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Aterosclerose/ Hipertensão/ Insuficiência Cardíaca/ Infarto agudo do miocárdio/ Choque MSc Fábio Cáuper 1 Metabolismo lipídico 2 Aspectos Gerais 3 • Lipídeos: – Ácidos graxos • Cadeias saturadas, mono ou poli-insaturadas – Triglicerídeos • Forma de armazenamento – Fosfolipídios • Constituintes estruturais de membrana – Colesterol • Precursor de hormônios esteróides, ácidos biliares, vitamina D, constituinte de membrana 4 Aspectos Gerais Consequência da Insolubilidade dos Ácidos Graxos Formação de Micelas e Membranas Fase aquosa Fase aquosa “Oleo” ou fase não polar O grupo ácido carboxílico sofre dissociação iônica, isto é, troca carga com o meio ( -COOH → -COO- + H+). Fase não polar Fase aquosa Estrutura geral de uma lipoproteína plasmática Convém observar as semelhanças com a estrutura da membrana plasmática. São encontradas pequenas quantidades de éster de colesterol e de triacilglicerol na camada superficial, bem como uma pequena quantidade de colesterol livre no núcleo. 5 Conhecidas como lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL), lipoproteínas de densidade intermediaria (IDL) e lipoproteínas de baixa densidade (LDL), são sintetizadas no fígado para o transporte dos triacilgliceróis e do colesterol endógenos (produzidos internamente) do fígado para os tecidos. As lipoproteínas de alta densidade (HDL) transportam o colesterol e outros lipídeos dos tecidos de volta para o fígado. 6 7 Transporte plasmático de triacilgliceróis e colesterol em humanos. 8 Papel do HDL-C (A-I, apolipoproteína A-I; ABCA1, transportador A1 contendo cassete de ligação ATP; ABCG1, transportador G1 contendo cassete de ligação ATP; C, colesterol; CE, éster de colesterol; LCTA, lecitina: colesterol-aciltransferase; PL, fosfolipídio; SR-B1, receptor scavenger B1) 9 Aterosclerose 10 Aterosclerose - Patogênese • Tabagismo • Hipertensão • Exposições ambientais Lesão na íntima • LDL sofre oxidação e são englobadas por macrófagos • Macrófagos produzem células espumosas. Acumulo de LDL na área lesionada • Células espumosas acumulam-se e combinam-se com lipídeos adicionais a fim de formar estrias de gorduras. Formação de Placas fibrosas • Placas acumulam-se nos locais lesionados, estando cobertas por capas de plaquetas que continuam se expandindo. Aterosclerose 11 12 Aterogênese 13 1. Depósito de LDL Colesterol no endotélio vascular + Disfunção endotelial causada por fatores de risco; 2. Expressão de moléculas de adesão e entrada de monócitos no espaço intimal; 3. Englobamento de LDL oxidadas: formação de células espumosas; 4. Liberação de mediadores inflamatórios, com amplificação do processo; 5. Formação da placa de ateroma. 14 • As partículas de LDL se depositam entre as células endoteliais e a camada de lâmina elástica do endotélio vascular. • Uma parte dos lipídios das LDLs se oxidam atraindo os macrófagos. Estes as fagocitam, originando as células esponjosas. Aterogênese Aterogênese 15 Placa de Ateroma Acumulo de lipídios modificados Ativação das células endoteliais Migração das células inflamatórias Ativação das células inflamatórias Recrutamento das células musculares lisas Proliferação e síntese da matriz Formação da capa fibrosa Ruptura da placa Agregação das plaquetas Trombose Trombo 16 Aterosclerose - Animação 17 18 19 20 Consequências da Aterosclerose Doença Arterial Coronária (DAC) Angina de peito Insuficiência Cardíaca Arritmias Infarto agudo do miocárdio (IAM) Acidente Vascular Cerebral (AVC Doença Vascular Periférica 21 Principal causa de morte em todo o mundo Evolução lenta Vários fatores aceleram sua evolução - fatores de risco Os sintomas aparecem geralmente apenas quando ocorre importante obstrução do vaso Não existe terapêutica curativa A abordagem consiste na identificação e correção dos fatores de risco O tratamento invasivo é feito apenas quando a obstrução é severa, pois ele não impede a progressão da doença. Aterosclerose Quanto Mais Alto o Nível do Colesterol Maior a Taxa de Mortalidade MRFIT study. Martin et al. Lancet 1986; ii:933–936. Colesterol Total (mg/dL) 140 160 180 200 220 240 260 280 300 T a x a d e M o rt a li d a d e p o r 1 0 0 0 H o m e n s 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Relação: Colesterol x Mortalidade A mortalidade na primeira metade da década de 90 foi de 30%* O Brasil gastou em 1997 R$100.000.000,00 0,012 do PIB com as internações por DAC ( SUS)** O custo destes atendimentos é 3 vezes maior que a média .