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CAPM – Capital AssetPricingModel (Modelo de Precificação de Ativos Financeiros) Aline Chaia Ariano Morelo Cleverson Lopes Cinthia Henriques Rafael Moura O Capital Asset Pricing Model (CAPM) tem aplicação direta em análise de decisões de investimentos, sendo responsável pela caracterização do retorno esperado de determinado capital. Busca encontrar a taxa de retorno teórica de um ativo em uma carteira diversificada. Foi desenvolvido por William Sharpe e John Lintner na década de 1960 (ROGERS e RIBEIRO, 2004 e SÁ e MORAES), que conseguiram provar matematicamente a relação linear existente entre a taxa de retorno de um investimento e o retorno do mercado. O modelo é baseado na premissa de um mercado em equilíbrio, em que a informação é perfeita, ou seja, é gratuita e está disponível para todos. Considera que os investidores são racionais e visam sempre maximizar sua taxa de retorno (risco x retorno) e além de serem tomadores de preço. Nesse cenário, não existem impostos ou qualquer outro tipo de taxa que restrinja os investimentos (ROGERS e RIBEIRO, 2004 e ARAÚJO, OLIVEIA e SILVA, 2012). Desde sua criação, esse modelo vem passando por inúmeros testes empíricos por parte de pesquisadores no intuito de se avaliar sua validade prática. Com a constatação de algumas deficiências, a sua efetividade passou a ser questionada, visto que o poder explicativo do modelo não se mostrava satisfatório frente às analises as quais ele se propunha. Isso resultou em diversas modificações no modelo realizadas pelos especialistas em finanças e contabilidade, os quais levam em consideração um maior número de variáveis e com melhor adequação aos pressupostos. Mesmo assim, o CAPM é modelo mais utilizado para estimar o retorno de ativos (ARAÚJO, OLIVEIRA e SILVA, 2012), despertando o interesse dos pesquisadores em conhecê-lo melhor em diferentes contextos e circunstâncias. De acordo com Costa, Menezes e Lemgruber (1993) apud Araújo, Oliveira e Silva (2012), o CAPM foi fundamentado nas premissas das teorias da utilidade e da hipótese da eficiência de mercado, e considera que: [...] em situação de equilíbrio, a expectativa de retorno de um ativo seria igual ao retorno de um ativo livre de risco, somado a um prêmio pelo flavio e adriana Highlight flavio e adriana Highlight flavio e adriana Highlight flavio e adriana Highlight flavio e adriana Highlight risco assumido, prêmio esse resultado da diferença entre o retorno da carteira de mercado e ativo livre de risco, ponderado pelo beta (coeficiente de risco sistemático), o qual é a medida de sensibilidade de risco da empresa (BRUNI, 1998 apudARAÚJO, OLIVEIRA e SILVA, 2012). Segundo os autores, trata-se de uma metodologia de risco sistêmico, uma vez que “mensura a volatilidade dos retornos do ativo de forma relativa aos retornos do portfolio de mercado”. O risco específico ou não sistêmico é eliminado através da diversificação. Abaixo se tem a equação que representa o modelo, em que os coeficientes beta β e rf podem ser encontrados através de regressão linear: �� = �� + � �� − ��� + �� O retorno esperado é obtido através do retorno do ativo livre de risco somado à diferença este e o retorno da carteira de mercado, ponderado pelo coeficiente β. O beta é dado pela razão entre a covariância do retorno da ação da firma e da carteira de mercado, pela variância do retorno da carteira de mercado. Logo, pode-se concluir que quanto maior o risco associado, maior o retorno esperado do investimento. De acordo com Araújo, Oliveira e Silva (2012) algumas premissas devem ser respeitadas: i) o intercepto não pode ser significativamente diferente de zero; ii) o beta deve ser o único que explica a taxa de retorno do ativo com risco; iii) o trade-off risco-retorno deve ser linear; e iv) a carteira de mercado deve possuir maior risco do que o ativo livre de risco, sendo que, no longo prazo, as estimativas de retorno devem seguir essa trajetória. Assim, garante-se a linearidade do modelo e ainda, que