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História Antiga Ocidental

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História Antiga Ocidental
2° semestre
2019.3
UNESA
Angra dos Reis
Érika Moreira Mesquita
Aula 1 - A História da História: discutindo a Antiguidade
Introdução
Nesta, aula identificaremos a periodização de tempo que estudaremos em história, aprendendo o que é História Antiga e as dificuldades que possuímos para conhecê-la.
Reconheceremos também a ideia de Ocidente, desconstruindo a noção genérica geográfica.
Por fim, compreenderemos que a noção do que é história é algo mutável.
Para que serve a história?
Você sabe para que estudamos história?
A História é viva. Ela nos permite pensar, discutir independente do espaço que estejamos observando.
Os objetivos desta aula são:
 Identificar elementos da cultura greco-romana que ainda estão presentes em nosso cotidiano;
 Relacionar o mapa conceitual ao cabedal de conceitos que será adquirido ao longo do semestre;
 Perceber a importância do estudo da História Antiga para o curso de Licenciatura;
 Conhecer o plano de ensino, os procedimentos de aula, o caderno de textos, os métodos de avaliação, a bibliografia básica e complementar.
História antiga
É o período que se estende desde o aparecimento da escrita até a desestruturação do Império Romano.  A invenção da escrita retira o homem da pré-história e o coloca na história.
Vejamos a linha do tempo a seguir:
Aí vamos nós: será que esse modelo é um consenso, algo inquestionável?  Quem inventou isso?  Imagine a situação: Odoacro e seu grupo de guerreiros se reunindo e questionando no dia seguinte a queda de Rômulo, o último imperador romano do Ocidente.  Perceberam o que a gente fez ontem? Acabamos com a Idade Antiga!
A divisão da história existe com fins didáticos, foi elaborada pelo homem. Não devemos nos preocupar com os marcos, mas sim, refletir sobre as relações de poder na transição destes períodos.
Para realizar nosso curso, devemos  resgatar a importância dos povos antigos, e é partir daí que encontramos problemas com os quais devemos nos acostumar:
Quanto de material nos sobrou da história antiga?
Você pode ficar confuso e se perguntar: onde é oriente e onde é ocidente?
A resposta é: Depende!
Vai depender do momento em que você está estudando. Em nosso recorte, buscamos a velha versão iluminista que dividiu nossa linha do tempo, a noção de cultura ocidental como filha da tradição greco-romana.
Grécia e Roma antiga
Estudaremos nesta unidade os espaços da Grécia e da Roma antiga, identificando sua formação política e social, discutindo aspectos de sua cultura e sociedade.
Sobre estes aspectos é importante pensarmos um pouco em como um dos maiores historiadores de História antiga explica o seu próprio campo de pesquisa.
O mau humor de Finley é contra exercícios bobos de historiadores em buscar engrandecimentos sem necessidade. Não precisamos de subterfúgios, nem de mitos, nem tão pouco de generalizações perigosas, para justificar seu estudo.
Não é a visão contemporânea de história, da disciplina; somos cientistas, discutimos, reunimos dados de maneira cuidadosa, não julgamos.
Precisamos ter muito cuidado, pois a história que os gregos escreviam não tem nada diretamente relacionado ao nosso olhar.  Para Homero, por exemplo, história é um exercício de observação. A função do historiador para o grego é julgar as ações, verificar os erros e as falhas.
Outro dos famosos historiadores gregos foi Tucídides: que pensava a história de maneira direta, quem viu pode relatar, quem não viu, não.  Só existiria o historiador do tempo presente. Bom, se isso fosse verdade eu, por exemplo, estaria desempregado.
Vejamos Finley falando de Arqueologia:
Exemplo
Um exemplo que demonstra a necessidade urgente dessa "doutrina severa" merece ser examinado — a notável fábula da Grande Deusa Mãe. Para Jacquetta Hawkes, essa deusa era tão onipresente e onipotente na Creta (minoana) da Idade do Bronze que a própria civilização é rotulada de "força predominantemente feminina". O caso baseia-se numa coleção de pequenas estatuetas neolíticas, comum à altura média de menos de duas polegadas, que ela descreve assim: "As evidências materiais da vida religiosa desses agricultores da Idade da Pedra consistem, em sua maior parte, de estatuetas em forma de mulher (entalhadas ou modeladas) que eles guardavam em suas casas ou, às vezes, em casas sagradas construídas para elas.
Que fique claro: a arqueologia é uma matéria própria, não é história; tal qual o objetivo do trabalho do historiador é estudar o homem no tempo, o do arqueólogo é estudar o artefato no tempo. Ambas podem se ajudar se permanecermos com a ideia de que a Arqueologia é uma ciência autônoma.
Pontuando
MUNDO OCIDENTAL
Conceito ideológico, não geográfico. Caracteriza povos que viveram em áreas de influência da cultura Greco-romana.
MUNDO ORIENTAL
Caracteriza povos que viveram fora da esfera da influência da cultura Greco-romana ou considerados “menos civilizados” por eles.
Aula 2 - Formação do mundo grego
Introdução
Nesta aula estaremos discutindo as relações de poder na formação do mundo grego. Por isso pensamos em nossa visão mais tradicional, a história que correu todo o mundo como a grande formação do mundo grego: a vitória dos gregos na guerra de Tróia. Será? Uma história com forte caráter mítico e moralizante como o fundamento do mundo grego é algo relativamente difícil.
No trajeto deste questionamento apresentaremos as principais linhas de organização apresentadas para o mundo grego, as noções de sociedades antigas, minoica e micênica, as linhas sucessórias de migrações. Por fim salientar o objetivo das cidades Estado em se constituir como um espaço especial.
Trataremos em seguida do período Arcaico, suas principais interpretações teóricas, a organização de um panteão e a fundação das Póleis. A pólis é a cidade-estado do mundo grego; e neste ponto é interessante pensar que não estamos falando de uma grande nação grega, mas da Hélade, grupos que tem identificações culturais, sociais, mas se desenvolvem de maneira diferente entre si.
A Ilíada
A Ilíada (do grego Iλιάς, Ilias) é um poema épico grego e narra uma série de acontecimentos ocorridos durante o décimo e último ano da guerra de troia. O título da obra deriva do nome grego de Tróia, Ílion.
A Ilíada e a Odisséia são comumente atribuídas a Homero, que se acredita ter vivido por volta do século VIII a.C. na Jônia (lugar que hoje é uma região da Turquia), e trata-se dos mais antigos documentos literários gregos a sobreviverem aos nossos dias. Porém, até hoje se debate a existência desse poeta e se os dois poemas foram compostos pela mesma pessoa.
Os gregos acreditavam que a guerra de Troia era um fato histórico ocorrido no período micênico, durante as invasões dóricas, por volta de 1200 a.C. Entretanto, há na Ilíada descrições de armas e técnicas de diversos períodos, do micênico ao século VIII a.C., indicando ser este o século de composição da epopeia.
A Ilíada influenciou fortemente a cultura clássica, sendo estudada e discutida na Grécia (onde era parte da educação básica) e, posteriormente, no Império Romano. Sua influência pode ser sentida nos autores clássicos, como na Eneida, de Virgílio. Até hoje é considerada uma das obras mais importantes da literatura mundial.
Guerra de Tróia
A Guerra de Tróia A Guerra de Troia se deu quando os aqueus atacaram a cidade de Troia, buscando vingar o rapto de Helena, esposa do rei de Esparta, Menelau, irmão de Agamémnom.
Os aqueus eram o povo que hoje conhecemos como gregos e que compartilhavam elementos culturais. Na época, no entanto, não se enxergavam como um só povo.
Vamos ver o que conta a lenda?
A Ilíada não conta o final da guerra, nem narra a morte de Aquiles.
Comentário
A Ilíada é um poema extenso e possui uma grande quantidade de personagens da mitologia grega e Homero assumia que seus ouvintes estavam familiarizados com esses mitos, o que pode causar confusão no leitor moderno.
TraduçõesExistem muitas traduções para a Ilíada em português, tanto em verso como adaptações em prosa. A qualidade e fidelidade das traduções variam bastante, mas destacam-se três, todas em verso. A mais antiga das três é a de Odorico Mendes, feita no século XIX (1874), que possui a peculiaridade de trocar os nomes dos deuses gregos pelos seus arquétipos equivalentes latinos. Ou seja, em vez de Zeus, Júpiter, de Poseidon, Netuno etc.
A outra tradução é a de Carlos Alberto Nunes, feita em 1962. Por fim, há a tradução de Haroldo de Campos, em uma edição bilíngue em dois volumes de 2002 (editora Arx), em versos que buscam resgatar a sonoridade do original grego, inclusive com diversos neologismos.
Todas as três são consideradas de grande qualidade e têm características próprias.
Temas na Ilíada
Embora a Ilíada narre uma série de acontecimentos da guerra de Troia e se refira a uma série de outros, seu tema principal é o ciclo da ira de Aquiles, da sua causa ao seu arrefecimento. Isso fica claro logo na primeira linha do poema.
A palavra grega menin, ira, é a primeira do poema, cuja famosa primeira linha é Menin aeide, Thea, Peleiadeo Aquileos. Em português seria "ira canta, Deusa, Peléio Aquiles" ou, adaptando, "Cante, Deusa, a ira do filho de Peleu, Aquiles".
Através da consumação dessa ira, é tratada a humanização do herói e semideus Aquiles, sempre conflitado por sua dupla natureza, filho de deusa e homem e, portanto, mortal.
A questão da escolha entre valores materiais, como a segurança, a vida longa e valores morais mais elevados, como a glória e o reconhecimento eterno é tratada na escolha com que Aquiles se defronta: lutar, morrer jovem e ser lembrado para sempre, ou permanecer seguro e ser esquecido.
A soberba de Aquiles contrasta grandemente com a sobriedade de Heitor, também grande herói, que não busca a glória como Aquiles, mas luta pela segurança de sua família, de sua cidade e a preservação de suas raízes troianas.
A guerra e suas consequências também é tema central na Ilíada, sendo ricamente retratada.