** *Chor D. et al. Arq Bras. Cardiol 1995; 64 15-9 **Laurenti R et al Arq Bras Cardiol 2000; 74 483-87 Mortalidade por D.A.C 22 23 Doença Arterial Coronariana - Fatores de Risco Coronariano Clássicos Idade LDL elevado AteroscleroseTG elevados Hist. Familiar Fumo HDL baixo Novos Fatores e Marcadores de Risco Homocisteína / Lp(a) Fibrinogênio / PCR(as) Hipertensão Diabetes (RI) Obesidade Dieta gordurosa DAC EVENTO CORONÁRIO Fatores Trombogênicos Lipídeos totais: Valores Categoria Sem nenhuma separação, obtidas à partir da soma de todos eles 570 mg/dl Ideal Frações: Triacilgliceróis > 150 mg/dl 150-200mg/dl 201-499 mg/dl Ótimo Limitrofe Alto HDL-C <40 mg/dl >60 mg/dl Baixo Alto LDL <100 mg/dl 130-159 mg/dl > 190 Ótimo Limitrofe Alto Valores de referência para diagnóstico das Dislipidemias em adultos >20 anos HDL LDL VLDL Ácidos Graxos e Albumina 24 25 Classificação Laboratorial Hipercolesterolemia isolada Elevação isolada do CT, geralmente aumento do LDL-C Hipertrigliceridemia isolada Elevação isolada dos TG, por aumento do VLDL e/ou QM Hiperlipidemia Mista Valores aumentados de CT e TG HDL-C Baixo c/ ou s/ aumento de LDL ou TG Classificação Etiológica Dislipidemias primárias Causas genéticas Dislipidemias Secundárias Apresenta causa secundária •Três grupos: • Dislipidemia secundária a doença • Dislipidemia secundária a medicamentos • Dislipidemia secundária a hábitos de vida inadequados. Dislipidemias Dislipidemias secundárias a doenças Lipoproteínas (principal alteração) Causa CT TG HDL-C 1. Diabetes -------- ↑ ↓ 2. Hipotireoidismo ↑↑ ↑ ↑ ou ↓ 3. Doenças Renais Síndrome Nefrótica ↑ ↑ ---------- IRC ↑ ↑ ---------- 4. Hepatopatias Colestáticas Crônicas ↑a↑↑↑↑↑ Normal ou leve ↑ ↑↑ para ↓ 5. Obesidade ↑ ↑↑ ↓ 6. Anorexia Nervosa ↑ ---------- ---------- 7. Bulemia ↑ ↑ ---------- Dislipidemias secundárias a hábitos de vida inadequados Tabagismo -------- -------- ↓ Etilismo (Álcool) -------- ↑ ↑ 26 Dislipidemia Secundária Dislipidemias secundárias a medicamentos Lipoproteínas (principal alteração) Medicamento CT TG HDL-C Diuréticos -------- ↑ ↓ Betabloqueadores (*) -------- ↑ ↓ Anticoncepcionais ↑ ↑ ---------- Corticosteroides ↑ ↑ ---------- Anabolizantes ↑ ---------- ↓ Estrógenos (**) →↑ →↓ Progestágenos (**) →↑ →↓ Isotretinoína ↑ ↑ ↑ Ciclosporinas ↑ ↑↑ ↑ Inibidores de Protease ↑ ↑↑↑ ---------- (*) destituídos de atividade simpatomimética intrínseca (**) efeitos dependem do tipo de estrógeno e progestágeno e da rota de administração: o estradiol VO apesar de poder causar hipertrigliceridemia, produz redução do LDL-C e aumento do HDL-C; a via transdérmica não eleva os triglicérides. 27 DislipidemiaSecundária Determinações Laboratoriais 28 • Lipoproteína(a) – Lp(a) – Associada à ocorrência de eventos cardiovasculares; – Não há provas de que a diminuição dos níveis diminui o risco de aterosclerose • Homocisteína (HCY) – Aminoácido formado do metabolismo da metionina – Elevações associadas à disfunção endotelial, trombose e maior gravidade de aterosclerose – Não há evidências de que níveis elevados sejam fator de risco isolado • Proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-as) – Marcador do processo inflamatório em indivíduos sadios – Não se aplica a fumantes, diabéticos, portadores de osteoartrose, mulheres sob TRH, no uso de AINES ou em infecções. 