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Nascimento da Filosofia e Pré-socráticos

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Aula 01 – Nascimento da Filosofia e os Pré-socráticos 
 
 
Introdução ao estudo de filosofia 
 
Antes de iniciar o assunto da primeira aula, é importante você ter em mente o que 
é a filosofia. Quando falamos da filosofia como uma disciplina que é cobrada no ENEM, 
NÃO estamos nos referindo à qualquer pensamento ou frase de aparência profunda e 
reflexiva. A filosofia enquanto matéria do ensino médio busca analisar as principais 
questões iniciadas pelos intelectuais da Grécia antiga, que viveram por volta do século VI e 
inovaram no modo de pensar. Sendo assim, estudar filosofia é conhecer os pensadores 
que se posicionaram sobre tais questões e se destacaram com suas contribuições para os 
grandes debates da humanidade. 
 
 
 
* COMO ESTUDAR FILOSOFIA 
 
Um dos grandes desafios de estudar filosofia é conseguir organizar todos os 
conceitos aprendidos, relacionando-os corretamente com os seus respectivos filósofos e 
autores. Tendo isto em vista, nós do Não Perca a Cabeça, trouxemos pra você duas 
sugestões de organização desse extenso conteúdo. Confira abaixo: 
 
 
a) História da Filosofia: Estudar filosofia através de sua história em ordem cronológica é 
uma das maneiras mais usuais nos dias de hoje. Para fazer isso, é necessário fracionar 
essa história em períodos: 
 
 
1º período – Filosofia Antiga: Dos pré-socráticos até escolas helenísticas 
 
2º período – Filosofia Medieval: Dos padres da Igreja até início do renascimento 
 
3º período – Filosofia Moderna: De Descartes até Kant 
 
4º período – Filosofia Contemporânea: De Schopenhauer até os dias de hoje 
 
 
b) Áreas de investigação (Temas): Outra maneira de organizar seus estudos é separar os 
assuntos por temas: 
 
 
I) Teoria do Conhecimento: Discussões que envolvem investigações sobre a aquisição de 
conhecimento e o processo de alcançar a verdade. 
 
II) Estética: Debates sobre o padrão de beleza. 
 
III) Ética: Investigação sobre o certo e o errado. 
IV) Política: Investigação sobre o modo justo de organizar a sociedade. 
 
 
A partir daí, você pode montar seu próprio caderno ou mapa mental inserindo os 
filósofos aprendidos em categorias que facilitem em um momento de consulta. 
 
 
* ORGANIZAÇÃO DAS AULAS: 
 
Você irá notar que a forma como nossas aulas estão organizadas tem como 
critério majoritário a história cronológica da filosofia. Por esse motivo, começaremos com o 
nascimento da filosofia e os pré-socráticos, que foram os primeiros filósofos: 
 
 
 
1 - Nascimento da Filosofia 
 
A filosofia surge na Grécia antiga no século VI. Evidentemente, as civilizações que 
viveram antes do surgimento dela também tentavam explicar a origem de todas as coisas e 
os fenômenos naturais. Porém, a filosofia se diferencia das explicações usuais da época. 
Para ficar clara tal diferença, observe o esquema abaixo: 
 
I) Filosofia: Busca por explicações críticas e racionais, utilizando da cosmologia para explicar 
 
a natureza. 
 
II) Mitologia: Explicações fantasiosas e fictícias sobre a natureza, utilizando o recurso da 
cosmogonia. 
 
 
A) INFLUÊNCIA DA DEMOCRACIA 
 
Alguns historiadores afirmam que a democracia foi fundamental para o surgimento 
da filosofia, pois estimulou o debate e reflexão dos cidadãos. Por esse motivo, é importante 
conhecer a forma de organização política da Grécia antiga: 
 
 
a) Polis (cidade-estado): Pequenas comunidades politicamente independentes. 
 
b) Ágora: Espaço reservado para os debates entre os cidadãos e as decisões tomadas em 
conjunto na polis Atenas. 
 
c) Isonomia: Conceito que refere-se à igualdade entre os cidadãos, existente somente na 
polis Atenas. 
 
d) Democracia direta: Democracia existente em Atenas, onde o cidadãos participavam 
diretamente da política e não elegiam alguém para representa-lo. 
 
Obs.: Embora Atenas tivesse uma democracia e a aplicação do conceito de 
isonomia, somente alguns membros tinham direito à cidadania, que eram: Homens, 
adultos, livres e nascidos em Atenas. 
 
B) GEOGRAFIA DA GRÉCIA ANTIGA 
 
Os historiadores da filosofia acreditam que a dificuldade de cultivar maior 
variedade de alimentos devido às montanhas presentes na região em que estavam 
localizadas as cidades gregas, forçou o povo grego à estabelecer relações comerciais com 
outros povos. Principalmente com o oriente. As cidades helênicas circundavam o Mar 
Egeu, que faz a intercessão entre a Europa e Ásia. Por exemplo, a região onde ficava 
Éfeso é onde fica parte da Turquia nos dias de Hoje. Com isso, podemos concluir que o 
contato com os povos orientais contribui também para o surgimento da filosofia. Devemos 
também lembrar da proximidade que a região tinha com o continente africano, mais 
especificamente com o Egito. Tales de Mileto, por exemplo, teve contato com os mestres 
matemáticos do Egito. 
 
Obs.: O MITO DO “MILAGRE GREGO” -> Durante muito tempo, os eruditos europeus 
defendiam que a filosofia surgiu como um milagre na Grécia Antiga. Ignorando a 
importante influência africana e oriental. Evidentemente, essa interpretação da histórica é 
etnocêntrica, ou seja, subestima a relevância das outras culturas não europeias. 
 
 
(Fonte: Google Maps) 
 
 
2 - Os pré-socráticos 
 
Foram os primeiros filósofos. Esses pensadores acreditavam que era possível 
conhecer a natureza na sua completude e que, para desvenda-la, era necessário identificar 
o elemento que deu origem à essa mesma natureza. Antes de prosseguir com a exposição 
desse assunto, é importante você aprender que os gregos possuíam expressões 
específicas para se referir à natureza e ao elemento originário. Tais expressões eram, 
respectivamente, Physis e Arché. 
 
A) CONCEITOS 
 
Physis -> Natureza. 
 
Arché -> Elemento originário (elemento primeiro). 
 
 
Porém, cada filósofo pré-socrático acreditava que a arché era um elemento 
específico. Segue abaixo, uma tabela dos principais pré-socráticos e suas respectivas 
archés. 
 
 
Filósofo pré-socrático Arché 
 
Tales Água 
Anaximenes Ar 
Anaximandro Indeterminado (Apeirón) 
Pitágoras Número 
Demócrito Átomo 
 
 
 
B) CITAÇÕES 
 
Conhecemos o pensamento dos Pré-Socráticos através de fragmentos dos próprios 
filósofos ou de contemporâneos que comentaram sobre eles. O segundo tipo de 
fragmentos nós podemos chamar de “doxografia”. 
 
Abaixo, listamos algumas citações que resumem bem o pensamento dos pré-socráticos 
citados acima: 
 
Tales de Mileto: 
 
“Tales afirmava que a terra flutua sobre a água. Mover-se-ia como um navio; e quando se diz que 
ela treme, em verdade flutuaria em consequência do movimento.“ 
 
(Sêneca, Nat. Quaest. III, 14). 
 
Anaximenes: 
 
“Anaxímenes de Mileto, filho de Euristrato, considerou o ar como princípio das coisas; todas as 
coisas dele provêm e todas as coisas nele se dissipam. Como nossa alma, que é ar, nos governa e 
sustém .“ 
 
(Aet. I, 3, 4). 
 
Anaximandro: 
 
“Anaximandro, companheiro de Tales, dizia que o ilimitado é totalmente responsável pela gênese e 
pela dissolução do universo.” 
 
 
Anaximandro: 
 
“Anaximandro, companheiro de Tales, dizia que o ilimitado é totalmente responsável pela gênese e 
pela dissolução do universo.” 
 
Pitágoras: 
 
“Os assim chamados pitagóricos, tendo-se dedicado às matemáticas, foram os primeiros à faze-las 
progredir. Dominando-as, chegaram à convicção de que o princípio da matemática é o princípio de 
todas as coisas.” 
 
(Aristóteles) 
 
Demócrito: 
 
“O Homem, um microcosmos.” 
 
(Demócrito) 
 
 
B) HERÁCLITO E PARMÊNIDES 
 
Heráclito e Parmênides foram dois filósofos pré-socráticos que se diferenciaram 
por tentarem definir, cada um a seu modo, a essência e identidade da natureza.Esse 
debate sobre a essência podemos chamar de “ontologia”. 
 De um lado, tem-se a crença imobilista ou seja, de que a natureza NÃO muda. Do 
outro, a percepção mobilista que percebe que a natureza está em constante mudança. 
 
Veja abaixo a posição de cada um desses filósofos: 
HERÁCLITO PARMÊNIDES 
 
A essência sempre muda, A essência NÃO muda, logo, 
logo, tudo muda. nada muda. 
Aula 02 – Sócrates 
 
1 – Quem foi Sócrates? 
 
Sócrates viveu em Atenas, no século V a.C. Com a 
democracia já consolidada nessa cidade-estado, era comum 
encontrar na Ágora (local onde ocorriam as assembleias para 
tomadas de decisões) pessoas que aparentavam ser sábias 
devido à sua retórica (arte de falar bem). Porém, esse filósofo 
percebeu que aqueles que se auto proclamavam sábios, na 
verdade, NÃO apresentavam um conhecimento muito 
profundo sobre a realidade. O que é muito ruim, pois conhecimentos 
superficiais podem nos fazer tomar decisões equivocadas. 
 
