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AS ARTES INTEGRADAS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: Novos paradigmas no pensamento e ações e a BNCC

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AS ARTES INTEGRADAS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: 
Novos paradigmas no pensamento e ações e a BNCC
Autora: Aline Folly Faria [1: Doutoranda pelo Curso de Pós-Graduação Interdisciplinar em Performances Culturais da Universidade Federal de Goiás - UFG, aline.folly@hotmail.com.]
 Performances Culturais - FCS/ UFG
 Orientador: Robson Camargo[2: Professor doutor, em artes cênicas no Curso de Pós-Graduação Interdisciplinar em Performances Culturais da Universidade Federal de Goiás – UFG.]
 Performances Culturais - FCS/ UFG
INTRODUÇÃO
O presente trabalho aborda as artes integradas como proposta para uma educação integral na educação básica. Faz parte de minha pesquisa do doutorado que visa abordar uma revisão conceitual, estrutural, pedagógico-metodológico e avaliativa sobre o tema. Para a educação atual em nosso país temos a proposta de um novo documento normativo que traz referências para a criação de currículos nas escolas. Uma das propostas apresentadas são as artes integradas, definidas no documento como unidade temática, mas que busca a prática integradas de artes e conhecimentos. A Base Nacional Curricular Comum (BNCC) apresenta uma proposta relacional e interdisciplinar e nela, as artes integradas possuem um destaque tímido e com várias problemáticas. Para o professor, a BNCC levanta questões de tensão relacionados à formação e à prática no chão da escola, pois não temos muito hábito de trabalhar de forma interdisciplinar e integrada, com parcerias. 
A BNCC traz as artes integradas, que são apresentadas de forma descontextualizada, sem conceito específico, estrutura e nem como deveriam ser realizadas. Elas estão apresentadas no documento como unidade temática, assim como a Música, a Dança, as Artes Visuais e o Teatro, dando a ideia de um conteúdo a ser trabalhado. Como já me foi questionado se a música ou teatro, por exemplo, não seriam conteúdos de Artes e para a surpresa de meus colegas de trabalho na área da educação, respondi que eram áreas de conhecimento como português e matemática, existindo linguagem própria e conteúdo próprio. Infelizmente, abre-se uma lacuna entre o documento e a realidade da prática, se a área de conhecimento não é entendida e valorizada como tal, como esperar a compreensão de uma abordagem integrativa que está posta, mas não está esclarecida?
Envolve mudança no âmbito educacional, a integração deveria ser instalada de forma a conectar cada etapa da formação dos sujeitos, se tornando um ciclo em movimento, de tentativas e experiências, que pudesse motivar e desenvolver processos ricos para nossa educação. Segundo Barbosa (2010, p. 144), “experimenta-se muito pouco na educação do Brasil”, deveríamos nos arriscar mais, tentar mais e, se não der certo, segundo a autora, mudar novamente. Estamos no auge do advento da BNCC que virá mudar nosso contexto escolar. E para compreender os novos direcionamentos apresentados por ela, conseguindo realizá-los, será necessário demandar outros/novos posicionamentos, abordagens metodológicas, outros/novos paradigmas, expansão das fronteiras disciplinares para que sejam gerados outros/novos olhares diante do conhecimento, a percepção das relações do mundo local e global, aproximando o professor de um pensamento mais complexo. E as artes integradas são uma proposta valiosa para esse processo, elas possuem um movimento dinâmico das relações, entrecruzando não somente as linguagens artísticas, mas todo o currículo, principalmente, permitindo que o estudante torne visível sua aprendizagem por meio da arte, o que trabalha pelas diferentes dimensões do ser humano.
OBJETIVO
Diante disto, meu objetivo é problematizar e refletir sobre a formação de professores para o século XXI, as artes integradas e a BNCC, propondo dialogar sobre a integração artística como uma proposta valorosa para educação em nosso país. Mas que exige uma outra formação de professores, que não dicotomiza, mas multidimensionaliza os sujeitos e a realidade. 
METODOLOGIA
A metodologia utilizada é a revisão bibliográfica, buscando estudos e pesquisas que tratam sobre as artes integradas. A partir disto, meu intuito é relacionar aspectos conceituais, estruturais e pedagógicos-metodológicos e relacionar com questões importantes em nosso contexto educacional como, a prática interdisciplinar, a integração das artes, a formação de professores, a BNCC, novas paradigmas e posturas no que diz respeito às práticas educativas. É importante ressaltar que não existem muitas pesquisas sobre a temática no Brasil, nossa base teórica vem dos USA, que há muitos anos estudam e pesquisam sobre a temática. É importante observar que, ao se realizar uma busca sobre o tema na internet, poderão ser encontradas algumas ações e lugares que trabalham com as Artes Integradas. Por meio de um olhar mais atento sobre os lugares e os processos desenvolvidos, pode-se perceber dois pontos importantes: 1) a maioria dos lugares não são escolas, são espaços especializados em arte, como centros artísticos e 2) são poucos os lugares que trabalham com processos realmente integrativos. Outro ponto importante a destacar, é que, no Brasil, não temos muito o hábito de realizar pesquisas com o viés das artes integradas dentro dos processos pedagógicos em escolas de ensino regulares em nosso país. Não temos muito hábito também, de trabalhar integrado, ou seja, a partir de um grupo em parceria, com trocas e diálogos. Embora existam nas escolas vários trabalhos considerados interdisciplinares, em que os professores desenvolvem ações a partir de um mesmo tema na escola, mas cada um trabalha em sua área, fazendo um ajuntamento depois no momento final do processo. São poucas vezes que conseguimos perceber algo ‘tecido junto’, emaranhado, entremeado, tanto por parte das disciplinas, como dos próprios professores.