29 • Determinações da coleta: – Estilo de vida habitual nas últimas três semanas – Jejum de 12-24hs, imprescindível para valores de TG e HDL-C – Evitar exercício três horas antes da coleta – Durante a coleta o paciente deve estar sentado e deve-se evitar a estase venosa – Esperar até três semanas em caso de doenças leves, mudanças dietéticas recentes – Esperar até três meses em caso de doença grave ou procedimento cirúrgico – Suspender medicamentos não imprescindíveis – Pacientes sob tratamento não devem suspender a medicação nem a dieta; Determinações Laboratoriais 30 Prevenção Primária Modificação dos fatores de risco para retardar ou evitar o aparecimento da doença aterosclerótica Estratificação do Risco Prevenção Primária (níveis) I - de baixo risco (<10% em 10 anos) II - de médio risco (10-20% em 10 anos) III - de alto risco (>20% em 10 anos). Prevenção secundária Terapêutica para reduzir os eventos e diminuir a mortalidade em pacientes com doença aterosclerótica Controle dos fatores de risco Terapêutica para evitar a ruptura da placa Prevenção secundária Diabéticos Portadores de Aterosclerose Tratamento proposto tempo de seguimento e valor do LDL-C Nível de LDL-C (mg/dL) Orientação Verificações Até 159 Mudança no estilo de vida (MEV) 6 meses* 160 – 190 Mudança no estilo de vida (MEV) 3 meses* > 190 Tratamento medicamentoso ------ (*) O tratamento medicamentoso nessa faixa de risco é facultativo, dependendo da intensidade dos fatores de risco: tabagismo importante (>40 cigarros dia), história familiar precoce, HDL-C muito baixo. 31 Estratificação do Risco Tratamento proposto tempo de seguimento e valor do LDL-C Nível de LDL-C (mg/dL) Orientação Verificações 100 – 129# Mudança no estilo de vida (MEV) 3 meses ≥ 130 Tratamento medicamentoso #Recomendação LDL-C entre 100 e 129mg/dL, nesse casos, não é obrigatório o início do tratamento medicamentoso imediato já nesses níveis. Se, após três meses, as metas não forem atingidas, recomenda-se iniciar o tratamento medicamentoso. 32 Escore de Risco de Framingham Homens Pontos Homens Risco de CAC em 10 anos % Mulheres Pontos Mulheres Risco de DAC em 10 anos % <-1 2 <-2 1 0 3 - 1 2 1 3 0 2 2 4 1 2 3 5 2 3 4 7 3 3 5 8 4 4 6 10 5 4 7 13 6 5 8 16 7 6 9 20 8 7 10 25 9 8 11 31 10 10 12 37 11 11 13 45 12 13 ≥ 14 53 13 15 15 18 16 24 17 ≥ 27 33 P as so 8 v e ja o r is co a b so lu to n as t ab e la s Esco re d e R isco d e Fram in gh am 34 Terapêutica - Mudança do Estilo de Vida (MEV) A. Terapia Nutricional A. Dieta para Hipercolesterolemia B. Dieta para Hipertrigliceridemia B. Exercício Físico C. Tabagismo 35 Terapêutica - Mudança do Estilo de Vida (MEV) • Colesterol Alimentar – Influencia diretamente os níveis de colesterol – Encontrado apenas em alimentos de origem animal – Possui menor efeito sobre a colesterolemia, se comparado à gordura saturada – Para reduzir, restringir: • Consumo de vísceras (fígado, miolos, miúdos) • Leite integral e seus derivados • Biscoitos amanteigados, croissants, folhados • Sorvetes cremosos, embutidos, frios, pele de aves, • Frutos do mar, gema de ovo (225mg/unidade). 36 Terapêutica - Mudança do Estilo de Vida (MEV) • Ácidos Graxos Saturados – Elevam a colesterolemia por reduzirem receptores celulares B-E, inibindo a remoção do LDL-C pelo fígado – Permite, ainda, maior entrada de colesterol nas partículas LDL – Principal causa alimentar de elevação do colesterol plasmático – Para reduzir, restringir: • Gordura animal (Carnes gordurosas, leites e derivados) • Polpa de coco, óleo de dendê e coco no preparo de alimentos 37 Terapêutica - Mudança do Estilo de Vida (MEV) • Ácidos Graxos Insaturados – Ômega-6 (linoléico e araquidônico); ômega-9 (oléico) e ômega-3 (-linoléico, eicosapentaenóico-EPA, docohexaenóico-DHA) – Substituição dos ácidos graxos saturados por ácidos graxos poliinsaturados reduz o CT e o LDL-C: • Menor produção e maior remoção de LDL • Diminuição da proporção de colesterol no LDL-C – Possuem o inconveniente de baixarem o HDL-C e induzir maior oxidação lipídica – Ômega-3 diminui o TG por diminuir a secreção hepática do VLDL; – Fontes: • Óleos vegetais, oliva, canola, azeitona, abacate, castanhas, nozes, amêndoas, peixes de água fria. 38 Terapêutica - Mudança do Estilo de Vida (MEV) • Ácidos graxos trans – Sintetizados durante a hidrogenação dos óleos vegetais na produção das margarinas. – Pela semelhança estrutural com ácidos saturados, provoca elevação da colesterolemia com aumento do LDL-C e redução do HDL-C. – Quanto mais dura a margarina, maior concentração de gordura trans. – Outras fontes: óleos e gorduras hidrogenadas, shortenings (gorduras industriais presentes em sorvetes, chocolates, pães recheados, molhos para salada, maionese, cremes para sobremesa e óleos para fritura industrial). 