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Imunologia CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MHC I 1 Sumário Introdução ........................................................................................................................ 2 Objetivo ............................................................................................................................ 2 1. Moléculas do MHC da classe I ...................................................................................... 2 1.1. Ligação de peptídeos às moléculas do MHC da classe I ....................................... 4 1.2. Aquisição da carga peptídica pelo MHC da classe I .............................................. 4 2. Processamento de proteínas antigênicas....................................................................4 2.1. Via de processamento e apresentação de proteínas citossólicas do MHC da classe I................................................................................................................................5 Exercícios ......................................................................................................................... 6 Gabarito ............................................................................................................................ 7 Resumo ............................................................................................................................. 7 2 Introdução Como já vimos na apostila, O que é histocompatibilidade (MHC)? a maioria das células T só consegue reconhecer antígenos quando eles estão ligados a estruturas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC). Embora esse processo pareça trabalhoso, apresenta uma grande vantagem em relação aos linfócitos B, já que ao contrário das imunoglobulinas (Ig), os receptores de células T (TCR) conseguem inspecionar o interior da célula e identificar se elas foram infectadas por microrganismos intracelulares, como vírus por exemplo. Aprendemos na apostila anterior que as moléculas do MHC são divididas em 2 grupos: MHC de classe I e MHC de classe II, sendo que a principal diferença entre as duas classes são os compartimentos celulares onde elas adquirem seus carregamentos peptídicos. Nessa apostila veremos as características do MHC de classe I, que apresentam peptídeos originados predominantemente dos compartimentos intracelulares. Objetivo • Caracterizar o MHC de classe I, suas estruturas, organização genômica e ação no sistema imune. 1. Moléculas do MHC da classe I Estrutura de uma molécula do MHC da classe I 3 As moléculas do MHC da classe I são compostas por duas cadeias polipeptídicas ligadas de forma não covalente, por uma cadeia pesada (α), codificada no MHC e por uma subunidade, a microglobulina β2, não codificada no MHC. Cada cadeia α está orientada de modo que cerca de 75% do polipeptídio fique no meio extracelular, conforme representado na figura seguinte. Um curto segmento hidrofóbico atravessa a membrana plasmática e os resíduos carboxiterminais ficam no interior das células, no citoplasma. Os segmentos aminoterminais α1 e α2, que pertencem à cadeia α, interagem de modo a formar uma base de 8 cadeias de folhas β-pregueadas antiparalelas. Essas cadeias sustentam 2 cadeias paralelas de α-hélice. Esse conjunto constitui a fenda de ligação do peptídeo, conforme representado na figura anterior. Esta fenda é grande o suficiente para se ligar a peptídeos de 8 a 11 aminoácidos em uma conformação flexível e estendida. Porém as extremidades da fenda de ligação do peptídeo no MHC de classe I são fechadas, de modo que peptídeos maiores não podem ser acomodados. IMPORTANTE Os resíduos polimórficos das moléculas da classe I são os domínios α1 e α2, que contribuem para variações entre os diferentes alelos da classe I quanto à ligação de peptídeos e ao reconhecimento de células T. O segmento α3 é uma sequência de aminoácidos conservada entre todas as moléculas de MHC classe I. Este segmento abriga a maior parte do local de ligação aos linfócitos T CD8+. Também contribuem para essa ligação a porção inferior do domínio de α2 e o domínio β2m. A extremidade carboxiterminal do segmento α3 é a porção que atravessa a bicamada lipídica da membrana plasmática. Logo após há um conjunto de aminoácidos básicos que interagem com os grupos de cabeças de fosfolipídios do folheto interno da bicamada lipídica, e dessa forma conseguem ancorar a molécula do MHC na membrana plasmática. Para que proteínas globulares nativas, ou seja, aquelas que no seu estado nativo existem como moléculas compactas com aparência de esfera, presentes nos vírus, possam se ligar ao MHC e serem reconhecidas por linfócitos T, é necessário que sejam convertidas em fragmentos suficientemente pequenos, em forma linear prolongada. 