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Ecopedagogia
2ª edição
Francisco Carlos Franco
Brazcubas
Mogi das Cruzes - SP
2018
Reitor: Prof. Maurício Chermann
EQUIPE PRODUÇÃO CORPORATIVA
Gerência: Adriane Aparecida Carvalho
Coordenação de Produção: Diego de Castro Alvim
Coordenação Pedagógica: Karen de Campos Shinoda
Equipe Pedagógica: Alessandra Matos, Graziela Franco,
Rúbia Nogueira, Vania Ferreira
Coordenação Material Didático: Michelle Carrete
Revisão de Textos: Adrielly Rodrigues, Aline Gonçalves, 
Claudio Nascimento, Telma Santos
Diagramação: Amanda Holanda, Douglas Lira, Fábio Francisco,
Nilton Alves, Priscila Noberto
Ilustração: Everton Arcanjo, Noel Gonçalves
Impressão: Grupo VLS / Gráfica Cintra
Imagens: Fotolia / Acervo próprio
Os autores dos textos presentes neste material didático assumem total 
responsabilidade sobre os conteúdos e originalidade.
Proibida a reprodução total e/ou parcial.
© Copyright Brazcubas 2017
Av. Francisco Rodrigues Filho, 1233 - Mogilar 
CEP 08773-380 - Mogi das Cruzes - SP
Sumário
Sumário 
Apresentação 5
O Professor 7
Introdução 9
1Unidade I
O mundo atual e a sustentabilidade 11
1.1 O mundo contemporâneo 11
1.2 Sustentabilidade e desenvolvimento 15
1.3 As reações aos dilemas socioambientais e a educação 18
1.4 A Carta da Terra 20
Referências da unidade I 24
2Unidade II
A Ecopedagogia 25
2.1 Conceito de Ecopedagogia 25
2.2 A Cidadania Planetária 29
2.3 A educação cidadã 31
Referências da unidade II 38
3Unidade III
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogia 39
3.1 A interdisciplinaridade e a transversalidade 43
3.2 Os Parâmetros Curriculares e os Temas Transversais 46
3.3 Possibilidades Pedagógicas 53
Referências da unidade III 56
4Unidade IV
Temas e Debates em Ecopedagogia 57
4.1 A Terra é uma unidade única 57
4.2 O ser humano é parte da natureza 59
4.3 Aprender a viver juntos 66
4.4 Aprender a cuidar de todos 68
Referências da unidade IV 70
5
Apresentação
Apresentação
Olá!
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Ecopedagogia.
Estaremos juntos nessa jornada pensando sobre nosso papel no mundo como 
seres viventes e como futuros professores que ensinarão nossas crianças a ver o 
planeta Terra de uma nova forma.
É muito importante que você se dedique às leituras e às vídeoaulas com afinco, 
utilizando ao máximo seu material de estudo.
A temática que discutiremos é muito importante para a compreensão e a refle-
xão sobre os caminhos que a humanidade vem trilhando e de como podemos cuidar 
do nosso planeta de uma forma mais sustentável e que faça com que todos os seres 
viventes sejam importantes e possam continuar a partilhar da vida na Terra.
Nosso trabalho estará pautado no objetivo da disciplina de Ecopedagogia que é:
 9 Contribuir para o desenvolvimento de valores, habilidades, atitudes e 
competências pautadas nos princípios da sustentabilidade e para a com-
preensão das relações estabelecidas entre os indivíduos, a sociedade e a 
natureza, entendendo o ambiente em suas dimensões – social, política, 
cultural, ética e ecológica. 
Para isso, as discussões irão girar em torno de assuntos que tratem do conheci-
mento sobre a finitude do Planeta Terra, da utilização de metodologias diferenciadas 
pautadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais e nos Temas Transversais da sus-
tentabilidade e da globalização.
Durante o percurso indicarei leituras complementares e vídeos disponíveis na 
internet muito interessantes e que serão muito importantes para a compreensão 
dos assuntos tratados, não deixe de lê-los ou assistí-los, pois eles terão um papel de 
esclarecimento sobre os assuntos tratados e de aprofundamento para a sua forma-
ção, além de fazer parte do conteúdo das avaliações. 
Vamos juntos!?
6
Apresentação
Objetivos da Unidade:
• Contribuir para o desenvolvimento de valores, habilidades, atitudes;
• Desenvolver competências pautadas nos princípios da sustentabili-
dade;
• Incentivar a compreensão das relações estabelecidas entre os indi-
víduos, a sociedade e a natureza;
• Apresentar o ambiente em suas dimensões – social, política, cultu-
ral, ética e ecológica.
Competências e Habilidades da Unidade:
• Reconhecimento da globalização como elemento dificultador para 
um mundo sustentável;
• Compreensão do sentido da Cidadania Planetária e sua relação 
com a saúde do planeta; 
• Reconhecimento do potencial transformador e inovação pedagógica 
pautada na ecopedagogia ou na pedagogia da Terra;
• Planejamento e o desenvolvimento de situação de aprendizagem 
que possam atender aos princípios da cidadania planetária, da 
sustentabilidade e da ecopedagogia.
7
O Professor
O Professor
Prof. Francisco C. Franco
Doutor e Mestre em Educação: Psicologia da Educa-
ção pela Pontifícia Universidade Católica – PUC de 
São Paulo. Atualmente é professor do Programa de 
Mestrado em Políticas e no curso de Pedagogia. É au-
tor e coautor de livros e artigos sobre educação e cul-
tura em instituições de educação formal e não formal 
e sobre formação de professores.
9
Introdução
Introdução
O desenvolvimento sustentável tem um componente educativo 
formidável: a preservação do meio ambiente depende de uma 
consciência ecológica e a formação da consciência depende da 
educação. É aqui que entra em cena a ecopedagogia. Ela é uma 
pedagogia para a promoção da aprendizagem do sentido das 
coisas a partir da vida cotidiana (GADOTTI, 2000).
Começamos aqui nossa jornada em busca de compreender a importância de 
uma educação para todos e que tenha como objetivo a sustentabilidade, no sentido 
de garantir a sobrevivência do planeta e de todos os seres nele viventes de uma 
forma ética e justa.
Não se trata apenas de pensar em sustentabilidade dentro de uma perspecti-
va isolada, mas de pensar sobre ela atrelada a um mundo justo, ético, que promova 
condições de igualdade e como já disse Leonardo Boff, não é possível ter um mundo 
ecologicamente equilibrado sem justiça social.
A Ecopedagogia é um conceito ainda em construção e pode ser melhor defini-
do como um movimento educacional do que uma teoria da educação.
No Brasil, podemos considerar o Instituto Paulo Freire como o maior centro de 
estudos sobre ecopedagogia. Foi a partir do Fórum Global 92, evento que ocorreu 
no Rio de Janeiro, paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Am-
biente e Desenvolvimento de 1992, que o conceito e fundamentos da ecopedagogia 
começaram a ter destaque.
 Estaremos aqui discutindo seus conceitos e buscando trazer para esta discus-
são formas de concretizar ações educativas para um mundo melhor.
Para que você tenha um bom desempenho nesta direção, é muito importante 
assistir às videoaulas e realizar uma leitura atenta do seu livro, dedicando uma aten-
ção especial aos textos e vídeos complementares que irão enriquecer seus conheci-
mentos e subsidiar a sua aprendizagem. Participe dos Fóruns, realize as atividades 
do AVA e continue sempre pesquisando sobre o assunto.
Em nossas aulas os conteúdos estarão divididos em quatro unidades temáti-
cas, distribuídas da seguinte forma:
 9 O mundo atual e a sustentabilidade, englobando o mundo contem-
porâneo, os dilemas socioambientais da atualidade e as questões que en-
volvem a sustentabilidade e o desenvolvimento. Além de um estudo sobre 
a Carta da Terra.
 9 A Ecopedagogia, discutindo a cidadania planetária, a saúde da Terra e a 
educação cidadã. 
 9 Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogia, buscando a 
compreensão dos valores em ecopedagogia, da interdisciplinariedade e 
da transversalidade, a partir dos estudos dos Parâmetros Curriculares Na-
cionais e dos Temas Tranversais e as possibilidades pedagógicas. 
 9 Temase debates em ecopedagogia desenvolvendo estudos como: A 
Terra é uma unidade única; O ser humano é parte da natureza; Aprender 
a viver juntos e aprender a cuidar de todos.
Estaremos juntos nesse estudo!
11
O mundo atual e a sustentabilidade unidade I
1Unidade I
O mundo atual e a sustentabilidade
1.1 O mundo contemporâneo
Começaremos traçando uma breve descrição de como se configura o 
mundo em que vivemos na contemporaneidade:
 O momento atual é permeado por mudanças culturais, sociais, econômicas e 
políticas significativas, que se intensificaram a partir da crise do socialismo e com as 
novas configurações que o capitalismo assumiu, com um processo de globalização 
que se expandiu e se consolidou a partir das últimas décadas do século XX, sendo 
que:
A globalização do mundo expressa um novo ciclo de expansão 
do capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório 
de alcance mundial. Um processo de amplas proporções envol-
vendo nações e nacionalidades, regimes políticos e projetos na-
cionais, grupos e classes sociais e culturas e civilizações (IANNI, 
1996, p.11). 
12
O mundo atual e a sustentabilidadeUnidade I
Para Ianni (1996): 
O modelo atual de globalização
Apoia-se em um discurso unificado política e 
economicamente, tendo como objetivo impor uma 
dominação de mercados e de culturas por meio 
de um sistema mundial conectado, com vistas a se 
constituir em um espaço único. 
Para tanto, utiliza os meios de comunicação de massa e as novas mídias com o intuito de incrementar o consumo e expandir o mercado como forma de manutenção do status quo, processo em que impõe às pessoas representações, crenças e valores comuns, associados ao consumo, aos bens materiais, que transcende as necessidades básicas, como alimentação, vestuário etc., pois se orientam no acúmulo de bens como forma de reconhecimento social.
A busca pela constituição de uma “Al-
deia Global”, que visa à integração econômi-
ca, social e cultural desencadeada pela glo-
balização, propiciou uma nova organização e 
centralização do capital, o que agravou ainda 
mais as injustiças sociais e as desigualdades, 
que intensificou a pobreza, a exclusão social e 
a marginalização em vários países, atingindo 
de forma mais intensa os países mais pobres. 
 
13
O mundo atual e a sustentabilidade unidade I
A globalização que atinge o mundo contemporâneo desqualifica os povos e as 
culturas periféricas visando suprimir as expressões culturais locais, para que 
sejam substituídas por novos modelos, novos valores e crenças que estejam em 
consonância com a constituição de um mundo que se torne unificado. Desta 
forma, desvaloriza os saberes e conhecimentos locais, ao mesmo tempo em que 
não democratiza os novos conhecimentos e dificulta o acesso aos bens e ser-
viços para boa parte das pessoas, principalmente para os mais empobrecidos, 
pois:
 