39 Terapêutica - Mudança do Estilo de Vida (MEV) • Fibras – Carboidratos complexos, não absorvidos pelo intestino, com ação reguladora da função gastro-intestinal – Podem ser solúveis ou insolúveis (em água) – As fibras solúveis reduzem o tempo de transito intestinal e ajudam na remoção do colesterol, a saber: Pectina (frutas), gomas (aveia, cevada, feijão, grão de bico, lentilha, ervilhas). – As insolúveis não atuam sobre a colesterolemia mas produzem saciedade (trigo, grãos, hortaliças). – Recomendação: 20 a 30 g/dia, sendo 25% (6g) de fibra solúvel 40 Terapêutica - Mudança do Estilo de Vida (MEV) • Antioxidantes – Flavonóides, vitaminas C e E e carotenóides; – Recomendação: Não há evidências de que vitaminas antioxidantes previnam manifestações clínicas da aterosclerose, portanto essas não são recomendadas – Uma alimentação rica em frutas e vegetais certamente fornecerá doses apropriadas dessas substâncias o que contribuirá para a manutenção da saúde. 41 Terapêutica - Mudança do Estilo de Vida (MEV) 42 Terapêutica - Mudança do Estilo de Vida (MEV) • Dieta para Hipertrigliceridemia – Pacientes com níveis muito elevados de TG e quilomicronemia devem reduzir a ingestão de gordura total da dieta – Na Hipertrigliceridemia secundária ao diabetes ou obesidade recomenda-se redução da ingesta calórica, restrição de carboidratos e compensação do diabetes – Recomenda-se restrição total de álcool. • Exercício Físico – Recomendação: sessões de em média 40min de atividade física aeróbica, 3 a 6 vezes por semana – Atividades de aquecimento, alongamento e desaquecimento – Incluir componente que aprimore força e flexibilidade 43 Terapêutica - Mudança do Estilo de Vida (MEV) • Tabagismo – Fator de risco independente para aterosclerose – Recomenda-se abordagem cognitivo-comportamental: • Detecção de situações de risco de recaídas • Desenvolvimento de estratégias de enfrentamento – Farmacoterapia pode ser um apoio – Adesivos de nicotina, goma de mascar;• Bupropriona • Nortriptilina 44 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Conceitos Refere à morte de parte do músculo cardíaco (miocárdio), que ocorre de forma rápida (ou aguda) devido à obstrução do fluxo sanguíneo das artérias coronárias para o coração. Quando placas de gordura causam obstrução ao fluxo sanguíneo das coronárias para o coração, o músculo cardíaco sofre pela falta de sangue/oxigênio e começa a morrer. Infarto Agudo do Miocárdio IAM 45 46 Pa to ge n ia O evento inicial consiste em uma alteração súbita da morfologia de uma placa ateromatosa, que pode consistir em hemorragia no interior da placa, erosão ou ulceração. As plaquetas dão início ao processo de adesão, agregação, ativação e liberação de potentes agentes agregadores para formar microtrombo. O fator tecidual ativa a cascata de coagulação, aumentando o volume do trombo. O trombo evolui e oclui completamente o lúmen do vaso Infarto Agudo do Miocárdio IAM 47 IAM - Animação 48 Resposta do Miocárdio Infarto Agudo do Miocárdio IAM A isquemia severa leva a depleção do ATP e perda da função contrátil dentro de 60 segundos; 49 • Sensação de desconforto nos ombros, braços, dorso (costas), pescoço, mandíbula ou no estômago. • Algumas pessoas podem ainda sentir uma sensação de dor tipo aperto nos braços e sensação de incômodo na língua ou no queixo. • Palidez da pele, suor frio pelo corpo, inquietação, palpitações e respiração curta também podem ocorrer. • Pode haver também náuseas, vômitos, tonturas, confusão mental e desmaios. 50 SINTOMAS 51 Angioplastia Coronariana 52 FIM
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