Além disso, devemos lembrar que nessa época a filosofia já existia, 
inaugurada pelos pré-socráticos no século VI a.C. Entretanto, é importante 
ressaltar que, entre os filósofos pré-socráticos, não existia um consenso. 
Sendo assim, era difícil dizer qual das teorias dos primeiros filósofos era a 
verdadeira. 
 
A partir dos pontos levantados acima, é possível identificar que Sócrates 
estava lidando com algumas questões de extrema relevância. Relevantes 
não apenas para o seu tempo, mas também, para toda humanidade até os 
dias de hoje. Veja: 
 
1) O que é a verdade? 
2) Como é possível encontrar a verdade? 
3) Que verdade é capaz de nos tornar pessoas melhores? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* História: Quem é o Homem mais sábio de toda Grécia? 
 
(Templo em Delfos) 
 
Querendo responder essas questões, Sócrates decidiu ir em busca do Homem mais 
sábio de toda Grécia. Para isso, decidiu consultar o Oráculo de Delfos, que era uma 
espécie de intermediário entre os mundos natural e sobrenatural. Chegando lá, o 
oráculo diz que próprio Sócrates era o Homem mais sábio. Descrente e indignado 
com essa resposta, Sócrates decide buscar por conta própria o detentor de toda 
sabedoria. Em sua empreitada, ele percebe que aqueles que eram considerados 
sábios, na verdade, poucas coisas sabiam, pois, quando confrontados, não 
conseguiam dar respostas fundamentas. Com isso, Sócrates percebeu que 
realmente ele era o Homem mais sábio de toda Grécia, pois ao menos uma coisa 
ele sabia, que era a sua própria ignorância. Sendo assim, nota-se que Sócrates 
identifica que o primeiro passo para encontrar a verdade é desconfiar do nosso 
próprio saber. 
 
* História: A morte de Sócrates. 
(A morte de Sócrates) 
Sócrates era uma figura popular em Atenas. Vivia cercado de discípulos, onde 
ensinava filosofia pelas praças e ruas da polis. Era convidado para festas e 
banquetes onde realizava intensos debates sobre as mais diversas questões. 
Porém, por ser uma pessoa questionadora e crítica, ganhou também muitos 
inimigos. Os principais inimigos de Sócrates eram os Sofistas, personagens que 
veremos na próxima aula. 
Os seus inimigos, em um dado momento, denunciaram o filósofo para o tribunal 
ateniense, acusando-o de ateísmo e corrupção da juventude. Nesse julgamento 
Sócrates é sentenciado à morte, onde deveria tomar a cicuta, um veneno mortal. 
Nos seus últimos momentos, reunido com seus discípulos, declara que a morte é 
motivo de alegria para qualquer filósofo, pois o corpo é a parte que padece, já alma, 
ficara livre para conhecer finalmente a verdade sem as limitações do corpo. O que 
será a deixa para a teoria um dos seus discípulos, o Platão. 
 
 
 
2 – Organizando as ideias. 
 
Para facilitar seu estudo, organizamos para você o conteúdo sobre a filosofia 
socrática em tópicos. Veja abaixo: 
 
a) Antropologia 
É importante estabelecer a principal diferença da filosofia socrática e a dos filósofos 
pré-socráticos. Sócrates se diferencia por buscar estender a reflexão filosófica para 
assuntos que envolvem as relações humanas, como a ética e a política. Por esse 
motivo, podemos chama-lo de filósofo antropológico. 
 
b) A verdade 
Sócrates é um filósofo que defenderá a existência de uma verdade capaz de revelar 
e explicar a realidade em si, sem a interferência daquilo que é aleatório e 
passageiro. Porém, existe uma grande possibilidade de nossas crenças sobre essa 
realidade não passarem de opiniões não fundamentadas, sendo assim, crenças que 
apenas aparentam ser a verdade. Sócrates chama essas crenças e opiniões não 
fundamentadas de Dóxa. 
 
Dóxa -> Opinião não fundamentada. 
 
Dito isto, nota-se que o principal objetivo de Sócrates é então definir uma verdade 
absoluta que não se confunde com nossas falsas crenças sobre a realidade, a dóxa. 
 
c) Reconhecer sua própria ignorância: 
Segundo Sócrates, o primeiro passo parra alcançar a verdade é admitir a própria 
ignorância sendo essa postura que motiva o próprio ato de se fazer filosofia. 
 
d) Maiêutica 
Para Sócrates, a verdade é algo que está em nosso interior. Por esse motivo, 
somente o próprio indivíduo é capaz de encontrar a verdade. Diante disso, Sócrates 
ajudava seus discípulos através do seus método pedagógico chamado de Maiêutica 
que significa, literalmente, parto de ideias. 
 
A Maiêutica consiste no uso de tais técnicas: 
 
Dialética: Oposição de ideias. Sócrates confrontava seus discípulos com ideias que 
contrariavam suas crenças. 
 
Ironia: Provocação para fazer seu discípulo desconfiar dos seus próprios 
preconceitos. 
 
e) Ética Socrática 
Sócrates percebe que o conhecimento deve nos tornar pessoas melhores. Sendo 
assim, é necessário refletir também sobre o que seria uma pessoa boa. Por isso, 
dizemos que Sócrates inicia a reflexão sobre a “ideia de Bem” e a ideias de 
“Justiça”. 
 
Aula 03 – Sofistas 
 
1 – Ideias divergentes: Um problema da democracia. 
 
Quando pensamos na democracia, devemos 
considerar que o seu principal pilar é o livre 
exercício de pensamento. Porém, não é novidade o 
fato de que as pessoas possuem olhares diferentes 
sobre os mais variados temas, que vão do campo 
econômico aos costumes. Evidentemente, a 
diversidade de ideias em si não é um problema, 
devendo inclusive esta ser vista como uma virtude democrática. Entretanto, não se 
pode ignorar que todo conflito na sociedade deriva de pessoas ou grupos que 
possuem posicionamentos contrários. Basta analisar os conflitos que temos nas 
sociedades atuais. Em nosso país, por exemplo, existem aqueles que defendem o 
aborto e aqueles que são contrários. Em outros países, divergências dessa natureza 
provocam revoltas e até mesmo guerras. 
 
Diante disso, percebemos que a democracia embora seja um ideal a ser seguido ela 
também apresenta problemas na sua prática, como o mencionado acima. Os 
sofistas eram intelectuais que percebiam esse problema e tentaram soluciona-lo de 
um modo bem diferente de seus contemporâneos Sócrates, Platão e Aristóteles. 
Essa diferença gerou inclusive uma desavença histórica entre os Sofistas e estes 
três filósofos. 
 
2 – Despreocupação com a verdade: Um possível caminho para o consenso. 
 
Quando construímos nossas ideias tendemos a crer que elas são grandes verdades 
que devem ser defendidas a qualquer custo. É muito provável que essa nossa 
postura seja ainda uma herança cultural que recebemos do pensamento socrático. 
Ao voltar para a aula anterior, você irá relembrar que Sócrates defendia a existência 
de uma verdade suprema que é acessível para todos. Porém, acreditar na 
existência de uma verdade dessamaneira gera uma dificuldade, que é o acordo que 
deve existir entre aqueles que estão buscando tal verdade. Além disso, em nome 
uma suposta verdade, deixamos de tomar ações que podem ser cruciais para um 
determinado momento. Por exemplo: 
 
 Suponha que você acredita que a verdade deve ser dita a qualquer custo, e que 
toda mentira é inadmissível. Agora imagine que você está em casa e que, de repente, 
aparece uma pessoa desesperada pedindo esconderijo alegando que tem alguém que está 
querendo matá-la. Você esconde tal pessoa em sua casa e, logo em seguida, aparece o 
perseguidor perguntando sobre um sujeito que você sabe que é aquele que você abrigou. 
Caso você diga a verdade, certamente um inocente irá morrer. 
 
Vemos no exemplo acima, como uma verdade ideal pode trazer consequências 
práticas não muito boas. Por esse motivo, os sofistas afirmavam que nossas 
decisões não devem estar presas a ideias abstratas, mas sim, em nossa intuição 
mais imediata. Segundo essa perspectiva, no campo político, os ideais não devem 
prevalecer, mas sim, os anseios e necessidade mais urgentes dos indivíduos. 
 
Em suma, podemos classificar os sofistas como pensadores relativistas, ou seja, 
que relativizam as verdades de acordo com as necessidade políticas do momento. 
 
3 – Retórica como meio para construir realidades. 
 
Falar, sem dúvida, é uma arte. No caso, essa arte de falar tem o nome de Retórica. 
E como toda arte, é possível dominar e aperfeiçoar determinadas técnicas que a 
tornem mais eficiente. Nota-se também que o domínio da fala traz poder, pois, 
através dela, conseguimos negociar interesses, emocionar, pacificar e até mesmo 
construir realidades. Veja, quando você encontra um amigo que está triste, por pior 
que pareça a situação dele, você pode fazê-lo sentir-se mais confiante se você 
souber usar a sua fala. A realidade percebida por seu amigo dependerá do discurso 
que você irá dirigir a ele. Caso você não seja habilidoso, poderá até fazer seu amigo 
achar que a realidade é muito pior da que ele talvez se encontre. 
 
Por esse motivo, os sofistas entendiam que a retórica deveria ser valorizada. Para 
eles, o mais importante em um debate não é encontrar a verdade que será revelada 
a partir de um processo dialético, mas sim, fazer com que todos se convençam, em 
igual medida, de uma ideia. Para que isso ocorra, é necessário que o orador possua 
uma retórica afiada. E por isso, os sofistas eram mestres da retórica. Eram tão 
conhecidos por essa habilidade que eram contratados pela aristocracia ateniense 
para ensinar-lhes tal arte de falar bem. 
 
4 – Preconceito histórico. 
 
