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Fundamentos da terapia analítico funcional APRESENTAR OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA PSICOTERAPIA ANALÍTICO FUNCIONAL AUTOR(A): PROF. VANIA PATRICIA TEIXEIRA VIANNA AUTOR(A): PROF. VANIA PATRICIA TEIXEIRA VIANNA Bases Filosóficas e Históricas da Psicoterapia Comportamental ou Psicoterapia Analítico Funcional O modelo que fundamenta as ideias que resultaram na origem dessa modalidade de intervenção em psicoterapia é o modelo behaviorista, inicialmente descrito pelo norte americano John B. Watson (1913), muito influenciado pelos trabalhos de Edward L. Thorndike (1825, Estados Unidos da América - EUA) e Ivan Pavlov (Rússia, 1927). Naquele momento, início do século XX, a Psicologia se constituía de uma posição dualista = dicotomia mente X corpo. E seu objeto de estudo era a Consciência que, por sua vez, seria acessada por meio do método de investigação da Introspecção. Watson, na tentativa de atribuir status de ciência objetiva à Psicologia, rejeitava o modelo da época, atacando duramente tanto o objeto de estudo quanto e, principalmente, seu método de investigação. Assim, defendeu, segundo seus argumentos de avanço para a ciência psicológica, a mudança de seu objeto - o Comportamento, portanto - e adotou a Observação como o método de investigação, uma vez que esse tipo de método poderia produzir conhecimento por consenso. Embora Watson não negasse a existência de processos psicológicos como, por exemplo, a consciência, emoções e sentimentos, ele não os admitia como objeto de estudo da Psicologia. E, ao estabelecer o comportamento como objeto de estudo, acessado pela observação, restringia o universo de investigação exclusivamente aos comportamentos publicamente observáveis. Desta maneira, ao invés de se contraor ao modelo dualista - que ele próprio criticava - as suas ideias acabaram por fortalecê-la! 01 / 09 Burrhus F. Skinner, desde 1938, mas, com maior ênfase na década de 50, passa a defender a inclusão dos fenômenos descartados por Watson, mas os qualificando - também - de COMPORTAMENTOS. Neste caso, tanto os comportamentos publicamente observados como e, especialmente, os comportamentos privados são admitidos como objeto de estudo dessa corrente psicológica. A proposta de Skinner, então, está baseada na premissa de Watson de estabelecer a Psicologia como uma ciência natural, mas seu objeto de estudo - o comportamento - é tanto o que se observa como aquilo que não é passível de observação direta, tais como: sentimentos, emoções, pensamentos, sonhos etc. Porque todos eles podem ser entendidos e analisados em ume dimensão espacial-temporal e, não entendidos como manifestações de instâncias metafísicas (como o constructo teórico da mente). Neste sentido, a posição que determina essa, agora considerada, "filosofia de ciência" - o Behaviorismo - é uma posição monista: o objeto de estudo - o comportamento - como interação do organismo e seu mundo. Não há ênfase exclusiva ao organismo e, tampouco, exclusivamete ao ambiente; mas, à interação! Para distinguir as duas propostas - a de Watson e a de Skinner - os "behaviorismos" são nomeados de Behaviorismo Metodológico de Watson, pela ênfase que este atribuía ao método, a despeito do fenômeno; e Behaviorismo Radical de Skinner, pela ênfase que este atribui à origem, à raiz do fenômeno. E é a filosofia de ciência do behaviorismo radical de Skinner que subsidia a ciência que dela decorre: a análise do comportamento. COMPORTAMENTO PÚBLICO X COMPORTAMENTO PRIVADO Para Skinner (1953/1994), as leis que regem os comportamentos publicamente observados são as mesmas que regem os comportamentos privados. As únicas diferenças entre eles são: O acesso: O comportamento público é acessado tanto pelo indivíduo que se comporta como pelos membros de sua comunidade; o comportamento privado é acessado exclusivamente pelo próprio indivíduo A localização: A "pele" é a única dimensão que os separa; o comportamento público ocorre SOBRE a pele e o comprtamento privado ocorre SOB a pele. UM NOVO MODELO DE CIêNCIA - AVANçOS DA PSICOLOGIA Objeto disponível na plataforma Informação: 02 / 09 CURIOSIDADE A palavra BEHAVIORISMO é um neologismo! Isto é, "não existe" na nossa língua portuguesa. É uma expressão oriunda da língua inglesa - BEHAVIOR - que designa a expressão COMPORTAMENTO na língua portuguesa. Entretanto, essa corrente filosófica é assim conhecida em todas as nossas obras de referência. Evolução Histórica do Modelo A Psicoterapia Comportamental, ou Psicoterapia Analítico Funcional, pode ser dividida em três gerações, ou, como preferem os atuais analistas do comportamento, em "três ondas". A Primeira Onda: A primeira onda foi fortemente marcada pela expressão "modificação do comportamento" e por técnicas que visavam as tais modificações. Eram fundamentadas em experimentos básicos. Geralmente, os terapeutas