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Livro-Texto - Unidade I (1)

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Prévia do material em texto

Autor: Prof. José Aparecido Batista Júnior 
Colaboradores: Profa. Amarilis Tudella Nanias 
 Profa. Maria Francisca S. Vignoli
 Profa. Ronilda Ribeiro
 
Serviço Social em
Equipe Multidisciplinar
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Professor conteudista: José Aparecido Batista Júnior
José Aparecido Batista Júnior é de Sorocaba/SP. É assistente social graduado pelo Instituto Manchester Paulista de 
Ensino Superior. Atuou como coordenador de projetos sociais em uma ONG de São Paulo e como educador social da 
Guarda Mirim em cidades próximas a Sorocaba.
Tem MBA em Gestão de Projetos e é mestre em Políticas Sociais. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B333s Batista Junior, José Aparecido.
Serviço social em equipe multidisciplinar. / José Aparecido 
Batista Junior. – São Paulo: Editora Sol, 2014.
160 p. il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, n. 2-032/14, ISSN 1517-9230.
1. Serviço social. 2. Equipe multidisciplinar. 3. Gerência 
científica. I. Título.
CDU 36
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Virgínia Bilatto
 Valéria Nagy
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Sumário
Serviço Social em Equipe Multidisciplinar
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 GERÊNCIA CIENTÍFICA E PRESTAçãO DE SERVIçOS.............................................................................9
1.1 A gerência científica ........................................................................................................................... 11
1.2 Mudanças nos processos de trabalho .......................................................................................... 22
2 A EXPLORAçãO DOS SERVIçOS NA SOCIEDADE CAPITALISTA ..................................................... 37
3 TRABALHO E SERVIçO SOCIAL ................................................................................................................... 54
3.1 Processo de trabalho e Serviço Social .......................................................................................... 54
3.2 A prática como trabalho e a inserção do assistente 
social em processos de trabalho ............................................................................................................ 59
4 POR QUE SERVIçO SOCIAL É TRABALHO ............................................................................................... 64
4.1 Objeto e produto do Serviço Social .............................................................................................. 74
Unidade II
5 A REESTRUTURAçãO PRODUTIVA E AS NOVAS MODALIDADES 
DE SUBORDINAçãO DO TRABALHO ............................................................................................................ 84
5.1 Reestruturação do capital, fragmentação do trabalho e Serviço Social ....................... 86
5.2 Os serviços na contemporaneidade: o trabalho nos espaços ocupacionais................. 92
6 REESTRUTURAçãO NOS BANCOS E AçãO DO SERVIçO SOCIAL ................................................. 99
7 O SERVIçO SOCIAL E A SAúDE DO TRABALHADOR NAS 
ORGANIzAçõES PúBLICAS E PRIVADAS .................................................................................................112
8 A INSERçãO DO SERVIçO SOCIAL COMO ESPECIALIzAçãO 
 DO TRABALHO COLETIVO DO ASSISTENTE SOCIAL .............................................................................123
8.1 As estratégias profissionais ............................................................................................................126
8.2 O instrumental técnico-operativo e o produto do seu trabalho ....................................133
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APrESEntAção
Objetivos da disciplina
A disciplina Serviço Social em Equipe Multidisciplinar tem como objetivo levar você, aluno(a), à 
reflexão sobre o trabalho e a cooperação, entendendo o trabalhador como um meio de interação coletiva; 
e, neste sentido, contextualizar a especificidade do trabalho na sociedade burguesa e a inserção do 
Serviço Social como especialização do trabalho em equipe.
A identificação dos elementos constitutivos do processo de trabalho do assistente social engloba 
a análise dos fenômenos, das políticas sociais, das dinâmicas institucionais, bem como o estudo dos 
espaços sócio-ocupacionais do bacharel em Serviço Social no primeiro, segundo ou terceiro setor.
Com isso, vamos trazer à discussão as contradições existentes no cotidiano do assistente social 
como trabalhador coletivo e especializado, suas estratégias profissionais e o produto do seu trabalho 
e atuação nos processos frente às mudanças no padrão de acumulação capitalista e regulação social.
Objetivo geral
Discutir a particularidade e singularidade da inserção do Serviço Social nos processos de trabalho; 
analisar e refletir sobre o trabalho concreto do assistente social; refletir sobre os principais desafios 
enfrentados pela profissão a partir da reestruturação produtiva, assim como discutir a inserção do 
profissional neste contexto.
Objetivos específicos
• Identificar os espaços sócio-ocupacionais nos quais se insere o assistente social.
• Refletir sobre o contexto socioeconômico e o trabalho do assistente social.
• Desenvolver a leitura crítica sobre a realidade do mundo do trabalho na qual o assistente social 
está inserido.
• Compreender a inserção do assistente social nos processos de trabalho.
Introdução
O profissional formado em Serviço Social é um técnico liberal, ou seja, tem uma possibilidade ampla 
de espaço de trabalho, pois pode desenvolver trabalhos pontuais ou contínuos, com contratação formal 
ou prestação de serviços sem vínculo empregatício para diferentes organizações.
De maneira generalista, o profissional liberal quer representar:
De acordo com o presidente da Confederação Nacional das Profissões 
Liberais (CNPL), Francisco Antonio Feijó, [...] o liberal é designado para8
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aquele profissional que tem total liberdade para exercer a sua profissão. 
“Ele pode constituir empresa ou ser empregado, no entanto”. Feijó lembra 
que o profissional liberal é sempre de nível universitário ou técnico. 
Também está registrado em uma ordem ou conselho profissional e é o 
único que pode exercer determinada atividade, o que o deixa com uma 
responsabilidade maior pelo produto de seu trabalho. Entram na lista 
médicos, advogados, jornalistas, dentistas, psicólogos, entre outras 
categorias (GAzETA DO POVO, 2007).
É importante não perdermos esse referencial, que pode potencializar novo mercado e trazer maior 
envolvimento das organizações com a utilização dos serviços do assistente social. Entretanto, para que 
seja possível desenvolver tal realidade, o técnico precisa dispor de todos os instrumentos necessários 
(financeiro, técnico, humano e estrutural) para o desenvolvimento do trabalho liberal.
A graduação norteia o aluno, no entanto é na prática que os desafios se instalam, pois é 
nesse momento que todo o embasamento teórico que foi adquirido precisa ser estabelecido 
pelo profissional; os fatores históricos que influenciaram a construção da profissão ainda estão 
presentes nos espaços sócio-ocupacionais, ou seja, a forte influência do pensamento conservador 
– em especial o religioso, benevolente, caritativo – entendendo a profissão como associada ao 
dom, ao amor e à compaixão.
É nesse conflito apresentado que a formação teórica potencializa o olhar crítico do aluno, possibilitando 
a interpretação construída pela categoria profissional quanto à aplicabilidade do assistente social e 
instruindo-o para que seja um técnico, e não um “cuidador” do ser humano.
A base da profissionalização, em termos interventivos e reflexivos, dá-se por meio do Código 
de Ética Profissional dos Assistentes Sociais, aprovado em 13 de março de 1993, e das devidas 
alterações contidas nas Resoluções CFESS nºs 290/94, 293/94, 333/96 e 594/11, pois trazem consigo 
os princípios fundamentais, reconhecendo a liberdade como valor ético central das demandas 
políticas a ela inerentes.
O objetivo principal desta disciplina é a capacitação do profissional para o desenvolvimento de 
sua ação em equipes multidisciplinares nos diferentes campos de atuação, com liberdade, ética e 
profissionalismo.
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Serviço Social em equipe multidiSciplinar
Unidade I
1 GErÊnCIA CIEntÍFICA E PrEStAção dE SErVIçoS
Nesta primeira unidade, trataremos da análise da industrialização no cotidiano da sociedade, 
bem como dos resultados promovidos pelo modo econômico capitalista, que concentra a 
riqueza socialmente produzida. Em seguida, trataremos de um tema que merece destaque nas 
reflexões sobre a contextualização e intervenção profissional: ética. Abordaremos também 
os fundamentos que operam na intervenção do assistente social na promoção de ações 
previamente planejadas.
Reportamo-nos à definição mais ampla da palavra gerência, que se refere a: “1 Ação de gerir, 
dirigir ou administrar. 2 Funções de gerente” (MICHAELIS, 2009). Ou seja, a palavra está associada ao 
ato de administrar e dirigir. Nesse sentido, é preciso que o técnico detenha o conhecimento científico 
para fazer a interlocução de teoria e prática – práxis. Marx, em Manuscritos (1844), analisa a relação 
entre a práxis e o conhecimento e estabelece que a prática fundamenta a relação entre o homem e 
a natureza, ou seja, unidade sujeito-objeto.
Nessa troca, saber e prática-homem e natureza, o assistente social e os demais técnicos que 
compõem a equipe de trabalho precisam compreender seus papéis na prestação de serviços, seja de 
forma individual ou coletiva, em prol de um objetivo comum. Como ferramenta facilitadora, há o 
plano de trabalho de cada profissional, ou seja, o projeto interventivo.