As Origens arqueológicas do mundo grego
No século XX a.C. os povos indo-europeus enfrentaram os Pelágios que habitavam a região e os dominaram.
Habitação
ILHAS PRÓXIMAS
Como a superfície contínua da Grécia era bastante limitada, os gregos passaram a habitar também as ilhas próximas que eram numerosas.
Essas ilhas constituíam a Grécia colonial, composta por terras mais distantes:
• Ásia Menor (Eólia, Jônica,Dória);
• Sul da Itália (Magna,Crécia);
• Costa egípcia (Náucratis).
A história egeana teve suas origens na ilha de Creta, irradiando-se daí para a Grécia continental e também para a Ásia Menor.
TEMPOS PRÉ-HELÊNICOS
Nos tempos pré-helênicos - na época neolítica - a Grécia passou por várias ondas de povoamento. Na Tessália foram descobertos Sexklo e Dhimini importantes vestígios de comunidades agrícolas e pastoris.
PERÍODO HELÁDICO
De 2600 a 1900 a. C., o período dito heládico antigo corresponde ao bronze antigo. O conjunto do território grego povoou-se pouco a pouco e as relações marítimas com as ilhas do mar Egeu, estabelecidas há muito, intensificaram-se.
A IDADE MÉDIA HELÊNICA: (DO SÉC. XI AO VIII A. C.)
Referem-se a esse período obscuro os textos de Homero e de Hesíodo. A arqueologia revelou a extensão do uso do ferro, o aparecimento de uma nova cerâmica com elementos geométricos e a prática da cremação.
Um movimento de migração e de conquista levou os gregos para as costas da Ásia menor. Foi aí, sem dúvida, que se moldaram, progressivamente, os traços da Grécia Clássica, imediatamente retomados e desenvolvidos no resto do mundo helênico. Nesse local apareceu também, a organização política e social da cidade (ou pólis), na qual o proprietário mais poderoso exercia a função de rei (basileu).
Mas uma mesma civilização (língua, depois escrita, deuses e regras morais comuns) compensou a dispersão territorial.
OS TEMPOS ARCAICOS: (DO SÉC. VIII AO VI A. C.)
Essa época deve seu nome à arqueologia, que nela situa as primeiras manifestações da arte grega. Um regime aristocrático estendeu-se, então, a todas as cidades gregas.
A realeza do tipo homérico desapareceu e uma minoria de privilegiados pelo nascimento e pela fortuna (os Eupátridas) possuía a terra e a autoridade do Séc. VIII a VI a. C. Um vasto movimento de colonização levou a fundação de cidades gregas para as costas do Mediterrâneo e do ponto Euxino.
Competições
A competição entre as cidades gregas, tão presente em todos os aspectos da cultura grega, pôde ser documentada a partir da época arcaica.
A rivalidade entre as cidades também perceptível nos festivais pan-helênicos, entre os quais, os Jogos Olímpicos. Era uma ocasião em que se desenvolvia o que já foi classificado de "uma guerra sem armas" e que propiciava o exercício das disputas entre as poleis, em situação controlada, definida por regras.
E interessante apontar também que esse momento era solenemente aberto por um ritual religioso, o mais significativo da religião grega - o sacrifício - do qual participavam, em comunhão, todos os gregos.
Assim, paralelamente a explicitação da disputa latente entre as cidades pelo reconhecimento da superioridade de umas sobre as outras, reafirmava-se a identidade grega frente aos não gregos. Estes não usavam a língua grega, não compartilhavam os cultos nem os princípios artísticos que estavam na raiz do que significava "ser grego".
Nos Jogos Olímpicos, as disputas entre atletas, somavam-se aquelas entre artistas e poetas, nos concursos que ocorriam paralelamente aos jogos. A competição entre as cidades envolvia, pois, os vários tipos de excelência entendidos como ideais na cidade grega.
Ao vencedor cabia tanto a gloria individual pelo feito extraordinário realizado como, e talvez principalmente, o mérito de ter alçado a sua cidade a uma posição de destaque frente a comunidade pan-helênica.
0 espirito competitivo, como aponta Antonaccio no trecho citado em epigrafe, aparece muito antes do surgimento dos santuários pan-helênicos e das próprias cidades gregas. E interessante percorrer a Tonga trajetória de formação das poleis e identificar como a competição a um dos traços marcantes nesse processo.
As fontes escritas não são de muita valia para os estágios iniciais do processo de formação das cidades gregas, mas a Arqueologia vem, nos Últimos cinquenta anos, fornecendo um excelente conjunto de dados que nos permitem propor modelos mais sofisticados de interpretação desse processo.
F. de Polignac
Podemos citar o estudo sobre a relação entre a religião e a estruturação da cidade antiga, realizado por F. de Polignac.
Esse autor baseia seu olhar em fontes de característica textual tradicionais, como Aristóteles, para as informações advindas das escavações da Grécia e área colonial ocidental.
Ele demonstrou como os santuários urbanos e especialmente os extraurbanos articulavam, por meio de cultos, tacos entre a população que se agrupava na asty (área que abrigava, além de habitações, as edificações de caráter público) e na chora (território arável e onde era praticado o pastoreio, também espaço habitacional) sedimentando a interdependência dos dois espaços, um dos elementos que caracterizam a pólis.
Embora nesta obra Polignac não aborde a questão dos santuários pan-helênicos, a ênfase na relação entre os cultos e a dinâmica da vida política na Grécia antiga é uma perspectiva que se adequa ao estudo do papel dos festivais cívico-religiosos na vida das cidades gregas.
Fonte: Wikipedia
No que diz respeito ao espirito competitivo, característico da cultura grega, dispomos de dados interessantes recuperados pelas escavações arqueológicas de vários sítios gregos referentes ao período imediatamente anterior ao advento das poleis. Nesta época, inadequadamente chamada de Idade Obscura e, em especial o final do séc.XI e o X (*), pôde ser documentado, com os achados das necrópoles, a competição entre famílias integrantes de elites em formação, visível na quantidade e qualidade do mobiliário funerário.As datas citadas referem-se sempre à época antes de Cristo.
Trata-se de famílias que ostentam e reafirmam seu poder construindo monumentos funerários repletos de objetos valiosos. Inspirando-se com certeza na tradicao oral relativa a época heroica, buscam reproduzir o aparato das cerimonias fúnebres devidas aos heróis e que, mais tarde, serão consolidadas por Homero na Ilíada (nos funerais de Patroclo, por exemplo).
Nessa época, o poder estaria nas mãos daquele que ostentasse maior riqueza - em vida e na morte - e qualidades de liderança na condução dos conflitos, certamente frequentes em um momento em que as instituições ainda não estavam consolidadas.
Estas chefias podem ser associadas aos basileis descritos por Homero na Odisseia e cujo poder estava baseado no consensus, no use da coerção, no carisma pessoal, riqueza em objetos, terras, produtos com os quais atraiam seguidores e aliados.
A hereditariedade não é direito reconhecido pelos pares, o poder há que ser conquistado e a ostentação de riqueza é um dos procedimentos utilizados na competição pela proeminência entre os pares. Na Odisseia, as disputas entre os pretendentes ao casamento com Penélope - e por consequência a riqueza e talvez ao poder de Ulisses - e a indiferença desses aristocratas diante da figura de Telêmaco podem ser indícios do tipo de autoridade que se instituía entre as famílias importantes e ricas.
A riqueza das oferendas funerárias - com alto índice de objetos em bronze - insere-se, pois, em processo competitivo no âmbito de uma elite que, posteriormente, como grupo, estará a frente do poder político nas poleis.
Assim, as tumbas principescas - como a de Lefkandi, na Eubeia -integram-se ao processo que a Arqueologia vem desvendando em sítios da Idade do Ferro Inicial, a partir do final do séc.X em várias regiões da Grécia metropolitana, e que culminara, no sec. VIII, com a emergência da polis.
As colônias
A partir do século VIII, concomitantemente com a emergência das poleis na área balcânica, os gregos espalham colônias pelo Mediterrâneo.
A área colonial grega do Ocidente é um excelente estudo de caso no que tange competição entre as cidades, incorporando, em um espectrum mais amplo, essa disputa.
Por outro lado, o caso colonial esclarece, ao explicitar as suas diferenças, a própria situação das metrópoles.
As colônias fundadas não tinham obrigatoriamente tacos de dependência política ou econômica com as metrópoles, mas buscavam preservar e valorizavam muito a sua identidade helênica: conservavam os cultos, os padrões arquitetônicos e artísticos em geral, imitavam as novas tendências em todos os campos, importavam filósofos e artistas. Ao mesmo tempo, também buscavam assegurar a sua independência.
A arte provê as colônias de meios efetivos de expressado para demonstrar seu sucesso. Especialmente nos santuários pan-helênicos criava-se o ambiente ideal para o desenvolvimento e a exposição da arte.
As cidades e os Jogos Olímpicos
A emergência da cidade como uma forma de estado e uma forma de vida são contemporâneos do surgimento de um fenômeno religioso original e, ao mesmo tempo, consequente desse arranjo político: os santuários "supracidades".
Nesta categoria, incluem-se os santuários pan-helênicos de Olímpia, Delfos, Nemeia. Localizavam-se afastados das maiores cidades da Grécia e, embora sob o controle administrativo de cidades-Estado vizinhas ou de uma anfictiônia, assumiam uma aura de neutralidade.
Assim, formavam-se em locais ideais para a interação política.
Eram locais onde gregos podiam encontrar outros gregos em condições de igualdade para competir e estabelecer pactos, consignar a superioridade em competições atléticas, ler a propaganda um do outro, sob a forma de inscrições dedicatórias, inteirar-se das novidades.
Sem os santuários pan-helênicos, a cultura grega poderia não ter atingido tal riqueza, decorrente da constante exposição a estímulos e variações regionais. Gregos podiam compartilhar com outros gregos as últimas tendências em técnicas e tendências em arte, que traziam de diferentes partes do mundo.
