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História do Direito Notarial e Registral Tarefa 1 (1)

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Disciplina: História do Direito Notarial e Registral 
TAREFA 1.1 
Cláudio Martins comenta que o notariado deve-se ao servi publici romani. Fontes autorizadas, como a Enciclopédia Britânica, sugerem essa conclusão. Com efeito, sob o verbete notary, ali se pode ler que a lei romana o notarius, termo de que provém a moderna designação. Sem dúvida, as raízes do notariado estão mergulhadas em épocas bem mais remotas.
 A origem histórica dos serviços de notas e de registro vem de longas datas, estando relacionada à natureza humana e sua necessidade de perpetuar atos e fatos relevantes. Há registros históricos de realização desses serviços já pelos povos do Egito. Os grupos sociais primitivos, ainda nos dizeres de Martins, a partir da família, possuíam necessidades rudimentares, e por isso dispensavam intermediação no seu limitado atendimento.
 Bem cedo, por força da lei das necessidades crescentes, o relacionamento social se tornou mais exigente, sobretudo no que se referia aos assuntos de trocas ou de mercado, esboço de economia fechada. E foi preciso disciplinar esse relacionamento em ascensão através de interpostas pessoas, na hipótese, pela confiança que inspiravam, os sacerdotes, que já curavam da memorização dos cânones do direito divino, como informaram Atanásio Thanopulos e Dionísio Livathinos, de quem se pode colher tais informações. 
 Como ainda não existia escrita, os negócios eram igualmente memorizados pelo sacerdote memorista, cuja integridade se fazia, assim, a única garantia de cumprimento das relações negociais. O memorista foi, portanto, até o advento da escrita, o primeiro indivíduo a exercitar, rudimentarmente, atividade assemelhada à função notarial. Coube a Justiniano I, imperador bizantino (527-565) e unificador do Império romano cristão, a transformação da rudimentar atividade tabelioa em profissão regulamentada. As principais disposições da legislação justiniana, no âmbito notarial, consistiram na instituição do protocolo; na valorização do pacto pela intervenção no notário; na obrigação quanto ao local em que o tabelião e seus auxiliares deveriam permanecer à disposição dos clientes; na disciplina rigorosa a que aquele e estes ficavam submetidos no exercício da profissão. 
O protocolo (do grego protos – primeiro e kolla – pregar, significa etimologicamente uma folha pregada a certos documentos, contendo, em acréscimo, o resumo ou as indicações do conteúdo do ato). Por sua vez, o espanhol Pedro Ávila Alvarez salienta que já na Idade Média, se bem que obscura, aqui e ali, no tocante à história no notariado, assinala uma positiva tendência desenvolvimentista da instituição. Sua pátria, a Espanha, teria sido, possivelmente, predecessora, nesse embasamento, em que avultam a Escola de Bolonha e a legislação de Justiniano, adotou, a seu turno, princípios e normas da mais considerável significação. Mais tarde, o mesmo país editou um instrumento mais consentâneo – o Código das Sete Partidas – dado como a verdadeira origem do notariado espanhol. 
Dos destaques de João Mendes de Almeida Júnior é notado que desenvolvendo-se as relações sociais, a variedade e a complicação dos negócios trouxeram a necessidade de uma prova das convenções, menos fugaz do que a palavra falada e menos transitória ou insegura do que a memória das testemunhas; e, assim, as simples promessas verbais foram substituídas por documentos escritos. Para escrevê-los, sendo simples particulares (privado), tornaram-se, mais tarde, funcionários oficiais destinados a dar forma solene, a sanção da fé pública aos atos que lavrassem. Nos dizeres de Cotrim Neto, no Brasil, levou-se muito tempo para se projetar no ramo do Direito Notarial. Como o país era colônia de Portugal, simplesmente teve o notariado regulamentado por simples transplante da legislação portuguesa, trazendo para cá os mesmos defeitos de uma instituição jurídica já ultrapassada, pois, ao tempo do Brasil colônia, o direito português emanava quase todo de ordenações editadas pelo rei e as Ordenações Filipinas, que vigoravam em Portugal e passaram a existir aqui também, transformando-se na principal fonte do direito no Brasil, onde tiveram vigência por longo período, sendo aplicadas até o início do século XX.
