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Resumos - Froyen (Macroeconomia)

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FGV – EESP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria Política e Macroeconômica I 
Professor Rogério Mori 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
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Índice 
 
Chapter 1: Introduction................................................................................................3 
Chapter 2: Measurement of Macroeconomic Variables..............................................5 
Chapter 3: Classical Macroeconomics (I): Output and Employment.........................8 
Chapter 4: Classical Macroeconomics (II): Prices, Money and Interest..................16 
Chapter 5: The Keynesian System (I): The role of aggregate demand.....................24 
Chapter 6: The Keynesian System (II): Money, Interest, and Income.....................33 
Chapter 7: The Keynesian System (III): Policy Effects in the IS-LM Model...........46 
Chapter 8: The Keynesian System (IV): Aggregate Supply and Demand................54 
Chapter 9: The Monetarist Couterrevolution............................................................64 
Chapter 10: Output, Inflation and Employment: Alternative Views........................69 
Chapter 11: New Classical Economics.......................................................................75 
Chapter 12: Real Business Cycles and New Keynesian Economics.........................81 
Chapter 13: Macroeconomic Models: A Summary...................................................88 
Chapter 14: Exchange Rates and International Monetary System...........................92 
Chapter 15: Monetary and Fiscal Policy in the Open Economy.............................105 
Chapter 16: Money, the Banking System, and Interest Rates.................................116 
Chapter 17: Optimal Monetary Policy......................................................................123 
Chapter 18: Fiscal Policy..........................................................................................130 
Chapter 19: Policies for Intermediate-Run Growth................................................137 
Chapter 20: Long-Run Economic Growth: Origins of the Wealth of Nations.......143 
Apêndice A: Álgebra do Modelo IS-LM................................................................150 
Apêndice B: Abordagens Alternativas das Funções Consumo e 
Investimento..............................................................................................................156 
Referências Bibliográficas.......................................................................................159 
 
 
 
 
 
 
 
	
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Chapter 1: Introduction 
 
Macroeconomia – “Estudo do Agregado” 
 
Algumas variáveis importantes: 
 
- Produto (Total Output) 
- Nível de Preços (Aggregate Price Level) 
- Emprego (Employment) 
- Desemprego (Unemployment) 
- Taxa de Juros (Interest Rates) 
- Salários (Wages rates) 
- Taxas de Câmbio (Foreign Exchange Rates) 
 
 É importante compreender os fatores que determinam as variáveis acima e como 
essas variáveis mudam ao longo do tempo. 
 A macroeconomia é politicamente orientada, além disso, muitas questões 
relacionadas a macroeconomia são questões normativas. Assim, temos diferentes 
escolas de pensamento macroeconômico, cada qual com a sua visão. As principais 
escolas de pensamento macroeconômico são: os clássicos, os keynesianos, os 
monetaristas, os novos clássicos, novos keynesianos e os teóricos dos ciclos reais de 
negócios (real business cycles). 
 
Economic Performance 
 
PIB real (Real GDP): todos os bens e serviços produzidos em um determinado 
período. (Atenção: PIB é fluxo, Riqueza é estoque). 
 
Desemprego (Unemployment): número de desempregados como porcentagem da 
força total de trabalho. 
 
Inflação: medida através de índices de preços ao consumidor. Inflação ocorre quando 
esse índice aumenta, já quando o nível de preços cai falasse em deflação. 
 
	
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Inflação vs. Desemprego: em alguns períodos as existe um trade-off entre inflação e 
desemprego, isto é, em alguns períodos parecem estar negativamente correlacionadas. 
Porém, em outros períodos, a relação não é de fácil identificação. 
 
Duas características marcantes da economia americana: 
Federal Budget Déficit: receitas menos gastos do governo, ou seja, o governo 
americano tem gasto mais do que arrecada nos últimos 25 anos. 
Trade Déficits: saldo da balança comercial. Assim, uma das características da 
economia americana é ter um excesso de importações sobre exportações. 
 
Central Questions in Macroeconomics 
 
- Instabilidade do Produto: O que causa o movimento cíclico do produto e do 
emprego? O que causa as recessões? 
- Movimentos da Inflação: Quais os determinantes da inflação? Qual o papel das 
políticas macroeconômicas na determinação da inflação? 
- Relação entre Inflação e Produto: Qual a relação entre inflação e desemprego? 
Como é essa relação ao longo do tempo? 
- Crescimento do PIB: O que determina o crescimento do PIB num período de duas 
décadas? E em períodos mais longos, como por exemplo, um século? 
- Implicações de déficits e superávits: Quais as implicações dos déficits/superávits 
fiscais? Quais as implicações dos déficits/superávits da balança comercial? 
 
Observação: Ao longo do livro, essas questões serão explicadas através de modelos 
elaborados por diferentes escolas de pensamento. 
 
Algumas fontes para coletar dados sobre variáveis macroeconômicas: 
www.ipeadata.gov.br; www.bcb.gov.br; www.ibge.gov.br; www.fgv.br; 
www.fazenda.gov.br; www.planejamento.gov.br. 
 
 
 
	
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Chapter 2: Measurement of Macroeconomic Variables 
 
Grande Depressão (década de 30) 
-Enfatizou a necessidade de dados sobre variáveis macroeconômicas. Até então esses 
dados não eram computados (pelo menos, não eram bem computados). 
-Simon Kuznets & Richard Stone – tiveram papéis pioneiros no desenvolvimento de 
sistemas de contas nacionais. Graças a esse papel pioneiro, ambos receberam prêmios 
nóbeis. 
 
Contas Nacionais: Product and Income sides 
-do lado da produção: 
GNP (Gross national product) vs. GDP (Gross Domestic product) 
- a principal diferença entre GNP e GDP está na forma como cada um trata as 
transações internacionais. O GNP inclui tudo o que foi produzido por cidadãos/firmas 
de determinado país no exterior e exclui tudo o que foi produzido por estrangeiros no 
país. Já o GDP, computa tudo o que foi produzido em determinado país (não leva em 
conta o que foi produzido fora desse país, independente de quem produziu). 
 
- Definição: “GDP (gross domestic product) is a measure of all produced final good 
and services evaluated at market prices”. 
- Inclui apenas os bens e serviços produzidos em um determinado período 
(trimestre/ano). 
- a questão dos bens finais versus bens intermediários 
- PIB computado a preços de mercado = PIB nominal 
- PIB computado com preços constantes = PIB real 
- Quando medido pela ótica da despesa, o GDP pode ser “quebrado” em 4 partes: 
A. Consumo (C) 
 A.1 Bens duráveis 
 A.2 Bens não duráveis 
 A.3 Serviços 
B. Investimento (I) 
 B.1 Investimento em formação bruta de capital fixo (FBCF) 
 B.2 Construção 
	
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 B.3 Estoques 
Observação: Investimento líquido = Investimento – Depreciação 
 
C. Gastos do Governo (G) - parte da produção comprada pelo governo (estadual/ 
federal) 
 
D. Exportações Líquidas (NX) – Total das exportações (X) menos as importações 
(M). 
 
 De acordo com as quatro partes acima, chegamos à identidade do PIB pela 
ótica da despesa: 
 
Y = C + I + G + NX 
 
Identidades Contábeis: Relações entre PIB e renda nacional podem ser
equacionadas em identidades contábeis, as quais são base para a construção de 
modelos. 
-Temos que: 
(A) Yd = Y – T, ou seja, a renda disponível (Yd) é igual a renda total (Y) menos a 
tributação (T). 
Além disso, temos que a renda disponível é alocada entre poupança (S) e consumo 
(C), portanto: (B) Yd = C + S 
Substituindo (A) em (B) temos: (C) Y = C + S + T 
Com a exclusão do setor externo da identidade do PIB pela ótica da despesa: (D) Y = 
C + Ir + G, onde: Ir = investimento realizado. 
Juntando (C) e (D) chegamos a: C + Ir + G = C + S + T 
Simplificando temos: 
 
S – Ir = G – T 
 
 
- PIB Real versus PIB Nominal 
- Como citado acima, o PIB nominal representa o PIB avaliado a preços de mercado, 
já o PIB real é uma medida do PIB que reflete apenas as variações de quantidades. 
	
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Deflator implícito do PIB: PIB Nominal/ PIB Real = Qt*Pt/ Qt*Pb = Pt/ Pb 
- O deflator implícito do PIB reflete a variação dos preços (Pb=100). 
 
- Outras medidas de inflação: 
(i) Índice de preços ao consumidor. 
(ii) Índice de preços ao produtor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
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Chapter 3: Classical Macroeconomics (I): Output and Employment. 
 
Os Clássicos - 2 periodos: 
 
(i) Clássicos: Adam Smith (Wealth of Nations); David Ricardo (Principles of political 
economy); Jonh Stuart Mill (Principles of political economy). 
 
(ii) Neoclássicos: Alfred Marshall (Principles of Economics); A. C. Pigou (The 
Theory of Unemployment). 
 
Revolução Clássica: 
 
Mercantilismo - 2 princípios básicos: 
 
(i) Bulionismo: Crença de que o poder e a riqueza de uma nação podiam ser medidos 
pela quantidade de metais preciosos acumulados por essa nação. 
(ii) Intervencionismo: Necessidade de intervenção estatal para desenvolver o 
capitalismo. 
 
Clássicos: 
- Importância dos fatores reais na determinação do crescimento. 
- Acreditavam nas forças do mercado e da eficiência dos mercados competitivos, por 
isso, defendiam a não intervenção do estado na economia. 
- Moeda é vista como mero meio de troca, sem valor intrínseco. 
 
A Análise Clássica: 
- A importância dos fatores reais em detrimento aos fatores monetários na 
determinação do produto e do emprego (moeda como meio de troca). 
- Defesa das tendências de “auto ajuste” da economia. Consequentemente, a crença de 
que as políticas governamentais para estimular a demanda agregada são 
desnecessárias. 
 
 
	
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O Modelo Clássico 
 
(A) Função de Produção. 
 