Você verá no decorrer do curso que o pensamento socrático permaneceu na cultura 
ocidental até os dias de hoje. Na idade média, todo pensamento filosófico era 
inspirado pela filosofia de Sócrates, Platão e Aristóteles. Sendo assim, muitos 
preconceitos socráticos também tiveram sua manutenção, como, por exemplo, sua 
crítica aos sofistas. Sócrates divergia dos sofistas basicamente nesses pontos: 
 
SÓCRATES SOFISTAS 
Acreditava em verdades absolutas . Ignoravam verdades absolutas. 
Ensinava apenas para quem tinha dom. Ensinavam para quem pagava com 
dinheiro. 
 
Diante dessa divergência, Sócrates entendia que os sofistas eram charlatões sem 
compromisso com a verdade, que usavam os jovens para conseguir enriquecer. 
Com tal indisposição socrática, os pensadores ocidentais tomaram o partido de 
Sócrates sem analisar criticamente o pensamento dos sofistas. Por isso, precisamos 
entender que não se pode simplesmente classificar os sofistas como picaretas, sem 
analisar suas premissas. 
 
É importante também ressalvar que, os indivíduos que pediram a morte de Sócrates 
através de denúncias no tribunal ateniense foram alguns sofistas. Através desse 
caso, podemos compreender o atrito existente entre esses personagens. 
 
5 – Quem foram os sofistas. 
 
(Protágoras) 
 
Os principais sofistas foram Górgias, Hípias, Pródico e Protágoras. Protágoras ficou 
bem conhecido por aparecer como antagonista em um dos diálogos de Platão. 
Nesse diálogo a expressão de maior repercussão foi “O Homem é a medida de 
todas as coisas”. Com essa expressão podemos perceber o relativismo do 
pensamento sofista. Uma vez que é o próprio homem que é a medida dele mesmo, 
não é preciso tomar decisões com base em critérios que não seja o próprio sujeito. 
 
Eles viveram nos séculos V e VI a.C. 
 
Aula 04 – Platão 
 
1 – Questão Central. 
 
Devemos levar em consideração que Platão busca 
compreender como é possível conciliar verdades universais 
com uma natureza que está em constante mudança. Em 
outras palavras, se tudo que existe não permanece o mesmo, 
como é possível existir verdades absolutas? 
 
Para resolver essa questão, Platão elabora sua conhecida 
teoria das ideias. 
 
 2 – Teoria das ideias. 
 
Teoria central de Platão que aponta a existência de dois mundo: O Mundo Sensível 
e O Mundo das Ideias/inteligível. 
 
 Mundo Sensível: Realidade material que percebemos através do nosso 
corpo. Nesse mundo, as coisas se apresentam de forma inconstante e 
limitada, por esse motivo, não é possível encontrar a verdade nele. 
 
 Mundo das Ideias: Realidade abstrata onde está a verdade e as ideias das 
coisas em si. Por exemplo, nesse mundo é possível acessar a ideia do 
homem em si, da cadeira em si, da justiça em sim, etc. 
 
O mundo sensível é uma cópia (mímesis) do mundo inteligível, e como toda cópia 
é imperfeita diante do original, qualquer tentativa de adquirir conhecimento através 
do mundo sensível tenderá ao fracasso. Por isso, para Platão o conhecimento é 
uma lembrança que nossa alma tem do tempo em que estava no mundo das ideias. 
 
* Forma para acessar o mundo inteligível: 
 
Para visualizar as verdades presentes no mundo das ideias é necessário utilizar a 
dialética, a filosofia e a matemática. 
 
Obs.: Nota-se que a filosofia de Platão, em última análise, defende a anulação 
constante do corpo e de seus atributos, como os sentidos. 
 
3 – Mito da Caverna 
 
De acordo com a história formulada por Platão, existia um grupo de pessoas que 
viviam numa grande caverna, com seus braços, pernas e pescoços presos por 
correntes, forçando-os a fixarem-se unicamente para a parede que ficava no fundo 
da caverna. 
 
Atrás dessas pessoas existia uma fogueira e outros indivíduos que transportavam 
ao redor da luz do fogo imagens de objetos e seres, que tinham as suas sombras 
projetadas na parede da caverna, onde os prisioneiros ficavam observando. 
 
Como estavam presos, os prisioneiros podiam enxergar apenas as sombras das 
imagens, julgando serem aquelas projeções a realidade. 
 
Certa vez, uma das pessoas presas nesta caverna conseguiu se libertar das 
correntes e saiu para o mundo exterior. A princípio, a luz do sol e a diversidade de 
cores e formas assustou o ex-prisioneiro, fazendo-o querer voltar para a caverna. 
 
No entanto, com o tempo, ele acabou por se admirar com as inúmeras novidades e 
descobertas que fez. Assim, quis voltar para a caverna e compartilhar com os outros 
prisioneiros todas as informações e experiências que existiam no mundo exterior. 
 
As pessoas que estavam na caverna, porém, não acreditaram naquilo que o ex-
prisioneiro contava e chamaram-no de louco. Para evitar que suas ideias atraíssem 
outras pessoas para os “perigos da insanidade”, os prisioneiros mataram o fugitivo. 
 
(Trecho retirado de: https://www.significados.com.br/mito-da-caverna/) 
 
4 – Significado do mito da Caverno 
 
Platão utiliza o mito da caverna, em sua obra A República, como umametáfora para 
explicar sua teoria das ideias. Sendo assim, o mundo correspondente à caverna 
seria o mundo sensível, enquanto o exterior da caverna seria o mundo intelígel. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 5: Filosofia Medieval 
 
Início do período medieval da história da filosofia 
Entramos agora em outro momento da história da filosofia. Da aula 1 até a aula 4 é 
o período conhecido como Filosofia antiga. 
O início da filosofia medieval pode ser datado no séc. II d.C. Nesse período, alguns 
intelectuais do império romano se converteram ao cristianismo, que ainda era uma religião 
marginal, sem grandes adeptos. Porém, como os integrantes dessa crença eram 
perseguidos, tais intelectuais precisaram defender sua fé perante o imperador e a alta elite 
romana. Para fazer tal defesa, esses pensadores utilizaram o pensamento de alguns 
filósofos gregos provocando um sincretismo entre a filosofia grega e a filosofia cristã. Esse 
primeiro período ficou conhecido como Patrística. 
A filosofia medieval pode ser dividia em dois momentos: Patrística e Escolástica. 
Segue abaixo, uma breve descrição de cada um destes períodos. 
 
a) Patrística 
O principal pensador desse período é o filósofo Santo Agostinho, que teve grande 
influência do platonismo. Desse modo, já podemos identificar uma característica crucial 
desse momento que são as intuições do filósofo Platão, sendo a principal delas a rejeição 
do corpo e a valorização de elementos abstratos do conhecimento, como a fé, por exemplo. 
Uma vez que o conhecimento material e físico não é valorizado, a filosofia nesse 
período é mais dependente da fé. Então, todo pensamento filosófico sempre partia de um 
pressuposto de fé e a razão presente na filosofia servia apenas para confirmar o que já era 
conhecido pela fé. 
 
Teorias de Santo Agostinho 
I – Teoria da Iluminação: A crença de que o conhecimento verdadeiro é revelado por 
Deus no interior da subjetividade. 
 
II – Cidade de Deus: Teoria política de Agostinho que defende que toda sociedade 
deve se orientar pela cidade idealizada por Deus, que é uma cidade perfeitamente justa. 
Toda sociedade então possui uma finalidade a ser alcançada: Colocar na prática a cidade 
de Deus. 
 
 
 
b) Escolástica 
Nesse momento, a Europa, através dos povos árabes, voltou a ter contato com os 
escritos de Aristóteles, o que provocou um interesse muito maior sobre questões práticas e 
materiais. Além disso, diversas transformações sociais e culturais estimularam o 
desenvolvimento de uma filosofia mais experimental e científica. Com isso, surgem as 
primeiras universidades ocidentais que ficaram conhecidas como Escolas. Por esse motivo, 
esse período ficou conhecido como escolástica. 
Na escolástica, o pensador mais expressivo foi São Tomás de Aquino. Esse 
pensador teve maior influência da filosofia aristotélica. Com isso, as ideias de Aristóteles 
consolidaram-se como grandes verdades nas universidade, principalmente a sua física e 
astronomia. 
 
Teoria de São Tomás de Aquino 
As cinco vias para provar a existência de Deus: Tentativa de comprovar a existência 
de Deus através de argumentos estritamente racionais e materiais. Tomás de Aquino 
acreditava que a própria criação divina, a Natureza, fornecia dados suficiente para 
comprovar sua existência. Veja então as cinco provas apontadas por este filósofo: 
 
I – Causa Eficiente: O que dá origem a essência de todas as coisas é uma causa 
que a antecedeu. É necessário então que essa causa tenha sido a primeira. Essa primeira 
causa é Deus. 
 
II – Primeiro Motor: Tudo que existe na natureza possui movimento, se desenvolve 
e evolui. Porém, todo movimento precisa ter um início. Isso demonstra que foi necessário a 
existência de um ser imóvel que deu movimento a todas as coisas. 
 
III – Graus de perfeição: Todos os seres apresentam diferentes graus de perfeição. 
 
EXEMPLO: Uma planta é mais perfeita que uma pedra por possuir mais qualidades. 
Um animal é mais perfeito que uma planta pois se move além de outras qualidades que a 
planta não tem. Nós, seres-humanos, somos mais perfeitos que o Leão pois falamos, 
fazemos política e etc. É necessário então a existência de um ser absolutamente perfeito 
que tenha criado todas as coisas. 
 
 
 
IV – Seres necessários: Todos os seres são substituíveis, pois sua existência não 
depende de si mesmo. 
 
EXEMPLO: Eu existe não por minha determinação, mas por uma causa externa eu 
poderia existe ou não existir. Não existe necessidade. Porém, Deus é o causador da própria 
existência e a natureza precisa de um ser assim para existir e se manter. 
 
