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PÓS, GRÂNULOS e COMPRIMIDOS Prof Ms Arthur Bianco Pós • Pós são misturas íntimas de fármacos secos e ou outras substâncias finamente divididos, que podem ser para uso interno (pós orais) ou uso externo (pós tópicos). (USP, 2005) • Os pós são constituídos de finas partículas que variam de 0,1μ a 10.000μ, embora os tamanhos das partículas em preparações farmacêuticas variem geralmente na faixa de 0,1μ a 10μ. • Grande aplicação na preparação de outras FF -> fármaco sólido misturado a excipientes pulverizados p/ produzir outras FF sólidas como Comprimidos e Cápsulas. VANTAGENS • Mais estáveis que as preparações líquidas. As reações químicas de degradação, entre as substâncias associadas e entre as substâncias e as condições atmosféricas ocorrem mais lentamente em preparações na forma de pó do que na forma líquida. • O tamanho reduzido das partículas na forma de pós permite uma dissolução mais rápida nos fluidos orgânicos que a obtida em formas sólidas compactadas como, comprimidos. Comparativamente, apresentariam maior biodisponibilidade que estes últimos. • Maior facilidade de deglutição, podendo ser ingeridos em maior quantidade, especialmente quando misturados previamente à sua administração com alimentos e bebidas. Esta vantagem torna-o conveniente para administração em pacientes pediátricos e geriátricos. DESVANTAGENS • Fármacos com sabores desagradáveis, não apresentam suas características objetáveis convenientemente mascaradas quando dispensadas na forma de pó. • Pós divididos (papéis, envelopes, sachês), demandam mais tempo para o seu preparo comparado ao granel. CLASSIFICAÇÃO DOS PÓS • Pós simples: divisão de uma única substância. • Pós compostos: obtidos da mistura de dois ou mais pós simples. PREPARAÇÃO PÓS: operações farmacêuticas • Trituração (ou cominuição): redução do tamanho de partículas utilizando gral e pistilo para a trituração. A eficiência (trituração mais fina) obtida com a utilização do gral de superfície áspera é maior que a obtida no gral de superfície lisa. • Tamisação: através do tamis, separa frações do pó em função do tamanho das partículas presentes. Tem por finalidade obter pós com partículas que tenham um determinado tamanho médio (mesma tenuidade). A tamisação é também utilizada na desagregação de pós como forma de aperfeiçoar o processo de mistura. Classificação dos Tamises • Constituído por aro de diâmetro variável, com uma extremidade fechada por tela esticada formada por uma trama de fios de aço inox entrelaçados que deixam pequenas aberturas entre os mesmos denominados de malhas. • Cada tamis é designado por um número correspondente ao tamanho da malha que permite a separação em função dos diâmetros das partículas do pó tamisado. Mistura de Pós • o objetivo é conseguir que qualquer amostra da mistura tenha composição idêntica à outra amostra da mistura total. • A mistura deve ter a mesma composição em todos os seus pontos. Para obtenção de uma mistura homogênea de pós, é ideal que os pós em seu estado inicial tenham uma densidade e tamanho de partículas semelhantes (tenuidade dos componentes). Para isso, é necessário efetuar uma pulverização seguida de tamisação. • Outro fator na mistura de pós é a proporção dos diferentes componentes, uma vez que a obtenção de uma homogeneidade total da mistura é mais difícil quando um dos componentes está presente em menor proporção em relação aos outros. A Mistura dos pós pode ser feita por Espatulação, Trituração, Peneiramento ou Tombamento. • Espatulação -> indicada para pequenas quantidades de pós, espátula, papel ou pedra. Homogeneidade não assegurada. • Trituração -> Método da diluição geométrica é especialmente usado pra mistura de substâncias potentes e quando são todas da mesma cor. • Peneiramento -> produto leve e solto. Tombamento • em câmara rotatória onde misturadores mecânicos misturam o pó em pequena ou grande escala por tombamento. Mistura