Ou então, como afirma Spivey (Greek Art, p. 126): "Quando não estavam lutando em campos de batalha, Delfos oferecia a estes estados um stadium para disputas atléticas".
Os santuários pan-helênicos eram a arena perfeita para a competição entre todas as cidades integrantes da comunidade cultural grega. Se os templos gregos já eram verdadeiros museus de guerra, o mesmo pode ser dito em relação aos thesauroi, edificações que as cidades construíam no espaço dos santuários pan-helênicos.
Além da construção arquitetonicamente bem elaborada - reproduzindo um templo em tamanho menor - e da decoração bem cuidada, os tesouros estavam repletos de oferendas valiosas e botins de guerra. Sua função era claramente propagandística.
Os botins de guerra eram para serem vistos por todos e possuíam inscrições apropriadas, especificando o vencedor e o vencido. Tanto em Olímpia quanto em Delos os tesouros estavam localizados em posição de destaque nos santuários, próximos às áreas de maior circulação dos visitantes.
Quando o grande templo de Zeus foi consagrado em Olímpia, um enorme escudo - troféu da guerra vencida pelos Eleanos - foi exposto em posição de destaque sobre o pedimento.
Os tesouros eram símbolos do poder das cidades que os erigiam, pois abrigavam, como já foi dito, botins e troféus de guerra, assinalavam, pelas inscrições, vencedores e vencidos.
Em síntese, estavam em sintonia com o ambiente altamente politizado do santuário e dos jogos realizados em Olímpia.
A competição nos santuários proporcionava oportunidades também para o estrelato político; não era por acaso que alguns vencedores olímpicos emergiam como políticos de destaque: foi o caso de Cílon, por exemplo. Tucídides (1.126), ao descreve-lo, destaca três pontos: sua vitória olímpica, sua origem em uma família nobre e seu poder pessoal.
Também a respeito de Cimon, vencedor por três vezes sucessivas em Olímpia, atribuía-se alta popularidade em Atenas, o que gerou desconfiança a respeito de seus propósitos políticos e consequente assassinato pelos agentes de Pisístrato. (MORGAN; ATHLETES, p. 212).
Aula 3 - A formação do mundo políade e sua desestruturação – Atenas: um estudo de caso
Introdução
Ao longo de sua história, o território grego foi ocupado por diferentes grupos étnicos, cada qual trazendo suas influências para a cultura local, abrindo novas fronteiras de comércio e estabelecendo novas relações de poder.
Algumas invasões foram pacíficas e outras extremamente violentas, sendo a mais sangrenta conhecida como a “Idade das trevas grega”.
Nesta aula, vamos ver como se deu a ocupação do território grego, quais as primeiras políticas adotadas, as principais estruturas políticas de Atenas, as prerrogativas da cidadania, a Idade das trevas e como foi o início da democracia e a desagregação do mundo políade.
Saiba Mais
Na mitologia grega, o rei Minos seria filho de Zeus e da mortal Europa. Ele foi criado com seus irmãos Sarpedon e Radamanto pelo rei de Creta. Quando o rei morreu, teria deixado seu trono a Minos, que baniu os irmãos. Sua esposa, além dos filhos que lhe dera, seria mãe do mitológico Minotauro).
A Origem da Grécia – Idade do bronze (2.000 a.C. - 1.200 a. C.)
Os habitantes desses lugares não eram gregos, mas sua cultura teve uma influência significativa sobre eles. Por volta de 2000 a.C, novos povos se estabeleceram em muitas áreas da Grécia e mesclaram as influências minoicas com seus elementos, originando uma nova realidade.
Nessas áreas, acabaram desenvolvendo sua própria cultura palaciana que durou de 1600 a 1200 em lugares como Micenas, Tirinto e Pilos (Período Micênico).
Sabemos agora que pelo menos alguns desses povos falavam grego, pois centenas de tábuas de argila com inscrições feitas em uma escrita conhecida como Linear B foram encontradas em Pilos (muitos estudos indicam que essas inscrições eram uma forma de grego.)
Placa de argila (MY Oe 106) ostentando inscrição micênica(MY Oe 106) em escrita Linear B, encontrada na "Casa do Mercador de Óleo".
Wikimedia
Esses palácios teriam sido destruídos por volta de 1200 a. C e ainda não descobrimos exatamente a razão para tal devastação. Segue-se, a partir daí, um período de instabilidade: a “Idade das Trevas”(1200-800 a.C), de que os gregos se lembravam como uma época de nomadismo e migrações.
Saiba Mais
Costumamos dividir o território grego em três partes:
• Grécia Continental;
• Grécia Peninsular;
• Grécia Insular.
Idade das Trevas (XII a. C –VIII a.C.)
A Idade das Trevas refere-se a um período de escassez de documentação, seja material ou arqueológica. O que sabemos é que houve um grande retrocesso cultural e organizacional.
Os gregos, nessa fase, viviam em habitações menores e mais distantes, o que indica uma significativa redução populacional.
Acredita-se que os poemas de Homero – a Ilíada e a Odisseia – sejam os maiores indicativos de como vivia a população desse período, mais especificamente a aristocracia.
Aristocracia
Aristoi significa - em grego – belo e bem-nascido, ou seja, a elite econômica e de nascimento.
Período Arcaico (VIII a.C. –VI a.C.)
A unidade política básica da Grécia era a polis, traduzida como Cidade-Estado. As comunidades gregas eram independentes umas das outras, rivalizando-se, inclusive. Assim, devemos lembrar que ao falarmos de Grécia Antiga, não estamos nos referindo a um território possuidor de unidade geográfica e sim de comunidades “aparentadas” por elementos culturais.
As comunidades gregas tinham nesse período apenas formas simples de organização política. Aos poucos e com muita resistência, os aristocratas passaram a reconhecer a autoridade central de uma só família que detinha a realeza. Os reis eram conhecidos pelo nome de basileus.
Para justificar seu poder perante o restante da população, era comum os aristocratas criarem uma genealogia divina ou heroica. Em Atenas, por exemplo, foi o herói Teseu (responsável pela morte do Minotauro, entre outros feitos) quem, segundo a tradição, unificou a Ática e deu à cidade um Conselho Central, o Areópago, no qual os aristocratas podiam reunir-se.
Por tradição, os sucessores de Teseu governavam em Atenas como basileus. No entanto, por volta do século VII a.C, o rei (basileu) já não exercia grande poder. Era apenas um dentre um corpo de funcionários nomeados anualmente, os nove arkhontes (arcontes).
Esses arkhontes tornavam-se membros vitalícios do Conselho que se reunia de vez em quando no Areópago e decidia os destinos da comunidade. Os postos de basileu e arcontes não eram destinados a todos os habitantes da pólis. A aristocracia mantinha o seu direito exclusivo aos cargos. Além de aristoi, eles também eram conhecidos pelo nome de eupátridas (filhos de bons pais).
Ao longo dos séculos seguintes, muitos homens iriam se ressentir de serem excluídos do poder e alguns passaram a explorar os descontentamentos e o poderio militar dos cidadãos para conquistar poder pessoal.
Uma primeira alternativa para tentar atenuar as insatisfações internas foi a fundação de colônias, as apoikias (colônias). A partir do século VIII a.C várias pólis gregas, entre elas Atenas, estabeleceram “colônias” na Jônia, costa da Ásia Menor. Posteriormente, a partir de 750 a.C, comerciantes e agricultores descontentes, que desejavam uma vida melhor, fundaram na Sicília, no sul da Itália, no sul da França, na Espanha, no norte da África e junto ao Mar Negro outras apoikias.
Internamente, aproveitando do clima de perturbação, alguns homens deram golpes e tomaram o poder. Esses usurpadores eram conhecidos como tiranos – palavra de origem não grega que não tinha necessariamente conotação de crueldade e opressão. (Muitos foram bons administradores, com aprovação popular). Os tiranos eram indivíduos que centralizavam o poder em suas mãos.
Seu controle esteve longe de ser inquestionável. Foi derrubado do poder duas vezes por seus inimigos políticos. Consolidou a tirania em Atenas anos mais tarde e, a partir de então, conseguiu permanecer no poder até sua morte, em 528-27.
Seu governo não pode ser reconhecido como realizador de mudanças radicais no âmbito da política. Garantiu apenas que seus amigos estivessem entre os arcontes.
Em outras áreas, no entanto, obteve grandes êxitos: grandiosos projetos de edificações, a bela cerâmica de figuras negras das oficinas atenienses e a remodelação do festival das Grandes Panateneias.
Pisístrato conseguiu deixar um sucessor, seu filho, Hípias. O jovem enfrentou uma crescente oposição aristocrática, mesmo por parte de homens que haviam colaborado com seu pai.
Em 514 a.C, dois amantes aristocratas, Harmódio e Aristogíton, tramaram o assassinato de Hiparco (irmão de Hípias). Na procissão das Panateneias, os conspiradores entraram em pânico. Hiparco foi assassinado, mas Harmódio foi morto no atentado e depois Aristogiton morreu sob tortura. Hípias sobreviveu e sua tirania tornou-se ainda mais severa. Isso fez com que a oposição a seu governo crescesse e ele acabasse deposto.
Fonte: Wikipedia
Ele criou o conceito de isonomia. Todos os cidadãos passaram a ser considerados iguais perante a lei. Implantou ainda a participação direta do povo, a partir do comparecimento na Assembleia - Eclésia, que votava nas leis preparadas pela Bulé ou Conselho dos 500. A justiça era distribuída pela Heliae, formada por 12 tribunais e o comando do exército cabia ao estrategos, em número de dez, escolhidos pela Eclésia para um mandato anual.
Com a finalidade de preservar a cidade de Atenas, Clístenes instituiu o ostracismo, que consistia em um exílio forçado dos maus cidadãos. Para isso, o nome do indivíduo era escrito em um pedaço de argila chamado ostrakon, Quando a maioria votava pela expulsão, o cidadão perdia seus direitos políticos, sem perda dos bens. Depois de dez anos, a pessoa banida podia voltar à cidade e recuperar todos os seus direitos de cidadão. Esse costume  prevaleceu até o final do século V a.C.
