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Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Prezados (as) alunos (as), Neste primeiro capítulo, discutiremos a atuação do psicólgo no âmbito judicial, como surgiram as primeiras demandas de avaliação psicológica neste contexto e as atuais críticas acerca deste trabalho. Visando o desenvolvimento dos nossos estudos sobre a elaboração de laudos psicológicos, apresentaremos a legislação que regulamenta o exercício profissional do psicólogo jurídico. Em seguida, faremos uma discussão sobre a confecção de laudos a partir da apresentação comentada de exemplos de escrita, estudos e reflexões de casos práticos, que terão como tema principal a alienação parental nas ações de regulamentação de visitas. Ao final do capítulo teremos exercícios para fixação dos assuntos abordados e sugestões de bibliografia. Desejo a todos(as) um proveitoso estudo e conto com a contribuição de vocês para incrementar nossas discussões! Laudi Índice 1- Introdução à Psicologia Jurídica 2- A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial 3- Código de Processo Civil. Lei 13.105 De 13 de março de 2015 4- Estatuto da Criança e do Adolescente 5- Relatório Psicológico 6- Alienação Parental 7- Textos Complementares (anexo) 8- Referências Bibliográficas 9- Exemplo de Laudo Psicológico - Comentado 10- Estudo de Caso 11- Atividade Prática 12- Estudo Dirigido Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 1. Introdução à Psicologia Jurídica Segundo PORTILLO (1993), o direito pode ser definido como um “conjunto de leyes, preceptos e reglas a que están sometidos los hombres en su vida social. Ciencia que estudia las leyes y su aplicación.” (p.1). O mesmo autor define psicologia como “ciencia que estudia el comportamiento humano em el más vasto sentido, abarca toda las actividades, sentimientos y razones de las personas”. (p.1). Assim, a psicologia e o direito têm em comum o objeto de intervenção, ou seja, o homem e seu comportamento. Historicamente, a intervenção da psicologia no campo do direito ocorreu de forma a procurar responder aos propósitos de identificação de culpabilidade, responsabilidade, recuperação, reincidência, anomalias de caráter e de personalidade. Essa vertente da psicologia jurídica foi influenciada pelo ideal positivista e responde à demanda de fornecer uma prova ao processo judicial. A tarefa do psicólogo, nessa perspectiva, consiste em descobrir as causas subjetivas que acarretam os comportamentos desviantes das normas sociais e indicar as técnicas terapêuticas que possam alterar o comportamento anormal. A fim de melhor atender a este modelo foram desenvolvidas, na década de 50, várias técnicas de detecção de mentiras e investigação de periculosidade. Seguindo esta tendência, nas Varas Criminais, os laudos e exames são solicitados com o objetivo de se determinar a responsabilidade do acusado por um crime e de se verificar seu estado mental no momento do crime. Após a criação das Varas de Família, nas décadas de 70/80, o psicólogo também foi chamado a atuar nessa área. Pesquisas realizadas com profissionais do direito e da psicologia revelam que os conflitos emocionais advindos da separação de casais dificultam os procedimentos judiciais. A solicitação aos psicólogos para uma descrição das condições mentais de cada membro do grupo familiar, um diagnóstico e um prognóstico acerca da personalidade dos indivíduos demarcam um trabalho fundamentado nos moldes tradicionais, num modelo calcado em ideários positivistas. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia Críticas a esse modelo têm sido feitas há vários anos. Questiona-se a necessidade de que a psicologia jurídica esteja atrelada à verificação experimental. Além disso, aponta-se a existência de perícias contraditórias que mostram que a psicologia não é uma ciência exata. Critica-se também o fato de que as perícias podem reproduzir preconceitos e estereótipos sociais sobre grupos considerados marginais, emitindo um julgamento sobre o indivíduo do qual ele não pode se defender. Na área de família, critica-se o fato de que a perícia, muitas vezes, funciona como um incentivador dos conflitos e não como um atenuador ou solucionador dos litígios. Isto porque, na perícia, a pessoa busca acusações a serem feitas contra a outra parte, numa tentativa de provar sua inocência e/ou de ser o vencedor de uma demanda judicial. Em função dessas reflexões surgem, na área de família, várias propostas de um trabalho diferenciado, como estudo psicológico, mediação, conciliação, acompanhamento de visitas; visando uma atuação que possa fomentar a saúde mental dos envolvidos nas ações judiciais, minimizar os conflitos interpessoais e estimular a autonomia dos indivíduos. Mesmo no enfoque pericial, existem sugestões de se trabalhar com as partes com o objetivo de favorecer relações familiares mais saudáveis, através de entrevistas de orientação, de entrevistas devolutivas, bem como da elaboração de laudos pautados nos princípios técnicos e éticos da psicologia, evitando-se, por exemplo, exposições desnecessárias dos envolvidos nos processos judiciais. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 2. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Conforme documento referente às atribuições do psicólogo no Brasil, enviado, em 1992, pelo Conselho Federal de Psicologia ao Ministério do Trabalho, para compor o Catálogo Brasileiro de Ocupações – CBO, o psicólogo jurídico tem as seguintes atribuições gerais: Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças, adolescentes e adultos em conexão com processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de crianças ou determinação da responsabilidade legal por atos criminosos. Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, justiça do trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias a serem anexadas aos processos. Na área específica de família, o psicólogo, dentre outras atividades: Realiza atendimento psicológico através de trabalho acessível e comprometido com a busca de decisões próprias na organização familiar dos que recorrem a Varas de Família para resolução de conflitos. Realiza orientação psicológica a casais, antes da entrada de petição, assim como nas audiências de conciliação. Realiza atendimento a crianças envolvidas em situações que chegam a instituições de Direito, visando a preservação de sua saúde mental. Auxilia os juizados próprios na avaliação e assistência psicológica de menores e seus familiares. Colabora com a justiça e apresenta, quando designado ou intimado, laudos,pareceres, depoimentos, etc, que favoreçam a interpretação e a aplicação da Lei. Acesse: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTitulo.jsf A atuação do psicólogo jurídico (perito e assistente técnico) está prevista e regulamentada pelas seguintes leis e resoluções: Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia Código de Processo Civil. Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, com alterações. Estatuto da criança e do adolescente. Lei n.° 8.069, de 13 de julho de 1990. Lei n° 11.698, de 6 de junho de 2008. Dispõe sobre a guarda compartilhada. Lei n 13.058 de 22 dezembro de 2014. Altera os arts. 1.583, 1.584, 1.585 e 1.634 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) para estabelecer o significado da expressão "guarda compartilhada" e dispor sobre sua aplicação. Lei n° 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei n.° 8.069, de 13 de julho de 1990. Resolução CFP N.° 007/2003. Manual de Elaboração de Documentos Decorrentes de Avaliações Psicológicas. Resolução CFP N.° 010/05. Código de Ética Profissional do Psicólogo. Resolução CFP N.° 008/2010. Dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciário. Resolução CFP N.º 017/2012. Dispõe sobre a atuação do psicólogo como Perito nos diversos contextos. Considero fundamental para o trabalho do psicólogo, que atua no contexto judicial, o conhecimento da legislação sobre esta matéria, seja para o desenvolvimento de suas atividades ou para, quando necessário, apresentar algum esclarecimento sobre sua atuação. Pessoas envolvidas num processo judicial, através de seus representantes legais, podem questionar, por exemplo, os procedimentos técnicos utilizados pelo psicólogo, ou requerer a participação de um assistente técnico nas entrevistas realizadas pelo perito. Podem ocorrer tentativas de impugnação do laudo do perito que não estabeleceu contato com o assistente técnico, antes de iniciar suas avaliações. Em outros casos, podem questionar a formação acadêmica de um assistente técnico ou o grau de parentesco deste último com a parte que o contratou. Em todas as circunstâncias supracitadas, faz-se necessário o conhecimento e, em alguns casos, a transcrição das leis para justificativa sobre a condução do trabalho. Portanto, caros alunos, sejam persistentes, leiam todas estas leis e resoluções, com atenção. Espero que vocês tomem gosto por esses documentos, os quais nos fortalecem e proporcionam segurança para o desenvolvimento de nossas atividades profissionais. Ademais, essas leis poderão estimular nossas discussões durante este curso. Não se esqueçam, precisamos ler muito, pesquisar as matérias referentes à nossa área de atuação e acompanhar os assuntos que estão disponíveis na mídia e podem suscitar curiosidade e algumas opiniões errôneas sobre os objetivos do nosso trabalho. Atualmente, existe um interesse da população pelo tema “Alienação Parental”, que possui uma lei própria, prevendo a realização de perícia psicológica ou biopsicossocial, com indicação dos procedimentos técnicos para avaliação psicológica. Para facilitar nossos estudos serão apresentados os principais artigos do Código de Processo Civil relacionados à atuação do perito e do assistente técnico, os quais tratam de perícias de um modo geral. Depois, descreveremos os artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente que também tratam da perícia psicossocial, com previsão de recursos para implantação de equipe interprofissional e de suas atribuições e, por fim, transcreveremos o item 3 - Relatório Psicológico - do Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação psicológica, correspondente à Resolução CFP N° 007/2003. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 3. Código de Processo Civil. Lei 13.105 De 13 de março de 2015 (http://livraria.senado.gov.br/e_CPC_2015) Titulo IV Capítulo III – Dos Auxiliares da justiça Art. 149 Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias. Seção II – Do Perito Art. 156 a 158 Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico. § 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. § 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados. § 3º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do cadastro, considerando a formação profissional, a atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia § 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos profissionais que participarão da atividade. § 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia. Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo. § 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la. § 2º Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à consulta de interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a capacidade técnica e a área de conhecimento. Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis. Seção X – Da Prova Pericial Art. 464 a 480 Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. § 1º O juiz indeferirá a perícia quando: I – a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico; II – for desnecessáriaem vista de outras provas produzidas; III – a verificação for impraticável. § 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade. § 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico. § 4º Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa. Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. § 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito: I – arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso; II – indicar assistente técnico; III – apresentar quesitos. § 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias: I – proposta de honorários; II – currículo, com comprovação de especialização; III – contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais. § 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95. § 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos necessários. § 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho. § 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à nomeação de perito e à indicação de assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia. Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. § 1º Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição. § 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição. Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação, nomeará novo perito. Art. 468. O perito pode ser substituído quando: I – faltar-lhe conhecimento técnico ou científico; II – sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. § 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo. § 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos. § 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2º, a parte que tiver realizado o adiantamento dos honorários poderá promover execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e seguintes deste Código, com fundamento na decisão que determinar a devolução do numerário. Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos. Art. 470. Incumbe ao juiz: I – indeferir quesitos impertinentes; II – formular os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da causa. Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante requerimento, desde que: I – sejam plenamente capazes; II – a causa possa ser resolvida por autocomposição. § 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local previamente anunciados. § 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia § 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito nomeado pelo juiz. Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. Art. 473. O laudo pericial deverá conter: I – a exposição do objeto da perícia; II – a análise técnica ou científica realizada pelo perito; III – a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou; IV – resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público. § 1º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões. § 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia. § 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia. Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a produção da prova. Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente técnico. Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação pela metade do prazo originalmente fixado. Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. § 1º As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer. Capítulo1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia § 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias, esclarecer ponto: I – sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público; II – divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte. § 3º Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá ao juiz que mande intimar o perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando, desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos. § 4º O perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência da audiência. Art. 478. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados, a cujos diretores o juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame. § 1º Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os órgãos e as repartições oficiais deverão cumprir a determinação judicial com preferência, no prazo estabelecido. § 2º A prorrogação do prazo referido no § 1º pode ser requerida motivadamente. § 3º Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e da firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas e, na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a autoria do documento lance em folha de papel, por cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação. Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito. Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida. § 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu. § 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira. § 3º A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra. Seção XI – Da Inspeção Judicial Art. 482 Art. 482. Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser assistido por um ou mais peritos. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 4.Estatuto da Criança e do Adolescente Seção II - DOS SERVIÇOS AUXILIARES Art. 150 - Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. Art. 151 - Compete à equipe interprofissional, dentre outras atribuições que Ihe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico. Seção IV - DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA Art. 167 - A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de convivência. Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de responsabilidade (165). Art. 168 - Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 5. Relatório Psicológico A Resolução CFP N° 007/2003 instituiu o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação. O relatório ou laudo psicológico é uma apresentação descritiva acerca de situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica. Como todo DOCUMENTO, deve ser subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de um instrumental técnico (entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame psíquico, intervenção verbal), consubstanciado em referencial técnico-filosófico e científico adotado pelo psicólogo. A finalidade do relatório psicológico será a de apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo da avaliação psicológica, relatando sobre o encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico e evolução do caso, orientação e sugestão de projeto terapêutico, bem como, caso necessário, solicitação de acompanhamento psicológico, limitando-se a fornecer somente as informações necessárias relacionadas à demanda, solicitação ou petição. 2. Estrutura O relatório psicológico é uma peça de natureza e valor científicos, devendo conter narrativa detalhada e didática, com clareza, precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao destinatário. Os termos técnicos devem, portanto, estar acompanhados das explicações e/ou conceituação retiradas dos fundamentos teórico-filosóficos que os sustentam. O relatório psicológico deve conter, no mínimo, 5 (cinco) itens: identificação, descrição da demanda, procedimento, análise e conclusão. 1. Identificação 2. Descrição da demanda 3. Procedimento 4. Análise 5. Conclusão 2.1. Identificação É a parte superior do primeiro tópico do documento com a finalidade de identificar: O autor/relator – quem elabora; O interessado – quem solicita; O assunto/finalidade – qual a razão/finalidade. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia No identificador AUTOR/RELATOR, deverá ser colocado o(s) nome(s) do(s) psicólogo(s) que realizará(ão) a avaliação, com a(s) respectiva(s) inscrição(ões) no Conselho Regional. No identificador INTERESSADO, o psicólogo indicará o nome do autor do pedido (se a solicitação foi da Justiça, se foi de empresas, entidades ou do cliente). No identificador ASSUNTO, o psicólogo indicará a razão, o motivo do pedido (se para acompanhamento psicológico, prorrogação de prazo para acompanhamento ou outras razões pertinentes a uma avaliação psicológica). 2.2. Descrição da demanda Esta parte é destinada à narração das informações referentes à problemática apresentada e dos motivos, razões e expectativas que produziram o pedido do documento. Nesta parte, deve-se apresentar a análiseque se faz da demanda de forma a justificar o procedimento adotado. 