Projeto não está relacionado apenas à área administrativa, já que significa:
1 Plano para a realização de um ato; desígnio, intenção. 2 Cometimento, 
empreendimento, empresa. 3 Redação provisória de qualquer medida 
(estatuto, lei etc.). 4 Constr Representação gráfica e escrita com orçamento 
de uma obra que se vai realizar. P. de lei: proposição escrita apresentada a 
uma câmara legislativa sobre qualquer assunto, para, depois de discutida em 
plenário, ser convertida em lei; propositura. P.-tipo: projeto padronizado que 
deve ser seguido em diversas obras ou instalações da mesma natureza. Pl: 
projetos-tipos e projetos-tipo (MICHAELIS, 2009).
O significado que mais se aproxima da disciplina é o que mostra o projeto como um “plano para a 
realização de um ato; desígnio, intenção”. Identificamos, então, que projeto é um conjunto de intenções 
elaboradas com o intuito de realizar algo (fato/intenção), seja por um técnico ou pelo coletivo. Não 
há ação crítica (se não houver o projeto para sua realização) associada à intencionalidade de realizar 
alguma coisa, não importando qual seja o fato gerador.
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Unidade I
Segundo Heloísa Lück (2003, p. 27), projeto é:
[...] o conjunto organizado e encadeado de ações de abrangência e escopo 
definidos, que focaliza aspectos específicos a serem abordados num período 
de tempo, por pessoas associadas e articuladoras das condições promotoras 
de resultados, com um determinado custo.
Ela coloca com ênfase a necessidade de um projeto ser desenvolvido por pessoas pró-ativas, ou seja, 
com atitude e que saibam visualizar os resultados e custos para essa obtenção, sendo planejado com 
peculiaridade, com o fim de alcançar o objetivo central desse. 
Um projeto pode ser definido como uma série de serviços relacionados, 
normalmente voltados para alguma produção importante, e que 
necessita de um período significativo de tempo para ser realizado; pode-
se destacar nesta interpretação que para haver a elaboração de qualquer 
projeto é preciso tempo, assim, nenhum é feito “da noite para o dia” 
(CHASE, 2006, p. 78).
De acordo com Chase (2006), é preciso haver preparo metodológico para o início do projeto e 
conversa entre os envolvidos sobre as intervenções a serem desenvolvidas.
Há outros autores que defendem a ideia de que não há nenhuma definição universalmente 
reconhecida para projeto, visto que seu significado pode mudar de acordo com a linha de 
pensamento de quem o faz. Entretanto, há pontos que todos os projetos devem adotar, como 
discursa Fusco (2007, p. 59):
[...] não existe nenhuma definição de “projeto” reconhecida universalmente. 
Assim, diferentes especialistas usam, às vezes, definições bastante diferentes. 
No entanto alguns pontos importantes devem ser considerados para balizar 
a definição de projeto: o objetivo da atividade de projeto deve ser buscar 
a satisfação das necessidades dos consumidores; a atividade de projeto 
pode ser aplicada tanto a produtos (ou serviços) como a sistemas (que 
chamamos processos); a atividade de projeto é, em si mesma, um processo 
de transformação. O projeto começa com um conceito e termina na tradução 
desse conceito, em uma especificação de algo que é viável e passível de ser 
produzido.
Como se percebe, para este autor, não é de grande importância a caracterização/o significado do 
projeto (como palavra), mas sim os objetivos que devem ser alcançados para que este esteja de acordo 
com o objetivo da ação e da equipe.
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Serviço Social em equipe multidiSciplinar
 observação
Não haverá trabalho em equipe se o próprio técnico não se reconhecer 
como tal, identificando suas atribuições e competências, limites e 
possibilidades e conflitos existentes na relação com os demais profissionais, 
em virtude da diferenciação do processo formativo pessoal e profissional.
1.1 A gerência científica
Neste item objetivaremos entender a relação entre o técnico, o conhecimento, a ciência e a 
aplicabilidade, pois é preciso compreender que, ao ser absorvido um saber, por meio de pesquisas de 
base documental, empírica, identificação da realidade (observação) etc., é preciso que essa ciência seja 
utilizada pelos demais profissionais ou pela população, já que nenhum conhecimento é válido se deixado 
retido.
Temos o significado da palavra “ciência”:
s.f. Conjunto organizado de conhecimentos relativos a certas categorias 
de fatos ou fenômenos. (Toda ciência, para definir-se como tal, deve 
necessariamente recortar, no real, seu objeto próprio, assim como definir 
as bases de uma metodologia específica: ciências físicas e naturais.) / 
Conjunto de conhecimentos humanos a respeito da natureza, da sociedade 
e do pensamento, adquiridos através do desvendamento das leis objetivas 
que regem os fenômenos e sua explicação: o progresso da ciência. / Ciência 
pura, ciência praticada independentemente de qualquer preocupação de 
aplicação técnica. / Ciência política, politicologia (HOLANDA, 2010).
São saberes relativos a um determinado objeto. A ciência é parte de um conjunto existente na 
realidade apresentada ao pesquisador, seja de maneira direta ou indireta. Neste ponto é preciso ter 
clareza de que todo conhecimento não é uma verdade absoluta, pois apresenta um recorte da conjuntura 
totalitária de algo.
Para fins de exemplificação, podemos nos remeter ao conhecimento do que é questão social, 
entretanto, para ampliação deste, é necessária a compreensão da conjuntura sócio-histórica, em especial, 
a industrial, inserida no modo econômico capitalista; percepções que nos farão entender a gênese da 
expressão, bem como relativizar com a realidade, concomitante à sua materialização ou suas expressões.
Então, a ciência está direcionada à produção do conhecimento, e este é influenciado pela informação. 
Mas qual o significado de “informação”?
1 Ato ou efeito de informar. 2 Transmissão de notícias. 3 Comunicação. 4 Ação 
de informar-se. 5 Instrução, ensinamento. 6 Transmissão de conhecimentos. 
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Unidade I
7 Indagação. 8 Opinião sobre o procedimento de alguém. 9 Parecer técnico 
dado por uma repartição ou funcionário. 10 Investigação. 11 Inquérito. 
12 Miner Presença de quartzo hialino e outros satélites denunciadores 
do diamante. I. privilegiada: informação que não é tornada pública, mas 
é utilizada por pessoas que a conhecem, para negociar na bolsa, a fim de 
obter vantagens (MICHAELIS, 2009).
Então, informação, segundo o dicionário, é “[...] Transmissão de notícias [...] instrução, ensinamento 
[...] indagação [...] investigação”. Para gerar uma ciência é preciso fazer um questionamento e, a partir 
deste, remeter às pesquisas que direcionarão à possível resposta, sem esquecer que o conhecimento 
gerado é um segmento da totalidade e das relações cotidianas.
O que pretendemos é identificar primeiro os pormenores que norteiam uma interpretação 
crítica da realidade, bem como a autoanálise do técnico em relação à sua atuação profissional, seja 
individualmente ou coletivamente, neste caso. Entender quais os limites profissionais, institucionais, 
legais ou outros faz que tenhamos meios para o desenvolvimento de ações diferenciadas, com o 
intuito de não prejudicar a ação profissional.
É fato que muitos profissionais, de diferentes categorias, atuam apenas com intervenções imediatistas, 
ou seja, não refletindo, na sua totalidade, historicidade e construção do objeto.1 Para fundamentação 
teórica, é possível recorrer à discussão sobre a metodologia empregada pelos profissionais envolvidos; 
para tanto, remeteremos ao texto de José Paulo Netto (2009), o qual trata os conceitos de Marx.
Para composição do debate nos remeteremos às questões históricas e contemporâneas, ou seja, 
faremos uma contraposição da atualidade com o passado, vislumbrando deixar nossos momentos de 
estudos o mais instigantes possível. 
José Paulo Netto (2001) discursa sobre o fato de como era difícil ser marxista, uma vez que esse 
estudioso vivia para analisar e produzir escritos que relatavam o cotidiano, o mais real possível, dos 
trabalhadores e do socialismo. Mas, em contraposição, questionamos: será que nos dias atuais também 
não somos pressionados pelo modo de consumo, acúmulo da riqueza socialmente produzida, ou seja, 
pelo modo econômico capitalista?
Compreender algo cientificamente implica fazer interpretações profundas, nos distanciando 
de práticas imediatistas, generalistas, pouco propositivas, voltadas ao “achismo”, e ações que ainda 
acontecem no cotidiano profissional, compreendendo, assim, a teoria para melhorar a prática.
O conhecimento científico não pode ser associado a rótulos, nem por práticas simplificadas para o 
técnico, ou seja, aplicar o que já foi aplicado com outras pessoas; o correto seria construir intervenções 
novas, pois os envolvidos são outros sujeitos; assim, deteremos um conhecimento técnico voltado ao 
público a que realmente se destina.