“Entenda que, para os atenienses, ser cidadão significava ser homem, maior de 25 anos, filho de pai e mãe atenienses e livre. Dessa forma estavam excluídas mulheres, estrangeiros (METECOS) e escravos, além dos menores de 25 anos.
Isso não quer dizer que Atenas fosse uma democracia deformada. Não podemos esquecer que é equivocado comparar sociedades antigas com valores atuais. Logo, dentro da lógica estabelecida, os cidadãos eram iguais perante as leis sim.
Outro elemento importante da democracia ateniense é o modo de escolha de seus magistrados. Na maioria das funções, a maneira de acesso é o sorteio do qual qualquer cidadão poderia participar.”
No decorrer da formação de seu amplo império, os persas tiveram o domínio sobre várias regiões. Em seu processo de expansionismo, a partir do século V a.C, começaram a esbarrar nos interesses gregos, na Àsia Menor.
Os jônios, colonos gregos dessa região, solicitaram apoio militar das polieis de Erétria e Atenas contra seus inimigos e o resultado foi o início dos conflitos genericamente conhecidos como Guerras Médicas. O que estava em jogo era o controle marítimo-comercial na região.
No primeiro confronto, surpreendentemente, 10 mil gregos, liderados pelo ateniense Milcíades, conseguiram impedir o desembarque de 50 mil persas, vencendo-os na Batalha de Maratona, no ano de 490 a.C.
Diagramação da Batalha de Maratona
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Battle_of_Marathon_map-pt.svg
Os persas, entretanto, não desistiram. Dez anos depois voltaram. As poleis gregas esqueceram suas divergências internas e se uniram contra o inimigo comum.
Os persas foram vencidos em Salamina (480 a.C) e Plateia (479 a.C).Apesar do êxito, o temor de que houvesse um novo ataque persa persistiu, o que levou as poleis a se unirem em uma confederação, a Liga de Delos. Cada pólis deveria contribuir com navios, soldados e dinheiro. Atenas aproveitou sua liderança sobre a liga e passou a utilizar o dinheiro em benefício da comunidade. Várias construções foram realizadas.Atenas entrou em uma fase de grande prosperidade.
Nessa época, se destaca o governo de Péricles, responsável pelo aprimoramento da democracia ateniense. A ação dos atenienses de utilizar os recursos da Liga de Delos e punir aquelas poleis que se rebelaram, logo motiva uma articulação.
Lideradas por Esparta, várias cidades da Grécia Antiga fundaram a Liga do Peloponeso. Tal associação visava combater a hegemonia de Atenas e da Liga de Delos. Entre 431 e 417 a.C., as várias cidades-Estado gregas se envolveram em um penoso conflito que ficou conhecido como a Guerra do Peloponeso.
Mundo Egeu em 431 a.C. A Liga do Peloponeso, em rosa
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Aula 4 - A História da História: discutindo a Antiguidade
Introdução
Nesta aula, conheceremos os principais elementos da cultura grega. Essa civilização milenar, sobrevive não apenas nos manuais de História, mas também em nosso cotidiano. Seu legado se manifesta em atividades prosaicas tais como: uma ida ao teatro para nos divertirmos, uma lição de matemática a nossos filhos e irmãos, ou ainda, quando nos questionamos sobre o sentido da existência humana.
A importância de sua produção cultural já fora percebida pelos povos com quem conviveram. Esses se preocuparam em preservar, enriquecer e difundir o chamado Helenismo. Mesmo a Igreja Católica, (instituição que você conhecerá melhor em outra disciplina), embora tenha “selecionado” o que deveria ou não ser preservado durante a Idade Média, se rendeu à grandiosidade de sua produção.
Contribuições culturais
Todas as sociedades antigas nos legaram contribuições culturais. No entanto, os gregos são sempre citados pois, certamente, nenhuma dessas sociedades apresentou a diversidade por eles experimentada. Enquanto nos lembramos dos egípcios por suas pirâmides e monumentos, podemos associar aos gregos conhecimentos de vários matizes.
A eles atribuímos a criação da filosofia, do teatro, da história, além de descobertas no âmbito da matemática, das artes plásticas, da literatura.
Para não sermos injustos, devemos considerar a problemática da conservação e difusão cultural. Isso significa que não sabemos muito sobre outros povos da Antiguidade porque, provavelmente, muita coisa se perdeu ao longo dos séculos. No entanto, os gregos também passaram pelas intempéries temporais. Então, por que sabemos tanto sobre sua cultura?
Bem, esse é o primeiro conceito com que você deve se familiarizar; conhecemos tanto sobre eles graças ao HELENISMO.
Mas o que é o HELENISMO?	Vejamos...
Alexandre, o grande, rei da Macedônia, conquistou vários territórios, dentre eles, a Grécia. Por admirar profundamente a cultura grega, em cada território dominado, criava centros de irradiação cultural que promoviam a divulgação do saber científico e das formas artísticas e literárias do mundo grego. Houve, é claro, uma mistura com os valores culturais desses outros povos. O resultado é o HELENISMO.
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A Grécia era conhecida pelo nome de Hélade, ou seja, terra dos  helenos. Seria uma referência a um personagem mítico, Heleno, cujos filhos seriam os primeiros ocupantes do território. A Macedônia de Alexandre era um território imediatamente acima da Grécia, portanto, tinha traços culturais semelhantes. Por conta disso, o período de dominação macedônia sobre os gregos, que durou de 336 a. C até a conquista romana, em 146 a. C é chamado de Período Helenístico. Alexandre, que havia sido educado pelo filósofo Aristóteles, como vimos, cuidou da difusão desse conhecimento. Dessa forma, a religiosidade, os costumes, a literatura e a língua grega se transformaram no padrão para as pessoas cultas de então).
Ao longo dos séculos, muitos componentes da cultura grega ainda serviram de referência. Nos séculos XIV-XV, por exemplo, houve uma retomada dos padrões clássicos durante o Renascimento.
Renascimento foi um movimento cultural dos séculos XIV - XV e XVI, cujo berço foi a Itália, e que produziu nomes como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, entre outros. Um dos princípios seguidos pelos artistas era o chamado Classicismo, ou seja, valorização da Antiguidade Clássica como padrão por excelência do sentido estético. Vamos conhecer então essa cultura maravilhosa a partir de seus tópicos principais.
Religiosidade
A religiosidade grega era baseada na MITOLOGIA.
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Conjunto de narrativas dos antigos gregos sobre seus deuses e heróis, através dos quais eram explicados fatos do cotidiano, ritos e até a criação do mundo. Essas narrativas, que durante séculos foram transmitidas oralmente, apresentam variações e serviram de material para a as peças teatrais.
Politeísmo é a crença em vários deuses. Os deuses gregos eram homens superlativizados, ou seja, possuíam os mesmos defeitos e qualidades dos humanos, no entanto, se distinguiam deles por serem ATHANATOI (imortais) e poderosos. Devemos observar que sua definição é menos automática do que parece.
Temos exemplos que nos permitem notar o conceito de politeísmo associado ao monoteísmo de grupo, existem muitos deuses, mas somente um nos representa. O politeísmo aparece bastante em estruturas sociais com múltiplas origens, constituindo panteões específicos.
Exemplos
O Panteão grego era formado por uma grande variedade de deuses, dentre os quais podemos citar:
 Zeus – Senhor do Olimpo. (Nome latino: Júpiter);
 Hera – esposa e irmã de Zeus, deusa da família e do matrimônio. (Nome latino: Juno);
 Ares – deus da guerra. (Nome latino: Marte);
 Afrodite – deusa do amor. (Nome latino: Vênus);
 Atená – deusa da sabedoria. (Nome latino: Minerva);
 Deméter – deusa da fertilidade. (Nome latino: Ceres);
 Hermes – mensageiro dos deuses. (Nome latino: Mercúrio);
 Artémis – deusa da caça. (Nome latino: Diana);
 Hefaistos ou Hefestos: deus da metalurgia. (Nome latino: Vulcano);
 Hades – deus do mundo subterrâneo. (Nome latino: Plutão).
Além dos deuses, os gregos também acreditavam nos heróis ou semideuses, filhos de deuses e deusas com humanos, tais como: Herácles ou Hércules, Odysseus, Aquiles, Teseu e em entidades como faunos, musas e ninfas.
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A religiosidade dos gregos era vivenciada em público, ou seja, através de festivais, procissões. A base do relacionamento entre homens e deuses era a permuta, ou seja, o mortal reconhece seu poder e consegue, por isso, ser agraciado.
O templo era a morada dos deuses, não lugar de reunião entre os crentes. Em geral,  possuíam em seu interior uma imagem do deus ali adorado ou algo que o simbolizasse. A adoração aos deuses era processada no exterior do templo, ao leste. Essa é uma das razões para o exterior dos templos ser o lugar das decorações arquitetônicas mais elaboradas - homenagem aos deuses.
Na religiosidade grega, não havia culto estabelecido com rígidas regras, não havia verdade revelada, nem livro sagrado. Os sacerdotes eram sorteados anualmente entre os cidadãos. Quando desejavam conhecer a vontade dos deuses, os cidadãos iam a um vidente (Mânthis) ou aos oráculos. O mais famoso deles foi o Oráculo de Delfos.
A ideia de culpa, pecado, bem como a preocupação com a vida após a morte eram totalmente desconhecidos pelos gregos. Apenas alguns grupos minoritários as utilizavam, tal como o Orfismo.
Orfismo era uma crença criada a partir dos séculos VII e V a.C.
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Seu fundador teria sido o poeta Orfeu que desceu ao Hades e retornou.
Os mistérios órficos prometiam uma vida melhor após a morte.
Quando morriam, os gregos acreditavam que os indivíduos passavam
a habitar o mundo subterrâneo, denominado Hades, cuja entrada era
protegida pelo cão Cérbero. A entrada era separada do interior pelo rio Estige,
cuja travessia era feita pelo barqueiro Caronte.