Y = f ( , N) 
 
- inputs: capital (K) e trabalho (N). No curto prazo, o estoque de capital é fixo, por 
isso, que significa que Y varia apenas em função de N no curto prazo. 
 
(B) Emprego. 
 
 Para os clássicos, o mercado de trabalho funciona perfeitamente, ou seja, os 
agentes tem informação perfeita e há flexibilidade total de preços e salários. 
	
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(B.1) A demanda por trabalho. 
 
 Segundo os clássicos, as firmas escolhem a quantidade de trabalho (N), de 
modo a maximizar os lucros: 
 
 Rmg = P (para mercados competitivos) 
 Cmg = W/ MPn (MPn é a produtividade marginal do trabalho) 
 
 Para maximizar o lucro, a condição de primeira ordem é dada por: 
 
 Rmg = Cmg  MPn = W/P 
 
 
 Assim, temos que para o mercado das firmas, a curva de demanda (Nd) é: 
 
Nd = f (W/P) 
 
 Essa curva é negativamente inclinada, pois quanto maior o salário menor a 
quantidade de trabalhadores contratada. Analogamente, quanto menor for o salário 
(W) maior será a quantidade de trabalhadores contratada. 
 
(B.2) A Oferta de Trabalho. 
 
 Segundo os clássicos, os indivíduos maximizam a sua utilidade e ao fazê-lo, 
enfrentam o trade-off entre trabalho e lazer. 
	
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 Assim, a oferta de trabalho é dada por: 
 
Ns = f(W/P) 
 
 A oferta de trabalho é positivamente inclinada pois quanto maior o salário 
real, maior o número de horas que o trabalhador irá quere trabalhar, ou seja, maior o 
número de horas de lazer que ele estará disposto a trocar por esse salário. 
 Se a quantidade de trabalho (N) é determinada pela oferta e demanda por 
trabalho (Nd e Ns) e a quantidade de produto (Y) é determinada pela quantidade de 
trabalho (N), então já temos os três componentes necessários para determinar a 
quantidade de trabalho (N) e, consequentemente a quantidade de produto (Y). 
 
	
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- Quais são os determinantes do produto (Y) e do emprego (N)? Quais são as 
variáveis exógenas? 
 
 Os determinantes do produto e do emprego são basicamente os fatores que 
determinam a forma das curvas da oferta (Ns) e demanda (Nd) por trabalho, e ainda os 
fatores que determinam a forma da função de produção. 
 
(i) Oferta de trabalho (Ns)  tamanho das forças de trabalho (e.g. 
tamanho da população); mudanças nas preferências. 
(ii) Demanda por trabalho (Nd) MPn; mudanças técnicas; formação de 
capital humano. 
(iii) Função de Produção  Mudanças técnicas; mudanças nos 
estoques de capital. 
 
	
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 Todos os fatores citados acima afetam basicamente o lado da oferta agregada, 
por isso, no modelo clássico os níveis de produto e emprego são determinados 
exclusivamente pela oferta. 
 
 
 A oferta é positivamente inclinada para dado nível de P1, ao aumentar W 
aumentamos o nível de salário real, por isso, aumenta N. Um aumento de preços de P1 
para 2P1 diminui o salário real para qualquer W anterior, o que representa um 
deslocamento da oferta à esquerda, ou seja, teremos que pagar mais W para manter a 
mesma quantidade N. Esse deslocamento está demonstrado no gráfico acima 
(Ns(P1)Ns(2P1)). 
 Por outro lado, temos que a demanda é dada por: W=MPn.P, logo um aumento 
de preços de P1 para 2P1 deslocaria a demanda à direita, já que mantida constante a 
produtividade marginal do trabalho (MPn) qualquer valor de W anterior irá aumentar. 
Para sucessivos aumentos do nível de preços teremos a repetição dos deslocamentos 
descritos acima, ou seja, para cada aumento do nível de preços a oferta desloca à 
	
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esquerda enquanto a demanda desloca à direita de forma a manter o nível de emprego 
(N) constante. 
 Assim, podemos concluir que, tanto o nível de emprego (N) quanto o nível de 
produto (Y) mantêm-se inalterados para alterações no nível de preços. Isso ocorre, 
pois o salário nominal cresce na mesma proporção do nível de preços, mantendo o 
salário real constante. 
 A partir daqui, podemos construir a curva de oferta agregada clássica que 
demonstra como a quantidade ofertada (Y) varia com alterações no nível de preços 
(P). 
 
 
 
 Vimos que, para qualquer aumento do nível de preços (P12P13P1) os 
salários iriam crescer na mesma proporção (W12W13W1), mantendo inalterado o 
salário real (W1/P1=2W1/2P1=3W1/3P1) e, consequentemente os níveis de emprego 
(N) e produto (Y). Por isso, a oferta agregada clássica é vertical, já que alterações no 
nível de preços não afetam o nível de produto. 
	
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 Conclusão: No modelo clássico, a demanda não afeta os níveis de produto e 
emprego, já que estes são determinados única e exclusivamente pelo lado da oferta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
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Chapter 4: Classical Macroeconomics (II): Prices, Money and Interest. 
 
Teoria Quantitativa da Moeda 
 
 Para os clássicos, a quantidade de moeda determina a demanda agregada, esta, 
por sua vez, determina o nível de preços. A teoria quantitativa da
moeda está na base 
da construção da demanda agregada clássica. 
 Existem 2 versões principais da teoria quantitativa da moeda. 
 
Versão de Irving Fisher 
-Equation of Exchange: 
M.VT = PT.T 
 
onde: M = quantidade de moeda; VT = velocidade de circulação da moeda; PT = 
índice de preços e T = volume de trocas. 
 A identidade acima pode também pode ser escrita na forma: M.V=P.Y. 
Escrita nesta forma, as variáveis são mais fáceis de mensurar. Segundo as identidades 
acima, P varia de forma proporcional a quantidade de moeda (M) e à velocidade de 
circulação da mesma (V) e inversamente proporcional ao volume de trocas (T). 
 Como vimos no capítulo anterior, para os clássicos a quantidade de produto é 
determinada pela oferta agregada. Além disso, Fisher argumenta que a velocidade de 
circulação da moeda é determinada pelos hábitos e tecnologias de pagamento da 
sociedade, por isso, Fisher assume que V é constante. Sendo assim: 
P = V/ Y. M 
 Trocamos Y e V por Y e V, justamente para indicar que essas variáveis são 
constantes. A identidade acima nos mostra a principal conclusão da teoria quantitativa 
da moeda: o nível de preços (P) é determinado pela quantidade de moeda (M). 
 
Versão de Cambridge (A.C Pigou & Alfred Marshall) 
 
 Pensando do ponto de vista individual, cada agente deseja manter uma 
quantidade de moeda pela conveniência. A demanda por moeda de Cambridge é dada 
por: 
	
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Md = k.P.Y 
 Segundo a representação acima, os indivíduos demandam uma quantidade de 
moeda equivalente a uma fração k da sua renda nominal (P.Y). No equilíbrio do 
mercado de moeda, a demanda por moeda (Md) é igual à oferta de moeda 
(Ms)(exógena). 
Ms = k. P. Y 
 Mais uma vez representamos Y como Y, pois no modelo clássico o produto é 
determinado pela oferta agregada. Representamos também k como sendo k, pois 
assumimos que k é determinado por uma série de fatores institucionais e que ele é 
relativamente constante. 
 Podemos reescrever a equação acima como: M.1/k = P.Y, neste caso fica 
evidente que a versão de Cambridge se aproxima da versão de Fisher se fizermos: 
V = 1/k 
 
Observação: Se tirarmos o ln (logaritmo natural) dos dois lados da Equation of 
exchange e derivarmos com relação ao tempo teremos: 
M*/M + V*/V = P*/P + Y*/Y 
onde o “*” indica a derivada da respectiva variável com relação ao tempo. A relação 
acima é equivalente a: 
ΔM% + ΔV% = ΔP% + ΔY% 
 Como ΔV% e ΔY% são ambos iguais a zero temos que: 
ΔM% = ΔP% 
 
Principais diferenças entre a versão de Cambridge e versão de Fisher 
 
(i) A abordagem de Cambridge é uma abordagem microeconômica. 
(ii) Na abordagem de Cambridge a moeda é também vista como reserva de 
valor. 
(iii) A versão de Cambridge discute a demanda por moeda de forma mais 
explícita. 
 
 
 
	
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A demanda agregada no Modelo Clássico 
 
 Para os clássicos, a demanda por moeda é uma função da quantidade de 
moeda ofertada (M), por isso, Yd = f(M). 
 Dada a velocidade de circulação da moeda, a curva de demanda agregada será 
a curva que passa por todos os pontos (Y,P) do gráfico que equilibram a oferta e 
demanda por moeda. Assim, supondo k=1/4 (V=4) queremos a curva de demanda 
para M=300. 
M = Md  M = k.P.Y  300 = ¼.P.Y  P.Y = 1200 
Logo, a curva de demanda agregada passará por todos os pontos (Y,P) onde P.Y é 
igual a 1200. Se a oferta de moeda fosse igual a 400, a curva de demanda agregada 
passaria por todos os pontos (Y,P) nos quais P.Y =1600. Portanto, qualquer aumento 
da oferta de moeda (M) causará um deslocamento da demanda agregada à direita, 
como demonstrado no gráfico abaixo. 
 
 
 Assim, juntando a oferta agregada do capítulo 3 com a demanda agregada aqui 
apresentada, teremos o seguinte gráfico representativo do modelo clássico. 
	
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 A partir do gráfico acima podemos perceber por que a teoria quantitativa da 
moeda está na base da demanda agregada clássica. Segundo a teoria quantitativa da 
moeda, um aumento da oferta da moeda leva a um aumento do nível de preços, isso 
ocorre através da demanda agregada, já que aumento na oferta de moeda levam a 
deslocamentos à direita da demanda agregada, como a oferta agregada é vertical esses 
deslocamentos levam a aumento no nível de preços (P1P2P3) e o produto 
mantem-se constante (Y1=Y2=Y3). 
 