realizavam uma investigação dos problemas do cliente e planejavam a intervenção de forma a eliminar os problemas identificados. A psicoterapia era focada em aspectos observáveis e, portanto, mensuráveis do comportamento. Daí, verifica-se a forte influência do modelo de Watson - ou da concepção do behaviorismo metodológico de compreensão do fenômeno psicológico. A aplicação sistemática nos tratamentos era baseada nos resultados diretos de expeirmentos de laboratório e, fortemente na década de 50, os tratamentos eram voltados aos indivíduos institucionalizados, especialmente os doentes psiquiátricos e aos indivíduos com desenvolvimento atípico. A expressão "modificação de comportamento" sofria várias críticas no mundo; mas, no Brasil, cujos profissionais da área passaram a adotar esse modelo a partir da década de 60, havia pouco (ou nenhum) acesso à produção da área e, consequentemente, a comunidade de profissionais brasileiros era alheia à controvérsia do termo. Destacaram-se como profissionais da primeira onda Eysenck e Wolpe. Para eles, esse modelo unia, pela primeira vez, ciência e psicoterapia. Seu objetivo era desenvolver uma abordagem de bases experimentais e, portanto, inequivocamente eficiente. Uma vez que, no início, o movimento comportamental surgiu como uma crítica e uma rejeição ao subjetivismo dominante na psicologia clínica, parecia natural que o foco seria apenas em comportamentos mensuráveis, porque era possível demonstrar, com clareza, os efeitos produzidos pelas técnicas psicoterapêuticas. 03 / 09 Muitas críticas pertinentes foram feitas a esse modelo psicoterapêutico. A maior delas foi a de que ignorando a subjetividade dos clientes, o psicoterapeuta não podia realizar um trabalho integral. Dizendo de outro modo: tratar apenas comportamentos observáveis não produzia uma verdadeira mudança no comportamento total do cliente. Além disso, ocorria que - ao final - observava-se a "substituição de sintomas", apenas. Essas críticas deram origem, então, à Segunda Onda: A segunda onda foi marcada pelo que se convencionou chamar de a "revolução cognitiva", da qual originou- se a terapia cognitivo comportamental (TCC). O modelo surgiu com Aaron Beck e sua terapia cognitiva para depressão. Espalhou rapidamente, tornando-se uma das maiores forças da psicoterapia. A TCC continua em franca expansão, sendo um modelo psicoterapêutico largamente investigado. Os resultados dessas investigações demonstram a eficiência da TCC para uma grande diversidade de problemas psicológicos. O principal foco de interesse da TCC é o pensamento do cliente. Afirma-se que os problemas psicológicos acontecem quando o indivíduo tem crenças e pensamentos insalubres que o fazem interpretar o mundo de maneira "incorreta" ou, tecnicamente "disfuncional". Essa avaliação enviesada do mundo produz sofrimento,impedindo que o cliente obtenha prazer ou descubra maneiras alternativas e mais saudáveis de se comportar. O psicoterapeuta procura mostrar ao cliente a origem das suas crenças e pensamentos inadequados e, por meio de uma série de técnicas, ajuda o cliente a questionar a validade dessas crenças e pensamentos. O objetivo do psicoterapeuta é, em poucas palavras, modificar a estrutura cognitiva do cliente. Somada às técnicas de mudança cognitiva, algumas tarefas de modificação do comportamento são também utilizadas. Esse modelo tem como referências essenciais a Terapia Racional-Emotiva de Albert Ellis (1962) e a Terapia Cognitiva de Aaron Beck (1976). A ênfase demasiada ao pensamento é frequentemente criticada pelos psicoterapeutas comportamentais, segundo os quais não é necessário recorrer à cognição para explicar as atividades humanas. Para os analistas do comportamento, a cognição é também comportamento e, portanto, a ênfase da psicoterapia deve ser a relação do indivíduo com seu ambiente: aí incluindo eventos privados (como pensamentos e sentimentos) e públicos. A Terceira Onda A terceira onda, e atual, é um retorno a uma evolução das idéias da primeira onda, no que se refere à postura e ao rigor científicos com a ideia proposta por Skinner acerca dos comportamentos privados. São propostas, assim, novas formas de compreender o processo psicoterapêutico. 