4 A microglobulina β2, que é a cadeia leve das moléculas do MHC da classe I, interage de maneira não covalente com o domínio α3 da cadeia α. A microglobulina β2, assim como o segmento α3, é estruturalmente homóloga a um domínio de Ig e é igual em todas as moléculas do MHC da classe I. 1.1. Ligação de peptídeos às moléculas do MHC da classe I As moléculas do MHC possuem uma ampla especificidade de ligação à peptídeos. Um único alelo do MHC pode apresentar diferentes peptídeos existentes para a célula T. No entanto, uma célula T só irá reconhecer um dos muitos complexos MHC-peptídeo possíveis. Então, cada molécula de MHC possui uma única fenda de ligação do peptídeo, que se liga a um único peptídeo de cada vez, porém cada molécula do MHC pode se ligar a diversos peptídeos diferentes. Isso acontece porque cada pessoa possui no máximo 6 moléculas do MHC diferentes (no caso de heterozigotos), e eles devem ser capazes de apresentar peptídeos de uma enorme quantidade de proteínas antigênicas que encontraremos ao longo da vida. 1.2. Aquisição da carga peptídica pelo MHC da classe I As moléculas do MHC adquirem sua carga peptídica no interior das células, durante a sua biossíntese e montagem, e por isso apresentam peptídeos derivados de microrganismos localizados dentro de células hospedeiras. Sabendo disso, fica claro entender por que as células T MHC-restritas só são mediadoras da imunidade contra microrganismos intracelulares. As moléculas do MHC da classe I adquirem peptídeos principalmente a partir das proteínas citosólicas. 2. Processamento de proteínas antigênicas O processamento de proteínas antigênicas tem o objetivo de produzir peptídeos que possuem as características estruturais necessárias para serem inseridas nas fendas de ligação de peptídeos disponíveis nas moléculas do MHC recém-formadas. Essa ligação dos peptídeos produzidos ocorre antes que a molécula do MHC seja expressa na superfície das células, conforme representado na figura abaixo. 5 Via de processamento e apresentação de antígenos do MHC da classe I. Os antígenos de proteínas presentes no citosol, que são geralmente sintetizados na própria célula, dão origem à peptídeos associados ao MHC da classe I, que são reconhecidos por linfócitos T CD8+. As proteínas degradadas em proteassomas fornecem peptídeos para moléculas do MHC da classe I. Os antígenos produzidos no citoplasma das células apresentadoras de antígenos (APCs) como produto de um gene transfectado, ou introduzido diretamente no citoplasma das APCs devido ao choque osmótico,serão apresentados por moléculas do MHC da classe I e são reconhecidos pelos linfócitos T CD8+. 2.1. Via de processamento e apresentação de proteínas citossólicas do MHC da classe I Os peptídeos associados ao MHC da classe I são produzidos pela degradação proteolítica em proteassomas das proteínas citossólicas e os peptídeos produzidos são enviados para o retículo endoplasmático onde se ligam a moléculas do MHC da classe I, conforme representado na figura anterior. Geralmente os antígenos de proteínas citossólicas são sintetizados dentro das células, sendo que alguns são injetados no citosol por mecanismos secretores das bactérias e outros são fagocitados e transportados das vesículas para o citosol. Os antígenos de origem exógena, ou seja, que não foram produzidos na própria célula, podem ser produtos de vírus, bactérias ou outros microrganismos que infectam a célula. Porém existem também antígenos que resultam da própria célula, como no caso das células tumorais onde vários genes podem ser mutados ou superexpressados, e assim produzir antígenos de proteínas reconhecidos pelo MHC da classe I. Também é possível que os peptídeos apresentados pelas moléculas do MHC da classe I sejam derivados de microrganismos e outros antígenos particulados que são internalizados em fagossomas, mas acabam saindo para o citosol por serem capazes de danificar as membranas dos fagossomas criando poros por onde passam. 