2.3. Procedimento A descrição do procedimento apresentará os recursos e instrumentos técnicos utilizados para coletar as informações (número de encontros, pessoas ouvidas etc) à luz do referencial teórico-filosófico que os embasa. O procedimento adotado deve ser pertinente para avaliar a complexidade do que está sendo demandado. 2.4. Análise É a parte do documento na qual o psicólogo faz uma exposição descritiva de forma metódica, objetiva e fiel dos dados colhidos e das situações vividas relacionados à demanda em sua complexidade. Como apresentado nos princípios técnicos, “O processo de avaliação psicológica deve considerar que os objetos deste procedimento (as questões de ordem psicológica) têm determinações históricas, sociais, econômicas e políticas, sendo as mesmas elementos constitutivos no processo de subjetivação. O DOCUMENTO, portanto, deve considerar a natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo”. Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação teórica que sustenta o instrumental técnico utilizado, bem como princípios éticos e as questões relativas ao sigilo das informações. Somente deve ser relatado o que for necessário para o esclarecimento do encaminhamento, como disposto no Código de Ética Profissional do Psicólogo. O psicólogo, ainda nesta parte, não deve fazer afirmações sem sustentação em fatos e/ou teorias, devendo ter linguagem precisa, especialmente quando se referir a dados de natureza subjetiva, expressando-se de maneira clara e exata. 2.5. Conclusão Na conclusão do documento, o psicólogo vai expor o resultado e/ou considerações a respeito de sua investigação a partir das referências que subsidiaram o trabalho. As Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia considerações geradas pelo processo de avaliação psicológica devem transmitir ao solicitante a análise da demanda em sua complexidade e do processo de avaliação psicológica como um todo. Vale ressaltar a importância de sugestões e projetos de trabalho que contemplem a complexidade das variáveis envolvidas durante todo o processo. Após a narração conclusiva, o documento é encerrado, com indicação do local, data de emissão, assinatura do psicólogo e o seu número de inscrição no CRP. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 6. Alienação Parental O termo Síndrome de Alienação parental (SAP) foi proposto pelo psiquiatra norte-americano Richard Gardner, em 1985, para descrever a situação onde a mãe ou o pai de uma criança a programa para odiar, para romper a convivência e o vínculo afetivo com o outro genitor. Segundo Gardner, A Síndrome de Alienação Parental (SAP) é um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que faz a “lavagem cerebral, programação, doutrinação”) e contribuições da própria criança para caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança não é aplicável. (GARDNER, 2002). Embora existam polêmicas a respeito da utilização do termo “síndrome de alienação parental” que não foi incluída na versão atual do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – V), publicada em 2013, esse fenômeno tem sido observado por profissionais e pesquisados que se debruçam nos estudos sobre os conflitos familiares, bem como na nossa atuação profissional, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, ao longo dos últimos dezoito anos, mormente, nos processos relacionados à guarda, modificação de guarda, regulamentação de visitas e alteração de cláusula de visitas. O tema alienação parental, há cinco anos aproximadamente, ganhou espaço na mídia nacional, tem sido divulgado por jornais, revistas, emissoras de rádio e de televisão, propiciando alguns comentários equivocados e falsas expectativas quanto à atuação do psicólogo perante esta problemática. A apresentação do tema “alienação parental”, neste curso de laudos psicológicos, tem como objetivo principal estimular os alunos à reflexão e à pesquisa sobre esse fenômeno que pode estar presente nos conflitos decorrentes da separação conjugal e, consequentemente, será objeto de estudo nas avaliações psicológicas junto às varas de famílias. Em 26 de agosto de 2010, foi promulgada a Lei N° 12.318 que dispõe sobre a alienação parental, no art. 5º prevê que “havendo indício de prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia Questionamentos e dúvidas acerca dos procedimentos técnicos a serem adotados para identificação desta problemática têm propiciado discussões entre profissionais e pesquisados. Salientamos que o conhecimento técnico e teórico sobre essa matéria e acerca dos demais temas pertinentes ao contexto das varas de família será decisivo para a qualidade dos laudos psicológicos. A compreensão sobre os conflitos familiares deverá contemplar, além de aspectos psicológicos individuais, as mudanças na concepção de família, as questões sociais que permeiam as relações de gênero. Com essa abordagem, o psicólogo judicial poderá entender