V – Causa final: A natureza é perfeitamente organizada, tudo tem uma função e um 
propósito. É necessário então que alguém tenha estabelecido essa ordem, essas funções. 
 
 
 
Aula 6: Teoria do conhecimento 
 
Empirismo e Racionalismo 
No século XVIII, após a secularização da sociedade ocidental, as tentativas de 
explicar a natureza sem precisar definir as suas causas metafísicas trouxe para o debate 
uma problemática entre os filósofos: Afinal, qual é a origem do conhecimento? O que nós 
podemos efetivamente conhecer? Qual a natureza do entendimento humano? 
Nesse embate de ideias, as opiniões se dividiram em duas posições que podemos 
classificar entre empiristas e racionalistas. Vimos na revisão da última aula que o filósofo 
René Descartes defendia claramente a existência de ideias inatas, ou seja, ideias que já 
nasceram em nossa mente. Sendo assim, resumidamente, Descartes pode ser enquadrado 
como um filósofo racionalista. 
 
Para simplificar, note as definições a seguir: 
 
1. Racionalismo 
Tendência filosófica que afirma que o conhecimento tem sua origem na própria 
razão. 
OBS.: Além de Descartes, houveram outros racionalistas importantes, tais 
como: Baruch Spinoza e G.W. Leibniz. 
 
2. Empirismo 
Tendência filosófica que afirma que o conhecimento tem sua origem SOMENTE na 
experiência e não existem ideias inatas. 
OBS.: O filósofo empirista que iremos estudar é o David Hume. Porém, é 
importante citar outros filósofos que se encaixam nessa classificação, tais como: 
John Locke e Francis Bacon. 
 
2.1. David Hume 
Hume teve forte influência da filosofia cética, isso já nos aponta uma característica 
importante de seu pensamento: A desconfiança de qualquer verdade que pretende ser 
universal. 
 
 
 
OBS.: Uma verdade universal é aquela que é válida em qualquer tempo e 
qualquer espaço. 
Uma das demonstrações mais famosas da impossibilidade de encontrar uma 
verdade universalmente valida, é a crítica ao princípio de causalidade. 
 
2.1.1. Crítica ao princípio de causalidade 
Nós sempre tentamos descrever o mundo a partir da relação de causa e efeito entre 
os entes da natureza, e as teses científicas mais relevantes utilizam esse princípio. Por 
exemplo: 
Condensação da água (causa) ? Chuva (efeito) 
 
Ocorre que, só conseguimos estabelecer a relação entre os dois fenômenos por 
conta repetição desses fatos. Porém, não existe nenhuma garantia de que os mesmos fatos 
se repetirão. 
 
 
Aula 7 – Filosofia Política 
 
Maquiavel 
Maquiavel é considerado o pai da política moderna e isso não é por um acaso. 
Para visualizarmos com clareza, vamos lembrar do conceito de Cidade de Deus do filósofo 
Santo Agostinho. Para Agostinho, uma cidade justa é aquela onde todos os indivíduos 
compartilham a moralidade cristã (bem-comum). Em contrapartida, Maquiavel considera 
que o bem-comum pode ser um obstáculo para o objetivo principal do governante que é 
manter-se no poder. 
 
Para facilitar, vejao esquema abaixo: 
 
 
SANTO AGOSTINHO 
(POLÍTICA CLÁSSICA) 
NICOLAU MAQUIAVEL 
(POLÍTICA MODERNA) 
Objetivo do príncipe Representar o Bem-Comum 
Manutenção do poder do 
governante 
O que determina a 
estabilidade política 
Deus 
A habilidade do príncipe de 
manter o poder (virtú) 
Qual é o critério de uma 
boa ação política 
A vontade de Deus 
(Cidade ideal) 
A natureza humana tal como 
ela é 
 
É importante também dois conceitos elementares da filosofia de Maquiavel: 
− Virtú: Habilidade de manter-se no poder. 
− Fortuna: Momento oportuno para o exercício da virtú. 
 
Thomas Hobbes 
Com o advento do iluminismo não convinha mais justificar a autoridade do Estado 
com argumentos religiosos. Junto a isso, na Inglaterra de Thomas Hobbes, com a ascensão 
do parlamentarismo e protestantismo, a ideia de um governo absolutista era vista como algo 
atrelado aos ideais do antigo regime. Hobbes brilhantemente consegue construir uma 
argumentação não religiosa que buscou justificar um estado absoluto. Observando o 
comportamento humano na sua crueza, Hobbes destaca o aspecto egoísta da natureza 
humana, indicando que o homem não consegue lidar com suas paixões. Levando isso em 
 
 
consideração, um estado de plena liberdade (estado de natureza) traria consigo um cenário 
de caos e de guerra. Para evitar o caos, os homens de forma consentida abririam mão de 
sua liberdade, entendendo que a soberania é um direito que deveria ser concedido ao rei. 
Veja o esquema abaixo: 
 
ESTADO DE NATUREZA: 
− Plena liberdade 
− Guerra e Caos 
 
ESTADO CIVIL (LEVIATÃ) 
− Liberdade restringida pelo soberano 
− Paz concedida pela mediação do Estado. 
 
John Locke 
Locke segue uma linha argumentativa semelhante a de Hobbes. A grande diferença 
está na concepção de que um Estado de Natureza é constituído também por Leis Naturais, 
ou seja, leis que não foram criadas artificialmente através de convenções humanas. Um 
exemplo e uma lei natural para Locke é o direito à propriedade assim como a liberdade de 
consciência. O contratualismo de Locke coloca ênfase na liberdade individual, como se essa 
fosse um direito concedido pela própria natureza, tornando-o assim um dos principais 
precursores do liberalismo político. 
 
Jean-Jacques Rousseau 
Rousseau considera que a descrição do estado de natureza de Hobbes considerou 
características de indivíduos já socializados, e por esse motivo, não seria capaz de definir 
a natureza humana em seu estado real. Rousseau considera então que a natureza 
humana não pode ser definida como egoísta, sendo os vícios humanos uma consequência 
do próprio processo de socialização. 
Uma vez que não nenhum indício de uma natureza indisposta ao acordo e à 
coesão, a soberania de um estado deverá estar nas mãos do povo. Por esse motivo, 
Rousseau costuma ser classifica como principal precursor do republicanismo. 
 
PACTO 
SOCIAL 
 
 
Aula 8: Ética Filosófica 
 
1 - Ética das virtudes: 
O principal representante dessa corrente filosófica é Aristóteles. Para iniciar um 
entendimento mais aprofundado, devemos pontuar que para esse filósofo, todas as coisas 
possuem uma finalidade, ou uma função. Vamos pensar melhor sobre o que isso significa? 
 
a) Finalismo ou Teleologia 
Quando pensamos em uma caneta, presumimos que ela foi criada para uma 
finalidade, que é escrever. Quando não utilizamos a caneta para esse fim, podemos dizer 
que não é coerente e que alguma coisa não está certa. Esse sentimento se justifica pois 
possuímos a intuição de que as coisas possuem um lugar natural, ou seja, uma natureza 
que determina seus atributos, qualidade e funções e que elas devem cumprir tais 
determinações. A esse tipo de crença nós chamamos de finalismo ou teleologia. 
Seguindo essa linha de raciocínio, o ser humano há de ter também um lugar natural 
e uma natureza. Segundo Aristóteles, é possível identificar, através da observação, diversas 
finalidades nas práticas humanas. Por exemplo: Existem humanos que são professores. 
Essa atividade pressupõe uma finalidade que é ensinar. Outros seres humanos são médicos, 
cuja finalidade é a saúde, e assim por diante. Porém, acima de qualquer finalidade, existe 
uma que é a mais excelente e almejada por todos: A Felicidade! 
 
Veja no anexo desse módulo a citação 1 para compreender melhor. 
 
Obs.: A expressão Teleologia é derivada da palavra grega “Télos”, que significa 
finalidade. 
Obs².: A palavra Eudaimonia é a expressão em grego que traduzimos como 
felicidade. 
 
b) Virtude 
Segundo Aristóteles, uma vida só é feliz quando o indivíduo pratica ações que 
elevem seu estado de espírito para esse nível. Ações que nos ajudam a alcançar a felicidade 
são chamadas de Virtude. 
Podemos compreender a “virtude” como uma “boa ação”. Parece uma definição fácil, 
mas quando pensamos sobre o que pode ser considerada uma boa ação, as dificuldades 
 
 
aparecem, pois, somos tentados sempre a cair em um relativismo, no sentido de crer que: 
aquilo que é uma “boa ação” para uma pessoa não é necessariamente uma “boa ação” para 
outra. Porém, sob uma perspectiva finalista, uma ação é boa quando ela contribui para a 
função de uma determinada prática, ou seja, para sua finalidade (Télos). 
 
Por exemplo: A função de um flautista é produzir música. Quando a ação do flautista 
é dotada de técnica, ritmo, melodia, dentre outras ações que contribuem para a execução 
de uma música bela, podemos concluir que esse flautista possui boas ações dentro da sua 
função. Logo, podemos concluir que ele é um flautista virtuoso. 
 
b.I) Virtude como meio termo 
Veremos que, para Aristóteles, não é possível construir uma fórmula mágica que, 
quando aplicada, nos fará agir de forma plenamente boa. Porém, existe uma que, ao menos, 
nos dará um parâmetro para tentar agir virtuosamente, que é a mediania, ou meio termo. 
 
Essa fórmula consiste em classificar a virtude como um equilíbrio entre os extremos 
da falta e do excesso. Esses extremos são chamados de vícios. 
 