1 Para matéria de compreensão, entenda objeto como situação a ser trabalhada; esta é uma forma de utilizarmos 
vocábulos menos cotidianos ao reproduzir uma ação profissional.
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Serviço Social em equipe multidiSciplinar
O assistente social deve ter a clareza de que o saber é uma construção, e precisa, com frequência, 
realizar a interlocução de teoria e prática, desta forma:
• a realidade não é padronizada;
• a sociedade não é homogênea;
• incluir o público-alvo da ação é necessário para um resultado efetivo, eficaz e eficiente.
Logo, o conhecimento deve ser utilizado como subsídio para que seja possível, em seu cotidiano 
profissional, respeitar o público a quem se destina a ação. Respeito, aqui, é ouvir, incluir e compartilhar 
o saber.
Todos os envolvidos estão em uma mesma posição: há interação dos técnicos com o público da 
ação, e não há perspectiva de hierarquização decorrente de diversas intervenções, visto que é ponto 
favorável para a adesão dos envolvidos, tão certo que nenhum conhecimento e respectiva aplicabilidade 
terão a confiabilidade e participação do público-alvo ou da equipe, se não tiver ocorrido a escuta e real 
participação destes.
Nesse sentido, não podemos deter o conhecimento apenas para a área econômica do sujeito, pois 
é preciso envolver a análise da forma mais totalitária possível, para que não compactuemos com o que 
Netto (2009, p. 669-70) diz:
[...] o conhecimento da realidade não demandaria os sempre árduos 
esforços investigativos, substituídos pela simples “aplicação” do método 
de Marx, que haveria de “solucionar” todos os problemas: uma análise 
“econômica” da sociedade forneceria a “explicação” do sistema político, 
das formas culturais etc. 
Não observamos também essa conduta sendo aplicada? Então, proporcionar renda ao sujeito é 
suficiente para melhorar a situação de vulnerabilidade que enfrenta?
Em um primeiro momento, tal fator pode contribuir para a situação; porém, a longo prazo, não terá 
efeitos duradouros, visto que a situação só foi observada sob uma ótica; e precisamos, como técnicos, ir 
além do que está posto, ou seja, obter informações que direcionem ao caso paraposteriores intervenções 
mais politizadas e críticas, com base estrutural.
Não é possível desconsiderar a apreensão da realidade como realmente é para o estudo teórico e 
técnico, sem haver distorções de quem observa, e, para isso, é preciso disponibilidade para tal intervenção. 
Mas são todos os profissionais que atuam dessa maneira? Não cabe aqui quantificar questões, mas 
provocar em você momentos para refletir sobre sua futura atuação como colega de profissão.
Karl Marx, ao pesquisar a sociedade moderna (burguesa), fundamentou-se no modo de produção, 
certamente pelo motivo de um não existir sem o outro. Com isso, temos a divisão de classes sociais: de 
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Unidade I
um lado, os detentores do meio de produção e concentradores da riqueza socialmente produzida, e, de 
outro, um grande número de pessoas que têm, da venda da força de trabalho, meios para a sobrevivência.
Cabe insistir na perspectiva crítica de Marx em face da herança cultural 
de um legatário. Não se trata, como pode parecer a uma visão vulgar, 
de “crítica”, de se posicionar frente ao conhecimento existente para 
recusá-lo ou, na melhor das hipóteses, distinguir nele o “bom” do “mau”. 
Em Marx, a crítica do conhecimento acumulado consiste em trazer ao 
exame racional, tornando-os conscientes, os seus fundamentos, os seus 
condicionamentos e os seus limites – ao mesmo tempo que se faz a 
verificação dos conteúdos desse conhecimento a partir dos processos 
históricos reais (NETTO, 2009, p. 672).
A crítica não está associada a dizer se algo é ruim ou bom, mas a investigar (estudar) o objeto 
(situação do problema), trazendo para o campo reflexivo como se construiu e quais são seus limites. É 
muito importante esse momento para se reconhecer o objeto como ele é em si mesmo e em comunidade, 
pois fazemos parte de um grupo. Assim, não é possível efetuar uma crítica sem abstrair de todos os 
condicionantes de que tal participa e é influenciado, seja em equipe ou individualmente.
Conforme Netto (2009) revela, o método era resultado de uma complexa investigação, e não há 
como criar maneiras de intervenção sem prévio e intenso contato com o objeto. Esse princípio reforça a 
ideia de que não é possível construir um saber e uma ação “da noite para o dia”. Algumas reflexões são 
pertinentes:
• ao trabalharmos na perspectiva de autonomia, não precisamos ordenar ninguém a fazer algo;
• a aplicabilidade deve ser algo nivelado com a equipe e o público-alvo, e realizável;
• o técnico torna-se um facilitador, um gerenciador, e não “mandante” e “dono da verdade”.
Ao construirmos o saber até o presente momento, é válido refletirmos sobre o que é uma teoria, já 
que tal nos é cobrada no cotidiano profissional em diversos aspectos, como mostra Netto (2009, p. 673):
[...] teoria é uma modalidade peculiar de conhecimento (outras modalidades 
são, por exemplo, a arte, o conhecimento prático da vida cotidiana, o 
conhecimento mágico-religioso) [...] Mas a teoria se distingue de todas 
essas modalidades e tem especificidade: o conhecimento teórico é “o 
conhecimento do objeto tal como ele é em si mesmo, na sua existência real e 
efetiva, independentemente dos desejos, das aspirações e das representações 
do pesquisador”. 
O autor trata de maneira objetiva o assunto: teoria é o conhecimento da situação como realmente 
é, e não conforme a vontade do pesquisador, porque não é profissional transpassar o seu “achar“ para o 
objeto, pois este será corrompido, e, assim, não conseguiremos chegar a uma teoria.
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Essa situação pode causar certo conflito, já que, ao fazer uma investigação, é preciso entender que 
o objeto existe independentemente da intencionalidade do pesquisador. Porém, tal característica não 
coloca o técnico como um sujeito passivo; pelo contrário, este deve ter papel ativo no processo da busca 
de conhecimento que chamamos de teoria, mas o reiterando, não o influenciando.
Está conseguindo acompanhar nossas reflexões? É de suma importância que leia o texto, alvo dos 
nossos estudos até o momento, de José Paulo Netto (2009) na íntegra. Para isso, recorra às referências 
bibliográficas para uma busca textual.
Paralelamente à ciência, temos os instrumentais utilizados pelo pesquisador como ferramenta 
facilitadora; assim, Netto (2009) coloca que há inúmeros instrumentais que podem ser utilizados 
pelo técnico, porém devem ser formas para “apoderar-se da matéria”. Ou seja, o conhecimento 
está inserido em um processo dinâmico, na medida em que há contradições que resultam em sua 
superação e conduzem a outros níveis, provocando outras contradições, fazendo um movimento 
em “espiral”.
Pensando em uma perspectiva macro, podemos trazer esse pensamento de processos ao mundo em 
que vivemos, composto por um conjunto de transformações. É bom enfatizar que o fato de algo mudar 
não está associado a uma mudança para melhor ou pior, mas que é ou está diferente.
Devemos entender que o indivíduo se relaciona conforme desenvolve as atividades de produção e 
faz a interação com o meio; logo, não estamos falando de algo homogêneo e estático; pelo contrário, 
reforçamos a ideia de que não se podem padronizar nossas ações.
O conhecimento deve partir, na perspectiva de Marx, do concreto e real, com grande valia para 
nossas reflexões, visto que alguns profissionais imediatistas e não técnicos partem do “achismo” para 
realizarem uma teoria. É preciso que haja abstração, que, segundo Netto (2009. p. 684), é:
[...] a capacidade intelectiva que permite extrair, da sua contextualidade 
determinada (de uma totalidade), um elemento e isolá-lo, examiná-lo; é um 
procedimento intelectual sem o qual a análise é inviável – aliás, no domínio 
do estudo da sociedade, o próprio Marx insistiu com força que a abstração 
é um recurso indispensável para o pesquisador. A abstração, possibilitando a 
análise, retira de elemento abstraído as suas determinações mais concretas, 
até atingir “determinações das mais simples”. Neste nível, o elemento de 
que foi extraído: nela, ele se concretiza, porquanto está saturado de “muitas 
determinações.
Podemos notar que não há abstração sem a presença da intelectualidade, ou seja, do saber, sendo 
necessário compreender o todo que envolve o objeto, para que seja distanciado de ações imediatistas e 
pouco comprometidas com a realidade.
Para tanto, é importante sabermos identificar a realidade, certo? Como interventores de uma 
determinada situação, temos de fazer teoria a partir dela, e, assim, “a realidade é concreta exatamente 
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por isto, por ser ‘a síntese de muitas determinações’, a ‘unidade do diverso’ que é própria de toda 
totalidade” (NETTO, 2009, p. 685).
