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Dislipidemias Caracterizam-se pela elevação dos níveis plasmáticos de triglicérides ou de alterações dos níveis das lipoproteínas que transportam o colesterol e as gorduras no sangue. CLASSIFICAÇÃO Podem ser classificadas em primárias (alterações genéticas) ou secundárias (uso de medicamentos, hábitos de vida inadequados, outras doenças como diabetes). Classificação laboratorial Hipercolesterolemia isolada: aumento do colesterol total (CT) e/ou da fração LDL (lipoproteína de baixa densidade); Hipertrigliceridemia isolada: aumento dos triglicérides (TG); Hiperlipidemia mista: aumento do colesterol total e dos triglicérides; Diminuição isolada do HDL (lipoproteína de alta densidade) ou associada ao aumento dos triglicérides ou LDL CT LDL HDL TG Muito alto -- ≥ 190 -- ≥ 500 Alto ≥ 240 160 a 189 - 200 a 499 Limite 200 a 239 130 a 159 -- 150 a 200 Baixo -- -- ♀ < 40 ♂ < 50 -- Colesterol total > 310 mg/dL há probabilidade de hipercolesterolemia familiar. Quando os níveis de triglicérides estiverem acima de 440 mg/dL (sem jejum) o médico solicitante faz outra prescrição para a avaliação de triglicérides com jejum de 12 horas e deve ser considerado um novo exame de triglicérides pelo laboratório clínico. FISIOPATOLOGIA Os lipídeos Fosfolipídios: formam a estrutura básica das membranas celulares; Colesterol: precursor dos hormônios esteroides, dos ácidos biliares e da vitamina D; também é constituinte das membranas celulares e participa na ativação de enzimas; Triglicérides: são formados a partir de três ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol e constituem uma das formas de armazenamento energético mais importantes no organismo, depositados nos tecidos adiposo e muscular; Ácidos graxos: são constituídos por uma cadeia carbônica não ramificada, de comprimento variável, contendo em uma das extremidades o grupo carboxílico e, na outra, um grupo metila, denominada ômega; podem ser classificados como de cadeia curta, média ou longa, ou, ainda, pela presença, quantidade e configuração de duplas ligações na cadeia carbônica e pela posição do ácido graxo na molécula de glicerol, da seguinte forma: o Saturados: sem duplas ligações entre seus átomos de carbono; os mais presentes na alimentação variam entre 12 e 18 átomos de carbono; o Monoinsaturados: com uma dupla ligação: o mais frequente na alimentação é o ácido oleico, que contém 18 átomos de carbono; o Poli-insaturados: com mais de uma ligação dupla em sua cadeia, podem ser classificados de acordo com a presença da primeira dupla ligação entre os carbonos, a partir da extremidade ômega como: – ômega-3 e ômega-6. Transporte de lipídeos O transporte dos lipídeos no sangue é feito pelas lipoproteínas. As lipoproteínas são compostas por lipídios e proteínas denominadas apolipoproteínas (Apos). As Apos têm diversas funções no metabolismo das lipoproteínas, como a formação intracelular das partículas lipoproteicas, caso das Apos B100 e B48, ligantes a receptores de membrana como a Apo B100 e a Apo E, ou co- fatores enzimáticos, como as Apos CII, CIII e AI. As lipoproteínas são classificadas de acordo com sua densidade, com as siglas de suas denominações na língua inglesa: Quilomícrons (Qm): são partículas ricas em triglicérides, maiores e menos densas, sintetizadas nos enterócitos intestinais. São responsáveis pelo transporte no plasma dos triglicérides originários da dieta. Os Qm possuem Apo B48, Apo C e Apo E. VLDL – lipoproteína de muito baixa densidade. Rica em triglicérides, de origem hepática. Possui Apo B100, Apo E e Apo C. LDL – lipoproteína de baixa densidade. Rica em colesterol. Transporta o colesterol do fígado para os tecidos periféricos. Possui Apo B100. IDL – lipoproteína de densidade intermediária. HDL - lipoproteína de alta densidade. Rica em colesterol. Responsável pelo transporte reverso do colesterol, levando colesterol dos tecidos para o fígado. Possui Apo A, Apo E e Apo C. No ciclo exógeno, os lipídios da dieta são absorvidos no enterócito e são incorporados aos Qm, que são, então, secretados na linfa, atingindo a circulação pelo ducto torácico. Após a secreção, os Qm interagem com a HDL, recebendo Apo CII, CIII e E e colesterol. Nos capilares extra-hepáticos, os Qm, por meio de uma enzima presente no endotélio (lipoproteína lipase – LPL), liberam ácidos graxos para os tecidos adiposo e muscular, reduzindo de tamanho e transferindo para a HDL uma parte de colesterol e de Apos, sendo, então, chamados remanescentes de Qm (RQm). Esses RQm ricos em colesterol e Apo E retornam ao fígado, onde são captados por receptores específicos, sendo que parte do material lipídico é aproveitada e o excedente é reorganizado em outra lipoproteína. No ciclo endógeno, a VLDL é formada no fígado para transporte de triglicérides de origem hepática e também de colesterol proveniente dos RQm ou da síntese de novo, além de fosfolipídios e Apo B100. Da mesma maneira que os Qm, as VLDL interagem com a HDL, recebendo Apo CII, CIII e E. O processo inicial também é mediado pela LPL, de maneira análoga aos Qm, transferindo triglicérides para os tecidos adiposo e muscular, reduzindo a partícula para VLDL remanescentes, mais conhecidas como IDL, contendo Apo E e colesterol. A IDL pode então seguir dois caminhos: cerca de 40% das IDL são removidas pelo fígado em um processo dependente de Apo E ou de Apo; e os 60% não removidos e que apresentam perda posterior de triglicérides vão se transformar em partículas de LDL, as quais perdem Apo C e E para a HDL, permanecendo somente com a Apo B-100. As LDL ricas em colesterol e ésteres de colesterol são então removidas pelos receptores de LDL na superfície dos hepatócitos. A regulação do receptor de LDL é o principal fator que controla a concentração plasmática de LDL. As partículas de LDL não removidas e oxidadas são retiradas da circulação por receptores scavenger de macrófagos, localizados na camada íntima das artérias, nas células endoteliais, contribuindo para o desenvolvimento da placa aterosclerótica. Aterosclerose Ou doença cardiovascular aterosclerótica (DCVAS), envolve o acúmulo de placas dentro das paredes das artérias. Começa com a lesão das células endoteliais, com uma resposta inflamatória associada que envolve fagócitos e monócitos. Uma vez nos tecidos, os monócitos evoluem para macrófagos, que ingerem o colesterol oxidado e transformam-se em células espumosas e, a seguir, em estrias gordurosas nesses vasos. Ocorre microcalcificação intracelular, com formação de depósitos dentro das células musculares lisas vasculares da camada muscular circundante. Forma-se uma camada protetora de fibrina (ateroma) entre os depósitos de gordura e o revestimento da artéria. Os ateromas produzem enzimas que fazem que a artéria aumente com o passar do tempo, compensando, assim, o estreitamento causado pela placa. Esse “remodelamento” do formato e do tamanho do vaso sanguíneo pode resultar em aneurisma. Os ateromas podem sofrer ruptura ou fragmentação, formando um trombo (coágulo sanguíneo), que atraem plaquetas do sangue e ativam o sistema da coagulação do corpo. Essa resposta pode resultar em bloqueio e restrição do fluxo sanguíneo. Apenas as placas de alto risco ou vulneráveis formam trombos. As placas vulneráveis são lesões com capa fibrosa fina, poucas células musculares lisas, muitos macrófagos (células inflamatórias) e um grande núcleo lipídico. A evolução clínica do comprometimento da função arterial em consequência de aterosclerose depende da localização do comprometimento. Nas artérias coronárias, a aterosclerose pode provocar angina (dor torácica), IAM e morte súbita; nas artérias cerebrais, causa acidentes vasculares encefálicos e ataques isquêmicos transitórios; e, na circulação periférica, provoca claudicação intermitente,isquemia (suprimento sanguíneo inadequado) dos membros e gangrena. Por conseguinte, a aterosclerose é a causa subjacente de muitas formas de doença cardiovascular. Principais fatores de risco da aterosclerose: Hipertensão arterial, idade (mais de 45 anos para os homens, 55 anos para as mulheres), diabetes mellitus, TFG <60 ml/min, microalbuminúria, história familiar de doença familiar prematura. DISLIPIDEMIAS GENÉTICAS Várias formas de dislipidemia apresentam um forte componente genético. Hipercolesterolemia familiar A hipercolesterolemia familiar (HF) (dislipidemia tipo IIa) é um distúrbio monogenético. As concentrações elevadas de colesterol já estão presentes por ocasião do nascimento e resultam em doença aterosclerótica precoce. A faixa etária ideal para triagem situa-se entre dois e 10 anos. Na atualidade, não é considerado razoável iniciar uma dieta restrita antes de dois anos de idade, e não há dados de segurança para o uso das estatinas antes dos oito aos 10 anos. Os homens com HF parecem desenvolver DCV antes das mulheres. A hipertensão arterial, o tabagismo, o diabetes mellitus e as concentrações elevadas de triglicerídeos e baixas concentrações de colesterol HDL são fatores de risco adicionais bem estabelecidos na