Teoria Clássica das Taxas de Juros 
 
 Os componentes da demanda agregada (C, I e G) têm papel fundamental na 
determinação das taxas de juros no modelo clássico, na verdade, é a taxa de juros que 
garante que mudanças exógenas em qualquer um desses componentes não afete 
diretamente a demanda agregada. 
 A taxa de juros de equilíbrio é a taxa que equilibra oferta e demanda por 
fundos emprestáveis. A oferta de fundos é dada pela poupança (S), enquanto a 
demanda por fundos é determinada pelas firmas que demandam fundos para realizar 
investimentos (I), e pelo governo que demanda fundos para financiar o déficit público 
(G-T). 
	
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 Supondo as contas do governo equilibradas (G=T), a demanda por fundos 
emprestáveis dependerá única e exclusivamente das firmas (I). Vamos supor um 
choque exógeno (e.g. más previsões com relação ao futuro) afete a demanda por 
fundos emprestáveis, deslocando-a à esquerda. 
 
 A uma taxa de juros dada (r0), o choque faz o investimento diminuir em ΔI, 
porém a queda na taxa de juros (r0r1) estimula os investimentos no montante 
representado por B no gráfico acima. A queda do investimento de I0 para I1 provoca 
uma queda na poupança de S0 para S1, com isso, o consumo aumenta exatamente no 
	
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valor da queda da poupança representado no gráfico acima pela letra A. Dessa forma, 
com os dois ajustes citados acima, a queda do investimento é totalmente compensada 
por A+B, com isso a demanda agregada ficará inalterada. 
 No modelo clássico, choques exógenos nos componentes da demanda 
agregada (C, I ou G) afetam a mesma, pois esses componentes se reequilibram através 
do mercado de fundos emprestáveis. 
 
Implicações Políticas do Modelo Clássico 
 
 Aumento dos gastos do governo pode ser financiado com o aumento dos 
tributos, com a impressão de moeda, ou ainda com a venda de títulos. 
 Supondo uma economia com o setor publico inicialmente equilibrado (G=T). 
A demanda por fundos emprestáveis é dada apenas por I. 
 
 
 Se o governo aumentar os gastos (G) e decidir financiar esse aumento através 
da venda de títulos, teremos que a demanda por fundos emprestáveis deslocará à 
direita como demonstrado no gráfico acima. 
 Fazendo um raciocínio semelhante ao que fizemos para analisar um choque 
negativo na demanda por fundos emprestáveis, veremos que o aumento de G-T será 
novamente compensado por duas parcelas A e B. 
	
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 A parcela A denota a queda no investimento, provocada pelo aumento da taxa 
de juros (r0r1). Já a parcela B, representa o aumento da poupança e a consequente 
diminuição do consumo. 
 Assim, novamente os componentes da demanda agregada se reequilibram de 
tal forma que, o aumento dos gastos do governo seja compensado pelas quedas do 
investimento e do consumo. 
 Conclusão: No modelo clássico, as políticas fiscais, desde que financiadas 
pela venda de títulos, não tem qualquer efeito sobre o nível de preços, produto e 
emprego. Porém, se o governo decidir financiar o aumento dos gastos através do 
aumento da oferta de moeda irá deslocar a demanda agregada à direita causando o 
aumento do nível de preços. 
 Conclusão 2: Qualquer choque exógeno nos componentes da demanda 
agregada não irá deslocá-la, uma vez que esse componentes se reequilibram através
do mercado de fundos emprestáveis. Deslocamentos da demanda agregada dão-se 
apenas com alterações na oferta de moeda. 
 
Outro caso: Se o governo decidir mudar o imposto sobre a renda marginal ele terá 
efeito sobre o mercado de trabalho. Na verdade, a oferta de trabalho (apresentada no 
capítulo 3) deveria ser dada como função da renda real disponível e não apenas do 
salário real. Assim temos: 
Ns = g((1-ty).W/P) 
onde: ty representa o imposto sobre a renda marginal. Logo, uma queda em ty levaria a 
um deslocamento de Ns à direita o que causaria impactos na economia como um todo. 
Um deslocamento de Ns à direita geraria um aumento do nível de emprego, este, por 
sua vez, deslocaria a oferta agregada à direita, aumentando o produto. 
 Se o governo decidir financiar a perda de receitas, gerada pela diminuição dos 
impostos, através da venda de títulos, a demanda agregada permaneceria inalterada. 
Logo, o deslocamento da oferta agregada à direita levaria a um aumento do produto e 
uma queda no nível de preços, como demonstrado no gráfico abaixo. 
	
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Conclusões sobre o modelo macroeconômico clássico 
 
(A) Auto-ajustamento da economia 
 (A.1) Taxa de juros impede que choques em demandas setoriais afetem a 
demanda agregada 
 (A.2) A plena flexibilidade de preços e salários faz com que alterações na 
demanda agregada não afetem o produto, devido ao equilíbrio do mercado de trabalho 
que faz com que a oferta agregada seja vertical. 
 
(B) Dicotomia clássica: variáveis nominais não afetam variáveis reais. A quantidade 
ofertada de moeda não afeta nem o produto nem o emprego, mas única e 
exclusivamente o nível de preços. 
 
(C) Não intervencionismo: Devido às tendências de auto-ajuste da economia citadas 
acima, os clássicos defendiam a não intervenção do governo na economia. Vale 
destacar que, essa postura dos clássicos opõe-se à postura das teorias econômicas 
precedentes (mercantilismo) e posteriores (keynesianismo). 
 
	
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Chapter 5: The Keynesian System (I): The role of aggregate demand 
 
 Até a grande depressão dos anos 30, imperou a teoria macroeconômica 
clássica,vista nos capítulos anteriores. Porém, na década de 30 o desemprego 
permaneceu em níveis elevados por um largo período, diante dessa situação, os 
clássicos não tinham nada a dizer, uma vez que o desemprego não estava previsto em 
seu modelo macroeconômico. 
 Nesse momento em que as falhas da teoria clássica foram expostas, surgiu a 
figura de Jonh Maynard Keynes, este, através da sua obra “Teoria geral do emprego, 
do juro e da moeda”, revolucionou a história da macroeconomia. 
 
Modelo Keynesiano Simples 
 
- Condição para o equilíbrio: Y = E, onde Y é o produto e E é a demanda agregada. 
- Num sistema fechado, a demanda agregada tem 3 componentes: consumo (C), 
investimento (I) e gastos do governo (G). Sendo assim, temos: Y = E = C+I+G. 
- Pela ótica da despesa, temos que o PIB é alocado entre: consumo (C), poupança (S) 
e tributos (T). Assim: Y = C+S+T. 
- Por fim, temos: Y = C+Ir+G, onde Ir é o investimento realizado. 
 
 A partir das identidades contábeis apresentadas acima, temos três formas 
equivalentes de representar a condição de equilíbrio do modelo keynesiano simples: 
 (i) I + G = S + T 
(ii) I = Ir 
(iii) Y = C + I + G 
 
 Podemos interpretar as três condições acima, através do seguinte fluxograma: 
 
	
   25	
  
 Basicamente, temos que o produto (Y) é transferido das firmas às familias 
pelo pagamento de fatores e serviços. As familias gastam a sua renda (Y) em três 
atividades. Primeira é o consumo e volta diretamente para as firmas pelo pagamento 
dos bens e serviços consumidos. A segunda atividade que as familias podem gastar 
sua renda é poupando-a. As poupanças das familias são alocadas para os 
investimentos das firmas, através dos mercados financeiros. A terceira e última 
atividade na qual as familias gastam a sua renda é pagando impostos que, por sua vez, 
são utilizados pelo governo para comprar bens e serviços das firmas. 
 Todas as condições de equilíbrio apresentadas acima, são maneiras distintas de 
reescrever a condição de equilíbrio: Demanda por produto (E) = Oferta de produto 
(Y). 
(i) S + T = I + G  Significa que: a parcela da renda que as familias não 
consomem deve ser igual ao que os outros setores desejam comprar. 
(ii) I = Ir  I é o investimento planejado, portanto não inclui a acumulação de 
estoques que é vista como involuntária. Já Ir é o investimento realizado, 
por isso, inclui a acumulação involuntária de estoques. Sendo assim, essa 
condição nos diz que: no equilíbrio do modelo keynesiano, não existe 
acumulução involuntária de estoque. Se Ir > I, significa que as firmas 
tiveram um acumulo de estoques, esse acumulo causará uma queda do 
produto pela diminuição da atividade das firmas. Analogamente, quando 
Ir < I as firmas aumentam a sua atividade, consequentemente aumenta o 
produto. 
 
 Para ver o que determina o nível de produto temos que analisar os três 
componentes da demanda agregada: 
(A) Consumo (C): Nos anos recentes, o consumo tem sido o maior componente da 
demanda agregada norte-americana, chegando a representar entre 60 e 70% do PIB. 
Keynes acreditava que o consumo das famílias (C) podia ser apresentado como uma 
função da renda disponível (Yd), esta é igual a renda total menos os impostos pagos 
ao governo, ou seja, Yd = Y – T. 
Função Consumo Keynesiana 
 
C = a + b.Yd, com a > 0 e 0 < b < 1 
 
	
   26	
  
Graficamente: 
 
 Temos que “a” representa a parcela autônoma do consumo das familias, ou 
seja, a parte do consumo que independe da renda. Já “b”, representa a propensão 
marginal a consumir (PmgC), por outras palavras, quanto aumenta o consumo das 
familias quando a sua renda disponível aumenta em uma unidade. 
 Além disso, temos que: Y = C + S + T  Y – T = C + S  Yd = C + S. Desta 
forma, substituindo o consumo pela função de consumo keynesiana, podemos 
escrever a poupança como função da renda disponível (Yd). 
Yd = C + S  Yd = a + b.Yd + S  S = - a + (1 – b).Yd 
Graficamente: 
 
 
 Se Yd = 0 temos que S = -a. Além disso, (1 – b) representa a propensão 
marginal a poupar (PMgS), ou seja, quanto aumenta a poupança (S) quando a renda 
disponível (Yd) aumenta em uma unidade. 
 