Com isso, estamos realizando o conhecimento teórico, que é:
[...] nesta medida, para Marx, o conhecimento do concreto, que constitui 
a realidade, mas que não se oferece imediatamente ao pensamento, deve 
ser reproduzido por este e só “a viagem de modo inverso” permite esta 
reprodução. Já salientamos que, em Marx, há uma contínua preocupação em 
distinguir a esfera do ser da esfera do pensamento; o concreto a que chega 
o pensamento pelo método que Marx considera “cientificamente exato” (o 
“concreto pensado”) é um produto do pensamento que realiza “a viagem de 
modo inverso”. Marx não hesita em qualificar este método como aquele “que 
consiste em elevar-se do abstrato ao concreto”, “único modo” pelo qual“o 
cérebro pensante” “se apropria do mundo” (NETTO, 2009, p. 685).
Embora o trecho utilizado seja autoexplicativo, vale acrescentar que, para Marx, não há conhecimento 
concreto sem análise concreta; o que reforça a necessidade de buscar a realidade como ela realmente 
é, partindo de algo que existe.
Se pensarmos em nosso cotidiano e na elaboração de projetos de intervenções, trataremos de conhecer 
diversas realidades, até mesmo de uma mesma comunidade ou grupo de pessoas, uma vez que cada parte 
analisada representa uma unidade do todo. Assim, a abstração é algo que não se pode dissociar do pesquisador.
Para melhorar as identificações da realidade, podemos elencar categorias, que são:
[...] formas de modos de ser, determinações de existência, frequentemente 
aspectos isolados de [uma] sociedade determinada – ou seja: elas são 
objetivas, reais (pertencem à ordem do ser – são categorias ontológicas); 
mediante procedimentos intelectivos (basicamente, mediante a abstração), 
o pesquisador as reproduz teoricamente (e, assim, também pertencem à 
ordem do pensamento – são categorias reflexivas). Por isto mesmo, tanto 
real quanto teoricamente, as categorias são históricas e transitórias: as 
categorias próprias da sociedade burguesa só têm validez plena no seu 
marco (um exemplo: trabalho assalariado) (NETTO, 2009, p. 685-6).
As categorias fazem parte do todo, mas não deixam de possuir sua historicidade e complexidade; 
assim, também devem partir do real e concreto, que, por sua vez, farão uma teoria (reflexão). É preciso 
trazê-la para a compreensão da parte em relação ao todo de que faz parte e, com isso, ter uma reprodução 
ideal, chamada de categoria, que implicará a apreensão intelectual dessa riqueza.
Ao reproduzirmos a desconfiguração do pensamento de Marx, possivelmente estejamos sendo influenciados 
pelo pensamento positivista que diz que “o mais simples explica o mais complexo” (NETTO, 2009, p. 686), e Marx 
vem dizer o contrário, que o momento vivido discursa sobre o passado, e é importante conhecer o seu início.
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Obviamente, entender a realidade concreta (hoje) traz a necessidade, ao pesquisador comprometido, 
de entender sua construção até chegar à gênese e, com isso, entender a dinâmica do objeto atual, foco 
da intervenção do profissional ou da equipe.
Para Marx, o método:
[...] não é um conjunto de regras formais que se “aplicam” a um objeto 
que foi recortado para uma investigação determinada nem, menos ainda, 
um conjunto de regras que o sujeito que pesquisa escolhe, conforme a 
sua vontade, para “enquadrar” o seu objeto de investigação. [...] O método 
implica, pois, para Marx, uma determinada posição (perspectiva) do sujeito 
que pesquisa: aquela em que se põe o pesquisador para, na sua relação com 
o objeto, extrair dele as suas múltiplas determinações (NETTO, 2009, p. 689).
É importante salientarmos que em todas as profissões é necessária a presença de pessoas que se 
dediquem à pesquisa, ou seja, que subsidiem no campo teórico a profissão, e outra parcela que atue na 
prática; porém, esta não está dispensada da necessidade de fazer pesquisa, associando uma atividade 
à outra. Assim, Netto (2009) coloca de forma mais direcionada aos assistentes sociais alguns caminhos 
que precisam ser seguidos para que consigamos efetuar uma pesquisa consistente:
Em primeiro lugar, o profissional necessita possuir uma visão global da 
dinâmica social concreta. Para isto, precisa conjugar o conhecimento 
do modo de produção capitalista com a sua particularização na nossa 
sociedade (ou seja, na formação social brasileira). O/a assistente social não 
é (nem pode ser) um/a economista nem um/a especialista em história, mas 
não compreenderá de forma adequada nem mesmo os problemas mais 
imediatos que se põem diariamente à sua atuação profissional, se não 
tiver aquela visão que demanda o estudo atento de uns poucos textos de 
introdução à economia política e de alguns historiadores brasileiros sempre 
com a preocupação de trazer à atualidade os resultados aos quais assim tiver 
acesso. Bem-conduzido e atualizado, esse estudo propiciará ao profissional 
também o conhecimento da natureza de classe do Estado brasileiro e da 
nossa estrutura social, e é supérfluo observar que o curso de graduação deve 
oferecer os conteúdos mais essenciais desse estudo.
Em segundo lugar, o profissional precisa encontrar as principais mediações 
que vinculam o problema específico com o que se ocupa, com as expressões 
gerais assumidas pela “questão social” no Brasil contemporâneo e com as 
várias políticas sociais (públicas e privadas) que se propõem a enfrentá-las. 
O conhecimento dessas políticas sociais (que implicam, antes de tudo, o 
conhecimento das suas fontes e formas de financiamento) é indispensável 
para o profissional contextualizar a sua intervenção; e a determinação 
daquelas mediações possibilita apreender o alcance e os limites da sua 
própria atividade profissional. Estas exigências põem-se a todo profissional 
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interessado na compreensão da sua atividade para além do seu dia a dia: 
dada a sua alocação socioprofissional – seja no planejamento, na gestão, 
na execução –, nenhum/a assistente social pode pretender qualquer nível 
de competência profissional se prender exclusivamente aos aspectos 
imediatamente instrumentais e operativos da sua atividade.
Em terceiro lugar, ao profissional cabe apropriar-se criticamente do 
conhecimento existente sobre o problema específico com o qual se 
ocupa. É necessário dominar a bibliografia teórica (em suas diversas 
tendências e correntes, as suas principais polêmicas), a documentação 
legal, a sistematização de experiências, as modalidades das intervenções 
institucionais e instituintes, as formas e organizações de controle social, 
o papel e o interesse dos usuários e dos sujeitos coletivos envolvidos 
etc. Também é importante, neste passo, ampliar o conhecimento sobre a 
instituição/organização na qual o próprio profissional se insere (NETTO, 
2009, p. 694-95).
Como se pode perceber, o autor e pesquisador da profissão coloca alguns passos que precisamos 
trilhar para não poluirmos as pesquisas, as ações profissionais e os resultados em relação aos sujeitos da 
intervenção (cabe ao técnico querer ir além do que está posto no seu cotidiano de trabalho e atuação).
Vale acrescentar que também é preciso fazer a interação dos saberes de outras profissões, visto 
que há outros pesquisadores que podem contribuir para a interpretação e plano de ação do objeto 
destinado, bem como é importante que o assistente social não seja limitado, pois é pouco provável que 
haja uma prática eficiente e inovadora sem existir uma base de conhecimentos sólidos e verdadeiros.
 Saiba mais
Para maior conhecimento e inter-relação com o discutido até este 
momento, leia o seguinte texto na íntegra:
NETTO, J. P. Serviço Social: direitos sociais e competências 
profissionais. Introdução ao método da teoria social. Brasília: CFESS/
ABEPSS, 2009. p. 760.
Com frequência são utilizados os termos eficiente, eficaz e efetivo, expressões voltadas à área 
administrativa, mas que contribuem para outros saberes, em especial, em equipe multidisciplinar. 
Nesta vertente, o profissional precisar ter clareza de seu conhecimento, pois suas ações refletirão em 
determinada realidade; para tanto, faremos uma discussão sobre tais palavras e respectivos conceitos.
Eficiente refere-se a “1 Ação, capacidade de produzir um efeito; eficácia. 2 Mec Rendimento” 
(MICHAELIS, 2009). Pode-se observarque eficiência é a capacidade de fazer alguma coisa importante 
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no que tange ao trabalho profissional. Dessa forma, o profissional precisa saber (ter competência) para 
desenvolver determinada ação considerada eficiente.
Chiavenato e Sapiro (2009, p. 30) colocam como eficiência os atos de:
• fazer as coisas da maneira certa;
• resolver problemas;
• salvaguardar os recursos aplicados;
• cumprir o dever;
• reduzir custos.
De acordo com os autores citados, não há como ser eficiente se não houver clareza na meta, bem 
como estratégia em situações futuras e na absorção de responsabilidades. Como realizar ações ou 
estudos corretos sem saber quais serão executados e objetivados? Como resolver os problemas, se não 
há a absorção das responsabilidades? Como cumprir o dever, se não é sabido qual executar?