Os conhecimentos priorizados pelas novas formas de vida são 
distribuídos de maneira muito desigual entre os diferentes se-
tores da população segundo critérios como o de grupo social, 
gênero, etnia e idade. Ao mesmo tempo são desqualificados os 
conhecimentos dos setores marginalizados, ainda que sejam 
mais ricos e complexos que os priorizados. Desta maneira, dá-se 
mais aos que mais tem e menos a quem menos tem, configuran-
do um círculo fechado de desigualdade cultural (FLECHA, 1996, 
p.36). 
É nesse contexto se instaurou uma crise moral e ética, visto que a globalização 
nos moldes atuais interfere nas formas de ser, estar e atuar no mundo no âmbito 
pessoal e coletivo. Tal realidade incentiva o isolamento, a competição, a solidão, o 
que compromete o desenvolvimento do sentimento de pertencimento e de corres-
ponsabilidade das pessoas para com os outros seres humanos e para com o meio 
em que vive. 
14
O mundo atual e a sustentabilidadeUnidade I
Boff (2013) defende que o tipo de sociedade que 
temos desenvolvido nas últimas décadas coloca em 
risco a essência humana, pois enfrentamos uma crise, 
que é fruto de um projeto de conhecimento material ili-
mitado, que vem degradando o planeta e as formas de 
viver e conviver entre as pessoas, questões que ficam 
evidentes ante o descuido, o descaso e o abandono 
que são perceptíveis nas relações que estabelecemos 
com o mundo e com as pessoas, o que evidência que: 
Enfrentamos uma crise civilizacional generalizada. Precisamos 
de um novo paradigma de convivência que funde uma relação 
mais benfazeja para com a Terra e inaugure um novo pacto so-
cial entre os povos no sentido de respeito e de preservação de 
tudo o que existe e vive (BOFF, 2013, p.18).
Para o autor, o fenômeno do descuido, a falta de cuidado, é o sintoma do impasse 
civilizatório que passamos hoje, o que se constata no descuido pelo destino dos 
pobres e marginalizados, com os sonhos, a generosidade e a solidariedade entre 
os seres humanos, com os processos de sociabilidade nas cidades, relacionados 
com as questões de moradia, saúde, educação etc., com os empobrecidos, que 
geralmente não são contemplados nas políticas públicas, entre outros aspectos.
15
O mundo atual e a sustentabilidade unidade I
1.2 Sustentabilidade e desenvolvimento
As crescentes descobertas científicas e tecnológicas agravaram ainda mais este 
cenário, visto que o consumo de bens materiais vem crescendo drasticamente, toda-
via, as matérias-primas, das quais são feitas, não estão acompanhando o mesmo rit-
mo, desta maneira, há a necessidade de pensarmos essa realidade, pois os recursos 
naturais que dispomos não durarão para sempre.
Alguns estudos nos trazem dados importantes quanto à utilização dos recur-
sos do planeta e as consequências deste avanço inconsequente do homem no meio 
ambiente e à qualidade de vida, entre os quais destacamos:
Apresenta que a pegada ecológica da humanidade, desde 1996 
mais que duplicou, considerando-se que em 1961 o ser humano 
necessitava de 63% da Terra para atender as demandas humanas, pas-
sando em 1975 para 97%, chegando em 2011 a 170%, com uma previ-
são de que em 2030 precisaríamos de pelo menos três planetas Terra 
para manter a vida humana.
Relatório Living Planet (Planeta Vivo) – de 2010
Realizada pela ONU no período entre 2001 e 2005, com a parti-
cipação de 1300 cientistas de 95 países, 850 personalidades li-
gadas à ciência e à política, em que aponta que dos 24 serviços am-
bientais fundamentais para a manutenção da vida (água, controle do 
clima, energia, alimentos, entre outros), estão em crescente processo 
de degradação. O estudo também destaca que 60% dos ecossistemas 
do planeta estão em processo de destruição e, em alguns casos, já se 
perderam o que evidencia um acelerado processo de esgotamento dos 
bens naturais.
Avaliação Ecossistêmica do Milênio
 
16
O mundo atual e a sustentabilidadeUnidade I
Uma publicação de 2005 da ONU, com reedição de 2010, aponta 
que já não temos recursos necessários para suprir as necessida-
des humanas no atual padrão de consumo, sendo que o homem con-
some 20% a mais da capacidade de recomposição dos bens naturais, 
merecendo destaque os EUA, Canadá, Europa e Japão, que consomem 
80% deste montante, enquanto que a África, a América Latina e a Índia 
usufruem 20% deste total. 
O estado do mundo
Estudo contido no livro “O terremoto populacional”, que aponta 
que os 7% mais ricos da população mundial são os responsáveis 
por 50% da emissão de gases que desencadeiam o efeito estufa, en-
quanto que a população mais pobre, cerca de 3,4 bilhões de pessoas, 
emitem apenas 7% dos gases responsáveis pelo aquecimento global.
Fred Pierce
Uma publicação do IPEA, que apresenta um estudo sobre a con-
centração de renda em nosso país, em que 5 mil famílias contro-
lam 46%do produto interno bruto e que 1% da população detêm 46% 
das terras brasileiras. 
Atlas social do Brasil 
Temos vários outros estudos que, somando-se a esses, demonstram que o 
avanço do capitalismo aos moldes da globalização vigente no planeta, coloca em 
risco o futuro do planeta nos âmbitos cultural, econômico e ambiental, questões que 
colocam em risco a continuidade da vida na Terra.
Boff (2013), ao se reportar às dinâmicas ambientais e culturais do mundo con-
temporâneo, destaca que a questão ecológica não deve se restringir ao puro e sim-
ples ambientalismo, o que seria um reducionismo que dificultaria a compreensão 
mais ampla do entendimento de sustentabilidade em sua complexidade, que abran-
ge várias dimensões que se inter-relacionam e se influenciam mutuamente. Para o 
autor, ecologia compreende vários aspectos, como: 
17
O mundo atual e a sustentabilidade unidade I
O meio social
(ecologia social)
A mente humana
(ecologia mental)
A produção industrial
(ecologia industrial)
A qual Boff (2013) deno-
mina ecologia urbana.
Löwy (2015) e Boff (2013) entendem que não basta pensar a questão ambiental 
de forma isolada, com reformas e ações paliativas com alcance limitado, uma vez 
que o momento atual exige outro modelo de civilização que reveja a expansão ilimi-
tada do sistema capitalista e do acúmulo de lucros. É fato que a crise é fruto da ação 
predatória do sistema capitalista, que põe em risco a continuidade da vida humana 
no planeta. 
 
É nesse contexto que se instau-
rou uma crise moral e ética, visto 
que a globalização nos moldes 
atuais interfere nas formas de 
ser, estar e atuar no mundo no 
âmbito pessoal e do coletivo.
Tal realidade incentiva o isolamen-
to, a competição, a solidão, o que 
compromete o desenvolvimento do 
sentimento de pertencimento e de 
corresponsabilidade das pessoas 
para com os outros seres humanos 
e para com o meio em que vive.
18
O mundo atual e a sustentabilidadeUnidade I
1.3 As reações aos dilemas socioambientais e a 
educação
Dé
cad
e d
e 6
0
O despertar de uma consciência crítica voltada às questões am-
bientais e as possíveis consequências da ação desenfreada do ho-
mem na natureza, começam a se consolidar no âmbito educacional em 
meados da década de 1960, com a denominação Educação Ambiental (EA), 
expressão apresentada pela primeira vez na Conferência de Educação, rea-
lizada em 1965, na Grã Bretanha, em que se definiu que a Educação Am-
biental deveria se parte fundamental na formação das futuras gerações.
Entretanto, só em 1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia, em 
uma conferência organizada pela ONU que a proposta da Educação 
Ambiental repercutiu mundialmente: 
Este evento teve impacto global, em função da se-
riedade dos conteúdos discutidos e internalizou, nas 
agências internacionais, a necessidade de repensar o 
desenvolvimento sob uma nova perspectiva, capaz de 
inserir as questões ambientais e sociais aos processos 
em curso (IRVING & OLIVEIRA, 2012, p.22). 
As reflexões sobre a questão avançaram com a realização da Primeira Con-
ferência Intergovernamental sobre a Educação Ambiental, realizada de 14 
a 26 de outubro 1977, em Tbilisi, na Rússia, encontro em que se propõe 
que a Educação Ambiental deveria ter um enfoque educativo multidiscipli-
nar e integracionista.
Décade de 70
19
O mundo atual e a sustentabilidade unidade I
Dé
cad
e d
e 9
0
Porém, só em 1992, com a realização da Conferência das Nações 
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no 
Rio de Janeiro, a Rio-92, também conhecida como Cúpula da Terra, que 
se ampliou o debate sobre o desenvolvimento sustentável. Nesse encon-
tro participaram 180 chefes de Estados para debater e estabelecer metas 
sobre o crescimento econômico menos consumista, em consonância com 
uma proposta de equilíbrio ecológico. 
É nesse evento que surge a Agenda 21, um programa de ação que visava um 
novo padrão de desenvolvimento sustentável, assinado por 173 países que assina-
ram as propostas e estratégias contidas no documento com vistas a alcançar um 
desenvolvimento ambiental sustentável. 
Nesta ocasião, paralelamente ao Rio-92, Organizações não Governamentais 
realizaram o Fórum Global, que desencadeou na elaboração de um documento in-
titulado “Carta da Terra”, que estabelece princípios éticos essências para a conso-
lidação de uma sociedade mais justa, sustentável e pacífica no século XXI. Em seu 
preâmbulo estabelece: 
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, 
numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À 
medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e 
frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e gran-
de esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, 
no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de 
vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre 
com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma 
sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, 
nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa 
cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que 
nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns 
para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as 
futuras gerações. 
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE) 
20
O mundo atual e a sustentabilidadeUnidade I
1.4 A Carta da Terra 
Na Carta da Terra alguns aspectos despontam como metas educacionais a se-
rem atingidas, como:
Reduzir, reutilizar e reciclar mate-
riais utilizados na produção e no 
consumo; 
 Oferecer aos indivíduos
, em especial às crianças e
 
jovens, tempos e espaços
 educativos que os for-
mem para contribuir de fo
rma consciente com o 
desenvolvimento sustentá
vel;
Reconhecer a relevância de uma 
formação moral e espiritual para 
uma subsistência sustentável;
Estimular e valorizar entend
imentos 
mútuos, a cooperação e a
 solidarie-
dade entre os indivíduos;
Gerar uma sociedade que vise uma vida sustentável, que 
oriente-se pelo respeito à natureza, aos direitos humanos, 
na justiça e na paz, considerando que os povos da Terra 
assumam a responsabilidade uns para com os outros, com 
a continuidade da vida e com as gerações futuras etc.
A Carta da Terra é uma leitura essencial e está disponível na íntegra 
na midiateca. 
21
O mundo atual e a sustentabilidade unidade I
Fica evidente que a Educação Ambiental entendida de forma simples e apar-
tada de outras dimensões que constituem a realidade não basta para entendermos 
a complexidade da questão da sustentabilidade, sendo a Carta da Terra uma das 
ferramentas para implantar uma proposta educativa mais consistente e alinhada aos 
princípios e fundamentos que proporcionem um acréscimo de conhecimento e uma 
mudança de hábitos, como aponta Gadotti: 
A Carta da Terra tem um grande potencial educativo ainda não 
suficientemente explorado, tanto na educação formal, quanto 
na educação não formal. Por meio de sua proposta de diálogo 
intertranscultural, pode contribuir na superação do conflito civi-
lizatório que vivemos hoje (GADOTTI, 2008, p. 11).
Fica evidente que a Rio-92 avançou no debate e nas propostas e, em nosso 
país, acabou sendo responsável pela criação do Ministério do Meio Ambien-
te, também no ano de 1992, que teve como meta promover a preservação 
ambiental no Brasil. Ampliando o conhecimento sobre o tema e fiscalizando 
as políticas ambientais e sua execução segundo os princípios de proteção 
ambiental e das culturas a ela associadas.
 