Veja o esquema abaixo: 
Covardia Coragem Temeridade 
|----------------------------------------------|----------------------------------------------| 
Vício Virtude Vício 
 
Observe no esquema acima, que a coragem, enquanto uma virtude, não pode ser 
confundida com a covardia (um extremo de falta, portanto, um vício), nem com a temeridade 
(um extremo de excesso, portanto, um vício) 
Agora, como saber que alcançamos o equilíbrio de uma ação? Segundo Aristóteles 
é necessário uma espécie de “feeling” que só é adquirido com a prática. 
 
b.II) Virtude como prática 
Assim como um flautista precisa praticar para adquirir virtudes musicais, no campo 
da ética, também precisamos praticar para adquirir tais virtudes. É necessário desenvolver 
uma sensibilidade que só acontece na convivência com outros indivíduos. Em outras 
 
 
palavras, o desenvolvimento das virtudes é obtido com o tempo através vida em 
comunidade. 
Por exemplo: Qual é o limite entre a honestidade e a inconveniência? Será que ser 
honesto é falar tudo o que vem à mente? Mas será que, quando não falo para o meu amigo 
que ele está se relacionando de forma amorosa com a pessoa errada, eu não estou sendo 
falso ou desonesto? Não há como saber sem experimentar situações onde você é desafiado 
encontrar esse meio termo. Somente com a prática, ou seja, vivência coletiva, podemos 
determinar o equilíbrio entre os vícios. 
 
b.III) Virtude como alinhamento dos prazeres 
A prática ela é importante para a aquisição das virtudes também porque ela nos 
ajuda à alinha nossos prazeres com coisas que são realmente virtuosas.Por exemplo: Não é razoável alguém sentir prazer em assistir brigas de galos, assim 
como não é razoável sentir prazer com piadas racistas, homo fóbicas e machistas. Sendo 
assim, desenvolver as virtudes é condicionar o seu corpo a deixar de sentir prazer com os 
vícios e passar a sentir prazer com as virtudes. 
 
c) Política 
Uma vez que o homem necessita da vida em comunidade para alcançar a felicidade 
por meio das virtudes, a política pode ser entendida como uma prática da própria natureza 
humana. Ora, considerando que a felicidade depende da vida coletiva por conta do exercício 
das virtudes, nada mais natural do que eu querer construir uma comunidade que favoreça e 
incentive a prática das virtudes. Além disso, a comunidade ajuda os indivíduos a 
compreender as ações que lhe trarão a felicidade e a natureza de suas respectivas funções. 
Por exemplo: Como um médico conhece a natureza de sua função? Ele conhece 
isso através dos valores ensinados e praticados por sua comunidade. Além disso, a natureza 
da função de um médico vai além dos limites do próprio ofício. Não há como negar que a 
compaixão, determinação, paciência, dentre outras virtudes, são fundamentais para o 
exercício da medicina. A assimilação dessas virtudes com a função de um médico só é 
ensinada pela comunidade. Sendo assim, a política na visão de Aristóteles, de a finalidade 
de ensinar os indivíduos as virtudes, proporcionando um contexto favorável para a prática 
destas. Desse modo, conclui-se que em última análise, a função da política é proporcionar 
a felicidade. 
(Veja a citação 2 no anexo para entender melhor) 
 
 
d) Deliberação 
Deliberar é escolher. Segundo Aristóteles, na natureza, somente o Homem é capaz 
de refletir, debater e determinar suas ações. Por esse motivo, a política e a ética são práticas 
tipicamente humanas. Porém, a deliberação e a escolhas ficam restritas à elas, pois, sobre 
as lei naturais não é possível deliberar. 
Por exemplo: É possível deliberar sobre a criação de um imposto ou não. Porém, no 
que diz respeito à lei da gravidade, não é possível escolher se ela vai funcionar ou não. 
Desse modo, percebe-se que não delibero sobre a natureza, mas sim, sobre assuntos 
políticos. 
 
2 – Ética do Dever 
 A ética do dever, ou ética deontológica, tem sua origem na modernidade, como um 
dos resultados do cientificismo e iluminismo. Seu fundador é o filósofo Immanuel Kant. Essa 
nova concepção sobre a moral é um desdobramento dos novos problemas encontrados 
como consequente das novas configurações assumidas pelas sociedades modernas. 
Vamos entende-las: 
 
a) Política pragmática 
Os modernos começam a entender a política não mais como um instrumento para 
ensinar os cidadãos à alcançar a felicidade. Afinal, de fato, a tentação de relativizar a noção 
de felicidade em sociedades plurais é muito grande, uma vez cada tem sua própria visão do 
que vem a ser uma vida feliz. 
Vimos com Maquiavel, que o Príncipe não deve ser mais representante das virtudes, 
um indivíduo que serve de modelo para os membros da comunidade política, mas sim, um 
articulador de interesses que visa manter a estabilidade política. (Demonstrar exemplo da 
coroa britânica). Para os contratualistas, a política é um instrumento de mediação dos 
interesses egoístas dos indivíduos. 
Essa mudança de perspectiva está relacionada com uma visão peculiar da natureza 
humana trazida pelos modernos. Nela percebem um ser humano individualista com uma pré-
disposição à autonomia, como se fossem átomos desvinculados do seu contexto. 
 
 
 
 
 
 
Vamos focar na interpretação de Kant sobre essa questão: 
a) Autonomia da razão 
Vimos no módulo de Kant que através da razão pura o homem é capaz de pensar 
por si mesmo, independentemente da sua cultura. Por esse motivo, somente através da 
razão pura é possível determinar quais são as leis morais e universais. 
Temos aqui um marco: Para Aristóteles, a virtude e a ética são orientadas pela 
felicidade. Porém, Kant busca abolir definitivamente essa ideia aristotélica. De acordo com 
o filósofo alemão, não é possível determinar uma moral universal a partir da nossa noção de 
felicidade. Por isso, o que determina o que é certo e errado é nossa própria razão pura. 
Logo, podemos concluir que o indivíduo é capaz de determinar por si mesmo o certo e 
errado, e além disso, aquilo que ele considera a felicidade. Com isso, a noção de liberdade 
também é modificada, e a modernidade passa a entender que um indivíduo livre é aquele 
que capaz de determinar para si mesmo a moral e a felicidade. 
Veja a citação 3 do Anexo: 
“Ora, se num ser dotado de razão e vontade a verdadeira finalidade da natureza 
fosse a sua conservação, o seu bem-estar, numa palavra a felicidade, muito mal teria ela 
tomado as suas disposições ao escolher a razão da criatura para executora destas intenções 
Pois todas as ações que esse ser tem de realizar nesse propósito, bem como toda a regra 
do seu comportamento, lhe seriam indicadas com muito maior exatidão pelo instinto, e 
aquela finalidade obteria por meio dele muito maior segurança do que pela razão; e se, ainda 
por cima, essa razão tivesse sido atribuída à criatura como um favor, ela só lhe teria servido 
para se entregar a considerações sobre a feliz disposição da sua natureza, para a admirar, 
alegrar-se com ela e mostrar-se por ela agradecida à Causa benfazeja, mas não para 
submeter à sua direção fraca e enganadora a sua faculdade de desejar, achavascando 
assim a intenção da natureza; numa palavra, a natureza teria evitado que a razão caísse no 
uso prático e se atrevesse a engendrar com as suas fracas luzes o plano da felicidade e dos 
meios de a alcançar; a natureza teria não somente chamado a si a escolha dos fins, mas 
também a dos meios, e teria com sábia prudência confiado ambas as coisas ao instinto.” 
 
b) Dever ser 
Na ética kantiana, foi enfatizado a ideia de que, independentemente dos seus prazer, 
as ordens da razão devem ser seguidas. Mesmo que você sofre algum tipo de desconforto. 
 
 
 
 
c) Liberdade como princípio de justiça 
Nota-se que a liberdade na concepção de Kant é uma fato, e por esse motivo, o 
Estado não deve uma instituição que serve para educa-lo nas boas ações. Casso o Estado 
fizesse isso, estaria contrariando um princípio básico da justiça: A liberdade e autonomia 
individual. 
Obs.: Segundo Kant, ser livre é ser capaz de seguir irrestritamente a lei moral da 
razão. 
 
3 – Utilitarismo 
 
a) Até que ponto podemos seguir os princípios morais do dever ou da virtude? 
Você já percebeu que em certas situações ser fiel a um princípio moral parece ser 
bastante prejudicial para você ou para o grupo em que você faz parte? Vamos supor que 
você é um cidadão alemão em plena segunda guerra mundial. Imagine que você está 
sentando na sala de sua casa escutando o rádio, ou lendo um livro. De repente, bate um 
judeu na sua porta pedindo ajuda, afirmando que está sendo perseguido por um soldado da 
Gestapo. Você acolhe a vítima em sua casa. Até que, logo em seguida, aparece o tal agente 
da polícia nazista perguntando se você viu algum judeu. O que você deve dizer? Obedecer 
o princípio ético deontológico que diz que devemos sempre dizer a verdade? Segundo a 
corrente utilitarista, não! Você entenderá as suas razões logo em seguida. 
O utilitarismo é uma corrente da filosofia moral e política de natureza pragmática, ou 
seja, as para essa tendência filosofia as necessidades práticas se sobressaem sobre 
qualquer princípio seja ele Deontológico ou Teleológico. 
 
b) Princípio da ética utilitarista. 
Segundo o utilitarismo, sempre quando estamos diante de um dilema moral 
tendemos a fazerum cálculo para saber qual escolha nos trará mais benefícios. Para essa 
corrente, até as filosofias deontológicas e teleológicas, mesmo sem admitir, fazem esse tipo 
de cálculo. 
Podemos definir então, que o princípio da ética utilitarista é a maximização dos 
prazeres e a minimização da dor. 
Vamos visualizar a aplicação desse princípio: 
O TREM DESGOVERNADO. 
 