 O notariado lusitano, até recentemente, ainda era um serviço público estatizado, os notários e registradores percebiam do Estado subsídios e honorários fixados em lei, realidade em vigor desde 1949. No entanto, esse serviço português, em 21 de abril de 2003, passou por reformas, identificando-se ao sistema latino, ou seja, privatizado, como adota o Brasil e a maioria dos países do mundo. A evolução e intensificação das atividades e negócios, aliadas à necessidade de conferir transparência e segurança às relações humanas, em tese, deram especial relevância a esses serviços que, ao longo do tempo, ganharam diferentes contornos jurídicos normativos.
O notariado brasileiro possui grande influência portuguesa, pois no período histórico do descobrimento da América e do Brasil, o tabelião acompanhava as navegações, fazendo parte da armada das naves, tendo papel extremamente relevante no registro dos acontecimentos e, inclusive, do registro das formalidades oficiais de posse das terras descobertas.
 O primeiro tabelião a pisar em solo brasileiro foi Pero Vaz de Caminha, português, que narrou e documentou minuciosamente a descoberta e a posse da terra, com todos os seus atos oficiais. Assim, o direito português foi simplesmente trasladado para o Brasil, sendo aqui aplicado tal qual era em Portugal, e da mesma forma se deu a regulamentação do notariado brasileiro, conclui Cotrim . Ovídio Baptista descreve que: “[...] o provimento dos cargos de Tabelião no Brasil se dava por meio de nomeação real, sendo o beneficiado investido de um direito vitalício. Dessa forma, por óbvio, não havia como exigir-se o preparo e aptidão tão necessários para o exercício da função. Muitos dos cargos podiam ser comprados, ou adquiridos como recompensa oferecida pela Coroa.”.
Nesse mesmo período, o notariado europeu e o da América espanhola sofreu rígidas mudanças, o que lhe dá, até os dias atuais, o título de mais desenvolvido do mundo, porém, no Brasil, tais modificações não se fizeram sentir, pois foi mantido o notariado ultrapassado herdado de Portugal. Como ensina Tullio Formicolla, quando de sua matéria sobre o notariado no Brasil e no mundo, que três séculos antes do descobrimento do Brasil, na Itália, com a Escola de Bolonha, na Espanha, com os colégios notariais de Aragon e Valência e em Portugal, no reinado de D. Diniz, quando veio à luz o Regimento ou Estatuto dos Tabeliães, já havia uma importante preocupação institucional e acadêmica voltada para o aperfeiçoamento da atividade notarial. Havia já uma preocupação com os requisitos, não só intelectuais como, também, ético-morais, que deviam possuir os aspirantes à função notarial. 
Após o descobrimento do Brasil, no bojo de um movimento revolucionário de proporções universais, a Revolução Francesa, que operou profundas transformações políticas, sociais e jurídicas, com reflexo em toda a humanidade, teve-se o advento da lei francesa do Ventoso (assim denominada face à data do calendário revolucionário de 25 do Ventoso do ano 11, equivalente a 16 de março de 1803 do calendário gregoriano). Essa lei estabeleceu os parâmetros da função notarial, sua competência, seus deveres, a forma das atas, minutas, certificação e protocolo. Formicolla acrescenta ainda que no Brasil, entretanto, continuava-se aplicando as ordenações Afonsinas, de 1445, repristinadas pelas ordenações Manuelinas (1521) e Filipinas (1603), até o surgimento da Lei nº 6.952, de 06.11.1981, que acrescentou parágrafos ao art. 134 do Código Civil, estabelecendo, pela primeira vez, os contornos e requisitos para lavratura do instrumento público notarial. No que tange à estruturação do notariado, permanecia-se, ainda, engatinhando. O advento da Lei nº 8.935/94 veio estabelecer certa estruturação ao notariado, mas se apresenta lacunosa, carecendo de aperfeiçoamentos.Meio século após (em 1871), no Brasil, tivemos, promulgada pela Princesa Izabel, a Lei 2.033, a qual alterava diversas disposições da legislação judiciária, e que no que, no § 8.º do art. 29 permitia aos tabeliães lavrar escrituras através de ‘escrevente juramentado’, escrituras essas que dependeriam de ser subscritas por ditos tabeliães, sob sua inteira responsabilidade. Sem dúvida que reside aí a origem da hipertrofia do tabelionato no Brasil, especialmente o das grandes cidades, determinante de muitas das falhas e impropriedades nele perpetradas, o que se constitui numa das tantas aberrações mantidas, até hoje, em nosso notariado tupiniquim. Ainda, conforme leciona Ovídio Baptista, o notariado brasileiro, disciplinado até então (em meados do séc. XX) pelas já citadas Ordenações Filipinas, passou a ser fiscalizado pelo Poder Judiciário, assumindo o caráter de um serviço auxiliar, embora suas funções nada tenham em comum com as atribuições peculiar a esse Poder. 