Além disso, também institui-se em 1996 
o Programa Nacional de Educação Am-
biental – PRONEA, proposta elaboradapelo governo federal que objetivou ofe-
recer a Educação Ambiental nos diversos 
níveis de ensino para ampliar a conscien-
tização como forma de garantir um meio 
ambiente ecologicamente equilibrado. 
22
O mundo atual e a sustentabilidadeUnidade I
Assim sendo, ao possibilitar às crianças e jovens o acesso aos conhecimentos 
que constituem sua realidade em uma perspectiva crítica, o educando desenvolve-
rá uma postura autônoma para pensar, refletir e atuar junto ao mundo vivido, nas 
relações que estabelece com as pessoas e com o ambiente em prol de uma vida 
sustentável, na construção de um mundo saudável, pacífico, permeado pela ética e 
pelo bem comum, pois: 
Hoje tomamos conhecimento de que o sentido das nossas vi-
das não está separado do sentido do próprio planeta. (...) Fa-
zemos escolhas! Nem sempre temos clareza delas. A educação 
carrega de intencionalidade nossos atos. Precisamos ter cons-
ciências das implicações de nossas escolhas. O processo educa-
cional pode contribuir para humanizar o nosso modo de vida. 
Temos que fazer escolhas. Elas definirão o futuro que teremos 
(GADOTTI, 2008, p.62).
Enfim, a Educação Ambiental é vital para nos apropriarmos, de forma correta, 
dos recursos desta Terra em que vivemos e que tão abundantemente nos oferece. 
Como seres histórico-sociais, temos que aprender a pensar coletivamente, ao con-
trário do que a realidade capitalista que nos rodeia ensina, temos que aprender que 
precisamos preservar hoje para usufruir amanhã, e entender que, ao aprendermos, 
estaremos em uma situação de poder; poder para mudar, para agir e transformar.
Entretanto, atualmente os conceitos e concepções sobre educação e meio am-
biente se apresentam em várias perspectivas, orien-
tando-se por princípios ligados a muitas concepções 
sobre a questão ambiental e a educação, sendo que 
algumas destas propostas amparam-se em uma edu-
cação ambiental de forma descontextualizada, ou en-
tão associada ao desenvolvimento econômico, defen-
dendo ações paliativas que não comprometam a 
estrutura econômica capitalista vigente.
Por outro lado, temos as tendências críticas, sendo a 
ecopedagogia uma das mais recentes (GUTIÉRREZ & PRA-
DO, 2013), que entende uma educação relacionada ao am-
biente de forma mais ampla e contextualizada, aspectos 
que discutiremos no próximo capítulo.
23
O mundo atual e a sustentabilidade unidade I
Conheça mais:
Saiba mais sobre a globalização assistindo ao vídeo:
“A história das coisas – globalização + capitalismo e seus efeitos”. Dis-
ponível em: <https://youtu.be/x_PmgSf3LSs>.
Interessante vídeo que aborda questões sobre globalização e seus efei-
tos, capitalismo e sustentabilidade.
Confira o texto “Traçando nosso caminho na direção de um plane-
ta resiliente”, que é parte do Planeta Vivo – Relatório 2016 – Risco 
e resiliência, em uma nova era. Leia as páginas de 6 a 15, pois essas 
informações servirão de base para o debate em nossos fóruns e de 
outras questões reflexivas. Esse material está disponível na midiateca. 
Além disso, esse relatório traz discussões muito atuais e interessantes 
sobre as condições e o destino do mundo, dê uma olhada nos temas 
oferecidos e escolha algum de seu interesse para se atualizar, acredito 
que ficará surpreso(a) com os temas abordados.
Aprendemos que:
Vivemos uma crise moral e ética, visto que a globalização nos moldes 
atuais interfere nas formas de ser, estar e atuar no mundo no âmbito 
pessoal e do coletivo e que esta realidade incentiva o isolamento, a 
competição, a solidão, o que compromete o desenvolvimento do sen-
timento de pertencimento e de corresponsabilidade das pessoas para 
com os outros seres humanos e para com o meio em que vive. Como 
seres histórico-sociais, temos que aprender a pensar coletivamente, ao 
contrário do que a realidade capitalista que nos rodeia ensina, temos 
que aprender que precisamos preservar hoje para usufruir amanhã, 
temos que aprender que, ao aprendermos, estaremos em uma situa-
ção de poder; poder para mudar , para agir e transformar.
24
O mundo atual e a sustentabilidadeUnidade I
Referências da unidade I
BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: o que é - o que não é. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
______. Saber cuidar. 19. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
GADOTTI, Moacir. Educar para a sustentabilidade. São Paulo: Ed. Instituto Paulo 
Freire, 2008.
GUTIÉRREZ, Francisco; PRADO, Cruz. Ecopedagogia e cidadania planetária. 3. ed. 
São Paulo: Cortez, 2013. 
IRVING, Marta de A.; OLIVEIRA, Elizabeth. Sustentabilidade e transformação social. 
São Paulo: Senac, 2012. 
LÖWY, Michael. O que é o ecossocialismo? São Paulo: Cortez, 2014. 
25
A Ecopedagogia unidade II
2Unidade II
A Ecopedagogia
2.1 Conceito de Ecopedagogia
O conceito de Ecopedagogia foi elaborado por Francisco Gutiérrez, pesquisa-
dor do pensamento de Paulo Freire, e segue os princípios da “Carta da Terra”, já 
citada na unidade anterior. 
26
A Ecopedagogiaunidade II
Ecopedagogia
Esse conceito está pautado na id
eia de que é primor-
dial a formação de uma consciê
ncia ecológica e de que 
a formação dessa consciência de
pende da educação.
Dentro do ideário dessa proposta está a defesa de 
que é preciso dar sentido às ações dos homens, que 
como seres vivos devem compartilhar com os demais 
seres viventes a experiência do planeta Terra, apren-
dendo sobre o sentido das coisas e do cotidiano, ob-
jetivando a promoção de uma sociedade sustentável.
Assim, segue como fundamentação teórica à “cidadania planetá-
ria”, que defende a ideia de mudança nas relações humanas, so-
ciais e ambientais, por meio de movimentos políticos e educativos. 
E como diz Moacir Gadotti em seu texto: “A Ecopedagogia como pedagogia 
apropriada ao processo da Carta da Terra”, (disponível em: <http://www.ufmt.br/re-
vista/arquivo/rev21/moacir_gadotti.htm>): 
O conceito de Ecopedagogia está relacionado com a sustenta-
bilidade, para além da economia e da ecologia. A ecopedagogia 
inclui abordagens da planetaridade, educação para o futuro, ci-
dadania planetária, virtualidade e a Pedagogia da Terra. A meta 
deste enfoque é discutir os paradigmas da Terra como uma co-
munidade global. Os princípios da Ecopedagogia são mais am-
plos do que a educação ambiental, desde que seu debate inclui 
processos de “coeducação”, no marco da cultura de sustentabi-
lidade, dentro e fora das escolas. A sustentabilidade educativa 
está além das nossas relações com o ambiente – ela se insere 
desde o cotidiano da vida, o profundo valor da nossa existência 
e nossos projetos de vida no Planeta Terra. Neste sentido, a Eco-
pedagogia, ou Pedagogia da Terra, é algo mais apropriado para 
a construção coletiva da Carta da Terra.
27
A Ecopedagogia unidade II
Para Gadotti (2000), a ecopedagogia almeja reeducar o olhar 
dos seres humanos, habitantes do planeta, para a tomada de 
atitudes que amenizem as agressões ao meio ambiente, que 
ampliem a diminuição de desperdício, num novo reconheci-
mento de si próprio e na promoção do respeito ao próximo.
E para isso o papel da escola é essencial, pois, segundo Gadotti (2000, p.48); 
[...] não se trata de reduzir a escola e a pedagogia atual a uma 
tábula rasa e construir por cima de suas cinzas a escola cidadã 
ideal e a ecopedagogia. Não se trata de uma escola e de uma 
pedagogia alternativas, isto é, construída separadamente da es-
cola e da pedagogia atuais. Trata-se de, no interior delas, a partir 
da escola e da pedagogia que temos, dialeticamente, construir 
outras possibilidades sem aniquilar as presentes. O futuro não é 
o aniquilamento do passado, mas a sua superação. 
A educação é promotora de elementos para formação crítica, 
em que o desenvolvimentosustentável pode se tornar uma 
consciência ecológica e a Pedagogia da Terra, a ecopedagogia, 
são movimentos de promoção da aprendizagem.
E segundo Gadotti, citando Leonardo Boff:
Precisamos de uma ecopedagogia e uma ecoformação hoje, pre-
cisamos de uma Pedagogia da Terra, justamente porque sem 
essa pedagogia para a reeducação do homem/mulher, principal-
mente do homem ocidental, prisioneiro de uma cultura cristã 
predatória, não poderemos mais falar da Terra como um lar, 
como uma toca, para o “bicho-homem”, como fala Paulo Frei-
re. Sem uma educação sustentável, a Terra continuará apenas 
sendo considerada como espaço de nosso sustento e de domí-
nio técnico-tecnológico, objeto de nossas pesquisas, ensaios, e, 
algumas vezes, de nossa contemplação. Mas não será o espaço 
de vida, o espaço do aconchego, de ‘cuidado’ (BOFF, Leonardo. 
Saber cuidar. Petrópolis: Vozes, 1999).
28
A Ecopedagogiaunidade II
Para isso precisamos sentir a Terra, segundo o autor “não aprendemos a amar 
a Terra lendo livros sobre isso, nem livros de ecologia integral.” É preciso vivenciar as 
experiências, conhecer o rio, saber do crescimento das plantas e da vida, é preciso 
enxergar a cidade, caminhar sobre suas ruas e ob-
servá-la.
É preciso aprender a ver a vida, ouvir os pás-
saros, sentir as borboletas e os aromas, olhar o céu, 
observar o sol e as estrelas, observar a luz da lua 
sobre as plantas e também a sentir o vento, e cuidar 
para que não haja a destruição, a degradação e para 
que todos aprendam a compartilhar a vida. 
[...] Estou abençoando a terra pela alegria do ip
ê.
Mesmo roxo, o ipê me transporta ao círculo 
da alegria,
Onde encontro, dadivoso, o ipê amarelo.
Este me dá as boas-vindas e apresenta:
- Aqui é o ipê-rosa.
Mais adiante, seu irmão, o ipê branco.
Entre eles os ipês de agosto que deveriam ser 
de outubro
Mas tiveram pena de nós e se anteciparam
Para que o Rio não sofresse de desamor,
tumulto, inflação, mortes.
Sou um homem dissolvido na natureza.
Estou florescendo em todos os ipês.
Estou bêbado de cores de ipês, estou alcanç
ando
a mais alta copa do mais alto ipê do Corcovado
.
Não me façam voltar ao chão,
Não me chamem, não me telefonem, não m
e deem dinheiro,
Quero viver em bráctea, racemo, panícula, u
mbela.
Este tempo de ipê. Tempo de glória.
Carlos Drummond de Andrade
29
A Ecopedagogia unidade II
2.2 A Cidadania Planetária 
A noção da Cidadania Planetária pauta-se na visão unificadora do planeta e de 
uma sociedade mundial. Esse conceito traz com ele um conjunto de princípios, valo-
res, atitudes e comportamentos e busca alertar para uma nova percepção da Terra 
como uma única comunidade.
Sustentada numa visão unificadora de planeta, a noção de cidadania planetá-
ria almeja uma sociedade pacífica, sustentável e socialmente justa, partindo de um 
conjunto de princípios, valores, atitudes e comportamentos a partir de uma nova 
compreensão do planeta. “Na base da proposta de ‘educar para a cidadania planetá-
ria’, está o paradigma Terra, isto é, a concepção de uma comunidade humana una e 
diversa. Está o desafio de realizar uma profunda revisão dos nossos currículos e dos 
processos educativos.” (PADILHA, 2001, p. 15).
Segundo Francisco Gutiérrez e Cruz Prado (2013), essa ideia está pautada em 
três principais conceitos emergentes que se inter-relacionam e se complementam:
A ecologia 
profunda
A pedagogia como 
promoção da 
aprendizagem
A planetaridade 
como dimensão 
política
A ecologia profunda nos indica os fundamentos científicos que 
irão embasar as mudanças individuais e sociais que devemos buscar, 
se opondo à ecologia superficial que não reconhece os vínculos do ser 
humano com a natureza, atribuindo a ela um valor de uso e consumo.
Segundo Capra (1998, p.56), “a ecologia profunda por não separar 
os humanos - nem qualquer outra coisa – do entorno natural, vê o mun-
do não como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de 
fenômenos fundamentalmente interligados e interdependentes”. 
Nesse sentido, Gutiérrez e Prado (2013,p14) utilizam o pensamen-
to de Capra (2006) para esclarecer que;
30
A Ecopedagogiaunidade II
Estar ecologicamente educado (alfabetizado) sig-
nifica precisamente compreender esses princípios 
ecológicos e utilizá-los para criar comunidades hu-
manas sustentáveis. É necessário reinstalar nos-
sas comunidades – incluindo as educativas, as de 
negócios e as políticas -, de modo que os princípios 
de ecologia se manifestem nesses princípios de 
educação, empresa e política (CAPRA, 2006, p.307). 
A pedagogia visa o aprofundamento da aprendiz
agem a partir de to-
dos os recursos possíveis para a promoção d
a aprendizagem, entendendo 
que aprender é “uma propriedade inerente
 a todos os seres vivos, o que 
se torna possível graças ao princípio da auto-or
ganização da vida” (GUTIÉR-
REZ e PRADO, 2013, p.14). 
Para esse conceito, Gutiérrez e Prado se uti
lizam dos pensamentos 
de Perez e Castilho para esclarecer que:
[...] aprender é a propriedade emergente que
 todos 
os seres vivos têm em seu processo de auto-org
anizar 
a vida. A autopoesis dá lugar a estados impre
visíveis 
como resultado da busca do equilíbrio dinâmi
co ine-
rente às inter-relações com o meio. Apren
der será, 
em consequência, a capacidade de recriar n
ovas rea-
lidades das múltiplas possíveis que a busca p
elo equi-
líbrio dinâmico dos seres leva consigo e, co
nsequen-
temente, significam o desenvolvimento das
 próprias 
capacidades como potencial para a plena su
stenta-
bilidade do eu ao nível pessoal e social. Capac
idades 
como a de sentir e imaginar, a de localizar, p
rocessar 
e auto-organizar a informação; a de relacio
nar-se e 
pensar a totalidade; a de se expressar e se
 comuni-
car; a se avaliar, criticar e tomar decisões; a d
e buscar 
causas e prever consequências; a de passar d
e um ho-
rizonte de compreensão a outro (PEREZ e C
ASTILHO, 
1996, p.05).
31
A Ecopedagogia unidade II
E por fim, a planetariedade que se distancia do conceito de glo-
balização, na medida em que segundo Gutiérrez e Prado (2013, p.16), 
um de seus aspectos básicos “é sentir e viver o fato de que somos 
parte constitutiva da Terra: esse ser vivo e inteligente que nos pede re-
lações planetárias, dinâmicas e sinergéticas”. Assim, o conceito de pla-
netariedade implica em tratar o planeta como um ser vivo inteligente, 
buscando a harmonia cotidiana com os outros seres que o habitam.
Essa condição nos obriga a vislumbrar novas formas de se ver 
no mundo e a criar novas formas de proteção para todas as vidas que 
habitam o planeta, e para isso é necessário compreender que:
A dimensão planetária reflete e requer uma pro-
funda consciência ecológica, que é, em definitivo, 
a formação da consciência espiritual como único 
requisito no qual podemos e devemos funda-
mentar o caminho que nos conduz ao novo pa-
radigma (GUTIÈRREZ e PRADO, 2013, p.40). 
Dentro da perspectiva da cidadania planetária, não podemos 
conceber um mundo dividido em territórios, pois as questões refe-
rentes à cidadania, direitos humanos e meio ambiente são transna-
cionais, pois os problemas que afetam a humanidade e o planeta não 
estão divididos por fronteiras. 
2.3 A educação cidadã 
A proposta de uma educação para a cidadania planetária parte da preocupa-
ção em pensar nos conflitos globais, nesse sentido, educar significa discutir questões 
que envolvam o meio ambiente, as desigualdades sociais e as dificuldades relacio-
nadas ao cumprimento dos direitos humanos e da saúde do planeta, buscando uma 
32
A Ecopedagogiaunidade II
compreensão global dos conflitos e de tudo que a eles estiver relacionado,com-
preendendo assim os atos e os fatos como interdependentes, e a partir daí, deste 
olhar, criar formas de agir, numa atitude de pensar global e agir local.
Para Gadotti (2000, p.142), a educação para a cidadania planetária:
Educar para a cidadania planetária implica muito mais do que 
uma filosofia educacional, do que o enunciado de seus princí-
pios. A educação planetária implica em uma revisão de nossos 
currículos, uma reorientação de nossa visão de mundo da edu-
cação como espaço de inserção do indivíduo não numa comuni-
dade local, mas numa comunidade que é local e global ao mes-
mo tempo. 
Na intenção de orientar o trabalho com a educação para a cidadania planetá-
ria, Moacir Gadotti elaborou uma relação de itens que podem servir como referência 
para pensar este novo modo de ver o papel do mundo, ele revela que ainda são 
referências imprecisas e derivadas de muitas fontes, entre elas os pensamentos de 
Paulo Freire, considerado como um dos inspiradores desse ideário e da aprendiza-
gem a partir do cotidiano. Assim, para Gadotti, são princípios da Ecopedagogia ou da 
Pedagogia da Terra: 
 