 
 
Vamos supor que você é o controlador de um trem que não pode parar, pois perdeu 
o freio. A única coisa que está dentro do seu controle é o desvio desse veículo em uma 
bifurcação. De um lado da bifurcação tem uma pessoa presa e do outro cinco pessoas 
presas. Para qual lado você deve desviar o trem? 
➔ Aplicação do princípio utilitarista: Uma vez que a morte de uma pessoa traz 
menos prejuízo do que a morte de cinco pessoas, a ação correta e desviar para o lado que 
tem apenas uma pessoa, pois é essa ação que trará menos dor para o grupo, ou seja, 
minimização da dor. 
 
c) Precursor do utilitarismo 
 
 
JEREMY BENTHAM (1748 – 1832) 
O jurista e filósofo britânico entendia que a prova do princípio utilitarista é a própria 
inclinação que nós temos de tentar suprimir a dor do nosso corpo a todo custo. Junto a isso, 
Bentham entende que a sociedade deve ser vista como um grande corpo, e assim como o 
indivíduo busca minimizar a dor, a sociedade deve utilizar o Estado para minimizar a dor do 
corpo comunitário. 
Por exemplo: Através de leis, e políticas públicas é possível implementar ações que 
minimizem o prejuízo de uma sociedade e maximize a felicidade. Para entender, a descrição 
 
 
que o professor Michael Sandel faz de um projeto do próprio Jeremy Bentham: 
 
“Outro plano de Bentaham foi uma estratégia para melhorar “o tratamento dado aos pobres” 
por meio da criação de um reformatório autofinanciável para abriga-los. O plano, que 
procurava reduzir a presença de mendigos nas ruas, oferece uma clara ilustração utilitarista. 
Bentham percebeu, primeiramente, que o fato de haver mendigos nas ruas reduz a felicidade 
de transeuntes de duas maneiras. Para os mais sensíveis a visão de um mendigo produz 
um sentimento de dor; para os mais insensíveis, causa repugnância. De uma forma ou de 
outra, encontrar mendigos reduz a felicidade do público e geral. Assim, Bentham propôs a 
remoção dos mendigos das ruas, confinando-os em abrigos.” 
 
Principal Obra 
Uma introdução aos princípios da moral e da legislação 
 
 
 
Aula 9: Filósofos pós-modernos 
 
1 - ARTHUR SCHOPENHAUER (1788 – 1860) 
a) Posicionamento filosófico 
O momento em Schopenhauer vive é um contexto de fortes críticas ao racionalismo 
defendido pelo iluminismo. A superioridade da razão sobre os sentidos e emoções é 
questionada por diversas correntes de pensamento que vão da ciência à literatura. Mesmo 
não se filiando a nenhuma delas, Schopenhauer só posiciona também de forma contrária ao 
iluminismo. 
O impacto da filosofia schopenhauriana foi de tal modo na história do pensamento, 
que diversos intelectuais importantes deram a ele o crédito de precursor. Dentre tais teóricos 
estão: Richard Wagner, Nietzsche e Freud. 
De forma direta, podemos definir Schopenhaeur como um dos primeiros filósofos a 
propor uma filosofia pessimista sobre a capacidade de controle que o Homem tem sobre as 
coisas que acontecem à sua volta, e, consequentemente, a inutilidade da busca de sentido 
e propósito da vida. 
 
b) Mapa teórico 
É possível sistematizar a grosso modo a filosofia de Schopenhauer. Veja o esboço 
que podemos fazer: 
o REPRESENTAÇÃO: Não é possível ter acesso à coisa em si (Herança kantiana). 
Sendo assim, o mundo que conhecemos para a subjetividade apenas como 
representação. 
 
Exemplo: 
A obra abaixo do artista surrealista René Magritte ilustra bem a ideia de 
representação de Schopenhauer. Podemos traduzir a frase Leci n’est pas une pipe como 
“isto não é um cachimbo. Embora parece uma contradição, podemos concluir que Magritte 
está certo, pois o que está na imagem não um cachimbo, mas sim, uma representação de 
um cachimbo. 
(Magritte) 
 
 
 
Obs.: O real é algo impenetrável para o nosso conhecimento uma vez que temos 
acesso apenas à nossa representação. 
 
o VONTADE: Conhecemos a nós mesmo de forma imediata não conceitual. Segundo 
Schopenhauer a nossa essência é a Vontade. 
 
Conceito de VONTADE: Impulso e anseio de viver. Esse impulso, a vontade 
somente, não razão para acharmos que nossa vontade é soberana e coberta de algum 
significado racional ou supremo. Sendo assim, a nossa existência individual não tem 
importância, uma vez que o indivíduo é apenas parte de um todo, e a natureza lhe é 
indiferente. Diante da nossa limitação insignificância, a vontade transforma-se em angústia 
e sofrimento. 
 
o Experiência estética como alívio do sofrimento: A única maneira de combater o 
sofrimento da vontade é a experiência artística. Através da arte. 
 
2 – FRIEDRICH NIETZSCHE (1844 – 1900) 
Seguindo a tendência pós-moderna de crítica ao pensamento racionalista, Nietzsche 
inspira-se nos escritos de Schopenhauer molda sua própria análise sobre o estado atual do 
pensamento ocidental e a origem que causou tal estado. 
Para a gente entender a análise de Nietzsche é importante conhecer previamente 
os conceitos: Impulso apolíneo e impulso dionisíaco. 
 
a) IMPULSO APOLÍNEO: Contém as características do deus grego Apolo. Esse impulso é 
aquele nos move à buscar as grandes verdade científicas. Uma inclinação racional presente 
em todo ser humano. Consequentemente, tal impulso nos leva também a ter uma postura 
mais lúcida, fria e sistemática do mundo. 
 
b) IMPULSO DIONISÍACO: Contém as características do deus grego Dionísio. Esse impulso 
é o que nos move a querer usufruir de todos os prazeres do nosso corpo. Uma inclinação 
para a festividade e exageros que a vida pode nos proporcionar. Consequentemente, as 
emoções, os afetos e os desejos humanos estão atrelados à esse impulso. 
 
 
De acordo com Nietzsche esses dois impulsos devem estar harmonizados, ou seja, 
todo ser humano deve valorizar tanto seu lado emocional quanto seu lado racional. Porém, 
o ocidente preferiu menosprezar o impulso dionisíaco, trazendo um desequilíbrio entre esses 
dois impulsos. 
 
o MENOSPRESO PELO IMPULSO DIONISÍACO: Nietzsche afirma que Sócrates, 
como principal representante da filosofia grega, inaugura uma tradição de 
supervalorização da razão. Seu discípulo Platão reforça ainda mais essa 
supervalorização quando cria sua teoria das ideias que coloca o corpo como um 
obstáculo para o conhecimento. 
 
Na idade média, com o advento do cristianismo, isso foi mais potencializado. Pois, 
segundo a fé cristã, o corpo é sinônimo de pecado, como se os desejos sempre fossem uma 
fonte de corrupção. 
Por fim, na modernidade, o iluminismo e a ciência moderna mantiveram tal tendência 
de supervalorização da razão. Filósofos como Kant, inclusive, criaram uma moral racional 
que orienta uma negação incisiva do corpo. 
 
o LINGUAGEM ARTÍSTICA COMO FILOSOFIA: Segundo Nietzsche, é necessário 
rever esse vício ocidental, iniciado por Sócrates, de menosprezar o corpo. Isso 
significa pensar a realidade também sob uma perspectiva afetiva e não somente 
racional. Para isso, Nietzsche propõe uma filosofia como uma linguagem artística e 
metafórica. 
 
o MORAL: Sobre os princípios morais, Nietzsche é contrário à tese kantiana de achar 
que a ética é um produto da razão. Para Nietzsche isso é uma ilusão, uma vez que é 
impossível suprimir plenamente os impulso dos desejos. 
 
o GENEALOGIA COMO MÉTODO: Nietzsche apreciava o método dos pré-socráticos 
de explicar a naturezaatravés de sua origem. Por isso, o filósofo alemão sempre 
recorria uma abordagem genealógica, ou seja, uma busca pela causa originária 
daquilo que ele está estudando. 
 
 
 
 
3 – Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) 
Sartre é um dos filósofos mais importantes da corrente de pensamento que nós 
chamamos de existencialismo. Esse filósofo foi importante também para o momento histórico 
em que ele viveu, tendo em vista o ano de 1968 e os movimentos sociais que ocorrem na 
França e no mundo durante esse período. Sartre foi uma das principais referências teóricas 
dos ativistas dessa época. 
A premissa básica do existencialismo sartreano é a inexistência de uma essência 
prévia que determina a identidade dos indivíduos. Segundo Sartre, a nossa identidade é 
formatada no decorrer da nossa existência. 
Por exemplo: Posso afirmar que existe uma essência de brasileiro. Uma das 
qualidades que estão contidas na essência do brasileiro é o gosto pelo futebol. Afirmar isso 
significa que todo brasileiro, obrigatoriamente, deveria gostar de futebol. Essa ideia perece 
ser absurda justamente porque estou tentando determinar previamente a identidade de 
todos que nasceram no Brasil. Sendo assim, de acordo com uma perspectiva existencialista, 
não existe nenhum tipo de essência, pois os indivíduos no decorrer da existência, formatam 
seus próprios gostos. Daí, pode-se compreender a clássica frase de Sartre: “A existência 
precede a essência.” 
 