 
	
   27	
  
(B) Investimento (I): Na visão keynesiana, o investimento é determinado por dois 
fatores: a taxa de juros (r) e as expectativas futuras (state of business). 
 Quanto ao papel da taxa de juros, a visão keynesiana não difere muito da dos 
clássicos: a uma taxa de juros alta, poucos investimentos serão rentáveis o bastante 
para justificar a tomada de um empréstimo. Assim, à medida que a taxa de juros vai 
diminuindo mais investimentos conseguirão ser rentáveis o bastante para pagar os 
empréstimos, por isso, maior será o investimento (I). Para Keynes, o fato dos 
investimentos serem também determinados pelas expectativas fazia com que eles 
fossem o componente mais instável da demanda agregada, pois, segundo Keynes, as 
expectativas mudam de forma fácil e constante. 
 
(C) Gasto do Governo (G): é uma variável exógena, controlada pelos policymakers, 
por isso, independente da renda. 
 
O Equilíbrio 
 
- (1) Y = E = C + I + G 
- (2) C = a + b. Yd, como Yd = Y – T, temos que: C = a + b.Y – b.T 
- Substituindo (2) em (1) temos: 
Y = a + b.Y – b.T + I + G 
Y – b.Y = a – b.T + I + G 
Y = 1/(1-b).(a – b.T + I + G) 
Graficamente: 
 
- Acima de a demanda agregada excede o produto, enquanto abaixo de a 
demanda agregada é inferior ao produto.
28	
  
 
 Mais precisamente, abaixo de temos que Ir < I, ou seja, há uma queda nos 
estoques, o que faz as firmas aumentarem a sua produção, por isso, há uma tendência 
do produto aumentar e se aproximar cada vez mais de . Analogamente, acima de 
temos Ir > I, portanto temos um aumento involuntário nos estoques, por isso, há uma 
tendência das empresas a diminuírem a sua produção e consequente diminuição do 
produto em direção a . 
 O termo 1/(1-b) representa o multiplicador das despesas autônomas (a-
b.T+I+G), ou seja, para cada unidade monetária a mais nas despesas autônomas o 
produto aumenta em 1/(1-b). 
 Suponhamos uma alteração no investimento: 
Δ = 1/(1-b). ΔI 
 Uma vez que, 0<b<1, o multiplicador das despesas autônomas é maior do que 
1, portanto um aumento dos investimentos em uma unidade monetária gera uma 
aumento do produto superior a uma unidade monetária. Isso ocorre devido aos 
“efeitos em cadeia” que o aumento dos componentes autônomos tem sobre o produto. 
 Vamos supor que: ΔI = 100 e b = 0,8. Um aumento nos investimentos aumenta 
a produção das firmas e os salários dos trabalhadores, porém, a cada 100 unidades 
monetárias de aumento nos salários, os trabalhadores gastarão 80, esse gasto irá 
aumentar a renda de outros produtores que gastarão 64 (0,8x80) em consumo e assim 
sucessivamente. O aumento do produto será dado pela soma de uma progressão 
geométrica de razão igual a 0,8 e primeiro termo igual a 100, assim como previsto 
pela fórmula do multiplicador, o aumento do produto será de 500. 
 Como (1-b) é igual à produtividade marginal a poupar (PMgS), a fórmula 
acima pode ser reescrita assim: 
Δ = 1/PMgS. ΔI 
	
   29	
  
 O efeito de aumento do investimento autônomo (I0I1), pode ser representado 
graficamente. 
 
 
 Para um aumento dos gastos do governo (G) temos: 
 Δ = 1/PMgS. ΔG 
 Para um aumento dos impostos (T) temos: 
Δ = -b/PMgS. ΔT 
 A relação entre o multiplicador dos gastos do governo e o multiplicador dos 
impostos, demonstrados acima, nos leva a uma conclusão importante. 
 
 Δ /ΔG +Δ /ΔT  1/PMgS – b/PMgs = 1  balanced budget multiplier 
 
 O multiplicador dos impostos é sempre menor (em módulo) do que o 
multiplicador dos gastos do governo, por isso, um aumento dos gastos do governo 
financiado por igual aumento dos impostos gera um aumento de 1 unidade na 
demanda agregada. 
 
	
   30	
  
Política de Estabilização Fiscal 
 
 Como o produto de equilíbrio é afetado tanto por aumento nos impostos 
quanto por um aumento dos gastos do governo, a política fiscal ganha importância no 
modelo keynesiano. A principal função da política fiscal seria a de garantir a 
estabilidade do produto, mesmo quando este é afetado pelas variações constantes nos 
investimentos. 
 Vamos analisar graficamente como uma queda nos investimentos (ΔI), pode 
ser anulada por uma aumento nos gastos do governo. 
 
 
 Um aumento dos gastos do governo num montante exatamente igual à queda 
do investimento faz com que o produto volte ao seu nível potencial (YP). O montante 
que os gastos do governo devem aumentar deve ser igual ao montante da queda do 
investimento, pois os multiplicadores desses componentes são iguais. Se quiséssemos 
voltar ao produto potencial por meio de uma política de redução de impostos, a 
diminuição destes teria que ser superior ao montante de queda do investimento, uma 
vez que, o multiplicador dos impostos é inferior ao multiplicador do investimento. 
 
 
 
	
   31	
  
As Importações e Exportações no modelo keynesiano simples 
 
 Até aqui analisamos os multiplicadores das despesas autônomas numa 
economia fechada. Agora veremos como são os multiplicadores numa economia 
aberta. 
 Numa economia aberta temos que: 
Y = C + I + G + (X – M) 
 onde: X indica as exportações e M as importações. 
 Da análise da economia fechada sabemos que: C = a + b.Y (assumindo T=0), 
enquanto I e G são exógenos. Para poder analisar os multiplicadores numa economia 
aberta falta-nos apenas saber quais são os determinantes das exportações e 
importações. 
 (D) Exportações (X): tal como I e G, no modelo keynesiano simples as 
exportações são tidas como exógenas. 
 
 (E) Importações (M): Da mesma forma que o consumo, as importações 
podem ser escritas como função da renda. Na verdade, as importações são tidas como 
uma função da renda e da taxa de câmbio, mas para simplificar vamos assumir que a 
taxa de câmbio é constante. Temos: 
M = u + v.Y, com u>0 e 0<v<1 
 Da mesma forma que “b” representa a propensão marginal a consumir, aqui 
“v” representa a propensão marginal a importar, ou seja, quanto aumentam as 
importações quando a renda aumenta em uma unidade monetária. 
 Agora que sabemos quais são os determinantes de X e M, podemos escrever 
os multiplicadores das despesas autônomas no modelo keynesiano simples com a 
economia aberta. Temos: 
 
Y = C + I + G + (X – M) 
Y = a + b.Y + I + G + X – u – v.Y 
Y – b.Y + v.Y = a + I + G – u 
Y.(1 – b + v) = a + I + G – u 
Y = 1/(1 – b + v).( a + I + G – u) 
 
 
	
   32	
  
 Assim, temos: 
 
 - Δ /ΔG = Δ /ΔI = Δ /ΔX = 1/(1 - b + v) 
 
 - Δ /Δu = - 1/(1 - b + v) 
 
 Portanto, no modelo de economia aberta o multiplicador das despesas 
autônomas é: 1/(1 – b + v). Esse multiplicador é sempre menor do que 1/(1-b) já que 
0<v<1. Isso significa que, o impacto do aumento das despesas autônomas sobre o 
produto é maior numa economia fechada do que numa economia aberta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
   33	
  
Chapter 6: The Keynesian System (II): Money, Interest, and Income. 
 
 No capítulo 5, ignoramos a as taxas de juros e a política monetária. Neste 
capítulo, vamos explicar o papel da moeda e das taxas de juros no modelo 
keynesiano. Por fim, construiremos um modelo que mostra como as taxas de juros e o 
produto são determinados conjuntamente. 
 
O efeito da taxa de juros sobre a demanda agregada 
 
(i) Taxa de Juros e o Investimento 
 Com taxas de juros menores, mais projetos terão uma lucratividade esperada 
maior do que o custo de tomar o empréstimo, por isso, mais investimentos serão 
realizados. Quando as taxas de juros são elevadas ocorre o inverso, ou seja, menos 
projetos tem lucratividade esperada superior ao custo de tomar emprestado, 
consequentemente, menos investimentos serão realizados. 
 
(ii) Taxa de Juros e o Consumo 
 A taxa de juros afeta principalmente o consumo de bens duráveis, uma vez 
que, para adquirir esses bens o consumidor, na maioria das vezes, faz financiamentos. 
Assim, quanto maiores forem as taxas de juros maior será o custo desse 
financiamento, o que desestimula o consumo de bens duráveis (como a linha marrom 
e a linha branca). 
 
Graficamente temos: 
 
 
 
	
   34	
  
 No gráfico acima, está ilustrada a relação inversamente proporcional entre 
juros e investimento. Além disso, temos que ∂I/∂r mede a sensibilidade do 
investimento com relação à taxa de juros e, portanto, a eficácia das políticas 
monetárias. 
 
 	
   Acima está representado o efeito de uma diminuição da taxa de juros sobre a 
demanda agregada. Como podemos observar, a taxa de juros afeta a demanda 
agregada, através das variações nos investimentos. 
 
A Teoria Keynesiana das Taxas de Juros 
 
 Keynes acreditava que a moeda tinha um papel importante na determinação da 
taxa de juros. Segundo Keynes, existiam duas categorias de ativos financeiros: moeda 
(M) e títulos (B). Seja a riqueza de um indivíduo em dado período dada por
, 
temos que: 
 = M + B 
como é fixo, definir M implica definir B e vice-versa. Por outras palavras, o 
equilíbrio do mercado monetário implica no equilíbrio do mercado de títulos. Assim, 
dizer que há um excesso de demanda por moeda implica dizer que há um excesso de 
oferta de títulos e vice-versa. 
 Quando temos um excesso de oferta de moeda temos um excesso de demanda 
por títulos, este excesso de demanda elevará o preço dos títulos, reduzindo seus 
rendimentos. Com isso, os agentes trocarão títulos por moeda e os equilíbrios nos dois 
mercados (de títulos e de moeda) serão novamente reestabelecidos. Analogamente, 
quando há um excesso de demanda por moeda há também um excesso de oferta de 
títulos, este tende a reduzir os seus preços e, consequentemente, a aumentar os seus 
	
   35	
  
rendimentos, logo os agentes irão trocar moeda por títulos e gradualmente os 
equilíbrios serão reestabelecidos. 
 Na visão keynesiana, a taxa de juros é determinada pelo equilíbrio do mercado 
monetário, como ilustrado abaixo. 
 