 O planeta como uma única comunidade;
A Terra como mãe, organismo vivo e em evolução;
A ternura para com essa casa. Nosso endereço é a Terra;
Uma nova consciência que sabe o que é sustentável, apropriado, e faz 
sentido para a nossa existência;
A justiça sócio cósmica: a Terra é um grande pobre, o maior de todos os 
pobres;
 
 
33
A Ecopedagogia unidade II
Uma concepção do conhecimento que admite só ser integral quando 
compartilhado;
Cultura da sustentabilidade: ecoformação. Ampliar nosso ponto de vista.
O caminhar com sentido (vida cotidiana);
Uma racionalidade intuitiva e comunicativa: afetiva, não instrumental;
Novas atitudes: reeducar o olhar, o coração;
Uma pedagogia biófila (que promove a vida): envolver-se, comunicar-se, 
compartilhar, problematizar, relacionar-se, entusiasmar-se;
Outras mídias:
Para conhecer uma experiência de aplicação desse conceito você pode 
acessar o material “Educação para a cidadania planetária” e com-
preender como isso se deu na prática em uma experiência realizada 
na cidade de Osasco, no estado de São Paulo. Além dos principais 
conceitos de Educação Planetária, traz a descrição de todos os passos 
dados para a implantação, o retrato do processo e o resultado obtido 
em algumas escolas. Leia, principalmente, a apresentação feita por 
Gadotti e Emídio, e você entenderá muitos dos conceitos tratados.
Assim, podemos dizer que o ser humano está sempre em relação com a natu-
reza, e mesmo que ele não tenha consciência dessa condição é assim que todas as 
coisas acontecem . A pessoa planetária deve se perceber em comunhão com a na-
tureza e com a sua diversidade. “Na sociedade planetária deve-se viver a vida como 
processo, como fluxo permanente de energias, situações, de um transcorrer relativa-
mente imprevisível” (GUTIERREZ e PRADO, 2002, p. 41).
34
A Ecopedagogiaunidade II
Tomando de Francisco Vío Grossi, Gutierrez e Prado citam as dez característi-
cas que indicam o perfil das pessoas da sociedade planetária:
1 - Em primeiro lugar, as pessoas se caracterizam por buscar 
e sentirem-se em contato com a natureza, sentem-se parte 
dela, mas não seus donos. Nesse sentido, em sua vida prática, 
não estão em acordo com o mandamento bíblico de “contro-
lá-la e colocá-la a seu serviço”, mas sim de respeitá-la e desen-
volver sua diversidade.
2 - Vivem a vida como processo, como fluxos permanentes 
de energias, de situações, de um transcorrer relativamente 
imprevisível. São capazes de viver a incerteza e se afastam de 
concepções rígidas e estáticas de vida.
3 - Preocupam-se e suspeitam do poder, da hierarquia e de sua 
utilização para dominar os demais. Propõem para si um tipo de 
educação que permita construir o poder, a partir de si mesmo, 
de modo que todos sejam capazes de “controlar sua própria 
vida”. Por isso, em geral se preocupam com a construção de 
comunidades humanas que sejam veículos adequados de “dis-
tribuição social do poder”, antes que concentradores dele.
4 - São pessoas que procuram a integração de elementos que 
andam, em geral, dispersos e que se consideram de forma 
isolada: ciência e senso comum, ação e reflexão, homem e 
mulher, mente e corpo, razão e sentimento, objetividade e 
subjetividade, seriedade e frivolidade, sensatez e loucura.
35
A Ecopedagogia unidade II
5 - Interessam-se muito mais em fazer perguntas que em dar 
por aceitas as respostas. Pesquisam de forma permanente, 
buscando o lado oculto da vida, o não dito, o não proposto, 
as histórias não contadas. Sua crítica permanente, em geral, 
conduz a uma busca espiritual.
6 - Comumente os bens materiais, como símbolos de status 
social, são menos absorventes e dominantes.
7 - São pessoas abertas ao novo, isto é, não são dogmáticas 
nem rígidas; permitem-se avançar por novos territórios igno-
tos do conhecimento e da vida.
8 - São solidárias, com vontade de colaborar com os outros, 
tentam ser menos egoístas e paternalistas.
9 - Desconfiam da burocracia como forma institucional que 
privilegia o benefício dos burocratas sobre os outros.
10 - Têm autoconfiança no valor de sua própria experiência e 
desconfiam da autoridade que erige como superior.
(Disponível em:< http://melodiadashoras.blogspot.com.br/2012/09/>. Acesso em: 10/05/2017). 
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A Ecopedagogiaunidade II
Como uma síntese do que falamos aqui, e para complementar seu 
estudo, você deve ler o artigo de Moacir Gadotti: “Ecopedagogia, Peda-
gogia da Terra, Pedagogia da Sustentabilidade, Educação Ambiental 
e Educação para a Cidadania Planetária: Conceitos e expressões di-
ferentes e interconectados por um projeto comum”, que também está 
disponível na midiateca. 
Em seu artigo “Pedagogia da Terra: Ideias centrais”, disponível no site 
do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti nos diz que “A Carta da Terra, 
concebida como um código de ética global por um desenvolvimento 
sustentável e apontando para uma mudança em nossas atitudes, va-
lores e estilos de vida, envolve três princípios interdependentes”, sendo 
eles: 
• I - Os valores que regem a vida dos indivíduos; 
• II - A comunidade de interesses entre Estados; 
• III - E a definição dos princípios de um desenvolvimento sustentá-
vel.
Atenção:
Agora realize a leitura complementar sugerida, asssita às videoaulas e 
o vídeo sugerido, pesquise sobre o assunto e participe do fórum.
Caminharemos assim, mais conhecedores do assunto, para dar início a nossa 
Unidade III, que fará uma ponte entre a ecopedagogia e as práticas pedagógicas.
Conheça mais:
Para compreender a relação entre ética e ecologia, assista ao vídeo 
disponível na midiateca de Leonardo Boff, que fala de Ética e Ecologia 
– Desafios do século XXI. 
Ele lhe fará pensar em nosso papel diante da Terra, do outro e de si 
mesmo.
37
A Ecopedagogia unidade II
Dica de Leitura:
Sobre esse assunto você pode encontrar disponível para download o 
livro interessantíssimo de Fritjof Capra – “Alfabetização Ecológica: A 
educação das crianças para um mundo sustentável”, da editora Cul-
trix.
Busque por ele, escolha histórias para ler, tenho certeza de que vai 
gostar muito.
Busque também pelo texto “A Ecopedagogia como pedagogia apro-
priada ao processo da Carta da Terra”, disponível na midiateca. 
Aprendemos que:
A Ecopedagogia defende que é preciso dar sentido às ações dos ho-
mens, que como seres vivos devem compartilhar com os demais seres 
viventes a experiência do planeta Terra, aprendendo sobre o sentido 
das coisas e do cotidiano, objetivando a promoção de uma sociedade 
sustentável. 
A propostade uma educação para a cidadania planetária parte da 
preocupação em pensar nos conflitos globais, nesse sentido, educar 
significa discutir questões que envolvam o meio ambiente, as desi-
gualdades sociais e as dificuldades relacionadas ao cumprimento dos 
direitos humanos e da saúde do planeta, buscando uma compreen-
são global dos conflitos e de tudo que a eles estiver relacionado, com-
preendendo assim os atos e os fatos como interdependentes, e a partir 
daí, deste olhar, criar formas de agir, numa atitude de pensar global 
e agir local.
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A Ecopedagogiaunidade II
Referências da unidade II
CAPRA, Fritjof. La trama de la vida. Uma Nueva Perspectiva de los sistemas vivos. Barce-
lona: Ed. Anagrama, 1998.
______ et al. Alfabetização ecológica: a educação das crianças para um mundo sus-
tentável. São Paulo: Cultrix, 2006.
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra. São Paulo: Editora Peirópolis, 2000. 
PADILHA, Paulo Roberto et al. Educação para a Cidadania Planetária: currículo in-
tertransdisciplinar em Osasco . São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 
2011.
39
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogia unidade III
3Unidade III
Princípios para uma ação pedagógica em 
ecopedagogia
Há muito tempo que o mundo vem sofrendo os efeitos da devastação causada 
pelos processos civilizatórios, mas desde o advento da industrialização a situação 
tem se agravado.
A Ecopedagogia tem uma preocupação com o planeta como um todo, englo-
bando todos os seres viventes sobre o planeta Terra. E o que podemos ver é que 
muito se tem discutido sobre ecologia e sustentabilidade, os problemas ambientais 
são reconhecidos, comentados... 
40
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogiaunidade III
... Mas, e o desenvolvimento de posturas e 
ações críticas que se mostrem realmente 
capazes de transformar essa realidade so-
cioambiental, quando serão instituídas?
 