RESULTADOS
Pretendo realizar também comparações dos conceitos encontrados sobre artes integradas, para alcançar um conceito que coaduna com nossa realidade. Podemos perceber que não há aspectos consistentes na conceituação que a BNCC faz, que a define como unidade temática. Esta, no documento é definida como “explora as relações e articulações entre as diferentes linguagens e suas práticas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação” (BNCC, 2017, p.197). Como já disse, as linguagens artísticas também estão nesta categoria, assim como ‘Matéria e energia’ em ciências e ‘Brincadeiras e Jogos’ em educação física, por exemplo, que podem ser considerados conteúdos destas áreas. Veja como os autores que pesquisam as artes integradas as definem: Burnaford (2007); Lajevic (2013), Kennedy Center (online); Young Audiences (2017); Silverstein & Layne (2010): existem várias definições por conta dos diferentes contextos e subjetividades; como abordagem, constroem e demonstram compreensão através de uma forma artística; abordagem complexa e dinâmica que amplia o espaço de inclusão no ensino-aprendizagem e experiências; prática de ensino interdisciplinar, relação entre conteúdo não artístico e artístico que é ensinado e avaliado de forma equitativa; o aluno entende o que aprende (construir compreensão) e torna visível o aprendizado (demonstrar compreensão) por meio de algo artístico; e em minha dissertação de mestrado que trato de análises sobre práticas integrativas em Goiânia, Faria (2009), a defino como uma metodologia que inter-relaciona as várias linguagens artísticas buscando diálogos entre elas e os diferentes conhecimentos, contextualizar para um ensino abrangente.
É possível perceber que existe um caminho extenso e profundo para desbravar quanto às artes integradas, elas promovem a educação integral dos sujeitos, ampliam as experiências em como se aprende, se ensina e como se relacionacom o mundo. As performances que são o ponto alto na perspectiva da integração artística, porque os indivíduos constroem, por meio de algo artístico, sua compreensão e aprendizado, estão em questão a pesquisa, com o corpo, a experiência, o não eu e o ‘não, não eu’ por conta da dinâmica integrativa, comportamentos restaurados que potencializam a transformação dos sujeitos.
E os professores? Sua formação deve preconizar a mudança de paradigmas, tanto no pensamento quanto na ação. É necessário um estudo, mas também a disposição para tal, porque trabalhar em parcerias exige renúncias, enxergar o outro, se misturar sem perder a identidade. Infelizmente, a formação do profissional da educação é fragmentada e, em muitos casos, está distante da realidade do chão da escola. Qual seria a melhor formação para o professor do século XXI? Talvez, a que busque a interdisciplinaridade no pensamento e na ação do professor.
Proponho em minha pesquisa, apresentar a interdisciplinaridade por duas perspectivas: a paradigmática e a integrativa, conforme a definição de dois autores, I. Fazenda (2001) e H. Japiassu (1976). Primeiro, Fazenda (2001), define a interdisciplinaridade como “uma nova atitude diante da questão do conhecimento, de abertura à compreensão de aspectos ocultos do ato de aprender e dos aparentemente expressos, colocando-os em questão” (FAZENDA, 2001, p. 11). Esta definição mostra que esta atitude é aquela que substitui a concepção fragmentária para a unitária em relação ao conhecimento. A atitude de olhar o mundo complexo, olhar e se posicionar na complexidade. Assim, é possível considerar uma interdisciplinaridade que está no campo do pensamento, é a mudança de paradigmas, onde a intersubjetividade do indivíduo se altera e muda sua forma de ver e tratar com o mundo. A segunda perspectiva de interdisciplinaridade em minha pesquisa, se apresenta como um nível de integração, mas no âmbito metodológico. E neste âmbito, é na ação que ela se encontra, na prática do indivíduo, ou seja, sua atuação em processos, aqui destacados como de ensino aprendizagem, atos pedagógicos e metodológicos. Nestas ações a integração prima por dois tipos de interação: entre os indivíduos envolvidos e os conhecimentos. Segundo H. Japiassu (1976, p.74), “a interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de integração real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa”. A integração trata das conexões e diálogos durante a prática, é processo, envolvendo relações entre as pessoas e conhecimentos. A integração está voltada para os planejamentos, ações e processos em parceria, na busca pelo que está ‘entre’, pela complexidade nas relações entre as diferentes áreas. Seja para o estudo de um ou mais objetos, buscando as tramas e os entremeios que se envolvem entre eles. Isto é possível de se fazer porque ocorre nos indivíduos a mudança de paradigma, o entendimento de que no mundo tudo é interligado. Fazendo-os perceber que existem pontos de diálogos entre as áreas, exigindo novos posicionamentos dos atores educacionais, abertura, trocas e relações entre conhecimentos. Quanto mais atores estejam disponíveis para as trocas, mais ricos serão os processos. Embora, exista uma determinada problemática que pode impedir e estancar estes processos de integração, a questão do desejo e do interesse, estas estão diretamente ligadas à abertura. Se não há o desejo, a vontade para o conhecimento e para o outro, não há possibilidade de integração. Japiassu (1976) afirma que é o grau de integração que indicará a profundidade das relações, podendo se caracterizar em maior ou menor grau de conexões. 