É possível perceber, então, como é complexo o conhecimento e as intervenções. Na medida em que 
temos acesso a essa realidade, é possível o fortalecimento do técnico, de forma individual ou coletiva, já 
que a equipe trabalha com o mesmo objetivo. É pertinente visarmos a atitudes eficientes, pois:
[...] relaciona-se com a maneira pela qual fazemos a coisa. É o como 
fazemos, o caminho, o método. No projeto anterior (aprovação em um 
certame), se escolhermos corretamente o melhor material, a melhor 
equipe docente e estudarmos de forma pró-ativa, bem provavelmente 
seremos aprovados em menos tempo. Aí está a eficiência: a economia 
de meios, o menor consumo de recursos dado um determinado grau de 
eficácia (CHIAVENATO, 2006, p. 181).
O assistente social, ao tratar de um conhecimento, deve fazer a interlocução com a prática, já que se 
trata de uma profissão interventiva, uma vez que é preciso escolher os meios corretos para alcançarmos 
o objetivo e, consequentemente, desenvolver ações pró-ativas.
Já a palavra “eficaz”, no dicionário, significa: “1 Qualidade daquilo que é eficaz. 2 Qualidade daquilo 
que produz o resultado esperado [...] (MICHAELIS, 2009). Ou seja, está associada a fazer corretamente 
aquilo que está no objetivo.
Chiavenato e Sapiro (2009, p. 30) discursam que ser eficaz é:
• fazer as coisas certas;
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• produzir alternativas criativas;
• maximizar a utilização dos recursos;
• obter resultados;
• aumentar o lucro.
O conceito utilizado para eficaz associa-se ao fazer o que deve ser, de fato, feito; à realização das 
metas e propósitos; a diminuir desperdícios e não tê-los com ações criativas visando aos resultados. 
Chiavenato (2009) acrescenta que eficácia:
[...] consiste em fazer a coisa certa (não necessariamente da maneira certa). 
Assim, está relacionada ao grau de atingimento do objetivo. Se desejamos 
fazer algo [...] e logramos êxito nesse projeto, somos eficazes. Dessa forma, 
se evidencia o cumprimento da missão, chegar ao resultado desejado 
(CHIAVENATO, 2006, p. 181).
Ao nos direcionarmos ao vocábulo efetivo, temos: “1 Real, verdadeiro. 2 Que produz efeito; que tem 
efeito; eficaz. 3 Que não tem interrupção; permanente: Serviço efetivo. [...]” (MICHAELIS, 2009). Para 
nossos estudos serem efetivos, é preciso estar concentrado no ato de proporcionar a continuidade das 
ações, ou seja, ter a permanência da ação para se atingir as metas.
A efetividade do técnico está direcionada ao fato de este conseguir manter-se no meio ao qual 
foi proposto, com resultados bem-sucedidos durante o percurso do trabalho, para o qual teve uma 
coordenação de esforços e “quereres” de maneira ordenada, para que o público envolvido, interno e 
externo, ficasse satisfeito.
Chiavenato (2006, p. 181) discursa sobre o conceito de efetividade com um breve exemplo prático 
e lúdico:
[...] por fim, a efetividade ressalta o impacto, à medida que o resultado 
almejado (e concretizado) mudou determinado panorama, cenário. 
Considerando a construção de escolas e o incremento no número de 
professores contratados, a efetividade evidenciará, por exemplo, de que 
maneira isso contribuiu para a redução do índice de analfabetismo (impacto). 
Nesse diapasão, há autores que defendem que a efetividade decorre do 
alcance da eficácia e da eficiência, simultaneamente. Numa outra acepção, 
pode ser entendida, também, como satisfação do usuário. Na “ponta da 
linha”, a efetividade ocorre quando um produto ou serviço foi percebido 
pelo usuário como satisfatório.
O autor nos direciona a entender que a efetividade é o impacto que o resultado das ações 
desenvolvidas pelos profissionais causou em determinada realidade; se está associada ao objetivo 
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do trabalho; e se o resultado foi satisfatório, não somente para os realizadores, mas também para 
o público-alvo.
Para o assistente social, é de grande valia essa preocupação com o índice de satisfação dos sujeitos da 
ação desenvolvida, pois não haverá resultado com excelência se o profissional não atingir as expectativas 
das pessoas que foram o foco da construção do trabalho. Neste sentido, é pertinente criar mecanismos 
de interlocução com os demais técnicos, caso seja foco do trabalho da instituição (nos remeteremos a 
exemplos de ações desenvolvidas com outros profissionais, já que é o objetivo desta disciplina).
O assistente social, de maneira ampla, estuda e age em prol do desenvolvimento humano de forma 
igualitária. Mas o que significa “desenvolvimento”?
1 Ato ou efeito de desenvolver. 2 Crescimento ou expansão gradual. 3 
Passagem gradual de um estádio inferior a um estádio mais aperfeiçoado. 
4 Adiantamento, progresso. 5 Extensão, prolongamento, amplitude [...] 
(MICHAELIS, 2009).
Independentemente da área, nenhuma atitude que vise ao desenvolvimento deve ser entendida 
como forma de elevar algo a um nível melhor; é preciso trabalhar com a autonomia dos envolvidos, pois 
“o que pode ser bom para você, pode não ser para o outro”; logo, a questão “colocar em nível melhor” é 
muito relativa, já que cada técnico e cada indivíduo possui seu entendimento de bom e ruim.
O conceito de desenvolvimento estava associado à industrialização, ao acúmulo da riqueza 
socialmente produzida, emprego e renda para todos, sob “responsabilidade” do mercado e de empresas 
privadas (visão neoliberal), porém houve o incremento do desenvolvimento social para tratar dos 
problemas crescentes no que tangia à desigualdade e à exclusão social em diversos aspectos.
O tema Desenvolvimento desperta tanto interesse que há um conjunto de ações que a 
Organização das Nações Unidas (ONU) propõe ao mundo, os chamados Objetivos de Desenvolvimento 
do Milênio (ODM) promovidos na Assembleia do Milênio. Trata-se de um debate entre os chefes 
de Estado e de governos do planeta. Das 191 delegações presentes, 147 foram lideradas por 
suas autoridades de mais alto escalão, ou seja, um evento com uma magnitude jamais realizada, 
resultando na aprovação da Declaração do Milênio, ocorrida em setembro de 2000, tendo como 
objetivos: 
• erradicar a extrema pobreza e a fome;
• atingir o ensino básico universal;
• promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres;
• reduzir a mortalidade infantil;
• melhorar a saúde materna;
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• combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças;• garantir a sustentabilidade ambiental;
• estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.
Soares (2008, p. 49) é enfático e relata que o desenvolvimento social é diferente do econômico e 
possui duas vertentes:
[...] a primeira deriva da ênfase em níveis mínimos, necessidades básicas e 
conceitos relacionados. Está associada com a noção humanitária [...] de que 
deve ser uma prioridade mundial não deixar ninguém abaixo de certo nível 
de qualidade de vida; esse conceito se integra a outro importante na ciência 
política, que é o da cidadania, [...] que inclui direitos sociais.
A segunda vertente é distributiva. Tem também origem valorativa, no 
sentido de que ideologias ou quase-ideologias sociais consideram que a 
concentração de benefícios numa sociedade acima de certo nível é ética 
e moralmente inaceitável. Talvez a mais fácil de medir seja a concentração 
de renda [...], porém, conceitualmente, ela se aplica a todos os benefícios 
sociais.
Conceituar a expressão “desenvolvimento social” é algo complexo, mas não valerá nada saber a 
definição se não houver uma reflexão teórica sobre o tema, que deve ser analisado de acordo com o 
processo vivenciado; assim, seu significado se redefine na medida em que a realidade se faz presente, 
levando a uma percepção maior: o mundo não é estático e previsível.
1.2 Mudanças nos processos de trabalho
O assistente social não é diferente de outros técnicos e precisa ter claro para si que os processos de 
trabalho estão em constante transformação, sobretudo para atender aos interesses do empresariado. 
 Saiba mais
Indicamos a leitura, na íntegra, e a interpretação do texto de Maria 
Carmelita Yazbek (doutora em Serviço Social, professora do programa de 
pós-graduação em Serviço Social da PUC/SP, representante de área do 
Serviço Social na Capes), intitulado “Pobreza e Exclusão Social: Expressões 
da Questão Social no Brasil” (Revista Temporalis, n. 3. Brasília: ABEPSS, 
2001), pois a apropriação do conhecimento é reforçada com a busca de 
novos saberes de forma totalitária.
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 Lembrete
Não se pode caracterizar o sujeito com vulnerabilidade econômica 
como pobre, pois esta expressão não o define, já que é uma situação (e não 
um estado concreto) não passível de mudanças.
É interessante começarmos contextualizando as reconfigurações do capitalismo que traz em seu 
bojo consequências marcantes e significativas aos trabalhadores que estão no processo de “mudança 
social regressiva” (YAzBEK, 2001, p. 33). Mas por quê?