Dentro de um quadro como este, o papel da educação se torna primordial para 
contribuir com a formação de cidadãos que possam contribuir para a solução desta 
crise ambiental que nos atinge.
Assim, é nosso papel como educadores, procurar um novo sentido para educar 
para a preservação e para a sobrevivência do planeta, uma educação que vá além da 
sensibilização sobre o problema, ou que se satisfaça em discutir o que é certo e o 
que é errado em relação ao meio ambiente, é preciso incluir as pessoas nesse meio 
ambiente e desenvolver em nossos alunos o sentido do cuidar, de integração e de 
pertencimento à natureza.
Em nosso dia a dia, podemos observar que as coisas não acontecem separada-
mente, elas se intercalam, são interdependentes ou por vezes nem seriam possíveis 
de existir sem um complemento de suas partes. 
Por exemplo, para que seja possível que você tome 
uma simples xícara de chá já pensou quantos 
processos e pessoas estão envolvidas nessa ação? 
Desde a produção do chá, da produção da caneca, do 
tratamento da água, das diferentes possibilidades de 
aquecimento e dos estudos realizados para que tudo isso esteja à 
disposição? E na área de prestação de serviços então?
41
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogia unidade III
E isso não acontece apenas com as “coisas” nossas decisões e ações, também 
são frutos de um sistema que se inter-relaciona alimentado por nossas crenças, con-
vicções, experiências que são formadas ao longo de nossa vida e de nossas aprendi-
zagens tanto teóricas quanto práticas.
Existe um movimento que nos envolve e que faz com que busquemos todos os 
recursos para solucionar, desde nossos pequenos problemas cotidianos até a defesa 
das grandes causas da humanidade, e o que torna possível toda essa mobilização 
é o exercício de uma aprendizagem integrada.
Depende do pressuposto de que existe todo um 
organismo em trabalho de cooperação global 
para que essa aprendizagem aconteça. No cam-
po cognitivo isso dependerá de evolução conjun-
ta do pensamento, da consciência, da inteligência 
e da sensibilidade.
Aprendizagem 
Integrada, Integral 
ou Integradora
Assim para Moraes e La Torre (2004), as situações de aprendizagem estão in-
terligadas a diferentes processos, pois:
A aprendizagem humana não é um processo mecânico median-
te o qual nos tornamos donos simbolicamente da realidade, não 
é um processo que possa ser reduzido a componentes intelec-
tuais. A aprendizagem humana, quando é integrada, comporta 
elementos emocionais, intuitivos, atitudinais e, inclusive, sociais. 
Compromete a totalidade do ser em sua relação com o mundo. 
Não é um mero ato individual, embora também o seja desde a 
identidade biológica, mas é fruto das interações com a cultura 
socialmente enriquecida. A educação varia com os contextos e 
respectivos valores. As aprendizagens variam com as pessoas 
que vivem no entorno, com a motivação intrínseca, com o clima 
de interação criado e com o próprio conteúdo, objeto da apren-
dizagem. Assim, pois, a aprendizagem integrada tem sua razão 
de ser nos componentes cognitivos, socioafetivos e culturais. 
(MORAES e LA TORRE, 2004, p.85)
42
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogiaunidade III
Para que isso ocorra, é fundamental que na esco-
la o conhecimento não seja tratado apenas de for-
ma compartimentada, é preciso criar situações de 
vida, cenários, hipóteses, diálogos, relações com 
o real e com a imaginação que possibilitem o en-
cantamento e a inter-relação das aprendizagens. 
Na verdade, sabemos que o mundo é uma totalidade, mas sendo ele tão gran-
de e complexo, acabamos por adotar a ideia de que fragmentar seus conhecimentos 
facilita a compreensão das coisas e foi essa ideia que orientou a elaboração dos cur-
rículos escolares. Porém, essa fragmentação acabou por dificultar a compreensão 
de fenômenos mais complexos e assim, a única maneira que temos para solucionar 
esse impasse é reconhecer a necessidade de implantar em nossa forma de ensinar 
e aprender maneiras de inter-relacionar os conteúdos e isso pode ser realizado de 
diferentes maneiras, aqui abordaremos apenas três níveis de relação ente as disci-
plinas, os mais comuns em nossas escolas:
Multidisciplinaridade Interdisciplinaridade Transdisciplinaridade
No primeiro caso, o nível mais simples, a multidisciplinaridade, acabamos por 
recorrer a conteúdos de várias disciplinas para estudar um determinado problema 
sem que com isso haja uma preocupação em interligar esses conhecimentos ou dis-
ciplinas entre si, existindo assim uma temática em comum, mas não necessariamen-
te uma relação ou cooperação entre as disciplinas. Segundo Piaget, acontece quando 
a solução de um problema exige a utilização de informações de uma ou mais ciências 
ou áreas do conhecimento, sem que as disciplinas em questão ou seus conteúdos 
sejam alterados, sendo assim, cada disciplina contribui com as informações da sua 
área sem que haja uma integração entre os conhecimentos.
Os outros dois casos, trataremos no item a seguir.
43
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogia unidade III
3.1 A interdisciplinaridade e a transversalidade 
Segundo Ivani Fazenda, 
Teve origem na França e na Itália na me-
tade da década de 1960, como resposta a 
movimentos estudantis que reivindicavam 
um ensino mais ligado às questões de or-
dem social, política e econômica da época.
No Brasil, o conceito chegou ao final da 
década de 1960 e contribuiu na elabo-
ração da Lei de Diretrizes e Bases Nº 
5.692/71, tendo se fortalecido com a 
nova LDB Nº 9.394/96 e com os Parâ-
metros Curriculares Nacionais (PCNs). 
Interdisciplinaridade
Segundo os PCNs: 
A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os dife-
rentescampos de conhecimento produzidos por uma aborda-
gem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre 
eles — questiona a visão compartimentada (disciplinar) da reali-
dade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente 
se constituiu. A transversalidade diz respeito à possibilidade de 
se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender 
conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a 
realidade) e as questões da vida real e de sua transformação 
(aprender na realidade e da realidade). E a uma forma de siste-
matizar esse trabalho e incluí-lo explícita e estruturalmente na 
organização curricular, garantindo sua continuidade e aprofun-
damento ao longo da escolaridade. (BRASIL, 1997, p.30) 
44
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogiaunidade III
Uma mudança de atitude para a 
compreensão do conhecimento e em 
busca de aprendizagem integral.
A p r e n d i z a g e m 
Integrada, Integral 
ou Integradora
Visa garantir a construção de um conhecimento global, 
rompendo com os limites das disciplinas.
Interdisciplinaridade
Fazenda (1994) fortalece essa ideia quando fala das atitudes de um “professor 
interdisciplinar”: 
Entendemos por atitude interdisciplinar, uma atitude diante de 
alternativas para conhecer mais e melhor; atitude de espera 
ante os atos consumados, atitude de reciprocidade que impele 
à troca, que impele ao diálogo – ao diálogo com pares idênticos, 
com pares anônimos ou consigo mesmo – atitude de humildade 
diante da limitação do próprio saber, atitude de perplexidade 
ante a possibilidade de desvendar novos saberes, atitude de 
desafio – desafio perante o novo, desafio em redimensionar o 
velho – atitude de envolvimento e comprometimento com os 
projetos e com as pessoas neles envolvidas, atitude, pois, de 
compromisso em construir sempre da melhor forma possível, 
atitude de responsabilidade, mas, sobretudo, de alegria, de re-
velação, de encontro, de vida (FAZENDA, 1994, p. 82). 
Já o conceito de...
45
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogia unidade III
Assim para trabalharmos de uma maneira transdisciplinar, em que sejam 
abordados conteúdos que se coloquem para além das disciplinas e para o 
espaço, para além da sala de aula, em que o estudo não destaque uma ou 
outra área como sendo a mais importante, mas o resultado global como 
foco do interesse.
Engloba não só os conteúdos disciplinares, 
mas ações e conhecimentos que se colocam 
entre, através e além das disciplinas. 
Refere-se à aplicação daquilo que está 
ao mesmo tempo entre as disciplinas, 
através das diferentes disciplinas e 
além de qualquer disciplina.
Está envolvida com a compreen-
são do mundo presente a partir de 
vários olhares, que se alimenta dos 
conhecimentos de várias áreas.
Transdisciplinaridade
Interdisciplinaridade e transversalidade como dimensão da ação pe-
dagógica de Marcos Clair Bovo, disponível na midiateca.
 Além de ser uma leitura essencial, ela irá complementar seus conheci-
mentos e fará parte de nossas discussões nos Fóruns.
Os conceitos de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade ainda são muito 
discutidos e muitas vezes uma mesma prática pedagógica pode ser analisada ou 
classificada por alguns, como sendo interdisciplinar e por outros como transdiscipli-
nar, pois, ainda não se tem um consenso sobre quais seriam os critérios para classi-
ficar, em educação, uma prática como sendo transdisciplinar. 
Porém, os temas transversais podem ser trabalhados de forma inter ou trans-
disciplinar. O que podemos considerar como diferença básica é a forma como os 
professores trabalham. Pois, a transversalidade abre espaço para a inclusão de sabe-
res extraescolares, possibilitando a referência a sistemas de significado construídos 
na realidade dos alunos. 
Veremos agora o que nos sugere essa transversalidade.
46
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogiaunidade III
3.2 Os Parâmetros Curriculares e os Temas Transversais
Em 1997, o Ministério da Educação elaborou os PCN (Parâmetros Curriculares 
Nacionais) em que, o Meio Ambiente foi considerado um Tema Transversal e assim, 
passa a ser compreendido como um assunto a ser integrado em todos os níveis do 
ensino formal.
Desta forma, os Parâmetros Curriculares Nacionais, quando propõem uma 
educação comprometida com a cidadania, elegeram, com base no texto da Consti-
tuição, princípios que deveram orientar a educação escolar sendo eles: 
 
• Dignidade da pessoa humana - Implica em respeito aos direitos huma-
nos, repúdio à discriminação de qualquer tipo, acesso a condições de vida 
digna, respeito mútuo nas relações interpessoais, públicas e privadas.
• Igualdade de direitos - Refere-se à necessidade de garantir a todos a 
mesma dignidade e possibilidade de exercício de cidadania. Para tanto há 
que se considerar o princípio da equidade, isto é, que existem diferenças 
(étnicas, culturais, regionais, de gênero, etárias, religiosas etc.) e desigual-
dades (socioeconômicas) que necessitam ser levadas em conta para que 
a igualdade seja efetivamente alcançada.
• Participação - Como princípio democrático, traz a noção de cidadania 
ativa, isto é, da complementaridade entre a representação política tradi-
cional e a participação popular no espaço público, compreendendo que 
não se trata de uma sociedade homogênea e sim marcada por diferenças 
de classe, étnicas, religiosas etc. É, nesse sentido, responsabilidade de 
todos, a construção e a ampliação da democracia no Brasil.
• Corresponsabilidade pela vida social - Implica em partilhar com os po-
deres públicos e diferentes grupos sociais, organizados ou não, a respon-
sabilidade pelos destinos da vida coletiva. (BRASIL, 1997, p.16)
47
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogia unidade III
 
Essa intenção pedagógica passa pela necessidade de que exista 
assim, uma relação de transversalidade, de forma que os assun-
tos abordados se inter-relacionem com a prática pedagógica e 
sejam desenvolvidos de tal maneira que atendam a visão global 
e complexa das questões que envolvem o meio ambiente.
Incorporando os aspectos físicos, his-
tóricos e sociais, envolvendo os temas 
em estudos que abranjam tanto uma 
escala local como uma escala planetá-
ria dos problemas abordados.
Em seu texto sobre a transversalidade o PCN se refere aos Temas Transversais 
esclarecendo que:
Por serem questões sociais, os Temas Transversais têm nature-
za diferente das áreas convencionais. Tratam de processos que 
estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comu-
nidades, pelas famílias, pelos alunos e educadores em seu coti-
diano. São debatidos em diferentes espaços sociais, em busca 
de soluções e de alternativas, confrontando posicionamentos 
diversos tanto em relação à intervenção no âmbito social mais 
amplo quanto à atuação pessoal. São questões urgentes que 
interrogam sobre a vida humana, sobre a realidade que está 
sendo construída e que demandam transformações macrosso-
ciais e também de atitudes pessoais, exigindo, portanto, ensino 
e aprendizagem de conteúdos relativos a essas duas dimensões. 
Nas várias áreas do currículo escolar existem, implícita ou ex-
plicitamente, ensinamentos a respeito dos temas transversais, 
isto é, todas educam em relação a questões sociais por meio 
de suas concepções e dos valores que veiculam nos conteúdos, 
no que elegem como critério de avaliação, na metodologia de 
trabalho que adotam, nas situações didáticas que propõem aos 
alunos. Por outro lado, sua complexidade faz com que nenhu-
ma das áreas, isoladamente, seja suficiente para explicá-los; ao 
contrário, a problemática dos temas transversais atravessaos 
diferentes campos do conhecimento (BRASIL, 1997, p.26). 
48
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogiaunidade III
Assim, podemos inferir que estas questões são sociais e que, portanto são pro-
cessos relacionados a diferentes áreas do conhecimento e que devem ser discutidos 
intensamente pela sociedade, em suas diferentes áreas, sempre em busca de novas 
alternativas que possam trazer soluções para tais problemas, que certamente de-
mandam ações de grande abrangência, mas também atitudes pessoais e que tanto 
uma dimensão como a outra podem ser desenvolvidas a partir da aprendizagem dos 
conteúdos trabalhados. 
A ética, o meio ambiente, a orientação 
sexual, a pluralidade cultural e a saúde.
Foram eleitos como 
Temas Transversais:
Ligados pela cidadania e sempre apontando para a necessidade de que 
tais temas fossem trabalhados de forma contínua, sistemática, abrangente 
e integrada e não como áreas ou disciplinas, recomendando que sejam 
integrados ao currículo por meio da transversalidade, o que traria 
condições para que estivessem presentes em todas as áreas e pudessem 
relacionar as questões da atualidade ao contexto e convívio escolar.
Segundo o PCN (1997), os temas eleitos tem por objetivos, possibilitar uma 
visão ampla e consistente da realidade brasileira e sua inserção no mundo, além de 
desenvolver um trabalho educativo que possibilite uma participação social dos alu-
nos, e para a eleição dos Temas Transversais foram utilizados os seguintes critérios: 
Temas que abrangessem questões graves que estivessem 
envolvidos com a concretização da cidadania, colocando em 
risco a dignidade das pessoas e deteriorando sua qualidade 
de vida.
Urgência Social
49
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogia unidade III
Uma preocupação com a escolha de temas que fossem 
pertinentes a todo o território nacional, estando assim em 
condições de serem relacionados a realidade local. 
Abrangência Nacional
Escolhendo temas possíveis de serem desenvolvidos nesta 
etapa da escolarização.
Possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino 
fundamental
Esse critério está relacionado ao objetivo final de todo o 
trabalho: que os alunos possam desenvolver a capacidade 
de posicionar-se frente a questões que interferem na vida 
coletiva, superar a indiferença e intervir de uma forma 
responsável.
Favorecer a compreensão da realidade e a 
participação social
O PCN (1997) considera ainda que devido à importância da temática ambiental, 
que se torna imprescindível oferecer condições para que cada um dos alunos possa 
compreender os fatos naturais e humanos relacionados ao Meio Ambiente adotando 
posturas pessoais e comportamentos sociais de respeito e colaboração com a cole-
tividade e consigo mesmo, buscando uma sociedade que seja ambientalmente sus-
tentável e socialmente justa, esse conceito não está apenas relacionado à temática 
do Meio Ambiente, mas também a Ética, a Pluralidade Cultural, a Orientação Sexual 
e a Saúde.
50
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogiaunidade III
Dica de Leitura:
É essencial para sua formação de educador, que você conheça os Te-
mas Transversais, eles podem ser encontrados em qualquer escola e 
também estão disponíveis na internet no portal do Ministério de Edu-
cação e Cultura (http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ttransver-
sais.pdf) , mas enquanto isso não acontece, reflita sobre a importân-
cia de cada um desses assuntos a partir da leitura dos trechos, um 
referente ao Meio Ambiente, outro à Saúde e por fim, sobre Ética, os 
três foram extraídos do volume dos PCNs referente aos Temas Trans-
versais: 
A vida cresceu e se de-
senvolveu na Terra 
como uma trama, uma 
grande rede de seres interligados, interdependentes. Essa rede entrelaça de 
modo intenso e envolve conjuntos de seres vivos e elementos físicos. Para 
cada ser vivo que habita o planeta existe um espaço ao seu redor com todos 
os outros elementos e seres vivos que com ele interagem, por meio de rela-
ções de troca de energia: esse conjunto de elementos, seres e relações cons-
titui o seu meio ambiente. Explicado dessa forma, pode parecer que, ao se 
tratar de meio ambiente, se está falando somente de aspectos físicos e bio-
lógicos. Ao contrário, o ser humano faz parte do meio ambiente e as relações 
que são estabelecidas — relações sociais, econômicas e culturais — também 
fazem parte desse meio e, portanto, são objetos da área ambiental. Ao longo 
da história, o homem transformou-se pela modificação do meio ambiente, 
criou cultura, estabeleceu relações econômicas, modos de comunicação com 
a natureza e com os outros. Mas é preciso refletir sobre como devem ser es-
sas relações socioeconômicas e ambientais, para se tomar decisões adequa-
das a cada passo, na direção das metas desejadas por todos: o crescimento 
cultural, a qualidade de vida e o equilíbrio ambiental.
MEIO AM
BIENTE
Fonte: Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : apresentação 
dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. 146p. 1. 
Parâmetros curriculares nacionais. 2. Ética : Ensino de primeira à quarta série. I. Título. CDU: 371.214 – 
página 33.
51
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogia unidade III
 