04 / 09 Há três principais novidades trazidas pela nova terapia comportamental. Para iniciar, em consonância com a filosofia behaviorista radical, a cognição continua a ser estudada, mas deixa de constituir entidade explicativa, sendo compreendida como relação entre indivíduo e ambiente (comportamento). Os psicoterapeutas voltam a enfatizar o ambiente como produtor e produto das ações humanas. A segunda novidade é a perspectiva contextualista e funcional. Cada comportamento é compreendido dentro do contexto específico em que ocorre e de acordo com a função que exerce. Essa perspectiva permite uma interpretação clínica que vai além das aparências, chegando à raíz dos eventos que mantêm e controlam o comportamento. Produz uma ferramenta de análise em que se reconhece a particularidade dos indivíduos. Cada pessoa passa por uma avaliação singular, e suas dificuldades são compreendidas de forma integrada dentro do quadro maior de sua história de vida e contextos atuais. Finalmente, a terceira novidade trazida pela terceira onda da psicoterapia comportamental é seu foco na relação psicoterapêutica. Pode-se dividir isso em duas características: 1. Teoria e prática sobre a importância da relação psicoterapêutica em si 2. Sugestões de como o psicoterapeuta deve se comportar para atingir sucesso Essas características estão relacionadas com uma perspectiva humana em psicologia clínica. Para os novos profissionais, importa não apenas o comportamento do cliente, mas também o comportamento do próprio psicoterapeuta. A terceira onda, então, enfatiza que o sucesso psicoterapêutico se situa na relação humana, e não em verbalizações unilaterais. 05 / 09 Legenda: HOMEM E SUA RELAçãO COM O MUNDO 06 / 09 FUNCTIONAL ANALYTIC PSYCHOTHERAPY - FAP (KOHLENBERG; TSAI, 1991/2001) Uma das principais correntes dentro da chamada "terceira onda" na evolução da psicoterapia analítico funcional é a da proposta conhecida por FAP - Functional Analytic Psychotherapy. Tal corrente foi proposta por Kohlenberg e Tsai, em 1991. A principal característica desse modelo é a ênfase na história construída no setting entre cliente e psicoterapeuta para: (a) identificação da demanda/queixa; e (b) atuação, no próprio setting e a partir da própria relação entre a díade cliente/psicoterapeuta, para as análises e planejamento de intervenções. ATIVIDADE A origem da Psicoterapia Analítico Funcional está baseada em um modelo fundamentado na filosofia de ciência: A. Do Behaviorismo Radical de Skinner, cuja posição de compreensão do fenômeno psicológico é monista. B. Do Behaviorismo Metodológico de Skinner, cuja posição de compreensão do fenômeno psicológico é monista. C. Do Behaviorismo Radical de Skinner, cuja posição de compreensão do fenômeno psicológico é dualista. D. Tanto do Behaviorismo Metodológico quanto a do Behaviorsimo Radical, uma vez que ambas tem a mesma concepção de homem e de mundo. ATIVIDADE 07 / 09 Sobre a "primeira onda" da Psicoterapia Comportametal é correto afirmar que: I. Enfatizava-se a "Modificação de Comportamento". Nesta, havia a aplicação sistemática, desde a década de 50, de técnicas advindas de resultados de labora†ório diretamente voltadas à atuação a indivíduos institucionalizados (por exemplo: doentes psiquiátricos e indivíduos com desenvolvimento atípico) II. Embora o termo de "modificação do comportamento" sofresse várias críticas ao redor do mundo; no Brasil, a partir da década de 60 - quando alguns profissionais adotavam essa alcunha para definir sua orientação - havia pouco (ou nenhum) acesso à produção da área e, consequentemente, tais profissionais apresentavam-se alheios à controvérsia do referido termo. III. Nomes como Eysenck e Wolpe são considerados essenciais nesse primeiro momento. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A. Todas as afirmativas apresentam ideias corretas acerca desse primeiro momento - ou primeira onda - da introdução do modelo de psicoterapia analítico funcional. B. Nenhuma afirmativa contém informações verdadeiras acerca da introdução do modelo de psicoterapia analítico funcional. C. Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras. D. Apenas a afirmativa II é verdadeira. 08 / 09 ATIVIDADE FINAL Atualmente, um modelo de destaque na atuação do psicoterapeuta de orientação analítico funcional é a proposta por Kohlenberg e Tsai (1991/2001). Ess modelo é conhecido como: A. FAP - Functional Analytic Psychotherapy (Psicoterapia Analítico Funcional), proposta por Kohlenberg e Tsai (1991/2001), cujo foco é a própria relação estabelecida entre cliente e psicoterapeuta. B. Terapia Racional Emotiva de Albert Ellis (1962). C. Terapia Cognitiva de Aaron Beck (1976). D. Terapia cognitiva para depressão de Beck. REFERÊNCIA BECK, Aaron T. Cognitive therapy and the emotional disorders. New York: International Universities Press, 1976. ELLIS, Albert. Reason and emotion in psychotherapy. New York: Lyle Stuart, 1962. EYSENCK, Hans Jürgen. Personality and experimental psychology. Bulletin of the British Psychological Society, 19, 1-28, 1966. KOHLENBERG, Robert J.; TSAI, Mavis. (2001). Psicoterapia analítica funcional - FAP. Santo André, (SP): ESETec. Obra originalmente publicada em 1991. SKINNER, Burrhus Frederic. Ciência e comportamento humano. São Paulo: Martins Fontes, 1994. Obra originalmente publicada em 1953. WATSON, John Broadus. Psychology as a behaviorist views it. Psychological Record, 89 (20), 158-177, 1913. WOLPE, Joseph. Psychotherapy by reciprocal inhibition. California: Stanford University Press, 1958. 09 / 09
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