O modo de divisão capitalista por si só é desigual, ou seja, “cuja apropriação da riqueza socialmente 
gerada é extremamente diferenciada” (YAzBEK, 2001, p. 33). Nossa sociedade, como dito, é separada por 
classes, que são:
• empresariado: capitalistas detentores dos meios de produção e da riqueza socialmente produzida;
• trabalhadores: proletários que trabalham como empregados nesses meios de produção, ou seja, 
vendem sua força de trabalho para suprir as necessidades cotidianas e gerar rendimentos aos 
empresários.
É com os detentores dos meios de produção que está concentrado o maior número dos resultados 
da produção em relação aos trabalhadores, enquanto estes possuem apenas o salário como forma de 
custear as despesas básicas para si e sua família. Como é de conhecimento público, os trabalhadores que 
têm mão de obra pouco qualificada ou que estão no mercado informal de trabalho têm baixos salários 
ou rendimentos, acarretando desigualdade cotidiana no acesso e na permanência à situação de sujeitos 
de direitos.
Não será possível a criação de nenhuma intervenção se não tivermos uma aproximação desse 
conhecimento diante das diferenciações entre os tecidos socialmente estabelecidos, pois os interesses 
são antagônicos. Dessa maneira, o termo “mudança social regressiva” (YAzBEK, 2001, p. 33) representa 
as mudanças que são realizadas para beneficiar apenas o empresariado; assim, nos trabalhadores e na 
sociedade em geral, é refletida uma sensação de retrocesso na questão das conquistas.
A contradição das classes sociais é dada pela estrutura econômica, pois é preciso intensificar o 
trabalho na tangente da apropriação dessa riqueza social, que deveria ser distribuída a todos; mas, como 
já discursado, não é. Yazbek (2001, p. 33-4) explana que a contraditória conjuntura atual assume novas 
configurações e expressões como:
[...] as transformações das relações de trabalho;
[...] a perda dos padrões de proteção social dos trabalhadores e dos setores 
mais vulnerabilizados da sociedade que veem seus apoios, suas conquistas 
e direitos ameaçados.
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Unidade I
Então, o modo econômico atual gera diversos problemas de natureza social, sobretudo, aos trabalhos 
que, por estarem nessa condição, já se apresentam em grande parte como vulnerabilizados. Para 
complemento dos estudos é preciso remeter a alguns significados das expressões:
• pobreza;
• exclusão;
• subalternidade.
Ao trabalharmos, na perspectiva teórica ou prática, com a pobreza, não abordamos essa perspectiva 
associada somente à questão econômica e/ou de renda, mas como “um fenômeno multidimensional, 
categoria política que implica carecimentos no plano espiritual, no campo dos direitos das possibilidades 
e esperanças” (YAzBEK, 2001, p. 34). Há diferentes formas de se viver em situação de pobreza e 
são interessantes essas observações, para não fecharmos nossos olhares e reduzi-los a apenas um 
direcionamento.
O termo “exclusão” pode ser entendido como “modalidade de inserção que se define paradoxalmente 
pela não participação e pelo mínimo usufruto da riqueza socialmente construída” (YAzBEK, 2001, p. 
34). Ao indivíduo ou grupo que presencia a exclusão são negados os direitos, bem como o exercício da 
cidadania em detrimento dos interesses dos empresários.
Já a subalternidade é uma palavra complexa associada às desigualdades, injustiças e opressões. Assim, 
“diz respeito à ausência de protagonismo, de poder, expressando a dominação e a exploração” (YAzBEK, 
2001, p. 34). Muitas vezes enxergamos o público-alvo de nossas intervenções como uma pessoa errada, 
que não quer ser auxiliada, mas não refletimos sobre a construção da sociedade capitalista, bem como 
suas influências no cotidiano.
A expansão capitalista, por sua vez, intensifica a desigualdade, visto que faz parte de sua característica 
a existência da diferenciação, e, com o aumento do número de trabalhadores, a pobreza é intensificada, 
pois “a pobreza é uma face do descarte de mão de obra barata, que faz parte da expansão capitalista” 
(YAzBEK, 2001, p. 35). A geração da pobreza cria o ser necessitado, que é desamparado em diversos 
aspectos e vive com tensão, em virtude da sua instabilidade no trabalho (YAzBEK, 2001), pois a venda de 
sua mão de obra é a única forma de promover rendimento. Para fins de exemplificação, é só observarmos 
as filas de candidatos a alguma vaga de emprego: o número é muito maior do que a quantidade de 
oportunidades oferecidas e, com isso, os que as ofertam podem reduzir os salários e outros benefícios.
Com a falta do trabalho formal, intensifica-se a necessidade de o ser humano (proletário) flexibilizar 
sua forma de obtenção de renda, aumentando o número de trabalhadores informais, trazendo em seu 
bojo a falta das proteções que teriam se estivessem em um trabalho formal, o que reflete diretamente 
em seus direitos sociais, e não só trabalhistas.
É certo que a sociedade contemporânea é desigual, sobretudo, por ser resultado do modo 
econômico capitalista, com dificuldadesde acesso a serviços e produtos essenciais à manutenção da 
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vida, principalmente aos trabalhadores que estão na posição de subalternizados e excluídos, para quem 
tais questões deveriam ser tratadas com a perspectiva dos direitos, e não sendo repassadas na forma 
de ajuda. Tal “ajuda” não é prestada com a interpretação de que as pessoas são excluídas pelo modo 
desigual de distribuição da riqueza social, mas na perspectiva de que estas não conseguiram se adaptar 
ao modo de vida e as regras do capitalismo, fortalecendo a política neoliberal; assim, tal caridade é 
validada como uma obrigação moral, e não um direito passível de pleito.
Ao tratar da questão do pensamento dos liberais, Yazbek (2001, p. 36) diz que estes “entendem como 
necessária a filantropia revisitada, a ação humanitária, o dever moral de assistir aos pobres, desde que 
este não se transforme em direito ou em políticas públicas dirigidas à justiça e à igualdade”. A partir 
deste momento, é preciso que se redobre a atenção frente às suas ações como futuro profissional, para 
não compactuar com esse pensamento nem reproduzi-lo.
Em linhas gerais, é interessante refletir sobre a questão social no Brasil e sobre como ela não é 
analisada e combatida como deveria, com ações politizadas, não sendo vista como “expressão de relações 
de classe e, neste sentido, desqualificá-la como questão pública, questão política, questão nacional, 
numa sociedade privatizada que desloca a pobreza para o ‘lugar da não política’” (YAzBEK, 2001, p. 36). 
É entendido que essas problemáticas são resolvidas com ações filantrópicas e de forma individualizada, 
mas é na realidade que todas as necessidades são aparentes.
 observação
O que acontecerá se promovermos a despolitização das ações de 
enfrentamento da questão social? Promoveremos o afastamento de ações 
públicas de maneira eficiente, eficaz e efetiva, desqualificando as políticas 
sociais e reforçando o “não direito” e a benevolência. Nesta perspectiva, 
deve-se ter claro que as ações não são judicialmente reclamáveis.
Com esse modo de agir e de interpretar, é potencializado o crescimento do “abismo entre o país real 
e o país legal” (YAzBEK, 2001, p. 37), já que as ações não são realizadas em meio às questões legalmente 
instituídas, contemplando um modelo de Estado reducionista em relação às intervenções no campo 
social, e apelativo quanto à solidariedade social. As ações não condizem com o que a “realidade pede”, 
provocando o aumento das ações do terceiro setor, ou seja, ações privadas para fins públicos, mas não 
na perspectiva do direito legalmente instituído.
Não pensem que o autor é contra as iniciativas do terceiro setor, pelo contrário, mas é preciso 
refletir sobre essas questões, para amplificarmos nosso senso crítico e não termos uma interpretação 
fragmentada; assim, na medida em que as instituições agem em campos que deveriam ser do Estado, 
este fica em situação cada vez mais confortável, deixando de preocupar-se com seus deveres.
A proposta neoliberal visa a ações reducionistas; possuem “visão de política social apenas para 
complementar o que não se conseguiu via trabalho, família ou comunidade” (YAzBEK, 2001, p. 37), ou 
seja, as ações estatais são realizadas em última instância.
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O Estado brasileiro contemporâneo não atua em áreas em que a sociedade possa assumir tal 
responsabilidade, portanto as políticas públicas tendenciosamente assumem perfil de improvisação 
e inoperância, não sendo universais nos acessos. “Décadas de clientelismo consolidaram uma cultura 
tuteladora que não tem favorecido o protagonismo nem a emancipação dessas classes em nossa 
sociedade” (YAzBEK, 2001, p. 37).