 
O nível de saúde da
s 
pessoas reflete a mane
i-
ra como vivem, num
a 
interação dinâmica ent
re potencialidades indi
viduais e condições de
 vida. 
Não se pode compreen
der ou transformar a s
ituação de um indivídu
o ou 
de uma comunidade se
m levar em conta que e
la é produzida nas relaç
ões 
com o meio físico, soc
ial e cultural. Falar de 
saúde implica levar em
 conta, 
por exemplo, a qualida
de do ar que se respir
a, o consumismo dese
nfreado 
e a miséria, a degrada
ção social e a desnutr
ição, formas de inserç
ão das 
diferentes parcelas da
 população no mundo 
do trabalho, estilos de 
vida pes-
soal. Atitudes favoráv
eis ou desfavoráveis à
 saúde são construídas
 desde a 
infância pela identifica
ção com valores obse
rvados em modelos e
xternos 
ou grupos de referência
. A escola cumpre papel
 destacado na formação
 dos 
cidadãos para uma vid
a saudável, na medida
 em que o grau de esco
laridade 
em si tem associação 
comprovada com o ní
vel de saúde dos indiv
íduos e 
grupos populacionais.
 Mas a explicitação da
 educação para a Saúd
e como 
tema do currículo eleva
 a escola ao papel de f
ormadora de protagon
istas 
— e não pacientes — c
apazes de valorizar a s
aúde, discernir e partic
ipar de 
decisões relativas à sa
úde individual e coletiv
a. Portanto, a formaçã
o do alu-
no para o exercício da 
cidadania compreende 
a motivação e a capacit
ação 
para o autocuidado, a
ssim como a compree
nsão da saúde como 
direito e 
responsabilidade pesso
al e social.
SAÚDE
Fonte: Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : apresentação 
dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. 146p. 1. 
Parâmetros curriculares nacionais. 2. Ética : Ensino de primeira à quarta série. I. Título. CDU: 371.214 – 
página 34.
52
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogiaunidade III
A Ética diz respeito às 
reflexões sobre as con-
dutas humanas. A per-
gunta ética por excelência é: “Como agir perante os outros?”. Verifica-se que 
tal pergunta é ampla, complexa e sua resposta implica tomadas de posição 
valorativas. A questão central das preocupações éticas é a da justiça enten-
dida como inspirada pelos valores de igualdade e equidade. Na escola, otema - Ética encontra-se, em primeiro lugar, nas próprias relações entre 
os agentes que constituem essa instituição: alunos, professores, funcioná-
rios e pais. Em segundo lugar, o tema - Ética encontra-se nas disciplinas do 
currículo, uma vez que, sabe-se, o conhecimento não é neutro, nem imper-
meável a valores de todo tipo. Finalmente, encontra-se nos demais Temas 
Transversais, já que, de uma forma ou de outra, tratam de valores e normas. 
Em suma, a reflexão sobre as diversas faces das condutas humanas deve 
fazer parte dos objetivos maiores da escola comprometida com a formação 
para a cidadania. Partindo dessa perspectiva, o tema - Ética traz a proposta 
de que a escola realize um trabalho que possibilite o desenvolvimento da 
autonomia moral, condição para a reflexão ética. Para isso foram eleitos 
como eixos do trabalho quatro blocos de conteúdo: Respeito Mútuo, Justiça, 
Diálogo e Solidariedade, valores referenciados no princípio da dignidade do 
ser humano, um dos fundamentos da Constituição brasileira. 
ÉTICA
Fonte: Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : apresentação 
dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. 146p. 1. 
Parâmetros curriculares nacionais. 2. Ética : Ensino de primeira à quarta série. I. Título. CDU: 371.214 – 
página 31.
Mas ao final de toda essa conversa, o importante é reconhecer que tanto a 
transversalidade como a interdisciplinaridade, traz a possibilidade de que temas tão 
importantes possam ser vistos de maneira integradora, fazendo parte de todas as 
disciplinas, mas não podemos esquecer de que é essencial que se planeje bem este 
trabalho, que se escolha técnicas, procedimentos e possibilidades pedagógicas para 
que esse espaço seja bem ocupado e que traga questões ambientais abordadas por 
diferentes olhares, diferentes saberes e enfoques como os relacionados a ética e a 
cidadania, os sociais, os ambientais, os culturais, os econômicos e todos os outros 
que possam surgir durante o percurso.
53
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogia unidade III
3.3 Possibilidades Pedagógicas
E na hora de aplicar esse conhecimento, como 
devemos proceder? Como trabalhar de forma 
significativa com os Temas transversais? Como 
tratar do assunto Meio Ambiente na escola?
Os PCNs nos trazem algumas sugestões:
Caberá aos professores mobilizar tais conteúdos em torno de 
temáticas escolhidas, de forma que as diversas áreas não repre-
sentem continentes isolados, mas digam respeito aos diversos 
aspectos que compõem o exercício da cidadania. Ao invés de 
se isolar ou de compartimentar o ensino e a aprendizagem, a 
relação entre os Temas Transversais e as áreas deve se dar de 
forma que: 
• as diferentes áreas contemplem os objetivos e os conteúdos 
(fatos, conceitos e princípios; procedimentos e valores; nor-
mas e atitudes) que os temas da convivência social propõem; 
• haja momentos em que as questões relativas aos te
mas sejam 
explicitamente trabalhadas e conteúdos de campos
 e origens 
diferentes sejam colocados na perspectiva de respon
dê-las.
(BRASIL, 1997, p.28)
54
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogiaunidade III
Uma proposta que se utiliza da transversalidade exige que se tenha consciên-
cia de que o trabalho com os conteúdos deve ser sistematizado no entorno de qua-
tro pontos: 
• os temas não constituem novas áreas, pressupondo um tra-
tamento integrado nas diferentes áreas; 
• a proposta de transversalidade traz a necessidade de a es-
cola refletir e atuar conscientemente na educação de valores 
e atitudes em todas as áreas, garantindo que a perspectiva 
político-social se expresse no direcionamento do trabalho 
pedagógico; influencia a definição de objetivos educacionais 
e orienta eticamente as questões epistemológicas mais ge-
rais das áreas, seus conteúdos e, mesmo, as orientações di-
dáticas; 
• a perspectiva transversal aponta uma transformação da prá-
tica pedagógica, pois rompe o confinamento da atuação dos 
professores às atividades pedagogicamente formalizadas e 
amplia a responsabilidade com a formação dos alunos. Os 
Temas Transversais permeiam necessariamente toda a prá-
tica educativa que abarca relações entre os alunos, entre 
professores e alunos e entre diferentes membros da comu-
nidade escolar; 
• a inclusão dos temas implica a necessidade de um trabalho 
sistemático e contínuo no decorrer de toda a escolaridade, o 
que possibilitará um tratamento cada vez mais aprofundado 
das questões eleitas. (BRASIL, 1997, p.28-29)
Como metodologias podem ser adotadas discussões sobre o que veiculam jor-
nais, revistas, livros, fotos, propagandas ou programas de TV, fazendo uso de aná-
lises críticas dos diferentes materiais usados em situações didáticas, discutindo-os 
com os alunos, elencando outras possibilidades. E sob a orientação dos PCNs, pode-
mos compreender que: 
Assim, não se trata de que os professores das diferentes áreas 
devam “parar” sua programação para trabalhar os temas, mas 
sim de que explicitem as relações entre ambos e as incluam 
como conteúdos de sua área, articulando a finalidade do estu-
55
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogia unidade III
do escolar com as questões sociais, possibilitando aos alunos o 
uso dos conhecimentos escolares em sua vida extraescolar. Não 
se trata, portanto, de trabalhá-los paralelamente, mas de trazer 
para os conteúdos e para a metodologia da área a perspecti-
va dos temas. É importante salientar que os temas formam um 
conjunto articulado, o que faz com que haja objetivos e conteú-
dos coincidentes ou muito próximos entre eles. Por exemplo, a 
discussão sobre o consumo traz objetivos e conteúdos funda-
mentais para a questão ambiental, para a saúde, para a ética. Os 
valores e princípios que os orientam são os mesmos (os da ci-
dadania e da ética democrática) e as atitudes a serem desenvol-
vidas nos diferentes momentos e espaços escolares, ainda que 
possam ser concretizadas em atividades diferentes, são também 
fundamentalmente as mesmas, fazendo com que o trabalho dos 
diferentes educadores seja complementar. (BRASIL, 1997, p.27)
E finalmente, o melhor foco a se contemplar é o da aprendizagem para a par-
ticipação, com a utilização de formas de ensinar que incluam atividades em que os 
alunos possam opinar, se responsabilizar, refletir sobre as consequências de seus 
atos e dos atos dos outros e propor soluções para problemas e conflitos. Segundo 
os PCNs (1997): 
A formação da cidadania se faz, antes de mais nada, pelo 
seu exercício: aprende-se a participar, participando. E a 
escola será um lugar possível para essa aprendizagem se 
promover a convivência democrática no seu cotidiano. No 
entanto, se a escola negar aos alunos a possibilidade de 
exercerem essa capacidade, estará, ao contrário, ensinan-
do a passividade, a indiferença e a obediência cega. (p.37)
Conheça mais:
Acesse a revista Nova Escola, pelo link que está disponível na midiate-
ca e conheça uma experiência interdisciplinar realizada por um grupo 
de professores de uma escola, certamente você vai aprender refletindo 
sobre os avanços e dificuldades desse grupo. 
56
Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogiaunidade III
Aprendemos que:
O compromisso com a construção da cidadania depende de uma prá-
tica educacional voltada para a compreensão da realidade social e 
dos direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal, coletiva 
e ambiental. Os temas transversais se apresentam como um recurso 
para a Ecopedagogia e para a muldisciplinaridade, para interdiscipli-
naridade e para a transdisciplinaridade de acordo com as áreas do 
conhecimento,sendo importante os conteúdos ligados a prática da 
vida real, social e comunitária do aluno. A ética e a cidadania são te-
mas que devem estar inter-relacionados aos que são tratados em eco-
pedagogia contribuindo para a qualidade da construção de saberes e 
valores cognitivos, afetivos e sociais.
Referências da unidade III
BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. PCNs: apresentação dos Temas Transver-
sais. Secretaria de Educação Fundamental, Brasília, MEC/SEF, 1997.
FAZENDA, Ivani C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 4. ed. Campi-
nas: Papirus, 1994.
MORAES e TORRE, S. DE LA. Sentipensar: fundamentos e estratégias para reencan-
tar a educação. Petrópolis: Vozes, 2004.
PAVIANI, Jayme. Interdisciplinaridade: conceitos e distinções. Ed. rev. 2. Caxias do 
Sul: Educs, 2008.
57
Temas e Debates em Ecopedagogia unidade IV
4Unidade IV
Temas e Debates em Ecopedagogia
4.1 A Terra é uma unidade única 
Quando pensamos em uma educação que contemple o meio ambiente em 
toda a sua complexidade, devemos ter clareza que isto só se concretizará se conse-
guirmos contagiar os currículos escolares no entendimento de que somos parte de 
um todo, que abrange todas as formas de vida e todas as coisas que habitam um 
mesmo lugar, o Planeta Terra.
 