 
 
 
Aula 10: Filósofos do século XX 
 
1. MICHEL FOUCAULT (1926 – 1984) 
a) Conceito de loucura 
Uma das partes mais importantes da obra do Foucault são seus estudos sobre o 
conceito de loucura. Através dele, realiza uma “análise arqueológica” da constituição em 
nossa tradição do conceito de loucura e da forma de trata-la. Segundo Foucault, esse 
conceito sempre foi utilizado para estigmatizar aqueles que não conseguem se submeter às 
normas e aos padrões sociais. Dessa forma, em sociedades onde os seus membros são 
controlados pelas instituições sociais, a loucura torna-se eficaz para ilustrar os 
comportamentos que não são esperados. 
 
b) Vigilância e Panóptico. 
O conceito de Panóptico é usado por Foucault para referir-se ao controle por meio 
da vigilância. As sociedades modernas não precisam mais utilizar a violência e castigo físico 
para controlar os indivíduos. A própria sensação de estar sendo vigiado já inibe atitudes 
subversivas dos sujeitos de uma sociedade. Sendo assim, o meio social que reforça essa 
sensação de vigilância consegue controlar os indivíduos de forma sutil, sem o uso da força. 
Obs.: Foucault usa o modelo carcerário do filósofo Jeremy Bentham para ilustrar 
essa ideia. Tal modelo de Bentham sugere um presídio eficiente deve conter as celas no 
entorno de um pátio, onde no centro, deveria localizar uma torre de vigília. Dessa maneira, 
todos os prisioneiros perceberiam constantemente a presença da torre, enquanto o guarda 
que está vigiando tem uma visão completa dos presos. 
 
c) Microfísica do poder. 
Os filósofos da tradição filosófica sempre entenderam o poder como algo que 
estivesse monopolizado por uma classe, um indivíduo ou uma instituição. Para Foucault, 
não é dessa maneira que ocorre. O poder, segundo esse filósofo, está diluído nas micro 
relações sociais. Por exemplo, o poder não se encontra somente nas mão dos Estado e das 
pessoas que os representam. Na relação entre professor aluno, entre namorados, pais e 
filhos, dentre outras, o poder se encontra também. 
 
 
 
 
 
2 – JÜRGEN HABERMAS (1929 – ) 
Herdeiro da escola de Frankfurt, Habermas tem como alvo central de sua filosofia 
investigar forma de emancipação das sociedade modernas. Em outras palavras, como as 
sociedade atuais se tornarão livres de ideologias, respeitando a autonomia e liberdade dos 
cidadãos? A resposta dada por Habermas pode ser resumida em uma expressão: Ética do 
discurso. Veja a explicação dos conceitos abaixo para entender seu significado. 
 
a) Razão Comunicativa 
Segundo Habermas, todos nós possuímos uma capacidade de raciocinar através de 
diálogos com outras pessoas. Sendo assim, expor nossas ideias e ouvir as ideias de outros 
é uma maneira de pensar através da comunicação. 
 
b) Consenso 
Uma vez que temos a capacidade de raciocinar coletivamente através do diálogo, é 
possível que as sociedade consigam chegar em um consenso nos seus debates. Por esse 
motivo, mesmo em sociedades amplamente plurais, ou seja, com pessoas com ideologias 
distintas, é possível tomar decisões coletivas que não interfiram na liberdade e autonomia 
dos envolvidos. 
 
c) Dialética como forma de emancipação 
Por fim, podemos concluir que uma sociedade livre, ou seja, emancipada, é aquela 
que dá voz às diferentes visões de mundo, mesmo que opostas umas às outras, com o 
objetivo de se alcançar um consenso que agrade a todos. 
 
3 – JOHN RAWLS (1921 – 2002) 
O filósofo John Rawls tinha um objetivo muito claro: Conseguir provar que existem 
princípios de justiça necessários para qualquer sociedade democrática. Porém, como é 
possível definir esses princípios de justiça em sociedade plurais? 
Para conseguir definir tais princípio, Rawls utiliza método da Posição Original. Veja 
do que se trata abaixo: 
 
a) Posição Original 
Posição Original é um cenário imaginário. Nesse cenário, nós ainda não estamos 
organizados em sociedade e iremos decidir os princípios que irão fundamentar a sociedade 
 
 
que será formada. Porém, para que esses princípios sejam justos, e necessário que todos 
sejam encobertos por um “véu de ignorância”. 
 
b) Véu de ignorância 
Com esse “véu”, nós não saberemos o papel social que iremos ocupar na futura 
sociedade. Sendo assim, na posição original, ninguém sabe se será pobre ou rico, cristão 
ou mulçumano, homem ou mulher, e etc. Isso se faz necessário para que ninguém escolha 
um princípio de justiça que o privilegie. 
Por exemplo: Caso eu saiba que serei rico na sociedade, certamente escolherei 
princípios que me privilegiem, sem me importar com quem é pobre. Com isso, as 
desigualdades dessa sociedade serão permitidas e quem for pobre se sentirá injustiçado 
com tal situação. 
 
c) Princípio da liberdade e igualdade. 
Rawls conclui que os princípios que seriam escolhidos são o da liberdade e 
igualdade. Pois, qualquer indivíduo que não saberá qual função ocupará na sociedade, 
exigirá que sua liberdade seja garantida e um tratamento igual. 
 
d) A equidade. 
Para que a liberdade seja realmente exercida, é necessário que todos os indivíduos 
tenham suas necessidades mais básicas supridas. Por exemplo: Uma pessoa que passa 
fome não conseguirá estudar e construir uma carreira profissional. Além disso, que não tem 
acesso à saúde e educação também não conseguirá ter direito às mesmas escolhas que 
aqueles que tem acesso. Por esse motivo, é razoável a sociedade suprir essas necessidades 
mais básicas para que todos estejam em uma condição de equidade. 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 03: Escolas Helenísticas 
 
Contextualização 
O período conhecido como helenístico foi marcado pela expansão do império da 
Macedônia, principalmente na Era de Alexandre, o grande. As mudanças sociais e políticas 
que ocorreram na Grécia foram essas: a) Fim das polis; b) Perda da autonomia política das 
comunidades gregas; c) Influência cultural da Macedônia. Com essas mudanças, o povo 
grego começou a pensar mais intensamente sobre o próprio sentido da existência, e 
consequentemente, sobre aquilo que torna nossa vida feliz. Isso se justifica pois definimos 
felicidade como um sentimento de plenitude quando alcançamos o sentido da vida. Diante 
dessecenário, surgem as escolas de pensamento chamadas de helenísticas, que buscaram 
responder tal questão: Como alcançar a felicidade? 
 
Epicurismo 
Escola inaugurada por Epicuro afirma que a felicidade é alcançada pela obtenção 
do prazer. Por esse motivo, podemos até classificar tal escola como hedonista. 
 
o Hedonismo: Prática de colocar o prazer como finalidade das ações. 
 
Sendo assim, todo aquele que quer alcançar um estado de plenitude deve conhecer 
aquilo lhe dá mais prazer. 
 
Obs.: É importante notar que o para a escola epicurista deve-se pensar também nas 
consequências das ações, pois, certos prazeres momentâneos podem ocasionar uma dor maior no 
futuro. 
 
Estoicismo 
Segundo os estoicos, o homem faz parte da natureza. Sendo assim, a felicidade é 
alcançada quando o indivíduo obedece aos princípios lógicos da natureza, 
independentemente se tal ação lhe trará prazer ou dor. 
Outro ponto importante da ética estoica, é aceitação que devemos ter dos 
acontecimentos de nossa vida. Por exemplo, quando algo de ruim acontece é porque deveria 
acontecer, sendo assim, não devo me desesperar por isso. 
 
 
 
Ceticismo 
Escola que defenderá que a felicidade é a constante busca da verdade, e que por 
esse motivo, nunca devemos afirmar que já a encontramos. Sendo assim, a dúvida é algo 
persistente na vida daquele que busca ser feliz. 
o Suspensão do Juízo: Suspender o juízo é nunca afirmar nada com absoluto certeza. 
Para entender melhor essa expressão é necessário conhecer o significado da palavra 
“juízo”. 
 
Juízo: Qualquer afirmação sobre o mundo 
 
Sendo assim, suspender o juízo e negar qualquer possibilidade de afirmar alguma 
coisa. 
 
 
Aula 01 – Nascimento da Filosofia e os Pré-socráticos 
 
Introdução ao estudo de filosofia 
Antes de iniciar o assunto da primeira aula, é importante você ter em mente o que é 
a filosofia. Quando falamos da filosofia como uma disciplina que é cobrada no ENEM, NÃO 
estamos nos referindo à qualquer pensamento ou frase de aparência profunda e reflexiva. A 
filosofia enquanto matéria do ensino médio busca analisar as principais questões iniciadas 
pelos intelectuais da Grécia antiga, que viveram por volta do século VI e inovaram no modo 
de pensar. Sendo assim, estudar filosofia é conhecer os pensadores que se posicionaram 
sobre tais questões e se destacaram com suas contribuições para os grandes debates da 
humanidade. 
 
 * COMO ESTUDAR FILOSOFIA 
Um dos grandes desafios de estudar filosofia é conseguir organizar todos os 
conceitos aprendidos, relacionando-os corretamente com os seus respectivos filósofos e 
autores. Tendo isto em vista, nós do Não Perca a Cabeça, trouxemos pra você duas 
sugestões de organização desse extenso conteúdo. Confira abaixo: 
 
a) História da Filosofia: Estudar filosofia através de sua história em ordem cronológica é uma 
das maneiras mais usuais nos dias de hoje. Para fazer isso, é necessário fracionar essa 
história em períodos: 
 
1º período – Filosofia Antiga: Dos pré-socráticos até escolas helenísticas 
2º período – Filosofia Medieval: Dos padres da Igreja até início do renascimento 
3º período – Filosofia Moderna: De Descartes até Kant 
4º período – Filosofia Contemporânea: De Schopenhauer até os dias de hoje 
 
b) Áreas de investigação (Temas): Outra maneira de organizar seus estudos é separar os 
assuntos por temas: 
 
I) Teoria do Conhecimento: Discussões que envolvem investigações sobre a aquisição de 
conhecimento e o processo de alcançar a verdade. 
II) Estética: Debates sobre o padrão de beleza. 
III) Ética: Investigação sobre o certo e o errado. 
 