Os recém chegados tinham que pagar para fazer a travessia, por isso,
os mortos eram enterrados ou cremados com moedas sobre os olhos
para que tivessem com que pagar o barqueiro.x3mbg / Shutterstock
Para agradar aos deuses, os gregos faziam sacrifícios, geralmente, os primeiros frutos de uma colheita ou uma novilha.
Oferecendo-se o melhor aos deuses, eles acreditavam que estabeleciam uma relação de reciprocidade e assim, esperavam receber também o melhor.
Os festivais aumentaram em número e grandiosidade no século V a.C. Ocupavam grande parte do ano cívico de cada pólis.
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Embora fosse prática cada comunidade ter seu deus protetor, eles costumavam homenagear outros deuses também.
O Teatro, que veremos à frente, surgiu desses festivais, ou seja, tinham uma função religiosa. Em geral, participavam dos festivais todos os habitantes da pólis, mesmo os escravos e estrangeiros (metecos).
Em todas as sociedades, os indivíduos narram histórias, seja verídicas ou ficcionais. Os gregos não eram diferentes e, no início de sua civilização, as transmitiam uns aos outros oralmente.
Os autores dessas narrativas eram chamados de rapsodos e, um dos mais conhecidos era HOMERO.
Homero é um personagem controverso. Alguns historiadores questionam,
inclusive se existiu de fato. Como em seu tempo as obras eram transmitidas oralmente, muitos acreditam que os versos a ele atribuídos, na verdade, foram a condensação de contribuições de diferentes indivíduos).
Homero teria escrito duas obras que nos ajudam a remontar períodos bem remotos da História grega. O gênero literário por ele desenvolvido era chamado de EPOPÉIA.
Gênero narrativo em que são descritas as aventuras de heróis; poema épico em que são mesclados fatos históricos entrelaços com lendas) e as duas mais conhecidas foram a ILÍADA e a ODISSÉIA. Ambas descreviam fatos ligados à Guerra de Tróia.
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A partir do século VIII a.C, os gregos desenvolveram seu próprio sistema de escrita, o primeiro totalmente fonético, ou seja, com símbolos que representavam as consoantes e vogais. Isso facilitou significativamente a materialização das histórias anteriormente cantadas.
Outro autor digno de nota desse período é Hesíodo. Através de suas obras conhecemos um pouco mais sobre o período arcaico.
Três poemas são, em geral a ele atribuídos:
A TEOGONIA, O TRABALHO E OS DIAS e O ESCUDO DE HÉRCULES.
Teatro
Nos festivais cômicos, eram apresentadas cinco peças de cinco autores distintos. Nos festivais trágicos, três autores encenavam quatro peças cada: três tragédias e um drama satírico. Os autores competiam nesses festivais.
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Nas comédias, o principal nome é Aristófanes que, em suas peças, fazia críticas à sociedade, indivíduos e política ateniense. As encenações eram custeadas por homens abastados e os atores eram sempre homens, que representavam vários papéis na mesma peça. Eles usavam máscaras  que cobriam seus rostos e indicavam se estavam felizes ou tristes. O público sabia o sexo do personagem pelas roupas e perucas que portavam.  As peças, a partir do século IV a.C passaram a ser repetidas, sobretudo, após o domínio macedônio.
Matemática
Pitágoras (525 a.C),  para escapar da tirania em sua terra, migrou para o sul da Itália, onde fundou uma escola em que ensinava um novo mundo, um novo modo de vida. Lá, ele fez uma série de descobertas sobre a relação da natureza com o mundo. Os pitagóricos sugeriram que o número está no centro da realidade. Uma das grandes contribuições de Pitágoras foi seu teorema, que todos estudamos na escola até hoje: a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.
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Os gregos eram seduzidos pela Matemática por sua precisão e também eram fascinados pelo problema do infinito. Um outro matemático, Zenão de Eleia (490 a.C) afirmou que se cortássemos uma linha ao meio, isso poderia ser feito indefinidamente. Outros estudiosos que podem ser citados: Tales de Mileto e Parmênides.
Medicina
Até onde sabemos, os gregos foram os primeiros a transformar a medicina em algo mais sistematizado.
O principal defensor dessa medicina racional foi Hipócrates. Ele fundou uma “escola” de medicina e escreveu alguns tratados como SOBRE A DOENÇA SAGRADA. Seu juramento é proferido até hoje pelos formados em medicina.
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História
Os gregos consideravam o próprio passado e passaram a repensá-lo inventando a História (significa pesquisa, indagação). Quando os gregos passaram a colonizar outras regiões, houve a necessidade de criar uma espécie de guia para os colonos onde eram informados os costumes locais, a descrição da geografia, enfim, narrativas sobre aquele povo.
Assim, nasceu a História. Heródoto, que descreveu os fatos das guerras médicas, era considerado o Pai da História.
Seu método de narrativa era totalmente inusitado. Ele introduziu perguntas:
Como? Por quê?
Em relação aos eventos sobre os quais dissertava. Além disso, integrou em sua obra os costumes, a cultura dos povos que haviam entrado em contato com os gregos.
Ao introduzir esses elementos, ele estabeleceu uma “postura” histórica: os indícios devem ser, na medida do possível, verificados por indagações e pesquisas.
Outro nome digno de menção é o de Tucídides, que narrou em sua História da Guerra do Peloponeso, todos os fatos que cercaram essa luta fratricida.
Nessa obra, ele excluiu o “romance”, as conversas e priorizou os aspectos militares e políticos da guerra. Iniciou uma tradição analítica, pois  considerou as mudanças ano a ano do conflito.
Filosofia
A palavra Filosofia significa amor à sabedoria. Muitos homens, desde os primórdios da História grega, passaram a refletir sobre a natureza humana, o universo e fizeram descobertas que permanecem até os nossos dias.
A Filosofia surgiu no período arcaico com a Escola de Mileto.
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Para os seguidores dessa escola, todos os elementos da natureza vinham de um elemento básico (a água, o ar ou a matéria). Nessa escola destacaram-se Anaxímenes e Anaximandro. Tales de Mileto e Pitágoras, já citados, eram filósofos matemáticos.
No século V a.C surgiram os sofistas, que se dedicavam ao ensino da retórica e os outros assuntos aos jovens atenienses abastados. Muito os viam com maus olhos, mas o fato é que eles estiveram à frente de um movimento que considerava o homem e não o mundo físico como centro do debate intelectual.
Um dos grandes nomes do sofismo era Protágoras que afirmava: “O homem é a medida de todas as coisas”. Eles não acreditavam em verdades absolutas e defendiam que havia diferentes visões sobre o mundo e as coisas.
 Aula 5 - A Crise de sistema Políade e ascensão dos Macedônios
Introdução
Nesta aula, começaremos discutindo um elemento que agride, mas encanta os historiadores: a guerra. A guerra do Peloponeso é uma disputa intestina que vai mudando de maneira continua os centros de poder do mundo grego.
Veremos também o crescimento de Tebas como centro de poder no mundo grego e, principalmente, a expansão obtida por Alexandre da Macedônica.
Em um primeiro momento, notamos a transformação do Bárbaro em principal representante da Hélade. Na busca de sua afirmação, Ptolomeu nos conta sobre a ascensão de Alexandre e a sua busca de expansão no Oriente, em especial o mundo Persa.
Neste sentido, Helenismo é a principal característica da expansão alexandrina, juntando aspectos do mundo grego e a organização político-militar Persa. Uma nova forma de organização surge no mundo, expandindo-se desde o leste Europeu até as fronteiras da China. Desde a África, até o extremo Oriente.
Guerra do Peloponeso
Antes de começarmos nossa aula, vamos refletir sobre as perguntas a seguir?
Como conhecemos a história da Guerra do Peloponeso?
Temos um cronista de guerra, alguém capaz de nos contar com detalhes das batalhas, dos feitos, realizados pelos gregos. Será?
Será que estudar a história é isso? Achar o relato de um contemporâneo e usar o que ele nos conta para sabermos com detalhes o que aconteceu no passado?
Isso passa pela compreensão do que é história, dequal é o seu objetivo.
Esparta
Antes de passarmos para a Guerra propriamente dita, vamos conhecer um pouco a grande opositora de Atenas: Esparta?
Esparta era uma pólis situada na região conhecida como Lacedemônia. Baseava seu modelo político em uma oligarquia governada por dois reis. Após o século VI a.C, houve uma diminuição de sua produção cultural e fortalecimento de um modelo militarista.
Os espartanos chamavam seus cidadãos de esparciatas. Sua educação iniciava-se por volta dos 7 anos, quando eram obrigados a viver com os demais cidadãos da pólis em um regime de caserna. Eram fisicamente habilitados à luta, aprendendo a sobreviver ao frio e à fome. As meninas também eram obrigadas à prática da atividade física para se tornarem boas “parideiras”.
Ao nascerem, as crianças eram conduzidas aos éforos, que avaliavam suas características físicas. Caso possuíssem algum tipo de deformidade, eram jogadas do Monte Taigeto por não servirem aos interesses da comunidade.
Para manter esse modelo, os espartanos submeteram populações vizinhas da Lacônia e constuitíram duas formas de submissão: os periecos e os hilotas.
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Atenas
Atenas, como vimos na última aula, vem de um grande desenvolvimento cultural. A cidade (pólis) é construída em torno da valorização da escrita.
Seus referenciais de poder passam necessariamente pelo desenvolvimento da filosofia e do pensamento escrito. Esse elemento é central dentro de Atenas.
	
	
Após as vitórias diante dos persas, Atenas passa a ser o centro do poder grego,
a liderança da liga de Delos. Cobra impostos, o que garante sua posição
de representante máxima dos exércitos.
	
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Esparta, tradicional potência militar da região do Peloponeso, inicia uma sistemática resistência ao crescimento ateniense. O ponto crítico se dá quando os Coríntios se recusam a permanecer na liga de Delos e os espartanos afirmam que, se houvesse qualquer ataque a esses, a guerra começaria. E assim se fez. Certeza?