Nesse contexto, emerge o conceito de susten-
tabilidade, que tem sido foco de debates e es-
tudos, com vistas a procurar alternativas para 
reorientar os modos como o ser humano mo-
vimenta suas formas de ser, estar, fazer, agir e 
pensar no e sobre o mundo, entendendo que:
58
Temas e Debates em Ecopedagogiaunidade IV
Sustentabilidade é toda ação destinada a manter as condições 
energéticas, informacionais, físico-químicas que sustentam to-
dos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida, 
a sociedade e a vida humana, visando sua continuidade e ain-
da atender as necessidades da geração presente e das futuras, 
de tal forma que os bens e serviços materiais sejam mantidos e 
enriquecidos em sua capacidade de regeneração, reprodução e 
coevolução. (BOFF, 2012, p.07)
 
Implantar uma ação educativa que aborde estas questões é urgente, o que não 
pode, segundo Boff (2012, p.97), se restringir ao puro e simples ambientalismo, o que 
seria um reducionismo que dificultaria a compreensão mais ampla do entendimento 
de sustentabilidade em sua complexidade, que abrange diversas dimensões que se 
inter-relacionam e se influenciam mutuamente.
Assim, o autor destaca que:
 
A ecologia Abrange também
• O meio social (ecologia social), 
• A mente humana (ecologia mental), 
• A produção industrial (ecologia industrial), 
• As cidades as quais Boff (2012, p.97), denomina “ecologia urbana”,
• Entre outros aspectos, questões que ainda se mostram como um 
desafio no âmbito da educação básica.
A maneira predatória que o sistema 
capitalista, apoiado no consumo de 
bens e serviços, coloca em risco a 
continuidade da vida humana no planeta Terra, 
perspectiva essa apontada por vários estudos e pesquisas, questões que nos desafiam a repensar as nossas formas de viver, habitar e explorar o plane-ta, em pensar como queremos nossa relação com o ambiente que nos cerca.
59
Temas e Debates em Ecopedagogia unidade IV
É comum que nos contextos escolares tais aspectos sejam contemplados de 
forma superficial, acrítica, de maneira “romântica” ao apresentar as questões am-
bientais de maneira fragmentada, descontextualizada, sem correr o risco de ampliar 
o debate que colocaria em foco os sistemas de produção, a distribuição do capital 
etc., que estão intimanete ligadas a uma visão de sustentabilidade séria e compro-
missada com o planeta.
Uma educação que vise proporcionar ao aluno formas de perceber, desvelar, 
descobrir, refletir sobre estas questões é fundamental para que a crítica se es-
tabeleça o que potencializa as mudanças de posturas, atitudes, 
crenças e valores que podem desencadear processos de 
mudanças e transformações objetivando mostrar o pla-
neta como um espaço/universo sustentável, em que 
se respeite a vida humana e de todos os seres vivos.
Tais aspectos nos reportam a pensar nos valores éticos que devem permear 
uma educação que vise à constituição e a construção de um mundo sustentável e 
que promova uma vida de qualidade para todos, o que só será possível se o homem 
se sentir parte deste todo e por ele se responsabilizar.
4.2 O ser humano é parte da natureza
Entendemos que educar para a sustentabilidade consiste em desenvolver as 
potencialidades humanas, formar o “ser” como um agente participativo, correspon-
sável pelo mundo do qual é parte, visto que:
a sensação de pertencimento à Terra não se inicia na idade adul-
ta e nem por ato de razão. Desde a infância, sentimo-nos ligados 
com algo que é muito maior que nós. Desde criança nos senti-
mos intimamente ligados ao universo e nos colocamos diante 
dele num misto de espanto e respeito. E, durante toda a vida 
buscamos respostas ao que somos, de onde viemos, para onde 
vamos, enfim, qual o sentido da nossa existência. É uma busca 
incessante e que jamais termina. A educação pode ter um papel 
nesse processo se colocar questões filosóficas fundamentais, 
60
Temas e Debates em Ecopedagogiaunidade IV
mas também se souber trabalhar ao lado do conhecimento essa 
nossa capacidade de nos encantar com o Universo. (GADOTTI, 
2007, p.66)
Segundo o autor, hoje temos consciência de que o 
sentido de nossa existência não está apartado do 
sentido do próprio planeta, o que possibilita pen-
sar no desenvolvimento sustentável de forma críti-
ca como um componente educativo, visto que “[...] 
a preservação do meio ambiente depende de uma 
consciência ecológica e a formação da consciência 
depende da educação” (GADOTTI, 2007, p.67).
Esta formação que visa o desenvolvimento de uma educação sustentável pode 
ser desencadeada de várias formas, que segundo Gadotti (2207), transcende a leitu-
ra de textos e produções sobre o tema, sendo essencial propiciar aos educandos 
experiências de aproximação com o mundo circundante, por meio de:
Plantar e seguir o crescimento de uma árvore ou de uma planti-
nha, caminhando pelas ruas da cidade ou aventurando-se numa 
floresta, sentido o cantar dos pássaros nas manhãs ensolaradas 
ou não, observando como o vento move as plantas, sentindo a 
areia quente de nossas praias, olhando para as estrelas numa 
noite escura. Há muitas formas de encantamento e de emoção 
frente às maravilhas que a natureza nos reserva. É claro, existe 
a poluição, a degradação ambiental para lembrar que podemos 
destruir essa maravilha para formar nossa consciência ecológica 
e nos mover à ação. (GADOTTI, 2007, p.68)
É por meio de vivências de aproxima-
ção sensível perante a natureza e o meio 
social que entendemos que uma educação 
para a sustentabilidade pode desencadear 
processos educativos que possibilitem ao 
aluno, reflexões sobre o seu estar no mun-
do, ser parte dele, compreendendo que ele 
também é de sua responsabilidade. 
61
Temas e Debates em Ecopedagogia unidade IV
Nessa perspectiva, a educação para a sustentabilidade pode abordar a questão 
em duas dimensões:
Educação socioambiental
Global Local
Educação socioambiental
Que explore temáticas mais abrangentes 
como mudanças climáticas, rompimento 
da camada de ozônio, chuva ácida, 
destruição de ecossistemas, perda da 
biodiversidade, desertificação, poluição 
dos oceanos, falta de água doce, 
destruição da diversidade da fauna e da 
flora, entre outros.
Que aborda os problemas mais 
próximos vivenciados pelas 
pessoas, como a poluição do ar, 
sonora e visual, o abastecimento 
de água, a questão do lixo, as 
enchentese deslizamento de 
encostas etc.
Pensando a educação por estas duas vias, que se entrelaçam, se influenciam 
e estão intimamente relacionadas, uma forma de potencializar os processos 
educativos seria por meio de estudos voltados para a cidade, o que 
proporciona múltiplas possibilidades para estabelecer debates e reflexões 
que contemplem as relações entre o macro e o micro universo e suas 
relações com o ambiente.
A cidade é um ecossistema urbano instável, heterogêneo e complexo, que 
tem um dinamismo, que pode gerar contribuições para uma Educação 
Ambiental por meio do contexto urbano, partindo da premissa de que:
62
Temas e Debates em Ecopedagogiaunidade IV
[...] o(a)s citadino(a)s são o(a)s verdadeiro(a)s responsáveis por 
dar vida á cidade, fazendo-a e refazendo-a, dando vida à um con-
tínuo movimento construtivo de sua essência, entende-se que 
seja possível, então, analisar a contextura urbana e as possibili-
dades de atuação/inserção da Educação Ambiental nesta a par-
tir da análise das práticas intersubjetivas e de conviviabilidade 
entre seus membros (CARVALHO, 2014, p.14).
Para o autor é fundamental que se ofereça uma formação para as novas ge-
rações que possibilite a constituição de uma consciência ecológica, que estimule a 
preservação do ambiente e do território urbano, que objetive a busca de qualidade 
de vida e bem estar das pessoas que a habitam, pela busca de um “[...] trabalho con-
junto e solidário, onde todos tenham a oportunidade de participar na luta por um 
ambiente melhor” (CARVALHO, 2014, p.15)
Ao contemplar a cidade como foco do processo educativo provoca-se uma 
aproximação do educando às questões mais presentes de suas experiências e vi-
vências cotidianas o que permite o diálogo e a reflexão sobre a realidade ambiental, 
social, cultural etc., que constitui sua localidade e suas relações com o seu país, com 
outros países e com as questões planetárias, que se interferem mutuamente e em 
que estabelecem múltiplas relações.
Desta maneira, ao se estudar a sustentabilidade a partir da cidade abre-se um 
leque de possibilidades de um vasto campo de conhecimentos a partir do mundo 
real, do mundo vivido em várias dimensões problematizadoras, entre as quais des-
tacamos:
A cidade...
...como um ambiente sustentável
O estudo dos bens e serviços presentes na cidade e suas implicações ambien-
tais; organização dos espaços; os equipamentos públicos (praças, parques 
etc.), a estrutura dos bairros e a segregação espacial; as indústrias e a questão 
ambiental etc.
 