Diante disso, pretendo trazer a reflexão sobre a proposta da BNCC de trabalhar interdisciplinarmente relacionando as áreas entre si. Será um processo de difícil caminhada, se os professores e escolas não estiverem abertos para novas possibilidades, conceitos e mudança de paradigma podem ocorrer processos dolorosos e desgastantes para todos. Eis uma questão contraditória: como proporcionar uma formação integral, interdisciplinar, relacional, complexa e criativa, numa perspectiva que, na maioria das vezes, enfoca o ensino em apenas uma dimensão, o aspecto intelectual, principalmente, o âmbito do racional e escrita, dando o poder máximo a apenas duas disciplinas, português e matemática? Fortalecendo a hierarquização dos saberes, ou seja, o conhecimento que é mais importante que o outro. Se existe isso, como trabalhar interligado? Se há a hierarquização não há integração. 
Um ponto importante é a experiência, uma das grandes ênfases da integração artística por que, na integração, entende-se que o homem aprende por diferentes perspectivas, principalmente por seu corpo, seus sentidos, por conexões de conhecimentos, que entram em contato com o mundo. A formação do professor se faz em sua prática, se constrói com e por meio de experiências. E ter uma formação amparada na arte, com conhecimentos e vivências artísticas, que integram diversas áreas do conhecimento, torna o professor mais criativo, otimista, perceptivo, aberto, sensível, contribuindo para a ampliação de suas ações e melhor capacitado para a solução de problemas. Além disso, permite que ele desenvolva muitas habilidades que contribuem em sua vida e sua atuação. 
O professor ao buscar a atualização em sua formação o ideal é que seja em duas perspectivas: no pensamento e na ação, se permitir ao novo, ao erro, ao imaginário, criatividade e conexões, mas lembrando que pensamento e ação caminham juntos. Nessa relação de ensino e aprendizagem do professor, a imaginação e criatividade e capacidade de realizar conexões são os pontos altos para o desenvolvimento de processos integrativos, é utilizar um campo extrapolado que caminha dentro do impossível/possível. Este, é sempre múltiplo, assim como o próprio homem e a sociedade, segundo Morin (2004), o homem é multidimensional e, para educação integral cada aspecto deveria ser trabalhado, o intelectual, sensorial, afetivo, psicológico, emocional, físico, social, etc. O pensamento de Morin coaduna com o pensamento de Eisner (2002), que é uma das bases teóricas das Artes Integradas. Para Elliot Eisner (2002), o cognitivo passa pelos sentidos, ver o mundo, cores, formas, sons, a multiplicidade de aprendizagem é grande, ou seja, ensinar e aprender por diferentes perspectivas. Esta é uma das bases das artes integradas, a noção de seres múltiplos que aprendem pela experiência e por performances. Dewey (2010), diz que os sentidos são a porta de entrada para o conhecimento, o mundo toca o humano por sons, imagens, movimentos, linguagens etc., e daí, com direção, organização, sensibilidade, conexão na prática, surge a experiência e essa transforma o indivíduo à medida que o faz enxergar o mundo extrapolado em toda perspectiva apresentada. 
CONCLUSÃO
Diante destes pressupostos, concluo que, apesar do documento da BNCC estar posto, não sendo também um documento muito favorável para a educação, penso que se houver disposição dos educadores e profissionais da educação em tentar novas experiências, como Ana Mae disse, talvez consigamos boas experiências no âmbito educacional. Será necessária uma reforma no pensamento e ação dos educadores, é mais envolvimento com pesquisa, formação, com tentativas, experimentos que podem movimentar e ampliar nossa educação. Afirmo que a integração artística é uma abordagem valorosa e complexa, que pode enriquecer e dinamizar o currículo, potencializa as aprendizagens, porque afeta os indivíduos em diferentes perspectivas. Mostra novas e outras formas de ensinar e aprender, que não apenas se alinham como novas iniciativas na educação, priorizando as habilidades conceituais e processuais, mas também que podem contribuir para a transformação da educação. É uma abordagem considerada inovadora e transformadora, que pode trazer um clima diferente dentro da escola, revigorando tanto professores quanto alunos. 
PALAVRAS-CHAVES: Artes Integradas; BNCC; Formação de Professores.

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