6 Como esses antígenos acabam parando no citosol, são processados como outros antígenos citossólicos. EXEMPLO O principal mecanismo que resulta na produção de peptídeos provenientes de proteínas antigênicas citossólicas e nucleares é a proteálise pelo proteossoma, conforme representado na figura anterior. Os proteassomas são grandes complexos enzimáticos multiproteicos que possuem uma grande atividade proteolíca, ou seja, de quebra de proteínas, e estão localizados no plasma e núcleo da maioria das células. Esses peptídeos gerados pela quebra das proteínas nos proteassomas são transportados para o retículo endoplasmático através de um transportador associado ao processamento de antígenos (TAP), conforme representado na figura anterior. No retículo endoplasmático as moléculas do MHC da classe I recém- sintetizadas estão disponíveis para se ligar a esses peptídeos. A TAP fica localizada na membrana do retículo endoplasmático, onde medeia o transporte dependente de ATP ativo de peptídeos do citosol para o lúmen do retículo endoplasmático. Dentro do retículo endoplasmático as moléculas de MHC da classe I recém- formadas e não associadas a peptídeos ficam ligados ao complexo TAP. Quando um peptídeo, inserido no retículo endoplasmático pela TAP ou produzido ali mesmo, se ligam à fenda do MHC da classe I, essa molécula de MHC já não tem mais afinidade com a TAP, de modo que o complexo peptídeo-MHC é liberado, sendo capaz de sair do retículo endoplasmático e ser transportado para a superfície celular. Esses complexos peptídeo-MHC que chegam à superfície celular são estruturalmente estáveis e podem ser reconhecidos por células T CD8+. Exercícios 1. (Autora, 2019) A fenda de ligação ao peptídeo da molécula de MHC da classe I está localizada: As bactérias da linhagem patogênica Listeria monocytogenes produzem uma proteína conhecida como listeriolisina que danificam a membrana dos fagossomos e permite que as bactérias escapem de vesículas para o citosol. Dessa forma as bactérias escapam da morte pelos mecanismos microbicidas dos fagócitos. 7 a. Na membrana celular b. Entre as cadeias α e β c. Entre as cadeias α1 e α2 d. Entre as cadeias α1 e α3 e. Entre as cadeias α1 e β2 2. (Autora, 2019) A molécula de MHC da classe I apresenta peptídeos de antígenos para: a. Linfócitos T CD8+ b. Linfócitos T CD4+ c. Macrófagos d. Linfócitos B e. Plasmócitos 3. (Autora, 2019) As moléculas do MHC da classe I se ligam aos peptídeos de antígenos: a. No meio extracelular b. No retículo endoplasmático c. Nos fagossomos d. No citosol e. Em vesículas Gabarito 1. Resposta correta: c. Duas estruturas de α-hélice, α1 e α2 formam entre elas uma fenda que é o local onde o peptídeo se liga. 2. Resposta correta: a. O MHC da classe I é capaz de apresentar peptídeos de antígenos do meio intracelular para os linfócitos T CD8+. 3. Resposta correta: b. As moléculas do MHC da classe I se ligam aos peptídeos de antígenos no retículo endoplasmático e só então se soltam da TAP e são transportados ao meio extracelular. Resumo A maioria das células T só consegue reconhecer antígenos quando eles estão ligados a estruturas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC). As moléculas do MHC da classe I são compostas por duas cadeias polipeptídicas ligadas 8 de forma não covalente, por uma cadeia pesada (α), codificada no MHC e por uma subunidade microglobulina β2, não codificada no MHC. Os resíduos polimórficos das moléculas da classe I são os domínios α1 e α2, que contribuem para variações entre os diferentes alelos da classe I quanto à ligação de peptídeos e ao reconhecimento de células T. A microglobulina β2, assim como o segmento α3, é estruturalmente homóloga a um domínio de Ig e é igual em todas as moléculas do MHC da classe I. Um único alelo do MHC pode apresentar diferentes peptídeos existentes para a célula T. No entanto, uma célula T só irá reconhecer um dos muitos complexos MHC- peptídeo possíveis. As moléculas do MHC adquirem sua carga peptídica no interior das células, durante a sua biossíntese e montagem, e por isso apresentam peptídeos derivados de microrganismos localizados dentro de células hospedeiras. Os complexos peptídeo-MHC que chegam à superfície celular são estruturalmente estáveis e podem ser reconhecidos por células T CD8+. 9 Referências bibliográficas DELVES, P. J. et al. Roitt - Fundamentos de Imunologia. Edição: 13a ed. [s.l.] Guanabara Koogan, 2018. ABBAS, A. Imunologia Celular e Molecular. Edição: Com Pin ed. [s.l.] Elsevier, 2015. Referências imagéticas Autora, 2019.
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