertida, distinta daquela discutida no processo entre o assistente (terceiro) e o assistido (autor ou réu), que possa vir a ser afetada pela decisão a ser proferida no processo do qual não participa.
- Para que o assistente simples seja admitido a intervir no processo, deverá, desde logo, demonstrar seu interesse na intervenção (art. 120, CPC).
O assistente deve demonstrar ter interesse jurídico, não sendo suficiente o interesse meramente econômico ou moral.
Decidiu o Superior Tribunal de Justiça, que a existência de um interesse econômico não desnatura o interesse jurídico, mas não basta para justificar a intervenção do terceiro como assistente. A única forma de distingui-los será a análise cuidadosa a respeito da existência da relação jurídica entre terceiro e a parte que venha a ser afetada pela decisão judicial. Somente com a sua existência haverá o interesse apto a justificar a assistência.
Para isso, deve demonstrar:
a) que possui relação jurídica com a parte que pretende assistir;
b) a possibilidade de esta relação vir a ser alterada ou influenciada pela decisão judicial a ser proferida no processo em que o terceiro pretende intervir.
- A legitimidade e o interesse do terceiro podem ser verificados de ofício pelo juiz, pois trata-se de matéria de ordem pública.
Havendo impugnação, fundada na alegação de que o terceiro carece de interesse jurídico, o juiz decide o incidente, sem suspender o processo, por decisão interlocutória, que pode ser combatida pelo recurso de agravo de instrumento, no prazo geral de 15 dias (inciso IX do art. 1.015), tanto no caso de admissão como no de inadmissão da assistência.
- O assistente simples atua como auxiliar da parte principal (do assistido), e se vincula às manifestações de vontade desta, já que, embora detenha interesse jurídico, o direito material é de titularidade do assistido, não daquele.
Essa subordinação da atuação do assistente simples, apesar de não estar prevista expressamente em lei, é decorrência natural das razões que fundamentam a participação do assistente no processo.
Parte da jurisprudência entende que o assistente não pode interpor recursos quando o assistido expressamente renunciar a esse direito.
Em suma: desde que o assistido não vede expressamente, o assistente poderá fazer o ato processual, até mesmo na revelia do assistido.
Segundo a redação do parágrafo único do art. 121 do CPC, diante da omissão do assistido, o assistente será considerado seu substituto processual, de forma que poderá livremente praticar o ato processual. O ato, entretanto, poderá se tornar ineficaz se posteriormente o assistido se manifestar expressamente contra sua prática.
Sendo possível no acordo de procedimento previsto no art. 190 do CPC a convenção sobre ônus processuais, é importante afastar a atuação do assistente diante da omissão do assistido quando ela for decorrência de tal ajustamento prévio.
O assistente simples não pode ampliar o objeto do processo, isto é, fazer pedido em seu favor ou mesmo pleitear direito não pleiteado pela parte
- A hipótese do parágrafo único do art. 121 do CPC se trata de uma espécie sui generis de substituição processual, considerando-se que o "substituído" faz parte da relação jurídica processual, sendo somente uma parte relapsa em se defender.
- “Justiça da decisão”, presente no art. 123, é entendido doutrinariamente como os fundamentos fáticos e jurídicos que motivam a sentença ou a decisão interlocutória de mérito proferida nos termos do art. 356 do CPC.
2. ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL (QUALIFICADA)
- Assistência litisconsorcial: tanto o assistente quanto o assistido têm direitos a defender em juízo, formando-se verdadeiro litisconsórcio entre eles. O assistente defende direito próprio, não dependendo da manifestação de vontade do assistido, sendo esta uma condição para a admissão da assistência.
Em regra, tal situação não poderia ocorrer, mas excepcionalmente admitir-se-á que terceiro titular do direito não participe do processo em que o seu direito é discutido. Trata-se das hipóteses de:
Legitimação extraordinária, pela qual é possível que seja parte processual um sujeito que não é titular do direito (substituição processual); 
Sujeito que é titular juntamente com outros sujeitos (cotitulares) que não precisam participar do processo para que este seja válido e eficaz.
A assistência litisconsorcial somente é possível nos casos de litisconsórcio facultativo, porque somente nesse caso o titular do direito poderá ser excluído da demanda porvontade das partes.
- Mesmo que o assistido não pratique atos no processo, o assistente pode fazê-lo, de forma independente.
- Existe uma divergência doutrinária acerca da real qualidade processual do terceiro que ingressa no processo como assistente litisconsorcial:
Assistente litisconsorcial: defende que a redação do art. 124 do CPC, não estabelece que o assistente será considerado litisconsorte, simplesmente significando que o seu tratamento procedimental será de litisconsorte, mas a sua qualidade processual continua a ser de assistente. Sustenta-se que esse terceiro que ingressa no processo nada pede e contra ele nada é pedido, de forma que o seu ingresso não inclui no processo qualquer nova demanda, o que é suficiente para não o considerar parte.
Litisconsorte facultativo ulterior: defende a inexistência da figura jurídica criada pelo art. 124 do CPC, considerando-se que o assistente litisconsorcial na verdade é reputado autor ou réu a partir do momento em que ingressa no processo, em verdadeira hipótese de litisconsórcio facultativo ulterior. De qualquer forma, mesmo a doutrina que defende a existência de assistência litisconsorcial, é tranquila em afirmar que, embora não seja litisconsorte, esse assistente é tratado, no tocante à aplicação das regras procedimentais, como se o fosse. Corrente majoritária.
- O assistente litisconsorcial atuará no processo como se fosse um litisconsorte unitário.
Parei no tópico 8.2.7