as variáveis explicam o risco esperado. Atribuir ao retorno livre de risco um valor próximo a zero corrobora a afirmação anterior. Caso seja diferente, o investidor poderá se sentir atraído a apostar na ação, elevando o preço do ativo e, consequentemente, diminuindo o retorno esperado. O modelo pode ser usado tanto para decisões empresariais quanto para individuais. É através do grau de aversão ao risco que se define a forma de alocar os recursos (ARAÚJO, OLIVEIRA e SILVA, 2012). Uma das críticas ao CAPM é o fato de que não se leva em consideração a evolução do risco sistemático no tempo, ou seja, adota-se um coeficiente beta constante. Conforme já mencionado, existem variações do modelo a fim de incorporar essas e outras questões. Um exemplo citado por Rogers e Ribeiro (2004) é o Arbitrage Pricing Theory (APT) que busca acrescentar outros fatores como produção industrial, variações no prêmio de risco, diferenças entre taxas de curto e longo prazoe expectativa de inflação. No artigo The CAPM is Wanted, Deador Alive de Fama e French, os autores também discorrem sobre a viabilidade do CAPM clássico e chegam à conclusão que o modelo não se sustenta, dado que o beta, sozinho, não consegue explicar o retorno esperado. Segundo eles, variáveis que parecem não correlatas a beta trazem mais flavio e adriana Highlight flavio e adriana Highlight flavio e adriana Highlight flavio e adriana Highlight flavio e adriana Highlight consistência para explicar o retorno esperado.Sendo assim, eles propõem a criação de modelos mais robustos, com mais variáveis. Fama e French (1996) sugerem o modelo de três fatores que descreve de maneira mais consistente o retorno esperado do que o CAPM, o qual não captura anomalias de retorno. Eles investigaram o poder de explicação dos retornos de alguns fatores associados a características das empresas, tais como: tamanho, relação valor contábil / valor de mercado, alavancagem, relação lucro/preço da ação. Foi constatado que tais variáveis conseguem capturar parcela relevante do retorno das carteiras não explicada pelo beta do CAPM. Baseados nesses resultados, Fama e French (1993) propuseram o uso de um modelo de três fatores, para explicar o retorno das ações: 1) o excesso de retorno em relação ao mercado (fator mercado); 2) a diferença entre os retornos de carteiras de ações de empresas pequenas e grandes (fator tamanho = SMB, denotado por smallminus big); e 3) a diferença entre os retornos de carteiras de ações de empresas de alta capitalização e baixa capitalização (fator relação valor contábil / valor de mercado = HML, denotado por high minuslow). Adicionalmente, no artigo The CAPM: Theory and Evidence, Fama e French demonstram que o CAPM nunca foi um sucesso empírico já que a relação entre o médio retorno e beta é inflada e favorecida. Novamente citam a ocorrência de variáveis não explicadas pelo modelo e reforçam que apensar da simplicidade do CAPM seduzir na hora da análise é necessário se trabalhar em modelos mais avançados. Pode-se afirmar que apesar das limitações, o CAPM é o modelo de precificação mais utilizado no Brasil. Porém, é consenso entre os autores que, visando aumentar a utilidade prática, deve-se acrescentar o chamado Risco Brasil nas decisões, que representa o prêmio exigido pelos investidores estrangeiros para aplicar em ativos no país.As proxies mais usuais para os componentes do CAPM no país são o Ibovespa (carteira de mercado) e o CDI ou a SELIC (ativo livre de risco). Referências ARAÚJO,E.A.T;OLIVEIRA,V.C;SILVA,W.A.C. CAPM em Estudos Brasileiros: uma Análise da Pesquisa, Revista de Contabilidade e Organizações. vol. 6 n. 15, p. 95-122,2012. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Risco-País: Série Perguntas Mais Frequentes. 2015.Disponível em: <http://www4.bcb.gov.br/pec/gci/port/focus/faq 9-risco país.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2016. BANCO CENTRAL DO BRASIL (Org.). Taxas de Câmbio: Cotações e Boletins. 2016. 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