 	
  	
  	
  	
   A oferta de moeda (M0s) é definida exogenamente pelas políticas do Banco 
Central, por isso, é vertical. Já a demanda por moeda (Md) é afetada por 3 
componentes: transacionário, precaucionário e especulativo. 
 Transacionário: demanda para transações tem um correlação positiva com a 
renda. 
 Precaucionário: parcela de moeda armazenada para gastos imprevistos como, 
por exemplo, assistência médica. Tal como o componente transacionário tem uma 
correlação positiva com a renda. Observação: Para efeito de simplificação, em alguns 
casos o componente precaucionário está incluído no componente transacionário. 
 Especulativo: para compreender o componente especulativo da demanda 
keynesiana por moeda é necessário compreender a relação entre taxa de juros e valor 
dos títulos (VT). 
 Suponhamos um título que pague $ 50/ período. Se a taxa de juros for de 5% 
temos que: r = 50/ VT, neste caso: VT = 50 / 0,05  Valor do título = $1000. Se a 
taxa de juros passar de 5% para 2% temos que: VT = 50 / 0,02  Valor do título = 
$2500. Por outro lado, se a taxa de juros aumentar de 5% para 10%, temos que: VT = 
50 / 0,1  Valor do título = $500. 
 Através do exemplo acima, percebemos que o valor dos títulos tem uma 
correlação negativa com a taxa de juros, ou seja, um aumento da taxa de juros leva a 
	
   36	
  
uma diminuição do valor dos títulos e uma diminuição da taxa de juros leva a um 
aumento do valor dos títulos. 
 Assim, um investidor demandará títulos se acreditar que a taxa de juros vai 
cair pois, nesse caso, ele espera ter ganhos de capital. Por outro lado, se o investidor 
acredita que a taxa de juros irá subir ele preferirá moeda a títulos, já que é preferível 
ter retorno zero do que ter perdas de capital. 
 Acontece que cada investidor tem uma taxa juros que ele considera “normal” 
(rin), quando a taxa de juros está abaixo dessa rin é esperado que ela suba e quando a 
taxa de juros está acima dessa rin é esperado que ela caia. Temos então duas situações 
possíveis: 
(A) Quando a taxa de juros está num nível superior ao considerado “normal” 
pela sociedade, todos os indivíduos esperarão um queda na taxa de juros 
e, por isso, demandarão títulos infinitamente, já que a queda dos juros lhes 
proporcionará ganhos de capital. Assim, nesta situação a demanda por 
moeda para fins especulativos tenderá a zero. 
(B) Quando a taxa de juros está abaixo do nível crítico (nível a partir do qual 
a subida da taxa de juros gera perda de capital), as expectativas serão de 
um aumento na taxa de juros, por isso, para evitar as perdas de capital, os 
investidores demandarão moeda para fins especulativos. 
 A partir do raciocínio acima, podemos perceber que o componente 
especulativo da demanda keynesiana por moeda é negativamente relacionado com a 
taxa de juros, ou seja, quando as taxas de juros são elevadas a demanda especulativa 
por moeda será pequena e vice-versa. Por esse motivo, a demanda por moeda é 
negativamente inclinada como pode ser observado no gráfico do mercado monetário 
acima. 
 
Demanda Total por Moeda 
 
Md = c0 + c1.Y – c2.r 
 
Onde: c0, c1 e c2 são constantes positivas; Y representa a renda e r a taxa de juros. 
 
 
 
	
   37	
  
A necessidade do modelo IS – LM: sabemos que o aumento da oferta de moeda faz 
cair a taxa de juros, esta queda aumenta o investimento, o que desloca a demanda 
agregada à direita, aumentando o produto. Porém, este aumento do produto desloca a 
demanda por moeda à direita elevando a taxa de juros ao nível inicial, 
consequentemente aos níveis de investimento e produto iniciais. Por isso, o método de 
análise que utilizamos até aqui, não serve para analisar os efeitos da política 
monetária, por isso, necessitamos do modelo IS-LM. 
 
O Modelo IS-LM 
 
 O objetivo deste modelo é encontrar as combinações de juros e produto que 
equilibram simultaneamente o mercado de bens (curva IS) e o mercado de moeda 
(curva LM). 
 
O Equilíbrio no Mercado Monetário: A curva LM 
 
 Vamos encontrar as combinações de juros (r) e produto (Y) que equilibram o 
mercado monetário para uma dada oferta de moeda. 
 
 Aumentos sucessivos da renda (Y0  Y1  Y2) deslocam a demanda por 
moeda à direita, devido ao aumento da demanda transacional. Esses deslocamentos da 
demanda à direita levam a taxas de juros de equilíbrio maiores (r0  r1  r2), por 
isso, a curva LM é positivamente inclinada, o que significa que quando a renda 
aumenta, a taxa de juros tem que aumentar para manter o equilíbrio do mercado 
monetário (considerando a oferta de moeda fixa). 
	
   38	
  
 Qualquer ponto que não esteja na curva LM representa uma combinação de 
juros e produto, na qual o mercado monetário está em desequilíbrio. Mais 
precisamente, qualquer ponto acima da curva LM representa uma combinação de 
juros e produto em que há um excesso de oferta de moeda no mercado monetário. Por 
outro lado, qualquer ponto abaixo da curva LM representa uma combinação de juros e 
produto em que há um excesso de demanda por moeda no mercado monetário. 
 
A inclinação da curva LM 
 
 A constante c1 representa quanto aumenta a demanda por moeda com um 
aumento de uma unidade de Y. Quanto maior for c1, maior será o aumento de r 
necessário para reestabelecer o equilíbrio, por isso, quanto maior for c1 mais inclinada 
será a curva LM. 
 Para um dado aumento de Y, o aumento de r necessário para reestabelecer o 
equilíbrio do mercado monetário dependerá da sensibilidade da demanda por moeda 
com relação à taxa de juros, ou seja, ∂Md/∂r = -c2. 
 Quando c2 tem menor valor absoluto, a demanda por moeda é mais inelástica 
com relação aos juros, por isso, são necessários grandes aumentos de r para diminuir 
um pouco de Md e voltar ao equilíbrio. Nesta caso, a LM é mais inclinada. 
Graficamente: 
 
 
 Por outro lado, quando a demanda por moeda é mais elástica, ou seja, quando 
c2 tem maior valor absoluto, são necessários pequenos aumentos de r para diminuir 
Md e voltar ao equilíbrio. Neste caso, a LM é menos inclinada. Graficamente: 
	
   39	
  
 
 
Casos Extremos 
(i) demanda por moeda perfeitamente inelástica com relação aos juros (c2  0) 
Neste caso, temos que: Md = c0 + c1.Y. No equilíbrio: M0s = c0 + c1.Y, isolando Y 
obtemos a seguinte expressão: Y = (M0s – c0) / c1, essa expressão é constante por isso 
a curva LM será vertical. 
 
(ii) demanda por moeda perfeitamente elástica com relação aos juros (c2  ) 
Este caso, é também conhecido como “armadilha da liquidez” e é o oposto do caso 
acima, por isso, neste caso, a curva LM seria
horizontal. 
 
	
   40	
  
 Como podemos observar pelos gráficos acima, a “armadilha da liquidez” (LM 
horizontal) acontece a níveis de taxa de juros muito baixos, a medida que as taxas de 
juros vão aumentando a curva LM vai se tornando mais inclinada. 
 
Fatores que deslocam a curva LM 
 
No equilíbrio: M0s = c0 + c1.Y – c2.r 
Portando a curva LM é dada por: r = c0/c2 – M0s/c2 + c1/c2.Y 
onde os dois primeiros termos representam o intercepto da curva LM, enquanto o 
último termo representa a inclinação (c1/c2). Os fatores que deslocam a curva LM 
serão exatamente os fatores que mudam os seu intercepto, ou seja, c0 e M0s. 
 
(i) Mudanças na oferta de Moeda. 
 
 O aumento da oferta de moeda desloca o intercepto para baixo, ou seja, 
desloca a curva LM à direita. Analogamente, uma diminuição da oferta de moeda 
desloca o intercepto para cima, deslocando a curva LM à esquerda. Graficamente: 
 
(ii) Mudanças na função de demanda por Moeda. 
 
 Mudança na quantidade demandada de moeda para dados níveis de renda e de 
juros, é o que Keynes chamava de uma mudança na preferência pela liquidez. Uma 
mudança na preferência da liquidez pode ser ilustrada por um aumento em c0, nesse 
caso a curva LM deslocaria à esquerda como ilustrado abaixo: 
 
	
   41	
  
 
 Uma mudança na demanda por moeda que diminuísse a quantidade 
demandada para dados níveis de produto e juros como, por exemplo, uma diminuição 
de c0, teria o efeito oposto ao ilustrado acima, ou seja, deslocaria a curva LM à direita. 
 
O Equilíbrio do Mercado de Bens: a curva IS 
 
 Assim como a curva LM mostra as combinações de juros e produto que 
equilibram o mercado monetário, a curva IS mostra as combinações de juros e 
produto que equilibram o mercado de bens. 
 O equilíbrio no mercado de bens é dado por: Y = C + I + G ou C + T = I + G. 
Excluindo o governo da segunda equação (apenas para simplificar), ou seja, fazendo 
G = T = 0, temos a curva IS (Ivestment-Savings), dada por: S(Y) = I(r). 
 
