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HABEAS CORPUS

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRE IDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
IMPETRANTE, nacionalidade, estado civil, advogado, inscrito na OAB n. ______, portador da cédula de identidade n._______ e CPF/MF n.__________, residente e domiciliado na ..., vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, LXVI- II, da CRFB/88 e no art. 647 do CPP, impetrar a presente ordem de 
 
HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR
 
em favor de MARIA DAS DORES FERREIRA, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora da cédula 
de identidade n. _________ expedida por ____________, em ________, inscrita no 
CPF/MF n. ..., residente e domiciliada n a ______ ______. Em face de ato praticado pelo 
senhor Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de___________, pelos motivos que a 
seguir expõe:
I - DOS FATOS 
Maria adquiriu um veículo popular por meio de contrato de arrendamento mercantil (leasing), em 60 prestações de R$ 800,00. A partir da 24ª o de busca e a preensão do veículo, tentativa essa que restou frustrada em face de Maria não possuir o veículo em seu poder, já que o alienara a Pedro. 
O agente financeiro pediu a transformação, nos mesmos autos, da ação d e busca e apreensão em ação de depósito e requereu a prisão de Maria, por ser depositária infiel do referido veículo. O juiz competente determinou a prisão civil de Maria até que ela devolvesse o referido veículo ou pagasse as prestações em atraso. 
Maria não tem mais o veículo em seu poder e perdeu o se u emprego e m virtude da prisão civil. 
Dois dias depois da efetivação da prisão, o advogado contratado interpôs, inicial- mente, recurso de agravo de instrumento contra aquela decisão judicial, o qual não foi conhecido pelo tribunal, diante da ausência de documento imprescindível ao seu processamento. Ingressou com ação de rito ordinário contra Pedro, com pedido de tutela antecipada, visando receber as prestações em atraso, ação essa que foi extinta sem julgamento d e mérito. Ingressou, ainda, com ação d e rito ordinário contra o arrendador, discutindo algumas cláusulas do contrato de arrendamento, ação essa que continua em curso, sem sentença.
II - DO DIREITO 
O art. 5º, § 2º, da CRFB/88, estabelece que os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Neste sentido, Pacto internacional sobre direitos civis e políticos, aprovado pelo Decreto n. 592, de 6 de julho de 1992, estabelece em seu art. 11 que ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual. 
Além disso, o art. 7º, 7 d o Pacto de São José da Costa Rica, disciplina que ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. 
Não se pode olvidar a Súmula Vinculante n. 2 5, editada pelo Supremo Tribunal Federal, em 16 de dezembro de 2009, que traduz: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”. 
O Tribunal concedeu habeas corpus em que se questionava a legitimidade da ordem de prisão, por 60 dias, decretada em desfavor do paciente que, intimado a entregar o bem do qual depositário, não adimplira a obrigação contratual. 
Entendeu-se que a circunstância de o Brasil haver subscrito o Pacto de São José da Costa Rica, que restringe a prisão civil por dívida ao 
descumprimento inescusável de prestação alimentícia (art. 7º, 7), conduz à inexistência de balizas visando à eficácia do que previsto no art. 5º, LXVII, da CF. 
Concluiu-se, assim, que, com a introdução do aludido Pacto no ordenamento jurídico nacional, restaram derrogadas as normas estritamente legais definidoras da custódia do depositário infiel, conforme informativo 531 do Supremo Tribunal Federal. 
No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça assim se manifesta: não cabe prisão civil do devedor que descumpre contrato garantido por alienação fiduciária (Corte Especial, EREsp . 149. 518). Como se pode observar no caso em tela, há ausência de justa causa para a manutenção da prisão da paciente, amoldando-se à previsão legal do art. 648, I, do CPP.
III - DA MEDIDA LIMINAR
A demonstração do fu mus boni iuris se faz necessária à concessão de qualquer liminar, sendo, no caso e m tela, confirmado pela fática prisão ilícita, visto que em consonância com o art. 7º, 7, do Pacto de São José da Costa Rica, ninguém deve ser de- tido por dívidas, salvo em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. 
O periculum in mora, também requisito fundamental da concessão de liminares, fica evidente, ao p asso que a liberdade de locomoção da paciente foi cerceada de forma arbitrária, demonstrando-se verdadeira ilegalidade, justificando-se plena- mente o pedido de liminar.
IV - DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer: 
a) concessão da liminar par a determinar a expedição do alvará de soltura em favor da paciente; 
b) notificação da autoridade coatora par a prestar informações no prazo legal; 
c) seja julgado o mérito e confirmado o pedido liminar, concedendo à paciente seu direito fundamental à liberdade de locomoção. 
 
Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ 1.000,00 ( hum mil reais). 
Nesses termos, 
Pede deferimento. 
Local e data 
 
Advogado

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