A guerra do Peloponeso é diferente de outras guerras da antiguidade, como afirma Finley. Ela se torna famosa não pelos seus efeitos de maneira direta, mas sim pelo fato de ser narrada por Tucídides.
Comentário
Tucídides e os seus contemporâneos entendem que a história só pode ser escrita por aqueles que viveram a história, não existe história pela observação do passado e o autor cumpre isso na prática. Seu trabalho, ao narrar os eventos da guerra do Peloponeso, era manter informados seus contemporâneos e deixar para a posteridade a verdade dos fatos.
Claro que devemos relativizar, Tucídides era um ateniense relatando os eventos da guerra do Peloponeso, financiado por um dos principais líderes atenienses, Péricles. Finley, em O Uso e o Abuso da História, mais especificamente no artigo os gregos antigos e sua nação, sinaliza para desconstruir a ideia de que a Guerra do Peloponeso foi uma guerra civil ou coisa que o valha. É essencial captar o tom contextual exato. Todo grego antigo, vivendo numa sociedade complexa, pertencia a uma multiplicidade de grupos. Sabemos que as poleis guardavam grande proximidade cultural, mas isso não fazia dela uma nação no sentido moderno.
Após a perda da última frota no final do extenuante conflito com Esparta, os atenienses concederam - num gesto sem precedentes - a cidadania ática a Samos, o aliado mais fiel, isto é, fizeram uma tardia e desesperada tentativa para se duplicar como comunidade.
A efêmera medida foi revertida pela rendição de Atenas em abril de 404 e pela expulsão, uns meses depois, dos democratas de Samos por parte do golpista ateniense, Lisandro. Pouco tempo depois, foi de novo posta em prática pela democracia restaurada no arcontado de Euclides. Era uma maneira de honrar os democratas exilados de Samos.
Setenta anos mais tarde, quando Filipe da Macedônia derrotou, em Queroneia, a coligação chefiada por Atenas e pareceu por momentos que o vencedor, famoso por ser capaz de arrasar totalmente as cidades vencidas, se dirigia para uma Atenas praticamente indefesa, um político chamado Hipérides, democrático tão irregular na militância como original na sua vida privada, propôs a libertação de cento e cinquenta mil escravos agrícola e mineiros. Todavia, acabou por se julgado pela sua ilegal iniciativa, acusado de ser agitador.
Cânfora sinaliza que, no final do século V, mais precisamente no último trintênio, iniciara-se no mundo grego uma fase de conflitos extremamente sangrenta: uma guerra que envolvera quase todas as cidades deixando pouco espaço aos neutrais - uma guerra entre todos as cidades estado da Grécia antiga, isto transforma os espaços da Grécia antiga, trabalha com a própria concepção do poder no mundo ateniense.
Péricles, naturalmente, conhecia bem as etapas e os truques de uma carreira. Quando Ésquilo pôs em cena Os Persas, a tragédia que exaltava Temístocles, foi ele quem se responsabilizou pelas despesas de instrução do coro.
A imagem corrente é que Péricles corrompeu as massas introduzindo pagamentos estatais para a participação nos espetáculos e para a participação nos júris do tribunal, além de outras remunerações públicas e festas. A adoção sistemática destas formas de salário estatal moldou a democracia ateniense no período de seu maior florescimento, consolidando a imagem de liderança aristocrática.
Quando o Péricles de Tucídides descreve o sistema político ateniense, opõe democracia à liberdade: a falta de outro termo - diz ele - costumamos atribuir a este regime a designação de democracia porque envolve a maioria na pleiteia: trata-se, porém, de um sistema político livre.
Em certo sentido, o orador estabelece uma antítese entre
democracia e liberdade.
Então a própria guerra transforma e enfraquece a organização do mundo grego. As oligarquias estão ampliadas, a relação com os estrangeiros será revista, uma vez que Macedônios, por exemplo, já estão incorporados à Hélade.
Mossé, em seu livro O Processo de Sócrates é bem dramático sobre esse momento:
Xenofontes, continuador do relato de Tucídides, comemora a vitória de Esparta como uma vitória da liberdade.
Não devemos entender que o domínio oligárquico espartano tenha sido melhor que o ateniense. No entanto, significou o distanciamento de Atenas do centro de poder.
Claude Mossé demonstra a substituição dos modelos políticos da Hélade por centros oligárquicos e pela ascensão dos macedônios no mundo grego.
Macedônia
Os macedônios não eram estranhos no mundo ateniense. Eles participavam no século V das Olimpíadas e participaram em alguns momentos de batalhas do mundo grego.
Acontece que a Macedônia era uma região maior que as principais cidades Estado, tinha uma economia e um sistema de guerra. No entanto, o mundo grego era referência cultural mais importante, tinha sistemas complexos e construções que geravam admiração dos grupos tratados como bárbaros, como os macedônios.
Alexandre da Macedônia ganha notoriedade durante o período tebano, ou seja, após a derrota de Esparta em novo embate entre as poleis gregas.
As tradicionais cidades-Estado estavam enfraquecidas,
empobrecidas e precisavam do apoio militar de Felipe.
Ele envia então, nobres para serem educados nos valores
do mundo grego. Um deles é seu filho, Alexandre.
Comentário
Felipe II da Macedônia apaixonou-se pela bela sacerdotisa tebana, a princesa Olímpia, no século IV. Boa parte da história sobre Alexandre é escrita por Plutarco, grego do século II. A distância temporal em sua narrativa faz com que tenhamos cuidado em apreciar seus relatos.
Alexandre, o Grande, é a figura do marco decisivo entre o período chamado helenístico (até o século II d.C.) e o que o precedeu.
O relacionamento entre macedônios e gregos é historicamente complexo. Embora as cidades-Estados gregas fossem primeiramente democracias ou oligarquias, Macedônia era um reino composto por cantões separados governados por líderes locais poderosos.
Ao iniciar seu relacionamento com os Macedônios, os gregos começaram arepensar seus padrões culturais. Os gregos esperaram determinados comportamentos para demonstrar que você era grego: participação nos jogos e consulta aos oráculos, por exemplo.
Os macedônios participavam nesses eventos, mas eram geralmente os reis macedônios que afirmaram ser gregos.
Filipe II foi visto como o homem que transformou a Macedônia e fez dos macedônios, gregos.
Filipe certamente nunca esperou assentar ao trono de rei. Seu pai, Amyntas III (393-370 BC), tinha dois filhos mais  velhos que precederam Filipe II no trono.
Alexander II (370-368 BC), que foi assassinado por seu cunhado e  Perdiccas III, que governou entre 360-359.
O reinado de Alexandre foi marcado por guerras nas fronteiras, em especial contra as tribos do norte que pacificou usando técnicas bastante gregas: diplomacia, corrupção e aliança militar.
Após ter fixado as fronteiras do norte de seu reino, as ambições de Felipe se moveram para o sul e o leste. Uma vez que tinha capturado as minas de ouro de Mt. Pangaion, a etapa seguinte era tratar das cidades do Chalcidice: Torone, Olynthus, e Amphipolis.
Esse movimento acabou por envolvê-lo em um conflito com Atenas que considerava Amphipolis como sua própria colônia.
Filipe II expandiu seu território ora apoiando, ora atacando as poleis gregas, valendo-se de suas próprias disputas, até os limites de Termópolis.
Filipe torna-se um dos poderes mais importantes do mundo grego, a ponto de no século IV, Demóstenes, um orador ateniense, defender claramente na Ágora a aliança com Felipe.
Em  338, o último exército livre dos gregos foi destruído pelos macedônios, com o Felipe comandando diretamente o exército com seu filho de 16, Alexandre, na frente de batalha.
Em Coríntios, Felipe estabelece a liga helênica, mas não reivindica um poder rela frente aos gregos. Dois anos mais tarde, em 336, Felipe foi assassinado e sucedido por seu filho, Alexandre.
A vitória macedônica iniciaria uma era nova, em que os exércitos de Alexandre levariam elementos da cultura grega de Atenas a Afeganistão, mas não até a guerra da independência de encontro aos turcos, 2.100 anos mais tarde, os gregos estariam livres.
A construção mítica trabalha a ideia de que na noite de núpcias, antes de Felipe possuir Olímpia fisicamente, Zeus desce como um raio e a engravida.  Felipe, desconfiado, prende Olímpia em uma torre na floresta até que seu filho a reconduz ao trono ao seu lado. Caros, não podemos pensar no mito de maneira dura, mas entender sua representatividade.
Nesse sentido, é que entendemos a legitimidade alcançada por Alexandre. Sem dúvida um domínio aristocrático nas póleis, que não representavam uma monarquia, como a compreendemos, mas um reconhecimento aristocrático do poder macedônico em torno de Alexandre.
Vejamos:
Primeiro combateu vitoriosamente os Trácios que se opunham ao poder de Alexandre. Em uma assembleia em 335 a.C. em Coríntios é escolhido como o líder militar dos gregos para uma nova campanha conta os persas.
Reprimiu ainda revoltas como Ilírios a norte e em Tebas contra seu domínio.
As vitórias sobre os persas foram emblemáticas, nas imediações de onde provavelmente era Troia cumpriu-se oferendas aos guerreiros que por ali passaram, Dário III depois de uma série de derrotas militares foi vencido.
Alexandre, e o modelo de governo macedônico, bebeu de maneira singular na organização persa. Suas vitórias sobre a Babilônia e Egito fazem com que o próprio Alexandre assuma o título de rei da Pérsia. O conceito de rei dos reis é reformulado.
Para marcar seu poder, Alexandre manda construir grandes cidades no Oriente, sempre com a visão de dialogar com as duas culturas.
Comentário
O helenismo sem dúvida nenhuma é a relação entre estes dois mundos. Existe muito de personificação neste momento, mas, por favor, evitemos. Não é Alexandre capaz de tudo como Plutarco defendeu, nem tão pouco, outros heróis que a história inventa, tenhamos sempre cuidado.