 
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Temas e Debates em Ecopedagogia unidade IV
...como território e sua materialidade
As poluições sonoras e visuais; a poluição do ar; o consumo e o lixo urbano; a 
questão da água e do esgoto no espaço urbano; a preservação ambiental dos 
rios e matas que compreendam o espaço da cidade etc.
...como espaço para a organização da vida social
Espaços de inclusão e exclusão social; espaços em que as tensões sociais se 
apresentem, nas diversas formas de violência, conflitos; a saúde pública e a 
degradação ambiental peceptível na falta de saneamento básico; avanço imo-
biliário em áreas de proteção ambiental etc.
Vale lembrar que a Ecopedagogia estruturada pelos princípios da sustentabili-
dade ambiental compreende que as questões ambientais não devem ser entendidas 
de maneira isolada, e sim de forma que as diversas relações entre as dimensões so-
ciais, econômicas, culturais etc., em diálogo com o meio ambiente urbano, rural, das 
florestas, da nossa casa, do nosso bairro, da nossa cidade e do planeta.
Estas dimensões, entre tantas outras possíveis, podem articular um currículo 
voltado para a sustentabilidade, orientando-se por alguns princípios que favoreçam 
o desenvolvimento de uma formação crítica e sensível perante o meio ambiente, 
entre estes princípios destacamos:
A complexidade do território, da vida urbana e as 
questões ambientais em uma perspectiva crítica 
por meio de questionamentos e problematizações 
com o objetivo de construir no educando uma 
consciência crítica planetária;
Contemplar
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Temas e Debates em Ecopedagogiaunidade IV
Nos processos educativos relações entre o local e o 
global para que o aluno amplie o seu olhar perante 
os problemas, impasses e dilemas ambientais mais 
abrangentes, planetários, como também das de-
mandas de seu país, de sua região, da cidade em 
que mora;
Estabelecer
A ação educativa na organização de tempos, espa-
ços e recursos para que a escola, os professores, os 
alunos e a comunidade local possam aprofundar 
seu conhecimento sobre as questões ambientais e, 
sempre que possível a partir de estudos que envol-
vam o entorno da escola, do bairro, da cidade, por 
meio de visitas para a exploração in loco das ques-
tões dos ambientes mais próximos do educando e 
da comunidade em que está inserido.
Potencializar
Toda esta ação educativa que propomos visa à ampliação do conhecimento 
dos educandos amparada por princípios éticos que explicitem as bases nas relações 
que teremos com a natureza. Segundo Puig (2007), só é legítimo atuar no mundo se 
considerando os efeitos que nossas ações interferir no mundo, ou seja, que nossas 
atitudes e comportamentos sejam compatíveis com a permanência da vida humana 
no planeta, pois:
Essa é uma ética preocupada com o futuro, com as gerações que 
ainda não chegaram, com as condições de vida que legaremos a 
eles e com a própria natureza. É preciso inocular responsabilida-
de por nós mesmos, pelos que estão por vir e pelo conjunto do 
planeta Terra (PUIG, 2007, p.75).
Para o autor, aprender a habitar o mundo exige uma mudança de hábitos na 
vida cotidiana que envolve, entre outros aspectos a reaprender a viver, aprender 
uma maneira sustentável de habitar o mundo, o que também envolve a forma como 
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Temas e Debates em Ecopedagogia unidade IV
nos vemos no mundo, o quanto nos responsabilizamos por ele e o como nos relacio-
namos em sociedade, aspectos que discutiremos a seguir.
Mas antes:
Conheça mais:
Acesse: A carta da Terra como instrumento educativo e inspirador na 
construção de sociedades sustentáveis, de Valéria Viana, disponível na 
midiateca. Nele você vai encontrar um material riquíssimo sobre Edu-
cação Ambiental e Ecopedagogia.
Um livro no formato digital que se chama Histórias de aprender-e-
-ensinar para mudar o mundo. O livro descreve um Projeto chamado 
Jovem cidadão amigo da natureza: um projeto em permanente cons-
trução. Você encontra o histórico, textos de embasamento teórico, um 
caderno de atividades e sugestões de atividades.
Não é necessário que você faça a leitura dele como um todo, de uma 
vez só, procure conhecê-lo e leia alguma das partes que lhe interessar 
mais, certamente se sentirá motivado a ler mais.
Ao logo desta unidade recomendarei dois textos para você compreen-
der melhor o assunto.
Leia o texto:
As relações entre a educação para a sustentabilidade, transdisciplina-
ridade e organização em redes sociais ou uma escola possível. – Valé-
ria Viana Labrea. (páginas de 41 a 45) no projeto citado acima.
Este texto também será utilizado em nossas questões de avaliação e 
para discussão nos fóruns.
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Temas e Debates em Ecopedagogiaunidade IV
4.3 Aprender a viver juntos
Guitiérrez e Prado (2013) defendem que os seres humanos devem estar em 
processos de criação e recriação permanentes por meio das relações entre os indiví-
duos, com os grupos, com as instituições e governos locais etc., com vistas a concre-
tizar uma cidadania ambiental.
É no âmbito das relações, por meio do debate, do diálogo, pela participação 
efetiva das pessoas nas questões que afetam o mundo, seu país, sua cidade, suacomunidade, que mudanças de posturas e de comportamentos podem se efetivar, 
ou seja, pelo processo de conscientização de que a responsabilidade por tudo o que 
nos cerca e dos rumos do planeta Terra nos impõe uma nova forma de nos relacio-
narmos com os outros, com o meio social e com o planeta que nos acolhe.
Nesse sentido, a educação também deve se preocupar 
com a formação ética das novas gerações, tendo a 
clareza que os processos educativos também educam 
para formas de ser e de conviver em sociedade, visto 
que: 
O ser humano é uma obra aberta. Ele pode estar sempre se re-
criando. Ele deve estar sempre se recriando. Ele está sempre 
se recriando. O ser humano é o autor ou coautor da obra de si 
mesmo. O ser humano é uma vocação para o diálogo. Pois, é 
no enconto, é na comunicação, é na interação solidária consigo 
mesmo e com os outros – outros seres humanos e outros seres 
de vida -, é no diálogo com o seu mundo e com os seus misté-
rios, que ele realiza a si mesmo, realizando-se com o outro e no 
outro (BRANDÃO, 2005, p.108-109). 
A partilha da vivência neste local e o estabelecimento de 
padrões éticos para a convivência com os outros, com o 
mundo e com o planeta necessita de parâmetros e apren-
dizagens, para a constituição de uma ação humanizadora e 
responsável no âmbito social, visto que necessitamos supe-
rar o impasse ético que se instituiu com a crise de valores e 
a crise de sentido as quais estamos expostos na atualidade.
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Temas e Debates em Ecopedagogia unidade IV
 
Puig (2007) entende que aprender 
a conviver com o outro, o que de-
nomina de alter-ética, consiste em 
reconhecê-lo, aceitá-lo e acolhê-lo 
como ele se mostra, como ele é.
Isso compreende aceitar suas formas 
de ser, sentir, fazer as coisas, enfim de 
viver, em uma convivência permeada 
pelo respeito mútuo, aceitação, soli-
dariedade, confiança e diálogo.
A educação para se constituir como um espaço de formação em uma perspec-
tiva democrática, que instige o educando a participar do debate, a construir ações 
em defesa da vida e do ambiente de forma crítica, sensível e criativa só se efetiva 
se considerar no trabalho pedagógico relações interpessoais humanizadas, uma vez 
que nos ambientes educativos não aprendemos só os conteúdos escolares, aprende-
mos também a ler o mundo, a viver nele, a conviver com os outros.
Espera-se que as relações entre os sujeitos que transitam na escola sejam am-
paradas por princípios éticos e por valores que aprimorem o viver coletivo, o senti-
mento de solidariedade, de respeito, de inconformidade com as desumanidades pre-
sentes no mundo contemporâneo, para que se consiga desvelar o mundo em suas 
grandezas, incoerências, inconsistências, contradições etc. e que assim se prime pela 
busca de um mundo melhor para todos, em que se respeite todas as formas de vida 
e o planeta como um todo.
Para continuar esse assunto siga as orientações contidas nos ícones a seguir.
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Temas e Debates em Ecopedagogiaunidade IV
Conheça mais:
Assista ao vídeo: A carta da Terra – do Instituto Akatu, disponível na 
midiateca. Você vai compreender um pouco mais sobre isso.
Leia o texto:
A carta da Terra como instrumento educativo e inspirador na constru-
ção de sociedades sustentáveis. – Mirian Vilela. (páginas 77 a 81)
Este texto também será utilizado em nossas questões de avaliação e 
para discussão nos fóruns.
Pense sobre o que leu, pense sobre o que viu!
Pense sobre o planeta e sobre como você pode fazer para participar 
desse movimento tão importante.
Uma dica está na animação - Meio ambiente pequenas ações e gran-
des preocupações, disponível na midiateca. 
4.4 Aprender a cuidar de todos
Se buscamos uma educação que colabore 
para a construção de um mundo mais solidário, 
humanizado e justo, é preciso que sejam garan-
tidos tempos e espaços no âmbito educacional 
que ampliem o debate sobre que tipo de mundo 
gostariamos de construir e como nos vemos nele.
Tais aspectos se voltam para o cuidar, o cuidar 
de si, cuidar do outro, das relações que estabelece-
mos com o mundo físico e social. Boff (2013) destaca 
que o cuidar nas relações sociais se efetiva pelo diá-
logo, pelo o qual o ser humano constrói suas relações 
com outro humano, que é concreto, que tem um ros-
to, uma história, sendo que:
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Temas e Debates em Ecopedagogia unidade IV
O rosto possui um olhar e uma irradiação da qual ninguém pode 
subtrair-se. O rosto e o olhar lançam sempre uma pro-posta em 
busca de uma res-posta. Aqui encontramos o lugar do nascimen-
to da ética, que reside nessa relação de res-ponsa-bilidade dian-
te do rosto do outro, [...]. É na acolhida ou na rejeição, na aliança 
ou na hostilidade para com o rosto do outro que se estabelecem 
as relações mais primárias do ser humano e se decidem as ten-
dências de dominação ou de cooperação (BOFF, 2013, p.163). 
Assim, o cuidar do outro consiste em acolhê-lo, zelar pelo seu bem estar, esta-
belecer um compromisso ético de não dominação que, a partir das diferenças entre 
as pessoas, as una, tendo como perspectiva priorizar o social sobre o individual ob-
jetivando a constituição de pessoas mais sensíveis para com o outro, com todas as 
formas de vida e com o planeta como um todo.
Há a necessidade de sentir o mundo, sentir o outro, sentir as formas de in-
tervenção que estão presentes no mundo e em nossa vida cotidiana. Precisamos 
potencializar nossa capacidade de sentir, uma vez que a repressão da sensibilidade 
humana, que vem se consolidando desde a sociedade industrial e se intensifica na 
contemporaneidade, foi o que, segundo Duarte Jr (2003), proporcionou certa aneste-
sia no ser humano, ou seja, a negação do sensível, o que gerou uma incapacidade ou 
impossibilidade de sentir, pois:
[...] não basta a estimulação desenfreada dos sentidos e dos 
sentimentos sem o contraponto da reflexão acerca deles. É pre-
ciso sentir, ser estimulado nas múltiplas formas sensoriais pos-
síveis, mas é necessário prestar atenção ao que se sente, pensar 
naquilo que os estímulos provocam em nós e no papel desses 
sentimentos no correr de nossa vida em sociedade (DUARTE JR, 
2003, p.218).
O cuidar está associado às formas como o mundo nos afeta, ao como sentimos o 
mundo, aos valores éticos e morais que orientam nossas ações e atitudes, visto que, 
como explicíta Boff (2013), sentimos a falta de cuidado por toda a parte, questões 
estas que afetam todas as dimensões que cons-
tituem a vida, e que necessitam uma reorienta-
ção com o intuito de construir uma sociedade 
que valorize as questões éticas nas relações 
com o outro, com a sociedade e com a Terra.
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Temas e Debates em Ecopedagogiaunidade IV
É nesse contexto que evidenciamos a relevância de se pensar na formação 
das futuras gerações segundo estes princípios, como forma de humanizar a vida, as 
relações, que necessitam de cuidado, acolhimento e zêlo perante aos problemas que 
vivenciam e às respostas que precisam ser dadas para a consolidação de um ambien-
te mais saudável e de uma vida digna para todos.
Dica de Filme:
Pense sempre em seu papel como ser humano e como educador, disso 
dependerá muitas das mudanças que esperamos ver.
Assista a animação: HOMEM, disponível na midiateca.
Aprendemos que:
O planeta depende das ações dos homens, sua preservação depende-
rá da mudança nas formas de pensar o consumo, a sustentabilidade 
e a preservação. Precisamos entender que cuidar de nossa parte faz 
muita diferença no resultado final, entender o que acontece perto da 
gente faz com que também possamos entender os macros problemas 
do planeta. O cuidar implica numa atitude de afeto, solidariedade e 
zêlo, pelo outro e por tudo que vive noplaneta Terra. A sustentabi-
lidade é o caminho para a preservação ambiental. Precisamos com 
urgência mudar nossos hábitos e atitudes. A educação é o caminho 
para que a mudança aconteça, precisamos cuidar do Planeta e das 
novas gerações.
 
Referências da unidade IV
BOFF, Leonardo. Saber cuidar. Petrópolis, RJ: Vozes. 2013. 
_____. Sustentabilidade: o que é, o que não é. Petróplolis, RJ:Vozes, 2012.
BRANDÃO, Carlos R. A canção das sete cores: educando para a paz. São Paulo:Con-
texto, 2005.
CARVALHO, Vilson S. de. Educação ambiental urbana, Rio de janeiro:Wak, 2014.
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Temas e Debates em Ecopedagogia unidade IV
DUARTE JR, João Francisco. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. Curiti-
ba:Criar, 2003.
GADOTTI, Moacir. A ecopedagogia como pedagogia apropriada ao processo da 
Carta da Terra. In: Marinho, K.M.; LABREA, V.V. Histórias de aprender e ensinar para 
mudar o mundo. Paulinia, SP: Instituto BIOMA, 2007.
PUIG, Josep. M. Aprender a viver. In: ARANTES, V. A.(org). Educação e Valores. São 
Paulo:Summus. 2007. 
	Apresentação
	O Professor
	Introdução
	1Unidade I
	O mundo atual e a sustentabilidade
	1.1 O mundo contemporâneo
	1.2 Sustentabilidade e desenvolvimento
	1.3 As reações aos dilemas socioambientais e a educação
	1.4 A Carta da Terra 
	Referências da unidade I
	2Unidade II
	A Ecopedagogia
	2.1 Conceito de Ecopedagogia
	2.2 A Cidadania Planetária 
	2.3 A educação cidadã 
	Referências da unidade II
	3Unidade III
	Princípios para uma ação pedagógica em ecopedagogia
	3.1 A interdisciplinaridade e a transversalidade 
	3.2 Os Parâmetros Curriculares e os Temas Transversais
	3.3 Possibilidades Pedagógicas
	Referências da unidade III
	4Unidade IV
	Temas e Debates em Ecopedagogia
	4.1 A Terra é uma unidade única 
	4.2 O ser humano é parte da natureza
	4.3 Aprender a viver juntos
	4.4 Aprender a cuidar de todos
	Referências da unidade IV

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