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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA. JADHIELE NASCIMENTO REIS, advogada, OAB/BA nº 000000, com escritório na Rua Sérvulo Gonçalves de Moura, S/N, município de Tucano/BA, regularmente constituído pelo instrumento de mandato em anexo, vem perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal e arts.647 e ss. Do CPP, impetrar ordem de HABEAS CORPUS em favor da Sra. MARIA, estado civil X, profissão X, residência e domicílio na rua X, CPF XXXXX-XX e RGXXXXXX.XX, contra ato do Ilustríssimo Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca Tucano, Estado da Bahia, pelos motivos e fatos a seguir aduzidos: DO CABIMENTO Registra o impetrante o cabimento do presente remédio constitucional, que visa garantir o direito de ir e vir da paciente, na forma do disposto no art. 5º, LXVIII, da CF, “in verbis”: “Art. 5º LXVIII –conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violação ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;” DOS FATOS A Paciente adquiriu um veículo popular por meio de contrato de arrendamento mercantil (leasing), em 60 prestações de R$ 800,00. A partir da 24ª prestação, Maria começou a ter dificuldades financeiras e resolveu vender o veículo a Pedro, o qual se comprometeu a pagar as prestações vincendas e vencidas. Tal fato não foi comunicado ao agente financeiro, já que havia o risco de o valor da prestação ser majorado. Pedro deixou de pagar mais de cinco prestações, o que suscitaria rescisão contratual. O agente financeiro houve por bem propor ação de busca e apreensão do veículo, tentativa essa que restou frustrada em face de Maria não possuir o veículo em seu poder, já que o alienara a Pedro. O agente financeiro pediu a transformação, nos mesmos autos, da ação de busca e apreensão em ação de depósito e requereu a prisão de Maria, por ser depositária infiel do referido veículo. Ocorre que o juiz competente determinou a prisão civil da Paciente até que ela devolvesse o referido veículo ou pagasse as prestações em atraso. Maria não tem mais o veículo em seu poder e perdeu o seu emprego em virtude da prisão civil. Registre-se, ainda, que a Paciente ingressou com ação de rito ordinário contra Pedro, com pedido de tutela antecipada, visando receber as prestações em atraso, ação essa que foi extinta sem julgamento de mérito. Ingressou, ainda, com ação de rito ordinário contra o arrendador discutindo algumas cláusulas do contrato de arrendamento, ação essa que continua em curso, sem sentença. A Paciente continua presa. Patente a violação ao seu direito de locomoção, consoante a seguir demonstrado. DO DIREITO O ordenamento jurídico pátrio estabelece que “ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”, conforme art. 5º, LIV, da CRFB. Por sua vez, o inciso LXVII deste mesmo artigo dispõe que: “LXVII –não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;” No caso em tela, a autoridade coatora determinou a prisão civil da Paciente, porém a jurisprudência pátria já se sedimentou no sentido de ser ilícita a prisão civil de depositário infiel, independentemente da espécie de depósito, consoante disposto na Súmula Vinculante 25 do STF, “in literis”: “Súmula vinculante 25. É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”. Daí a patente ilegalidade da coação praticada contra a Paciente, demonstrando a juridicidade do presente remédio constitucional. DOS PEDIDOS Em face do exposto, requer: a) a notificação da autoridade coatora para que preste as informações por escrito; b) a procedência dos pedidos concedendo a ordem para declarar a ilegalidade do ato de prisão, expedindo-se o alvará de soltura em favor da Paciente; c) a juntada dos documentos em anexo. Pede deferimento Tucano/BA, 06 de setembro de 2021. OAB/BA 000000
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