Vale a pena sinalizar que não devemos acreditar no discurso fílmico como verdade, é licença poética e para o historiador ajuda a visualizar, pensar.  O discurso do filme, por exemplo, é claramente afirmar que a opção sexual não invalida ninguém de ser um herói...  O que no mundo grego é uma prática bem diferente, uma leitura não sexualizada como pensada na prática contemporânea.
 Aula 6 - A origem de Roma e o início da República
Introdução
Nesta aula, conheceremos um pouco sobre a origem da civilização romana. Como uma pequena vila, perdida no meio da Península Itálica, tornou-se um dos maiores Impérios da História.
Para entender esse processo, temos de voltar a um período em que Roma não era sequer autônoma, ou seja, durante os séculos em que estava estreitamente ligada a um povo próximo: os etruscos.
A seguir, analisaremos os elementos que contribuíram para a passagem da Monarquia para a República e consequentes mudanças advindas dessa transformação.
Objetivos
Comparar a explicação sobre a origem mitológica romana com a explicação histórica.
Analisar algumas características das cidades-estados etruscas.
Identificar as principais instituições políticas existentes em Roma durante o domínio etrusco.
Determinar os motivos que levaram Roma a obter sua autonomia em relação à Etrúria.
Caracterizar as diferenças surgidas na política romana após a obtenção de sua autonomia.
Explicar os motivos que levaram Roma ao seu processo expansionista inicial.
Especificar as razões que levaram os plebeus a iniciarem seus conflitos contra os patrícios.
Primeiros ocupantes do território
A geografia da Itália é bastante privilegiada. Situada em uma península, seu litoral é banhado pelos mares Mediterrâneo, Tirreno e o Adriático, este sendo o segundo maior de toda a Europa.
Roma, em seus primórdios, era uma pequena vila perdida no meio dessa península. Situada na Planície do Pó,  era uma região beneficiada pelo acesso a rios caudalosos - o Tibre e o Pó.
A localização de Roma ofereceu grandes suprimentos de água em todas as estações e acesso a solos férteis. Por volta do século XVI a. C, já haviam homens praticando uma economia pastoril seminômade. Esses indivíduos dominavam técnicas de metalurgia com o bronze e decoravam cerâmicas.
É possível que já falassem a língua indo-europeia que, mais tarde, se transformou no latim. É bastante provável também que, a partir da Idade de Bronze, esses povoamentos tenham continuado sem interrupção.
Segundo a tradição, Roma foi fundada em 753 a.C. Essa data, porém, é totalmente mítica, muito tardia para os vestígios da arqueologia. Essa crença surgiu a partir do relato deixado pelo poeta romano Virgílio e pelo historiador também romano Tito Lívio.
A origem mitológica de Roma
De acordo com a lenda...
Enéas, um príncipe troiano, filho de um mortal (rei de Troia) e da deusa Vênus, fugiu de sua cidade durante a Guerra de Troia. Acompanhado de alguns homens, seguiu para a península Itálica, onde seu filho Ascânio fundou uma cidade, chamada Alba Longa.
Numitor e Amúlio, descendentes de Enéas, estão presentes no relato da lendária fundação de Roma.
Rômulo e Remo, irmãos gêmeos, eram filhos do deus grego Ares (ou Marte, seu nome latino), e da mortal 
Réia
 Sílvia, filha de 
Numitor
, rei de Alba Longa. 
Amúlio
, irmão do rei 
Numitor
, deu um golpe de Estado, apoderou-se da coroa e fez de 
Numitor
 seu prisioneiro.
Réia
 Sílvia foi confinada à castidade, para que 
Numitor
 não viesse a ter descendência. Entretanto, Marte desposou 
Réia
, que deu a luz aos 
gêmeos Rômulo
 e Remo. 
Amúlio
, rei usurpador, ao saber do nascimento das crianças, jogou-as no rio 
Tibre.
A correnteza jogou à margem os irmãos que foram encontrados por uma loba, 
Capitolina
, que teria amamentado e cuidado dos dois até que foram achados pelo pastor 
Fáustulo
 que, junto com sua esposa, criou-os como filhos.
Provavelmente, os romanos criaram essa lenda para enaltecer a origem de sua civilização, envolvendo deuses e nobres.
A origem mitológica de Roma: o retornode Remo
Quando adulto, Remo se indispôs com pastores vizinhos. Estes o tomaram e levaram a presença do rei Amúlio, que o encarcerou.
Matou 
Amúlio
 e libertou seu avô 
Numitor
. Para recompensar os netos, 
Numitor
 deu-lhes o direito de fundar uma cidade junto ao rio Tibre.
Os dois consultaram os presságios e seguiram até a região destinada à construção da cidade.
Remo dirigiu-se ao 
Aventino
 e viu seis abutres sobrevoando o monte. Rômulo, indo ao Palatino, avistou doze aves e fez então um sulco por volta da colina, demarcando o 
Pomerium
, recinto sagrado da nova cidade.Fáustulo revelou a Rômulo as circunstâncias de seu nascimento e o jovem foi ao palácio para libertar o irmão.
Remo, enciumado por não ser o escolhido, escarneceu do irmão e, em um salto, atravessou o sulco, sendo morto por Rômulo, que o enterrou no Aventino e deu o nome à sua cidade (Roma) em homenagem ao irmão.
Etrúria
Durante séculos, Roma teria sido dominada por seus vizinhos do norte, os etruscos. Suas cidades-estados floresceram nos séculos VII e VIII a.C. Os etruscos nos reservaram poucos detalhes sobre sua história. Sabemos que dominavam a ourivesaria, cujos detalhes lembram em muito a arte oriental desse período. Os gregos também teriam contribuído para sua arte.
Como haviam fundado colônias ao sul da Península Itálica, os gregos precisavam de cobre e ferro dos etruscos.
Em troca, davam aos a eles vasos pintados cheios de âmbar, estanho e chumbo. 																
Ao que parece, a Etrúria não era unificada sob o domínio de um único rei. Eram cidades-estados como a Grécia, com suas diferenças sociais, políticas e econômicas. Esse aspecto é de grande importância para o entendimento da Roma primitiva.
Roma teria sido influenciada, de tempos em tempos, por essa ou aquela cidade etrusca. Pela proximidade geográfica, provavelmente Tarquínia, Ceveteri ou Veios. Roma estava no meio do caminho para a Campânia, onde os etruscos comercializavam com os gregos e possuía planícies muito férteis. Dessa forma, era necessário subjugá-la para ter acesso facilitado a essas benesses. Não tardou para essa influência virar dominação de fato. Foi estabelecida uma monarquia etrusca.
Estrutura da Roma primitiva – monarquia Etrusca
Durante o domínio etrusco (VI-VIII a. C), Roma era uma monarquia. Essa é a primeira fase da história romana. Sua organização administrativa era baseada na divisão da população. Ali se organizaram três tribos (TRIBUS) e essas foram divididas em dez cúrias (CURIAE) – cada uma composta de um certo número de famílias ou clãs.
O Senado foi uma instituição presente em todas as fases da história romana. Teria nascido dessa divisão, pois conta com 300 membros, ou seja, 10 de cada cúria/100 de cada tribo.
Desse sistema curial parece ter surgido também a base para a mais antiga organização militar de Roma. A monarquia etrusca foi derrubada devido ao crescimento de Roma, utilizada como rota comercial por eles. A data mais provável é 510 
a.C.
 No entanto, os romanos ficaram temerosos de uma possível reconquista e ainda, do assédio de povos ao redor.Esses senadores eram escolhidos pelo rei entre os pater familiae, chefes de clãs. As cúrias também se reuniam para formar uma antiga assembleia, chamada de Comitia Curiata, que possibilitava a ratificação das decisões do monarca, depois de consulta ao Senado
							.
República – primeiros séculos
Na maior parte dos séculos seguintes, Roma testemunhou lutas constantes e, para  afirmar sua autonomia, empreendeu as chamadas guerras defensivas, ou seja, guerras com o objetivo de proteção fronteiriça. Ao adotar essa política, os romanos, pouco a pouco, dominaram os latinos, os équos , volscos, sabinos e seus antigos opressores, os etruscos.
Nessa época, os romanos estavam reorganizando suas estruturas políticas, conforme o modelo a seguir:
CÔNSULES
Em número de dois, eleitos pela assembleia, com vétuo mútuo. Possuíam poder administrativo, comando do exército, interpretação e execução da lei.
SENADO
Aumento de influência após a queda da monarquia. Não possui poder Executivo; era órgão consultivo dos magistrados eleitos em questões de política externa e interna, finanças e religião.
COMITIA CENTURIATA
Assembleia composta pelos cidadãos romanos. As centúrias dos mais abastados tinha maior peso que as demais. Além disso, os membros do Consulado eram nomeados entre os senadores escolhidos por eles.
CENSORES
Eram dois, invariavelmente ex-cônsules. Exerciam o recenseamento dos cidadãos, a orientação sobre as construções públicas e a fiscalização da conduta moral dos cidadãos.
PRETORES
Ligados à Justiça, tinham cargo vitalício.
EDIS
Encarregados da preservação das cidades, abastecimento, da polícia, dos mercados.
QUESTORES
Função administrativa, ligados à cobrança de impostos.
Sociedade Romana
A sociedade romana era dividida em duas grandes camadas: patrícios e plebeus.
Os patrícios, desde o início da Monarquia, estabeleceram uma instituição, que, em um primeiro momento, coloca de um lado patrícios, de outro, os plebeus – a relação de patronagem.
Essa relação envolve dois indivíduos: o patrício e o cliente. O cliente era um homem livre que se colocou sob proteção do outro, o patrono, ajudando-o a ter êxito na vida pública, defendendo seus interesses na medida do possível. Em troca, o patrono defendia os negócios dos clientes e lhes dava apoio financeiro e jurídico. Esse vínculo garantia uma certa estabilidade social.
No entanto, como vimos, muitos plebeus se propuseram e começaram a liderar movimentos de protestos, pela falta de acesso a magistraturas. Os plebeus de menores posses aderiram não por almejarem acesso à política, e sim melhores condições de vida.