HF. Defeitos no gene do receptor de LDL causam HF; foram identificadas 800 mutações. O tratamento com estatinas melhora a função e a estrutura arteriais. A ultrassonografia do tendão do calcâneo para xantomas (depósitos de colesterol das LDL) identifica corretamente a maioria dos pacientes com HF. Hipercolesterolemia familiar poligênica A HF poligênica resulta de múltiplos defeitos gênicos. O alelo E-4 é comum nessa forma. O diagnóstico baseia-se na presença de concentrações de LDL colesterol acima do percentil 90 em dois ou mais membros da família, sem qualquer xantoma tendíneo. Em geral, esses pacientes apresentam concentrações de colesterol LDL mais baixos do que pacientes com a forma não poligênica; entretanto, continuam correndo alto risco de doença prematura. O tratamento consiste em mudança do estilo de vida junto com fármacos que reduzem o colesterol. Dislipidemia Combinada Familiar É um distúrbio em que dois ou mais membros da família apresentam concentrações séricas de colesterol LDL ou de triglicerídeos acima do percentil 90. Esses pacientes podem apresentar: (1) concentrações elevadas de LDL, com concentrações normais de triglicerídeos (tipo IIa) (2) concentrações elevadas de LDL com concentrações elevadas de triglicerídeos (tipo IIb) (3) concentrações elevadas de VLDL (tipo IV). Com frequência, esses pacientes possuem as pequenas LDL densas associadas à DCVAS. Em consequência, todas as formas de DCF causam doença prematura. O defeito na DCF consiste na produção hepática excessiva de apo B-100 (VLDL) ou em um defeito no gene que produz a lipase hepática, a enzima do fígado envolvida na remoção dos triglicerídeos da corrente sanguínea. Os pacientes com HLCF habitualmente apresentam outros fatores de risco, como obesidade, hipertensão arterial, diabetes mellitus ou síndrome metabólica. Se as medidas de mudança do estilo de vida não forem efetivas, o tratamento deverá incluir medicamentos. Os pacientes com concentrações elevadas de triglicerídeos também precisam evitar o consumo de álcool. Disbetalipoproteinemia familiar É relativamente incomum. O catabolismo dos remanescentes de VLDL e de quilomícrons é tardio, visto que a apo E-2 substitui a apo E-3 e a apo E-4. Para que ocorra disbetalipoproteinemia, é necessário a presença de outros fatores de risco, como idade avançada, hipotireoidismo, obesidade, diabetes mellitus ou outras dislipidemias, como HLCF. As concentrações de colesterol total variam de 300 a 600 mg/dL, enquanto as concentrações de triglicerídeos variam de 400 a 800 mg/dL. Essa condição está associada a um risco aumentado de DCVAS prematura e doença vascular periférica. O diagnóstico baseia-se na determinação das isoformas da apo E. O tratamento envolve redução da massa corporal, controle da hiperglicemia e do diabetes mellitus e restrição dietética de gordura saturada e colesterol. Se o esquema dietético não for efetivo, recomenda-se a terapia farmacológica. DIETOTERAPIA A relação entre DLP e DCV está bem estabelecida, assim como a relação das DLP com o consumo alimentar. Nesse sentido, a dieta deve ser sempre a primeira abordagem no tratamento proposto. O desafio é tornar a dieta uma mudança no estilo de vida e não apenas uma alteração passageira. As gorduras consumidas na dieta afetam os níveis de lipídios sanguíneos, protegendo ou estimulando o processo de aterosclerose. % LDL normal LDL ↑ TG limite TG ↑ TG ↑ ↑ Perda de peso Manter peso saudável 5-10 Até 5 5-10 5-10 CHO 50-60 45-60 50-60 50-55 45-50 Açúcar <10 <10 <10 5-10 <5 PTN 15 15 15 15-20 20 LIP 25-35 25-35 25-35 30-35 30-35 AG saturado <10 <7 <7 <5 <5 AG mono 15 15 10-20 10-20 10-20 AG poli 5-10 5-10 10-20 10-20 10-20 w-6 1,1-1,6 EPA e DHA - - 0,5-1 1-2 >2 Fibras 25g sendo 6g fibra solúvel Alimentos coadjuvantes para a prevenção e controle das dislipidemias Fibras Reduzem o tempo de trânsito gastrintestinal e a absorção enteral do colesterol. Um dos mecanismos propostos é que as fibras solúveis aumentam a excreção dos ácidos biliares, promovendo assim maior captação de LDL pelo fígado e consequentemente redução do colesterol plasmático. O segundo mecanismo de ação é estimulado pelas bactérias intestinais. Os subprodutos desse processo incluem os ácidos graxos de cadeia curta (acetato, butirato e propionato), que entram no sistema pela circulação portal e são levados ao fígado, limitando a ação da HMG-CoA redutase, inibindo a síntese de colesterol hepático. As fibras insolúveis não atuam sobre a colesterolemia, mas aumentam a saciedade, auxiliando na redução da ingestão