completa, mas leva muito tempo. • A mistura de quantidades maiores de pós deve ser realizada em misturadores de pós com corpo móvel. Problemas de estabilidade e incompatibilidade de pós ou mistura de pós • Normalmente os pós são estáveis, os principais problemas são a liquefação de misturas eutéticas e deliquescentes, e a liberação de água de hidratação de pós eflorescentes. Pós Higroscópicos e deliquescentes: • Os higroscópicos são aqueles que absorvem a umidade do ar. E os deliquescentes, além de absorverem a umidade do ar, liquefazem-se parcialmente ou totalmente. Devem ser empregadas medidas corretivas. Misturas Eutéticas • É definida como aquela que resulta da mistura de componentes sólidos cuja proporção lhe confira o ponto de fusão inferior ao de qualquer dos componentes isolados, ou seja, trata-se da mistura de sólidos que se liquefaz ou se torna pastosa em temperatura ambiente. EX.: Ác acetil salicílico, Mentol, Cânfora, Ácido Salicílico, Fenol Pós eflorescentes • São substâncias cristalinas ou hidratadas que ao serem pulverizadas liberam água de cristalização ou de hidratação. Esta água pode ser liberada durante a manipulação ou com a exposição ao ambiente. A água liberada do pó pode torná-lo pastoso ou chegar a liquefazê-lo. A eflorescência é aumentada também com a pulverização, pelo aumento da superfície de evaporação da água de cristalização. GRÂNULOS • São aglomerados de materiais pulverizados, podendo ser usados como tais, ou para produção de comprimidos. • Essa FF consiste em partículas cujo tamanho varia entre 4,76 mm a 2mm. Obtidos por dois diferentes métodos: • Via seca: o pó é compactado em grandes placas e passa por granulação em tamanho adequado. • Via úmida: o pó é umedecido formando uma pasta, passa por um tamis no tamanho desejado e então os grânulos úmidos são secos ao ar ou por aquecimento em estufa. Comprimidos • São FF sólidas, geralmente preparadas com o auxílios de adjuvantes • São preparados principalmente por compressão, mas podem ser por moldagem. Compressão: suas formas e dimensões são determinadas pelo uso de matrizes e punções de diferentes formatos e tamanhos Comprimidos • Moldagem: os comprimidos são preparados em grande escala por máquinas e em pequena escala por introdução manual dos pós previamente molhados em um molde, a partir do qual o comprimido formado é removido e levado à secagem. Produção de comprimidos • Podem ser obtidos por três técnicas básicas: 1. Granulação por via seca 2. Granulação por via úmida 3. Compressão direta Granulação por via seca • A mistura de pós é compactada em grandes peças, depois quebrada (manualmente ou em moinhos) ou triturada a grânulos (para redução do tamanho das peças compactadas) • Para ser viável essa técnica, a substância ativa ou o diluente precisa ter características coesivas (em que há aderência). • Essa técnica é especialmente aplicada em materiais que se degradam na presença de umidade ou nas temperaturas elevadas usadas para secagem dos grânulos obtidos por via úmida. Granulação por via úmida • Pesagem e mistura dos componentes • Preparação de massa úmida • Transformação da massa úmida em grânulos (ou pellets) • Secagem dos grânulos • Calibração do tamanho dos grânulos por tamisação • Adição de lubrificantes • Obtenção dos comprimidos por compressão Compressão direta • Geralmente utilizada para substâncias coesivas (como cloreto de potássio) • NÃO há necessidade de granulação • Pode ocorrer esfoliação (“descascamento”), rachaduras ou laminação por captação de ar durante a compressão direta Fármaco Moagem Adjuvantes Mistura Compressão Comprimido • https://www.youtube.com/watch?v=Xz7xjvRxRgU • https://www.youtube.com/watch?v=NVW_Xkwd5RA Qualidadedos comprimidos • Não devem apresentar muita variação de peso • Devem apresentar uniformidade de conteúdo • Apresentar espessura uniforme • Dureza: devem ser suficientemente duros para resistir a ruptura durante o manuseio e frágeis o suficiente