 Um aumento dos juros (r0r1r2) leva a uma diminuição dos investimentos 
(I0I1I2), com isso, precisaremos de níveis cada vez menores de poupança 
(S0S1S2) e, como a poupança está positivamente relacionada com a renda, 
precisaremos de menores níveis de renda (Y0Y1Y2). Assim, com base nos dois 
gráficos acima, podemos construir a curva IS. 
	
   42	
  
 
 A curva IS é negativamente relacionada, pois como visto acima maiores níveis 
de juros precisam de menores níveis de renda para equilibrar o mercado de bens, uma 
vez que, os investimentos serão menores e, por isso, a poupança necessária também 
será menor. 
 Qualquer ponto fora da curva IS representa um desequilíbrio no mercado de 
bens, mais precisamente, qualquer ponto acima da curva IS representa uma 
combinação de juros e produto na qual há um excesso de oferta de bens, 
analogamente, qualquer ponto abaixo da curva IS representa uma combinação de 
juros e produto na qual há um excesso de demanda por bens. 
 
A inclinação da curva IS 
 
 Para uma dada curva de poupança, a curva IS será mais inclinada quanto mais 
inclinada for a curva dos investimentos, ou seja, quanto mais inelásticos forem os 
investimentos com relação aos juros mais inclinada será a curva IS. No caso extremo 
em que os investimentos são perfeitamente inelásticos com relação aos juros, a curva 
IS será vertical (esse caso é conhecido como “armadilha dos investimentos”). 
	
   	
  	
  	
  	
  	
   	
  	
   
	
   43	
  
 
 A inclinação da curva de poupança é dada pela propensão marginal a poupar 
(PMgS), quanto maior for a PMgS mais inclinada será a curva de poupança. Para 
dada curva de investimentos, a curva IS será mais inclinada quanto maior for a PMgS. 
 
Fatores que deslocam a curva IS 
 
 A curva IS desloca com alterações nos componentes das despesas autônomas 
(vistos no capítulo 5). 
 
(i) Mudanças nos gastos do Governo. 
 
 Um aumento dos gastos do governo desloca a curva IS à direita, 
contrariamente, uma diminuição dos gastos do governo desloca a curva IS à esquerda. 
O montante que a curva IS desloca é dado por: 1/(1-b).ΔG (onde b é a propensão 
marginal a consumir), tal como vimos no capítulo 5. Um aumento dos gastos do 
governo está ilustrado graficamente abaixo. 
 
 
	
   44	
  
 
 
Observação: O efeito do aumento nos investimentos seria semelhante ao efeito do 
aumento dos gastos do governo analisado acima, já que o multiplicador dos 
investimentos é igual ao multiplicador dos gastos do governo (como foi visto no 
capítulo 5). 
 
(ii) Mudanças nos Impostos 
 
 Um aumento dos impostos desloca a curva IS à esquerda, através do 
deslocamento da curva de poupança à esquerda. Uma diminuição dos impostos tem o 
efeito oposto, ou seja, desloca a curva IS à direita. O montante que a curva IS desloca 
é dado por: -b/(1-b). ΔT, que é igual ao multiplicador dos impostos visto no capítulo 
5. Uma diminuição nos impostos está ilustrada graficamente abaixo. 
 
	
   45	
  
 
Combinação das curvas IS e LM: O Modelo IS-LM 
 
 
 Juntando as curvas IS e LM obtemos o gráfico acima. O ponto E, representa o 
único ponto em que há um equilíbrio simultâneo no mercado de bens e no mercado 
monetário. 
 
 XDO = Excesso de Demanda por bens (tendência do produto aumentar) 
 XSO = Excesso de Oferta de bens (tendência do produto diminuir) 
 XDM = Excesso de Demanda por moeda (tendência dos juros aumentarem) 
 XSM = Excesso de Oferta de moeda (tendência dos juros caírem) 
 
 Assim, qualquer ponto que não seja E representa um desequilíbrio em pelo 
menos um dos mercados (moeda, bens ou ambos). 
 
 
	
   46	
  
Chapter 7: The Keynesian System (III): Policy Effects in the IS-LM 
Model. 
 
Política Econômica 
(i) Política Monetária – moeda (oferta de moeda exógena). 
(ii) Política Fiscal – Impostos (T) e gastos do governo (G). 
(iii) Política Cambial – Taxa de Câmbio (veremos nos capítulos 14 e 15) 
 
Política Monetária  deslocamento da curva LM 
 
- Aumento da oferta de moeda (M0M1): desloca a LM à direita. 
 Consequências: aumento do produto (Y0Y1) e queda dos juros (r0r1) 
 
 
- Aumento da demanda por moeda: desloca a LM à esquerda. 
 Consequências: diminuição do produto e aumento dos juros. 
Observação: Políticas contrárias (diminuição da oferta de moeda e diminuição da 
demanda por moeda) têm efeitos opostos. 
 
Política Fiscal  deslocamento da curva IS 
 
- Aumento dos gastos do governo (G0G1): desloca a IS à direita 
 Consequências: aumento do produto (Y0Y1) e aumento dos juros (r0r1). 
	
   47	
  
 
 Por que o aumento dos juros? O aumento de G provoca um aumento da renda 
Y, este, por sua vez, causa o deslocamento da demanda por moeda à direita, como a 
oferta de moeda é fixa os juros sobem para r1. 
 Vimos que no caso de um aumento dos gastos do governo, o deslocamento da 
curva IS é dado por: ΔY = 1/(1-b). ΔG  Y1’ – Y0 = 1/(1-b). ΔG. Porém, o novo 
produto de equilíbrio será Y1 que é inferior a Y1’, isso ocorre porque o aumento das 
taxas de juros causa uma diminuição nos investimentos (crowding-out). 
 
- Aumento dos Impostos (T0  T1): desloca a IS à esquerda 
 Consequências: diminuição do produto (Y0Y1) e diminuição dos juros (r0r1). 
 
 O deslocamento da IS à esquerda provoca uma queda do produto (renda), essa 
queda provoca uma diminuição da demanda por moeda, que, por sua vez, causa uma 
diminuição da taxa de juros. 
 Aqui, tal como no aumento dos gastos do governo, a queda do produto ΔY é 
menor do que a queda prevista pelo multiplicador dos impostos
(ΔY = -b/(1-b). ΔT), 
isso ocorre porque a diminuição da taxa de juros provoca um aumento do 
	
   48	
  
investimento o que desloca ao longo da curva IS(T1), anulando parte do efeito 
previsto pelo multiplicador. 
 
- Queda da componente autônoma do investimento (I0I1). 
 Consequências: diminuição do produto (Y0Y1) e diminuição dos juros (r0r1). 
 
 
 Neste caso, vale o mesmo que foi dito para aumento nos gastos do governo e 
aumento dos impostos, o efeito da queda dos investimentos sobre o produto é menor 
do que previsto no multiplicador dos investimentos pois a queda no produto (renda) 
leva a uma queda na demanda por moeda, que leva a uma queda na taxa de juros. A 
queda na taxa de juros provoca um deslocamento ao longo da curva I1(r) aumentando 
o investimento de I1’ para I1, anulando assim parte do efeito previsto no multiplicador. 
 
A eficiência relativa das Políticas Monetárias e Fiscais 
 
 Como demonstrado nos modelos IS-LM acima, temos que: 
 
 ∂Y/∂M > 0 ∂Y/∂G > 0 ∂Y/∂T < 0 
 
 ∂r/∂M < 0 ∂r/∂G > 0 ∂r/∂T < 0 
 
Política Monetária e a inclinação da curva IS 
 
 Quanto maior for a sensibilidade dos investimentos com relação aos juros, 
menos inclinada será a curva IS e maiores efeitos terá a política monetária sobre o 
produto (Y). 
	
   49	
  
 
 Os efeitos da política monetária serão maiores quanto mais sensível forem os 
investimentos com relação aos juros, pois nesse caso as variações dos investimentos 
devido a mudanças na taxa de juros serão maiores. Analogamente, quanto mais 
inclinada for a curva IS menores serão os efeitos da política monetária, pois menores 
serão as variações dos investimentos como resposta a mudanças na taxa de juros. 
 
 O caso extremo em que os investimentos são totalmente insensíveis com 
relação aos juros (“armadilha dos investimentos”) está ilustrado no gráfico acima do 
lado direito. Como podemos perceber pelo gráfico, nesse caso a política monetária é 
ineficiente, já que o produto é totalmente determinado pela curva IS (vertical). 
 
Política Fiscal e a inclinação da curva IS 
 
 Quanto menor for a sensibilidade do investimento com relação aos juros, mais 
inclinada será a curva IS e maior será o efeito da política fiscal. 
 
	
   50	
  
 
 Isso ocorre devido ao menor crowding-out do investimento. Por outras 
palavras, o aumento de G leva a um aumento de Y, que, por sua vez, leva a um 
aumento da taxa de juros (r), sendo assim, quanto menos sensíveis forem os 
investimentos com relação aos juros, menor será a sua queda devido ao aumento dos 
juros e, por isso, maior será o efeito líquido da política fiscal. 
 Assim, quanto mais sensíveis forem os investimentos com relação aos juros 
(menos inclinada será a IS), maior será o seu crowding-out e menor será o efeito da 
política fiscal. 
 
 O caso extremo da “armadilha dos investimentos” está ilustrado novamente 
acima do lado direito. Nessa situação, o efeito da política fiscal é o mesmo previsto 
pelo multiplicador dos investimentos, ou seja, o efeito da política fiscal é o maior 
possível pois não há crowding-out dos investimentos. 
 
 
 
 
	
   51	
  
Conclusões: Políticas e a inclinação da curva IS 
 
- Quanto maior a inclinação da curva IS, ou seja, quanto menos sensíveis forem os 
investimentos com relação aos juros 
 - menor a eficiência da política monetária 
 - maior a eficiência da política fiscal 
 
- Quanto menor a inclinação da curva IS, ou seja, quanto mais sensíveis forem os 
investimentos com relação aos juros 
 - maior a eficiência da política monetária 
 - menor a eficiência da política fiscal 
 
Política Fiscal e a inclinação da curva LM 
 
 Sabemos que, quanto maior for a sensibilidade da demanda por moeda com 
relação aos juros menor será a inclinação da curva LM, consequentemente, quanto 
menor for a sensibilidade da demanda por moeda com relação aos juros, maior será a 
inclinação da curva LM. 
 Quanto menos inclinada for a curva LM, maior será a eficiência da política 
fiscal, pois, nesse caso, menor será o aumento dos juros devido ao aumento da renda 
e, com isso, menor será o crowding-out dos investimentos. 
 