alimentar. Soja Sua eficácia é comprovada quanto ao seu efeito em reduzir os níveis de colesterol sanguíneo, pela ação das proteínas da soja e das isoflavonas. Fitosteróis Desempenham funções estruturais análogas ao colesterol em tecidos animais. Os fitosteróis reduzem a colesterolemia por competirem com a absorção do colesterol da luz intestinal. Uma dieta balanceada com quantidades adequadas de vegetais fornece aproximadamente 200 a 400 mg de fitosteróis, e os níveis plasmáticos variam de 0,3 a 1,7 mg/dL. No entanto, é necessária a ingestão de 2 g/dia de fitosteróis para a redução média de 10 a 15% do LDL-colesterol. Os fitosteróis não influenciam os níveis plasmáticos de HDL e de triglicérides. A ingestão de 3 a 4 g/dia de fitosteróis pode ser utilizada como adjuvante ao tratamento hipolipemiante. Antioxidantes Podem potencialmente estar envolvidos na prevenção da aterosclerose por inibirem a oxidação das LDL, diminuindo sua aterogenicidade e, consequentemente, o risco de doença arterial coronária. No entanto, não há evidência de que suplementos de vitaminas antioxidantes previnam manifestações clínicas da aterosclerose, portanto esses não são recomendados. Uma alimentação variada e rica em frutas e hortaliças fornece doses apropriadas de substâncias antioxidantes, que certamente contribuirão para a manutenção da saúde. Vinho O efeito protetor do vinho é influenciado não só pela ação dos flavonoides, mas, segundo alguns autores, também pela ação do álcool, cujo consumo moderado está relacionado com menores taxas de mortalidade por doença coronariana. Mas, considerando que o consumo de bebidas alcoólicas pode elevar os níveis de triglicérides e glicemia, aumentar a pressão arterial e favorecer o ganho de peso, não é recomendado o consumo de álcool na prevenção da doença aterosclerótica. Chocolate O consumo de chocolate amargo está relacionado com a melhora da função endotelial e exerce influência sobre vários fatores de risco para DCV. Estes efeitosestão associados ao aumento da epicatequina no plasma e sua ação antioxidante. Estudos sugerem que a diminuição da oxidação de LDL pode ser atribuída ao fato de as epicatequinas serem incorporados às partículas de LDL ou à Apo B. Os efeitos cardioprotetores relacionados aos flavonoides do cacau incluem, além da diminuição da suscetibilidade de oxidação da LDL, diminuição da agregação plaquetária e expressão de moléculas de adesão, ativação do óxido nítrico, redução da pressão arterial e aumento da sensibilidade insulínica. Manejo nutricional ✓ Padrão dietético DASH ✓ Padrão de dieta mediterrânea ✓ Redução do peso corporal se necessário ✓ Aumento do consumo de fibras ✓ Adicionar EPA e DHA ✓ Adicionar frutas e vegetais ✓ Coenzima Q10 para pacientes em uso de estatinas. Terapia nutricional da hipertrigliceridemia Os triglicérides são reservas altamente concentradas de energia. Excesso de peso, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool, diabete, uso de medicamentos e distúrbios genéticos são fatores que contribuem para a elevação dos triglicérides plasmáticos. As estratégias para o tratamento da hipertrigliceridemia dependem da causa de sua elevação e da gravidade. Para valores limítrofes, a ênfase deve ser dada para adequação da composição corporal, alimentação equilibrada e prática de atividade física. Na presença de intolerância à glicose ou diabetes, devem-se restringir açúcares simples e carboidratos refinados. Alguns estudos mostram efeitos positivos com o consumo de peixe e óleo de peixe, fibras alimentares e gorduras poli- insaturadas. Alguns estudos sugerem a utilização de dietas com baixo índice glicêmico para controle dos triglicérides, porém duas metanálises não demonstraram efeito dessas dietas nas concentrações plasmáticas de triglicérides. Pacientes com níveis muito elevados de triglicérides e que apresentem quilomicronemia devem reduzir a ingestão de gordura total da dieta. Na hipertrigliceridemia secundária à obesidade ou diabetes, recomenda-se, respectivamente, dieta hipocalórica, adequação do consumo de carboidratos e gordura e controle da hiperglicemia, além da restrição total do consumo de álcool. REFERÊNCIAS MAHAN L K e ESCOTT-STUMP S. Krause - Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 14ª Edição,. Ed. Elsevier, 2018. ROSSI L.; POLTRONIERI F. Tratado de Nutrição e Dietoterapia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. CUPPARI, L. Nutrição Clínica no Adulto. São Paulo: Manole, 3ª Ed. 2014.
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