os vínculos emocionais, os papéis familiares, humanizando um procedimento judicial que se refere às relações humanas privadas. Poema para ler os litígios conjugais Não te amo mais Estarei mentindo dizendo que Ainda te quero como sempre quis. Tenho certeza que Nada foi em vão. Sinto dentro de mim que Você não significa nada. Não poderei dizer jamais que Alimento um grande amor. Sinto cada vez mais que Já te esqueci! E jamais usarei a frase EU TE AMO! Sinto, mas tenho que dizer a verdade É tarde demais... (leia do fim para o começo) Clarice Lispector Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 7. Textos Complementares (Arquivos em anexo) - Síndrome da Alienação Parental - Gardner_2002 - LEI No 12.318 - Síndrome da alienação parental o que é isso - Revista Jus Navigandi - Doutrina e Pecas Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia8. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Justiça. Código de Processo Civil. Lei n° 13.105, de 13 de março de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5 869. htm>. Acesso em 14-07-2015. BRASIL. Casa Civil. Estatuto da criança e do adolescente. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em 26-11-2011. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação brasileira de ocupações do ministério do trabalho e emprego. Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/ResultadoFamilia.jsf>. Acesso em: 26 – 7 - 2011. BRASIL. Lei nº 11.698, de 6 de junho de 2008 – Dispõe sobre a guarda compartilhada. Brasília, DF; 2008. BRASIL. Lei n 13.058 de 22 dezembro de 2014. Altera os arts. 1.583, 1.584, 1.585 e 1.634 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) para estabelecer o significado da expressão "guarda compartilhada" e dispor sobre sua aplicação. BRITO, L.M.T. Vara de Família: uma questão para psicólogos? Rio de Janeiro: UERJ, 1992 (Dissertação de Mestrado). CONSELHO FEDERAL de PSICOLOGIA Resolução CFP N.° 007/2003. Manual de Elaboração de Documentos Decorrentes de Avaliações Psicológicas. Brasília, 2003. Disponível em http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/legislacao/resolucao/ Acessado em 01- 09-2011. _________________________________Resolução CFP N.° 010/05. Código de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília, 2005. Disponível em http://www.pol.org.br/pol/export/sites/default/pol/legislacao/legislacaoDocumentos/codig o_etica.pdf Acessado em 01- 09 – 2011. _______________________________Resolução CFP N.° 008/2010. Dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciário. Disponível em http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/legislacao/resultadoBusca.jsp. Acesso em 02-09-2011. GONÇALVES, C.R. Direito civil brasileiro: direito de família, v. IV. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 659p. HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. PORTILHO, J. U e MEZQUITA, B.V. (comps). Manual de Psicologia Forense. Madrid: Siglo XXI de Espanha, 1993. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 9. Exemplo de Laudo Psicológico - Comentado O laudo descrito a seguir foi anexado a uma ação judicial de Alteração de Cláusula de Visitas. Dados como profissão da mãe, do pai e escola onde a criança estuda foram omitidos. Destacamos em negrito/itálico parte do laudo, pois identificamos trecho de um texto, que indicamos a seguir, não citado pelo psicólogo autor do referido laudo. Ballone GJ - Abuso Sexual Infantil, in. VirtualPsy, Internet, disponível em <http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CB8QFjA A&url=http%3A%2F%2Fwww.nre.seed.pr.gov.br%2Fumuarama%2Farquivos%2FFile%2Feduc _esp%2F18_abuso_sexual.pdf&ei=ZWEQVLTaFNe7ggS4iYHIDQ&usg=AFQjCNGXJuK7SgaYUw 10Py7RNLXIpiYBBg&sig2=KcoP_aycxClqV-taK-tXuw&bvm=bv.74649129,d.eXY> 2003, ou então clicando aqui. A mãe da criança impetrou a referida ação sob alegação de que o pai não reunia condições para proteger a filha, durante as visitas no ambiente familiar paterno e apresentou o relatório de um psicólogo contratado por ela. O pai apresentou contestação, alegando nunca ter sido informado sobre os fatos apresentados na inicial e negou que o sobrinho de sete anos, que passou um período de férias na residência dele, tenha abusado sexualmente da filha em tela. Solicitou avaliação psicológica com profissional da confiança do juiz. Avaliação Psicológica anexada aos autos pela requerente, ou seja, a mãe da criança. Laudo Psicológico Foi realizada avaliação psicológica com a menor A.S. T. nascida em 08 de setembro de 2006, durante o mês de agosto de 2010, filha de CJT, 38 anos de idade e de R. S, 37 anos de idade. Nesta oportunidade, constatamos que a mesma, detém bom nível intelectual, bom nível de compreensão verbal, falava de forma clara e objetiva diante das questões apresentadas à mesma. A menor encontra-se devidamente matriculada na Escola Particular XXX, onde apresenta satisfatória adaptação e bom relacionamento com os colegas e professores, conforme relato da mãe e da avó