 Analogamente, quanto mais inclinada for a LM, menores serão os efeitos da 
política fiscal, pois os aumentos de Y gerarão maiores aumentos de r, e 
consequentemente, maior será o crowding-out dos investimentos. 
	
   52	
  
 
 O caso extremo em que a LM é vertical está ilustrado acima do lado direito. 
Nesse caso, a demanda por moeda é totalmente insensível com relação à taxa de juros. 
Esse caso é também chamado de “caso clássico” devido à ineficiência das políticas 
fiscais. Um aumento de G eleva a taxa de juros de tal forma que, a queda do 
investimento seja igual ao aumento de G (Crowding-out é o maior possível), dessa 
forma os componentes se anulam e o produto se mantém inalterado. 
 
Política Monetária e a inclinação da curva LM 
 
 Quanto menor a elasticidade da demanda por moeda com relação aos juros, 
mais efetiva será a política monetária. Isso ocorre, pois quanto menos sensível for a 
demanda por moeda com relação aos juros maior será a variação dos juros devido à 
variação da renda (Y) e, por isso, maior será a variação do investimento. 
 
 Analogamente, quanto maior a sensibilidade da demanda por moeda com 
relação aos juros, ou seja, quanto menos inclinada for a LM menores serão os efeitos 
	
   53	
  
da política monetária, pois menores serão as variações na taxa de juros de devido ao 
aumento da renda (Y). 
 
 O caso extremo em que a LM é vertical está ilustrado acima do lado direito. 
Como podemos perceber pelo gráfico, nesse caso a eficiência da política monetária é 
máxima. 
 
Conclusões: Políticas e a inclinação da curva LM 
 
- Quanto menor a inclinação da curva LM, ou seja, quanto mais sensível for a 
demanda por moeda com relação aos juros 
 - menor a eficiência da política monetária 
 - maior a eficiência da política fiscal 
 
- Quanto maior a inclinação da curva LM, ou seja, quanto menos sensível for a 
demanda por moeda com relação aos juros 
 - maior a eficiência da política monetária 
 - menor a eficiência da política fiscal 
 
 
 
 
 
 
	
   54	
  
Chapter 8: The Keynesian System (IV): Aggregate Supply and Demand 
 
A Curva de Demanda Agregada Keynesiana 
 
 Nos modelos vistos até aqui, a condição de equilíbrio era que o produto teria 
que igualar a demanda agregada. Neste capítulo cabe a pergunta: o que garante que o 
nível de produto seja igual à oferta, ou seja, o que garante que o nível de produto seja 
igual ao que o business sector deseja ofertar? 
 Nos capítulos anteriores assumimos que a oferta agregada teria a forma do 
gráfico abaixo, ou seja, assumimos que a oferta agregada não representava nenhum 
tipo de restrição quanto ao nível de produto. 
 
 A suposição que fizemos até aqui e que dá origem ao gráfico acima, é válida 
apenas quando o produto está muito longe do produto potencial, ou seja, o 
desemprego é elevado, como na época da grande depressão dos anos 30. Nessas 
situações, um aumento do nível de emprego não terá grande influência a 
produtividade marginal do trabalho (MPN), logo o custo W/ MPN permaneceria 
constante mesmo com o aumento do produto. 
 Em condições normais, um aumento do emprego diminui a MPN o que 
causaria uma certa pressão sobre salários e preços. Nestes casos, a oferta seria 
positivamente inclinada e, por isso, representaria uma restrição ao nível de produto, 
mais que isso, numa situação como essa o nível de preços e de produto seriam 
determinados pela oferta e demanda agregada.
Queremos agora encontrar a quantidade demandada de produto a cada nível de 
preços, para isso, vamos observar como as mudanças nos preços afetam as curvas IS e 
LM e, consequentemente o produto de equilíbrio. 
 
	
   55	
  
 
(i) Como os preços afetam a curva IS? 
 
I(r) + G = S(Y) + T 
 
 A equação acima representa a condição de equilíbrio para o mercado de bens. 
Nesta equação, tanto G quanto T são assumidos como determinados pelo governo em 
termos reais, por isso, não são afetados pelo nível de preços. O investimento real é 
definido pela taxa de juros (r) e a poupança é uma função do nível real de renda (Y), 
assim, nem a poupança nem o investimento são afetados pelo nível de preços. 
Conclusão: Como nenhum dos componentes da curva IS á afetado pelo nível de 
preços, uma mudança do nível de preços não deslocará a curva IS. 
 
(ii) Como os preços afetam a curva LM? 
 
MS/P = L(Y,r) 
 
 A condição de equilíbrio do mercado monetária é dada pela equação acima, 
nesta equação vale destacar que MS/P representa a oferta real de moeda, enquanto 
L(Y,r) representa a demanda por moeda. Assim, se tivermos a oferta nominal de 
moeda (MS) constante com os preços P0, P1 e P2, onde P0< P1< P2. 
 
 
 Como podemos observar pelos gráficos acima, a demanda agregada 
keynesiana é negativamente inclinada. Isso ocorre, pois quanto maiores os preços, 
	
   56	
  
menor será a oferta real de moeda, consequentemente maiores serão as taxas de juros 
e menores os níveis de investimento, o que gera menor produto. 
 Vale destacar que mudanças no nível de preços não deslocam a demanda 
agregada keynesiana, mas sim ao longo dela. Já as mudanças em qualquer outro fator 
exógeno provocam um deslocamento da demanda agregada keynesiana. Por exemplo, 
um aumento na oferta nominal de moeda (M0SM1S) a um dado nível de preços (P0). 
 
 Um aumento da oferta nominal de moeda (M0SM1S), ceteris paribus, 
desloca a demanda agregada à direita (Y0dY1d). 
 Outros exemplos seriam um aumento do investimento ou um aumento dos 
gastos do governo. Similarmente a um aumento da oferta nominal de moeda, um 
aumento nos investimentos ou nos gastos do governo desloca a demanda agregada à 
direita, a única diferença é que no caso anterior, o aumento do produto para dado 
nível de preços (P0) era causado via deslocamento da curva LM e, agora, esse 
deslocamento será causado pelo deslocamento da curva IS. 
 
Demanda Agregada Keynesiana versus Oferta Agregada Clássica. 
 
 
	
   57	
  
 Através do gráfico acima podemos analisar os efeitos da política fiscal 
(deslocamento da demanda agregada à direita) sobre o produto, em três cenários 
distintos. 
(i) Com a oferta agregada horizontal (Y2S), o produto aumenta a totalidade do 
deslocamento da demanda agregada. 
(ii) Com a oferta agregada positivamente inclinada (Y1S), o produto também 
aumenta, porém aumenta menos do que no caso (i). 
(iii) Com a oferta agregada vertical (Y0S), ao estilo clássico, o produto 
mantém-se constante. 
 Como podemos observar pela análise dos três casos acima, com as suposições 
clássicas sobre o funcionamento do mercado de trabalho e a consequente oferta 
agregada vertical, a demanda agregada não tem qualquer papel na determinação do 
produto. Como o foco de Keynes era o importante papel da demanda agregada na 
determinação do produto, Keynes teria que atacar as suposições que davam origem á 
oferta agregada vertical clássica. 
 
A visão Keynesiana do Mercado de Trabalho 
 
 Para os clássicos existe plena flexibilidade de salários e preços, para Keynes 
os salários não são flexíveis. Keynes tinha três fontes principais para justificar a 
rigidez dos salários. 
(i) Segundo Keynes, os trabalhadores são interessados tanto no seu salário 
absoluto quanto no seu salário relativo. Dentro de cada firma existem 
diferentes níveis salariais correspondentes a diferentes classes de 
trabalhadores (diferentes skills). Assim, os trabalhadores iriam resistir a 
cortes nos salários, pois veriam esses cortes como uma mudança na 
estrutura da empresa. Já as quedas nos salários reais, não iriam encontrar 
tanta resistência, pois a estrutura seria mantida, uma vez que, todos os 
salários caem com o aumento de preços. 
(ii) O segundo fator apontado por Keynes como fonte da rigidez de salários 
era um fator institucional. Os salários seriam fixos durante o período de 
vigência do contrato, na média 2 a 3 anos. Assim, uma vez fixados os 
salários a decisão de quanto contratar cabe apenas ao empregador (não há 
mais influências do lado da oferta). 
	
   58	
  
(iii) O terceiro e último principio apontado por Keynes para justificar a rigidez 
de salários era que mesmo nos mercados onde não há um contrato 
explícito que fixe o salário dos trabalhadores, existem sempre contratos 
implícitos. Devido a esses contratos implícitos, a firma não irá querer 
demitir trabalhadores nem cortar salários, já que a firma quererá manter 
uma boa relação com os trabalhadores, pois o deterioramento desta relação 
pode mais que contra-balancear os ganhos de cortar salários quando a 
demanda pelos produtos cai. 
 
Modelo com preços flexíveis e salário nominal fixo 
 
 A idéia de Keynes era que os salários eram inflexíveis para baixo, por isso, a 
teoria de Keynes é focada no caso em que há um excesso de oferta de trabalho. No 
caso em que o salário é fixo e a oferta é maior do que a demanda, a quantidade de 
trabalho é determinada apenas pela demanda, ou seja, a quantidade de trabalho é 
determinada pelas firmas. Sabemos que as firmas maximizam o lucro quando: 
W = MPN.P 
 Suponhamos que P0<P1<P2 e que W seja afixo em . Nesse caso, temos que: 
 
 
	
   59	
  
 O gráfico c acima mostra a relação de oferta agregada keynesiana, como 
podemos observar essa relação é positivamente inclinada, pois quanto maiores os 
preços, menor a demanda por trabalho, como o salário é fixo em maiores serão os 
níveis de produto e emprego. Vale destacar ainda que, Yf representa o ponto de pleno 
emprego, neste ponto a oferta agregada torna-se vertical e aumentos nos preços não 
têm mais efeitos sobre o produto. Abaixo do pleno emprego, a oferta é positivamente 
inclinada, por isso, mudanças na demanda agregada terão impactos tanto no nível de 
preços quanto no nível de produto. 
 Daremos agora dois exemplos de como efeitos de políticas econômicas no 
modelo keynesiano de oferta e demanda agregada. 
 