Muitos desse homens eram cooptados para lutar por Roma (soldados-cidadãos) e não recebiam retribuição pelo seu feito. Os territórios conquistados tornavam-se ager publicus (terras públicas), excluindo os plebeus.
Comentário: Nessa situação, eram frequentes os períodos de escassez de cereais, o que provocavam a fome.
As consequências da desastrosa situação desse período Romano
Um grande número de plebeus, voltando da guerra e vendo suas terras arruinadas, endividaram-se desesperadamente. Segundo as leis romanas da época, quem não pudesse pagar suas dívidas e não tivesse como angariar recursos, transformava-se em um homem atado (nexus), um homem reduzido à servidão.
Com o passar do tempo, os plebeus se conscientizaram de sua importância para os patrícios. Começaram a organizar secessões, ou seja, separação do resto da comunidade.
Ao que parece, a primeira delas teria ocorrido em 494 a.C., quando um grupo de plebeus subiu o Monte Aventino (fora das muralhas de Roma) e ameaçou fundar uma nova comunidade.
A ameaça funciona, pois as autoridades patrícias viram-se obrigadas a atender a algumas reivindicações. Surgiu o cargo de tribuno da plebe, que estava obrigado a interceder contra os atos de qualquer autoridade, afim de proteger os plebeus contra execução e perseguição.
Os tribunos não eram funcionários do Estado ou uma magistratura, mas faziam um juramento para tentar salvaguardar os plebeus. Quebrar esse juramento provocava a maldição e a pena de morte. Os primeiros ocupantes desses tribunais forma plebeus de posses e ambição.
Essa questão tem um papel essencial nas próximas reivindicações dos plebeus.
Para evitar novos conflitos, dez patrícios, os decenviri, prepararam o primeiro código de lei escrito e divulgado entre os romanos; a Lei das XII Tábuas, em 451 a.C. Esse documento tratava de direitos e deveres dos cidadãos romanos (civis romani) e a relação entre os eles, sendo, durante séculos, a única lei romana.
Embora tenha gozado de grande prestígio, este documento não atendeu às aspirações plebeias, o que provocou nos anos seguintes novas concessões. Em 376 a.C. foi criada a Lei Licínia Sextia, que obrigava que um dos cônsules fosse plebeu.15 anos depois foi permitido aos plebeus o acesso ao cargo de censor.
Essas mudanças criaram uma nova elite, não mais totalmentepatrícia e sim, mesclada pelos plebeus enriquecidos. Os plebeus de menor posição foram auxiliados pela criação de um cargo, o pretor, exclusivamente deles.
Essas medidas não apaziguaram Roma totalmente, mas criaram um período de relativa calmaria, o que permitiu seu expansionismo para além das fronteiras da península.
História Antiga Ocidental / Aula 7 - Roma República
Introdução
Nesta aula, estudaremos a transformação da Roma Antiga e sua história.
Veremos, também, a disputa entre patrícios e pebleus, e, por fim, estudaremos expansionismo do império romano e o que foi necessário para essa expansão ocorresse.
Objetivos
Compreender o significado político do término da monarquia e passagem para a República.
Perceber a influência do modelo republicano da Antiguidade nas instituições modernas de mesmo tipo.
Determinar as principais instituições que compunham a República Romana e suas funções.
Analisar os motivos que levaram os plebeus a se posicionarem contra os patrícios ao longo da República.
Indicar algumas conquistas obtidas pelos plebeus ao longo da República.
Relacionar o expansionismo romano à difusão do ideal de soldado-cidadão.
Compreender as Guerras Púnicas como um marco para o domínio romano sobre o Mar Mediterrâneo.
Analisar as principais consequências do expansionismo romano.
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INTRO
OBJETIVOS
CRÉDITOS
IMPRIMIR
Transformação da Roma Antiga
Esta aula passa pelas relações entre a transformação da Roma Antiga em uma república expansionista dos séculos IV - I a.C.
Previamente precisamos ter um cuidado muito bem salientado pelo especialista Moses Finley em seu livro "O Estudioso da História Antiga e suas fontes" (Martins Fontes, 1994).  O autor busca demonstrar que Roma não nasce como Roma, e que a noção de romanidade, de uma sociedade evoluída e que se vale da escrita, é pura falácia.
Vejamos:
A história de Roma
Boa parte do que sabemos da história de Roma do período da monarquia e dos princípios da república foi escrito séculos depois e a valorização da escrita é muito mais presente a partir do século I a.C. do que nos momentos anteriores.
Os relatos que temos são provenientes de material arqueológico e vem da noção de história presente no mundo romano, muitas vezes contada de maneira secundária. Todo cuidado deve ser tomado com esses escritos.
Segundo Finley, na já citada obra, os romanos construíram uma história narrativa e ligada diretamente aos grandes eventos, desde Rômulo e Remo até os feitos de seus generais e seus Imperadores.
Temos a menção pela primeira vez a Roma em um texto escrito na obra de Dionísio de Halicarnasso em 496 a.C., os dados arqueológicos falam em uma ocupação da região do Lácio desde um século antes.
Veja o que diz Pedro Paulo Funari:
Em uma mistura destes relatos, autores buscam uma reprodução factual deste momento, como Pedro Paulo Funari, em sua obra Paradidática Grécia e Roma.
A República Romana nasce em 509 a.C., os nobres romanos, chamados de patrícios, teriam se revoltado contra seus dominadores etruscos, monarcas que representavam as últimas dinastias romanas, deposto o rei etrusco foi instaurado o sistema republicano.  Segundo os romanos, Brutus foi o líder da revolta contra os Tarquínios, e tornou-se o primeiro magistrado da Nova República.
Outro factualista famoso é Mário Curtis Giordani, com um olhar histórico longe da reflexão como objeto histórico. Giordani constrói grandes manuais, detalhados, e que de alguma forma acabam facilitando o conhecimento do contexto.
Giordani, ao analisar a estrutura social romana em sua história de Roma, sinaliza que boa parte da organização republicana já estava presente em uma série de reformas organizadas pela dinastia dos Tarquínios, como por exemplo, a organização social entre Patrícios, militares e plebeus, todos passando em especial pela discussão da cidadania romana.
"O cidadão romano abrangia aqueles que de alguma forma tinham o direito às suas benesses, mas mesmo essa cidadania não era única, havia uma divisão entre os cidadãos completos, ou de primeira classe, e os cidadãos incompletos.”
Ainda de acordo com Giordani...
“Os cidadãos completos são os únicos que possuem todos os direitos civis e todos os direitos políticos.  Os direitos civis eram o de contrair matrimônio legítimo, os filhos nascidos dessa união desfrutavam da cidadania; o direito de resolver, independente, negócios de caráter particular; adquirir e transmitir propriedade, emprestar ou tomar, herdar, testar; capacidade de ingressar na justiça para tratar de todos esses assuntos.  Os direitos políticos eram o direito de voto em assembleias e comícios para eleger candidatos, ser elegível a magistraturas e de participar do sacerdócio.”
O direito ao sacerdócio é um elemento importante e central para entendermos esta formação. No mundo romano até 450 a.C., a justiça era organizada em torno da figura do Pontífice.
Definição de Pontífice: aquele que faz a ligação, a ponte entre os dois mundos, humano e não humano. Era este sacerdote que recebia as demandas dos cidadãos e era o responsável por julgá-las.
Devemos destacar que as leis estavam estabelecidas pela tradição oral, não escrita, em que os fundamentos desta tradição definiam os caminhos a serem tomados, e tendo uma tendenciosa decisão que associada a fatores como a falta do direito a cidadania plena constituíam um quadro insustentável.
A Roma Republicana não era mais uma pequena cidade a organização de seus exércitos, o funcionamento de suas vias administrativas dependiam diretamente daqueles cidadãos considerados de segunda classe.  Funari constrói um modelo simples, mas bem direto:
“Os romanos estavam socialmente divididos em patrícios, os nobres, chefes das famílias poderosas, proprietários de terra; clientes, que eram servidores ou protegidos dos nobres; e plebe, congregando todos os outros cidadãos. Nos primeiros tempos da República romana, os patrícios detinham todos os direitos políticos e só eles podiam ter cargos políticos, como os de cônsul e senador."
A disputa entre patrícios e plebeus
Até o século V, os plebeus foram mantidos sob relativo controle, apesar de serem considerados, como vimos, cidadãos de segunda classe.
Após sua retirada para o Monte Aventino e a criação do cargo de tribuno da plebe, houve um período de “calmaria” interrompido por novas contingências:
  a crescente concentração fundiária;
  a não distribuição do ager publicus (terra pública) conquistada com o apoio militar dos camponeses plebeus;
  o enriquecimento de parte dos plebeus através do comércio.
Isso fez com que essa camada voltasse a pleitear melhorias em suas condições.
Dentre as melhorias conquistadas pelos plebeus citamos:
SENADO
Órgão que conservou o número de trezentos elementos por quase meio milênio. Conseguiram maior influência após o fim da monarquia. Não tinha poderes executivos, mas servia de consultor aos magistrados eleitos em questões de política interna e externa, finanças e religião, e aconselhava-os em propostas legislativas, embora tendessem a dar liberdade a esses funcionários, já que pertenciam à mesma camada dos senadores. Os cônsules, por sua vez, ouviam o Senado dada a vulnerabilidade de cargo, posto serem substituídos anualmente.
LEI DAS XXI TÁBUAS, CÔNSULES E LEI CANULEIA
Lei das XII Tábuas – Documento redigido, segundo a tradição, no ano de 451 a.C. Primeira codificação escrita do Direito com uma determinação ainda bastante dura para as camadas menos abastadas da população.
Lei Canuleia – Documento datado de 445 a.C., permitia casamentos mistos entre patrícios e plebeus e direitos civis comuns a ambas as camadas.
Cônsules – Magistrados, em número de dois, eleitos anualmente e responsáveis pelo comando do exército, a interpretação e a execução das leis. Estavam sujeitos ao veto mútuo.
LEI LESETIA, LEI LICÍNIA E TRIBUNATO DA PLEBE
Lei Lesetia – Documento datado de 366 a.C, permitia

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