 
IV) Política: Investigação sobre o modo justo de organizar a sociedade. 
 
A partir daí, você pode montar seu próprio caderno ou mapa mental inserindo os 
filósofos aprendidos em categorias que facilitem em um momento de consulta. 
 
* ORGANIZAÇÃO DAS AULA: 
Você irá notar que a forma como nossas aulas estão organizadas tem como critério 
majoritário a história cronológica da filosofia. Por esse motivo, começaremos com o 
nascimento da filosofia e os pré-socráticos, que foram os primeiros filósofos: 
 
 Nascimento da Filosofia 
A filosofia surge na Grécia antiga no século VI. Evidentemente, as civilizações que 
viveram antes do surgimento dela também tentavam explicar a origem de todas as coisas e 
os fenômenos naturais. Porém, a filosofia se diferencia das explicações usuais da época. 
Para ficar clara tal diferença, observe o esquema abaixo: 
I) Filosofia: Busca por explicações críticas e racionais, utilizando da cosmologia para explicar 
a natureza. 
II) Mitologia: Explicações fantasiosas e fictícias sobre a natureza, utilizando o recurso da 
cosmogonia. 
 
* INFLUÊNCIA DA DEMOCRACIA 
Alguns historiadores afirmam que a democracia foi fundamental para o surgimento 
da filosofia, pois estimulou o debate e reflexão dos cidadãos. Por esse motivo, é importante 
conhecer a forma de organização política da Grécia antiga: 
 
a) Polis (cidade-estado): Pequenas comunidades politicamente independentes. 
b) Ágora: Espaço reservado para os debates entre os cidadãos e as decisões tomadas em 
conjunto na polis Atenas. 
c) Isonomia: Conceito que refere-se à igualdade entre os cidadãos, existente somente na 
polis Atenas. 
d) Democracia direta: Democracia existente em Atenas, onde o cidadãos participavam 
diretamente da política e não elegiam alguém para representa-lo. 
 
 
 
Obs.: Embora Atenas tivesse uma democracia e a aplicação do conceito de 
isonomia, somente alguns membros tinham direito à cidadania, que eram: Homens, adultos, 
livres e nascidos em Atenas. 
 
Os pré-socráticos 
Foram os primeiros filósofos. Esses pensadores acreditavam que era possível 
conhecer a natureza na sua completude e que, para desvenda-la, era necessário identificar 
o elemento que deu origem à essa mesma natureza. Antes de prosseguir com a exposição 
desse assunto, é importante você aprender que os gregos possuíam expressões específicas 
para se referir à natureza e ao elemento originário. Tais expressões eram, respectivamente, 
Physis e Arché. 
 
Physis -> Natureza. 
Arché -> Elemento originário (elemento primeiro). 
 
Porém, cada filósofo pré-socrático acreditava que a arché era um elemento 
específico. Segue abaixo, uma tabela dos principais pré-socráticos e suas respectivas 
archés. 
 
Filósofo pré-socrático Arché 
Tales Água 
Anaximenes Ar 
Anaximandro Indeterminado (Apeirón) 
Pitágoras Número 
Demócrito Átomo 
 
HERÁCLITO E PARMÊNIDES 
Heráclito e Parmênides foram dois filósofos pré-socráticos que se diferenciaram por 
tentarem definir, cada um a seu modo, a essência e identidade da natureza. Esse debate 
sobre a essência podemos chamar de “ontologia”. 
 
 
Veja abaixo a posição de cada um desses filósofos: 
 
 
HERÁCLITO PARMÊNIDES 
A essência sempre mudo, 
logo, tudo muda. 
A essência NÃO muda, logo, 
nada muda. 
 
 
 
 
 
Aula 04: Platão e Aristóteles 
 
Platão 
a) Teoria das Ideias: 
Teoria central de Platão que aponta a existência de dois mundo: O Mundo Sensível 
e O Mundo das Ideias/inteligível. 
➔ Mundo Sensível: Realidade material que percebemos através do nosso corpo. 
Nesse mundo, as coisas se apresentam de forma inconstante e limitada, por esse motivo, 
não é possível encontrar a verdade nele. 
➔ Mundo das Ideias: Realidade abstrata onde está a verdade e as ideias das 
coisas em si. Por exemplo, nesse mundo é possível acessar a ideia do homem em si, da 
cadeira em si, da justiça em sim, etc. 
O mundo sensível é uma cópia do mundo inteligível, e como toda cópia é imperfeitadiante do original, qualquer tentativa de adquirir conhecimento através do mundo sensível 
tenderá ao fracasso. Por isso, para Platão o conhecimento é uma lembrança que nossa alma 
tem do tempo em que estava no mundo das ideias. 
 
b) Forma para acessar o mundo inteligível: 
Para visualizar as verdades presentes no mundo das ideias é necessário utilizar a 
dialética, a filosofia e a matemática. 
 
Obs.: Nota-se que a filosofia de Platão, em última análise, defende a anulação 
constante do corpo e de seus atributos, como os sentidos. 
 
Aristóteles 
Aristóteles tem o mesmo objetivo de Sócrates e Platão: Alcançar a verdade. Porém, 
o caminho para a verdade apontado por ele se diferencia daquele sugerido por seu mestre 
Platão. Segundo a filosofia a aristotélica, só é possível alcançar a ideia de alguma coisa se 
nós já tivermos a experimentado na sua manifestação material. Por exemplo, jamais 
conseguiríamos definir a ideia da cadeira em si se não tivéssemos contado com a cadeira 
materialmente. Sendo assim, a primeira diferença que podemos definir entre Platão e 
Aristóteles envolve o papel dos sentidos no ato de conhecer a verdade. Para Platão, a 
experiência sensível do corpo, a matéria, deve ser negada. Já para Aristóteles, o 
conhecimento só obtido pela sensibilidade, ou seja, com o uso da matéria. 
 
 
PLATÃO ARISTÓTELES 
Não usa a matéria Usa a matéria 
 
a) As quatro causas Aristotélicas 
Aristóteles em sua busca pela verdade, irá definir quatro tipos de causas que 
justificam as características adquiridas por cada ente que encontramos na natureza. Por 
exemplo, você já se perguntou porque definimos o ser-humano como um ser racional? Qual 
é a causa dessa natureza humana? É esse tipo de questão que Aristóteles tenta responder 
ao definir as “quatro causas” demonstradas abaixo: 
 
I - Causa Formal: É a ideia, o conceito de algo. Por isso, ela é puramente abstrato 
como qualquer conceito. 
Exemplo: Forma de Cadeira - Objeto com um assento, quatro pernas e um encosto. 
 
II – Causa Material: É a manifestação material, física, de uma ideia. 
Exemplo: A cadeira onde estou sentado; a cadeira onde você está sentado(a). Estes 
são a cadeira na sua forma física podendo ser composta de plástico, madeira, tinta, ferro, 
etc. 
III – Causa Final: É a função, de alguma coisa. 
Exemplo: A função da cadeira é servir de assento. 
 
IV – Causa Eficiente: É a primeira de todas as causas. Tudo que existe possui um 
causa primeira. 
Ex.: A arché; Deus; etc. 
 
b) Ato e Potência 
Ato: É a coisa como está no momento. 
Exemplo-> A semente de uma árvore. No momento, este objeto é uma semente. 
 
Potência: Aquilo que o objeto pode se tornar. 
Exemplo-> A semente ainda não é uma árvore, porém, em potência é uma árvore 
pois poderá se tornar uma. 
 
 
 
Aula 2: Sócrates e os Sofistas 
 
Sócrates 
I. Antropologia 
É importante estabelecer a principal diferença da filosofia socrática e a dos filósofos 
pré-socráticos. Sócrates se diferencia por buscar estender a reflexão filosófica para assuntos 
que envolvem as relações humanas, como a ética e a política. Por esse motivo, podemos 
chama-lo de filósofo antropológico ou antropocêntrico. 
 
II. A verdade 
Sócrates é um filósofo que defenderá a existência de uma verdade capaz de revelar 
e explicar a realidade em si, sem a interferência daquilo que é aleatório e passageiro. Porém, 
existe uma grande possibilidade de nossas crenças sobre essa realidade não passarem de 
opiniões não fundamentadas, sendo assim, crenças que apenas aparentam ser a verdade. 
Sócrates chama essas crenças e opiniões não fundamentadas de Dóxa. 
 
Dóxa: Opinião não fundamentada. 
 
Dito isto, nota-se que o principal objetivo de Sócrates é então definir uma verdade 
absoluta que não se confunde com nossas falsas crenças sobre a realidade, a dóxa. 
 
III. Reconhecer sua própria ignorância: 
Segundo Sócrates, o primeiro passo parra alcançar a verdade é admitir a própria 
ignorância sendo essa postura que motiva o próprio ato de se fazer filosofia. 
 
IV. Maiêutica 
Para Sócrates, a verdade é algo que está em nosso interior. Por esse motivo, 
somente o próprio indivíduo é capaz de encontrar a verdade. Diante disso, Sócrates ajudava 
seus discípulos através do seus método pedagógico chamado de Maiêutica que significa, 
literalmente, parto de ideias. 
 
A Maiêutica consiste no uso de tais técnicas: 
o Dialética: Oposição de ideias. Sócrates confrontava seus discípulos com ideias que 
contrariavam suas crenças. 
 
 
o Ironia: Provocação para fazer seu discípulo desconfiar dos seus próprios 
preconceitos. 
 
Sofistas 
Os sofistas eram intelectuais, contemporâneos de Sócrates, que não acreditavam 
na existência de uma verdade absoluta. Para eles, a verdade é algo relativo que irá depender 
sempre da capacidade de convencimento daquele que fala. Por esse motivo, os sofistas 
valorizavam o uso da retórica, que é a arte de falar bem. 
 
Retórica: Arte de falar bem.

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