Quando refletimos sobre mudarmos nossas ações, é para tentarmos (e conseguirmos) intervir de 
forma renovadora na cultura promotora da desigualdade tutelada e subalternizada. O que se pretende 
com a troca do direito? “[...] uma maneira de construir a lealdade dos subalternos” (YAzBEK, 2001). Assim 
é reforçada a ideia de perda do protagonismo, troca de favores e do afastamento de ações entendidas 
como direito do cidadão e dever do Estado.
Tal conduta intensificada pela maneira como somos criados, ou seja, com condutas individuais, 
torna difícil uma ação politizada, já que a sociedade em situação de pobreza tem suas dificuldades como 
certezas de vida, não conseguindo analisar e solicitar seus direitos.
Sabemos que as sequelas da questão social permeiam a vida das classes 
subalternas destituídas de poder, trabalho e informação. Sabemos também 
que em nossa prática cotidiana a relação com o real é uma relação com 
a singularidade expressa nas diferentes situações que trabalhamos. E aí se 
colocam nossos limites e nossas possibilidades. Limites de várias ordens, 
mas, sobretudo, limites de ordem estrutural (YAzBEK, 2001, p. 39).
Ou seja, as dificuldades sociais não são problemas contemporâneos, mas fazem parte de um processo 
em favor de uma minoria denominada empresários, e é preciso que haja envolvimento na rede de serviço, 
para que possamos trabalhar de maneira coletiva com as expressões da questão social vivenciadas pelos 
vulnerabilizados.
É preciso entender que a assistência social é um direito legalmente constituído e não contributivo, 
que faz parte do tripé seguridade social-saúde-previdência social, avanço apresentado na redação da 
Constituição Federal de 1988. Porém, presenciamos a diminuição com os gastos sociais, o que não torna 
possível o investimento na proteção social de maneira plena.
Para maior compreensão das transformações nos processos de trabalho, é pertinente remetermos 
à Revolução Industrial, pois, com ela, houve a mudança do cotidiano do trabalho, o qual foi sendo 
reconfigurado até chegar à contemporaneidade. 
A Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra, com a mecanização dos sistemas de 
produção, já que, anteriormente a esse sistema, eram utilizados a manufatura e o artesanato como forma 
de obtenção dos produtos para o cotidiano; tem como berço a Inglaterra, por motivos que a favoreciam, 
como intensas reservas de carvão mineral que eram utilizadas como fonte de energia para conduzir 
as locomotivas a vapor e máquinas, o número de habitantes e as condições para o financiamento das 
ferramentas necessárias para a instalação (humanas ou não). Para satisfazer aos interesses do capital, 
havia mercado consumidor para comprar os produtos fabricados.
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Vale destacar que as fábricas, nesse período, não proporcionavam condições de trabalho adequadas. 
Os operários tinham ambientes de trabalho precários, com iluminação prejudicada, insalubres, sem 
ventilação, salários insuficientes para a manutenção dos gastos cotidianos, jornadas de trabalho 
exaustivas (mais de 15 horas de trabalho diárias), utilização de mão de obra infantil. 
Nesse momento da história, eram desconhecidos os direitos trabalhistas, fazendo os que estavam 
na condição de “mercadoria” ficarem coagidos e não reclamarem dos problemas vividos, pois aos 
desempregados não restava nenhum auxílio.
No decorrer dessa triste realidade, os trabalhadores começaram a reconhecer-se como um grupo. 
As primeiras representações em relação às manifestações foram as trade unions, espaços reservados 
para que os operários pudessem se unir para pleitear melhores condições de trabalho em âmbitogeral, 
podendo ser comparados a um sindicato.
Outra tentativa para conseguirem direitos e melhor qualidade de vida no trabalho foi o ludismo, o 
qual teve como característica a violência. 
Por muito tempo não havia leis que assegurassem direitos aos trabalhadores. 
Mas estes sempre lutaram. Uma das primeiras manifestações foi o ‘ludismo’, 
movimento em que os trabalhadores destruíram as máquinas das fábricas. 
Equivocadamente a elas eram atribuídas as péssimas condições de sua 
existência. Não possuíam ainda consciência política para compreender que 
o sistema capitalista e a burguesia eram os responsáveis pela exploração que 
lhes era imposta.
Foi com a organização de sindicatos, denominados trade unions, nos países 
anglo-saxônicos, que a luta ganhou maior consistência, desde os primórdios 
do século XIX.
O movimento operário inglês foi o primeiro a existir, porque foi na Inglaterra 
onde primeiro se implantou o capitalismo. Greves e passeatas, embora 
duramente reprimidas, ocorriam sob a direção de sindicatos e associações 
operárias (GIANOTTI, 2007, p. 11-2).
Com a industrialização, houve aumento da fabricação de produtos, diminuindo os gastos de 
produção, o que tornava os preços mais atrativos aos consumidores; todavia, gradativamente, os 
trabalhadores eram substituídos pelas máquinas, movimento que ocorre até os dias atuais.
A poluição ambiental, o aumento da poluição sonora, o êxodo rural e o 
crescimento desordenado das cidades também foram consequências 
nocivas para a sociedade. Até os dias de hoje, o desemprego é um dos 
grandes problemas nos países em desenvolvimento. Gerar empregos tem se 
tornado um dos maiores desafios de governos no mundo todo. Os empregos 
repetitivos e pouco qualificados foram substituídos por máquinas e robôs. 
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As empresas procuram profissionais bem-qualificados para ocuparem 
empregos que exigem cada vez mais criatividade e múltiplas capacidades. 
Mesmo nos países desenvolvidos têm faltado empregos para a população 
(SOARES, 2008).
A Inglaterra pressionava os países que ainda possuíam escravos, pois queriam o aumento do mercado 
consumidor e trabalhadores mais “domáveis”; assim, o Brasil, parceiro comercial, também estava nessa 
perspectiva e precisava atender aos interesses do processo de industrialização, pois grandes latifundiários 
das colônias inglesas estavam se sentindo lesados, já que, devido ao aparecimento, nessas regiões, do 
trabalho assalariado, aumentou o custo de produção, e, como o Brasil não tinha esse custo, os produtos 
brasileiros eram mais baratos, e os ingleses donos de terras pressionavam o parlamento para que fosse 
tratado o fim da escravidão de maneira mais direta, proporcionando, em 1845, a aprovação da lei 
Aberdeen Act (Lei Bill Aberdeen), que autorizava a Marinha Real Britânica a apreender qualquer navio 
envolvido no tráfico negreiro.
Como consequência, cinco anos mais tarde, em solo brasileiro, foi criada a Lei Eusébio de 
Queirós, que proporcionou a diminuição substancial do tráfico, que era a forma mais usada para 
conseguir escravos, embora alguns senhores contrabandeassem ilegalmente escravos africanos, 
mas ainda assim a medida proporcionou aumento significativo do preço a ser pago para a obtenção 
de escravos. 
Após essa observação é visível que o trabalho esteve e está presente em toda a vida cotidiana, pois, 
com o resultado, ou seja, com o salário, é possível comprar os bens necessários para a manutenção da 
vida; entretanto, como já analisado, ele se torna insuficiente, e esta condição coloca o trabalhador em 
situação vulnerável, que pode ser potencializada por outras questões, pois:
O trabalho humano se encontra na base de toda a vida social. Os homens, 
impulsionados pelas necessidades vitais, apropriam-se da natureza e 
produzem os bens necessários à sua manutenção, que lhes dão condições 
de existir, de se reproduzir e de “fazer história”, salientaram Marx e Engels 
(1982, p. 19). Satisfeitas as primeiras necessidades, surgem outras exigindo 
novas soluções que direcionam o homem nas relações com os outros 
homens. Enredado nesse conjunto de relações sociais, como um ser social e 
histórico, este desenvolve sua práxis, atividade material pela qual ele “faz o 
mundo humano” e transforma-se a si mesmo (VAzQUEz, 1977, p. 9). 
Assim, através de contínuas transformações das condições sociais realizadas 
pela práxis humana, foram sendo gerados os progressos econômicos 
e sociais, bem como toda uma cultura. Na teoria marxista, o modo de 
produção oferece elementos para caracterizar as sociedades e analisar as 
suas transformações (BULLA, 2003, p. 2).
As relações partem das necessidades construídas pelo homem. As atividades são desenvolvidas para 
atender a uma determinada necessidade humana e, ao mesmo tempo, comercial. Nesse sentido, o modo 
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de produção oferece ferramentas para atender a tais exigências na mesma proporção em que faz o 
desenvolvimento da práxis.
O homem tem a diferenciação com os demais animais em razão da capacidade de planejar as 
ações executadas, ou seja, caso precise de uma cadeira, detém a inteligência para tal transformação da 
natureza para seu benefício, diferentemente dos outros animais, que agem apenas por instinto.