para desintegrar após a indigestão • Dureza correta: ex: comprimidos bucais devem se dissolver lentamente na boca, por isso são mais duros; comprimidos de liberação imediata devem ser menos duros Qualidade dos comprimidos • Friabilidade: ou durabilidade do comprimido. É verificado a tendência de erosão mecânica do comprimido (como quedas em um tambor) • Desintegração: capacidade de se desintegrar após a ingestão Vantagens dos Grânulos em relação aos Pós • Melhores propriedades de fluxo • Maior estabilidade devido à menor área de superfície • Menos susceptíveis à hidrólise • Menos propensos à endurecer quando em repouso • São umedecidos com maior facilidade que pós leves e macios que tendem a flutuar PÓS E GRÂNULOS EFERVESCENTES • Os efervescentes são usualmente misturas de ácido cítrico e/ou ácido tartárico (ácidos) com bicarbonato de sódio (base) e outros ingredientes medicinais. PÓS E GRÂNULOS EFERVESCENTES na presença de água, o ácido reage com a base e libera dióxido de carbono, produzindo efervescência. No preparo de grânulos efervescentes o álcool de alta graduação é utilizado normalmente como líquido de granulação. Vantagens: • Correção do paladar: a solução carbonatada e a liberação de CO2 mascaram sabores salgados e amargos. • Os grânulos apresentam a vantagem sobre os pós pelo controle da velocidade da efervescência. O pó dissolve mais rápido (devido sua maior superfície) que os grânulos, os quais hidratam e dissolvem mais lentamente. Desvantagens: • Baixa estabilidade, devido à alta reatividade e higroscopia da mistura. • Necessidade de um ambiente com baixa UR (30 ±45%). Cálculo para o preparo de grânulos efervescentes • Uma boa mistura efervescente consiste de Ácido Cítrico e Ácido Tartárico (proporção 1:2) associados ao Bicarbonato de Sódio. • 1g de Ácido Cítrico reage com 1,2g de Bicarb. de Sódio. • 1g de Ácido Tartárico reage com 1,2g de Bicarb. de Sódio ou 2g de A.T. reagem com 2,24g de B.S. Então para reagir com 1g de A.C. e 2g de A. T. são necessários 3,44g de B.S. Para melhorar a palatabilidade da preparação é recomendável deixar um pouco de ácido sem reagir. Proporção Ideal → 1:2:3,4 (AC:AT:BS). Considerando a seguinte formulação: • Fármaco ................................... 500mg • Pó efervescente qsp ................. 5g Contém 30 sachês • Total de Fármaco = 15g e de Veículo = (150-15) = 135 g • Qual a quantidade requerida de cada ingrediente para preparação do Pó efervescente? • Somando a Proporção → 1:2:3,4 (AC:AT:BS) corresponde a 6,4 • Se a formulação descreve 135g de pós efervescente: 135g -------------- 6,4 Se precisamos de 1 parte de ácido cítrico, então: 135g -------------- 6,4 X ----------------- 1 Logo, X= 21,0937 ou 21,1g • Então teremos que pesar: • 21,10g de Ácido Cítrico • 42,19 g de Ácido Tartárico • 71,71 g Bicarbonato de Sódio Procedimento geral de preparo de grânulos efervescentes 1. Calcular a quantidade de cada ingrediente. 2. Pesar cada componente. 3. Misturar bem os pós. 4. Aquecer a mistura em uma estufa entre 75 -105°C, até a formação de uma pasta (a liberação da água de cristalização ou hidratação, forma uma massa úmida). 5. Passe a massa por um tamis n°10 e seque em um dessecador. 6. Quebre os grânulos, embale e rotule. Efervescentes • Os edulcorantes utilizados podem ser diversificados e empregados em concentrações usuais, tais como dextrose, aspartame, sacarina, sucralose... • Evitar edulcorantes higroscópicos ou com alto teor de umidade, devem ser dessecados previamente. • Para aumentar o tempo de prateleira das formulações efervescentes, o benzoato de sódio pode ser empregado como conservante nestas preparações em concentrações de 0,02 a 0,5%. • A embalagem usualmente é o sachê de alumínio revestidos por filme plástico que posteriormente é acondicionado em caixas cartonadas. Devem ser armazenados em locais secos e dependendo do ativo veiculado, protegido da luz e calor.
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