A subordinação da instituição notarial ao Poder Judiciário é uma nota peculiar do notariado nacional que, virtude de circunstâncias históricas e políticas, distanciou-se até mesmo do influente regime jurídico português, cujo notariado está ligado, ao contrário, não ao Judiciário, mas ao Ministério da Justiça. Por outro lado, o Hércules Alexandre Benício, fazendo referência a Décio Antônio Erpen, sustenta que os serviços notariais e registrais não decorrem propriamente de delegação (assunto que se será tratado em seguida); seriam, antes, instituições da comunidade, pré-jurídicas, advindas não de ato administrativo, ou da vontade política de governante, mas sim de um fenômeno sócio jurídico, institucionalizado pela convivência, objetivando a segurança nas relações dos indivíduos, em sociedade.
 Em decorrência da nítida autonomia que possuem, enquadrar-se-iam tais serviços extrajudiciais, dentro do sistema, como instituições autárquicas, similares à Ordem dos Advogados do Brasil ou Ministério Público. João Figueiredo Ferreira registra que a história do notariado brasileiro destaca, até fins do século XIX, a possibilidade legal da venda do então denominado cartório, que era um bem econômico. Na primeira metade do século XX, passou a constituir presente oferecido pelo detentor do poder para contemplar os amigos, ou cooptar os inimigos. 
Entretanto, desde meados do referido século, a maioria dos Códigos de Organização Judiciária instituiu a necessidade de aprovação em concurso público para o exercício da função notarial, mesmo porque o titular da função passava a ser um servidor da justiça. À vista disso, cabe destacar parte de uma reportagem da imprensa escrita brasiliense, datada de 27 de junho de 2003, a qual cita, entre outros assuntos, o apadrinhamento nos cartórios, senão veja-se: “O tabelião Maurício Gomes de Lemos, titular do 1º Ofício de Notas e Protestos de Títulos de Brasília, que administra há 43 anos um dos mais tradicionais cartórios da capital federal [...]. Ele recebeu a delegação de titular do cartório em 1960, como presente do presidente Juscelino Kubistchek, de quem era sobrinho.” (destaque acrescentado). 
A atividade cartorial no Brasil sempre foi alvo de cobiça e tida como uma mina de ouro. Até a Constituição de 1988, os cartórios eram recebidos por indicação dos governantes dos estados ou do Presidente da República em alguns casos. Ou até mesmo do Imperador, já que se trata de legado do regime monárquico, com alguns cartórios ainda em atuação desde os anos 1790, algo hereditário, nobiliárquico. O oficial tinha direito de escolher um substituto, parentes, na maioria das vezes, o qual assumia, no caso de sua morte ou aposentadoria. 
O argumento era que, como não havia aposentadoria para o notário ou registrador, os herdeiros dariam continuidade. No entanto, no regime militar, o Presidente Ernesto Geisel promoveu a estatização dos cartórios, por meio da Emenda Constitucional nº 07, transformando os “donos” dos cartórios em servidores públicos, remunerados pelos cofres públicos. Em 1982, outra Emenda à Constituição voltou atrás à estatização dos serviços extrajudiciais, e falou em concurso público, porém nada foi regulamentado. Só em 1988, a Carta Magna estipulou claramente a norma sobre os cartórios, bem como as leis pertinentes. 
O Serviço Notarial e Registral no Brasil é atividade bem presente na vida de pessoas e empresas. Do nascimento à morte, passando pelos diversos atos e fatos jurídicos sujeitos ao registro, tem o indivíduo necessidade de lançar mão dessa espécie de serviços, que o Estado, por delegação, outorga a determinadas pessoas.
Ref. Bibliográficas:
CENEVIVA, Walter. Lei dos notários e dos registradores comentada. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006
CUNHA, Gonçalves. Tratado do direito civil. Coimbra: Coimbra Ed., 1949
MARTINS, Cláudio. Direito notarial: teoria e técnica. Fortaleza: Imprensa UFCE, 1974.
ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. Órgãos da fé pública. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1963
COTRIM NETO, Alberto Bittencourt. Perspectivas da função notarial no Brasil. Porto Alegre: Colégio Notarial do Brasil – Seção do Rio Grande do Sul, 1973

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