Exemplo 1: Política Monetária expansionista 
 
 Um aumento da oferta nominal de moeda (M0sM1s) provoca um 
deslocamento à direita da curva LM e consequentemente da demanda agregada 
também à direita, este último causa um aumento do produto (Y0Y1) e do nível de 
preços (P0P1). O aumento do nível de preços faz com que a LM desloque 
ligeiramente à esquerda com isso o produto vai para o seu nível de equilíbrio 
(Y1’Y1). 
 
 
 
 
	
   60	
  
Exemplo 2: Política Fiscal expansionista. 
 
 Um aumento dos gastos do governo (G0G1) desloca a IS e a demanda 
agregada à direita, com isso, temos um aumento do produto (Y0Y1’ no IS-LM e 
Y0Y1 no gráfico agregado), há ainda um aumento no nível de preços (P0P1) que 
causa um deslocamento da LM à esquerda, este faz com que o produto de equilíbrio 
no modelo IS-LM seja o mesmo que no gráfico agregado (Y1’Y1). 
 
Oferta de Trabalho e Flexibilidade do Salário Nominal 
 
 Para os clássicos: 
Ns = g(W/P) 
 Os clássicos assumem que os trabalhadores têm informação perfeita, ou seja, 
assumem que eles sabem tanto o salário nominal (W) quanto o nível de preços (P), 
portanto sabem também o salário real (W/P). 
 Para os keynesianos: 
Ns = t(W/Pe)
Os keynesianos acreditavam que os trabalhadores sabiam o salário nominal, 
por causa dos contratos, porém, contrariamente aos clássicos, keynesianos assumem 
que os trabalhadores não sabiam o nível de preços que iria vigorar ao longo do 
contrato, por isso, os trabalhadores tinham uma expectativa do nível de preços (Pe), 
esta era baseada em níveis de preços de períodos anteriores. Matematicamente: 
	
   61	
  
Pe = a1.P-1 + a2.P-2 + a3.P-3 + ... + an.P-n 
 
Onde: P-i = nível de preços de i períodos atrás; ai = “peso” que cada indivíduo dá a 
cada período i na formação das suas expectativas; i = 1,2,3 ... n. 
Observação: como podemos observar pela equação acima, o ajustamento de Pe é 
lento, por isso, no curto prazo Pe é assumido como constante. 
 
 Por fim, vale uma comparação da inclinação da oferta agregada keynesiana 
quando os salários nominais são fixos e quando os salários nominais são variáveis. 
 
 Através da análise das duas funções de oferta agregada do gráfico c acima, a 
conclusão que chegamos é que: quando os salários nominais são fixos a oferta 
agregada é menos inclinada do que quando os salários nominais são variáveis. 
 
Deslocamentos da Oferta Agregada 
 
 Até aqui, vimos como os deslocamentos da demanda agregada têm importante 
papel na determinação do produto, do emprego e do nível de preços. Porém, a oferta 
agregada também tem o seu papel na determinação destes. Vamos analisar agora, os 
fatores que deslocam a oferta agregada (supply shocks). 
(i) Custo marginal: firmas produzem onde: P = CMg, se por algum motivo o 
custo marginal aumentar para produzir a mesma quantidade que 
produziam anteriormente o preço terá que ser maior, ou, alternativamente, 
ao preço antigo as firmas irão produzir menos, o que representa um 
deslocamento da oferta agregada à esquerda. Fatores que afetam o custo 
marginal são chamados de cost push factors, pois afetam o custo marginal 
independentemente da demanda. 
	
   62	
  
(ii) Preço esperado (Pe): Se em decorrência de uma tendência ascendente no 
nível de preços, o preço esperado aumentar (P0P1), a oferta agregada irá 
deslocar à esquerda, como ilustrada abaixo. 
 
 Um aumento autônomo em qualquer fator variável da produção aumenta o 
custo marginal e desloca a oferta agregada à esquerda, tal como um aumento em Pe. 
 Um aumento de preços causado pelo aumento dos custos dos raw materials 
desloca a oferta agregada à esquerda. Se o aumento de preços persistir por algum 
tempo pode acontecer que Pe também aumente, o que deslocará a oferta agregada 
mais ainda à esquerda, provocando um novo aumento de preços. Esse tipo de situação 
está ilustrada abaixo. 
 
 
 A situação acima é um exemplo, sob a perspectiva keynesiana, do que ocorreu 
na década de 70 nos Estados Unidos devido ao cartel da OPEP. 
 
 
 
	
   63	
  
Keynesianos versus Clássicos 
 
(i) Demanda Agregada 
 - Para os clássicos temos: M.V = P.Y, sendo V constante a demanda agregada 
muda apenas com as mudanças em M, por isso, YD(M0). Um aumento de um dos 
componentes da demanda agregada é compensado pela queda em outros, através do 
ajuste na taxa de juros. 
 - Para Keynes temos: YD (M0, G0, 0, T0 ...), uma vez que a demanda agregada 
desloca com o aumento de qualquer um dos seus componentes (M0, G0, 0, T0 ...). 
 
(ii) Oferta Agregada 
 - Para os clássicos: é vertical devido às suposições do mercado de trabalho 
(informação perfeita e flexibilidade de preços e salários), neste caso, a oferta 
determina o produto. 
 - Para Keynes: é positivamente inclinada, pois os salários não são 
perfeitamente flexíveis e os participantes do mercado não podem perceber o salário 
rela, uma vez que, o nível de preços não é certo, mas sim um nível de preços esperado 
(Pe). 
 
(iii) Políticas 
 - Para os clássicos: A economia se “auto ajusta”, portanto políticas 
econômicas (monetária ou fiscal) não tem efeito sobre o produto. 
 - Para Keynes: a demanda agregada tem um papel importante na determinação 
do produto e do nível de preços e as políticas econômicas (monetária ou fiscal) tem 
importante papel na estabilização da demanda. 
	
   64	
  
Chapter 9: The Monetarist Couterrevolution 
 
Milton Friedman – principal força intelectual do monetarismo (Escola de Chicago). 
 
As Proposições Monetaristas 
 
(i) A oferta de moeda possui grande influência na determinação da renda 
nominal. 
(ii) No longo prazo, a influência da moeda é essencialmente sobre o nível de 
preços e outras variáveis nominais. No longo prazo, variáveis reais, como 
produto e emprego, são determinadas por fatores reais. 
(iii) No curto prazo, a oferta de moeda tem influência sobre variáveis reais. A 
moeda é o principal fator que causa movimentos cíclicos no produto e 
emprego. 
(iv) O setor privado é estável e a instabilidade tem como fonte as políticas do 
governo. 
 
A reformulação da Teoria Quantitativa da Moeda 
 
A moeda e os primeiros keynesianos 
 
 Os primeiros keynesianos acreditavam na importância da moeda para a 
determinação do produto, porém a ênfase keynesiana sobre o uso da política fiscal ao 
invés da política monetária pode ser explicada pelas posições das curvas no modelo 
IS-LM. 
 
	
   65	
  
 Os keynesianos acreditavam que, na grande depressão, a posição da curva LM 
era basicamente a da “armadilha da liquidez” (LM horizontal), já que eles 
acreditavam que a demanda por moeda era extremamente elástica. Por outro lado, os 
keynesianos acreditavam que o investimento era muito pouco sensível a alterações 
nos juros, isso ocorria principalmente devido ao excesso de capacidade por utilizar 
que havia na grande depressão. Esses dois fatores geravam o gráfico IS-LM como o 
acima. Nesse modelo, não é difícil perceber que o efeito da política fiscal sobre o 
produto é muito maior do que o efeito da política monetária. Com isso, fica fácil 
compreender a ênfase keynesiana na política fiscal em detrimento da política 
monetária. 
 
A reformulação de Friedman da Teoria Quantitativa da Moeda 
 
 Contrariamente aos keynesianos, Friedman acreditava não só que a demanda 
por moeda era estável, mas também que a sua elasticidade era bem distante do 
infinito, consequentemente o cenário não seria o da “armadilha da liquidez” proposto 
por keynes. A interpretação de Friedman da teoria quantitativa da moeda se aproxima 
da aproximação de Cambridge, na qual tinhamos: 
Md = . P.Y 
onde: é assumido constante no curto prazo. Keynes passou a observar a demanda 
por moeda como função de outros ativos. Basicamente, Keynes acreditava que k 
diminuía quando os juros aumentavam. 
 
Função de Demanda por Moeda de Friedman 
 
Md = L (P, Y, rB, rE, rD) 
Onde: P é o nível de preços; Y é a renda; rB é a taxa de juros nominal dos títulos 
(bonds); rE é o retorno das ações (equities) e rD é o retorno dos bens duráveis. 
 A função de demanda por moeda de Milton Friedman depende: da renda 
nominal, que é produto dos dois primeiros componentes (P.Y), assim quando a renda 
nominal aumenta é esperado que a demanda por moeda também aumente (∂Md/∂RN > 
0, onde RN é a renda nominal). 
	
   66	
  
 Para um dado nível de renda, a demanda por moeda depende dos retornos 
oferecidos por outros ativos, são eles: títulos (bonds, que eram o foco da demanda por 
moeda keynesiana), ações (equities) e os bens duráveis (durable goods). Estes 
últimos, não geram retorno mas se valorizam, como acontece com casas e terrenos. 
Assim, a inflação também é um determinante da demanda por moeda. Um aumento 
do retorno de qualquer um dos ativos acima (rB, rE, rD) diminui a demanda por moeda 
(∂Md/∂r < 0, onde r pode ser rB, rE ou

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