Sob esse prisma, a sociedade não é homogênea, pois apresenta necessidades diferenciadas 
entre os grupos que a formam (relações de produção e forças produtivas); consequentemente, tais 
relações “modelam” a sociedade em classes e estrutura; o modo de produção utilizado influenciará 
diretamente os que pertencem ao mesmo tecido social (trabalhador ou empresário), assim:
[...] no processo de trabalho, os homens criam determinadas relações 
entre eles (relações de produção), que, juntamente com a capacidade de 
produzir (forças produtivas), constituem o modo de produção. O nível 
de desenvolvimento dessas forças produtivas materiais e as relações de 
produção correspondentes determinam, segundo Marx e Engels (1982), os 
diferentes tipos de sociedade. As relações de produção modelam, portanto, a 
estrutura social e a repartição da sociedade em classes. Quando as condições 
materiais de produção mudam também, se alteram as relações entre os 
homens que ocupam a mesma posição na sociedade de classes (BULLA, 
2003, p. 2).
Na década de 1930, tem início a instalação, de forma intensa, das indústrias no Brasil, pois, 
anteriormente a esse momento, o ritmo não justificava a concentração dos proletários nos centros 
urbanos. “[...] Antes de 1930, um parque industrial ainda incipiente não permitira a concentração do 
proletariado, mas a questão social já se fazia perceber localizadamente” (BULLA, 2003, p. 5).
A década em questão foi importante para as transformações sociais nacionais, em virtude da 
Revolução de 1930, que fez uma divisão no modo de produção do Brasil, migrando da cultura rural e 
manual para a urbanizada e industrial:
[...] na realidade, a referida revolução pode ser considerada como um ponto 
divisório entre dois períodos distintos da história da sociedade brasileira: a 
época de vigência do sistema agrário-comercial, amplamente vinculado ao 
capitalismo internacional, e a do sistema urbano-industrial, voltado para o 
mercado interno que emergia paulatinamente, encontrando bases cada vez 
mais sólidas de expansão (BULLA, 2003, p. 5).
Nesse mesmo momento da história do país, houve crescimento significativo da industrialização, dos 
salários, do mercado consumidor, das pessoas nos centros urbanos, da renda individual, mas também 
ascenderam, na mesmaproporção, os problemas de cunho social, como:
• concentração de renda;
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• diferenciação das classes sociais;
• problemas urbanos: saneamento básico, falta de moradia, infraestrutura;
• acesso à educação;
• tensões na relação entre capital e trabalho.
Como podemos constatar a seguir:
A partir de 1930, o Brasil entrou num período de maior desenvolvimento 
econômico, que se refletiu no aumento da renda per capita, dos salários 
reais e do consumo. Simultaneamente, registrou-se um incremento da 
taxa de crescimento da população e de urbanização. A concentração da 
população nas áreas urbanas trouxe consigo problemas de assistência, 
educação, habitação, saneamento básico, de infraestrutura e tantos outros. 
Na medida em que a industrialização avançava, crescia a concentração da 
renda, ampliando-se as desigualdades sociais, aumentando as tensões nas 
relações de trabalho e agravando-se a questão social (BULLA, 2003, p. 5).
O Estado, com a visão liberal, não atuava nesses problemas de forma direta, deixando a liberdade 
de intervenção aos envolvidos, trabalhadores e empregadores, relação desigual devido à ocupação que 
cada ator possui na dinâmica industrial que fica nítida na Constituição Federal de 1891 (a ausência do 
Estado na economia), bem como na intervenção diante desses problemas emergentes.
O Estado, com sua concepção liberal, expressa mais manifestamente na 
Constituição Brasileira de 1891, negava-se a intervir nos conflitos entre 
patrões e empregados e se opunha a realizações sociais distributivas de 
caráter obrigatório (FISCHLOWITz, 1964). 
De acordo com as concepções vigentes, não se admitia a intervenção 
direta do Estado na economia. Ele atuava como um simples “regulador 
do livre jogo das forças econômicas, administrando, cobrando impostos, 
fornecendo meios de comunicações e transportes baratos para a circulação 
de mercadorias” (FLORES, 1986, p. 98). 
Ao contrário do que acontecera em governos anteriores, entretanto, o 
governo populista, que assumiu o poder logo após a Revolução de 1930, 
reconheceu a existência da questão social, que passou a ser uma questão 
política a ser enfrentada e resolvida pelo Estado (BULLA, 2003, p. 5).
Com o início avassalador da industrialização no Brasil, os detentores do poder começam a ficar 
coagidos com as manifestações dos trabalhadores, pois dependiam diretamente de sua força de trabalho, 
motivo que levou o então presidente, Getúlio Vargas, a criar diversas políticas sociais em detrimento dos 
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interesses dessa classe, ficando à margem os desempregados, situação analisada como uma forma de 
punição por não “ajudarem” o país a se desenvolver; porém, é fator para o crescimento do capitalismo 
ter o exército de mão de obra de reserva, conforme Marx expõe.
Nessa mesma dinâmica, os proletários começam a se enxergar como um grupo que possui problemas 
parecidos. Têm início, então, as manifestações em prol de melhores condições de trabalho e de vida, 
movimento igual ao europeu. Apenas nessa década e durante o governo Vargas (1930-1945) foram 
instituídas duas Constituições Federais, em 1934 e 1937. O presidente tinha como uma das principais 
características o populismo.2
Art. 115 – A ordem econômica deve ser organizada conforme os princípios da 
Justiça e as necessidades da vida nacional, de modo que possibilite a todos 
existência digna. Dentro desses limites é garantida a liberdade econômica.
[...] Art. 121 – A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as 
condições do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteção 
social do trabalhador e os interesses econômicos do País.
[...] b) salário mínimo, capaz de satisfazer, conforme as condições de cada 
região, às necessidades normais do trabalhador;
[...] Art. 138 – Incumbe à União, aos Estados e aos Municípios, nos termos 
das leis respectivas:
a) assegurar amparo aos desvalidos, criando serviços especializados e 
animando os serviços sociais, cuja orientação procurarão coordenar;
[...] c) amparar a maternidade e a infância;
[...] e) proteger a juventude contra toda exploração, bem como contra o 
abandono físico, moral e intelectual;
f) adotar medidas legislativas e administrativas tendentes a restringir a 
moralidade e a morbidade infantis; e de higiene social, que impeçam a 
propagação das doenças transmissíveis; 
g) cuidar da higiene mental e incentivar a luta contra os venenos sociais 
(BRASIL, 1934).
2 “O populismo pode ser definido, em síntese, como a política estatal de controle das classes trabalhadoras urbanas 
(operariado, classes médias assalariadas, pequena burguesia proprietária). Em outras palavras, no populismo, os grupos 
burgueses que exercem o poder, incapacitados de controlar as camadas populares, recorrem ao Estado para que este 
intermedeie os conflitos de classes” (SILVA, 1992, p. 53).
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Como podemos verificar, aos trabalhadores formais foi instituído o salário mínimo, um primeiro 
indício de proteção para uma vida mais digna para o proletariado. São estabelecidas, via salário mínimo, 
garantias primárias de sobrevivência, a partir da venda e compra de sua força de trabalho, único meio 
para viabilizar seu sustento.
Contudo, o art. 115 responsabiliza a economia para basear-se nos “princípios da justiça e as 
necessidades da vida nacional, de modo que possibilite a todos existência digna”; entretanto, não eram 
todos que possuíam meios para serem trabalhadores, sobretudo, pela falta de oportunidades.
No art. 138, torna-se evidente a preocupação do Estado em relação aos movimentos reivindicatórios; 
há a intenção de agir a fim de distanciar o trabalhador dessa prática, sendo um sujeito submisso ao 
governo.
No Título IV da Constituição de 1934 (“Da Ordem Econômica e Social”), são priorizadas ações para 
melhoria na vida do trabalhador, porém o número de pessoas sem trabalho era tão grande que, em 1931, 
havia em torno de 2 milhões de desempregados e subempregados no país, principalmente, em São Paulo 
e no Rio de Janeiro, devido:
• ao deslocamento da classe trabalhadora rural para o meio urbano;
• à politização da questão social, que passa a ser tratada como problema social;
• ao desemprego causado pela crise econômica de 1929;
• ao desabastecimento decorrente da Segunda Guerra Mundial;
• à expansão do assistencialismo que norteava as medidas trabalhistas.
Na Constituição Federal de 1937, da qual este estudo destacou o capítulo que trata da família, estão 
estabelecidas garantias no âmbito social:
Art. 124 – A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob 
a proteção especial do Estado. Às famílias numerosas serão atribuídas 
compensações na proporção dos seus encargos.
Art. 125 – A educação integral da prole é o primeiro dever e o direito natural 
dos pais. O Estado não será estranho a esse dever, colaborando, de maneira 
principal ou subsidiária, para facilitar a sua execução ou suprir as deficiências 
e lacunas da educação particular.
[...] Art. 127 – A infância e a juventude devem ser objeto de cuidados 
e garantias especiais por parte do Estado, que tomará todas as medidas 
destinadas a assegurar-lhes condições físicas e morais de vida sã e de 
harmonioso desenvolvimento das suas faculdades. O abandono moral, 
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