materna. Contudo, durante nossos atendimentos, Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia demonstrou certa dificuldade de concentração e traços de insegurança emocional. A mãe e avó materna da menor relatam que a mesma tem apresentado medo de escuro, fica ansiosa e agressiva diante de diversas situações que antes agia normalmente e, nas últimas semanas, ela tem apresentado comportamento de manipulação freqüente do órgão genital. Foi constatado durante a avaliação psicológica que a menor foi vítima de abuso sexual, tendo sido molestada, segundo relatos próprios, pelo primo por parte de pai, V.C.T, de sete anos de idade. “A gente brinca de médico e o V. pega na minha pererequinha, eu pego no piu-piu dele, isto aconteceu várias vezes, minha mãe disse que não posso fazer isso mais não”. Segundo seus relatos, a situação ocorreu várias vezes na casa do pai, situada na favela xx desta Capital, durante suas visitas em finais de semana alternados, porém, não soube indicar quantas vezes foi abusada sexualmente. A criança afirmou que o pai fica trabalhando, nos finais de semana, e a deixa sozinha com o primo e uma vizinha que toma conta deles. Revelou ainda: “Não contei nada pro meu pai”... “agora estou triste”. Destaco que a criança que é vítima de abuso sexual prolongado, usualmente desenvolve uma perda violenta da auto-estima, tem a sensação de que não vale nada e adquire uma representação anormal da sexualidade. A criança pode tornar-se muito retraída, perder a confiança em todos adultos e pode até chegar a considerar o suicídio, principalmente quando existe a possibilidade da pessoa que abusa ameaçar de violência se a criança negar-se aos seus desejos. Na análise dos testes projetivos de personalidade da menor traços de insegurança, ansiedade, e medos estão presentes. Tendo em vista que o melhor interesse da criança e por se perceber a existência de traumas e sequelas na menor, devido ao abuso sexual sofrido por parte do primo paterno, indico a suspensão das visitas à casa do pai e de outros parentes paternos, até que o primo da criança seja submetido a tratamento psicológico, a fim de se evitar novos episódios de violência sexual. Destacamos que a participação do pai na vida da menor será importante num contexto livre de riscos à integridade física, emocional e moral da mesma. Atenciosamente, Psicólogo – CRP xxxxx. Comentários: O Relatório apresenta erros de português, algumas frases impulsionam o leitor a inferências. A redação não está bem estruturada. Não foi apresentada a demanda sobre o relatório apresentado. Qual o motivo dessa avaliação psicológica? Psicodiagnóstico para fins judiciais, para acompanhamento psicoterapêutico? Quem solicitou essa avaliação? A mãe, a avó da criança ou ambas? Conforme a Resolução CFP N.° 007/2003 que instituiu o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, o relatório psicológico deve conter, no mínimo, 5 (cinco) itens: identificação, descrição da demanda, procedimento, análise e conclusão. Ainda que possamos utilizar termos diferenciados ou elaborar um laudo sem identificação explicitados itens apresentados pela Resolução do Conselho Federal de Psicologia, estes dados devem estar contemplados na redação. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia O (a) psicólogo (a) não informou os procedimentos técnicos adotados e não identificou as pessoas que foram entrevistadas, embora ele (a) tenha citado falas da criança, da mãe da criança e da avó materna da criança. O (a) profissional mencionou o uso de testes, mas não os identificou, portanto não podemos consultar se a técnica utilizada está liberada para uso, segundo as normas do Conselho Federal de Psicologia. O (a) profissional afirma ter acontecido um abuso sexual de uma criança de sete anos de idade contra outra de quatro anos de idade, apresenta embasamento teórico sobre o tema, porém não identifica a fonte por ele (a) utilizada. Considerando a faixa etária das crianças existe a possibilidade de dúvidas sobre estão questão que deveriam ter sido esclarecidas com dados de pesquisas e textos científicos. Na confecção do laudo foram descritas falas da criança, que poderiam ter sido evitadas. O (a) psicólogo (a) indica a suspensão das visitas entre a criança e o pai. Não haveria uma alternativa, como, por exemplo, orientação ao pai e manutenção da convivência paterno-filial? O (a) profissional apresenta sugestão de tratamento psicológico para a criança supostamente abusadora. Ela foi avaliada, algum parente desta criança foi entrevistado? Na última frase do relatório, há a sugestão tratamento adequado, porém sem explicitar qual o tratamento e quais as pessoas deveriam ser tratadas. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 10. Estudo de Caso Tema: Regulamentação de Visitas/Alienação Parental Breve Histórico: João Silva e Maria Alice casaram-se em 31/01/2004. Desta união nasceu uma filha. Maria Joana em 20/06/2004. A separação do casal ocorreu após aproximadamente três anos de convivência conjugal, por iniciativa do Sr. João Silva. Em 2008, foi homologada a separação judicial do casal, onde a guarda da filha foi deferida em favor da mãe, cabendo ao pai visitas em finais de semana alternados e em um dia útil da semana, inicialmente, em todas as quartas-feiras, podendo este dia ser alterado, com aviso prévio, visando o melhor interesse da criança. Ademais, o genitor deveria oferecer a título de pensão alimentícia para a filha o valor mensal de quatro salários mínimos. Embora a supracitada determinação ter acontecido com a anuência dos genitores, desde o rompimento matrimonial, foram improdutivas as tentativas do pai de estabelecer convivência com a filha. Diante dos obstáculos impostos pela Sra. Maria Alice, o Sr. João Silva permaneceu afastado da criança, por aproximadamente dois anos, porém manteve, mensalmente, a contribuição financeira para a filha, conforme determinado judicialmente. Em meados de 2010, o Sr. João Silva tentou restabelecer relacionamento com a filha, sem êxito. Diante deste contexto, impetrou ação de regulamentação de visitas, solicitando medidas cabíveis com fulcro na Lei N° 12.318, de 26 de agosto de 2010. A Sra. Maria Alice alega que a filha não deseja estabelecer relacionamento com o pai. Acrescentou não confiar no ex-marido para assumir os cuidados com Maria Joana por ocasião das visitas. Justifica suas restrições relatando que, ao longo do casamento, o Sr. João apresentava comportamento sexualmente compulsivo, tendo, inclusive, se relacionado com algumas diaristas do casal. Destacou seu receio de a filha ser sexualmente molestada pelo pai. O processo referente ao caso supracitado foi encaminhado para avaliação psicológica, com solicitação de apuração da existência de alienação parental e requisição de sugestões para visitação entre pai e filha. Com base neste breve histórico, peço-lhes para indicar os possíveis procedimentos técnicos para realização do estudo psicológico, pensando, sobretudo, nos aspectos a serem abordados no laudo psicológico. Para apoiar esta atividade, sugiro a leitura da lei e dos textos de apoio indicados anteriormente, no item sobre Alienação Parental. Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 11. Atividade Prática Atividade Prática Visando uma reflexão sobre as expectativas dos operadores do direito e dos cidadãos em geral em relação aos laudos periciais sobre o tema “alienação parental”, apresento a notícia e o vídeo abaixo, onde um desembargador concede entrevista sobre esse assunto. Notícia: http://jobhim.blogspot.com/2011/03/alienacao-parental-reversao-da-guarda.html Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=PdsKQKL7N70 Para comentar esta atividade, basta clicar em "responder" Capítulo 1 – Introdução à Psicologia Jurídica. A Regulamentação da Atuação do Psicólogo no Contexto Judicial Laudos Psicológicos nas Varas de Família Prof. Laudi Regina Palha - CRP/04 8040 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 12. Estudo Dirigido Marque Verdadeiro ou Falso para as afirmações abaixo: 1. Independente das características de um processo judicial, os procedimentos técnicos adotados para a avaliação psicológica deverão seguir, rigidamente, o mesmo padrão, os mesmos procedimentos técnicos, a fim de se evitar questionamentos sobre o laudo psicológico apresentado. 2. Para o psicólogo judicial elaborar seu relatório/laudo psicológico é desnecessário o conhecimento sobre as leis de sua área de atuação, desde que o profissional tenha sólida formação técnica e teórica. 3. No contexto das varas de família, o trabalho do psicólogo, exclusivamente pericial, atende aos interesses das pessoas envolvidas nos processos judiciais. 4. Se nomeado pelo juiz, o psicólogo perito não necessita estar inscrito no Conselho Regional de Psicologia. 5. Os assistentes técnicos, por serem de confiança das partes processuais, não estão sujeitos a impedimento ou suspeição. 6. Durante a avaliação psicológica, o psicólogo perito e o assistente técnico podem usar todos os meios necessários, ouvir testemunhas, buscar informações e documentos que estejam em poder de instituições públicas e instruir o laudo com fotos, desenhos e outras peças que julgarem necessários para a situação avaliada. 7. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis. 8. No laudo psicológico, é possível apresentar sugestões para o caso avaliado, tais como, indicação de psicoterapia, proposta de formato de visitação entre pais e filhos. 9. As pessoas envolvidas nos processos de avaliação psicológica deverão ser informadas sobre todos os meios de registro e observação da prática psicológica, tendo em vista as normas do Código de Ética do psicólogo e a legislação profissional vigente.10. A Lei que dispõe sobre a alienação parental determina que o laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor. Gabarito: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 F F F F V V V V V V
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